o apresentador 19.com.br E aí Olá eu sou Natural de Nova Iguaçu no Rio de Janeiro mas em meados de 2020 ainda tava morando em Joinville no norte de Santa Catarina como recebi um e-mail mais importante daquele ano o história preta esse podcast aqui estava crescendo e a coisa Fugiu um pouco de controle já não era só os amigos e conhecidos que eu vi ele tava indo longe demais tão longe que chegou no ouvido de um dos meus maiores Ídolos e um e-mail que eu recebi tava confirmando a data EA hora de uma entrevista com Leandro
Roque também conhecido como Emicida irmão minha primeira pergunta é mano que que você tá fazendo em Joinville o cara longa história eu tenho emprego secreto que eu não falo para ninguém porque esse eu não precisa falar para gente também dependendo do que for não não aqui aqui tranquilo porque tá em off tá tranquilo por que que acontece eu sou Militar da Marinha pela constituição eu não poderia ser esse podcast por quê aos militares é vedado ter posicionamentos políticos público né então isso aqui é meio que meu subversivo não pode cascar alho esse lado na Klan
ou menos então ha e o servir como Militar de carreira Durante 14 anos e você nunca soube disso porque eu precisei me proteger e proteger o história preta mas desde o último mês eu não sou mais sargento da Marinha do Brasil pedir a exoneração E agora me dedico exclusivamente a contar nossa história preta pé da Marinha foi bom para mim em muitos sentidos fiz bons amigos tudo e viver uma vida confortável financeiramente e acessei Boys oportunidade mas também foi lá dentro que eu vi envia abuso de autoridade constrangimento e descaso o time muitas vezes sobre
rotina de trabalho estafante e nos últimos anos tive crise de ansiedade e Burnout no meio de tudo isso criar o história preta foi que me Manteve de pé estudar pesquisar e falar de história é uma paixão que eu herdei da minha mãe ela agora aposentada foi professora de história por muitos anos e nossa casa sempre foi lotada de livros didáticos foi um desses livros no meio de tantas histórias lindas que aprendi sobre um sujeito Rebelde que desafiou o país e liderou uma revolta de marinheiros mas até aquele momento a Revolta da Chibata não tinha nenhum
sentido especial para mim não mais do que as outras revoltas e rebeliões da história do Brasil e ela só ganhou algum sentido interessante quando eu ingressei na Marinha aos 18 anos e apesar de amar história o que eu sempre quis ser quando crescesse era marinheiro isso foi culpa do meu tio Paulo se você ouve história preta mais tempo deve conhecer meu tio Paulo o professor não é dele que eu tô falando é de outro tio Paulo e se é irmão da minha mãe e a sua oficial aposentado da marinha esse meu tio era a pessoa
mais bem-sucedida da família viajou pelo mundo morava em um apartamento legal no centro da nossa cidade tinha TV a cabo no computador isso tudo ainda nos anos 90 então sonhava que quando crescesse queria ser igual o tio Paulo o marinheiro Talvez isso para essa besteira para você que sempre teve tudo mas para mim para muita gente que está ouvindo esse podcast tem essas coisas era o ápice do sentido real de sucesso aquele era o máximo que a vida tinha me permitido sonhar Oi e eu sonhei em 2008 realizei fiz o curso para escola de aprendizes-marinheiros
ingressei como aluno na escola de Santa Catarina e Vejam Só no meu currículo escolar que uma matéria voltada para a história se chamava história naval e eu fiquei feliz saber que mesmo ali em regime de internato por um ano eu poderia manter o hábito de estudar história currículo de história naval era muito parecido com o de história que se aprende na escola mas sobre a expectativa do mar então a gente passou pela pré-história Egito Grécia Roma tudo isso sob a perspectiva do mar é mas como eu te disse eu li muito livro Didático de História
