Áudio livro FUTURO ANCESTRAL de AILTON KRENAK COMPLETO

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Viajanduu
Agradeço ao Autor dessa obra, Ailton Krenak, por diponibilizar suas ideias e pensamentos, tão necess...
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leitura do livro futuro ancestral de Ailton krenak pela companhia das Letras pesquisa e organização Rita carelli nesta invocação do tempo ancestral vejo um grupo de 7 ou 8 meninos remando numa Canoa os meninos remavam de maneira com passada todos tocavam remo na superfície da água com muita calma e harmonia estavam exercitando a infância deles no sentido do que o seu povo os judeá chamam de se aproximar da antiguidade um deles mais velho que estava verbalizando a experiência falou nossos pais dizem que nós já estamos chegando perto de como era antigamente eu achei tão bonito que
aqueles meninos ansiassem por alguma coisa que os seus antepassados haviam ensinado e tão belo quanto que a valorizar sem no instante presente esses meninos que vejam minha memória não estão correndo atrás de uma ideia prospectiva do tempo nem de algo que está em algum outro canto mas do que vai acontecer exatamente aqui neste lugar ancestral que é seu território dentro dos rios Capítulo 1 Saudações aos Rios os rios esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas são quem me sugerem que se a futuro a ser cogitado esse futuro é ancestral porque já estava
aqui gosto de pensar que todos aqueles que somos capazes de invocar como Devir são nossos companheiros de jornada mesmo que inmemoráveis já que a passagem do tempo acaba se tornando um ruído em nosso observação sensível do planeta mas estamos na parte mama que Não Tem Fronteiras então não importa se estamos acima ou abaixo do Rio Grande estamos em todos os lugares pois em tudo estão os nossos ancestrais os rios montanhas E compartilhe com vocês a riqueza e contida quer viver presentes por onde pude andar no Brasil ou encontros cantos do mundo prestei mais atenção nas
águas do que nas edificações urbanas que se debruçam sobre elas Pois todos os nossos assentamentos humanos na Europa na Ásia na África por todos os lados sempre foram atraídos pelos Rios o rio é um caminho dentro da cidade que permite se deslocar embora faça tempo que as pessoas tenham decidido ficar plantadas nas cidades nas salas de aula as crianças escutam que uma das civilizações mais antigas do mundo nasceu no Delta do Rio Nilo no Egito cujas águas irrigavam suas margens propiciando condições para agricultura e essa ideia civilizatória sempre estivemos perto da água mas parece que
aprendemos muito pouco com a fala dos rios esse exercício de escuta do que os cursos da água comunicam foi produzindo em mim uma espécie de observação crítica da cidades Principalmente as grandes se espalhando por cima dos corpos dos rios de madeira tão irreverente a ponto de não termos quase mais nenhum respeito por eles os antigos do nosso povo colocavam bebês de 30 40 dias de vida dentro do ator recitando as palavras fracando marcando marcando racando pronto as crianças estavam protegidas contra pestes doenças e toda a possibilidade de dano esse nosso Rio avô chamado pelos brancos
de Rio Doce cujas águas correm a menos de um quilômetro do quintal da minha casa canta nas noites silenciosas ouvimos sua voz e falamos com o nosso Rio música gostamos de agradecê-lo porque ele nos dá comida e essa água maravilhosa amplia nossas visões de mundo e confere sentido a nossa existência à noite suas águas correm velozes e rumorosas o sussurro delas desce pelas pedras e forma corredeiras que fazem música e nessa hora a pedra e a água nos implicam de maneira tão maravilhosa que nos permitem conjugar o nós nós Rio nós montanhas nós Terra nos
sentimos tão profundamente imerso nesses seres que nos permitimos sair de nossos corpos dessa Mesmice da antropomorfia e exper outras formas de existir por exemplo ser água e viver essa incrível potência que ela tem de tomar diferentes caminhos Saúdo também hoje aqui em unha o Mucuri que junto com o atum fazem uma longa jornada até o mar eu tive em minha vida a maravilhosa benção de molhar a mão e o pé mergulhar nadar sentir o gosto e o cheiro comer os peixes de dezenas talvez centenas de Igarapés e rios há muito tempo pude me banhar no
rio madeira era a primeira vez que eu entrava em suas águas estava chovendo bastante e o rio estava bravo eu gostei de brincar um pouco mas bem perto da margem para não ser levado pela correnteza nunca me meti a atravessar nenhum desses rios porque já tive amigos que foram levados pelas águas até Rios menores sem o porte de um Rio Branco tem uma força mágica capaz de nos carregar é fascinante pensar que o grande rio que dá nome a bacia amazônica nasce de um fiozinho de água lá na Cordilheira dos Andes para formar aquele mundo
Aquático Ele carrega muitos outros Rios mas também a água que a própria Floresta dá para as nuvens e que a chuva devolve para a terra nesse ciclo maravilhoso em que as águas dos rios são as do céu e as Águas do Céu são as do Rio Xingu Amazonas Rio Negro Solimões não me surpreendi quando começaram a falar em rios voadores os cursos da água são capazes de percorrer longas distâncias encontrar novos caminhos de mergulhar dentro da terra e por que não de voar na Serra do divisor tem o impressionante Moa uma espécie de Grande Rio
Paraná que desce para o Javari desemboca no Solimões e junto com águas que vem da Colômbia também alcança a bacia amazônica mas para cima de Cruzeiro do Sul no médio Juruá fica o território dos parentes a chaninka uma vez subir com eles até a Cabeceira do Rio arrastando uma canoa pois as águas estavam muito baixas e tive a surpresa de encontrar lá em cima no finzinho do Brasil um quase Guarapé com o nome de tejo e não pude deixar de pensar em Fernando Pessoa que também cantou o seu Rio Juruá Jutaí Javari recitam as crianças
em palafitas nossos parentes que vivem ali na fronteira do peru com a Colômbia mora em aldeias flutuantes construídas em plataformas sobre as águas é uma gente que precisa da água viva dos Espíritos da água presentes da poesia que ela proporciona a vida e por isso são chamados de povos das águas a maioria das pessoas pensa que só se vive em terra firme e não imagina que tem uma parte da humanidade que encontra nas águas a completude da sua existência de sua cultura de sua economia e experiência de pertencer no lago Titicaca tem um povo antiquíssimo
que também vive em cima de plataformas dentro da água ali naquele espaço todos nascem e morrem criam pequenos animais As crianças brincam vivem na e da água essa potência de vida que vem sendo plasmada pela presença barulhenta dos humanos urbanos que sempre querem mais e se preciso for constroem Belo Monte Tucuruí fazem barragens em tudo quanto é bacia para satisfazer a sede infinita de sua cidades Casa dos que já não sabem viver nas águas e nas florestas Guaporé Araguaia São Francisco às vezes me sinto mais comovido com a presença desses rios do que com outros
seres como eu humanos essa Aldeia onde estou fica na região Leste de Minas Gerais mais perto do mar do que do planalto central do Brasil e aqui sou envolvido o tempo todo pelo rumor das águas inclusive de Rio subterrâneos o que me faz pensar no livro louçarias profundos do grande escritor peruano José Maria arquedas nele o espírito das águas vai cortando Vales montanhas e levando histórias e maravilhas por onde passa é fascinante a percepção que a arguidas tem daquele rio que corta os Andes que é capaz de abrir seu caminho pelas pedras com grande força
descendo de maneira avassaladora sem Que ninguém possa Navegar seu corpo Pois é um Rio Bravo foi uma vez ação Petersburgo até a margem do nível e conto esse rio durante uma parte do ano congela tal ponto que é possível passar a cavalo sobre ele eu um sujeito dos trópicos fiquei pasmo com aquilo Imaginem montar o Tapajós uma maneira o Tocantins me instiga a possibilidade de alguns desses corpos d'água sobreviverem a nós sem sofrer as humilhações e fraturas a que outros foram feitos Pois é preciso dizer esses rios que invoco aqui estão sendo mutilados cada um
deles tem seu corpo lanhado por algum dano seja pelo garimpo pela mineração pela apropriação indevida da paisagem eu acho engraçado que tem gente que aceita com naturalidade considerar um Rio Sagrado desde que ele esteja lá na Índia e saiba de cor que ele se chama gangues enquanto ousa saquear o corpo do Rio ao lado cujo nome desconhece para fazer resfriamento de ciclos industriais e outros Absurdos há mais de dois mil anos comunidades humanas já estabeleciam suas aldeias nas margens do Tapajós E hoje nós os parentes munduruku e emauê seguem buscando defender o corpo desse Rio
dos aparatos de infraestrutura que o governo tema em implantar além do assédio do garimpo das madeireiras e outras violências soube que nessa mesma região ribeirinhos tiveram que suspender as atividades que nutrem suas famílias pois os peixes estão doentes o que eles chamaram de urina preta eles começaram a cogitar criar peixes em açudes tanques e pesqueiros a fim de substituir a pesca natural que era feita nos Igarapés esse Manancial de vida comida e Fartura que nós estamos destruindo em São Paulo o Tietê infelizmente na parte Urbana que percorre foi convertido em esgoto não sei como uma
