Vou sancionar amanhã a lei do feminicídio, que transforma em crime ediondo o assassinato de mulheres decorrente de violência doméstica ou de discriminação de gênero. >> O Brasil só tipificou o crime de feminicídio [música] em 2015. Antes disso, havia pouca consciência do tamanho do problema.
Foi só a partir daquele ano 2015 que o Brasil começou a coletar dados sobre isso. E o que tem se notado ano a ano é um aumento tenebroso desse tipo de violência. De 2015 para 2024, o número de ocorrências [música] triplicou.
>> O maior número de feminicídios dos últimos 10 anos. Ao todo, no ano passado, foram 1492 mulheres vítimas. uma uma média, né, de quatro mortes por dia, números realmente alarmantes.
E também foi traçado um perfil dessas vítimas. Mais de 60% dessas mulheres eram negras e mais de 70% tinham idades entre 18 e 44 anos. Os dados de 2025 devem ser divulgados lá pela metade de 2026 [música] e pode ter certeza vai ter aumentado de novo e muito.
É bom lembrar que quando as estatísticas [música] crescem, as estatísticas também se aproximam da gente. O que isso significa? É que se alguma coisa tá acontecendo com muita frequência por aí, [música] ela logo vai acontecer mais e mais perto de você.
Alguns de nós já tiveram esse choque. Eu tive. Para mim, ele veio com a jovem Catarina Casten.
Eu não conhecia Catarina, mas eu conhecia muito bem [música] o local em que ela foi morta. A Catarina foi assassinada numa trilha [música] no sul de Florianópolis, pela qual eu caminhei muito pelos ídos de 23 e 24. [música] >> A Catarina é estudante, era estudante e professora.
desapareceu quando seguia para uma aula de natação na praia do matadeiro. Ela foi agredida, abusada e estrangulada. O corpo foi encontrado por moradores em meio à vegetação de uma trilha.
[música] >> Tem algo de desconcertante quando você reconhece nas imagens da TV [música] associados a um crime bárbaro desses. É a sensação de que a gente tá cercado por um terror do qual a gente nem sempre se dá conta. Eu passei uns meses morando numa casinha na beira dessa trilha.
[música] A lixeira em que eu jogava o meu lixo é a mesma lixeira em que um ano e meio depois [música] o assassino se escondeu antes de perseguir a Catarina pela trilha. E quando eu vi essas imagens eu lembrei [música] das amigas, mulheres que me perguntaram se essa trilha era segura. E mais de uma vez eu disse que sim, [música] que a trilha era segura, porque eu não pensei em assassino, eu pensei em pedra escorregadia, eu pensei em mosquito, no máximo, eu tava errado.
Esse episódio tão horrendo, tão horripilante, me ensinou que as mulheres estão vendo algo que eu mesmo vergonhosamente não estava enxergando, algo muito feio e que agora todo homem, eu disse homem e não monstro, [música] é convidado a parar de ignorar. A mulher que o Estado e a sociedade [música] não conseguiram proteger se tornou símbolo de uma luta que começou há muito tempo [música] e ainda não acabou. A luta pelo simples direito de [música] existir.
>> Nossa luta, a luta das mulheres, ela é em todo o âmbito da da sociedade, mas quem precisa ser educados é somos homens. Nós não queremos uma sociedade de domínio, nós queremos uma sociedade de liberdade. presente.
[música] >> Em 2015, a Câmara dos Deputados aprovou a chamada lei do feminicídio, que estabelece que matar uma mulher, por ela ser mulher, é um dos piores crimes que alguém pode cometer e que, portanto, merece ser punido de maneira mais severa. >> A Câmara dos Deputados aprovou uma lei que torna o assassinato de mulheres um crime ediondo. Segundo o Código Penal Brasileiro, são considerados ediondos os crimes de caráter horrível e repugnante, e não apenas os que contêm requinte de crueldade ou atentem contra a vida.
>> O que muda com a nova lei são as penas. Até então, os autores condenados podem ficar presos de 6 a 20 anos. Já com a nova lei, o tempo de reclusão passa a ser de 12 a 30 anos.
Foi só a partir da aprovação dessa lei que o Brasil começou a lidar com o termo feminicídio. Até então, essa palavra nem existia no léxico do nosso noticiário policial. Muita gente foi contra a lei do feminicídio.
Argumentaram que ela criava uma diferenciação desnecessária entre homens e mulheres. Argumentaram que ela complicava as coisas demais. Disseram até que a nova lei poderia tornar mais difícil a vida dos profissionais da segurança pública.