na minha vida e quando o nosso currículo chegou a história do Brasil eu percebi que não tinha nada sobre João Cândido EA Revolta da Chibata absolutamente nada nem para criticar por o próprio ponto de vista nada não tinha nada depois do curso de formação de marinheiros ao longo desses 14 anos fiz outros cursos de Formação obrigatórias para carreira nenhum deles houve a menção a João Cândido EA revolta dos Marinheiros de 1910 é como se esse homem nunca tivesse passado pela Marinha como se ele nunca tivesse existido na história do Brasil É mas o que exatamente
João Cândido fez para merecer esse esquecimento Meu nome é Tiago André e esse aqui é o história Preto você tá ouvindo a temporada Cisne Negro episódio um joão-ninguém E aí hoje de manhã bem cedinho não vi um sujeito estranho se aproximar ou desconfiado Por que o sujeito não se parecia com ninguém que morava ali em Coelho da Rocha em São João de Meriti apesar de estar com 72 anos de idade João Cândido se lembraria de um homem se conhecesse ele e não era o caso o homem era um Jornalista do Globo jornal mais famoso da
cidade e ele tava procurando o negro que tinha liderado uma revolta de marinheiros a um pouco mais de 42 anos daquele dia antes que eu pudesse abrir a boca João Cândido gritou lá de longe não fala à imprensa quero ser um joão-ninguém o homem que tá precisando mais de dinheiro do que de Publicidade isso é na verdade a pobreza do velho marinheiro era perceptível como jornalista encontrou com ele ele vestir a roupa surrada e calça de pijama velho acabado pelo tempo o rosto não lembrava em nada o homem corajoso que meter um canhão na cara
do Brasil depois de muita insistência do repórter não disse que ele podia ir lá na praça 15 no centro da cidade do Rio de Janeiro se encontrar com ele e quem sabe tirar umas fotos era lá que um idoso João Cândido trabalhava carregando o cesto de peixe em troca de salário E aí o João Cândido era um homem conhecido por gerações seus feitos a bordo do navio encouraçado Minas Gerais inspirou a revolucionários a esquerda EA direita em 1910 se eu não me inscrevi em todos os jornais do país se tornando a figura mais importante da
Marinha do Brasil mas em 1952 quando o jornalista encontrou com ele parece um homem esquecido pelo tempo morava num barraco torto sem água encanada e saneamento básico lá dentro de um quarto uma sala uma cozinha na parede uma foto do filho mais novo Candinho servindo o Exército é dali Daquele bairro pobre de São João de Meriti na Baixada Fluminense que ele saía todos os dias para trabalhar na cidade o horário ingrato trabalha quando todo mundo tá dormindo pega o trem de madrugada em São João e solta na estação p é que hoje em dia se
chama Central do Brasil há muitos anos passa as noites trabalhando no frio úmido do Entreposto de peixes da Praça 15 apesar da tuberculose Que castigo pulmão João não pode se dar o luxo de parar de trabalhar tem Muitas bocas para ajudar Alimentar além da sua própria e é da Baía de Guanabara que ele tira o seu sustento E aí já amanhece o jornalista chega na praça como combinado tira umas fotos de João Cândido com os colegas de trabalho mas o velho marinheiro não quis falar sobre a sequência de acontecimentos que trouxe a fama que deságuam
na sua desgraça o seu maior desejo é ser esquecido para ver se encontro um pouco de pais na velhice o tanque elementar a matéria o repórter recorre a um amigo de João o ex marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes esteve do seu lado na revolta e foi o Estopim da sequência de acontecimentos daquele dia vinte e dois de novembro de 1910 Marcelino foi o último marinheiro a receber pena de chibatadas nas costas 250 no total depois disso houve um motivo de marinheiros que ficaria conhecida como Revolta da Chibata e ele contou tudo isso para o jornalista e
fez questão de frisar a bravura e coragem de João Cândido ao Líder aqueles homens do mar e lamentou que a sua vida esteja terminando daquele jeito esquecido a margem da mesma Baía de Guanabara que fez dele um herói a matéria publicada em 4 de agosto de 1952 termina assim e aí está um esboço desse homem estranho morador quase cognitivo da Vila Rosali onde fomos um encontrar tá em paz e quer morrer sossegado trabalhando a reportagem tem duas fotos uma da casa e outra de João Cândido trabalhando Oi e o título da reportagem em letras garrafais
