tá bom e agora essa criança tá falando que quer ser menina que se sente menina que quer ter nome de menina que quer usar roupa de menina que que eu faço primeiro e ele falava pelo menos uns 20 vezes por dia se ele falava mãe eu sou um menino mãe eu sou um menino transgeneridade é um termo guarda-chuva que engloba todas as possibilidades de variação de gênero que a gente tem na espécie humana como que eu sei se isso não é só uma fase eu não tenho o direito de dizer para uma outra pessoa que
ela não é quem ela tá me dizendo que é né porque o que eles querem de verdade é ser amados e na hora que eles não podem ser quem eles Realmente são eles não se sentem amados eu sou Tamires Nunes Tenho 33 anos sou mãe da Ágatha Maria a Ágatha é uma linda menina trans de 8 anos de idade e entender a condição de existência da minha filha enqu quanto uma pessoa trans foi um processo muito delicado angustiante e difícil eu venho de uma família muito conservadora eu era uma pessoa muito conservadora e não tinha
muito contato com a comunidade lgbti não sabia o que eram pessoas trans esse universo era um universo totalmente distante da minha realidade meu nome é Aline e eu sou moradora de Diadema da Periferia sou mãe solo mãe do Lauro de 6 anos o Lauro ele se reconhece como um menino quando eu descobri a condição do Lauro quando ele começou a me trazer as demandas e ele tinha não tinha nem dois anos ele tinha 1 ano e 9 meses quando ele começou a falar e aí ele começou a externar a questão de querer ter preferência pelo
universo masculino na verdade desde sempre ele nunca deixou colocar lacinho nunca deixou eu colocar sapatilhas ele sempre tirava com os pezinhos assim as sapatilhas mas com ano e 9 meses ele começou a falar mãe não quero vestido não quero camisola e aí ele chorava era muito intenso choro era um choro de Sofrimento mesmo que ele tinha mas eu percebi que a minha criança na época enquanto menino não não gostava das coisas típicas de menino e isso me causava uma estranheza Por que que essa recusa tão grande a tudo que é de menino quando a minha
criança fez 3 anos e meio a criança começou a ver realizar algumas coisas que nos levaram a entender que passava de um gosto passava de um brincar e além de uma preferência por uma roupa ou ou por uma cor ou por brilho era algo existencial e eu comecei a pesquisar a buscar ajuda procurar ajuda que eu falei tem alguma coisa diferente acontecendo E aí depois de um tempo eu consegui identificar um ambulatório antigo que pudessem me ajudar nessa questão com relação à transgeneridade Porque até então eu não tinha conhecimento eu nunca tive Convívio com pessoas
lgbtq e ap mais então para mim era tudo novidade quando se falava em pessoas TR a gente tinha uma duas referências famosas e aí eu lembro que eu achei uma reportagem da revista crescer de 2017 Que contava a história de três ou quatro crianças TRANS e na hora que eu olhe a história eu falei Ok eu acho que é isso aqui só que eu não tinha certeza absoluta eh a gente nunca vai ter essa certeza absoluta né transgeneridade é um termo guarda-chuva que engloba todas as possibilidades de variação de gênero que a gente tem na
espécie humana acho importante começar também dizendo que não é uma doença é uma variação na nossa espécie que sempre esteve presente o tempo todo da nossa história aqui no planeta terra pra gente entender o que é uma criança transgênero primeiro a gente tem que entender alguns conceitos básicos o que é sexo O que é identidade de gênero e o que é expressão de gênero o sexo é o biológico é aquilo que o pediatra reconhece quando a criança nasce nasce um menino nasce uma menina o pediatra mostra pros pais mas o que ele vê principalmente pelo
genital externo Esse é o sexo a identidade de gênero é como a pessoa se sente se se sente um homem se se sente mulher e e isso é uma questão individual e subjetiva é como a pessoa se sente expressão de gênero é como ela se apresenta pros outros então é muito mais a vestimenta a aparência externa Essa é a expressão de gênero a criança com variabilidade de gênero a criança transgênero é aquela criança que não se identifica com o seu sexo biológico na prática nasceu biologicamente um menino mas ela se sente e ela é uma
menina ou o inverso nasceu menina mas é um menino se passa no interior da pessoa né não é uma coisa coisa de cérebro é uma coisa de quem eu sou então a criança ela não tem o conhecimento que um adulto tem de gênero então gênero para ela é o que ela percebe então se eu me identifico com uma garota eu observo coisas que fazem eu identificar que aquilo é uma menina e aí eu quero fazer ou eu me sinto e confortável fazendo coisas e agindo de uma determinada maneira então com TRS anos e meio eh
