Pessoal, desde 2013 nos antigos Hangouts, produzo conteúdo aqui no YouTube e nunca foi tão difícil gravar algo como este encontro. Encontro que busco discutir, debater e conversar sobre por que o Império Brasileiro caiu. Vejam só que saga! Tivemos um problema completamente inesperado de uploads, o que dificultou a transmissão. Do nada, a câmera superaqueceu. Enfim, uma jornada! Cite dois capítulos dessa verdadeira odisséia. Mas estou feliz, estou aqui! Estou aqui, além de toda essa dificuldade. O YouTube não acredita que eu voltei de verdade para a plataforma. O YouTube não acredita, de fato, que eu quero trabalhar
aqui dentro deste espaço, dentro deste canal. Para quem não entende, deixe eu explicar uma coisa: eu estou desde 2013, como fiz referência, desenvolvendo conteúdo por aqui. Acontece que, de 2013 a 2015, eu fiz isso dentro de um tipo de formatação; de 2015 a 2023, numa outra formatação; e de 2024 até agora, eu tenho tentado buscar desenvolver esse novo formato, que foi interrompido por causa da já mencionada relação que estabeleci com a pior tragédia de toda a história do Rio Grande do Sul, como todos sabem ou como presumo que todos aqui que acompanham sabem. Então, vejam
só, o YouTube não acredita. O YouTube realmente não acredita que eu voltei de verdade. Esse é um resumo para que o YouTube possa acreditar, e isso é importante. Eu preciso do apoio de vocês, isso é importante. Então, deixe seu like, negue o vídeo, fale mal, seja meu hater, faça um exposed, defenda Don Bertran, faça o que você bem entender, mas mostre para o YouTube que eu estou aqui, que eu ainda estou aqui. Isto é importante, porque imaginem só, do ângulo da plataforma, de 2013 a 2015 eu tinha um canal, uma estrutura que, naquele momento, somando
os vídeos já produzidos, eu já tinha superado um número bem interessante de visualizações. Aí eu resolvi me pagar aquele formato de trabalho, desenvolvi uma outra estrutura, uma outra pedagogia e o YouTube vai vendo assim: “Tá, afinal posso confiar nesse sujeito ou não? Ele agora vai produzir conteúdo semanal com tipo de formato, etc.” Esta é minha ideia. Então, reforço: negativem o vídeo, falem mal, podem deixar seus likes, isso também é importante. Eu sempre achei ridículo ficar pedindo “deixe seu like”, “ative o sininho”, mas eu estou pedindo porque eu quero mostrar para o YouTube que eu estou
aqui de verdade. Isto é importante. Eu coloquei como um propósito meu de trabalho atuar nesta plataforma. É um dos meus propósitos de trabalho, não só neste ano de 2025, mas a partir deste ano de 2025, e já era, como fiz referência, uma ideia que, desde 2024, eu já estruturava. Então, estamos combinados: podem falar mal, podem espezinhar, sejam haters, mas falem! Combinado? Pessoal, eu tenho a responsabilidade, já mencionada e divulgada em Instagram, de abordar por que o Império Brasileiro caiu. Além dessa responsabilidade, eu tenho uma missão interna. Esta missão é a de comunicar que, a partir
deste encontro, começamos a operar com superchats. Atendi ao chamado do nosso presidente Lula; afinal de contas, o pacote de Doritos está quase R$ 50. Vocês têm noção disso? Então, desse chamado de “se as coisas estão caras, compre as baratas”, eu preciso do superchat. Eu preciso do superchat. Eu, até hoje, já é o quinto vídeo que o Henrico está aqui me ajudando, ele nunca recebeu R$ 1. Eu preciso do superchat fechado. Então, perguntem, façam de fato perguntas; eu quero poder atendê-los: R$ 1, R$ 2, R$ 10, R$ 5.000. Toda humilde colaboração é bem-vinda, certo? É isso,
fechou! Superchats são muito bem-vindos, afinal de contas, é muito caro comprar até um pacote de Doritos; está muito caro, pessoal. Agora vamos ao tema. Recados transmitidos e, ao que parece, como um verdadeiro milagre, eu estou online conduzindo esta live há mais ou menos uns 5 minutos, o que não aconteceu em nenhum momento nesta que é a terceira tentativa de desenvolvimento deste que é, de fato, um espaço de exposição que, como já mencionei, eu quero desenvolver por aqui. Por que o Império Brasileiro caiu? Caiu em 1889, no dia 15 de novembro, naquele que se convenciona chamar
feriado, né? Proclamação da República, aquele movimento que foi, sim, um golpe. Pessoal, em primeiro lugar, eu quero que entendam que, dentro do imaginário histórico-social do que hoje nós chamamos Brasil — e por que eu falo do que hoje chamamos Brasil? — Porque eu trago para discussão até uma presença colonial. A ideia de república existia na discussão dentro de diferentes espaços. Exemplo, para ficar bem pedagógico: a Inconfidência Mineira, ela não tinha uma característica no campo, assim, de uma seta semântica política de república, sim? Eu acho que todos aqui sabem disso, pelo menos no campo nominal. A
Inconfidência Mineira é um episódio que aconteceu na colônia, objetivamente, na colônia. E aqui, acalmem-se: colônia não significa exploração, não significa destruição, não significa opressão. Colônia, dentro da formação do seu processo de desenvolvimento, enquanto palavra, enquanto aplicação, significa, em suma, povoamento. Colônia não é necessariamente uma palavra que merece a depreciação. Exemplo: eu moro numa cidade que se orgulha da sua colonização. Dependendo do caso, você, exemplo, mora em São Paulo e sabe que, em São Paulo, valoriza-se a colonização italiana. Colonização não significa algo ruim, assim como dizer que o Brasil foi colônia não significa afirmar que o
Brasil tenha sido um vasto espaço de terra dedicado apenas para a exploração. Ponto. Ainda conversarei sobre a pergunta: “O Brasil foi colônia?”, mas isso num outro momento. Continuo: sabemos que, lá na Inconfidência Mineira, a ideia de república apareceu. República não é necessariamente um modelo de governo, não é um modelo político. República, assim como a palavra da moda democracia, também não é o modelo político. República, como democracia, é uma qualidade política. Lembrem-se: eu acredito de fato que todos... Aqui sabem: República, coisa pública, não é verdade pública que acontece que a república, desde especialmente os processos que
culminaram na Revolução Francesa. República i-se, pelo menos no campo da discussão, no campo muitas vezes sofístico na política. A república, ela tornou-se um tipo de modelo. A república, então, nesse século XIX, um pouco antes da Revolução Francesa e depois da Revolução Francesa, evidentemente a república ganha essa conotação de ser o modelo que está na outra vereda política, na comparação, por exemplo, com a monarquia. Mas entendam, dentro do modelo republicano, posso ter um país, exemplo: presidencialista, parlamentarista, enfim, com modelos de uma estrutura republicana completamente diferentes. Mas falei tudo isso para dizer exatamente o seguinte: para dar
a devida fundamentação. República, enquanto ideia, existe no Brasil desde a colônia. Quando eu penso na Inconfidência Mineira mencionada, eu não estou muito distante de Dom Pedro I. Como assim? Como assim, professor? Vejam só: a Inconfidência Mineira acontece no final do século XVIII. O que aconteceu na história brasileira no começo do século XIX, especialmente em 1808, a chegada da família real portuguesa com Dom João VI? Quem é a mãe de Dom João VI? Dona Maria, que convencionou-se como a louca. Mas entendam, essa é uma depreciação que eu não comungo e não se trata de uma defesa