Aquelas alturas, o Brasil era presidido por Dilma Roussef. >> Discordam de leis que punem a violência doméstica [aplausos] porque acham que isso é assunto a ser resolvido entre esposas e maridos. Essa visão do mundo, ela não é real e nós não aceitamos.
A Dilma bancou o custo político e sancionou a lei mesmo assim. >> Essa nova lei é um grande avanço e sua plena implementação exigirá mudanças de procedimentos nos órgãos de segurança pública e no sistema de justiça. Tal como ocorreu na Lei Maria da Penha, que vocês devem lembrar, houve muita resistência à questão da Lei da Maria da Penha.
Eu estou certa. que nós vamos ser capazes de superar com tranquilidade todo essa todas essas resistências e, portanto, qualquer desafio que aparecer pela frente. >> O governo Dilma, aquelas alturas tinha um plano ousado para combater a violência contra as mulheres.
Em 2015, esse plano estava a todo vapor. O telefone 180 que recebe denúncias de violência contra a mulher já existia desde 2005, só que foi na gestão da Dilma que esse serviço recebeu investimentos massivos e foi reestruturado para ter capacidade de levar as denúncias diretamente para as autoridades competentes. E é por isso que 2015 foi assim um marco no combate à violência contra a mulher.
Teve a lei do feminicídio, aprovada com muito esforço, sim, mas também teve um aumento muito expressivo nas denúncias que chegavam aos 180. 10 anos depois da criação, o serviço estava começando a funcionar de verdade. >> De janeiro a outubro deste ano, a central registrou um aumento de 56% nas ligações.
>> Os atendimentos são feitos 24 horas por dia por 250 atendentes, todas mulheres, desde novembro de 2005. O número oferece outros serviços, além de encaminhar denúncias. Fizemos todos os encaminhamentos fundamentalmente pro serviço, né, do ministério, serviços específicos e Ministério Público, Ministério, Secretaria da Segurança Pública, pra gente poder encaminhar, já que essa mulher também ainda não conseguiu encaminhar lá onde ela estava.
Nesse ponto, a gente já percebe duas etapas do plano do governo Dilma para combater o feminicídio. A primeira etapa foi a tipificação do crime feminicídio. A segunda foi a estruturação da central de atendimento à mulher pelo telefone 180, que antes disso não conseguia encaminhar as denúncias como se deve.
Uma terceira etapa seria uma campanha educativa e gigantesca, envolvendo vários ministérios, não apenas para educar a sociedade sobre esse tipo de violência, mas também para tentar mudar um dos aspectos mais sinistros da cultura nacional. E para Dilma, esse aspecto sinistro da nossa cultura que permite que a violência contra a mulher não apenas aconteça, mas aconteça também em segredo, um segredo aceitável dentro das famílias, isso se expressa num ditado, um ditado do qual ela nunca gostou muito. E eu proponho que todas nós, do executivo, do legislativo, do judiciário, dos movimentos sociais, todas as mulheres desmintam claramente um ditado, um velho ditado.
transmitam categoricamente esse velho ditado muito popular que diz o seguinte: "Em briga de marido e mulher, nós achamos que se mete a colher sim, principalmente se resultarem assassinat. [aplausos] Meter a colher nesse caso não é invadir a privacidade, é garantir padrões morais, padrões éticos e democráticos. Então, o que nós defendemos é que quem souber de casos de violência deve denunciar.
Parentes, amigos, vizinhos não devem se omitir. Um telefonema ao Lig 180, a polícia, um recurso à casa da mulher brasileira que vai existir nos 27 estados, pode salvar a vida de uma mulher, pode impedir que a desgraça recaia sobre uma família e atinja as crianças e os adolescentes e os idosos. [aplausos] No que dependesse da Dilma Roussef, o governo federal usaria todos os meios de comunicação para dar exatamente esse conselho.
Meta a colher, denuncie, vá adiante. Fazendo isso, o governo ia est usando ao máximo todo o potencial da lei do feminicídio e também da central 180. E o Estado brasileiro deve meter sim a colher.
A sociedade brasileira Iden deve meter a colher. Como se percebe, a gestão da Dilma levou o combate à violência contra a mulher muito a sério. Foi uma prioridade absoluta dos mandatos dela.
Uma prioridade que nem sempre foi noticiada com a importância que tinha, porque os nossos noticiários aquelas alturas estavam muito mais preocupados com a crise política. E uma demonstração disso tá justamente no dia 9 de março de 2015, foi quando a Dilma sancionou a lei do feminicídio e divulgou todos os avanços que eu contei aqui da central 180. Na saída da solenidade, ela conversou com os jornalistas e ninguém, ninguém queria saber de violência contra a mulher.
