[Música] menina entrega à mãe um desenho perturbador acompanhado de uma revelação terrível sobre o padrasto atordoada a mãe decide fingir que vai sair mas se esconde debaixo da cama o relógio da cozinha marcava 17:45 quando Cláudia finalmente entrou em casa o dia havia sido exaustivo como todos os outros naquela semana mas o simples pensamento de estar com sua filha a enchia de uma paz familiar ela colocou a bolsa no sofá da sala e tirou os sapatos sentindo o frio do chão nos Pés Cansados caminhou até a cozinha onde esperava encontrar Júlia sentada à mesa talvez
distraída com seus desenhos ou brincando com seus ursinhos de pelúcia mas a cozinha estava vazia e o silêncio na casa era incomum Júlia onde você está querida a mamãe já chegou chamou a voz ressoando pelos cômodos vazios mas não houve nenhuma resposta Cláudia olhou ao redor percebendo que não havia sinal da filha o som habitual da televisão os passos leves de Júlia ou mesmo a risada ocasional da menina não estavam lá para preencher o ambiente um leve incômodo tomou conta dela Júlia você está aí chamou novamente um pouco mais alto subindo as escadas Cláudia se
dirigiu ao quarto da filha a porta estava fechada o que era incomum pois Júlia costumava deixá-la entre aberta ela parou por um instante tentando dissipar a sensação estranha que se instalava em seu peito respirando fundo bateu suavemente na madeira Júlia chamou novamente com mais suavidade um som abafado um soluço engasgado chamou sua atenção para o canto do quarto ao acender a luz Cláudia viu Júlia encolhida entre a cama e a Parede O Rosto Escondido entre os joelhos o corpo pequeno tremendo como uma folha meu amor o que aconteceu Cláudia se ajoelhou ao lado da filha
sentindo o coração disparar Por que você está chorando você está machucada Júlia Balançou a cabeça mas não levantou os olhos Cláudia sentiu um calafrio querida você sabe que pode me contar qualquer coisa não sabe insistiu tentando tocar o ombro da filha não quero falar sobre isso murmurou Júlia quase inaudível Júlia por favor se você está triste assustada seja o que for eu estou aqui para te ajudar a voz de Cláudia estava embar mas ela se Manteve firme nada é mais importante para mim do que você meu amor Júlia levantou o rosto lentamente e os olhos
vermelhos e inchados pelas lágrimas a expressão dela era de Puro medo ele disse que vai me matar se eu contar Cláudia congelou um arrepio percorreu sua espinha E ela sentiu o ar faltar por um momento quem meu amor Quem disse isso a preocupação deu lugar a um Pânico crescente Júlia hesitou antes de responder como se a simples menção do nome pudesse trazer algo terrível então com a voz trêmula ela sussurrou o pai Rubens por um instante o mundo de Cláudia pareceu parar Rubens seu companheiro o homem que vinha ajudando a criar Júlia nos últimos dois
anos não podia ser verdade havia algum engano Rubens era carinhoso atencioso sempre tão gentil com Júlia o que você quer dizer com isso perguntou Cláudia tentando manter a calma foi tão carinhoso com você por que ele diria algo assim Júlia se afastou recuando contra a parede Como se quisesse desaparecer eu sabia que você não acreditaria em mim gritou com a voz cheia de desespero é por isso que eu não queria contar nada Cláudia sentiu uma dor aguda no peito Nunca havia visto a filha tão apavorada Nunca havia sentido a própria mente tão confusa e dividida
Júlia olha para mim disse segurando delicadamente o rosto da filha Eu acredito sim minha pequena eu estou ouvindo você confia em mim não confia Eu prometo que vou te proteger mas você precisa me contar o que aconteceu Júlia hesitou os olhos ainda marejados mas finalmente sussurrou ele faz coisas ruins ele diz que são jogos mas mas eu não gosto mamãe Ele disse que vai me matar se eu contar para alguém eu não quero morrer Cláudia se afastou lentamente tentando processar aquelas palavras a culpa o o medo tudo parecia tão devastadoramente cruel ela queria negar dizer
que aquilo era impossível que Rubens jamais faria algo assim mas os olhos de Júlia estavam cheios de verdade levantando-se com dificuldade Cláudia respirou fundo fique aqui querida não precisa se preocupar com mais nada eu vou cuidar disso Júlia Segurou o braço dela com força por favor mamãe não deixe ele saber que eu contei por favor Cláudia se ajoelhou novamente Abraçando a filha com força eu prometo Meu amor você está segura agora ninguém vai te machucar de novo Saindo do quarto Cláudia fechou a porta com cuidado mas sua mente estava um turbilhão Ela desceu as escadas
como em transe indo até a cozinha pegou um copo d'água com as mãos trêmulas Cláudia ainda estava Processando o que a filha havia contado quando ouviu a porta da frente Abrir Querida cheguei a voz calorosa de Rubens ecoou pela casa ela deixou o copo de água cair respirando fundo tentou se recompor ele não podia saber que algo estava errado ainda não Rubens entrou na cozinha com o mesmo sorriso confiante de sempre os olhos brilhando de alegria ao vê-la Como foi seu dia amor perguntou ele colocando a pasta de trabalho sobre o balcão Cláudia Manteve a
postura firme mas forçou um sorriso foi cansativo quer que eu peça algo para o jantar assim você não precisa cozinhar sugeriu ele aproximando-se para beijá-la ela recuou movendo-se quase por reflexo Não obrigada estou sem fome hoje o sorriso de Rubens vacilou por um momento mas logo ele retomou a expressão descontraída Tudo bem então e a Júlia onde está perguntou abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de água o coração de Cláudia acelerou ela sabia que Rubens ia querer ver a filha sabia que Júlia não estava preparada para enfrentar Ela está dormindo não estava se sentindo
bem Rubens franziu o senho preocupado o que ela tem você deu alguma coisa para ela ah só uma uma dor de cabeça não é nada sério eu disse para ela descansar ele bebeu um gole de água e colocou a garrafa na mesa olhando para Cláudia com uma expressão de leve incredulidade vou subir para vê-la Quero desejar boa noite o pânico tomou conta de Cláudia não disse alto demais antes de se recompor Quero dizer ela está dormindo Rubens não acho que deveríamos acordá-la ele estreitou os olhos claramente desconfiado não vou acordá-la Cláudia só vou dar uma
