é a vantagem das obras-primas de pequena extensão é que logo você tem oportunidade força de vontade de fazer uma releitura foi o que aconteceu comigo e o Menino de Engenho que eu ia alguns meses e que agora é rele mais recentemente o começo eu tinha considerado o livro muito bom mas confesso que eu fiquei surpreendido pelo momento em que ele sim Serra como se faltasse algo mas agora na releitura Eu percebo que é a clareza solar e o tamanho exato e fazem desse livro Uma verdadeira obra-prima comprando este livro ou qualquer outro produto desde que
através dos links abaixo da Amazon você ajuda o canal com a pequena porcentagem da sua compra desde já eu agradeço a todos que tem colaborado Menino de Engenho é o E aí no livro do José Lins do Rego o que por si só já é impressionante porque o escritor estreia com uma de suas obras-primas isso foi percebido desde o início pelo público e pela crítica em 1932 e logo foram feitas comparações com o caso semelhante que foi o dia o clips da Cunha que se consagrar era imediatamente com a publicação de os Sertões de 1902
Este também é um livro fruto de uma amizade intelectual Se estende há quase uma década desde 1923 e que prenunciam um pouco do que virá numa das nossas maiores obras da sociologia que a casa-grande senzala d1933 um ano após a publicação de Menino de Engenho desde 23 de José Lins do Rego o Gilberto Freyre era um amigos trocaram impressões e se debruçavam sobre uma realidade que lhes era comum Este é o livro que inaugura o chamado ciclo da cana-de-açúcar entre o escritor vai retratar aquele ambiente dos Engenhos do Nordeste aquele modo de produção que atingiram
seu apogeu em 32 sai o Menino de Engenho o primeiro volume em 33 doidinho em 34 banger e 35 moleque Ricardo em 36 Usina e finalmente depois de um hiato de sete anos em que o autor publica outras obras fora do ciclo da cana-de-açúcar sai o seu volume final e para muitos do seu maior livro fogo morto em 1943 e o que faz deste livro um livro tão importante o Sul e do Rêgo não só se interessou por esse tema dos Engenhos de Açúcar pelas casas grandes e as antigas senzalas por esse modo de produção
que persiste Ele também era um filho desse sistema o seu avô materno era um senhor de Engenho aqui apesar da pequena extensão do livro nós temos um vasto Panorama de tudo o que se relaciona com esse sistema de produção com esse modo de vida com esse ambiente e Menino de Engenho nós não temos um momento de decadência da produção açucareira muito pelo contrário Aqui nós temos uma fazenda um Engenho que vive Próspero porém ao lado dele a o engenho em que a decadência já se pronuncia e paira como uma sombra e essa a sombra vai
ganhar cada vez mais amplitude e se alargar ao longo do ciclo da cana-de-açúcar aqui nós vemos então como se funciona Esse sistema de um ponto de vista econômico de um ponto de vista sociológico Quem são os personagens típicos desse ambiente Quais são as interações padrão entre eles é muito patente aqui a questão do patriarcalismo o senhor de Engenho foi sempre o patriarca modelo da história brasileira aquele em torno do qual gravita vá não só as mulheres a família como também os diversos agregados empregados escravizados aquele que mandava no local neste momento que temos do livro
abolição da escravidão é algo recente não há portanto escravos forros que continuam vivendo ali do Engenho e esse é também um aspecto importante porque nós sabemos que por falta de políticas de reconstrução das vidas das pessoas escravizadas as Muitas delas preferiam continuar com seus antigos senhores porque fora dos Engenhos elas teriam ainda menos do que tinha um ali trata-se aqui então da perpetuação da fragilidade e da dependência social do negro brasileiro esse senhor de Engenho esse Patriarca vai gradativamente se tornando um coronel e aquele coronelismo que marca os inícios da nossa República começa a se
fazer presente aqui esse modo muito particular de assegurar a lei a ordem nas regiões mais distantes o país as relações de compadrio e dependência também são patentes os agregados os empregados a dependência dos padrinhos e das madrinhas as permissões que se perdem o medo que se tem do grande Senhor de Engenho crendices do Povo também são muito bem retratados aqui crendices que tem uma porte interseção com que depois será chamado ou clory brasileiro e aqui nisso temos também um contraste com o que é a religião Católica no engenho e podemos arriscar uma alargamento em toda