começou um lamentar mãe sabe o que é triste eu tava fazendo jantar eu falei Putz a criança vai falar para mim que é triste não poder comer a sobremesa antes do jantar é triste que Deus não me fez menina né Eu seria tão mais feliz escutar isso jantar e dormir é impossível E aí começou a insistentemente trazer essas falas E aí com TRS anos 11 meses e 15 dias a minha criança falou Mamãe eu posso morrer hoje para nascer uma menina Amanhã eu decidi ser mãe para fazer aquela criança feliz para fazer aquela pessoa feliz
e a a vontade de morrer para poder ser menina é a constatação exata de que não há felicidade ali de que alguma coisa tava muito errada de tudo que eu estava ofertando pra minha criança não era o suficiente quando eu levava PR minha mãe a questão de mãe tá acontecendo alguma coisa Me ajuda chora sempre depois do banho meia hora de choro minha mãe falava assim criança não tem nada que escolher vai pôr a roupa que tem pronto acabou e aí eu lembro que no final de 2019 ele tava com 2 anos e pouco eu
falei ok a senhora vai estar de férias então você vai ficar uma semana e vai ver no primeiro dia a minha mãe me ligou e falou filha tem alguma coisa errada a na hora que a gente vai colocar a roupa como se a gente tivesse colocando uma faca é um show de sofrimento é um choro de dor Então a gente vai atrás a gente vai amar de qualquer jeito mas a gente precisa ir atrás porque normal não é e com aquela validação da minha mãe foi o que eu precisava para falar tudo bem então realmente
existe alguma coisa como que eu sei se isso não é só uma fase prestando atenção acompanhando e ouvindo essa criança se a gente fecha essa criança numa caixa de Tá bom então eu entendi que ela tem a Itália masculina mas ela se identifica com o mundo feminino e eu fecho nessa questão Eu também não tô fazendo um bom serviço porque eu não tô abrindo a possibilidade dessa criança poder se perceber e experimentar Então existe um momento que a criança Experimenta ela transita ela passeia entre feminino e masculino não é tão claro para ela isso aos
poucos por isso que eu falo ao longo do tempo vai se tornando alguma coisa mais clara e fixa a partir do momento que fica claro pra criança ela deixa Claro pra gente então assim a criança quer brincar brinca brinquedo é livre quanto mais brincar e experimentar ótimo a partir do momento que essa criança tem uma coisa muito constante muito séria mantida naquele universo aí a gente pode fazer uma avaliação eu acho importante realçar que feminino o comportamento masculino não é o diagnóstico de variabilidade de gênero ou de transgeneridade tem que ter uma consistência uma profundidade
uma permanência uma forma de se ver e se perceber intensa não é o profissional que vai detectar ou afirmar ou definir mas o profissional junto com essa pessoa vai compreender se aquilo de fato é uma percepção de identidade e lembrando assim ah tem menino que vai gostar de brincar de boneca e não é Trans tem tem menina que gosta de brincar de carrinho de bola e não é Trans tem um monte a maioria inclusive né brinquedo é brinquedo ser trans é muito mais do que querer brincar com um determinado brinquedo é muito mais do que
querer usar determinada roupa é como aquela pessoa se vê é normal né a criança quando ela é pequenininha ela imit aos adultos né E aí ela pode de repente querer usar uma roupa assim ou assado e isso não necessariamente vai est ligado com a questão de gênero dela mas a gente fala de três fatores assim e consistência insistência e persistência se essa criança tá e há do meses H três meses a um ano dizendo eu não sou uma menina eu sou um menino ou o contrário né ela pede para ser chamada em outro pronome ela
escolheu um nome que ela quer usar então provavelmente não é uma fase e Mas se for uma fase não tem tem problema nenhum não tá se fazendo nada né a criança a transição na criança Ela é meramente social o que eu acho é que a família tem que observar olhar essa criança olhe pra sua criança né escute a sua criança e acima de tudo respeite a sua criança não existe um exame que vai dizer se é ou não não existe nenhum médico que vai olhar pra sua criança e avaliar se é ou não porque não