olhada não acho que seja demais querer ver minha entiada antes que ela pudesse impedi-lo Rubens começou a subir as escadas Cláudia o seguiu o coração martelando no peito ele parou em frente ao quarto de Júlia e abriu a porta lentamente Júlia estava deitada o rosto virado para a parede fingindo dormir ao ouvir os passos de Rubens ela se encolheu ainda mais sob as cobertas Cláudia viu atenção na filha o pequeno tremor de seus ombros e teve que fazer um esforço sobrehumano para não gritar Júlia chamou Rubens suavemente aproximando-se da cama Cláudia entrou no quarto logo
atrás dele torcendo para que Júlia mantivesse a calma a menina virou-se lentamente os olhos arregalados e assustados ao ver Rubens tão perto oi pequena sua mãe disse que você não está se sentindo bem disse ele ajoelhando-se ao lado da cama o que foi mocinha está com dor Júlia hesitou olhando para Cláudia como se implorasse por ajuda Cláudia se aproximou rapidamente colocando uma mão no Ombro da filha dor de cabeça respondeu Júlia com a voz baixa e trêmula Ruben sorriu aparentemente satisfeito com a resposta Ah entendi deve ser cansaço vou pedir paraa sua mãe te dar
um remedinho tá bom ele se inclinou e deu um beijo leve na testa de Júlia Boa noite pequena melhoras Júlia ficou imóvel os olhos fixos no teto Cláudia viu as lágrimas represadas prestes a escapar seu coração apertou mas ela Manteve o sorriso falso vou cuidar dela Rubens Não se preocupe ótimo você é a melhor mãe que ela poderia ter disse ele levantando-se e saindo do quarto com um sorriso relaxado assim que Rubens fechou a porta Júlia começou a chorar baixinho escondendo o rosto entre as mãos Cláudia sentou-se ao lado da filha e segurou sua mão
está tudo bem meu amor ele foi embora Júlia soluçou mas não disse nada Cláudia sentiu uma raiva crescente por não poder protegê-la naquele momento a raiva foi acompanhada por uma onda de culpa sufocante você está segura agora eu prometo Depois de alguns minutos Júlia se acalmou o suficiente para adormecer novamente Cláudia permaneceu no quarto até ter certeza de que a filha estava tranquila quando Voltou ao quarto que dividia com Rubens encontrou-o já deitado lendo um livro Ela está bem perguntou ele sem tirar os olhos da página sim só cansada respondeu Cláudia deitando-se ao lado dele
Rubens apagou a luz e se virou para o lado adormecendo rapidamente Cláudia permaneceu acordada por algum tempo encarando o teto escuro enquanto as palavras de Júlia ecoavam em sua mente ela tentou justificar tentou encontrar alguma explicação lógica para as coisas que havia ouvido mas o o cansaço finalmente a venceu e ela adormeceu inquieta e com o coração pesado era madrugada quando Cláudia acordou de repente sentindo o lado da cama onde Rubens estava a esfriar por um segundo ela pensou que ele pudesse ter ido ao banheiro ou à cozinha mas os ouvidos treinados pela preocupação captaram
um som Sutil o ranger da porta sendo aberta suave demais para ser casual Cláudia abriu os olhos parcialmente o suficiente para ver Ruben Saindo do quarto ele se movia com cuidado como se quisesse evitar qualquer barulho Ela fechou os olhos rapidamente fingindo dormir enquanto seu coração começava a acelerar esperou alguns segundos após ele sair e então levantou-se silenciosamente sentindo o chão frio nos pés seguiu Rubens pelo corredor escuro mantendo uma distância segura para que ele não percebesse sua presença suas mãos suavam e a tensão em seu peito era quase insuportável Rubens parou em frente ao
quarto de Júlia Cláudia conteve a respiração ao vê-lo girar a maçaneta com cuidado quando a porta começou a se abrir ela não conseguiu mais se conter Rubens chamou a voz baixa mas firme ele parou imediatamente quase como se tivesse levado um susto virou-se devagar os olhos arregalados a luz fraca do Corredor acentuava a surpresa em seu rosto Cláudia O que você está fazendo acordada perguntou claramente desconcertado Ela cruzou os braços tentando parecer mais calma do que estava Eu que te pergunto o que você está fazendo no quarto da Júlia no meio da noite Rubens esfregou
a nuca desviando o olhar por um momento eu eu ouvi ela chorando achei que ela pudesse estar se sentindo mal de novo e Quis Ver como estava Cláudia estreitou os olhos o tom de voz de Rubens parecia convincente mas algo dentro dela gritava que aquilo não fazia sentido chorando perguntou arando uma sobrancelha eu não ouvi nada talvez você estivesse dormindo mais profundamente Desculpe se te assustei amor não era minha intenção sugeriu ele abrindo um sorriso tímido Cláudia olhou para ele por um momento antes de passar por Rubens e abrir a porta do quarto da filha
Júlia estava deitada de lado respirando profundamente estava claro que ela estava dormindo e não tinha chorado Ela está dormindo Rubens disse Cláudia sem esconder a desconfiança na voz Rubens olhou por cima do ombro dela a expressão um tanto embaraçada bem acho que estou ouvindo coisas Talvez eu tenha imaginado Sabe fiquei preocupado depois de tudo que aconteceu ontem à noite ela não parecia bem e eu só queria ter certeza de que estava tudo certo Cláudia se voltou para ele ainda em Alerta Não era mais fácil ter me acordado eu sou a mãe dela rubben suspirou abrindo
as mãos em um gesto De rendição Tem razão foi um impulso bobo Eu não queria te incomodar só que você sabe o quanto me importo com a Júlia ela é como uma filha para mim Cláudia eu só quero o bem dela por um momento Cláudia quase acreditou nele ele parecia genuinamente preocupado com uma expressão que sugeria arrependimento por tê-la Assustado mas algo não se encaixava tudo bem disse finalmente tentando esconder a desconfiança na voz mas da próxima vez me avise não quero acordar no meio da noite sem saber onde você está ru aparentemente aliviado combinado
prometo não me levantar como um fantasma de novo desculpe de verdade Cláudia Apenas assentiu sem devolver o sorriso voltaram para o quarto juntos mas enquanto Rubens se ajeitava na cama e fechava os olhos quase imediatamente Cláudia ficou deitada imóvel olhava para o teto os pensamentos girando como um turbilhão ele é como um pai para ela a frase ecoava na mente de Cláudia mas não trazia conforto pelo contrário fazia com que ela se sentisse ainda mais desconectada daquele homem que até então parecia ser o companheiro perfeito algo estava errado ela sabia disso agora e a cada