Todas as perguntas eram sobre impeachment ou então a possibilidade de um terceiro turno para as eleições de 2014 para que se pudesse eleger o candidato derrotado. >> Olha, eu acho, eu acho, querido, que aí é outra questão, é a questão do conteúdo. Eu acho que há que caracterizar razões para o impeachment e não o terceiro turno das eleições.
A Dilma de fato sofreu impeachment embasado nas tais pedaladas fiscais, lembra? Era uma espécie de maquiagem contábil em que o governo usaria o dinheiro dos bancos públicos para pagar suas despesas. Só que anos depois a justiça exentou a Dilma de responsabilidade nisso.
Naquele período, a Dilma também era chamada de corrupta, ainda que não houvesse nenhuma, mas nenhuma mesmo, nenhuma denúncia contra ela. Essa acusação, aliás, até foi desmentida pelos piores inimigos da Dilma, >> mas ela é não tem, eu quero atestar aqui, não há nada que possa apodá-la de de corrupto ou coisa, né? Para mim, honestíssimo.
Primeiro ponto. Agora, houve problemas eh políticos, né? Ô, Bombig, você veja, ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional.
Uma vez que passou a ser presidido pelo Michel Temer, o Brasil cortou gastos, economizou em serviços e, claro, né, deixou de lado todo aquele plano ambicioso para combater a violência contra a mulher, >> o golpe é missógeno. >> E assim, aquela grandiosa campanha, que poderia até ser chamada de metaculher, foi esquecida, foi abandonada. As futuras gerações de brasileiras saberão que na primeira vez que uma mulher assumiu a presidência da República, a presidência do Brasil, o machismo e a misoginia mostraram suas feias faces.
Depois do cavalo de pau na política brasileira, que foi dado em 2016, começaram a surgir vários projetos de lei restringindo os direitos das mulheres. Projetos que muitas vezes facilitam ou até incentivam, ainda que indiretamente, o crime de feminicídio, crime que um dia o Brasil jurou combater. O projeto Elas no Congresso da revista Asmina constatou que uma em cada quatro proposições dos parlamentares ataca diretamente os direitos das mulheres de algum jeito.
E esses números eles também estão relacionados ao surgimento de uma bancada antifeminista. Nesse ponto, a gente recorre ao texto da Dr. Lubelim, Orgulho da nossa querida UFPR, no Asmina.
Ela escreve das 812 proposições avaliadas nessa edição do Elas, mais de um em cada cinco foram consideradas prejudiciais as agendas de gênero. Entre eles, 58 tem mulheres entre as coautoras. Na Câmara, Júlia Zanata, do PL de Santa Catarina assina 10 deles.
Clarissa Tércio do PP de Pernambuco assina sete e Cristo Nieto do PL do Rio de Janeiro, seis. No Senado, da Maris Alves, do Republicanos do Distrito Federal, é autora ou coautora de seis PLs desfavoráveis. As mulheres são menos de 20% do Congresso Nacional.
Ainda assim, boa parte da sua atuação legislativa vem se voltando a promover retrocessos ao invés de avanços. Eu recomendo a leitura desse texto em que a Lubelim vai atrás de pesquisadoras para compreender o fenômeno político por trás do surgimento de uma bancada antifeminista. O que eu não recomendo é atribuir o retrocesso nos direitos das mulheres exclusivamente a atuação política das mulheres.
É, não recomendo. Primeiro porque é errado, factualmente errado. E segundo porque é confortável demais, é conveniente demais para nós homens.
Nós, os homens temos que tomar uma atitude. >> Eu vou fazer um desafio para nós, nós homens. Nós homens não podemos mais ficar quieto, ficar passivo contra a violência que está se estabelecendo nesse país contra as mulheres desse país.
Não é problema das mulheres, é problema de um animal cima do homem. É problema nosso não permitir que aconteça com as mulheres brasileiras o que a gente viu nos meios de comunicação essa semana. Presidente Lula tem tocado nesse assunto o tempo todo, até porque, como eu disse no início, estatística que cresce é estatística que se aproxima da gente.
Há casos de violência contra a mulher até dentro da estrutura do Estado brasileiro. >> O presidente Luís Inácio Lula da Silva cobrou medidas rígidas contra o servidor da Controladoria Geral da União, que aparece em um vídeo agredindo uma mulher e uma criança de 4 anos em Brasília. Em publicação nas redes sociais, Lula classificou a agressão como covarde e inadmissível e disse que o caso precisa de uma resposta firme do poder público, principalmente por se tratar de um servidor federal.