resumem bem aquele encontro um homem escorraçado da história É mas o que exatamente fez João Cândido para que fosse expulso da história desse jeito E era uma terça-feira ordinária no Rio de Janeiro parte da cidade dormia tranquila com um barulho de explosão invadiu a noite por um instante alguns pensaram que a capital do país poderia estar sob ataque Mas quem exatamente faria isso e o presidente Hermes da Fonseca tinha acabado de ser eleito a 7 dias as eleições daquele ano de 1910 foram conturbados com ameaças polarização política brigas entre antigos Aliados e fortes acusações de
fraude eleitoral e o medo de um golpe de estado assombravam o presidente os seus aliados e aquele bombardeio pegou ele desprevenido e ele tava numa festa em homenagem a um irmão no Clube Municipal quando recebeu a notícia de que os bombardeios partiam da Esquadra brasileira os melhores navios da Marinha os marinheiros no Cruzador Bahia e nos encouraçados Minas Gerais São Paulo e Deodoro havia se amotinado e ainda estavam com os canhões voltados para capital e quem olhasse para Baía de Guanabara e os navios enfileirados com a proa que a frente do navio voltadas para Cidade
bom e no mastro principal uma bandeira vermelha que era o sinal de que o navio estava sob o comando da ralé e não dos oficiais e ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo o presidente Desconfiava de que a oposição pudesse estar usando os humildes marinheiros para por em curso seus planos nada Democráticos e as pessoas comuns entrava Em Pânico a cada boato isso posição que se espalhavam pela cidade a respeito da Revolta o que ninguém sabia é que aquilo não aconteceu da noite para o dia o Estopim que acontecido seis dias antes pouco depois da
eleição do presidente e os primeiros relatos diziam que a coisa toda começou na madrugada do dia Dezesseis de Novembro quando o marinheiro Marcelino Rodrigues tentou entrar a bordo do Minas Gerais com duas garrafas de cachaça a marujada era proibida de Bebê a Bordo EA contravenção disciplinado Marcelino foi reportada pelo cabo Valdemar e me resposta Marcelina atacou o sujeito dando golpe de navalhado no seu rosto Ele foi detido e preso no Porão do navio da manhã seguinte toda a tripulação foi chamada no convés que é o piso principal na área externa do navio para assistir os
castigos corporais que Marcelino iria sofrer pelas mãos de um oficial Carrasco Comandante decidiu punir o marinheiro com 250 chibatadas nas costas no convés do enorme cor assado tava formado 107 oficiais os filhos da Elite Nacional homens letrados e educados para comandar também tava lá 887 praças a classe trabalhadora das forças armadas da qual fazia parte também marinheiro Marcelino e enquanto apanha Marcelino desmaia mas o carrasco não para de bater até que completa chibatadas determinadas pelo Comandante os colegas viram rosto para não ver a sessão de tortura e quando o barulho cessa O Marujo tá com
as costas em carne viva desacordado foi desamarrado embrulhado no lençol e por fim jogado de volta no fundo do Porão do navio e revoltados com a situação os marinheiros quase todos negros não querem mais ser tratado como escravo em todo o país eles são a única classe de pessoas que se admite torturar com chibatadas por Amparo da Lei reunidos no alojamento os marinheiros decidem que vão reagir E no meio deles tava João Cândido que com 30 anos era um dos mais velhos e experientes Marinheiros do navio um líder incontestável e eles decidiram dar um basta
e a resposta viu naquela noite do dia vinte e dois de novembro de 1910 às dez da noite quando o apito marinheiro tocou a ordem de silêncio a Bordo o já voltou Asus se posicionaram para tomar o navios e o comandante do encouraçado Minas Gerais voltava para bordo vindo de um coquetel quando foi surpreendido pelo ataque de centenas de marinheiros que já tinham se organizado para tomar as rédeas do navio ele não estava sozinho estava com alguns oficiais que tentaram reagir puxando espadas e revólver mas era tarde demais foram todos mortos e os marinheiros assumiram