dia que passava sentia que estava se aproximando da Verdade uma verdade que embora temesse precisava enfrentar nos dias que se seguiram aquela madrugada tensa Cláudia sentiu sua vida virar um eterno estado de alerta cada movimento de Rubens era observado cada palavra dita cada olhar trocado entre ele e Júlia tudo era analisado meticulosamente mas por mais que procurasse ela não encontrava nada que confirmasse as suspeitas Rubens parecia normal atencioso educado Gentil quando Júlia descia para o café da manhã ele sempre perguntava como ela tinha dormido e oferecia ajuda para arrumar a mochila da escola ao final
do dia trazia pequenos presentes um chocolate um livro de colorir ou mesmo uma flor que dizia ter visto no caminho e achado a cara da pequena qualquer um diria que ele era o padrasto perfeito mas Cláudia sabia algo estava errado Júlia não era mais a mesma menina de antes AOS 7 anos era uma criança doce e carinhosa cheia de energia Antes quando Rubens chegava em casa ela corria para abraçá-lo e mostrava seus desenhos e histórias do dia agora quando a porta da frente se abria e a voz de Rubens ecoava pela sala Júlia congelava seu
sorriso se desfazia ela abaixava a cabeça e muitas vezes inventava desculpas para se retirar e Cláudia via Júlia evitava olhar para Rubens o comportamento dela era a única coisa que confirmava as suspeitas Mas isso não era o suficiente para fazer uma denúncia Cláudia sabia que sem provas concretas seria a palavra de uma criança contra a de um homem que parecia irrepreensível e isso a atormentava as noites de Cláudia eram consumidas por insônia e vigília ela ficava deitada os ouvidos atentos para qualquer som no corredor qualquer movimento fora do lugar as poucas vezes que conseguia dormir
acordava Suada com o coração disparado o cansaço começava a cobrar seu preço foi em uma tarde em um de seus dias de folga enquanto preparava o almoço que Cláudia decidiu tentar mais uma vez falar com Júlia seu coração estava apertado o estresse acumulado a fazia sentir-se fraca mas precisava tentar A menina estava em seu quarto sentada no chão com papéis e lápis de cor espalhados à sua volta desenhava algo com concentração os olhos fixos no papel Oi meu amor disse Cláudia entrando devagar posso entrar Júlia olhou para cima por um instante hesitando mas assentiu Cláudia
sentou-se ao lado dela observando os rabiscos coloridos era um desenho simples com figuras de palitinho Cláudia não prestou muita atenção ao desenho naquele momento estava mais focada em encontrar as palavras certas está desenhando algo bonito perguntou com suavidade não é nada respondeu Júlia puxando o papel para perto tentando escondê-lo Cláudia respirou fundo era a hora Júlia podemos conversar um pouquinho sobre o que você me contou o outro dia a menina imediatamente se encolheu apertou o lápis na mão e Balançou a cabeça com veemência não mamãe eu não quero falar disso não posso meu amor eu
sei que é difícil mas eu preciso entender para poder te proteger Júlia começou a sacudir a cabeça mais rápido as lágrimas brotando em seus olhos você não vai gostar de mim se eu contar vai embora e vai me deixar sozinha com ele Cláudia sentiu o estômago revirar o quê Júlia Por que você diria isso eu nunca iria embora de onde você tirou essa ideia ele disse gritou com a voz quebrada ele disse que se eu Contasse você ia embora porque não ia querer ficar comigo e então ia ser só eu e ele Cláudia sentiu uma
raiva fervente dentro dela mas a Manteve contida abraçou Júlia com força acariciando os cabelos dela Júlia Isso é uma mentira uma mentira Cruel que ele te contou para te deixar com medo eu nunca jamais iria embora não importa o que aconteça eu sempre vou ficar com você sempre menina fungou contra o peito da mãe mas ainda parecia hesitante você promete prometo meu amor eu prometo com todo o meu coração você é a coisa mais importante da minha vida eu nunca te abandonaria Júlia ergueu o olhar os olhos ainda cheios de Lágrimas mas algo no tom
da mãe Parecia ter atingido seu coração ela hesitou mas finalmente murmurou você não vai brigar comigo nunca só quero te proteger Júlia olhou para o lado parecendo envergonhado E então Estendeu o desenho que havia escondido antes Cláudia pegou o papel com as mãos trêmulas e ao olhar para ele seu coração disparou o desenho Era simples mas carregado de uma mensagem perturbadora nele duas figuras de palitinho estavam representadas uma claramente uma criança com uma expressão triste a outra ao lado sorria de forma exagerada e tinha a palavra pai escrita acima dela detalhes no desenho mostrava toques
desconfortáveis com linhas e setas desenhadas que pareciam indicar gestos ou movimentos dando ao desenho um significado aterrorizante Cláudia sentiu como se o chão tivesse desaparecido so seus pés sua visão ficou turva e lágrimas começaram a escorrer pelo rosto sem que ela percebesse o papel tremia em suas mãos Júlia o que o que é isso perguntou a voz falhando Jú olhou para o desenho com olhos e murmurou é como a gente brinca ele chama de passa passa Cláudia levou uma mão à boca tentando conter o soluço que subia por sua garganta seu corpo inteiro tremia ele
só brinca disso quando você não está em casa mamãe ele diz que é nosso jogo secreto Cláudia sentiu uma Fúria avassaladora dentro dela mas sabia que precisava ser forte precisava proteger Júlia ela segurou as mãozinhas da filha com firmeza Escuta meu amor isso que ele está fazendo não é uma brincadeira é errado e você não precisa guardar nenhum segredo dele tá bom você fez a coisa certa me contando Júlia parecia aliviada mas ainda assustada você vai brigar com ele perguntou hesitante não agora mas nós vamos embora daqui agora mesmo disse Cláudia se levantando Cláudia foi
até o armário e começou a pegar roupas para Júlia arrumou uma mala rapidamente ignorando o nó que apertava seu peito pegou algumas peças para ela mesma e com o celular na mão trêmula ligou para sua mãe mãe eu e a jula Estamos indo para ir não posso explicar agora mas é urgente Cláudia o que aconteceu você está bem só prepare o quarto para nós mãe estaremos aí daqui algumas horas ela desligou antes que sua mãe pudesse insistir em mais perguntas Júlia estava sentada na cama observando a mãe com os olhos arregalados estamos indo embora mã
meu para a casa da vovó lá você estará segura Júlia assentiu segurando o desenho apertado contra o peito Cláudia pegou a filha pela mão Desceu as escadas com a mala e abriu a porta saiu da casa com Júlia sem olhar para trás sabia que naquele momento não havia espaço para hesitação naquele dia Cláudia decidiu que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para proteger sua filha custasse o que custasse a estrada até a casa de seus pais naquele dia parecia interminável o céu escuro e a fina Garoa que caía sobre o para-brisa criavam uma