Segundo o presidente, foi determinada a abertura imediata de um processo interno para responsabilização e expulsão do agressor do serviço público. >> O Lula, assim como a Dilma antes dele, parece que tá convicto de que há algo de muito sinistro na nossa cultura nacional, algo facilitando a violência contra a mulher. E um sinal disso pode estar nossos ditados populares ou em frases que a gente repete há anos sem pensar muito a respeito delas.
Há 10 anos, Dilma citava o famoso "mem briga de marido e mulher ninguém mete a colher", como um conselho ruim, um conselho que mantém muita violência acontecendo em segredo. E o Lula, em 2025 atacou uma outra frase muito popular, sobre a qual a gente reflete muito pouco. Honre as calças que você veste.
A maioria das interpretações desse conselho dado aos homens tá ligada à virilidade, à demonstração de força. Acontece que força, quando aplicada de maneira e refletida, leva a violência, leva a covardia. >> Nós homens aprendemos a nascer ouvindo dos nossos pais, honra a calça que você veste.
Nós não temos que honrar a calça que nós vestimos, porque ela não tá precisando de honra. O que nós estamos precisando é lição de caráter, de dignidade, de educação, de respeito às nossas companheiras, as mulheres, que se não fosse elas a gente nem existia. E assim o governo federal terminou 2025 com uma reunião em que convocou legislativo e judiciário para um esforço conjunto contra o feminicídio.
Nessa ocasião, nem o presidente da República escondeu que esse esforço conjunto tá muito bem definido. O que é que o executivo, o legislativo e o judiciário vão fazer de prático? Isso nem o presidente sabe ainda.
>> Então essa reunião aqui, ela não vai decidir nada. Ela vai apenas, sabe? A gente vai, sabe, assumir o compromisso, cada um dos poderes aqui, sabe?
A gente vai preparar propostas para um pacto, aonde é que cada um pode ajudar, o que que cada poder pode fazer para que a gente possa um dia sonhar em que não haverá violência do homem contra a mulher, sabe? Em que as coisas serão pacíficas, as pessoas moram com outra porque querem morar, porque gostam de morar, não porque é obrigada. Se o Brasil quiser saber o que precisa fazer agora em 2025, em 2026, basta voltar pro pronunciamento da Dilma em 2015, quando ela anunciou ao país a lei do feminicídio.
>> Temos que encarar as dificuldades em sua real dimensão e encontrar o melhor caminho de resolvê-las. Pois se toda vez que enfrentarmos uma dificuldade, pensarmos que o mundo está acabando ou que precisamos começar tudo do zero, só faremos aumentar nossos problemas. >> Tá aí, não precisa começar do zero, não precisa reinventar a roda, basta dar continuidade ao que o Brasil já tava fazendo na década passada.
Não pode ser muito difícil. As bases desse esforço já foram dadas e a presença das mulheres nas ruas se manifestando, exigindo, existindo é uma vantagem adicional do nosso presente histórico. Se o Brasil de 2026 quiser combater o feminicídio de fato, basta olhar pro Brasil de 2016 e não repetir aquele mesmo erro.
Ponto final em mais um textão. E nas considerações finais, quero reconhecer que, de fato, eu dei bastante destaque pro papel de Dilma Russef nesse esforço do Brasil para tipificar o crime de feminicídio lá pelos ídos de 2014 e 2015. Um feito impressionante se você pensar no clima político daquela época, se você pensar nas pressões contra a presidência que ela tava exercendo, mesmo diante de todas aquelas adversidades, ela conseguiu, ela conseguiu ver isso ser aprovado na Câmara e sancionar aquela lei em 2015.
E aí também preciso reconhecer o papel de uma outra mulher que por vezes é esquecida nessa história. Malemal é citada a ministra a ministra Carmen Lúcia do Supremo Tribunal Federal. Posso discordar de várias das decisões que ela precisou tomar nessa posição ao longo de todos esses anos, mas não posso deixar de reconhecer o esforço da ministra Carmen Lúcia para adequar o judiciário brasileiro à existência dessa lei.
