Este é o Ioniq 5N, um carro elétrico esportivo lançado pela Hyundai em 2024. À primeira vista um carro comum. Ele tem 650 cv, mas isso não é novidade no mercado de carros elétricos.
Carros que vão de 0-100 em menos de 3 ou 4s são comuns hoje em dia, o Tesla Model S Plaid vai em 2s, mas a questão é que não há um envolvimento do motorista com o carro, você acelera e ele vai embora sem trocar marchas e sem som. É rápido, mas sem ser divertido. Olha o envolvimento de Marcos Chaves com seu Nissan Maxima quase arrancando o câmbio fora, e olha os 4 bonitos segurando um celular dentro de um S Plaid.
Papelão total. Então quem conseguir mudar isso pode ter um futuro no mercado com os elétricos. Mas será que dá mesmo para combinar os benefícios e a rapidez do motor elétrico com o envolvimento que os motores a combustão propõem?
A divisão N da Hyundai acredita que sim. Com o Ioniq 5N a Hyundai promete trazer de volta todo o envolvimento que os mais entusiastas sentem falta nos elétricos. Com o auxílio da tecnologia, a Hyundai provoca os sentidos do motorista, e assim oferece esse algo a mais: proporcionar ao motorista a sensação de estar um carro a combustão interna, mesmo estando em um carro elétrico.
Então, o que é essa tecnologia? A Hyundai teria finalmente mudado o mundo dos elétricos? Pra compreender isso, é preciso entender o caminho da Hyundai até agora.
Em 1967 a Hyundai era uma pequena empresa de engenharia civil chamada Hyundai Engineering and Construction Co. , mas com as possibilidades que a abertura do mercado coreano trazia graças a globalização, o diretor e fundador Chung Ju-Yung decidiu investir no mercado automotivo estabelecendo a Hyundai Motor Company. Em 1974 a montadora já produzia seu próprio modelo e aos poucos iniciou sua expansão mundial produzindo veículos com baixo custo de manutenção e preço acessível.
Modelos como o Hyundai Excel e o Hyundai Sonata se tornaram populares em muitos países. Mas foi a partir de 1990 que a empresa se estabeleceu de fato, após a decisão de investir pesado em pesquisas, design e desenvolvimento a montadora teve uma série de lançamentos de sucesso como o Elantra e Santa Fe ganhando ainda mais notoriedade internacional principalmente pela qualidade e estilo de seus carros. Atualmente a Hyundai está entre as líderes do mercado tendo vendido um total de 7,3 milhões de unidades em 2023 e é a segunda fabricante de veículos elétricos mais vendida dos Estados Unidos, atrás apenas da Tesla.
E é com os Veículos Elétricos que a montadora coreana busca se consolidar como líder do mercado. A empresa investiu 51 bilhões de dólares e contratou mais 80 mil funcionários na expectativa de se tornar uma das três maiores fabricantes de elétricos do mundo até 2030. Mais da metade desse investimento será destinado à pesquisa e ao desenvolvimento de infraestrutura e produção de elétricos e outra parte do investimento servirá para a expansão de fábricas exclusivas para carros elétricos.
Com isso a empresa planeja que até 2030 ela tenha 31 veículos elétricos no mercado e capacidade para produzir 1,51 milhão de unidades por ano na Coreia do Sul. Enquanto outros fabricantes viram suas vendas caírem a Hyundai duplicou o número de elétricos vendidos no mês de março de 2024 em comparação ao ano anterior. Foram 14.
798 elétricos em março de 2024, 53% a mais que no mesmo mês de 2023. Apesar de ser um dado animador, em termos globais a Hyundai também apresentou queda no número de vendas no primeiro trimestre de 2024. Foram 153.
159 veículos elétricos vendidos, representando uma queda de 4,8% em comparação com o mesmo período de 2023. Isto demonstrou que apesar das inovações a Hyundai também não estava imune das frustrações que impedem consumidores de obterem um elétrico. Mas, afinal qual o problema dos elétricos e como a Hyundai está disposta a mudar o futuro deles?