cidade pode fazer isso o corpo de um rio é insubstituível a Pauliceia tapou de forma desenfreada seus cursos d'água inclusive o rio Ipiranga nas margens do Qual foi proclamada a Independência do Brasil sugerindo que não se tem sequer apreço por essa memória os rios que ainda não foram asfixiados na cidades seguem correndo no cerrado nas florestas na Mata Atlântica e no Pantanal todos os biomas flagelados e são os primeiros a terem os corpos apropriados pela Fúria de certos humanos em suas atividades incessantes essa gente que está empesteando o planeta só percebe os rios como potencial
energético para construção de barragens ou como volume de água a ser usado na agricultura e assim o Brasil segue exportando sua água através de grãos e minério tratam os rios de maneira tão desrespeitosa que dá impressão de que sofreram um colapso afetivo em relação às preciosidades que a vida nos proporciona que na terra outra prática aviutante é transformar as margens de um rio em pasto depois de 50 anos vendo gado gente e máquinas pisoteando o solo o rio se cansa sim pois quando a paisagem se torna insuportável o rio migra e conflui para outras viragens
rios da memória Rios voadores que mergulham que transpiram e fazem chuva o Rio São Francisco durante os séculos 18 19 e 20 se constituiu Como Um Guia Para a Vida de milhões de pessoas atravessando vários estados começando em Minas Gerais até desaguar no litoral de Alagoas já o Rio Doce nosso querido a tu segue para o Espírito Santo os dois fazem caminhos distintos enquanto um corre para o Nordeste o outro vai para a região leste do Brasil mas ambos chegaram ao século 21 fraturados picotados barrados e sangrando hoje o corpo do ator está cheio de
mercúrio e de uma lista imensa de venenos oriundos da mineração e o rio cansado mergulhou em si aquele material que desce na Calha não é rei mas detrito de uma civilização abusiva o que o grande chefe se atou chamou de vômito a água de verdade que nasce nas montanhas agora está correndo debaixo de uma laje de pedra que os diólogos constataram ser uma formação de granito e outros materiais muito sólidos em cima dessa plataforma tem três camadas de solo o rio mergulhou o fundo ele continua Seguindo para o Oceano Atlântico mas não quer mais se
expor ao abuso constante desse pensamento absurdo que acha que os corpos existem para serem explorados ele se nega a sofrer esse tipo de bullying e diante da ofensa desaparece aí as pessoas vêm reclamar que elas estão ficando sem água que não podem mais promover o desenvolvimento e o progresso pois os humanos com suas economias estúpidas precisam de muita água para hidrelétricas usinas indústrias Agropecuária e agronegócio e estão sempre fazendo alguma reclamação será que vamos matar todos os rios vamos fazer com que todos esses seres maravilhosos resilientes e capazes de esculpir pedras se convertam em risco
para a vida e desapareçam há 20 anos foi criado na região Amazônica um movimento chamado Rios vivos com o intuito de mobilizar as comunidades contra a construção de barragens e hidrovias para discutir projetos de transposição de rios e de adequação para navegação comercial de questionar tudo isso whites é um sujeito que nasceu nos Estados Unidos que conheci na década de 1980 quando veio fazer um filme sobre a Amazônia e acabou dedicando os 20 ou 30 anos seguintes a conhecer nossos rios e fortalecer uma campanha internacional para manter luz vivos dizem que a quantidade de água
que existe na biosfera do planeta Terra agora é a mesma de bilhões de anos atrás quando se formaram os ecossistemas terrestres que a gente Aprecia diante desse argumento alguém pode dizer Ora se a água nunca diminui Qual o problema acontece que ao transformarmos água em esgoto ela entra em coma e pode levar muito tempo para que fique viva de novo o que estamos fazendo ao sujar as águas que existem há 2 bilhões de anos é acabar com a nossa própria existência elas vão continuar existindo aqui na biosfera e lentamente vão se regenerar pois os rios
têm esse dom nós é que temos uma duração tão efêmera que vamos acabar secos Inimigos da água embora tenhamos aprendido que 70% de nosso corpo é formado por água se eu desidratar inteiro vai sobrar meio quilo de osso aqui por isso eu digo respeitem a água e aprendam a sua linguagem vamos escutar a voz dos rios pois eles falam sejamos água em matéria e espírito em nossa movência e capacidade de mudar de rumo ou estaremos perdidos Capítulo 2 cartografias para depois do fim de ré Poderíamos dizer que No princípio era a folha outras narrativas vão
dizer que No princípio era o verbo outras ainda vão criar paisagens bem diversas e isso é maravilhoso entre tantos mundos me sinto especialmente tocado pelas histórias que nos aproximam dos seres invisíveis aos olhos turvos de quem não consegue andar na terra com alegria que deveríamos imprimir em cada gesto em cada respiro os antigos diziam que quando a gente botava um astro no chão para fazer os nossos ritos ele marcava o centro do mundo é mágico que o centro possa estar em tantos lugares mas de que mundo estamos falando pois quando dizemos o mundo pensamos logo
neste é incessante disputa instaurada por uma gestão que deu metástase o do capitalismo que alguns Já chamam de capitalseno o desafio que propõe aqui é imaginar cartografias chamadas de mundos nas quais as narrativas sejam tão plurais que não precisamos entrar em conflito ao evocar diferentes histórias de fundação é maravilhoso que ainda existam essas memórias nas tradições de centenas de povos seja nas Américas na África na Ásia essas narrativas são presentes que não são continuamente ofertados tão bonitas que conseguem dar sentido as experiências singulares de cada povo em diferentes contextos de experimentação da vida no planeta
algum tempo apesar de sempre pensar a partir de onde estou a beira desse rio quando disparo minha visão sobre outros lugares da Terra as cartografias sonhadas que vejo incluem aquela imagem fantástica do astronauta Que olhando para o céu exclamou a terra é azul o planeta é mesmo maravilhoso e é abraçado em várias tradições de povos ameríndios da terra do fogo ao Alasca por uma poética permeada de sentido maternal nossos parentes Guarani da Mata Atlântica dessa borda de mar que chamam de ierê ou lugar que produz vida pensam na região como uma paisagem e ao mesmo
tempo uma fonte incessante de vida a primeira vez que esses queridos parentes compartilharam comigo sua narrativa de criação de mundo aprendi que Dois Gêmeos primordiais tiveram que dobrar a Serra do Mar e fazer esse contra forte para que a água grande O Mar Não avançasse sobre o continente achei linda essa história que explica a topografia a formação das montanhas dos Vales dos corpos d'água de onde se habita o fato é que os Guaranis assim como os Caiçaras da região estão espremidos em pequenos reduzidos a ilhas de onde resistem bravamente a especulação imobiliária a ocupação de
seus territórios e a violência que devasta esse lugar que seus espíritos enxergam e suas palavras traduzem através de uma cartografia afetiva os parentes de kimono também conhecidos Por machacali que estão aqui no Vale do Mucuri vizinhos do Rio Doce falam lindamente dessa terra da qual foram excluídos Diferentemente de outros povos nativos daqui que tiveram uma ou outra reserva instituída pelo governo os machacali passaram os séculos 17 e 18 e 19 sem lugar para descansar a cabeça pois agora decidir um ocupar um antigo território de suas narrativas e esse povo é capaz de reconstituir toda fauna
e a flora desse lugar onde quase não existem mais bichos e plantas em meio ao deserto de pasto em que a região foi transformada durante o século 20 conseguem ver a floresta e invocar o nome de todos os insetos os répteis os pássaros os animais peçonhentos as plantas e os fungos que existiam ali e apontaram o lugar de Cada Um Na paisagem qualquer estudioso ficaria admirado com esse inventário e com a maneira que eles são capazes de restituir a essa terra a presença de seres que já foram extintos os machakali estão ali representando todo esse
gradiente de vida meio a uma mentalidade fazendeira conseguem enxergar um território cheio de espíritos e falar com o mundo invisível um povo como esse mesmo quando expropriado de tudo e sem ter nem chão para pisar ainda consegue recriar um lugar para ser habitado quando penso no movimento do atum percebo sua potência um corpo d'água de superfície que ao sofrer uma agressão teve a capacidade de mergulhar na terra em busca dos lençóis freáticos profundos e refazer sua trajetória assim ele nos ensina a evitar um dano maior no tal captalocendo que estamos experimentando não restará nenhum lugar
da terra que não seja como o corpo desse Rio assolado pela lama alcançará todos os Recantos do planeta assim como os polímeros e os microplásticos alcançam a barriga de cada peixe no oceano porque esses animais devem carregar essa substâncias em sua estrutura tão leve tão bonita um especialista no assunto me disse que o microplástico viaja pelo nosso corpo e já pode ser encontrado nos bebês que estão nascendo achei isso escandaloso mas não podemos nos render a narrativa de fim de mundo que tem nos Assombrado porque ela serve para nos fazer desistir dos nossos sonhos e
dentro dos nossos sonhos estão as memórias da terra e de nossos ancestrais estamos vivendo num mundo onde somos obrigados a mergulhar profundamente na terra para sermos capazes de recriar mundos possíveis acontece que nas narrativas de mundo onde só o humano age essa centralidade silencia todas as outras presenças querem silenciar inclusive os Encantados reduzir a uma mímica isso que seria espíritar suprimir a experiência do corpo em comunhão com a folha com o líquen e com a água com o vento e com fogo com tudo que ativa a nossa potência transcendente e que isso planta a mediocridade