Tudo dito, bora ouvir os apoiadores desse canal. Eles se reúnem num grupo lá no Telegram, mandam áudios e assim na Cops, também chamado de finalzinho. >> Nossa, foi muito legal.
ver esse trecho da fala da Dilma Russef de 10, quase 11 anos atrás. [música] Infelizmente o tema continua sendo atual e certamente diante de tantas notícias, de tantos casos que a gente fica sabendo, sempre é preciso proteger a vida das mulheres, né, de nós mulheres num país tão machista quanto o Brasil. Há poucos minutos eu soube que a Tainara morreu.
Eh, a Tainara, aquela moça que foi brutalmente atropelada e arrastada por quilômetros e perdendo as duas pernas, ela foi internada e todos sabíamos da gravidade do seu quadro e todos secretamente torcíamos para que ela tivesse uma recuperação, a melhor recuperação possível diante de tão nefasta tragédia. Mas ela morreu. E eu não soube isso por nenhum veículo de informação, por nenhum podcast, por nenhuma notícia, por nenhum amigo, ninguém no WhatsApp comentou.
Isso para mim é uma marca da indiferença com que se trata um assunto dessa gravidade. As pessoas estão de estão discutindo as mentiras frequentes dos políticos sobre personalidades públicas. As pessoas estão discutindo com que Havaiana vão entrar.
ano novo ou se vão entrar com outro chinelo. >> Pelo menos no começo, a questão da medida protetiva, ela surtiu algum efeito, mas hoje nem isso mais faz efeito, tá? Você pode estar com aqui, ó, na mão, aqui é a medida protetiva, isso, isso, isso.
E ainda assim você corre o risco, a mulher corre o risco de ser vítima. e muitas vezes fatal, como foi o caso da Tainara, que acabou de falecer, né, há pouco, há poucos dias, né? >> No ano de 2008, Hollywood lançou um filme lindo, se tornou um clássico, chamado A Procura da Felicidade, com Eusmit, onde se estimulava a paternidade responsável.
Nessa mesma época aqui no Brasil, a imprensa divulgava amplas taxas de feminicídio e no campo cultural, tanto o sertanejo como o funk rio promoviam o desserviço da objetificação do corpo feminino. Mais de uma década depois, Hollywood mudou completamente. Nós tivemos recentemente um outro clássico chamado pobres criaturas, onde os homens são apresentados ou como potenciais abusadores ou como codiuvantes subservientes.
Uma virada na mentalidade, né? a paternidade responsável, como que foi até colocada em segundo plano. Posso est falando uma bobagem, mas acho que não.
não vejo esse estímulo, essa preocupação com a figura do pai no núcleo familiar, eh, por circunstâncias e as mais diversas, mas o fato é que aqui no Brasil, enquanto isso, no nosso campo cultural, segue a imprensa divulgando amplas taxas de feminicídio e a música sertaneja, funk ri, a música popular segue fazendo do corpo feminino um objeto. O que está errado? Onde é que nós erramos?
Como resolver? É algo que é uma pauta que a gente nunca pode esquecer e que precisamos estar sempre de olho, né? Força e coragem para todas aí.
Depois do final, finalzinho. Depois do finalzinho, o finalzinho em aqueles últimos segundos em que eu confesso para você que tem uma figura da história recente do Brasil que desafia a minha capacidade de ser assim menos explícito, mais objetivo com o meu viés. E essa figura é a Dilma Russef, sabe?
é uma figura que desperta em mim assim uma profunda empatia, porque eu percebo a Dilma como uma figura injustiçada da nossa história recente. E eu percebo o Brasil pagando o preço das injustiças que cometeu, dos erros que foi induzido a cometer até hoje. E esse tema, violência contra a mulher, dá uma dimensão do que estava acontecendo naquele momento histórico.
Para pensar nisso. Aquele governo tava emparedado, aquele governo tava caindo. Aquela presidente já não tinha força política nenhuma.
E mesmo assim ela conseguiu, ela conseguiu sancionar essa lei que ela julgava ser muito importante. Então essa história ajuda a gente a reposicionar a Dilma Russef dentro da história recente do Brasil, sabe? Isso e o papel que ela tá desempenhando hoje é frente do banco dos bricks, né?
Porque aqui a gente foi ensinado a ter a Dilma como essa pessoa atrapalhoua, incompetente. Alguém acha que algumas das maiores economias do mundo iam colocar o seu dinheiro numa pessoa atrapalhona incompetente? Eu acho que não.
Mas não importa o que eu acho, importa o que eu sei. E eu sei porque é um fato que nós fomos induzidos ao erro. Isso lá atrás, né?
Se a gente persistir nesse erro 10 anos depois, aí é escolha nossa, aí é o nosso livre arbítrio. Um beijo e como sempre, valeu.