Olá, tudo bem com você? Eu sou o professor João Carlos e o Pino, professor na faculdade de teologia, e quero te dar as boas-vindas aqui nesse canal, que tem justamente o intuito de levar o conteúdo bíblico de forma minuciosa para você que quer realmente saber o que o texto bíblico quer dizer, o que o texto bíblico quer ensinar. O texto de hoje, né, fiz esse jeito apelo a peça palavras, ele é especialíssimo.
O texto de hoje é maravilhoso porque é aquele texto que está presente em Mateus, capítulo 16, versículo 13 até o 19. É justamente o momento em que Jesus diz a Pedro: "E tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. " Gente, eu tenho certeza absoluta que esse texto e a explicação dele vão te surpreender.
Você vai ver como é profundo o ensinamento que ele quer trazer. E antes da gente poder entrar nesse mergulho maravilhoso, eu quero já pedir que você possa curtir, compartilhar e deixar aqui embaixo seus comentários. Pessoal, isso é muito importante, porque assim esse vídeo vai ser enviado para mais pessoas.
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Vamos ler então o texto que diz assim: "Chegando Jesus ao território de Cesareia de Filipe, perguntou aos discípulos: 'Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? ' Disseram uns: 'Afirma que é João Batista', outros que é Elias, e ainda outros que é Jeremias ou um dos profetas. Então, lhes perguntou: 'E vós, quem dizeis que eu sou?
' Simão Pedro, respondendo, disse: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. ' E Jesus respondeu-lhe: 'Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, oi, e sim o Pai que está nos céus. Também eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela.
Eu te darei as chaves do reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado no céu'. " E é bom, pessoal, nós estamos diante de um texto fundamental na narrativa dos Evangelhos de Mateus e também de Marcos, diga-se de passagem. Aqui no canal eu já expliquei o paralelo de Marcos, tudo bem?
A grande diferença que está posta é o fato de que em Marcos Jesus não dirige a Pedro as palavras a respeito da igreja, das portas do inferno, das chaves, assim por diante, tá bom? Essa parte em Marcos não tem, só tem aqui em Mateus. E aí, gente, vamos avançar para poder compreender o que está em jogo dentro da narrativa de Mateus.
O primeiro ponto que eu quero mostrar para você é justamente o que está presente nos versículos 13 até o 17. Jesus para com seus discípulos para fazer um balanço de como é que as pessoas e também os seus seguidores mais próximos estavam entendendo sobre aquilo que ele é, a sua identidade e também a sua missão, oi. O versículo 13 dá para nós o pano de fundo onde esse balanço vai acontecer, e o texto diz: "Chegando ao território de Cesareia de Filipe.
" Pessoal, é apenas nesse episódio do balanço que Jesus faz com seus discípulos que aparece esse território dentro do Novo Testamento, e não há qualquer outro episódio que ocorra nesse lugar. Isso chama muita atenção, não é à toa. Vamos entender melhor.
Vamos lá! Aqui trata-se de um território pagão no extremo norte da região da Galileia. Estamos falando de uma distância de 48 km do Mar da Galileia, subindo no mapa para chegar próximo aos pés do Monte Hermon, que é o monte mais alto que temos naquela região toda.
E aí tem um outro detalhe interessante: esses 48 km são traduzidos em tempo de caminhada, mais ou menos 14 horas andando. Gente, por que Jesus foi para tão longe assim para chegar nesse território, que é conhecido no Antigo Testamento como Bazan? Ou baixando, depende da Bíblia que você pegar.
Vamos voltar um pouco na história desse local. É claro que aqui a gente não vai conseguir esgotar tudo, porque realmente tem muita coisa que ocorre nesse lugar, tá bom? Tanto do ponto de vista bíblico, no Antigo Testamento, quanto do ponto de vista da tradição histórica romana e greco-romana, pagã, enfim.
Vou destacar aqui algumas coisas: a primeira coisa é que Augusto, imperador romano, deu esta região, mais especificamente a cidade Cesareia de Filipe, não a Herodes, o Grande, Herodes Magno. E nós estamos falando de algo em torno do ano 20 antes de Cristo. Nessa época, essa região era chamada pelo nome de Paneas, e alguns vão dizer Panas.
Esse dado é muito interessante. Foi este local renomeado como Cesareia de Filipe pelo filho de Herodes. O detalhe interessante é que Cesareia era justamente uma homenagem ao César, que na época era Augusto.