o comando da Esquadra navio por nave e o Cruzador Bahia ficou sob o comando do Marinheiro Francisco Dias Martins conhecido como Mão Negra no encouraçado São Paulo tava Manoel Gregório do Nascimento e não cor assado Deodoro tava José Araújo por Minas Gerais maior e mais moderno navio da Marinha o capitânia da Esquadra O Escolhido foi um negro de pele bem escura chamado João Cândido Felisberto que entraria para a história qual Cunha de Almirante negro e Jamais seria Perdoado por isso E aí e o estará preta não é mais produzido no meu tempo livre a partir
dessa temporada eu tô dentro de cada um exclusivamente para pesquisar escrever e contar as histórias que a história não conta Se você gosta do nosso trabalho e quer ouvir mais episódios do história preta considere nos apoiarem apoia.se/história Preto a partir de dez dias você recebe uma newsletter com tudo que li vi e ouvi para produzir esse episódio Além disso você recebe acesso ao grupo secreto concorre a livros e recebe desconto na nossa loja então nos acompanhe apoia.se/estrada é preta é um pouco mais de 40 anos depois de comandar a esquadra revoltosa João Cândido tava no
Entreposto da Praça 15 trabalhando no mercado do peixe quando o jornalista apareceu não sei se o mesmo que escreveu aquela matéria do Globo mas um Jornalista que sabia que aquele homem negro vendendo peixe não era qualquer homem negro é um homem trazia um jornal nas mãos e nele tinha um artigo de opinião escrito por Almirante da Marinha chamado Luiz Autran de Alencastro graça o sujeito gastou quase meia Página de Jornal para humilhar pisotear e agredir a memória Histórica de João Cândido de pé Ali na Praça 15 o jornalista leu o artigo inteiro e disse o
senhor precisa responder sem parar o que estava fazendo João retrucou com testar ele como se não tem as palavras do Almirante o galho quebra sempre para o lado mais fraco há anos que eu sou espezinhado isso era verdade sua vida não deixava mentir depois de uma ascensão meteórica naqueles anos 10 João Cândido passou um bom tempo escanteado dos assuntos políticos da República eu tava ocupado tentando sobreviver a maldição de sua fama e a memória da Revolta dos Marinheiros passou a ser disputada por diferentes grupos políticos de direita e de esquerda a força daquele movimento inspirou
pessoas por anos e a imagem de João Cândido se tornou um símbolo de luta por isso governo de situação fizeram possível para abafar tudo que fizesse referência a ele e em 1934 apparício torelly foi sequestrado na frente de casa por oficiais da marinha encapuzados e Sem Farda e ele só se deu conta do que estava acontecendo quando um dos homens mandou que ele tirasse dos jornais o folhetim que ele tava escrevendo sobre a Revolta dos Marinheiros de 1910 torelli se recusou com firmeza a fazer isso foi espancado raspar a sua cabeça e roubaram tudo que
tinha alguma coisa tinha em João Cândido que incomodava os poderosos e e o Almirante negro tinha entrado para a lista de censura do DIP departamento de imprensa e propaganda de Getúlio Vargas nos anos 30 se aproximou dos comunistas está l n aliança libertadora nacional mas também foi assediado pelo integralismo fascista de Plínio Salgado dois grupos políticos Inimigos de Vargas depois disso ele se afastou dos movimentos políticos e foi tentar viver a sua vida em paz mas nos anos 50 censura do estado novo ele voltou a ser assunto nacional e por isso passou a ser importunado
por Rio analistas para falar sobre sua vida mas é muitos anos Ele já tinha escolhido O silêncio não por covardia mas porque já tinha perdido muito na vida e agora precisava de paz Ah mas isso não impediu que as pessoas falassem por ele o João Cândido renasceu na memória pública em 1948 quando foi assunto principal na Academia Brasileira de Letras por isso tinha tanto jornalista procurando ele e Almirante da ativa se mordendo de ódio e agredindo sua memória publicamente nos jornais o que aconteceu foi o seguinte Afonso Pena Júnior foi nomeado para a Academia Brasileira