ou qualquer coisa nesse sentido. Mas há indicativos de que ela sofreu com depressão, com vários movimentos de estrutura emocionais, e esses movimentos de estruturas emocionais hoje em dia são muito respeitados, mas na época não eram; eram vistos de outros modos. Ainda quero falar sobre ela especificamente. Então entendam só: Dona Maria é a mãe de Dom João VI; o pai de Dona Maria é Dom José. Dom José é o rei português de Marquês de Pombal. A Inconfidência Mineira, ela está portanto muito próxima, muito próxima de Dom João VI. Nós estamos exatamente dentro dessa saga. Dom João
VI é o pai de Dom Pedro I, que é o pai de Dom Pedro II. Então, o exemplo de assim de colocar a Inconfidência Mineira dentro dessa discussão é interessante também pela própria evidente cronologia familiar. Afinal de contas, da mesma maneira que o Brasil se institucionalizou a partir de Dom João VI, o Brasil monárquico deixou de existir no final da vida de Pedro I. A independência brasileira aconteceu muito antes, enquanto processo, do 7 de Setembro. Dom João VI chega ao Brasil e acaba por não institucionalizar este território. Dom João VI volta a Portugal, e aquilo
que alguns gostam de definir como partido português advogava da seguinte forma: aquilo que se desenvolveu lá precisa de fato retroceder. O partido brasileiro, liderado por Antônio Carlos, José Bonifácio Gonçalves Ledo e outros, defendia que não; que o Brasil não deveria retroceder, que os avanços estabelecidos a partir de Dom João deveriam ser mantidos. O resultado disso foi a independência. Mas o 7 de Setembro acompanha uma saga: a saga das disputas entre os partidos português e brasileiro, o Dia do Fico, a transição de disputa se Dom João VI deveria voltar, se voltar, quando. Porque, muito tempo antes
da chegada de Dom João VI ao que hoje nós definimos como Brasil, Portugal já trabalhava com a ideia de, em algum momento, estabelecer a sua principal sede na sua colônia, hoje definida como Brasil. E por que eu trabalho muito com esse “hoje”, né, definido como o Brasil? Porque, vejam só, o Brasil se consolida no campo, inclusive, das suas fronteiras, etc., só no século XX, com Marquês de Rio Branco. Ainda assim, se nós pensarmos na Constituição de 1988, a recente, ali em algum aspecto, no ângulo interno, o mapa brasileiro também foi refeito. Certo, mas, professor, onde
está a conexão com 1889? Porque eu desejo que entendam que uma data é a síntese de um processo. Foi assim com a independência brasileira, foi assim, por exemplo, com o descobrimento do Brasil. Vocês acham que o descobrimento brasileiro aconteceu naquele momento, naquele instante, pensado de qualquer forma, desenvolvido de qualquer forma? Não foi assim! Tanto que a própria palavra "descobrimento", que é um movimento, como ensinou Capistrano de Abreu, eu já explorei aqui, tem vídeo no canal sobre isso. Bem, o que vai acontecer? Dom João voltou, Brasil ficou independente. Dom Pedro I lidera esse movimento de independência,
isso é em 1822. Em 1824, o Brasil tem uma constituição, sua primeira constituição. Esta constituição foi feita de uma maneira arbitrária, autoritária; porém, não é necessariamente um texto autoritário. Mas a constituição do império não foi uma constituição, digamos, feita exclusivamente no campo da discussão parlamentar, etc. Dom Pedro I não gostou dos resultados até então apresentados e fez, não sozinho, mas com seus a constituição que considerou ideal. Desde então, o poder moderador foi alvo de disputa. No sentido de qual o nível de poder efetivo terá o poder moderador? O poder moderador, só, de natureza, para que
serve? Enfim, o que eu quero dizer, portanto, é que, no campo institucional, o Império Brasileiro não nasceu necessariamente pacífico. Muitos entendem que no campo institucional o Império Brasileiro funcionou a pleno até que, num determinado momento, Leodoro da Fonseca lhe deu um golpe. Não foi assim! Primeiro, que a nossa Independência se estabeleceu num processo intenso de disputa. Dentro desse processo intenso de disputa, tivemos conflitos, conflitos inclusive armados, naquelas que muitos gostam de chamar de guerras de independência. Há aqueles que afirmam que o Brasil não dá certo porque, afinal de contas, a sua independência foi pacífica, mas
a independência brasileira não foi pacífica. Depois disso, um pacto oligárquico, isto não significa que eu esteja depreciando; eu estou descrevendo um pacto oligárquico que deu a sustentação, num primeiro momento, a Pedro I e, num segundo momento, a Pedro I, porque o que vai acontecer em 1824? Essa constituição difícil, complexa, disputada, em 1831. Pedro I havia deixado seu filho. Pedro I, que menino! Naquele momento, ainda não era evidentemente Pedro I, Conrado, Imperador brasileiro. Mas deixou que o jovem Pedro de Alcântara vivenciasse o que aconteceu para que, em sete anos, o primeiro imperador brasileiro promovesse uma constituição
e acabasse até expulso do país. No meio dessa jornada, questões como a guerra da Cisplatina merecem parecer, mas houve um tipo de pacto, houve um tipo de movimento, houve uma sustentação monárquica. Afinal de contas, Pedro I foi afastado e, ao mesmo tempo, abdicou, deixando o menino que viria a ser Pedro II. E o Brasil, então, como Tom Jobim mesmo ensina, que não é um país para principiantes, contrariando a lógica, manteve-se monárquico. Prestem bem atenção: em 1831, o Imperador sai do país, deixa uma criança. O Imperador também sai expulso por uma elite insatisfeita, desde as disputas
constitucionais. Não era, digamos assim, lógico ou razoável que esse menino conseguisse, assim, em algum momento, tornar-se efetivamente Imperador do Brasil. Para piorar, afinal de contas, o Brasil não é para principiantes. De 1831 a 1840, vivemos a fase regencial. Na fase regencial, disputas, conflitos, guerras civis. Exemplos: a Farroupilha. Ainda nem é tão cronologicamente correto dizer que a regência, no campo dos seus problemas e das suas disputas, foi esse período de 1831 a 1840. Notem: falei no campo das disputas e não no campo de institucionalização do país. Afinal de contas, Pedro I tornou-se Imperador brasileiro em 1840,
naquele que se convenciona de "golpe da maioridade". Contudo, no campo das disputas, a regência só será concluída efetivamente no final da década de 40, com o fim, por exemplo, da Praieira, que é uma outra discussão. A Revolução Farroupilha só será resolvida em 1845. Ponto. É o imperador que fez a independência, afastado, deixou uma criança e uma elite que ajudou nesse afastamento. Mantiveram essa criança no poder. O Brasil entra numa sucessão de guerras civis no século XIX, no processo latino-americano de disputas, independências, conflitos e territórios desmembrados. E o Brasil, contrariando tudo isso, manteve-se unido e monárquico,
sendo que lá na Cisplatina, o que hoje é Uruguai, desmembrou-se. O Uruguai, por exemplo, que faz fronteira com o Rio Grande do Sul. A Farroupilha aconteceu no Rio Grande do Sul e, contrariando todos os prognósticos, o Rio Grande do Sul manteve-se brasileiro. Tudo isso para dizer o seguinte: a nossa independência, o início do segundo império, nada disso foi pacífico. Sempre foi um campo de disputa, sempre foi um campo de pacto, pacto político, pacto oligárquico, pacto de interesses. Há uma base de sustentação tanto para tirar Pedro I como também, paradoxalmente, para manter o seu filho dentro
dessa base. Nós vamos encontrar vários agentes; dentre estes, o clero, o exército, senhores de escravos, uma incipiente elite urbana, homens que receberam formação, em especial em Portugal, e retornaram. Nesse sentido, em 1840, começamos o segundo império, que durou até 1889: 49 anos de uma estrutura política, uma estrutura política com uma série de acertos e com uma série de problemas. O Brasil Império... Eu sei que eu tenho Isabel... Opa, sempre erro. Nossa, sou muito burro! Para cá, aí ó! Muito bem, aí ó! Obrigado, Mônica, mais para cá... Aí ó! Ó, acertei! É isso! Então, tenho Isabel