Estamos falando aqui mais ou menos de três anos antes de Cristo, quando, portanto, essa região que era Panas se chama agora Cesareia de Filipe. Era para homenagear o imperador. E aí, pessoal, é preciso dizer que há uma outra Cesareia na região onde vivia o povo judeu, que é a Cesareia Marítima, que fica justamente na costa mediterrânea.
Outra cesareia, tá bom? Nós estamos na cesareia de Filipe, lá em cima, lá no norte. E aí, é um detalhe interessante: Herodes transformou essa cidade justamente na sua capital administrativa da região.
Vamos falar mais ainda sobre essa região, que é importantíssima para o texto que vem a seguir. Essa região é a região de Panéas, tá bom? Como eu havia dito, e Panéas, pessoal, é um local onde nós temos, justamente, um culto ao deus pagão chamado Pã, daí o nome Panéas.
Ah, tá? Nesse local, estava construído um grande templo dedicado a esse deus, e, inclusive, era um templo praticamente no meio da cidade. É só que esse templo é construído na frente de uma caverna, e eu quero que você preste muita atenção nisso.
À nossa frente, você tem um templo construído e, atrás desse templo, uma caverna. Então, os sacerdotes dedicados a esse deus entravam pela fachada, pela porta desse templo, e chegavam ao interior dessa caverna. No interior dessa caverna, muitas vezes, eram sacrificados animais a este deus Pã.
Esse deus Pã era um deus que era metade bode, metade humano. Você já deve ter visto por aí afora, inclusive, imagens dele tocando flauta. Geralmente, o que esse deus fazia, caminhando pelas florestas da região, era assustar as pessoas.
E daí é que nós entendemos, então, o surgimento da palavra "pânico". Exatamente: pânico vem do deus Pã, que assustava as pessoas, deixando-as com medo, com pânico. Daí que vem o termo, ou melhor, "pânico".
Claro! E agora, o que é importante também dizer a respeito disso é que era aí, nessa região, e eu já disse, nesse templo que fica na frente da caverna, que nós encontramos aquilo que será a porta do Hades, em grego. E o que é o Hades?
É a mansão dos mortos, o equivalente no hebraico ao Sheol, e que muitas vezes é traduzido nas nossas vidas por inferno. E, puxa, que vem a grande sacada! O bolo: Jesus fala e a Pedro: "As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja".
Jesus estava nessa região! Ele estava lá onde eles achavam que era a porta do Hades, a porta do inferno. Percebe?
Eu vou explicar melhor o que Jesus quis dizer lá na frente, mas agora você já ampliou sua visão. Muito interessante isso! A última informação é que esse local só muda de nome depois da invasão dos árabes.
E os árabes não conseguiam pronunciar direito Panéas, com "p", e vão, então, fazer a pronúncia com "b", de bola: Banias. E, até hoje, esse lugar em Israel é chamado de Banias, ok? E você pode visitar esse local onde estão as ruínas do templo dedicado ao deus Pã, e você pode ver essa caverna que é a famosa porta do Hades, a porta do inferno.
Beleza? Show! Agora vamos avançar.
Neste lugar pagão, Jesus pergunta aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? " A expressão "Filho do Homem" é muito importante dentro do Evangelho de Mateus. Ela é também no Evangelho de Marcos, mas, sobretudo, em Mateus, ela vai aparecer no capítulo 8, versículo 20; no capítulo 9, versículo 6; no capítulo 10, versículo 23; no capítulo 11, versículo 19; no capítulo 12, versículo 8, versículo 32, versículo 40; no capítulo 13, versículo 37, versículo 41; no capítulo 16, versículo 27, versículo 28; e no capítulo 17, versículo 9, versículo 12, versículo 22.
Gente, tem aí um monte, são dezenas de vezes, tá bom? Eu aqui parei na metade para você ter uma ideia das citações. O que é "Filho do Homem"?
O Filho do Homem é uma figura que está presente lá no livro de Daniel, capítulo 7. Inclusive, tem vídeo aqui no canal que eu já expliquei isso, mas volto a repetir: se é a primeira vez que você está aqui conosco, "Filho do Homem" era a designação daquela figura que, na visão de Daniel, vem para reinar depois das quatro bestas, feras, que são os quatro impérios que dominaram com violência o povo de Israel: o Império Assírio, o Império Babilônico, o Império Persa e o Império Grego. E, depois desses impérios, vem alguém, como que o filho de homem, que recebe autoridade e poder para reinar.