a história do Brasil profundo muitos pensamos que a religião católica principalmente por ter sido a religião Oficial do Estado por muito tempo gozava kit extremado poder e muita penetração nas consciências e nos atos das é óbvio que influência Principalmente uma influência difusa eram muito fortes por ele a igreja sempre teve Muitas dificuldades aqui no Brasil para estabelecer um claro forte para estabelecer um trabalho forte de catequização as ordens religiosas em determinada altura não eram muito numerosas inclusive o sistema do padroado lá no império dificultou muito a expansão EA organização da igreja de modo que senhores
de Engenho como esses que eram na verdade os pontos de referência de toda a gente o que seria o modelo a ser seguido era um homem sem família de um modo geral de religiosidade católica muito precária eles mal sabiam o catecismo era uma religião muito mais indo ida de crendices e superstições é do que uma fé mais sólida sequer ir à missa todos os domingos tem uns mandamentos mais básicos para um católico era algo que era seguido pelo senhor tem gênio ou mesmo por uma de suas filhas que se apresentava como mais Cândida mais devota
mais perna de quem se esperaria portanto que frequentasse mais a igreja a também aqui o contraste com os modos de vida citadinos alguns parentes Vem visitar os senhores de Engenho Vem visitar suas famílias vem da cidade aqui vem do Recife e eles têm modo muito diferentes as moças falam francês frequenta o teatro tocam música se vestem de um modo diferente o fetiche da terra também aqui é muito presente Afinal o senhor do engenho fala-se dele orgulhava-se justamente o que começará com um engenho de um tamanho e for a comprando terras e mais terras e mais
terras até tornar o seu Engenho uma terra a se perder de vista onde a vista alcançava era dele a terra portanto latifúndio que se consagra está muito presente aqui e como não pensar nesse fetiche da terra mesmo hoje em que os ricos muitas vezes empregam suas fortunas em comprar terrenos e mais terrenos Imóveis e mais imóveis a ligação com a terra com os animais também é muito presente e nisso nós temos uma interseção com as crendices e também um pouco daquela vida e educação sexual dos meninos afinal de contas é vendo como os animais da
roça se reproduzem como acontece este lado mais animal e da sexualidade que o menino da roça se educa sexualmente Portanto ele se educa mais pelo lado animalesco se esquecendo o sempre portanto um pouco ignorante do que a de um humano e próprio em termos de sentimento no ato sexual que não é igual ao de um boi ou de uma vaca eu só falei tanta coisa aqui mas afinal de contas como tudo isso é retratado neste livro mais parece um Tratado de sociologia que sai um monte de verbetes de uma enciclopédia em que vamos lendo a
respeito da sociedade do mundo do engenho de açúcar mas não o José Lins do Rego numa prosa que é muito límpida muito objetivo é muito clara que alguns críticos dizem até meio jornalística mas que em nenhum momento Deixa de ser e literária tem um grande poder de síntese e consegue falar de tudo isso que eu mencionei dar todo esse Panorama pintar esse painel de uma forma orgânica através de uma narrativa em primeira pessoa de Carlos que recorda sua infância entre os 4 e os 12 anos portanto atendo filtro das impressões de uma criança que os
elementos mais significativos daquela sociedade são registrados e transmitidos a nós e eu peço que o José Lins do Rego foi muito felizes e profundo ao escolher essa perspectiva pois talvez seja mesmo a perspectiva de uma criança a mais fiel a mais capaz de Alcançar aquilo que realmente importa nossa sociedade aquilo que depois e tirar ecos vai te jazer personalidades vidas até o final delas mesmo em situações e contextos que já são tão diferentes do original menino Carlos é órfão de pai e de mãe pelo seguinte motivo aos 4 anos acontece uma grande tragédia o seu
pai que era um homem Impetuoso e violento mas ao mesmo tempo amoroso ou seja um louco de pedra assassina a sua mãe Muito provavelmente por ciúmes e o livro começa portanto com Carlos despertando numa casa em que essa Matança acontecerá em que é um rebuliço tremendo ele ver a mãe ali de olhos esbugalhados depois acompanha é o retrato terrível gastos a tragédia na imprensa e afastado portanto daquela casa primordial a e o Rio e o pai é levado ao hospício ele nunca mais ouvi ele é levado por tanto para o engenho do seu avô materno