aqui, eu tenho de fato um carinho, uma estima pela biografia, exemplo de Isabel. Tenho muito respeito pela biografia de Pedro I, mas em nenhum momento, em nenhum momento eu busquei apresentar que o segundo império foi uma espécie de Jardim do Éden, foi um regime perfeito, foi um modelo. Não se trata disso. Agora, se você deseja, exemplo, comparar Pedro I, sei lá, com o Lula, aí a conversa é outra, é outra. Mas no campo do modelo político, etc., problemas, problemas. Até porque, como o bem-estar lá no Salve Rainha... Isto aqui, meus caros, é o Vale de
Lágrimas. Entenderam? Então não é o Jardim do Éden! Encontraremos problemas. O principal problema quando nós pensamos no segundo império é o seguinte: ele durou 49 anos, sendo que, ao redor, durante 48 anos, manteve-se com mão de obra escrava. Pronto, este é um fato. Mas, professor, Pedro I era abolicionista! Professor, José Bonifácio, nos debates pré-constitucionais de 1824, mantinha uma posição abolicionista. Sim, tudo isso é um fato. Assim como também é um fato que, durante 49 anos de uma estrutura imperial, tivemos 48 anos de mão de obra escrava. Existem os conservadores... Sempre os conservadores não! Mas a
escravidão no Brasil foi branda! Não foi tão ruim! Não foi? Nunca leram Joaquim Nabuco, nunca leram o abolicionismo, para começar por aí. Nunca leram "Pai Contra Mãe", de Machado de Assis, o caso da vara! Nunca leram, nunca leram, nunca leram. Existem aqueles que comparam: "Nossa, mas a escravidão no Brasil, na comparação com a escravidão nos Estados Unidos, foi branda!" É uma conversa tão abjeta que eu vou começar a comparar, então, campo de concentração soviético ou campo de concentração nazista? Eu vou colocar na escala de comparação de escravidão a escravidão? Tentando, em alguma medida, relativizar as
coisas? Isso está errado. A escravidão no Brasil é uma página nefasta, terrível, dramática! Leiam um Joaquim Nabuco! Leiam o abolicionismo, em especial o trecho quando ele descreve o feto sentindo as dores que a sua mãe, de fato, na carne, recebe. Então, Joaquim Nabuco constrói—ele era um estilista, um escritor magistral—as seguintes apresentações: a mãe é chicoteada e quem está sofrendo com o chicote é o filho, além da mãe. Enfim, então, a escravidão foi terrível, e o segundo império manteve-se durante 48 anos com mão de obra escrava. Bom, questão dois: Pedro II era, no sentido privado, um
abolicionista. Era, é um fato. Pedro I foi um dos principais articuladores daquela que é conhecida como a Lei do Ventre Livre, a Lei Rio Branco. Pedro II foi um articulador dessa lei que foi, no campo da disputa parlamentar, a lei abolicionista mais difícil. De ser estabelecida, tem anedotas de que houve quebra-pau. Quebra-pau! Vocês acham que a cadeirada do Atena é a primeira manifestação de porrada em debate político? Não, não, não! Conversa, muitas vezes, nem existiu durante as disputas para a Lei do Ventre Livre. Então, Pedro I foi um abolicionista? Ele articulou, por exemplo, a Lei
do Ventre Livre, articulou com o Visconde do Rio Branco. Questão dois: ele ficou feliz, por exemplo, com a Lei Áurea. Ficou! Ele não tinha escravos, é verdade. Ele era muito amigo, por exemplo, de André Rebolsas, assim como, de fato, foi amigo de outros homens negros, etc. Isso tudo é um fato. Isso tudo é um fato. Mas nada disso faz com que, durante 49 anos do Segundo Império, nós não tivéssemos aquela linha de corte: 48 anos com mão de obra escrava. Como nosso assunto não é a escravidão e não é exclusivamente Pedro I, eu quero adiantar.
Eu quero chegar na seguinte questão: o fato de Pedro I ser, privadamente, um abolicionista e o Brasil ter sido um país escravocrata mostra que Pedro I não era um homem que governava o país, digamos, de uma maneira autoritária. Ele respeitava o parlamento, ele respeitava convenções, os protocolos. Nas poucas vezes que Pedro I não quis respeitar essa estrutura, houve cisões, disputas, como, por exemplo, as protagonizadas por Zacarias de Góis e Vasconcelos com o imperador. Aí vem o ponto: durante esses 48 anos, a escravidão no Brasil deixou de ser tão expandida. Afinal, tivemos a Lei Eusébio de
Queiroz, por exemplo, anos antes, a Lei Feijó, depois a Lei Eusébio de Queiroz, a Lei do Ventre Livre, depois a Lei dos Sexagenários e depois a Lei Áurea. A abolição foi determinante para a queda do Império? Determinante, quando somada — prestem bem atenção — com outros fatores. Sim, isoladamente, não. Por quê? Porque o Brasil, em 1888, não era mais um país majoritariamente escravocrata. O Brasil estava vivendo uma transição, inclusive, no campo da estrutura de trabalho. Tanto que, por exemplo, eu vou arredondar, tá? 50 anos depois, na chamada Era Vargas, o Brasil vive ali um desenvolvimento
industrial. O desenvolvimento industrial que o Brasil atravessou, na chamada Era Vargas, acaba sendo direta ou indireta, tinha um efeito dessa transição sobre o regime de trabalho que, desde a década de 70 do século XIX, o Brasil já atravessava avanços nesse sentido. A abolição foi o motivo? Não, o motivo não. Mas ela entrou na lista de motivos porque uma elite agrária escravocrata entendeu que, com o processo que culmina na Lei Áurea, a elite ficou desassistida. A partir do momento em que você tem uma elite econômica que se enxerga desassistida, somou-se a outros agentes que também se
entendiam desassistidos, como, por exemplo, os militares, como, por exemplo, os padres, como, por exemplo, setores urbanos que criticavam o seguinte fato: o Brasil é majoritariamente um país agrário. O nosso desenvolvimento urbano é quase inexistente. Então, tinham camadas urbanas que diziam desde 1822 — eu só estou entrando no campo do discurso — que o Brasil estava praticamente no mesmo lugar dentro da sua estrutura urbana. Tá um pouco exagerado? Sim, mas também tem o seu fundamento. Afinal de contas, só é possível dizer isso numa nomenclatura no campo da discussão, tanto quanto marxista, que o Brasil passou a
ter classe proletária isso muito além, já no século XX, em especial a partir da chamada Era Vargas e da ditadura Vargas, sem o feminismo. Então, você tem os militares. Nós tivemos ali o bloco abolicionista que venceu. A Lei Áurea foi consagrada como festa popular, tararã. Só sobre a Lei há muito a se dizer sobre a festa do 13 de Maio. Há muito a se dizer. Na leitura, a passagem mais gloriosa da nossa história. Nada foi tão bonito na história brasileira como o 13 de Maio de 1888. Isso que mencionei: os militares. Os militares, o que
vai acontecer objetivamente? Os militares buscavam espaço desde a nossa Independência. Tentavam encontrar o seu lugar. Nesse sentido de tentativa de encontrar o seu lugar, vem uma página que coloca os militares — aí sim — no campo do protagonismo nacional, que foi a Guerra do Paraguai. Depois da Guerra do Paraguai, os militares passaram a pedir que o Império atendesse determinadas demandas, tratadas como demandas esquecidas. Para que vocês não achem que esse tipo de pedido era liderado já por Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, não! O próprio Osório falava: “Olha, os militares estão desassistidos.” E o Osório,
que era monarquista, é o homem que Pedro I fez questão de carregar o seu próprio caixão. Pegou uma alça e quebrou um protocolo. Afinal, como o imperador carregar o caixão de um líder liberal era algo que ia contra as convenções? Pedro I tocou, literalmente, um dane-se para essas convenções e quis honrar Osório. Caxias também dava razão aos pedidos de setores militares. Era um homem que foi, de fato, o agente político escolhido por Pedro I em vários momentos de crise. Caxias, monarquista, foi o homem que ensinou Pedro I a, inclusive, montar. O que eu quero dizer