atmosfera pesada refletindo exatamente como Cláudia se sentia a viagem levaria cerca de 5 horas e ela não conseguia afastar da mente o desenho perturbador guardado em sua bolsa de vez em quando lançava um olhar para Júlia que dormia no banco de trás agarrada ao travesseiro e ao ursinho de pelúcia que ela havia conseguido pegar as pressas o fone de Cláudia vibrava sem parar no painel do carro era Rubens ele ligava repetidamente e as mensagens começavam a se acumular Onde você está Por que não está atendendo Estou preocupado está tudo bem ela sabia que precisava responder
se não o fizesse Rubens poderia desconfiar e agir de alguma forma com as mãos trêmulas encostou o carro no acostamento por um minuto respirou fundo e pegou o celular digitou uma resposta rápida Rubens Desculpe foi tudo muito corrido minha mãe caiu no banheiro não foi nada grave mas precisei vir correndo para ajudar Vou passar uns dias aqui com ela consegui uns dias de folga no trabalho não demorou para ele responder por que não me avisou antes posso ir até aí para ajudar Cláudia sentiu o coração acelerar mas respondeu rapidamente escolhendo as palavras com cuidado não
precisa ela está bem só um susto Eu cuido dela você tem que trabalhar não pode largar tudo assim que der volto para casa a resposta veio mais curta desta vez tudo bem então me avise se precisar de alguma coisa ela largou o celular no banco do passageiro e retomou a viagem sentindo uma pressão no peito não podia baixar a guarda nem por um segundo qualquer deslize poderia alertar Rubens de que algo estava errado e ela não podia correr esse risco era por volta das 22 horas quando Cláudia estacionou o carro na frente da casa dos
pais a luz da sala estava acesa e A Porta Se Abriu antes mesmo que elas saíssem do carro Dona Aurora com o roupão de lã e o rosto preocupado apareceu no batente graças a Deus vocês chegaram disse Aurora ajudando Júlia a descer do carro e dando um abraço forte na neta entrem está frio Cláudia guiou a filha para dentro carregando a mala nas mãos a casa cheirava a chá de hortelã e a bolo recém-feito como sempre era um lugar acolhedor familiar mas naquela noite Parecia um refúgio o que aconteceu Cláudia sua voz no telefone Parecia
parecia outra pessoa perguntou Aurora enquanto ajudava Júlia a tirar o casaco Cláudia olhou para Júlia que agora parecia ainda mais inocente e frágil sentada no sofá Abraçada ao travesseiro da avó não era o momento de dizer tudo na frente dela mais tarde mãe eu prometo que vou te contar tudo mas não agora ela sorriu para Júlia Aurora entendendo que o assunto seria sério convidou a neta para subir para o quarto Júlia minha querida Vá brincar com os ursinhos que a vovó tem no quarto tem um novinho lá para você Júlia assentiu e subiu as escadas
levando o ursinho que carregava nos braços quando o som dos Passos desapareceu Aurora se voltou para Cláudia agora me diga o que está acontecendo filha pediu com firmeza primeiro eu preciso saber onde está o papai respondeu Cláudia lançando um olhar rápido para o corredor dormindo ele nem ouviu o carro falei que você viria passar uns dias de folga aqui com a Júlia Ele acreditou mas vai querer saber mais amanhã Cláudia a sentiu aliviada não estava pronta para contar nada ao pai conhecia o temperamento dele e sabia que Se descobrisse o que havia acontecido seria capaz
de fazer alguma loucura o que aconteceu Cláudia Por que você veio para cá com tanta urgência insistiu Aurora Cláudia não disse nada em vez disso abriu a bolsa e entregou o desenho que Júlia havia feito Aurora pegou o papel com curiosidade mas sua expressão mudou em segundos os olhos dela se arregalaram e a mão começou a tremer meu Deus o que é isso é isso mesmo que você está vendo mãe continuou Cláudia com a voz trêmula é o Rubens ele ele fez coisas com ela coisas horríveis Aurora empalideceu e a raiva foi tomando conta de
sua expressão Ele disse pra Júlia que isso é uma brincadeira que se chama passa passa aquele do doente fazia isso com ela quando eu não estava em casa Aurora largou o desenho sobre a mesa e cobriu o rosto com as mãos aquele desgraçado murmurou com a voz carregada de raiva e nojo e agora você vai denunciá-lo não vai Cláudia passou as mãos pelo rosto nervosa é claro que sim mas mãe eu preciso de provas provas concretas a palavra da Júlia sozinha não é suficiente para fazer justiça e eu eu não quero que a minha filha
passe por interrogatórios e dúvidas provas que provas mais você quer Cláudia perguntou Aurora incrédula o desenho é prova suficiente Talvez para nós mas para a polícia para a justiça eles vão precisar deais respondeu Cláudia com a voz embargada e o pior é que eu sei que ele vai negar tudo ele é bom nisso Mãe bom em parecer o homem perfeito quem vai acreditar na palavra de uma criança de 7 anos contra a de um homem como ele Aurora segurou as mãos da filha com mais força vamos dar um jeito vamos procurar um advogado vamos denunciar
Mas você fez a coisa certa Cláudia tirou a Júlia de perto dele e isso é o mais importante agora Cláudia assentiu mas as lágrimas silenciosas já escorriam por seu rosto ela sentia uma mistura de alívio por estar longe de Rubens e desespero pelo que ainda estava por vir mamãe a voz de Júlia suou do Alto da escada Cláudia olhou para cima e viu a filha em pé abraçando o travesseiro com força estou com sono você pode ficar comigo até eu dormir Cláudia levantou-se enxugando rapidamente as lágrimas Claro meu amor vou subir agora mesmo Aurora olhou
para a filha com carinho e disse vai minha filha eu preparo um chá para você quando descer Cláudia assentiu e subiu às escadas encontrando Júlia já deitada no quarto a cama parecia enorme ao redor dela mas Júlia estava aconchegada sob as cobertas Cláudia sentou-se na beira da cama e alisou os cabelos da filha que a olhava com olhos cansados mas cheios de confiança mamãe a gente vai ficar aqui para sempre vamos ficar o tempo que for preciso meu amor aqui Você está segura eu prometo você não vai deixar ele vir aqui né Cláudia engoliu em
seco segurando o impulso de chorar novamente nunca eu não vou deixar ele chegar perto de você ninguém vai te machucar de novo Júlia assentiu devagar e fechou os olhos aos poucos sua respiração se acalmou e ela adormeceu Cláudia Ficou ali por um tempo observando a filha dormir sentindo o peso daquela promessa que acabara de fazer quando finalmente desceu Aurora estava na cozinha com uma xícara de chá quente esperando por ela o que vai fazer agora Cláudia perguntou Aurora vou conseguir as provas mãe custe o que custar Aurora assentiu a determinação no olhar dela espelhando a