de Letras e era a tradição que o novo membro fosse recebido com discurso citando um texto do membro falecido que lhe deu um lugar Oi então decidiram ler um diário de memórias do falecido e lá tinha uma breve narrativa sobre a epopeia Oi cadê João Cândido naquele salão estava reunida toda a elite intelectual e política do país para recepcionar o novo Imortal da Academia Brasileira de Letras e tiveram que ouvir no discurso principal que o João Cândido era um herói injustiçado por oficiais da marinha do Brasil no dia seguinte lá tavam artigo de primeira página
no jornal Diário de Notícias escrito em letras garrafais João Cândido nas Memórias de Afrânio Peixoto é o último parágrafo deste artigo provocativo e elogioso diz o seguinte Talvez João Cândido não saiba que muita gente em grande toilette casacas fardões smoking de ouvir o nome por três vezes sábado último nem talvez lhe interessa saber é um homem que cumpriu sua missão e pode tranquilo descarregar o seu peixe O Almirante Alencastro graça que foi contemporâneo a revolta de 1910 ficou possesso com aquilo que considerou ser um ataque a Marinha do Brasil escrever um artigo em resposta no
mesmo jornal que entre outras coisas chamavam Almirante negro de um homem vulgar e mentiroso e seu nome não deveria ser registrado na história mas nos anais da criminologia é um absurdo mas que não ficou sem resposta o jornalista Magalhães Junior respondeu isso em outro artigo que uma sentença aqui para mim é quase Profética quero tão somente dizer que o João Cândido tem um lugar na nossa história o nome de muitos almirantes vice-almirantes e oficiais superiores desaparecerá e o desse negro que descarrega balaios de peixe no cais ficará bom depois de passar 14 anos como Militar
da Marinha posso tranquilamente dizer que não existe na história da Marinha do Brasil no século 20 e 21 ninguém mais relevante do que João Cândido ninguém desafio é saber o nome de algum Almirante vice-almirante oficial superior seja tão conhecido no Brasil quanto é João Cândido A parte disso se deve a esse momento na história onde jornalistas e oficiais da marinha passaram pelo menos quatro anos trocando farpas no jornais enquanto disputavam a memória Histórica de João Cândido querendo ou não os leitores do diário de notícia tiveram contato prolongado com ponto e contraponto sobre a história dos
Marinheiros em volta mas os leitores do diário é um público bem limitado nem o próprio João Cândido Lia ele preferiu O Correio da Manhã e o jornais tiveram um papel importantíssimo no Renascimento de João Cândido para história mas com o livro específico e consolidou sua imagem na nação a e nessa época em 1958 um escritor chamado Edmar Morel escreveu o livro mais famoso sobre a Revolta João Cândido o nome do livro é a Revolta da Chibata que foi um absoluto sucesso de vendas e ali dá até os dias de hoje por causa desse livro João
Cândido voltou para o centro do debate público políticos principalmente ligados à esquerda buscaram maneiras de reparar os danos causados pela nação ao velho marinheiro mas sem muito sucesso o ponto é que esse livro foi muito importante para a consolidação da história de João Cândido e dos Marinheiros de 1910 na memória Popular inclusive até de ser lançado o movimento de 1910 era chamado de revolta dos Marinheiros e só depois do livro ficou conhecido como Revolta da Chibata que era o título da obra fruto de mais de dez anos de pesquisa moral o que estabelece João Cândido
como um herói Popular que liderou uma revolta dos de baixo um símbolo de luta social e racial essa coisa toda não caiu bem na Marinha oficiais Generais da ativa e da reserva se uniram para contra-atacar aquele que ele chamavam de joão-ninguém o diretor do antigo serviço de documentação geral da Marinha chamou Comandante Oliveira Belo Historiador naval para realizar uma pesquisa para contar a verdadeira história por trás da revolta o clube naval formado por oficiais aposentados formou uma comissão que se juntou a primeira iniciativa para contar uma história supostamente Imparcial da revolta de 1910 queria finalmente