é a questão militar, que é um desenvolvimento histórico provocado por uma série de demandas que existiam. Demandas que iam de soldo, equipamento técnico, contingente militar organizado, porque, afinal de contas, a Guerra do Paraguai começa — e aqui só arredondando — imaginem que o Paraguai tinha um exército cinco vezes superior ao exército brasileiro. Dom Pedro I precisou, não sozinho, mas ele desenvolveu isso de uma maneira muito, muito exitosa. Foi um arquiteto desse projeto, sem dúvida. Ele precisou chamar os Voluntários da Pátria, sendo ele o Voluntário da Pátria número um. E, contrariando o que muitos acham, ele
não foi voluntário só no campo da figuração e da fotografia. Ele veio ao Rio Grande do Sul, foi para Uruguaiana, esteve sim ao alcance de tiros. Enfim, é o Voluntário da Pátria número um. O que eu quero dizer é que, antes da Guerra do Paraguai, essas demandas já existiam. Depois da guerra... do Paraguai, com o exército tendo vencido essas demandas, ficaram ainda mais evidentes. Aconteceram episódios como o episódio de Cena Madureira, com a organização de grupos internos de militares que, só no sentido de ilustração, serviam quase como sindicatos de militares. Eles começaram a debater internamente
as políticas imperiais e como o exército seguia desassistido mesmo depois da Guerra do Paraguai. Afinal, a guerra do Paraguai terminou, mas qual é a segurança no campo nacional de que uma nova guerra não acontecerá? Você não tem, de fato, uma segurança. Você não tem, até porque o fim da Guerra do Paraguai foi interessante. O Brasil, no campo da sua independência, não tinha nem 50 anos. Em 50 anos de história, arredondando, o Brasil já tinha atravessado a Cisplatina; Pedro I já tinha saído, foi consagrado Imperador, e o Brasil entrou na Guerra do Paraguai. Vejam, são muitos
acontecimentos durante 50 anos. Bem, episódios aconteceram, e esses episódios deixam claro que biograficamente Deodoro da Fonseca definia-se antes de tudo como um soldado. Esse professor Deodoro da Fonseca era monarquista? Não, não era monarquista. Ele era militar. Defendam Deodoro da Fonseca; falem mal de Deodoro da Fonseca, mas respeitem o herói militar, Deodoro da Fonseca. O homem que tomou um tiro na bacia defendendo o Brasil, o homem que, segundo Osório, foi o nosso principal militar. Um homem que pisou em Assunção corajosamente, corajosamente. O homem que atravessou o Taku Paraguay. Então, nessa dinâmica, o império e o exército,
no pós-Paraguai, não estavam em sintonia. Episódios aconteceram, e ainda dentro desses episódios, os falecimentos de Osório e de Caxias, respectivamente, em 1879 e 1880, acentuaram que o império estava perdendo lideranças que sabiam que particular, nessas duas frentes militares ganharam, e com todo mérito, né? Depois da Guerra do Paraguai, um relevo Pelotas, Floreno Pexoto, Deodoro ganharam relevo nacional. São heróis, diferentemente do que Vargas fez com os Pracinhas. Pedro I não saiu recebendo os heróis brasileiros depois do Paraguai, censurando, perseguindo e mandando esconder medalhas. Muito pelo contrário, muito pelo contrário. Festejos, catarse, ostentação pública desses feitos. A
Guerra do Paraguai foi muito repercutida na literatura nacional, um exemplo é "Leão e aá", Garcia de Machado de Assis. A Guerra do Paraguai está ali, é um exemplo. Fora, claro, a repercussão nos jornais, crônicas, textos, e não só pela pena de Machado. Então, nós tivemos a questão militar. Então, vejam só: abolição, questão militar, sempre existiu no Brasil. No Brasil sempre existiu, sempre existiu, a partir do século I, algum rumor republicano. Então, desde o século I, algum rumor republicano. Eu citei um no século XV: a Inconfidência Mineira. Logo, republicanos, principalmente depois da Revolução Francesa, não eram
necessariamente figuras raras: Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo e Tend Morais tinham atuação pública, atuação consistente. Quintino Bocaiúva, grande amigo de Machado, tinha relações com Medeiros e estavam ali, na ordem do dia, manifestando, de fato, suas inclinações republicanas. Então, cronologicamente, desde o século X, é possível encontrar uma presença de ideia republicana no Brasil. É no século XVI e a Inconfidência Mineira deixa isso muito claro, muito acentuado. No século XV, a Revolução Francesa impacta de fato o imaginário político. A Revolução Francesa reverberou na nossa independência e reverberou também na nossa república. No golpe, ainda que, um ponto interessante:
quando pensamos em golpe, golpe, golpe. Golpe não é uma palavra que coloca um tipo de juízo de valor. Exemplo: no ângulo português, o que aconteceu no 7 de setembro de 1822 foi um golpe. Entenderam? O 15 de novembro é um golpe. Estamos pacificados quanto a isso. Sá que o Temer liderou um golpe contra Dilma. Inscrevam-se no canal. Bem, nesse sentido, o que eu quero dizer é o seguinte: questão militar, abolição, chamarei de tradição republicana. Temos três fatores. Três, mas há mais. Quarto ponto: Pedro I, e não é algo depreciativo. Segundo o que está aqui na
minha parede, em vários momentos, em vários ângulos, com charges militares. Lendo, está aqui, com todo respeito ao Imperador. Mas Pedro I, em 1889, ele estava senil, doente, limitado. É a fase que vocês já devem ter visto em charges. Nesse sentido, Pedro I, com uma série de serviços ao país. Sem dúvida, ele estava dormindo nas reuniões; era o momento em que sua voz se apagava. Ele estava enfrentando dificuldades emocionais. Pedro II teve uma vida muito difícil. Imaginem só que, desde menino, não foi criado pela mãe, objetivamente não foi criado pelo pai e perdeu filhos. É uma
vida muito difícil, muito difícil. E ali, usando uma linguagem coloquial para que todos entendam, é o tempo do rebote. Pessoal, rebote, a vida cobrou um preço de tudo que ele viveu. Em 1889, ele estava realmente muito debilitado, com traços de problemas sérios de cognição. Só que, claro, não era constante; existiam picos. Tanto que, quem já leu os três tomos que eu considero magistrais de Eitor Lira sobre Pedro I, ao ler essa biografia dividida em três partes, encontra ali que, no calor do golpe, Pedro I estava expulso do país e não apresentava traços de clareza diante
do que estava acontecendo. Então, a doença de Pedro I é um fato; é um fato, um fato. Outro ponto: Isabel era uma mulher. Isso é um fato. Fato, pessoal. Entendam algo: sempre aquele protocolo, aquele pedágio. Isso não é discurso feminista, não é discurso de um leitor de Simone de Beauvoir. Não, não, não. O Brasil, naquele momento, vamos aqui, no sentido bem coloquial: o Brasil não era a Inglaterra vitoriana; o Brasil era um país que tinha, de fato, uma característica civilizacional. Isabel, ser mulher e assumir a responsabilidade política de um modo não transitório, ou seja, não
na condição de regente, com o pai voltando, não era algo assim muito bem recebido. Esta tese é de João Camilo de Oliveira Torres. Além disso... Outros pontos: não é tese do professor esquerdista, não é tese do Eduardo Bueno. Então, Isabel ser mulher é um fato; outro fato: Isabel era católica e católica séria. Pedro I e Pedro I eram católicos, assim como a brasileira. Entenderam? Pedro I, certo? Um pé na casa da Marquesa de Santos, outro pé na missa e uns dedos na maçonaria. É assim que era Pedro I. Ok, Pedro I não era tão, digamos,