da filha então não estará sozinha eu estou com você Cláudia sorriu cansada mas agradecida sabia que a batalha estava apenas começando mas por enquanto estava segura Júlia estava segura e isso era tudo o que importava na manhã seguinte Júlia acordou mais tranquila e o dia se tornou mais leve o carinho da avó e os mimos do avô a Distraí da realidade que haviam Deixado para trás ela brincava com os ursinhos de pelúcia e com as bonecas que Aurora havia guardado Desde quando Cláudia era pequena seus sorrisos embora tímidos traz um pouco de esperança mas Cláudia
sabia que aquilo era apenas um intervalo antes de enfrentarem algo muito maior enquanto julha brincava Aurora a observava de longe sentada no sofá com as mãos cruzadas no colo seus olhos estavam marejados mas ela se esforçava para conter as lágrimas minha neta minha pequena menina pensava o peito apertado a ideia de que alguém havia machucado Júlia de uma forma tão cruel era insuportável Aurora passou os dedos pela barra do avental um hábito que tinha quando estava nervosa sua mente não parava de voltar à noite anterior quando Cláudia havia lhe mostrado o desenho aquilo havia arrancado
um pedaço de seu coração era mais do que dor era uma ferida aberta uma mistura de culpa raiva e desespero como ela uma avó não havia percebido como alguém que deveria proteger Júlia não conseguiu protegê-la ela observou a menina sentar no tapete Os Ursinhos em fila e conversando baixinho com eles Aurora sorriu levemente mas o sorriso desapareceu rapidamente ao lembrar que aquelas mãos tão pequenas haviam sido forçadas a enfrentar algo que nenhuma criança deveria conhecer Aurora sentia o peso de uma tristeza que parecia maior do que ela um sofrimento Tão Profundo que era quase físico
eu queria tomar essa dor para mim se eu pudesse fazer com que ela nunca tivesse passado por isso eu faria Deus sabe que eu faria por um instante ela olhou para Cláudia que estava na cozinha preparando o café da manhã a filha parecia tão Abatida com os ombros caídos e os olhos cansados Aurora sentiu uma onda de culpa invadi-la não era justo Cláudia também era sua menina e agora estava carregando um peso que nenhuma mãe deveria carregar Aurora enxugou uma lágrima solitária que escorreu por sua bochecha olhou novamente para Júlia e se aproximou dela devagar
o que os ursinhos estão aprontando hoje meu amor perguntou tentando soar Alegre Júlia levantou o olhar para a avó e seu pequeno sorriso iluminou o rosto eles estão indo para uma festa vovó mas só os que estão felizes podem ir Aurora sentiu outra pontada no peito ela está tentando ser forte tentando sorrir mesmo depois de tudo a coragem daquela pequena menina fazia com que o coração de Aurora se partisse ainda mais todos eles vão ficar felizes na festa querida você vai ver Aurora acariciou os cabelos da neta sentindo a textura suave dos fios e você
também vai ficar muito feliz a vovó promete Júlia apenas assentiu voltando a ajeitar os ursinhos e Aurora continuou a observá-la em silêncio lutando contra a tempestade de emoções que rugia dentro dela raiva culpa desespero tudo se misturava enquanto isso seu pensamento se voltava para Rubens e ela sentia o sangue ferver como Alguém poderia fazer isso como um monstro desses Conseguiu enganar a todos o desejo de enfrentá-lo e arrancar dele todo o mal que havia causado era quase impossível de controlar ela sabia que se tivesse descoberto antes teria sido capaz de fazer algo drástico Eu teria
feito qualquer coisa para proteger minha neta qualquer coisa ela se inclinou e deu um beijo na cabeça de Júlia sentindo o cheiro doce que lhe lembrava os primeiros dias de vida da menina você é tão forte meu amor e a vovó vai estar sempre aqui com você sempre sussurrou Aurora Júlia olhou para ela e Sorriu de novo dessa vez com um pouquinho mais de confiança para Aurora aquele sorriso era o que importava era um pequeno sinal de que apesar de tudo havia Esperança Cláudia por outro lado não conseguia relaxar havia dormido pouco e acordado várias
vezes à noite assustada com Qualquer ruído as mensagens de Rubens continuavam chegando mas ela mantinha as respostas Breves e para não levantar suspeitas Como está sua mãe melhorou Quando vocês voltam a casa está tão vazia sem vocês cada mensagem era um lembrete do perigo que ainda pairava sobre elas Cláudia precisava agir com cuidado não podia estragar as coisas sua mente não parava um segundo a imagem do desenho e as palavras de Júlia não lhe saíam da cabeça e junto com essas imagens vinha a culpa pesada e esmagadora como não havia percebido antes como havia permitido
que aquele homem entrasse em sua vida se tornasse parte da rotina de sua filha cada vez que pensava em Rubens sentia um nó se formar no estômago ela se lembrava de como ele havia conquistado sua confiança com gestos carinhosos e paciência parecia tão bom tão confiável e agora cada detalhe do comportamento dele voltava a sua mente como um soco os momentos em que ele insistia em ficar sozinho com Júlia os presentes que ela achava que eram a apenas mimos de um padrasto Zeloso até o tom de voz dele ao falar com a menina que agora
parecia estranho quase manipulador como ela pôde ter sido tão cega ela não conseguia evitar imaginar quantas noites Júlia havia chorado sozinha com medo de contar Quantas vezes a filha havia se sentido desprotegida sem ninguém para salvá-la ela queria voltar no tempo desfazer tudo queria ter visto através das mentiras dos sorrisos calculados mas era tarde demais e o estrago já estava feito a única coisa que podia fazer agora era tentar consertar proteger Júlia com todas as forças que ainda restavam Cláudia passou as mãos pelo rosto tentando afastar as lágrimas que ameaçavam cair não havia tempo para
fraquejar Júlia precisava dela forte focada mas a culpa continuava ali como uma sombra que ela não conseguia evitar ela olhou para o celular onde outra mensagem de Rubens havia chegado espero que estejam bem Estou com saudades de vocês Mal posso esperar para abraçá-las de novo Cláudia sentiu uma onda de raiva tomar conta dela queria gritar queria destruir o celular com as próprias mãos ele se atrevia a falar sobre saudades sobre abraçar Júlia como se não fosse o monstro que havia destruído a inocência da menina mas ela respirou fundo forçando-se a manter a calma responder algo