a que o humano tem se reduzido para mim isso chega a ser uma ofensa os humanos estão aceitando a humilhante condição de consumir a terra os orixás assim como os ancestrais indígenas e de outras tradições instituíram mundos onde a gente pudesse experimentar a vida cantar dançar mas parece que a vontade do capital é empobrecer a existência o capitalismo quer um mundo triste e monótono em que operamos como robôs e não podemos aceitar isso tem um poeta do Povo cuna do Panamá que se chama rebaldo e não enap atualmente Ele é professor numa universidade do Porto
em Portugal mas não cessa de fazer visitas a ilha de cunaial onde vive seu povo Ele conta que o nascimento de uma criança cuna implica em identificar aquele corpo que chega com uma árvore assim como os crenac eles relacionam umbigo da criança a uma planta ele diz que todos os bosques de conaiala são formados por pessoas tem nome porque cada planta coincide com alguém que nasceu ali esse trânsito entre um corpo humano e uma planta pode ocorrer com uma bananeira ou com uma árvore que vive 200 anos não importa o importante é o cordão umbilical
sem enterrado no ato de plantar então criança e planta compartilham o mesmo espírito quando João Paulo Barreto fala da Concepção do corpo feito de barro na tradição do Povo Tucano do Alto do Rio Negro também está dizendo que não existe fronteira entre o corpo humano e os outros organismos que estão ao seu redor faz um tempo que nos convencemos de que somos essa coisa excelente chamada gente e ficamos sem querer nos espraiar em outros organismos para além dessa sanitária e higiênica figura humana essa configuração do corpo acatada hoje por muitos é apenas uma instituição pobre
fabricada por uma civilização sem imaginação quando eu falo em adiar o fim do mundo não é a este mundo em colapso que estou me referindo esse tem um esquema tão violento que eu queria mais é que ele desaparecesse à meia-noite de hoje e que amanhã a gente acordasse em um novo no entanto efetivamente estamos atuando no sentido de uma transfiguração desejando aquilo que o nego Bispo chama de confluências e não essas obitante Euforia da monocultura que reúne os birutas que celebram a necropolítica sobre a vida plural dos povos desse planeta ao contrário do que estão
fazendo confluências evocam o contexto de mundos diversos que podem se afetar é um termo talhado de maneira artesanal e local por um homem quilombola um brilhante Pensador Marginal neste universo Colonial um crítico sempre tranquilo e bem humorado das tendências políticas já a convergência política foi tema na América do Sul nos últimos 40 ou 50 anos abraça ideias como adquiriu o peronismo argentino podia se fundir em uma política moderna de que o Brasil ia conseguir juntar uma espécie de trabalhismo com capitalismo e produzir uma nova experiência de gestão política neoliberal que substituísse o colonialismo pois nego
Bispo escapa dessa gramática dizendo que o que interessa a ele são as confluências sendo ao mesmo tempo capaz de elaborar uma crítica que as articula a convergências e divergências sem negar os eventos políticos nem quereis escapar dos Sentidos histórico das coisas ele diz que não precisamos ficar subordinados a essa mesma lógica e procura animar uma perspectiva em que as influências não dão conta de tudo mas abrem possibilidades para outros mundos essas aberturas permitem inclusive que a gente se Negue a fazer couro com um discurso Colonial como se fosse nossa última chance de conciliação a para
a gente se entender como nação vamos todos fazer de conta que não houve genocídio como considerar uma história de Pátria no meio deste cemitério Continental temos que nos insurgir e as confluências podem nos ajudar nisso se o colonialismo nos causou um dano quase reparável foi o de afirmar que somos todos iguais agora a gente vai ter que desmentir isso e evocar os mundos das cartografias afetivas nas quais o rio pode escapar ao dano a vida a bala perdida e a liberdade não seja só uma condição de aceitação do sujeito no caso uma experiência tão radical
que nos leve além da ideia da infinitude Não vamos deixar de morrer ou qualquer coisa do gênero vamos antes nos transfigurar Afinal a metamorfose é o nosso ambiente assim como das Folhas das ramas E de tudo que existe cidades pandemias e outras geringonças a experiência da pandemia de covid-19 foi arrasadora em uma oportunidade que tive de descer comentários sobre essa travessia alguém me perguntou Ailton a covid nos ensinou alguma coisa e eu respondi por que que você acha que ela deveria nos ensinar algo a pandemia não vem para ensinar nada mas para devastar as nossas
vidas se você está achando que alguém que vem para te matar vai te ensinar algo Só se for a correr ou a se esconder os brancos que me perdoem mas eu não sei de onde vem essa mentalidade de que o sofrimento ensina alguma coisa se ensinasse os povos das diásporas que passaram pela tragédia inenarrável da escravidão estariam sendo premiados no século 21 eu não tenho nenhuma simpatia por essa ideia não aprender nada as custas de Sofrimento inclusive acredito que nossa acomodação psicológica no ambiente virtual intensificada nesse período não deve ser saudável quando começou a pandemia
eu alertava as pessoas dizendo lembrem-se isso aqui é virtual é uma tela nós não estamos conversando diretamente uns com os outros pois creio que entre Nossa ação nesse ambiente e o seu resultado pode haver uma brecha de não entendimento e até mesmo de confusão tenho percebido que estou me expondo demais abusado dessa tecnologia e observado que ela pode nos induzir a uma grande ilusão de resultado de eficácia você se dedica a esse ambiente por horas a fio e acha que está movendo alguma coisa mas na verdade podemos ficar a vida inteira e não mover nada
em um futuro não muito distante seremos todos transformados em espectadores não vamos precisar fazer mais nada a gente vai se conectar ao acordar tal qual um trabalhador batendo ponto e depois desconectar na hora de dormir e vamos poder consumir tudo que quisermos durante a vida inteira porque o capitalismo vai dar tudo para gente a professora Conceição Evaristo disse uma coisa genial as pessoas acham mais fácil acabar com o mundo do que acabar com o capitalismo é verdade simplesmente nos acomodamos com a ideia de que o capitalismo não vai acabar pelo contrário ele vai entuchar a
gente de coisas e mais coisas e vamos ter tanta comida tanta bebida tanto de tudo que não vai faltar mais nada e assim a gente segue aos jurados nas metrópoles deixando essa ideia absurda nos levar historicamente as cidades se opõe a esse lugar que a gente chama de Floresta a ponto de todo Imaginário infantil usar um chapéu vermelho e ser ameaçado por um lobo ou lobisomem uma peste um bicho qualquer que vai pular dentro da floresta para comer a gente inclusive uma das narrativas a respeito da covid-19 sugere que ela só começou porque havia Floresta
uns carinhas que frequentavam o mercado ali em ohan Foram pegar lenha encontraram uma coruja pisaram no rabo dela capturaram um pangolim Selvagem o chamaram de cara feia e o levaram para conviver com animais domesticados na feira aí o vírus que estava no bicho selvagem passou para o bicho limpinho que passou para a gente e foi espalhado pelo planeta numa jogada tática chinesa essa narrativa é muito maldosa mas teve um grande efeito esses comentários aparentemente aleatórios que estou tendo sobre a pandemia a origem do vírus o furo no muro da cidade São matérias sobre as quais
eu tenho refletido com intensidade nesse período porque eu também fiquei preso adotei com empenho as recomendações da Organização Mundial da Saúde procurei evitar o contágio tomei as vacinas não sai da minha Aldeia e passei a fazer uma revisão sobre essa naturalização de pegar um carro e seguir para qualquer lugar pegar um avião e ir para o outro canto do mundo Porque da mesma maneira que a gente pode naturalizar a vida numa tela e se fundir com a experiência virtual Nós também naturalizamos desde o final do século 20 uso de um monte de máquinas como se
fossem próteses do nosso corpo Eduardo viveiro de Castro tem um texto chamado os involuntários da Pátria e eu provoco aqui uma ampliação desse enunciado dizendo que nós estamos virando todos involuntários de um mundo que naturalizou mil traquitanas como extensões nossas assim o tal do Progresso vai comandando a gente e seguimos no piloto automático devorando o planeta com Fúria a cidade virou a caixa preta da civilização o corpo da terra não aguenta mais cidades pelo menos não essas que configuraram como uma continuidade das polis do mundo antigo com gente protegida por muros e o resto do
lado de fora que pode inclusive tanto deixe o selvagens quanto indígenas quilombolas ribeirinhos beiradeiros Além disso as metrópoles São um sorvedouro de energia ainda há quem tenha a pachorra de dizer que o Brasil é Vanguarda na produção de energia limpa eu não sei que história é essa se você botar um filtro de sangue nas hidrelétricas do Tucuruí Balbina Belo Monte Santo Antônio geral ele entope José Mujica ex-presidente do Uruguai diz que estamos substituindo a ideia de Cidadão pela experiência de consumidor e assim o mundo passa a ser habitado por clientes alguns preferenciais para completar o