abrangente como o pai; Pedro II não era um modelo de catolicismo. Só que Isabel era Isabel, era católica séria, o Conde de Irajá é católico sério. Ponto. Aí você tem uma história brasileira, desde a independência, dentro desses pactos oligárquicos que se sustentava com maçons, padres etc. Um verdadeiro pacto, um verdadeiro acordo. Aí vem Isabel, chamada de ultramontana, jesuíta. Isabel, exemplo: quando ela recebeu a rosa de ouro do Papa Leão XI, ela convidou para a solenidade quem? Dom Macedo Costa, que havia sido preso no contexto da questão religiosa, porque ao lado de Dom Vital, expulsou maçons
de espaços católicos. Esse é um indicativo. Imaginem só um Sodan Amarinho supermaçom lendo esse caso. Ele inclusive escreveu "A Igreja e o Estado". Eu tenho o exemplar autografado pelo Sodan Amarinho aqui na minha biblioteca Oliveira Lima. Isso quer dizer o quê? Que eu sou uma escolha. Bom, nesse contexto, entendo: pessoal, Isabel era ultramontana na percepção de um Sodan Amarinho, de um Quintina Bucai Uva. Ela era de fato alguém que promoveria a viradeira. O que isso quer dizer? Primeiro, só colocando em ordem: ela era chamada de ultramontana para depreciá-los. E vocês consideram isso um elogio? Eu
estou entrando aqui na discussão do tempo. Segundo ponto: ela era chamada de jesuíta. Por que jesuíta? Porque ela defendia um estado dentro do estado, ou seja, o estado brasileiro foi configurado com um pacto oligárquico, e ela é católica etc. Ela quer romper com esse pacto, ela quer um estado dentro do Estado. Marquês de Pombal fez o quê? Não sozinho, com o apoio de Dom José III e de outros, expulsou os jesuítas, porque criavam um estado dentro do Estado. Então, quando ela era chamada de jesuíta, ela era apontada como alguém que daria vigor, uma nova roupagem
às celeumas do século XVII, celeumas lá do Tratado de Madrid etc. Da chamada era pombalina, que também, no campo da discussão histórico-social etc., é uma injustiça, porque parece que, quando nós pensamos em era pombalina, Pombal fez tudo sozinho. E não fez. Não reparem que eu fico me ajeitando, que eu vou olhando pela filmagem, pessoal, e às vezes, dependendo do movimento, parece que eu tenho seios, certo? Enfim, e eu não tenho seios, não tenho seios, certo? Tenho mamilos dignos, mas não seios. Continuo, afinal, sou um homem de peito. Não se pode ter tudo na vida. Enfim,
nessa dinâmica, o que eu quero dizer? Então, estou acompanhado, pessoal, do casal Mônica e Henrico. Então, aí eu volto a Isabel, chamada lá de jesuíta, de ultramontana e de que promoveria a viradeira. O que foi a viradeira? Mencionei agora, vocês vão começar a entender toda aquela cronologia que eu fiz, que faz muito sentido. Dona Maria I não sucedeu Dom José I pós-Pombal; ela sucedeu e provocou o quê? Uma reforma dentro das reformas pombalinas. Como ela, provavelmente, por crises depressivas, não conseguiu concluir o seu governo, essas reformas dentro das reformas ganharam o nome de viradeira. Que
ela estava promovendo uma viradeira nas reformas contra os próprios jesuítas. Bem, uma expressão portuguesa. Então, ela promoveria o quê? Uma viradeira católica. Então Isabel é um problema para os republicanos. Só para que não se percam aqui: a abolição entrou na discussão, a questão militar entrou na discussão, a Isabel viradeira, jesuíta, ultramontana entrou na discussão, uma tradição republicana entrou na discussão. Prestem bem atenção: cada um desses tópicos, além dos que mencionarei, eu poderia, com toda tranquilidade, explorá-los muito mais. Só a questão militar. Ela rende aqui muitas e muitas lives, aulas, como vocês queiram chamar. Isso aqui,
eu prefiro chamar isso aqui de espaço do superchat. Não se esqueçam, quero superchats, quero superchats. O Doritos está caro, tá certo? Eu quero superchats. Aí vou continuar, vou continuar nessa dinâmica de Isabel. Ela era casada com um francês. O que acontece? É um francês católico. Aí prestem bem atenção: eu não citei o imaginário da Revolução Francesa e tal. Então, o Conde, ele entrava numa certa simbólica de Luís XV. Os republicanos brasileiros somos quem? Os Robespierre. Então, o fato de Conde ser francês etc. entrava também no campo da discussão simbólica. E Conde, mesmo sendo líder militar,
atuou na Batalha de Campo Grande etc., lutou nas fileiras lá no Paraguai. O Conde não era alguém que gozava de muita popularidade; era alguém, assim, muito popular dentro do ângulo da elite desse pacto oligárquico. Eu não falo de popularidade no sentido geral, só que mencionei a popularidade. Às vezes, há aqueles que daqui a pouco já até escreveram aqui: Pedro I era popular etc. Entendam algo: escutem o pai, escutem agora, não escutem o profe, escutem o pai. O pai está aqui: popularidade e poder não são necessariamente a mesma coisa, certo? Bom, o povo, segundo Aresti Lobo,
assistiu ao golpe. Bestializado, vivemos num país sem nem saneamento básico pleno, mas é o país do fundão eleitoral e o país da gravata de Barroso. Não se esqueçam, então, o povo assiste a processos históricos de que maneira? Bestializado. Já que citei Barroso, por garantia, faço bem. Prossigo: Isabel, Conde. Resumi bem o processo no campo dessas duas questões religiosas. Escrevi um livro sobre a questão religiosa, "O Sofismo do Império", um livro heurístico, cheio de documentos primários anexados. Questão religiosa aí é um processo interessantíssimo, porque vejam só: José de Alencar, o célebre escritor, filho de padre. Quando
nós pensamos na revolta dos padres, revolta de padres... Maçons no Brasil foi, no sentido da Independência, também uma articulação dentro desse pacto oligárquico de padres, maçons, padres não maçons e leigos maçons. O Brasil se desenvolveu assim. Aí, Dom Vital resolveu escutar o Papa Pio IX quanto à Quanta Cura. O Papa Pio, que enfrentou na Itália o processo de unificação, lutou contra Garibaldi, que atuou na Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, e o nono escreveu a Quanta Cura e a Syllabus. Dom Vital levou a sério o que o Papa escreveu e, antes de obedecer os
regimentos do padroado brasileiro, passou a obedecer ao Papa. O resultado: maçons não gostaram. Aí, como bem poetizou o Lobão, "sangue e porrada na madrugada". Dom Vital acabou preso; na sequência, Dom Macedo Costa deu apoio a Dom Vital, que acabou preso. Existem suspeitas de que Dom Vital morreu até envenenado. Enfim, uma página muito difícil e uma página que tem as digitais de Pedro I. Por quê? Chegou o momento. Pedro II não era maçom. Não era maçom. Nesse cenário, era o Duque de Caxias, era o Visconde do Rio Branco, e os dois maçons pediam para Pedro III
não precisar aprender. Não era para tanto. E Pedro II foi lá intransigente, dizia: "é uma questão de Estado, é uma questão de Estado". Qual era o ângulo de Pedro II? É assim: existe um padroado, existe a Igreja no Brasil; se existe a Igreja no Brasil, Bom Vital obedece a ela. O que Dom Vital queria era obedecer a Roma. Qual era o problema do padroado que gerou um tipo de desgaste histórico? O padroado na França... Isso nós vamos encontrar na história colonial brasileira; algumas vezes obedecia à França, o padroado português obedecia ao regime de governo estabelecido
em Portugal, e assim sucessivamente. Logo, muitas vezes, a unidade católica se perdia. E Dom Vital era um crítico da falta de unidade; ele dizia: "precisamos olhar ao Papa, precisamos respeitar o primado". E quando nós pensamos em Pio IX, é o Papa do primado de Pedro, do dogma da Imaculada Conceição, do Papa do Concílio Vaticano I. Nesse sentido, só a questão religiosa gera um assunto gigantesco, gigantesco. E, aí, Isabel, recordo, convidou Dom Macedo Costa para a solenidade da Rosa de Ouro. São fatores que, somados, colocam vários agentes contra um único alvo, que é o Império Brasileiro.