direto ou mostrar irritação poderia levantá-lo de sua falsa sensação de controle estamos bem sim também estamos com saudade beijos era uma resposta vaga suficiente para manter o jogo mas Cláudia sabia que esse jogo estava consumindo o pouco que ainda restava de suas forças enquanto guardava o celular apertou os punhos a raiva misturada com a culpa e o medo Afinal era difícil não se sentir responsável por ter trazido o perigo para dentro de casa e agora sua missão era garantir que esse perigo nunca mais se aproximasse naqu aquele mesmo dia Cláudia e Aurora sentaram-se à mesa
da cozinha silenciosas o pai de Cláudia havia saído para resolver assuntos no sítio e a casa parecia mais tensa do que nunca eu preciso fazer alguma coisa mãe mas eu não estou sabendo como lidar com isso é algo tão sufocante tão grave que que eu nem sei por onde começar disse Cláudia Quebrando o Silêncio sua voz soava Exausta como se cada palavra custasse um esforço tremendo Aurora que ol para o nada assentiu lentamente eu conheço um advogado filha o filho da Valquíria ele é bom lida com casos difíceis ele vai nos dizer o que devemos
fazer Quem sabe ele pode nos ajudar Cláudia respirou fundo tinha chegado o momento me passe o número vou ligar para ele agora mesmo mãe na tarde seguinte Cláudia e Aurora estavam sentadas na recepção do escritório do advogado as mãos trêmulas e apertadas sobre o colo Júlia ficou sob os cuidados do avô que acreditava que as duas haviam saído para resolver um problema do trabalho Dona Cláudia podem entrar anunciou a secretária o advogado era um homem na casa dos 40 anos com óculos finos e uma expressão séria mas acolhedora chamava-se Dr Ricardo Carvalho ele cumprimentou mãe
e filha e indicou as cadeiras em frente à mesa sentem-se por favor como posso ajudar Cláudia trocou um olhar com a mãe antes de abrir a bolsa e tirar o desenho suas mãos tremiam ao entregá-lo minha filha desenhou isso disse ela com a voz embargada ela tem 7 anos o padrasto dela ela não conseguiu terminar a frase Aurora segurou a mão da filha enquanto o advogado pegava o desenho O silêncio que se seguiu foi insuportável o rosto de Dr Ricardo endureceu à medida que ele analisava os traços da criança o sorriso estampado na figura do
pai as linhas perturbadoras e os detalhes inocentes de Júlia contavam toda a história é horrível murmurou o advogado chocando-se momentaneamente Não há dúvida de que o conteúdo desse desenho é extremamente grave e o que sua filha contou ela confirmou Cláudia assentiu enxugando uma lágrima teimosa Sim ela disse que ele chamava isso de passa passa e só fazia quando eu não estava em casa o Dr Ricardo respirou fundo e colocou o desenho com cuidado sobre a mesa Dona Cláudia como advogado preciso ser honesto com você se você levar isso agora rub será preso imediatamente um desenho
como esse é devastador mas mas o que Doutor interrompeu Cláudia ansiosa ele será solto logo depois o advogado dele alegará falta de provas concretas para a justiça um desenho pode ser interpretado de várias formas ele pode sair sob fiança e até acusá-la de perseguição ou alienação parental Cláudia arregalou os olhos horrorizada Então o que eu devo fazer eu não posso deixar esse homem solto Dr Ricardo ele machucou minha filha eu sei Dona Cláudia e entendo a sua angústia mas nós precisamos de provas concretas fotos mensagens vídeos algo irrefutável ele usa senhas em tudo no celular
no computador eu não tenho como acessar nada disso o advogado ficou em silêncio por alguns instantes pensando então olhou para elas com seriedade existe uma outra opção não é fácil e eu preciso da sua permissão para seguir a diante Cláudia e Aurora trocaram um olhar preocupado qual opção perguntou Cláudia eu posso entrar em contato com a polícia federal e montar uma operação Vamos armar uma armadilha para ele a casa será monitorada com câmeras e gravadores e policiais ficarão posicionados estrategicamente prontos para intervir no momento certo E como vão fazer isso perguntou Aurora cautelosa Dr Ricardo
respirou fundo antes de continuar Alguém precisa ser aisca alguém precisa atrair Rubens a se revelar e essa isca seria a Júlia o qu Cláudia explodiu levantando-se da cadeira seu rosto estava vermelho e a raiva misturada ao pavor fazia sua voz tremer Você está louco minha filha já está traumatizada eu não vou colocar a vida dela em risco Calma filha murmurou Aurora tentando acalmá-la mas ela mesma parecia horrorizada vocês não entenderam continuou o advogado mantendo o Tom calmo apesar da reação delas Júlia não estará sozinha a casa será completamente monitorada a polícia estará escondida preparada para
agir no momento certo nada vai acontecer a ela eu garanto você garante gritou Cláudia ainda fora de si só a ideia de imaginar aquele homem perto da minha filha me dá vontade de vomitar Como pode sugerir algo assim Aurora colocou a mão no braço da filha Pedindo Calma o advogado esperou que ambas respirasse eu entendo sua reação é um plano extremamente delicado mas é também o mais eficaz com a casa monitorada teremos provas irrefutáveis para colocar Rubens na cadeia ele não poderá escapar Cláudia olhou para a mãe que tinha o semblante preocupado e pensativo Aurora
respirou fundo e com relutância assentiu E se ele estiver dizendo a verdade Cláudia e se essa for a única maneira Cláudia sentou-se novamente derrotada as lágrimas escorriam pelo seu rosto eu eu não sei se consigo não estaremos sozinhas vamos fazer isso juntas disse Aurora segurando a mão dela com firmeza depois de um momento de silêncio Cláudia assentiu ainda relutante seu coração estava apertado e o medo era quase insuportável mas ela sabia que se não agisse agora Rubens poderia escapar para sempre tudo bem murmurou Cláudia com a voz embargada vamos fazer isso Dr Ricardo assentiu com
seriedade vocês estão fazendo a coisa certa vou entrar em contato com a polícia agora mesmo e organizar tudo Não se preocupem vai acabar logo Cláudia respirou fundo mas não conseguia se livrar do peso que sentia no peito só de imaginar Rubens perto da Júlia sua pressão subia e o coração parecia prestes a explodir a volta para casa Naquela tarde foi silenciosa Aurora dirigia enquanto Cláudia olhava pela janela com o olhar perdido o plano que o advogado sugerira ainda girava em sua mente como um pesadelo como poderia sequer cogitar colocar Júlia naquela situação mesmo sabendo que