circo tem o nome de gente querendo viver eternamente pessoas que morrem de medo de morrer a borboleta morre o passarinho Vem voando bate a cara aqui morre a abelha se reproduz e morre a bananeira cresce da banana e morre nós somos os únicos chatos do planeta que querem prevalecer na face da terra todo custo Claro não entrar na lista de extinção de jeito nenhum tem uma frase interessante que é atribuída ao Einstein a vida começou aqui na terra sem os humanos e pode terminar sem nós esse pode é um cuidado lá dele de não detonar
de vez a bomba já eu sou mais arrogante e digo que a vida começou sem os humanos e vai acabar sem a gente não somos os donos da chave nem seremos os últimos a sair aliás acho que seremos postos para fora por incompetência inadimplência abuso e todo tipo de prevaricação em que a gente se meteu em favor da ideia de prolongar nossa própria vida a cidade em si é uma tentativa de fazer isso há de eterno vai ver é por isso que chamaram Roma de a cidade eterna é muito bonito esse título mas o que
será que se esconde por trás dele não será Justamente esse desejo existente dos humanos de quererem se perpetuar no planeta Roma foi um império muito duradouro e fundou uma boa parte dos elementos que constituem Nosso repertório Urbano que foi sendo calibrado nesse longo período de prepotência humana os romanos mesmo resolveram governar o mundo por decreto a partir da vontade de um cara chamado César a quem deram plenos poderes matava degolava queimava arregaçava tudo e depois se com Deus quero o chefe dele sei lá que Deus é esse a questão fundamental é que começamos a imitar
esse modelo e espalhamos cidades pelo mundo inteiro a urbanização no Brasil é tardia ainda nas décadas de 1960 e 1970 havia campanhas para as pessoas saírem do campo e irem para o centros urbanos o que acarretou um grande êxodo rural muita gente saiu da zona rural para liberar a área para o agronegócio e foi passar fome na cidades ainda segundo Viveiros de Castro o Brasil se especializou na produção de pobres Nossa tecnologia para produzir pobreza é mais ou menos assim a gente pega quem Pesca e colhe frutos nativos tira do seu território e joga nas
periferias da cidade onde nunca mais vai poder pegar deixe para comer porque o rio que passa no bairro está podre se você tira o Yanomami da floresta onde ele tem água alimento e autonomia e bota em Boa Vista isso é produção de pobreza se expulsa o pessoal da Volta Grande do Xingu para fazer uma hidrelétrica mandando para um beiradão de Altamira você está convertendo em pobre o capitalismo precisa de uma plataforma que é Urbana Basta ver como cidades como Nova York Tóquio onde ficam as bolsas de valores são âncoras desse sistema Aliás a humanidade institui
o modo de vida que já está sendo chamado de necrocapitalismo mas a ontologia do sujeito que nasceu na cidade que tem o pensamento Urbano é tão potente que acaba influenciando as culturas do mundo todo assim a partir dos gestos e da colaboração de cada um do nenenzinho que já nasce consumidor ao ancião que morrem enfiado em alguma aparato tecnológico porque não tem coragem de morrer em casa a Uber vai se instituindo como único destino possível dos humanos a imagem que eu tenho da cidade tem um pouco a ver com o super-homem lutando contra Lex Luthor
quando por conta da Kriptonita quanto mais ele se debate mais o vilão fica forte cidade para mim é Mariana Ouro Preto até Dubai penso em Itanhaém com aquele forte que é um convento Jesuíta e que reunia pessoas tanto para rezar quanto para tirar pois em cima daqueles muros altos tinham canhões então a cidade é um dispositivo capaz de promover a religião e um certo pensamento mas também é munida de armas para expandir o seu domínio se a gente tivesse que culpar alguém pelas cidades atuais para quem apontaríamos os canhões de Itanhaém para engenheiros arquitetos e
urbanistas para incorporadoras especuladores Imobiliários e empreiteiras para vereadores com suas emendas e remendos o que dita a cara da cidade a arquitetura moderna ampliou a máxima que a civilização precisa de cimento e Ferro Esse é um pensamento que se relaciona com o mundo nos termos de consumo de matérias não renováveis usou ferro acabou usou cimento acabou se você faz um projeto que precisa de cimento pedra ferro vidro e o escambau isso é a mesma coisa que usar combustível fóssil eu não conheço nenhuma montanha que volte a produzir cimento e pedra depois de extraídos do corpo
dela se a gente devora montanhas engole o subsolo da Terra para erguer cidades o que estamos fazendo como diria Drummond é animar a maquinação do mundo mas estamos olhando só para a sequência europeia dessa história não vamos perder de vista as cidades que a África a China ou a Índia produziram como as culturas práticas vêm a cidades da mesma forma que as ocidentais tem a impressão de que eles têm outra gramática para tratar delas aliás usam ocidentais reclamam muito da promiscuidade da humanidade indiana com animais misturados com pessoas nas ruas no rio Ganges e esculhambam
os indianos Como Se existisse apenas um jeito de viver um modelo ocidental essas epistemes produzidas a partir de um lugar específico de pensar o mundo vão ditando a ideia do que é sujo em oposição ao que é limpo a cultura sanitarista que supostamente regula tudo entra com a seguinte lógica Sanear é urbanizar urbanizar e Sanear o que me faz pensar em um grupo de jovens médicos ligados às ciências saúde que produziu um trabalho curioso sobre a pandemia no qual dizem que esse evento fortalece o autoritarismo dando licença para o governo dos ampliarem ainda mais o
controle sobre as nossas vidas isso me fez imaginar que o planeta inteiro vai virar uma espécie de hospital geral e que a polícia em vez de caçar terroristas vai perseguir quem não está bem sanitarizado vai olhar debaixo da unha e se estiver sujo matar o cara chegaremos a uma distopia em que o que não é cidade o que não é saneado o que não é limpinho a gente elimina do mapa nessa direção a floresta os bosques os ecossistemas vivos com sua capacidade óbvia de produzir vida e também vírus vão se constituir em lugares que devem
ser cercados para não contaminarem as cidades Então fica assim o muro que nasceu para proteger alguns humanos passa a isolar a floresta o que estou dizendo parece absurdo pois eu tive uma visão disso já em 1993 quando eu Davi ia no mami e se passei chavante fomos levados a Milão depois da eco-92 naquele tempo em que o Brasil parecia o lugar mais interessante do mundo para quem estava pensando em Ecologia na Europa nessa ocasião Uma senhora muito rica herdeira de empresas ligadas a Transportes contratou um assessor e disse descobre uns índios interessantes na América Latina
e nos Estados Unidos junta uma penca deles e traz para mim além de nós três tinham alce negro O Incrível anciãos lacota dos Estados Unidos e um pajé do povo kogue lá de Serra Nevada na Colômbia no palácio Dessa senhora tinha um jardim interno com uma proteção de vidro como aquelas usadas para guardar cobras no Instituto Butantã lá dentro tinha uma árvore eu fiquei olhando para aquela árvore triste que tinha o porte de uma Jabuticabeira e que o pessoal da casa não sabia nem me dizer qual era então perguntei e vocês fizeram um monumento a
árvore desconhecida acho que nós estamos indo para um buraco tão absurdo quanto daquele Palácio dos Milionários italianos lidando com esses seres árvores que existem muito antes de nós com desprezo e um abuso tão escandaloso que vamos acabar com as últimas florestas do planeta sem nem prestar atenção sem saber o nome delas Esse é um elemento essencial para um pensamento que tem me provocado como a ideia de que a vida é selvagem poderia incidir sobre a produção do pensamento urbanístico hoje é uma convocatória a uma rebelião do ponto de vista epistemológico de colaborar com a produção
de vida quando eu falo que a vida é selvagem quero chamar atenção Para uma potência de existir que tem uma poética esquecida abandonada pelas escolas que formam os profissionais que perpetuam a lógica de que a civilização é Urbana e tudo que está fora das cidades é Bárbaro primitivo e a gente pode tacar fogo como atravessar os Muros da cidades quais possíveis implicações poderiam existir entre comunidades humanas que vivem nas florestas e as que estão enclausuradas nas metrópoles pois se a gente conseguir fazer com que continue existindo florestas no mundo vão existir comunidades dentro delas eu
vi um número que a World Wide phong for Nature www.f publicou em um relatório dizendo que 1,4 bilhão de pessoas no mundo dependem da floresta no sentido de ter uma economia ligada a ela não é a turma das mamadeiras não é uma economia que supõe que os humanos que vivem ali precisam da floresta para viver a antropóloga Lux Vital escreveu um trabalho muito importante sobre habitações indígenas no qual relacionava materiais e conceitos que organizam a ideia de habitar equilibrado com o entorno com a terra o sol a lua as estrelas um habitat está integrado ao
Cosmos diferente desse implante que as cidades viraram no mundo aí eu me pergunto como fazer a floresta existir em nós em nossas casas em nossos Quintais podemos provocar o surgimento de uma experiência de florestania Começando por contestar Essa ordem Urbana sanitária ao dizer eu vou deixar o meu quintal cheio de mato quero estudar a gramática dele como eu acho no meio do mato um IP uma Peroba Rosa um jacaré e se eu tivesse um Buritizeiro no quintal temos que parar com essa Fúria de meter asfalto e cimento em tudo nossos Córregos estão sem respirar porque