Acabou por aí? Não, não acabou. Não acabou. Tivemos, na década de 70, a criação e o desenvolvimento de um Partido Republicano. O Império Brasileiro era algo no campo da liberdade, desde que você, evidentemente, assim, entenda uma liberdade no ângulo que estou dizendo, no que se refere à imprensa, aos discursos. Enfim, já que o Império Brasileiro não era livre, era um império estabelecido dentro de um regime escravocrata, mas era, de fato, no campo da liberdade, uma imprensa, um país assim livre, tão livre que nós vamos encontrar textos jornalísticos, como os de L. Trovão, B. Jardim e
outros republicanos, pegando o fim da República, a República do Império, das mais diferentes maneiras. Encontraremos textos virulentos contra o governo, defendendo, inclusive, a sua guilhotina, já que ele encarnava o símbolo de um Luís XV. E os jornais circulavam, e Pedro I permitia. Mas o que nos interessa aqui, que eu fiz menção, é a criação do Partido Republicano. Isso também entra. É um partido feito não assim por homens intelectualmente parecidos, sei lá, com Mac Car Zambelli ou com Carlucho, não; por homens de um gabarito como Campo Sales e D. Moraes. Tinham um projeto político, um projeto
de Estado. Embora o Partido Republicano não estivesse gozando de popularidade, era um partido que desfrutava, sim, de um plano político; tanto que, quando aconteceu o golpe, esse plano político, assim, começou a se inserir dentro do jogo. Então, estabelecido, o Partido Republicano precisa entrar na nossa conta. Outra questão: homens intelectualmente críticos ao império, mas que não eram necessariamente republicanos, entraram nas fileiras republicanas, como era o caso de Rui Barbosa. Rui Barbosa defendia um federalismo e entendia que, para que esse federalismo, nos moldes como ele desejava, moldes parecidos (tanto que até o nome do Brasil mudou, né,
virou Estados Unidos do Brasil), o Brasil precisava ser federalista. Para o Brasil dar certo, o Brasil precisa ser federalista. O império não vai conseguir fazer o Brasil ser federalista; logo, eu vou apoiar o novo modelo político que possibilitará isso. O federalismo também vale uma aula especificamente no campo da discussão. Era tema corrente na Regência, era tema corrente, assim, durante momentos do Segundo Império. Enfim, então certos intelectuais apoiaram o golpe porque acreditavam em pautas e acreditavam, de fato, que o novo modelo político daria a possibilidade para tais pautas. Acabou? Os temas? O Império caiu por essas
razões? Não, tem mais. Tem mais. Então, esses republicanos de última hora, definirei assim, mas novas ideias apareceram no campo das discussões: o positivismo, isso é um exemplo muito forte; o darwinismo. Novas ideias entraram em circulação. Deodoro da Fonseca não era positivista, já esclareço. O positivismo tinha uma vertente, não até darwinista social, uma outra vertente religiosa, uma outra vertente mais tecnocrata. Enfim, ainda havia o desgaste de lideranças históricas que mantiveram os partidos liberal e conservador voltando à política nacional. O desgaste, então, o Partido Liberal e o Partido Conservador não desfrutavam mais de arquitetos políticos como tiveram.
Não tinham presenças dentro desses dois partidos tão consolidadas que fossem capazes de, "peraí, vamos reorganizar aqui o pacto oligárquico". Há muitos interesses que contrariam o Império Brasileiro. Em resumo, tudo isso conjugado e, tem mais fatores. Tudo isso unido, tudo isso conjugado, tudo isso articulado. Bem, naquele movimento de que "o inimigo do meu inimigo passa a ser meu amigo", nós chegamos no 15 de novembro de 1889. E há quem pense: Natal, solidariedade peniana, sempre mencionada. A solidariedade peniana que Deodoro da Fonseca acordou com uma dor no seu testículo esquerdo. Deu uma... Leve coçada e op, pera
aí, pera aí! Não, não, não, não, não! Isso não! Isso não, pessoal! É de um simplismo, é de um simplismo. Enfim, a república de fato era inevitável. Ela, dentro da conjuntura do tempo, era inevitável; ela aconteceria. Isso não é um elogio, isso não é nada disso, mas ela aconteceria. E ela aconteceria de um modo tão inevitável que até Oitor Lira coloca que acreditava, de fato, que a república aconteceria no Brasil. O que ela não acreditava era o modo virulento como ela ocorreu, com Pedro I tendo que ir embora do país como um criminoso, de um
modo absurdo. Aí, sobre Pedro I: seu exílio, sua vida, tema aqui no canal para ser discutido. Eu sei que vocês vão se interessar, mas para que isso ocorra, este canal precisa ficar relevante. Então, negativem o vídeo, falem mal do vídeo ou falem bem do vídeo; sejam haters, sejam amigos, parceiros! Mas o Império Brasileiro caiu por todos esses fatores e mais alguns que eu entendo que são importantes, mas de menor importância. Tudo isso fez com que o terceiro Império Brasileiro não acontecesse com Isabel, e o império que tudo indicava teria como time diplomático Rebolsas, Joaquim Nabuco,
Barão do Rio Branco. Importante, quando cito a abolição como um problema, também vem pelo ângulo de que não só antigos proprietários de escravos, antigos senhores, mas também vem pelo ângulo de que abolicionistas não gostaram. Não todos, evidentemente, mas eu cito como exemplo Vicente de Souza; não gostaram do modo como a abolição foi desenvolvida, no seguinte sentido: a abolição aconteceu, e a política social a partir dela… Onde está, então, a abolição? Ela foi um problema em vários ângulos e não só no ângulo do antigo proprietários. Só para deixar esse anexo. Agora sim, temos superchats! Unger enviou
um superchat de R$ 10 e disse: "Obrigado, faz o t." É isso. Mateus Cereja enviou R$ 5 e disse: "Boa noite, professor! A polêmica sobre comemorar ou não a independência do Brasil; o senhor ainda mantém-se favorável a essa comemoração?" É evidente, evidente que eu me mantenho favorável à comemoração da independência brasileira e mantenho, evidentemente, a descrição histórica que apresentei. E não se trata, no meu ângulo como historiador, de me manter favorável porque eu sou um torcedor, eu sou um adepto, um defensor de teses; não se trata disso. Mas foi de fato uma página histórica que
vivenciamos e acredito, de fato, olhando sem ser anacrônico, que a conclusão desta fase foi a melhor dentro das possibilidades. Afinal de contas, entendam bem: eu tenho dois caminhos ali, grosso modo, em 1822: retroceder, voltar a ser uma colônia, ou então me expandir, me desenvolver. Qual foi o caminho escolhido? Olha, eu quero me expandir, eu quero me desenvolver, e o partido português está impossibilitando isso. Guimarães enviou R$ 10,90 e disse: "O que é semipresidencialismo?" Ah, o que é semipresidencialismo? Vamos lá! Um modelo semipresidencialista precisa, dentro aqui da nossa conversa, entrar dentro de uma conjuntura narrativa que
eu entendo que pedagogicamente ficará melhor se eu inserir outras nomenclaturas, como exemplo. É algo que é bem comum no nosso debate contemporâneo: o presidencialismo de coalizão. Enfim, o que eu vou combinar com você é que é uma estrutura que eu quero estabelecer aqui dentro do canal. Foi muito boa sua pergunta; por isso, perguntas que estão muito fora da cronologia que apresentei, vocês não precisam depois, no futuro, mandar um superchat. Me mandem no Instagram: "Professor, não se esqueça da minha pergunta!" que eu vou responder. Mas eu quero inserir a sua pergunta dentro de uma outra chave