essa uma resposta oficial da Marinha não porque apesar da empolgação dos almirantes de pijama a obra não foi concluída por motivos de saúde do autor no manuscrito parcial que ele entregou ele nega as teses apresentadas por Morel e apresenta João Cândido como marinheiro Medíocre e sem qualificações evidencia que ele sendo um degenerado como os da sua raça é um covarde que sequer teria liderado a revolta eles não podiam admitir que marinheiros quase todos negros pudessem manobrar os navios da Esquadra como faziam os almirantes a loja deles não era apenas de classe era também de raça
acreditando ser os negros pessoas inferiores João Cândido jamais poderia ser um Almirante e o Almirante de Verdade Jamais seria um negro é isso ficaria Claro anos depois durante os anos de chumbo da ditadura o livro A Revolta da Chibata receberia mais quatro edições uma delas um ano antes do golpe de 64 e com país dominado por militares EA censura política ressurgindo era de se esperar que João Cândido o Almirante negro fosse novamente posto no index II da censura Edmar Morel perdeu os direitos políticos e o emprego como jornalista tinha um histórico mais à esquerda e
seu livro mais famoso a Revolta da Chibata talvez tenha contribuído para perseguição que sofreu naqueles primeiros anos de ditadura afinal de contas Quem estava no comando das coisas eram os militares EA Marinha do Brasil ainda não tinha engolido essa história de Almirante negro a editora retirou as cópias de circulação e o livro virou um artigo raro quentinha não falava que tinha qualquer coisa poderia ser interpretada como subversão e todo cuidado era pouco anos depois os documentos e do serviço Nacional de inteligência revelaria percepção dos militares sobre a obra de Edmar Morel um documento diversão comunista
sobre a Marinha Brasileira de conteúdo deturpado e distorcido o livro sobre a revolta de marinheiros negros contra a tortura física parecer uma má ideia para os golpistas de 64 e isso ficaria Claro anos depois quando isso aqui aconteceu há muito tempo nas águas da Guanabara o dragão do mar e apareceu essa música interpretada por Elis Regina se chama mestre-sala dos mares e foi escrita por Aldir Blanc e João Bosco durante os anos de chumbo eu quero uma música em homenagem a revolta dos Marinheiros e João Cândido mas caiu na malha fina da censura e Audi
Blank teve que modificar letra Originalmente a música se chamava Almirante negro mas depois da censura o autor trocou por mestre-sala dos mares fez concessões tirou todas as referências a Marinha e voltou lá para tentar fazer passar a música novamente lá ele descobriu que na Ótica do sensor o maior problema do Samba Não era referência Marinha mas a exaltação do negro EA repetição das coisas de negro naquele momento era inadmissível insistir na ideia de que havia racismo no Brasil e pior nas Forças Armadas Se dependesse deles João Cândido seria para sempre ninguém eu já tinha passado
mais de 50 anos da Revolta todos queriam contar a história de um anjo todos queriam esconder a história de João Cândido mas o que queria João Cândido e naquele momento no fim da sua vida ele quis romper o silêncio e falar por ele mesmo pela primeira vez era 11 horas da manhã quando um táxi chegou na casa de João Cândido na Rua Turmalina em São João de Meriti e a corrida foi paga pela diretoria do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro já tinha um tempo em que o museu fazer um projeto
chamado depoimentos para a posteridade que colhia gravações de personagens históricos como João Cândido os primeiros tinham sido João da baiana Pixinguinha e Donga a Santíssima Trindade do Samba agora possui gestão de Darcy Ribeiro gravaria um líder da primeira revolta popular do século 20 muito velho quase sem enxergar Almirante negro entendeu a importância daquele momento e aceitou o convite e a operação para levar ele até o Museu foi cercada de tensão por depoimento precisava acontecer sob sigilo absoluto por causa do momento político que o país atravessava era 1968 ano agitado da nossa história e naquele mês