uma mentalidade de catacumba a gravada com a política do Marcos sanitário acha que tem que manter uma placa de concreto em cima de qualquer córregozinho como se fosse uma vergonha terá água correndo ali assinosidades do corpo dos rios é insuportável para a mente reta concreta e ereta de quem planeja o urbano hoje na maior parte do tempo o planejamento Urbano é feito contra paisagem Como converter o tecido Urbano industrial em tecido Urbano natural trazendo a natureza para o centro e transformando as cidades por dentro eu fui convidado para dialogar com um projeto da Bia Lessa
que utiliza tecnologias de realidade virtual ela foi ao Largo do Paysandu olhar para aquele prédio ocupado por sintetos que pegou fogo Aliás só uma cidade consegue produzir um tipo de evento tão macabro como aquele com um monte de gente dentro de um edifício Em Chamas pois a Bia se interessou por aquela ruína e acelerou a distopia botou zumbis lá dentro e levou a coisa até um ponto absurdo depois entrou transformando com muitos colaboradores e recursos de arquitetura engenharia urbanismo reciclagem ambientalismo e Ecologia botou o Glauber Rocha e os personagens de terra em transe em cena
e produziu uma utopia dentro daquele estrago todo eu propus destampar os Córregos então usando a experiência virtual arrancamos o piso do Paysandu aquele Núcleo Bandeirante bem no centro da Paulicéia O que é muito simbólico e fizemos o córrego que desemboca ali virar uma cascata provocamos o surgimento de Mata e bichos no largo convocamos Hélio Oiticica com os parangolés e os penetraveis os arrancamos e as paredes dos prédios aqueles esqueletos de ferro e concreto ficaram vazados e a matéria física da cidade foi atravessada por vento chuva sol e Floresta porque a vida reclama essa fruição Marilena
chauí quando foi secretária de Cultura de São Paulo organizou uma discussão sobre o público e o privado no espaço urbano e naquela ocasião ficou muito claro que a cidade moderna não tolera o comum ao contrário ela o hostiliza falava-se muito do que deveria ser público do espaço onde a gente poderia se mover circular Mas onde cada vez mais no meio do caminho tinha um caixa eletrônico a discussão era sobre até que ponto seria permitido ocupar o espaço público enquanto a Prefeitura dispunha de licença para impor taxas e cobrar por esses usos que como é esse
que o tempo inteiro é invadido por algum sujeito que pode se apropriar dele acontece que o termo não é uma abstração ele se faz com corpos que andam respiram comem e imagino E se esses corpos não tem lugar na cidade então ela não é o lugar do Comum o Padre Júlio Lancelote pegou uma marreta para derrubar Espetos colocados sobre um viaduto em São Paulo para as pessoas não deitarem a cidade pode ter sido a casa do Comum em seus primórdios pré-industriais por um breve instante mas hoje a tua contra ele como uma máquina aquele prédio
ocupado pelo sem teto no Largo do Paissandu talvez fosse uma experiência de comum dentro da cidade mas ninguém queria ele ali e ele era tratado como um estorvo tanto que pegou fogo e depois do incêndio ninguém foi para consertar o comum que se mande para outro lugar a cidade foi invadida pela indústria e pela produção e transformou a lógica de vida coletiva em Vida Privada é preciso observar que os registros sobre os maias e os astecas falam de uma cultura com muita urbanidade mas um sentido expandido não evocam propriamente a cidade mas o modo de
ser hipertenser a uma dinâmica coletiva nesse sentido o xinguanos em sua cidade Jardim também tem muita humanidade quando Davi copenauer narra as alianças entre os humanos e os shapire os espíritos da floresta está falando da mesma coisa temos que reflorestar o nosso Imaginário e assim quem sabe a gente consiga se reaproximar de uma poética de que devolva a potência da Vida em vez de ficarmos repetindo os gregos e os romanos vamos erguer um bosque Jardim suspensos de urbanidade onde possa existir um pouco mais de desejo alegria vida e prazer ao invés de lajotas tapando Córregos
e Ribeirões Afinal a vida é selvagem e também é Cláudio na cidade Capítulo 4 alianças afetivas a palavra cidadania é bem conhecida Está prevista na Declaração Universal dos Direitos do Homem e em várias constituições faz parte desse repertório digamos branco já o enunciado de florestania nasceu em um contexto regional em um momento muito ativo da luta social dos povos que vivem na floresta quando Chico Mendes seringueiros e indígenas começaram a se articular perceberam que o que almejavam não se confundia com cidadania seria um novo campo de reivindicação de direitos Afinal estes não são uma coisa
preexistente nascem da disposição de uma comunidade em antecipar o entendimento de que algo deveria ser considerado um direito mas ainda não é no final da década de 1970 antes do término da ditadura o desejo do governo brasileiro era fragmentar as grandes extensões de Floresta ao sul do Amazonas e no Acre próximo das fronteiras com Bolívia e peru o jeito clássico de fazer isso era Abrir estradas e levar colonos mas na tentativa de privatizar aquela área de maneira discreta e eficiente inspirados por jardas passarem em sua turma o pessoal do INCRA saiu oferecendo lotes para quem
já estava lá acontece que quando chegaram para fazer as linhas de colonização os que se colocavam ao lado de Chico Mendes se levantaram pois estavam no modo florestania assim como grande e seus seguidores organizaram uma resistência pacífica a atuação do Estado mulheres crianças homens pessoas de todas idades se postaram entre as árvores e as motosserras cercando os caminhos de quem chegava para fazer demarcações e impedindo que o dedo Urbano fosse ele de geógrafos topógrafos ou sismógrafos apontasse finais dentro da floresta não queriam Estacas nem lotes queriam a fluidez do rio o continuo da Mata os
indígenas viviam em reservas coletivas e o seringueiros que eram majoritariamente nordestinos que migraram para a floresta amazônica no final do século XIX perceberam essa diferença depois de quatro cinco seis gerações dentro da floresta o que eles queriam era viver como os índios houve ali um contágio positivo do pensamento da cultura uma reflexão sobre o comum em que o seringueiros que as reservas extrativistas equipararam o status dessas unidades de conservação de uso direto com o das terras indígenas mas nós sabemos que propriedade coletiva no Brasil não existe mesmo as terras que os indígenas habitam pertencem a
união o cancro do capitalismo só admite propriedade privada e é incompatível com qualquer outra perspectiva de uso coletivo da Terra em nossa disposição de constituir uma florestania nós não queríamos nem mesmo ter CPF mas é restauração de um novo direito pressupõe a movimentação de um enorme aparato composto de registros documentos certificações cartórios o que moveu o encontro desses povos foi o entendimento de que entre eles havia patrões latifundiários que reclamavam a posse de várias religiões de Floresta o seringais onde tanto indígenas quanto não indígenas eram submetidos a condições de trabalho escravo uma constelação de povos
como os cachinawa os xenica os únicos viviam oprimidos por essa situação favorecida pelo capital na qual um patrão que nem estava presente podia estar em São Paulo Londres qualquer lugar do mundo explorava a Floresta Amazônica e suas gentes por controle remoto ao nos insulgirmos para eliminar a figura do patrão foi possível nos associarmos a aliança dos povos da floresta nasceu da busca por igualdade nessa experiência política ocorre que a palavra política vem de Polis e quando seres que não são da polis pensam podem imaginar Outros Mundos que não são política ou ao menos não a
política vigente a linguagem é muito determinante nas interações e tudo que vem da polis traz a marca de um ajuntamento de iguais onde a experiência política se pretende convergente isso tem animado em mim uma observação sempre reivindicam apólis como o mundo da cultura e aquilo que ficou marcado como natureza é o mundo selvagem Pois é nesse outro mundo que eu estou interessado não na convergência que vai dar na Polis imagina potências confluindo a partir de um lugar passando por ele mas sem ficar empresas ali penso que os apatistas queriam também é florestania mas o gesto
deles de reivindicala foi entendido como uma rebelião e eles foram trata como inimigos sendo brutalmente reprimidos acabaram obrigados a vestir a máscaras a patista e de certa maneira assumir o lugar limitado que o gesto de rebelião configurou todo mundo que Forza Batista tem que viver na selva lacandona porque zapatismo só existe em chiapas acabaram presos em uma armadilha contra o próprio pensamento e isso reto florestania não pode ser uma franquia se estamos querendo provocar um questionamento profundo com a potência de uma Insurreição não podemos nos tornar prisioneiros os movimentos que criamos por isso em dado
momento eu comecei a me perguntar até onde iríamos com a aliança dos povos da floresta íamos virar um sindicato um partido alianças políticas nos obrigam a uma igualdade que chega a ser opressora mesmo aquelas que admitem a existência da diversidade essa experiência durou mais de 20 anos de muita dedicação até que comecei a questionar essa busca permanente pela confirmação da igualdade e atinei pela primeira vez para o conceito de alianças afetivas que pressupõe afetos entre mundos não iguais esse movimento não reclama por igualdade ao contrário reconhece uma intrínseca alteridade em cada pessoa em cada ser