de discussão, que é a estrutura, digamos assim, abrangente do presidencialismo, seja o brasileiro ou de outros modelos políticos, certo? Então, guarde isso. Não estou, evidentemente, ignorando a sua pergunta. Muito pelo contrário! Estou dando valor à sua pergunta, tanto que eu quero inseri-la dentro de um espaço mais adequado, porque aqui, no meio da discussão sobre o império, ela fica um pouco isolada. Numa discussão, por exemplo, sobre o presidencialismo brasileiro, aí ela fica bem inserida, bem encadeada, e aí eu entendo que ela fica mais valorizada. Isab enviou R$ 1,90 e não disse nada. Muito obrigado, muito obrigado,
minha querida! Rogério enviou R$ 5 e diz: "Thomas, manda um abraço para meu primo libanês que é seu fã." Balança, rola! Um abraço, balança, rola! Um abraço bem apertado, balança, rola! Querido, não só um abraço, um beijo em você, balança, rola! Caio Casaroto enviou R$ 27,90 e diz: "É possível dizer que, após a queda de Dom Pedro I, o povo se tornou como que órfão de um pai?" Qual é, qual é buscado durante todo o período republicano? Sem dúvida! Mas o pai… Ótima pergunta! O pai não é necessariamente Pedro I, mas o poder moderador foi
vacante, e até hoje ele está aí. Então, é o exército, é o STF... Enfim, o poder moderador deixou o país vacante, deixou o país órfão, e isso é muito bem desenvolvido, exemplo, por autores como João de Scatimburgo, João Camilo de Oliveira Torres e outros que versaram sobre essa ausência do poder moderador. É essa orfandade que eu acredito, de fato, que ainda paira no Brasil. Flávia Cunha enviou R$ 10,90 e diz: "Dom Bertran errou no vídeo que você postou." Errou! Vamos lá, então! Vamos lá! Sabia que ia comentar isso durante o vídeo, mas eu não quis
comentar porque eu queria o superchat. Muito bem, muito obrigado! Vamos lá! Bou demais, bou demais! Primeiro, deixa eu contar uma história para vocês: eu vi há alguns dias um corte do Vilela colocando o seguinte: que o Dom Bertran não quis participar, né? Tô resumindo aqui o que foi colocado no corte. Não quis participar do "Inteligência Limitada" porque no programa falava-se palavrão e tentou pautar... O programa é isso. Acabou reverberando numa desarticulação, e o programa foi cancelado. Eu imagino, sem dúvida alguma, Pedro I. Pedro I não participando de uma conversa porque tem palavrões. Eu imagino, sem
dúvida, sem o homem que ajudou a povoar o bairro de São Cristóvão, como eu gosto de dizer, né? No Rio de Janeiro, todo mundo tem sangue real. E, no primeiro, pessoal, no Primeiro, era um homem assim. Eu amo Pedro I. Com seus problemas, como personagem, ele não tinha dois testículos, ele tinha 70 testículos. Ele era o homem certo para a hora certa, como ele mesmo definiu nas disputas que culminaram, né, na independência brasileira. Ele dizia: "Tô aqui", parafraseando, mas a expressão "rapazinho" ele usou. Se não estão gostando, venham e falem com o "rapazinho". Esse era
Pedro I. Esse era Pedro I. Pedro I não era aquele tipo de homem de "ninguém vai pegar o meu celular". Pegaram o meu celular. Pedro I não era assim. Pedro I foi para Uruguaiana, no meio da guerra do Paraguai. No meio, Pedro I, herói, herói militar brasileiro. Dom Bertran, não vou em podcasts que falam... Vamos lá, então. Vamos lá! Errou naquela frase. Errou. Errou totalmente. Ah, porque a Baronesa do Triunfo, Gaspar Silveira Martins. Mas, por partes, porque eu acho que é interessante colocar da seguinte forma: Professor, você não estava lá na produção da Última Cruzada.
Estava lá, sim e não. Eu fui um orientador intelectual, ajudei a pensar o projeto, ajudei a desenvolver questões, apresentei bibliografia, mas eu não posso ser responsabilizado por trechos escolhidos por uma equipe de marketing. Não posso ser responsabilizado. Quando recebi os episódios antes de suas respectivas publicações, pontuei, e não só com relação à fala de Dom Bertran. Como exemplo, a Inquisição no Brasil foi pessimamente explorada; a questão religiosa no Brasil foi pessimamente explorada. Tem outros problemas. Ao mesmo tempo, tem uma série de valores. Então, eu não estou desdenhando do meu trabalho, eu não estou desdenhando dos
documentários, eu não estou desdenhando de nada disso, mas a fala apresentada pelo Dom Bertran, quem é meu aluno há mais tempo, sabe que eu sempre sinalizei que é uma fala estúpida, ignorante. É uma fala que não se sustenta. Não se sustenta. Então, vamos lá. Coloquei todos esses fatores. E aí, o que foi determinante para o golpe republicano foi o nome de Gaspar Silveira Martins. Pobre, né? É um argumento pobre. Não, mas precisava, assim, aquele momento precisava da liderança de Deodoro? Sim, é verdade, mas o Deodoro não foi o único militar que conspirou. Teve o Pelotas,
teve o Floriano Peixoto, Benjamin Constant e outros. Deodoro, ele era isso. O episódio da questão militar bem evidencia. Ele era um militar. Ele acabaria, inevitavelmente... Isto não estou especulando em cima do nada, estou especulando em cima de documentação, de bibliografia. Ele acabaria, inevitavelmente, aderindo ao golpe. Ele aderia, ele iria aderir. Então, solidariedade peniana é pobre. Não faz sentido. Tá, dois. Gaspar Silveira Martins e Deodoro da Fonseca não se gostavam. Sim, não se gostavam. É o fato. Ah, talvez tenha a relação com a Baronesa do Triunfo? Talvez tenha, talvez tenha mesmo, mas eu não sou o
colchão, certo? Não sei, de fato, o que se passou no colchão do Gaspar Silveira Martins. Ainda vamos lá. Deodoro da Fonseca não tinha só em Gaspar Silveira Martins um adversário; ele tinha outros adversários. Outros adversários. Vamos mais longe. No meio dessa fala, pensemos no 15 de Novembro, com todos esses movimentos, com todas essas situações, com todas essas complexidades. Será que foi decisivo para Deodoro apenas esse nome ou ainda nas mentiras que se apresentavam? Olha, não faz muito sentido. O episódio de Sena Madureira indica bem que o golpe foi muito mais do que uma solidariedade peniana.
Muito mais sobre Deodoro da Fonseca. Entendam, ele conspirou de fora e ele deu indícios a partir, em especial, de 1885 que estava conspirando. Ele conspirou fora e Floriano Peixoto conspirou dentro. Enfim, então a fala de Dom Bertram fala assim: muito ruim, muito ruim, muito ruim. Nós temos um tipo de problema que falta botar assim: falta estética. Pedro I dentro desse dito movimento monarquista brasileiro falta. Pedro I, muitas vezes, a pessoa acha que ela é monarquista porque fala de um jeito empolado, coloca suas mãozinhas para a frente, bate uma foto fazendo biquinho e uma pose de
coxinha, sendo que Pedro I ele era popular. Porque ele não era um coxinha. Pedro I ele era popular também, só que, claro, né? Etc. Seu temperamento, tudo isso somou-se, né, ah, para assim a sua volta a Portugal, e também o fato de que ele olhava para a realidade de Portugal, não esquecendo. Então, Portugal, enquanto estava no Brasil, etc. Só... Pedro I aqui vale muita coisa para ser dita. Mas enfim, a monarquia brasileira tem uma característica popular, por isso que eu brinco, né, que Pedro I povoou o bairro de São Cristóvão, pro bem e pro mal.