"Filho do Homem" é, portanto, um título dado ao Messias, que eu já vou explicar para vocês daqui a pouco. Continua conosco aqui! Então, os discípulos respondem ao Senhor: "Há uns que afirmam que é João Batista".
Hora, no texto de Mateus, e nós temos lá em algumas pessoas confundindo Jesus com João Batista, e, no caso mais especificamente, no capítulo 14, versículo 2, quem está fazendo essa confusão é Herodes. Herodes achava, nesse momento do texto, que Jesus era como se fosse João Batista que tinha ressuscitado. Tá bom?
Muito interessante isso! Então, não é de todo uma boba essa confusão que aparece. Então, uns afirmam que é João Batista, e o texto continua: "outros que é Elias".
E por que alguns achavam que era Elias? Justamente porque, em Malaquias, capítulo 4, versículo 5, há uma profecia que afirma que, antes do grande e terrível dia do Senhor, o juízo final, viria para preparar o caminho Elias. Então, alguns confundiam Jesus com Elias.
Bom, é muito interessante que isso vai aparecer de uma forma bastante especial lá no capítulo 4 do Evangelho de Mateus, no versículo 14. Tá bom? Esse dado é muito interessante!
Isso vai aparecer ali. Não vou aprofundar muito agora nesse versículo que eu acabei de citar. Vamos continuar!
Outros ainda dizem que é Jeremias. Agora eu quero uma pausa aqui. Se nós vamos lá a Marcos, no texto paralelo, lá no capítulo 8, não aparece a citação de que haviam pessoas que achavam que Jesus era Jeremias.
Em Jeremias é, aqui, para Mateus, uma figura muito especial. E em diversos momentos. .
. Mateus faz a referência a esse profeta. Oi, gente, é muito interessante isso!
Mateus, de modo muito especial, mais do que Marcos, mais do que Lucas e mais do que João, faz com que Jeremias apareça bastante na sua narrativa. Nós temos, por exemplo, Jeremias citado pelo nome em Mateus, no capítulo 2, versículo 17; capítulo 16, versículo 14; e, aqui, no capítulo 27, versículo 9. Além do que, há diversas alusões que Mateus faz ao profeta Jeremias.
Lá em Mateus, capítulo 7, versículos de 15 a 23; capítulo 11, versículo 28 a 30; e capítulo 23, versículo 37 a 39, várias vezes aparecem alusões ao livro de Jeremias. Oi, e aí, outro dado interessante é que Jeremias é compreendido justamente como pano de fundo para a narrativa que mostra Jesus fazendo um discurso no templo de Jerusalém. Quando Jesus fala do assassinato que foi cometido contra os profetas, ele vai justamente colocar o profeta Jeremias como pano de fundo desse processo narrativo.
É muito interessante, justamente porque Jeremias é alguém que profetiza, fazendo uma denúncia no julgamento contra o templo de Jerusalém. Está muito interessante isso! Mateus tem um carinho especial por esse profeta, por isso que ele não coloca aqui, diferentemente de Barros.
Oi, e aí o texto continua. O texto continua dizendo "ou um dos profetas". Como assim?
Em Deuteronômio, pessoal, no capítulo 18, versículos 15 a 18, aparece justamente a respeito dos profetas, e lá é dito que o Senhor suscitaria um profeta maior do que Moisés, que superaria Moisés. Então, havia naquela época, justamente, uma série de pessoas que acreditavam que Jesus era este que superaria Moisés, e de fato, ué, tá claro! Esse ponto é muito importante, tá?
Mas muitas pessoas acreditavam, inclusive, que o Messias seria este profeta maior do que Moisés. Bom, o tempo então, Jesus polido as informações do que as pessoas achavam sobre ele, sobre a sua identidade, vem agora, então, o reconhecimento de Pedro. Pedro vai justamente dizer a Jesus a afirmação de fé fundamental.
Jesus, então, no versículo 15, se dirige aos discípulos e pergunta: "E vós, quem dizeis que eu sou? " No versículo 16, Simão Pedro responde: "Tu és o Cristo". Agora, vamos entender o que é a palavra "Cristo".