introduz uma desigualdade radical diante da qual a gente se obriga a uma pausa antes de entrar tem que tirar as sandálias não se pode entrar calçado assim eu escapei das parábolas do sindicato e do partido quando um pacto começar a cobrar tributo já perdeu o sentido e fui experimentar a dança das Alianças afetivas que envolve a mim e uma constelação de pessoas e seres na qual eu desapareço não preciso mais ser uma entidade política posso ser só uma pessoa dentro de um fluxo capaz de produzirá afetos e sentidos só assim é possível conjugar o mundo
disá esse verbo que expressa a potência de experimentar Outros Mundos que se abre para outras cosmovisões e consegue imaginar plu universo esses termos usados por Alberto Costa e outros pensadores andinos evocam a possibilidade de os mundos se afetarem de experimentar o encontro com a montanha não como uma abstração mas como uma dinâmica afetos em que ela não só é sujeito como também pode ter a iniciativa de abordar quem quer que seja esse outro nós possível desconcerta a centralidade do humano Afinal todas as existências não podem ser a partir do enunciado do antropocentrismo que tudo marca
denomina categoriza e dispõe inclusive os outros parecidos que são considerados quase humanos também esse desejo de mundo sempre esteve presente na humanidade caracterizou inclusive toda colonização dos continentes acontece que quando ele vem associado a uma lógico ocidental carrega a ideia de Cultura em Oposição a de natureza as tentativas de diálogo que tivemos notícia de quando os reis católicos e o Papa lá em 1400 1500 depois que acabaram com o último sultanato na península ibérica e saíram procurando novos corpos para colonizar mostraram claramente como Cada um falava de um lugar impossível de ser reconhecido pelo outro
tomemos como exemplo a fala atribuída ao chefe Seattle para um representante armado do governo de Washington eu sei você chegou aqui e se a senhor de tudo Provavelmente o seu Deus te constituiu agora como o novo dono e você vai ter o domínio sobre todas essas coisas mas ensina teus filhos a pisarem suavemente sobre a terra ensina-os a ama essa brisa da montanha e reconhecerem o voo da águia pois se vocês não aprenderem isso um dia vão despertar imersos em seus próprios vômitos é exatamente o que o pensamento Colonial produziu o antropoceno está acumulando tanto
lixo tanto estrago que deixou o mundo adoecido por isso apesar de ter escapado da política feita pela Polis tem acompanhado com entusiasmo o que está acontecendo no Chile seguindo um debate que já vem se desenrolando em outros países andinos desde o Equador e passando pela Bolívia estão discutindo ali a rendação da Nação a partir de um Estado plurina Nacional e eles Alan com uma mulher maput é a presidente eleito da Assembleia constituinte logo no Chile país historicamente autoritário e refratário a qualquer mundialização mas é preciso estar Atento e forte o senso comum imagina que a
democracia é algo que você veste e sai andando não é no próprio Chile quando Salvador além de era Presidente bombardearam o Palácio do Governo nos Estados Unidos que são a maior democracia do mundo um policial bota o joelho no pescoço de um homem negro e o mata asfixiado enquanto o país exporta Democracia para Líbano Iraque e Irã Afeganistão porque a democracia escorre ali eles têm para dar e vender Então eu acho que a gente tem que parar de ficar usando as expressões assim de maneira tão folgada se tiver uma faixa democracia entre é bobagem você
vai entrar e levar um soco na cara os poetas dizem que a democracia é uma algo que se busca não que se consome é Um Desafio que uma sociedade determinada exercida como experiência cotidiana assim como a ideia de liberdade de integridade de um povo a democracia deve ser constantemente construída ela não tem o dom de se instalar e está sujeita a todo tipo de ataque enquanto isso no Brasil dos anos 2020 acontece um surpreendente processo de negação identitária os próprios símbolos de nação impostos pelo colonialismo como a bandeira nacional em qualquer republicata se simbolizam Baluarte
de identidade foram apropriados por um grupo de pessoas tão autoritárias que impedem que outros compartilhem deles trata-se de um clube com especial a preço por armas uma série de preconceitos E toda sorte de fundamentalismo seria um novo escândalo capitalista essa privatização dos símbolos pátrios uma boa maneira de confrontá-los é questionando a verdade Colonial minha Pátria minha língua Caetano Veloso tem uma canção que diz a língua é minha Pátria e eu não tenho Pátria tenho Pátria e quero fratria então como ketchwan é uma língua Continental viva Pátria mama e abaixo os nacionalismos Estamos cambiando ai que
cambiar é lindo mesmo que essa mudança também passa pelos experiências limitadas da democracia seria essencial refundarmos nosso país e concebermos por aqui também a ideia de um estado plurinacional porque esse nosso estado velho Colonial tem um DNA de pirata de Bandeirantes existe para comer os outros eu fico admirado que a maior parte das lideranças políticas não só do Brasil mas de grande parte do planeta são tão alienadas que não se tocam que se não nos abrirmos a essa matriz cultural Ampla vamos apenas aprofundar o desastre em que estamos metidos inclusive do ponto de vista ambiental
a ideia desses estados nacionais é muito limitada muito pobre e a gente tem que ser capaz de atravessar tudo isso e confluir quem sabe a presença dos povos indígenas na do novo constitucionalismo na América Latina a partir dos Andes traga outras perspectivas sobre aquilo que nós chamamos de país e de nação Porque os povos originários tem outros contribuições ao debate tanto sobre a polis quanto sobre as ideias de natureza Ecologia e cultura se formos capazes de nos abrir a toda essa riqueza a atividade política será mais uma dimensão da existência e não uma ocupação predatória
como tem sido para muitos políticos do Século 21 o século do neoliberalismo cuja invenção só tem servido para aparelhar corpos e constituir Servidão escapar dessa Servidão é também se abrir a ideia de ocupar inclusive o espaço da política do estado e eu espero que a gente possa ajudar oxigenar ao máximo esses ambientes assim como os nossos rios que generosamente compartilham sua potência e confluem que a gente possa aprender a não ficar preso a nenhuma barragem por isso Sem esquecer dos queridos abatistas que sempre inspiraram debates importantes na América Latina antes de gritar vivas a pata
eu grito abiaiala que é como nossos irmãos saúdam enquete a terra e o céu nota de rodapé a aliança dos povos da floresta criada em 1980 nasceu da união de lideranças indígenas e seringueiros na Amazônia para reivindicar demarcações de territórios indígenas e a criação de reservas extrativistas Aílton krenak foi um dos idealizadores desse movimento que encontrou sua máxima expressão na figura de Chico Mendes assassinado em 1988 por sua atuação Capítulo 5 o coração no ritmo da terra ao pensar na relação entre educação e futuro me deparo com uma ambiguidade tenho percebido em conversas com educadores
de diferentes culturas não só dos povos originários mas que trabalham com outras abordagens da infância que já no primeiro período da vida todo um aparato de recursos pedagógicos é acionado para moldar a gente isso me faz pensar em antigas práticas usadas por diferentes povos deste continente americano para constituir seus coletivos são práticas ligadas à produção da pessoa O que é muito diferente de moldar alguém que entendem que todos nós temos uma transcendência e ao chegarmos ao mundo já somos e o ser é essência de tudo as outras habilidade que podemos adquirir Como possuir coisas seguir
uma profissão governar o mundo são camadas que você acrescenta a perspectiva de um ser que já existe esse antigo conceito É muito confortável pois não entre em choque com a experiência de existir os Guaranis fazem um batismo o iemann Guaraí que ocorre no ano novo deles por volta do dia 25 de janeiro nesse Ritual o pajé dentro da opi a casa cerimonial canta e defuma as Crianças novas que estão no colo de suas mães fica assoprando e olhando para elas para ver quem são os seres que chegaram ali depois de realizados os cantos o pajé
se aproxima dos parentes e pergunta o nome das crianças a partir de então elas passam a ser nomeadas esse lindo ritual carrega a mensagem de que nós já chegamos aqui como seres prontos é de grande respeito dizer Esse ser já existe não precisa de uma forma ele que nos informa quem é que chegou ao mundo quando atuamos no sentido de incidir sobre o design original de um ser seja ele humano ou não e formatá-lo para que tenha alguma utilidade estamos encorrendo em uma violência sobre o percurso que ele já está habilitado a percorrer aqui na
terra Tem Uma cantiga que eu gosto muito de repetir que diz assim cantando dançando passando em cima do fogo seguimos num contínuo No rastro dos nossos ancestrais essa invocação de ancestralidade é educativa traz uma imagem poética apoiada num rito muito antigo de consagração do fogo em que as pessoas depois de além a ter sido consumida eram capazes de passar descalços Sobre As Brasas sem queimar os pés parecia uma mágica um efeito de ilusão mas não era jovens anciãos mulheres e homens eram capazes de sair do outro lado sem se queimar no percurso se a pessoa
iniciada nesse rito tivesse medo Sem dúvida machucaria os pés e sairia correndo dali vamos imaginar essa parábola como algo que você herdou e que portanto não te dá medo ao contrário é reconfortante esta é uma imagem bem instrutiva para a gente começar a pensar educação e futuro para começar o futuro não existe nós apenas o imaginamos dizer que alguma coisa vai acontecer no futuro não exige nada de nós pois ele é uma ilusão Então pode se depositar tudo ali como em um jogo de dados infelizmente desde a modernidade fomos provocados a nos inserir no mundo