Pro bem e pro mal. Pedro I tinha, de fato, muito antes do Getúlio Vargas, uma tradição de receber populares com suas demandas no Palácio de São Cristóvão. Ele recebia uma vez por semana. Tanto que André Rebas narra no seu diário que, quando ele foi chamado, então, depois de ter se colocado à disposição para ser um voluntário da pátria, ele foi a São Cristóvão para avisar Pedro II de que "ó, sou voluntário da pátria". Quando ele chegou em São Cristóvão, Pedro I estava atendendo populares. É completamente diferente. Não estou dizendo que Dom Bertran não atende pessoas
populares, etc., mas assim, eu fiz a referência à questão do podcast. Isso é completamente desarticulado com a história monárquica brasileira. Completamente diferente. Completamente diferente, inclusive no sentido privado. Isabel, exemplo, que na comparação com seu pai e com seu avô era uma figura evidentemente muito mais sofisticada. Muito mais educada, e Pedro I, não quero chamá-lo aqui como a Mar del Prior chamou de Caipirão, sem postura, nada disso. Pedro I era um homem também sofisticado, e ainda mais, ainda mais, mas ao mesmo tempo popular, com esse tempero meio brasileiro. Isabel, ela não era uma mulher com pouca
coragem; muito pelo contrário, ela é protagonista na Lei do Ventre Livre, ela é protagonista na Lei Áurea, ela colocava as camélias nos filhos, mostrando a sua inclinação, isso antes da abolição, a inclinação abolicionista tanto dela quanto da sua família. Isabel era muito corajosa, muito corajosa! Ela jamais iria fugir, eu acredito, de um podcast porque se fala palavrão, certo? Ainda as manifestações de Isabel, pós-golpe, também indicam que o golpe republicano não foi interpretado pelos agentes do tempo, agentes monárquicos, como uma solidariedade peniana; muito pelo contrário, muito pelo contrário. Agora só repito, né? No sentido privado, Deodoro
da Fonseca não gostava de Pascoal Martins, sim, provavelmente, assim como Deodoro da Fonseca não gostava do Benjamin Constant, não gostava do Saldanha Marinho, por isso até que eu fiz a confusão. Não gostava, enfim, do Floriano Peixoto, passou a não gostar. Então, se você fosse fazer um golpe republicano a partir de quem Deodoro da Fonseca gostasse, um pouco difícil de acontecer. Rafael N. envia R$ 20 e diz: "Você já falou em live que não faz sentido falar de monarquia hoje no Brasil se temos quase metade da população sem saneamento básico. Explora essa ideia, por favor, para
esclarecer a quem acha que a monarquia seria a salvação de tudo." Primeiro, isso aqui é um vale de lágrimas, tá no Salve Rainha. Ponto dois, vamos lá: no Brasil, o rei Roberto Carlos é muito mais conhecido do que, por exemplo, Dom Bertran. Isso é um fato histórico, né? Sei lá, no Brasil a opinião política da Dra. Deolane é muito mais importante do que a minha, esse é o Brasil. Sei lá, o BBB é algo muito representativo no Brasil. Geralmente, pode não ser na sua bolha, mas é como as coisas de fato se desenvolvem no Brasil.
Exemplo: se você for somar os seguidores da André Surak, ela tem muito mais seguidores do que a Brasil Paralelo. Aí, por que citei a Brasil Paralelo? Vejam só que interessante: Brasil Paralelo funciona como um amálgama de diferentes pessoas, ou seja, cada um vai levando o seu público para aquele espaço e, mesmo dentro desse espaço, no qual vários levaram suas respectivas audiências, a André Surak sozinha tem muito mais seguidores. Esse é o Brasil real. Brasil real é o país que não tem saneamento básico pleno. Bem lembrado! Brasil é o país em que as taxas de criminalidade
são altíssimas. O Brasil é o país do Lula na presidência da República. O Brasil é o país em que o dito em chê é apontado por muitos como o principal nome de oposição ao Lula. É o país no qual o seu bicentenário da independência foi comemorado aos gritos falcêntricos de Em Broch, etc. Ou seja, os exemplos de que o Brasil não é hoje nem perto de um país razoável são muitos exemplos. Muitas comoções públicas, já que citei a Deolane com a sua prisão, etc. Se você for pegar os 10 músicos mais tocados brasileiros, etc. Enfim,
tem o Brasil real, tem o Brasil dentro da sua bolha social. Monarquia pode voltar dentro desse espaço? Será? Assim, o Lula é presidente do Brasil. Você tem um pacto político com o colunista? Etc. Hugo Mota, que que é razoável? É acreditar que a monarquia no Brasil pode voltar? Isso não faz sentido nenhum. Aqueles que de fato acreditam que o movimento monarquista no Brasil está crescendo, crescendo por quê? Porque no Congresso tal, foram mais monarquistas que bateram fotos empoleirados com seus biquinhos, suas hastags colocadas e com suas caras de inimigos do clitoris. Nossa, esse é o
resumo do movimento monarquista. Eu me considero monarquista e eu sempre tenho que dizer: olha só, eu sou monarquista, mas eu não faço parte dessa galera, tá certo? Eu não sou um inimigo do clitoris, beleza? Não, muito pelo contrário! Quero ser um aliado do clitoris. Então, momentos à parte, o que eu quero dizer é: sim, é terrível esse cenário e a pessoa realmente acredita de fato que "Ah... participar do Inteligência Limitada que tem palavrão". Esse é o que foi apresentado, pelo menos, né? Se não foi bem assim, é outras coisas, eu não tô ali, né? Mas
foi isso que foi repercutido pelo próprio Vilela. Então, objetivamente, assim, o movimento monarquista no Brasil, dependendo do caso, a pessoa se define monarquista e ela não sabe nem entender quem foi o Zacarias de Góis e Vasconcelos, quem foi o brás Florentino, qual a interpretação que o brás Florentino deu para o poder moderador, qual a interpretação que o Zacarias de Góis e Vasconcelos deu para o poder moderador. A pessoa nem sabe isso, a pessoa nem entende o que é um poder moderador. A pessoa usa muitas vezes uma interpretação um pouco elitista, inclusive, sobre monarquia. Ela pensa
muitas vezes na monarquia brasileira como se fosse uma espécie de Belle Époque brasileira, sendo que a Belle Époque brasileira, no sentido assim de consagração, aconteceu na presidência do Rodrigues Alves e não significa que seja um elogio, muito pelo contrário. Então, a pessoa tem uma visão... Certa vez, eu estava numa live e aí um rapaz disse: "ah, eu gostaria que a monarquia voltasse". Aí eu disse: "Olha só, deixa eu fazer a seguinte menção para você: defina, por favor, monarquia, para que eu possa, de fato, começar a conversar." Conversa muito parcial, modelo político, certo? Vamos lá, como
a monarquia cobrava impostos? Como era o sistema tributário brasileiro? Qual... Era, existia um sistema previdenciário no Brasil; ou seja, fazendo perguntas assim, gerais sobre a estrutura do Estado, então não tem chance. Não tem chance, não tem chance, não tem chance, não tem chance, certo? Não tem chance! É mais fácil a Andr Surak engravidar da Tamy Gret do que o Brasil virar uma monarquia de novo, tá? Fechou! Então é isso, pessoal; obrigado pelas participações! Espero que vocês tenham aprendido alguma coisa e até segunda-feira, 20 horas. Monteiro Lobato! Este é o nosso tema. Sigamos! Fiquem bem até!