é uma doença não demonizar os comportamentos e esperar e observar que essa criança se realmente ela for trans uma hora ninguém mais vai ter dúvida disso que a gente vai vendo é que quando são Ainda bem pequenos falam com clareza o que querem e como se sentem só que aí eles vão aos poucos percebendo como isso é é visto como isso não aceito pelos adultos quando isso passa ser não aceito pros adultos eles começam a se fechar e a não mostrar E aí começa uma fase que começa a se perceber uma tristeza nessas crianças porque
o que eles querem de verdade é se amar e na hora que eles não podem ser quem eles Realmente são eles não se sentem amados é claro que é muito diferente uma criança que tem apoio dos Pais desde sempre isso faz toda a diferença então a gente procurou por uma psicóloga especializada né que já tinha contato com com as crianças trans procuramos os o ambulatório da USP antigos para nos dar ferramenta para nos acolher e conversar com outras famílias é é muito bom a gente saber que não é só com a nossa criança mas também
a nossa criança e eu lembro que na época eu fiquei muito angustiada se eu deixar esse menino ser menina o que vai ser de nós o que vai ser dessa criança vai ter emprego Vai ter trabalho vai ter escola vai ter amigo vai ter namorado vai ter o que que vai ter tá mas se eu não permitir que esse menino seja menina será que não vai se matar um dia será que eu não vou chegar em em casa encontrar uma criança morta e é difícil tomar essa decisão porque o medo das duas questões são muito
grandes e quando eu resolvi apostar então em ter uma criança feliz e conviver com o medo e com a esperança de ninguém nunca matar ela eu eu entendi o quanto eu não sabia de nada e o quanto eu precisava de ajuda eu lembro que quando eu falei pro Dr sadé na primeira consulta da triagem eu falei Doutor vai ter duas coisas que vai me doer muito enquanto mãe a primeira é a questão do nome porque eu sempre sonhei uma criança com esse nome e a questão do cabelo porque era cheio de cachinhos então eu amava
os cachinhos E aí na hora que eu tirei os cachos que eu vi impactou a imagem assim para mim E aí aquele momento para mim Doeu me escondi no banheiro e comecei a chorar porque ele tava junto e eu não queria que ele visse eu chorando só que ele abriu a porta do banheiro falou mãe por que que você tá chorando e eu pensei eu não posso mentir falava filha mãe tá chorando porque acabou tirando todos os cachinhos mãe mas cabelo cresce aquilo para mim foi uma um tapa na cara eu falei meu Deus é
mesmo cabelo cresce e aí eu falei você tá feliz ele muito mãe aquele muito mãe acabou eu falei então é isso e daquele dia em diante do corte de cabelo eu percebi o quanto as minhas questões pessoais com relação à transição era tão pequenas em vista da felicidade dele que eu não precisava demais nada era isso eu falei então vamos lá vamos seguir o pai também eh tava super tranquilo no dia da consulta eu fiquei muito surpresa foi uma surpresa muito positiva e quando a gente saiu do consultório a primeira coisa que ele fez foi
filho Lauro e a gente nunca errou dizer pra criança que ela não é quem ela diz ser isso é criminoso porque isso vai produzir na criança um sofrimento que é é você dizer para ela você não pode existir elas passam a ficar isoladas mais quietas retraídas deprimidas porque elas não podem ser elas não podem existir e aí a gente precisa acolher essa criança entender esse sofrimento e o nosso trabalho que é um trabalho em equipe para ajudar e Cuidar dessa criança nesse sofrimento mas é importante saberem dessa questão de que não é fácil PR os
pais que PR os pais chegarem nesse momento de estar acolhendo de estar dando risada com a sua criança de tá feliz ele já chorou muito e hoje depois assim de mais de 3 anos da transição do Laura eu consegui me fortalecer para ajudar outras mães para ajudar outros Pais para ajudar outros familiares Então hoje eu sou uma das famílias que fazem parte da Hung minha criança TRANS e a gente vai lá a gente luta a gente busca a gente apoia e enquanto o olho da minha filha brilhar e enquanto ela tiver feliz enquanto ela falar
para mim que que essa é a forma com que ela se sente respeitada com que ela se identifica e que ela está bem contra tudo e contra todos eu tô com ela eu acho que é esse o único caminho eu fiz o que eu precisava fazer eu estou ao lado dela incondicionalmente precisam de [Aplausos] respeito é um direito nossos filhos só precisam de respeito a série criança trans tem quatro episódios por dentro Tod se inscrevendo no canal e ativando o Sininho