"Cristos", em grego, traduzido para o português, significa "ungido", e vale a pena dizer que, em hebraico, a palavra "Cristo" é "Mashiach", ou aportuguesando, "Messias". Então, vamos lá: "Cristo", em grego; "Messias", em hebraico; "ungido", em português. Mas, afinal de contas, quem é esse ungido?
No Antigo Testamento, é ungido o profeta, é ungido o sacerdote, mas, sobretudo, é chamado de ungido o rei. Exatamente, pessoal! O rei recebia, no rito da unção, o derramamento do óleo sobre a sua cabeça.
Bom, e isso fazia com que ele tivesse autoridade para reinar. Pedro está dizendo: "Jesus, tu és este ungido, aquele ungido que foi prometido pelos profetas, e através dos profetas". É muito interessante!
E aí ele completa aqui, dizendo: "O Filho do Deus vivo". Agora, quero que você preste muita atenção no paralelo de Marcos; não aparece essa segunda parte, só aparece "Tu és o Cristo". Aqui já vai aparecer "o Filho do Deus vivo".
E o que tem jogo aqui? Primeiro, dizer que Jesus é o Filho do Deus vivo está em contraste com os deuses pagãos, como Deus Pã, que eram cultuados nessa região. E agora, o que mais é importante para nós é entender que, no Antigo Testamento, em 2 Samuel, capítulo 7, versículo 14, Deus adotou Davi como seu filho.
Exatamente! O que você está ouvindo? Esse dado é muito interessante!
E aí, gente, o que está em jogo aqui é justamente o fato de que Deus adota Davi como rei e adota todos aqueles que são filhos de Davi na continuidade do processo da linhagem dele, que é uma linhagem monárquica. E esse ponto, para nós, é fulcral. Por quê?
Porque em Mateus, já desde o início, no primeiro capítulo, que traz a genealogia de Jesus, nós temos a referência de que Jesus é da linhagem do rei Davi, portanto, da tribo de Judá e, portanto, alguém que tem a prerrogativa para reinar. E, portanto, aqui, o título "Filho de Deus" é uma designação do rei, a designação do Messias, do Cristo ungido. Poucas pessoas sabem disso, tá?
Isso é muito importante! Se você voltar, por exemplo, lá no Salmo número 2, no versículo 7, trata-se de um salmo que era cantado no ritual do derramamento do óleo sobre a cabeça do rei, no ritual da unção, e lá é dito, com todas as letras, que o rei é filho de Deus. Lá está escrito assim, no versículo 7 do capítulo 2: "Proclamarei o decreto do Senhor.
Ele me disse: 'Tu és meu filho; eu hoje te gerei'". Aliás, gente, diga-se de passagem, é essa expressão que vai aparecer lá no batismo de Jesus. O batismo de Jesus, portanto, é uma unção dada diretamente pelo Pai, e a Jesus é o que confirma: "Você é o rei, você é o Messias, você é ungido, você é o Cristo".
E isso aqui é muito importante, pessoal! Oi, e aí, lá no Salmo 89, no versículo 27, nós também temos esta referência de que o rei é o Filho de Deus, porque trata-se de um salmo messiânico, onde é dito: "Falei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra". Então, o termo "Filho de Deus" designa justamente o rei.
Então, quando nós chamamos Jesus de Filho de Deus, é isso que nós estamos querendo dizer, pessoal! Bom, então dizer "Filho do Homem", "Filho de Deus", "Cristo", "Messias", "ungido" é igual a dizer "rei". E olha que dado interessante!
Nós precisamos muito entender isso. Agora, esta concepção de chamar o rei de filho. .
. Deus era algo comum no antigo Oriente Próximo; os reis eram chamados assim. Era comum.
Agora, um outro detalhe interessante é que existem algumas interpretações no judaísmo do primeiro século, tanto antes de Cristo quanto depois de Cristo, que falavam a respeito desse Messias que viria enquanto o Filho de Deus. E aí nós temos um florilégio presente dentro dos manuscritos, e um foi encontrado na caverna número 4, na qual a comunidade de Qumran, a comunidade dos essênios, faz um comentário ao Segundo Samuel, capítulo 7, que é justamente o momento em que Deus firmou uma aliança com Davi e a sua casa por toda a eternidade. E lá eles vão falar justamente a respeito dessa questão do rei como o Filho de Deus.
Não era algo comum na época. Pedro expressa tudo isso na sua confissão de fé. E aí, no versículo 17, Jesus fala a ele assim: “Bem-aventurado és tu!