Entre as grandes frustrações que atingem não só o consumidor comum, mas também entusiastas do mercado automotivo nos elétricos, além do preço, uma em especial está relacionada ao envolvimento do motorista. Enquanto motores a combustão demoram para atingir sua potência máxima e precisam de marchas para funcionar em diferentes velocidades, os motores elétricos entregam força máxima imediatamente desde 0 RPM, sem nenhum atraso na aceleração, tudo isso sem marchas. Desde o momento em que o motorista pisa no acelerador o motor elétrico entrega toda a sua força.
Em um carro elétrico você simplesmente pisa no acelerador, isso envia um sinal para o computador que começa a operar com toda sua força e sem nenhum atraso. Ou seja, pra quem gosta de velocidade é o mundo ideal. Mas em um mundo onde temos carros indo de 0-100 em 2s, a aceleração e a velocidade não são mais tão importantes, e outras coisas começaram a fazer a diferença.
Em carros elétricos não há necessidade de transmissão automática, muito menos de um câmbio manual, o que para alguns entusiastas significa acabar com toda a graça de dirigir e o envolvimento do motorista com o carro. O câmbio manual que conta com o pedal de embreagem é envolvente para alguns motoristas, pois oferece maior sensação de controle sob o carro e muito mais diversão. Nos últimos vinte anos os carros produzidos com transmissão manual deixaram de representar 90% para representarem 32% dos veículos, em alguns países carros com câmbio manual são raridade e representam menos de 1% dos veículos.
Com a crescente de modelos elétricos prontos para dominar todo o mundo, entusiastas passaram a ver a ascensão dos elétricos como o último prego no caixão dos câmbios manuais. Mas as frustrações não acabam por aí. Sejam entusiastas ou motoristas comuns, grande parte dos consumidores ainda estranham quando entram em um elétrico e não escutam o ronco do motor.
Ao contrário dos carros a combustão, que produzem ruídos ao converter combustível em movimento por meio da termodinâmica, os carros elétricos funcionam por eletromagnetismo. Esse processo não gera barulho, tornando o motor praticamente silencioso. Apesar do motor de veículos elétricos emitir certo som ele é consideravelmente abafado em relação aos carros a combustão.
O ronco de um v8 aspirado, associado à potência, se enraizou na cultura automotiva. Assim ele se transformou para muitos em uma resposta emocional, desencadeando uma série de sentimentos. Quando o som do motor não chega aos ouvidos, reduz a emoção de dirigir.
Um exemplo é a Fórmula E, onde o barulho dos carros é um som fino e sem muita emoção, apesar de ser um esporte emocionante. Os fãs de Fórmula 1 não aceitaram muito bem a troca dos saborosos v10, pra colocar os v6 turbo híbridos. Então, sim, o som é uma parte importante da conexão com o carro.
Dirigir um carro durante anos, esteve associado a todas essas coisas, o ronco do motor, a troca de marchas e os três pedais. A Ferrari, por exemplo, está desenvolvendo uma forma de replicar os ruídos do motor sem utilizar sons artificiais ou alto-falantes. Outras empresas entraram na corrida para agradar os amantes de carros, mas apesar de muitas focarem no som do motor a combustão, ainda há o problema do câmbio.
A Hyundai decidiu que iria resolver ambos problemas. Então, como exatamente ela fez isso? O Ioniq 5 N é o primeiro carro da divisão esportiva N, equipado com dois motores elétricos e tração nas quatro rodas.
Graças a isso, a velocidade e a estabilidade são muito maiores, em retas e em curvas Mas seu maior diferencial não está nisso. O Ioniq 5N é o primeiro carro elétrico a conseguir simular de maneira realista para os motoristas a sensação de dirigir um carro a gasolina. A Hyundai apresentou um modelo capaz de reproduzir com fidelidade o ronco do motor de combustão interna, mas também a vibração e a sensação de troca de marcha com borboletas no volante.
Tudo é feito eletronicamente por meio de software. No modo N e-Shift há a simulação de um câmbio de oito marchas, mas ao invés de uma caixa de câmbio, o Ionic 5N apresenta borboletas no volante chamadas de paddle-shifts que quando acionadas levam informações ao software que controla a força do motor enviada para as rodas. O Ioniq 5N substituiu as engrenagens e a caixa de câmbio, por um software que utiliza programação avançada para ajustar o desempenho e performance do carro.