de maneira competitiva e essa competitividade estimulada durante séculos acabou formando um mundo de jogadores se o futuro der certo bingo mas a verdade é que estamos vivendo cada vez mais a projeção de futuros muito improváveis embora continuemos preferindo essa mentira ao presente ao focarmos nesse futuro prospectivo acabamos construindo justamente aquilo que shimamandangos e nos recomenda evitar um mundo com uma única narrativa o risco de projetar um futuro assim é muito grande Pois vem embalado em ansiedade Fúria e uma tremenda aceleração do tempo olhar sempre para o futuro e não para o que está o nosso
redor está diretamente associado ao sofrimento mental que tem assolado tanta gente inclusive os jovens é uma experiência que penetra por todos os poros e reflete em nosso estado emocional o vasto ecossistema do planeta terra também está sofrendo o estresse dessa aceleração ainda assim ela é real muito cientistas estão observando a maneira como as crianças experimentam a infância alguns estudos mostram aqui nos últimos 30 40 anos esse período passou a ser encurtado em vez das crianças o viverem como um lugar folgado já estão caindo nele como em uma chapa quente em que se vem obrigados a
responder as perguntas de um mundo em erosão quando a gente ouve um adulto que viveu a infância na década de 90 ele frequentemente fala dela como um período extremamente apertado um corredor se isso está sendo dito agora por uma pessoa que tem 30 anos se não tomarmos cuidado a próxima geração vai ter suprimida de vez a experiência da infância como esse lugar fantástico de seres ainda pousando na terra e será introduzida de cara em um mundo em disputa na antroposofia o primeiro setênio de vida é considerado o período em que a gente ainda está meio
anjo meio humano não de todo firme na terra Antigamente os povos mais tradicionais diziam que a criança disseram Aos sete anos está mais suscetível a morrer porque sua alma ainda não estava bem fixada e podia Decolar daqui feito um passarinho segundo essas culturas nesse período não deveríamos sofrer moldagem alguma penso nas palavras molde forma formar formatar etc e que aplicar esses conceitos a pessoas no primeiro momento da vida quando são seres inventivos e cheios de subjetividade é uma violência muito grande já vão podando os espíritos que poderiam trazer muita novidade para a Terra no lugar
de produzir um futuro a gente deveria recepcionar essa inventividade que chega através das novas pessoas as crianças em qualquer cultura são portadoras de boas novas em vez de serem pensadas como embalagens vazias que precisam ser preenchidas entupidas de informação deveríamos considerar que dali emerge uma criatividade e uma subjetividade capazes de inventar Outros Mundos O que é muito mais interessante do que inventar futuros esses primeiros anos de existência fazem uma cartografia do mundo e fornecem uma espécie de mapa para experiência adulta Então se nesse período a gente não reconhece os caminhos depois vamos andar pelo mundo
como se ele fosse um lugar estranho mas só do ponto de vista geográfico e climático Mas também de um lugar a ser compartilhado com outros seres Nossa sociabilidade tem que ser repensada para além dos seres humanos tem que incluir abelhas tattoos baleias golfinhos meus grandes Mestres da vida são uma constelação de seres humanos e não humanos quando eu tinha oito ou nove anos de idade estava no quintal lugar de que gosto muito e lá estava uma linda égua selvagem que meu irmão tinha ganhado ela comia milho enquanto eu limpava o quintal com rastelo enquanto a
égua roía o sabugos passei o rastelo perto dela e sem querer a assustei ela me deu um coice bem dado que acertou meu estômago e me fez voar uns três metros perdi o fôlego mas logo me recuperei e ali de maneira totalmente atemporal como se fosse um raio tive uma aula sobre limite e ao mesmo tempo compreendi que podemos agir no mundo foi uma revelação que me veio como mantra Sim nós podemos muito mas nem tudo um aprendizado que recebi infecção com a natureza essa liberdade que tive na infância de viver uma conexão com tudo
aquilo que percebemos como natureza me deu o entendimento de que eu também sou parte dela então o primeiro presente que ganhei com essa liberdade foi onde me confundir com a natureza num sentido amplo de me entender como extensão de tudo e ter essa experiência do sujeito coletivo trata-se de sentir a vida no outro ser uma árvore uma montanha num peixe num pássaro e se implicar a presença dos outros seres não apenas se soma a paisagem do lugar que habito como modifica o mundo essa potência de se perceber pertencendo a um todo e podendo modificar o
mundo poderia ser uma boa ideia de educação não para um tempo e um lugar imaginários mas para o ponto em que estamos agora para além de onde cada um de nós nasce um sítio uma aldeia uma comunidade uma cidade estamos todos instalados no organismo maior que é a terra por isso dizemos que somos filhos da terra essa mãe constitui a primeira camada o útero da experiência da consciência que não é aplicada nem utilitária não se trata de um manual de vida mas de uma relação indissociável com a origem com a memória da criação do mundo
e com as histórias mais reconfortantes que cada cultura é capaz de produzir que são chamadas em certa literatura de Mitos as mitologias são vivas seguem existindo sempre que uma comunidade insiste em habitar esse lugar poético de viver uma experiência de afetação da vida a despeito das outras narrativas duras do mundo isso pode não ter um significado muito prático para concorrer com os outros em um mundo em disputa mas faz todo sentido na valorização da vida como um dom Não há nada mais importante do que a vida estamos passando por uma experiência coletiva de apreensão diante
de crises e pandemias mas a Constituição de mentalidade sensíveis significa também resiliência capacidade de esses seres continuarem criando um mundo menos suscetível ao terrorismo psicológico que tem atingido a vida contemporânea as famílias ocidentais em contexto Urbano supervalorizam um sistema de educação são adultos que aderem a esse formato no qual as pessoas que chegam sendo inseridas no mundo antes de elas poderem escolher a experiência de se implicar no mundo no sentido coletivo já são abordadas pela visão que os adultos têm dele um jovem de 20 anos já tem um mundo formado dentro de si e quando
coloca uma criança nele passa a agir a partir de sua aspiração de perfeição naquela ideia de formar um sujeito campeão dessa forma nós começamos desde cedo a sugerir para as crianças que elas precisam alcançar um patamar de excelência e ocupar lugares de destaque pois no topo do pódio só cabe um no entanto esse pódio é uma mentira porque não tem nenhum lugar no mundo onde só cabe um sempre cabem todos em conflito com essa mentalidade por todos os lugares a gente vê jovens se sentindo expulsos do mundo deveríamos mais atenção a campanha da Greta tumberg
na Europa que instiga os jovens contra o mundo adulto dizendo que eles não vão às aulas naquelas semana Pois afinal a escola não tem tanta importância assim a gente devia olhar bem para esse gesto ouvir a voz dessa criança que ainda não desistiu do mundo e é capaz de propor outra narrativa para ele pois a que a gente teve até agora precisa ser questionada a escolha de um outro mundo pode ser feita aqui e agora e será feita pelas crianças não pelos adultos a geração da Greta literalmente acusa os adultos de serem ladrões de futuro
tem a acusação mais terrível do que essa educação não tem nada a ver com futuro afinal ele é Imaginário e a educação é uma experiência que tem que ser real Vamos considerar a partir daqui que quando falamos de educação já não há associamos ao futuro mas ao aqui e agora no Tibet e entre outros povos do oriente a meditação e a observação da mente são recursos educacionais ao Dalai Lama quando criança foi assegurada uma vasta liberdade de experiências para que ele se constituísse em um ser pleno depois ele precisou fugir de seu país As coisas
mudaram mas a infância dele formou seu ser estou dando um exemplo bem conhecido do mundo inteiro mas milhares de outros meninos da geração dele e das anteriores eram estimulados e protegidos dessa maneira para que vivessem a experiência da infância como fundamento da vida e tinham a felicidade de estar inseridos em culturas em que isso é uma prática coletiva no ocidente Essa não é a prática vigente muito pelo contrário a educação que conhecemos sempre teve o ímpeto de formatar as pessoas a sala de aula já sugere isso ao incluir um grupo de crianças de mesma faixa
etária sendo abordadas por um adulto que é o professor isso ilustra de maneira muito clara a intervenção externa sobre cada um ali perdem sua autonomia e começam a se sentir compelidos a se alinhar com um propósito formador do pensamento e se nós sugerirmos que as crianças passem a ter tempo para si mesmas que a experiência educativa seja convertida em uma proteção desse período para que a pessoa se auto-forme ao invés de ser formatada para que a gente possa promover e facilitar uma experiência que inclui menos Moldes e mais invenção precisamos fazer uma revolução do ponto
de vista da educação formal nas práticas estabelecidas e nas escolhas que as famílias fazem se a gente pegar uma amostra de 200 famílias e dizer a elas vocês topariam liberar a sua criança nos próximos cincos anos de qualquer formatação e apoiar uma experiência lúdica com a água com um rio com a terra com o fogo contudo para ela ser um elemento de transição global de mudança de mentalidade no mundo é capaz que umas pessoas 20 totem a verdade é que uma criança com sete oito anos de idade já começa a ser treinada para ignorar o