a polícia estaria por perto a ideia de Ruben se aproximar novamente da filha era sufocante quando chegaram à casa dos pais Júlia estava sentada no sofá brincando com os ursinhos da avó o avô que não sabia de nada lia o jornal na poltrona ao lado ao ver Cláudia e Aurora a menina sorriu mamãe mãe o vovô fez bolo de chocolate disse Júlia com uma energia que Cláudia não via há muito tempo Cláudia forçou um sorriso e se aproximou para abraçar a filha que bom meu amor o bolo do vovô é o melhor do mundo enquanto
Júlia se distraía Aurora puxou a filha para a cozinha onde poderiam conversar sem serem ouvidas e agora filha o que vamos fazer perguntou Aurora em um sussurro temos que ir em frente com o plano mãe respondeu Cláudia sem muita convicção não tenho outra escolha se eu não fizer isso ele vai continuar solto E se ele descobrir que já sabemos pode ser pior Aurora a observou com preocupação e a Júlia o que você vai dizer para ela Cláudia suspirou passando as mãos pelo rosto o peso da situação era insuportável eu vou dizer que estamos voltando para
casa por pouco tempo para pegar algumas coisas e resolver uma situação não quero mentir para ela mas também não posso toda a verdade não quero assustá-la ainda mais e se ele desconfiar não vai eu vou garantir que pareça o mais natural possível a polícia vai estar lá eu só preciso eu só preciso ter fé de que vai dar tudo certo e de que aquele infeliz pague caro pelo que fez Aurora assentiu embora o olhar dela deixasse claro que estava longe de concordar com tranquilidade naquela noite Cláudia mal conseguiu dormir a ideia do plano que o
advogado sugerira a atormentava o rosto de Júlia seu olhar assustado e o peso de sua responsabilidade como mãe tornavam qualquer descanso impossível ao amanhecer sentada à mesa com uma xícara de café entocada Ela olhava fixamente para a parede quando sua mãe entrou na cozinha conseguiu dormir minha filha perguntou Aurora embora a resposta fosse óbvia Cláudia Balançou a cabeça Exausta como eu poderia só de pensar em colocar a Júlia naquela casa de novo a voz dela falhou e as lágrimas ameaçaram cair Aurora sentou-se ao lado dela segurando sua mão com firmeza você está fazendo isso para
protegê-la filha ela não vai correr nenhum risco confie no advogado ele disse que a polícia federal estará lá não vai acontecer nada Cláudia respirou fundo ela sabia que sua mãe estava certa mas isso não tornava a situação menos assustadora naquela manhã Dr Ricardo havia marcado uma nova reunião para esclarecer cada detalhe da Cláudia e Aurora Saíram cedo deixando Júlia sob os cuidados do avô mais uma vez o escritório do Dr Ricardo parecia mais acolhedor naquele dia talvez porque Cláudia já sabia o que esperar mas isso não tornava a conversa mais fácil o advogado as recebeu
com um aperto de mãos firme mas havia uma seriedade em sua expressão que deixava Claro o peso do que estava prestes a explicar primeiro quero Garantir que vocês entendam que Júlia não correrá nenhum risco começou ele direto ao ponto a operação será organizada pela polícia federal e os Agentes envolvidos são altamente treinados para lidar com situações delicadas como esta Cláudia assentiu tentando absorver cada palavra o plano é o seguinte Dona Cláudia você precisa ligar para o Rubens ainda hoje Diga a ele que sua mãe já está melhor e que você pretende voltar para casa com
a Júlia isso Deve parecer o mais natural possível para que ele não desconfie de na E se ele quiser ir nos buscar questionou Cláudia a voz preocupada nós vamos garantir que isso não aconteça antes de vocês voltarem os policiais vão monitorar os passos dele agentes disfarçados vigiar o trabalho de Rubens e seus movimentos eles vão garantir que ele não saia de lá até que todas as câmeras e dispositivos de áudio sejam instalados na sua casa câmeras perguntou Aurora franzindo a testa sim a casa inteira será equipada com câmeras ocultas em pontos estratégicos sala cozinha corredores
e o quarto de Júlia Além disso microfones sensíveis serão espalhados para captar qualquer som tudo isso será feito de maneira rápida e discreta enquanto ele estiver fora e os policiais onde eles estarão haverá agentes dentro da casa eles não estarão uniformizados e não usarão armas letais para não correr o risco de assustar Júlia ou causar qualquer situação perigosa eles estarão escondidos em locais estratégicos como o sótão armários ou pontos cegos A ideia é que Ruben se sinta completamente sozinho e seguro acreditando que não há ninguém ali além dele e Júlia Cláudia sentiu um calafrio percorrer
sua espinha ao ouvir aquelas palavras e o que eu devo fazer quando vocês voltarem para casa aja normalmente arrume as malas leve Júlia para o quarto e faça com que tudo pareça o mais natural possível quando Rubens chegar você precisa deixá-lo confortável sem nenhuma suspeita diga que vai ao mercado ou que precisa resolver algo fora de casa isso fará com que ele se sinta sozinho com Júlia criando a oportunidade para que a polícia aja Cláudia arregalou os olhos e se ele e se ele fizer algo com a minha filha não vamos deixar isso acontecer os
agentes estarão atentos a partir do momento em que ele cruzar qualquer limite eles agirão imediatamente Além disso estamos solicitando um mandado de busca e apreensão quando ele for preso a polícia terá o direito de confiscar o celular computador e outros os dispositivos pessoais dele para procurar por provas adicionais com tudo isso em mãos não haverá advogado que o tire da prisão o silêncio pairou sobre a sala Cláudia olhou para sua mãe buscando algum tipo de apoio Aurora assentiu com um semblante preocupado mais decidido e se ele perceber ele é esperto Dr Ricardo e se ele
desconfiar que tem algo errado vamos Minimizar qualquer risco garantiu o advogado confie nos policiais eles fazem isso há anos se ele desconfiar de algo eles estarão preparados para agir mas dona Cláudia a sua parte é a mais importante você precisa manter a calma Se ele perceber o menor sinal de nervosismo tudo pode desmoronar Cláudia respirou fundo sentindo as lágrimas se acumularem em seus olhos ela assentiu mesmo que seu coração estivesse disparado no peito não havia mais volta Naquela tarde sentada no sofá da casa dos pais Cláudia olhou fixamente para o celular em suas mãos o