que ele não frequentava muito porque o pai e esse amor não se davam tão bem e ali ele cresce meio solto sob a tutela de duas tias uma tia mas sim asinha que para vocês terem uma ideia e se casou e três meses depois o marido lá devolveu ao pai atrelada um carro de bois dizendo que Deus me livre guarde não aguentava Aquela mulher e depois temos uma tia Tia Maria Salvo engano que essa figura mais angelical mas Maternal que vai fazer às vezes dessa tamanho que ele perder era de todo modo a pesar até
de alguns esforços da tia Maria para educar de para tornar de um menino com pouco é utilizado dos 4 aos 12 anos ele cresce meio que solto no mundo com o manto da liberdade liberdade inclusive para sublimar equacionar acomodar a sua melancolia a sua tristeza de órfão a um grande vazio nele ao mesmo tempo o temor da hereditariedade porque ali muito se fala do pai que parece com filho da filha que se parece com a mãe se ele se parece com os pais se eles se parece com o pai propriamente dito ele também tem chance
de ficar louco então ele desenvolve uma série de hábitos ET pulsões que vão dar conta desse seus sentimentos conflitantes e brincadeiras modos descer e depois mais à frente uma sexualidade muito precoce nesse retrato desenvolvimento sexual do Carlos José Lins do Rego não só retratam caso particular como também aproveita para com isso retratar como era basicamente a educação sexual EA iniciação sexual de muitos meninos a época Nesse contexto o livro vai caminhando gradativamente até atingir os um momento em que o Carlos irá para um colégio interno Esse colégio interno é anunciado em muitas oportunidades ao longo
da narrativa e vemos que eles será o lugar em que toda aquela liberdade de ser do Carlos será tô lida aqueles seus modos selvagens serão colhidos e ele finalmente se tornará é usado um homem inclusive capaz de escrever este livro de Memórias teu da primeira vez pensei que este é um final um pouco abrupto porque eu tinha a impressão de que o livro acompanharia Carlos ao longo de quase toda a vida mas não ele para aí nesse momento em que a liberdade total e ao mesmo tempo o vazio do Engenho sessão para começar uma vida
nova uma vida página será preenchida por outros elementos Ainda não sabemos quais esse livro tem muitas possibilidades de leitura pelo Prisma da história pelo Prisma da sociologia da antropologia da história do comportamento podemos também fazer muitas leituras psicológicas e psicanalíticas o José Lins do Rego é capaz de na sua linguagem que dizem jornalistas a criar muito símbolo que tá sem metáforas pontos de abertura do seu texto que o levam a transcendência uma leitura interessante que o professor João César de Castro Costa faz aqui do prefácio é a leitura sociológica da história da desigualdade no nosso
país a história e o retrato da nossa desigualdade Afinal nós acompanhamos a vida aqui do Menino de Engenho do neto do Senhor e ao lado dele convivendo com ele brincando mas não tendo uma vida Idêntica estão os Mulekes Quem são os moleques moleques são os filhos dos negros antigos escravos são os filhos da Gente Pobre do lugar a uma convivência a aparentemente um nivelamento Entre todos eles é mas por referência sutis e muito bem pontuadas pelo professor João Cezar de Castro Rocha podemos perceber que na verdade há grandes diferenças e o professor João então lança
a seguinte hipótese que eu acredito é muito verdadeira boa parte da dificuldade no nosso país em venceremos a desigualdade a pobreza o racismo é que há uma proximidade de convivência entre o rico eo pobre entre o branco eo negro uma proximidade que na superfície parece abrigar uma convivência pacífica acomodação de interesses um estado ideal porém por de trás daquilo a estruturas muito rígidas e muito marcadas que no fim e ao e estabelece um distanciamento e diferentes possibilidades de vida e condições de desenvolvimento é isso pessoal tudo que eu dizia dizer a respeito deste livro que
para tão pequenininho mas que certamente resistir e cresce a muitas e muitas releituras como eu pude provar com a minha primeira releitura Espero que você se empolga em a ler este livro que está sendo agora publicado pela Editora Global a história Global está publicando todo o ciclo da cana-de-açúcar quase todos os títulos já foram publicados o segundo pelo menos que a doidinho já foi em breve o lerei em breve comentarei com vocês um forte abraço até mais