meio ambiente é isolado em uma sala de aula para ser alfabetizada e vai sendo encutida nela desde cedo a ideia de uma vida sanitária O que é muito contraditório Porque muitas crianças de comunidades urbanas não tem sequer acesso a saneamento básico mas vão logo sendo ensinadas a ter nojo da terra o que eu chamo de educação sanitária é muito anterior às normas impostas pela pandemia de covid-19 é a formação ao longo de décadas de uma mentalidade em que uma criança não deve mexer na terra para não sujar as mãos que se você arranca uma batata
do chão não deve levar para dentro de casa pois está suja o ideal é pegar uma Batata lavada e empacotada dentro do supermercado Quando foi que a terra virou sujeira mas faz tempo que eu assisto a esse bombardeio sanitário na cabeça das crianças e não vejo nenhum educador questionar Isso Pois para mim isso está diretamente ligado com essa forma de ver o mundo como um almoxarifado e está cerne da crise ambiental que estamos enfrentando hoje me referia a meditação porque ela permite a pessoa se colocar no presente quem sabe essa prática deveria ser experimentada em
todas as escolas como não será fácil tirar as crianças de dentro do ambiente escolar e enviá-los para a natureza a fim de que viva uma experiência de fricção com a terra que a gente possa pelo menos deixá-las insegurança contemplando os próprios pensamentos que com certeza são luminosos e chegaram ao mundo trazendo Maravilhas sem borbando de alas com argumentos as crianças irão se associar então a esses belos pensamentos de maneira criativa e positiva e serão as portadoras aqui na terra da ancestralidade um presente que os recém chegados para nós Fiquei feliz de saber que o Papa
Francisco incluiu em suas recomendações para educação a Invocação dos ancestrais disse para essa imensa juventude que houve que é preciso resgatar os vínculos com a ancestralidade achei isso que não é muito típico de um discurso de papa maravilhoso uma vez que a ideia foi abandonada no século 20 como se fosse um atributo de culturas antigas e primitivas o Papa dizer que esse é um valor essencial para enfrentar as crises que estamos vivendo hoje me deu uma grande alegria pois contribui para dissolver fronteiras culturais e raciais e para que a gente possa falar de uma maneira
mais respeitosa da diversidade cultural e da pluralidade da vida essas ideias deveriam orientar todo repertório de quem trabalha com educação infelizmente a política educacional no Brasil pensa que a escola é um prédio e por isso desvaloriza tanto o trabalho dos educadores enchem a sala de meninos e trancam a porta pronto estão na escola esse lugar Pode ser inclusive de renúncia da família a educação de suas crianças muitas estão a tal ponto privadas de serem orientadas em seu núcleo coletivo familiar que em dado momento não conseguem mais conversar com seus pais são sequestradas pelo sistema educacional
e não há mais linguagem comum entre eles tem um programa instituído no Brasil desde o final da década de 90 mas que se consolidou Principalmente nos últimos 20 anos que é o plano nacional de educação escolar indígena trata-se de uma educação diferenciada aplicada nos territórios indígenas pelo Brasil inteiro onde cada comunidade tem a possibilidade de moldar o equipamento escolar da forma que decidir eu já frequentei escola em Aldeia Embaixo de uma árvore e achei muito bom as pessoas estavam à vontade naquela experiência e não queria um prédio nenhum muito tempo depois aqueles meninos decidiram que
seria bom ter uma sala de aula mas sabem que a experiência pedagógica pode ser realizada na beira do Córrego numa Laje de Pedra em qualquer lugar trata-se de um grupo de pessoas com um propósito de fazer uma investigação coletiva inclusive o próprio letramento pode muito bem prescindir de uma sala de aula escola não é prédio mas uma experiência geracional de troca que deveria ser enriquecida e valorizada na qual as pessoas que passaram por coisas distintas podem compartilhar conteúdos que ajudem as crianças a se prepararem para a vida adulta algumas escolas indígenas com muitas dificuldades Na
tentativa de reconfigurar o aparelho escolar tentam ficar o mais próximo possível disso que estou argumentando buscando preparar cada um no contexto da sua comunidade para agir ali essas escolas não são plataformas de lançamentos de meninos mas lugares para eles estarem nós que persistimos em uma experiência coletiva não educamos crianças para que elas sejam campeãs em alguma coisa mas para que sejam companheiras umas das outras não almejamos por exemplo que vira em chefes a gente não treina chefes a base da educação é feita a infecção com cotidiano aí eventual liderança de uma criança será resultado da
experiência diária de colaboração com os outros não de concorrência aquele menino que foi nunca deixa de estar próximo para conversar para distrair aprontar alguma novidade ele passa o Balaio na beira do rio sabendo que ali pode ter uma cobra Mas não deixa de passar isso é coragem a fricção com a vida proporciona um campo de subjetividade que prepara a pessoa para qualquer tarefa em vez de formatar alguém para ser alguma coisa deveriamos antes pensar na possibilidade de proporcionar experiências que formam pessoas capazes de realizar tudo que for necessário na vida sem medo de ter cobra
dentro da água ou de levar um coice porque tudo isso é integrado são experiências fundamentais se perceber como sujeito coletivo para aprender que não estamos sozinhos no mundo as crianças crenac anseiam por serem antigas isso porque nas humanidades em que as crianças ainda têm a liberdade e a autonomia de aspirar mundos elas valorizam muitos velhos as pessoas antigas tem a habilitação de quem passou por várias etapas da experiência de viver são os contadores de histórias os que ensinam as medicinas a arte os fundamentos de tudo que é relevante para ter uma boa vida é o
que os cachos chamam de Schumacher calçai e que foi traduzido para o Castelhano como Bem Viver ou Bem Viver em português acredito que nossas crianças sabem sobre a segurança mental subjetiva que essa experiência pode proporcionar e por isso não vem a velhice como uma ameaça mas como um lugar de conhecimento que questiona a hipótese de formatar pessoas para um outro mundo e não para o lugar onde cada um de nós experimento cotidiano as crianças indígenas não são educadas mas orientadas não aprendem a ser vencedoras pois para uns vencerem outros precisam perder aprendem a partilhar o
lugar onde vivem o que tem para comer tem um exemplo de uma vida em que o indivíduo conta menos que o coletivo Esse é o mistério indígena um legado que passa de geração para geração o que nossas crianças aprendem desde cedo é a colocar o coração no ritmo da terra sobre esse livro textos elaborados por Rita carelli a partir de políticas cósmicas diálogo de abertura do festival seres Rios com Ailton krenak e Marisol de lacadena e mediação de Ana Gomes em agosto de 2021 os rios e as cidades aula espetáculo com Ailton krenak na segunda
edição de Amazônia das palavras em novembro de 2021 cartografias para adiar o fim do mundo mesa virtual da Flip com Ailton André mediação de Wagner Amaro em dezembro de 2021 espaços para respirar 15º seminário internacional da escola da cidade com Ailton krenak Wellington cansado mediação de Francisco vanuti em agosto de 2020 o UOL entrevista Ailton krenak liderança indígena Ailton krenak entrevistado por Fabíola cidral Leonardo Sakamoto e Maria Carolina Trevisan em novembro de 2021 a vida não é útil Live da TV canal 26 e canal HD 526 da Net Rio com Ailton krenak e a entrevistadora
Rosângela Coelho em agosto de 2020 o tempo e a educação a importância dos seres ancestrais fala de Ailton krenak no segundo congresso virtual em outubro de 2020 sobre o autor Ailton krenak nasceu em 1953 na região do Vale do Rio Doce território do Povo krenak um lugar cuja Ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração de minérios ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas organizou a aliança dos povos da floresta que reúnem comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia é um dos mais destacados líderes do movimento que surgiu durante o grande despertados
indígenas no Brasil que ocorreu a partir da década de 70 contribuiu também para a criação da União das Nações Indígenas une Aílton tem levado acaba um vasto trabalho educativo e ambientalista como jornalista e através de programas de vídeo e televisivos a sua luta nas décadas de 70 e 80 foi determinante para a conquista do Capítulo dos vídeos na Constituição de 1988 que passou a garantir pelo menos no papel os direitos indígenas a cultura autóctone e a terra é qual autor da proposta da Unesco que criou a reserva da biosfera da Serra do espinhaço em 2005
e é membro de seu comitê gestor é comendador da Ordem do mérito cultural da presidência da república em 2016 foi atribuído o título de Doutor honorris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora em Minas Gerais também autor de ideias para adiar o fim do mundo de 2019 e a vida não é útil de 2020 ambos publicado pela companhia das Letras capa e projeto gráfico aos seus tesourinho preparação Júlia Passos revisão Natália Amorim Julia fimarães versão digital Rafael alt
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