de março o assassinato pela polícia do jovem Edson Luiz tirou uma série de Protestos e repressão no país foi o ano que a Eliene o mr-8 o VPR e outras organizações de esquerda decidiram pegar em armas contra a ditadura foi o ano que a dita linha-dura dos militares assumiu o poder dando um golpe de dentro do golpe foi o ano do recrudescimento das coisas da aprovação do ai-5 o ano que ficou conhecido como anos de chumbo foi sobre essa atenção que João Cândido saiu de casa para falar sobre a Revolta que desconcertou os donos do
poder o João Cândido chegou ao meio-dia entrou pela porta dos fundos do museu só o guarda o técnico de som e o entrevistador sabia da sua presença naquele dia e com 88 anos de idade voz fraquejando o Almirante negro falou de tudo inclusive sobre o seu apagamento histórico sobre isso é verdade nos arquivos da Marinha os arquivos da Marinha não consta absolutamente o nome de João Pedro como se ele não tivesse existido foi desligado o preço negado meu fato de sua exclusão ou por outro fato de haver tomado a posição em que tomaram na de
voz pelo áudio muitos não não conseguir acomodar Minas Gerais e eu tive um beijo poder de dominar fazer o que jamais faria o próprio João Cândido o seu maior crime foi ter tomado a posição que tomou na revolta a posição de um líder ele um homem negro marinheiro comandou o Minas Gerais por quatro dias coisa que muito Almirante não conseguiu fazer sem frequentar o colégio ou Escola Naval João Cândido fez o que nenhum dos oficiais encastelados no clube naval ousaria fazer só a grandeza inconteste é insuportável aos olhos dos seus radiador e por fim ele
falou por quase duas horas sobre sua vida seus feitos e seu amor pela Marinha do Brasil o orgulhoso de escreveu como ousou sonhar com um mundo melhor para ele e para os seus irmãos de armas ousou ser um líder um homem pensante um Almirante negro E aí E aí E aí e ao contrário de João Cândido eu não amei a Marinha minha relação foi construída sobre o alicerce em menos de Nobre o deter as contas pagas em 2014 Vivendo uma vida confortável no Rio Grande do Sul eu decidi ingressar na graduação em história por Puro
Prazer de estudar um assunto que eu amava e acabou que eu fui fisgado pelo mundo acadêmico aquele lugar parecia antítese de tudo que eu vivia na Marinha Mas minhas primeiras pesquisas foram sobre a Marinha sobre como as pessoas negras eram tratadas na Marinha Imperial Esse era o meu interesse de pesquisa no início da graduação Mas aos poucos A Maria foi perdendo importância no meus planos de futuro e diminuiu de tamanho até virar só um detalhe na minha vida na universidade eu percebi que toda assunto histórico que eu já tinha lido nos livros didático podia ser
profundamente investigado cavucado até encontrar coisas novas um Horizonte de possibilidades se abre na minha frente Comecei a ler e a pesquisar sobre a história negra brasileira e meus estudos sobre a Marinha ficaram de lado Foi aí que eu topei com João Cândido novamente agora um Pouco Mais maduro com mais bagagem com conhecimento eu já tinha criado estará preta e os ouvintes vez ou outra me pediram um episódio sobre ele preferiu guardar esse assunto no fundo da gaveta não queria ter que misturar os dois mundos que eu vivia a Marinha era aquele detalhe da vida que
eu queria deixar longe das pessoas e coisas que me faziam bem inclusive do história preta agora depois de todos esses anos acredito que seja o melhor momento para revisitar a memória Histórica de João Cândido e da Revolta dos Marinheiros de 1910 eu não vou fazer isso em apenas um episódio mais uma temporada inteira e esse é um presente para o Tiago de sete anos atrás que sonhou ardentemente ser um Historiador e não Marinha e não Marinha e não Marinha e não Marinha e