” Agora, gente, aqui algo maravilhoso: esse "bem-aventurado" aqui é a expressão "makarió" em grego, e "makarió" aparece nas bem-aventuranças no Sermão da Montanha que Jesus faz lá a partir do capítulo 5, versículo 1, do Evangelho de Mateus. E aí é um dado muito interessante: Jesus está dizendo que Pedro é um bem-aventurado, Pedro é um feliz. E nesse sentido, a expressão diz assim: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas.
” É interessante que no texto grego aparece assim: “Simão Bariona. ” O "Bariona" em aramaico significa "filho de Jonas". Algumas Bíblias colocam "Bar Jonas", aportuguesando, tá bom?
E aí o texto continua: “Por que não foi carne e sangue que te revelaram isso. ” E o que significa, gente, "carne e sangue"? É só uma expressão típica judaica para dizer "ser humano".
Então, não foi ser humano que te revelou isso. E aí Jesus continua: “E sim, o meu Pai que está nos céus. ” É muito interessante que nos textos do judaísmo da época, sobretudo em textos apocalípticos extra bíblicos e também naquilo que nós conhecemos como o conjunto dos Manuscritos do Mar Morto de Qumran, dos essênios, a gente tem que havia a possibilidade de alguém receber esta iluminação divina, uma iluminação que revelava a verdade mais profunda, e essa linguagem que está sendo empregada aqui, tá bom?
Então, quem revela a Pedro é o próprio Deus. E aí nós temos algo maravilhoso. O texto continua, seguindo para o versículo 18, e diz assim: “E também eu te digo que tu és Pedro.
” Aqui há uma construção na língua grega muitíssimo interessante, pessoal. Em grego é “Ego légō” (Eu digo). Vamos entender o que é esse "légō" aqui.
Não é uma palavra feia, né, em português, mas é a junção da conjunção "kai", que significa "e", com o pronome pessoal "ego", que significa "eu". Então, é a fusão desses dois elementos, só que aí que vem o detalhe: trata-se aqui de uma partícula enfática. E por que é uma partícula enfática?
Porque dá peso ao que está sendo dito. E aí eu vou te explicar uma coisa interessante. Na língua grega, quando queria-se dar peso a alguma coisa, geralmente se usava o pronome pessoal juntamente com o verbo.
E por que? Porque no grego, o pronome pessoal, no caso "eu", com o verbo não é comum. E por que?
Porque o verbo na língua grega já contém na sua terminação, na sua desinência, a pessoa verbal. Bom, então, quando eu quero dizer “eu digo” em grego é uma palavra só: “légō. ” E quando eu quero enfatizar, eu digo “Ego légō.
” E aqui está correndo algo muito importante. Então, Jesus está dando peso ao que Ele está falando. Ele não está de brincadeira, e isso é muito importante.
Então Ele disse: “Eu te digo, tu és Pedro. ” E o termo "Pedro" (Petros em grego) deriva do termo "petra", que significa pedra. Há um jogo aqui, esse é um jogo, tá bom?
Nesse caso, Jesus está falando a respeito dessa pedra. Agora, quem é essa pedra? Possivelmente é Pedro; alguns interpretam como sendo Jesus.
E agora mesmo sendo Jesus, não está descartada a autoridade conferida a Pedro, tá claro? Esse ponto é muito importante, até porque o texto vai continuar dizendo que Pedro recebe as chaves do Reino dos Céus, ou seja, a autoridade que está sobre ele. E, neste sentido, o texto enfatiza essa liderança que é colocada nas mãos de Pedro, e Pedro vai ser o representante da comunidade cristã.
Tá bom? Então, esse dado é muito interessante, pessoal. Agora, o que está em jogo aqui?
O texto diz: “Sou essa pedra, edificarei a minha igreja. ” Eu acredito de fato que esta pedra que aqui aparece é de verdade Pedro. E por que razão?
Porque a gente precisa entender que há uma alusão aqui feita ao Antigo Testamento, ou melhor, em Isaías, capítulo 51, versículos de 1 a 2, tá escrito assim: “Ouvi em vós os que procurais a justiça, os que buscais o Senhor: olhai para a rocha de que fostes cortados e para a caverna do poço de que fostes escavados. ” Quem é essa pedra aqui na profecia de Isaías? Vem então, versículo 2, para explicar: “Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque era ele único quando eu o chamei, o abençoei e o multipliquei.