Cada vez que uma alavanca é acionada o carro entende como uma troca de marcha e diminui artificialmente a potência do motor pra dar a sensação do atraso da troca de marcha. Apesar de a caixa de câmbio e as engrenagens não existirem fisicamente, a trocas de marcha do carro pelas alavancas trazem a sensação de controle de volta aos motoristas. Mas, além disso, o modelo ainda oferece o modo “N Active Sound+” que é acionado automaticamente quando o modo N e-Shift é selecionado.
O carro emite sons de motor reproduzidos por oito alto-falantes na cabine e dois voltados para o lado de fora. O barulho foi sampleado do 2. 0 turbo, a gasolina, de 280 cv, que equipa o Elantra N e o i30 N.
O sintetizador de som traz ainda outras duas sonoridades a escolha: o Evolution que reproduz um ruído mais eletrônico baseado no conceito de célula de combustível Vision Gran Turismo da Hyundai e o modo Supersonic que reproduz ruídos de turbinas de aeronave. É o mais próximo que uma empresa chegou de emular a sensação de um carro movido a gasolina, tanto no sensorial como no auditivo. Mas tem uma empresa que foi além, e está trazendo o câmbio manual para carros elétricos, a Toyota.
Ela entrou com oito pedidos de patente para proteger seu design e tecnologia que combinam um motor elétrico de bateria com uma transmissão manual em padrão H e layout de três pedais. O pedido de patente menciona termos como 'pseudo-alavanca de câmbio', 'pseudo-pedal de embreagem' e 'pseudo-tacômetro' para descrever o funcionamento desses mecanismos, destacando que são representativos e diferentes dos mecanismos encontrados em veículos a combustão. O documento afirma que parâmetros como a sensação da embreagem, partidas em ladeiras e ré também foram considerados para oferecer uma experiência próxima à de dirigir um veículo manual real.
O sistema da Toyota permite que os motoristas escolham entre várias "marchas" virtuais, com uma alavanca de câmbio que retorna à posição neutra após cada mudança, simulando um câmbio manual tradicional. A Toyota apresentou em novembro de 2023 no Japan Mobility Show, o Lexus UX 300e. Esse modelo apesar de ser um Veículo Elétrico possuía um terceiro pedal e transmissão manual de seis marchas.
A transmissão manual desenvolvida pela equipe da Toyota não está diretamente ligada a uma parte do carro. Trata-se, na verdade, de um câmbio manual falso. Tanto o câmbio quanto o pedal de embreagem possuem sensores acoplados que detectam as posições do câmbio e levam essa informação a um software que modula artificialmente a quantidade de torque que o motor envia para as rodas.
O computador, assim, é capaz de simular uma curva de potência de um motor a combustão. Por outro lado, o Hyundai Ioniq 5 N emula o comportamento de uma transmissão de dupla embreagem de oito marchas. Este sistema simula as mudanças de marcha, inclusive com a sensação de trancos durante as trocas e a capacidade de realizar sincronização de rotação ao reduzir as marchas.
Bom, se essas tecnologias estão sendo desenvolvidas é porque veremos elas logo mais nos carros elétricos. Mas isso é o suficiente pra mudar o futuro dos elétricos? Apesar de ser tudo uma simulação, as soluções trazidas pelo Ioniq 5 N, agradou e muito jornalistas automotivos, principalmente pelo entretenimento.
Apesar de reconhecerem que tudo não passa de um truque para enganar os sentidos, a sensação é ainda menos estranha do que estar em um carro completamente silencioso e sem variação de potência, sem falar que é muito mais divertido também. Você pode acelerar e interagir com a caixa de câmbio imaginária ou diminuir algumas marchas imaginárias sentindo os trancos imaginários. E embora a parte cínica do seu cérebro esteja gritando “tudo isso é falso, feito exclusivamente para meu entretenimento”, a parte entusiasta do seu cérebro não se importará.
Porque está se divertindo mais do que poderia em um elétrico silencioso. ” Disse Ollie Kew do Top Gear. Mesmo o motorista tendo muito mais velocidade fora do modo e-shift com aceleração de um modelo elétrico normal, sem o atraso das trocas de marchas, o envolvimento homem vs máquina compensa.