” Portanto, há um processo de intertextualidade. É uma palavra que evoca ideia no Antigo Testamento de que o pai do povo é Abraão. Ele é entendido como rocha.
Olha que dado interessante: Pedro aqui vai ser entendido como essa pedra, essa rocha. Partir do qual será gerado um novo povo de Deus. É muito interessante, isso, tá?
Muito interessante. E aí, pessoal, quando nós, portanto, olhamos para esse processo de intertextualidade, a gente vai encontrar justamente essa referência. Então, parece que, nesse sentido, Jesus está constituindo Pedro como uma espécie de novo Abraão.
Aqui, tá bom? Que dá início à Igreja, que é o novo Israel de Deus em Cristo. Oi!
E aí Jesus continua: "E as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. " Bom, você já entendeu o que são as portas do inferno, pelo menos no aspecto. Jesus estava diante dessas portas.
Bom, e é muito interessante perceber que, nesse sentido, o que Jesus está querendo dizer é que absolutamente nenhuma divindade tem poder a mais, maior do que Ele. E outra coisa: ao garantir que as portas do inferno nunca prevalecerão contra a Igreja, novo povo de Deus, em Jesus está dizendo que o Império Romano não prevalecerá contra a Igreja. Esse é o sentido aqui das portas do inferno.
Uma das portas do Hades, que é uma expressão que vai aparecer no Antigo Testamento, lá no livro de Jó, por exemplo, no capítulo 38, versículo 17, vai aparecer essa expressão. E em Isaías, capítulo 38, no versículo 10, essa expressão vai justamente aparecer, tá? Então, é muito interessante perceber isso.
As portas do inferno vão designar, nesse caso, o culto aos outros deuses, as outras divindades do Império Romano e, também, nesta dimensão mais ampliada, claro, toda a questão do adversário, etc. , Satanás, e assim por diante. Ou seja, a Igreja nunca será derrotada.
Oi! E aí, então, Jesus confere autoridade ainda mais aqui à pessoa de Pedro como este novo Abraão e as chaves serão dadas a ele, as chaves do Reino dos Céus. É muito interessante que, no Antigo Testamento, também essa expressão vai aparecer, tá bom?
Vai aparecer e ela é a representação clara da autoridade dada por Deus. Da autoridade. E, por exemplo, lá em Isaías, no capítulo 22, deixa eu pegar aqui, porque é muito interessante.
Nós temos assim: "Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi; ele abrirá e ninguém fechará; fechará e ninguém abrirá. " Pessoal, olha isso! E essa é basicamente uma palavra que é repetida por Jesus ao falar com Pedro.
Nesse sentido, o que está sendo dito é justamente que Pedro vai ter esta autoridade, tá bom? Aí o texto continua, trazendo para nós o outro dado interessante: a expressão "o que ligares na terra será ligado no céu" e "o que desligares na terra será desligado nos céus" é uma expressão que vai justamente também aparecer mais à frente lá no capítulo 18 do Evangelho de Marcos, quando Jesus está fazendo um sermão para toda a comunidade e Ele fala da questão da reconciliação. A comunidade tem o poder de ligar e desligar.
Nesse sentido, portanto, Pedro é a representação justamente dessa autoridade. Que coisa mais linda isso, gente! Que coisa mais maravilhosa.
Bom, Jesus dá garantias de que a Igreja prevalecerá até o fim e que nada poderá suplantá-la, derrotá-la, acabar com ela. E dá garantias de que a liderança desta Igreja, movida pelo Espírito e não por carne nem sangue, é capaz de conduzir, portanto, o novo povo de Deus para a vivência profunda desse Reino. Que coisa mais linda isso nos leva justamente, não é?
, a termos maior respeito por aqueles que são investidos com autoridade dada diretamente por Deus para guiar o rebanho do Senhor. Isso não significa cegueira, alienação; significa unidade. Oi!
E aí é muito bonito perceber isso. Jesus, sim, Ele efetiva o plano de Deus de formar a Igreja. A Igreja é a reunião justamente de todos aqueles que foram remidos pelo sangue do Cordeiro e aceitaram o chamado de viver e a missão de propagar o Reino dos Céus.
E só pensa em tudo isso! Deus te abençoe, estamos juntos e seguimos cada dia aqui com mais estudos bíblicos para vocês. Valeu!
Deus abençoe. Tchau!