Além do envolvimento, há as expectativas do que isso pode significar para o futuro dos carros elétricos. A inovação até mesmo surpreendeu positivamente o chefe da BMW, Frank Van Meel, que se interessou pela ideia do carro oferecer certo tipo de feedback ao motorista. “Gosto da maneira como eles pensam.
Se você precisa de oito marchas, não tenho certeza. . .
Mas é uma solução porque o que está realmente claro é que se você dirige na pista (. . .
) não há tempo para olhar o velocímetro para ver quão rápido você está indo. " Para Van Meel, as inovações trazidas pela Hyundai são o primeiro passo para a inserção dos Veículos Elétricos no mundo das corridas. Frank Van Meel ainda afirmou que pretende trazer para o próximo modelo 100% elétrico da BMW M soluções parecidas como as trazidas pela Hyundai, mas não necessariamente iguais.
O modo de troca de marchas simulado da Hyundai não vai necessariamente produzir o melhor tempo de volta, pois limita artificialmente a potência do motor. Mas, se você está procurando fazer voltas rápidas e se divertir, é uma solução muito inteligente, mesmo que seja puramente uma simulação. Meel reconhece isso.
Assim como a BMW, outras montadoras já começaram a entender que o futuro dos carros elétricos está em soluções parecidas com as da Hyundai no Ioniq 5 N. Essas novas possibilidades, tanto da Toyota quanto da Hyundai, trazem uma visão mais otimista sobre o futuro dos veículos elétricos. Antes, especialistas e entusiastas estavam preocupados que todos os carros elétricos seriam praticamente o mesmo.
Com o Ioniq 5N, a Hyundai foi a primeira a mostrar ao mercado que sim, há a possibilidade de que as inovações futuras dos veículos elétricos não sejam apenas sobre seu nível de autonomia ou qual o tempo de 0-100, possibilitando que eles possam se diferenciar entre si trazendo novidades e envolvimento aos motoristas. Ollie Kew ainda completa: “(. .
. ) Um dia, não muito longe de agora, os showrooms estarão vazios de bebedores de gasolina, e você pode ficar feliz que a Hyundai engarrafou a essência do que era dirigir um carro a gasolina rápido e colocou em um elétrico sem caixa de câmbio. ”.
Por mais que a simulação de marchas possa ser interessante, uma parte que me pega é o barulho enlatado de motor saindo pelos falantes e a sensação de que eu estou sendo enganado. A questão é, isso vai ser do agrado da maioria dos entusiastas? A opinião de alguns jornalistas automotivos é sim importante, mas ela é suficiente pra isso ser financeiramente interessante para as montadoras?
Para que elas continuem injetando dinheiro em novas tecnologias que aumentem ainda mais o envolvimento do motorista, é preciso fazer sentido para o grande público e todos sabemos que o entusiasta que gosta desse tipo de coisa é uma parte pequena do mercado. Pra pessoas comuns que não são entusiastas, quanto menos envolvimento e trabalho elas tiverem pra dirigir, melhor e é provável que se esses investimentos em novas tecnologias de envolvimento do motorista não gerarem lucro para as montadoras, elas vão deixar isso de lado. A última esperança de ter um mínimo envolvimento com o carro vai ser deixada de lado por que não vai valer a pena para elas.
Acho que os entusiastas não têm outra escolha a não ser gostar e aceitar esse mínimo esforço das montadoras em tentar fazer algo diferente, mesmo que saibam que estão pregando uma peça nos seus cérebros, por que afinal, o mercado automotivo não está mais aí para eles faz tempo e as montadoras meio que fazem o que querem. Com o foco das montadoras em estratégias de marketing pra vender carroças a preço de ouro, deixando as peruas de lado pra focar em SUVs e colocando ipads e pisca pisca no interior, o entusiasta já foi deixado de lado há muito tempo. Parece que agora, além das marchas simuladas, a atenção das montadoras aos entusiastas também é uma grande ilusão.
E aí, você concorda com isso? E o que achou do Ioniq 5N? Deixa aqui nos comentários e não esquece de me dizer o que achou desse vídeo.
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