número de Rubens estava ali esperando Apenas um Toque Júlia brincava no quintal com o avô completamente alheia ao peso daquela chamada com as mãos trêmulas Cláudia finalmente apertou o botão de ligar o telefone tocou algumas vezes antes que a voz de Ruben soasse do outro lado suave como sempre amor finalmente achei que tinha esquecido de mim oi Rubens disse Cláudia forçando uma voz neutra como você está Estou Estou preocupado não me ligou mais cedo Como está sua mãe melhor respondeu ela pausando para manter o Tom calmo foi só um susto mesmo já Consegui ajeitar as
coisas por aqui Acho que volto para casa amanhã com a Júlia que bom disse ele soando aliviado estava com saudade de vocês não vejo a hora de ter vocês de volta Nós também sentimos sua falta mentiu Cláudia quase engasgando com as próprias palavras vou resolver algumas coisas antes de ir mas chego amanhã no final da tarde perfeito Vou preparar um jantar especial para nós três Cláudia forçou um sorriso mesmo que ele não pudesse ver Combinado então até amanhã Rubens ela desligou o telefone deixando-o cair em seu colo seu corpo inteiro tremia como se tivesse acabado
de escapar de algo terrível como foi minha filha falou com ele perguntou Aurora entrando na sala Ele acreditou respondeu Cláudia com a voz fraca amanhã estaremos em casa Aurora sentou-se ao lado dela e a abraçou vai dar certo filha vai dar certo Cláudia a sentiu mas no fundo sentia que estava prestes a enfrentar o momento mais difícil de sua vida na manhã seguinte o dia estava nublado como se o próprio céu refletisse a tensão que Cláudia sentia cada batida de seu coração parecia ecoar mais forte enquanto arrumava as malas para retornar à casa Júlia por
outro lado estava calma embora ainda retraída mamãe a gente vai voltar para sempre perguntou Júlia abraçando seu ursinho enquanto observava a mãe colocar as roupas na mala Cláudia parou por um instante e olhou para a filha com o coração apertado Não meu amor só por uns dias precisamos pegar algumas coisas e organizar tudo depois podemos voltar para a casa da vovó se você quiser a menina assentiu devagar mas não pareceu muito convencida ela segurava o ursinho com tanta força que os pequenos dedos chegavam a ficar pálidos quando terminaram de se preparar Aurora as acompanhou até
o carro ela abraçou Júlia demoradamente e sussurrou algo em seu ouvido que fez a menina sorrir levemente Vovó ama você mais que tudo tá bom Cuide da sua mamãe Júlia sorriu tímida e assentiu Aurora Então se voltou para Cláudia e segurou suas mãos com firmeza prometa que vai tomar cuidado prometo mãe vai dar tudo certo tem que dar Aurora assentiu embora o olhar preocupado não saísse de seu rosto vou rezar por vocês e Cláudia quando isso tudo acabar Traga minha neta de volta Cláudia abraçou a mãe com força deixando escapar algumas lágrimas silenciosas depois respirou
fundo colocou Júlia no carro e partiu a viagem de volta parecia mais longa do que nunca enquanto dirigia Cláudia tentava se preparar mentalmente para o que aconteceria nas próximas horas sabia que precisava agir naturalmente mas o peso da situação fazia cada minuto parecer uma eternidade de vez em quando lançava um olhar para Júlia pelo retrovisor A menina estava sentada quieta Abraçada ao seu ursinho e olhando para a janela com uma expressão distante está tudo bem querida perguntou Cláudia suavemente não quero ver o Rubens mamãe murmurou Júlia sem tirar os olhos da paisagem o coração de
Cláudia se apertou ela respirou fundo e Forçou a voz mais tranquila que conseguiu Não se preocupe meu amor você não precisa ficar perto dele a mamãe está aqui e eu prometo que nada vai acontecer com você tá bom júlia assentiu Mas continuou calada quando finalmente pararam em frente à casa Cláudia ficou imóvel por alguns instantes apenas olhando para a fachada familiar que agora parecia tão ameaçadora ela engoliu em seco forçou um sorriso para Júlia e desceu do carro policiais disfarçados já estavam nos arredores como o Dr Ricardo havia garantido dois agentes a paisana passaram discretamente
pela calçada sem sequer olhar em sua direção tudo estava sendo monitorado Cláudia respirou fundo e entrou na casa com Júlia o ar parecia pesado e cada cômodo parecia guardar os Fantasmas do que havia acontecido ali ela precisou de todo o seu autocontrole para não desabar Vamos para o seu quarto querida disse ela subindo às escadas com a filha ao entrar no quarto Cláudia viu que tudo estava como haviam deixado os brinquedos os livros a cama arrumada tudo parecia tão normal mas ao mesmo tempo nada era normal Ela ajudou Júlia a desfazer as malas mantendo o
tom de voz leve como se realmente estivessem ali apenas por alguns dias por que você não brinca um pouco com seus desenhos sugeriu ela alisando os cabelos da filha tá bom mamãe respondeu Júlia baixinho sentando-se no chão com as folhas de papel Cláudia saiu do quar foi o dela on desabou na cama por alguns instantes seu celular vibrou era o Dr Ricardo está tudo pronto perguntou ele sim está respondeu Cláudia olhando ao redor como se pudesse ver os policiais escondidos pela casa já chegamos e agora agora você espera quando Rubens chegar aja normalmente lembre-se leve
jula para outro cômodo e diga a ele que precisa ir ao mercado ou resolver algo saia e deix o conosco assim que ele fizer qualquer movimento suspeito os agentes entrarão em Ação eu não sei se consigo murmurou Cláudia sentindo a garganta fechar você consegue Dona Cláudia pela Júlia você consegue ela desligou e apertou o celular contra o peito como se fosse um amuleto minutos depois ouviu o som de um carro estacionando na garagem Rubens havia chegado o coração de Cláudia parou por um instante Ela fechou os olhos respirou fundo e buscou toda a força que
ainda lhe restava era agora Rubens entrou pela porta da frente com seu sorriso habitual o mesmo sorriso que antes ela considerava caloroso mas que agora parecia frio e calculado Ora ora Vocês voltaram mesmo que surpresa boa disse ele largando a pasta na mesa Cláudia estava na cozinha enxugando as mãos no pano de prato ela se virou lentamente e forçou um sorriso a mamãe já está melhor achei que era hora de voltar para casa Rubens olhou ao redor como se buscasse alguém e a Júlia está no quarto Cláudia assentiu tentando manter a voz Calma sim ela
ficou cansada da viagem subiu para desenhar um pouco vou dar um oi para ela disse Rubens já caminhando em direção às escadas o pânico se instalou no peito de Cláudia ela não podia deixá-lo sozinho com Júlia não ainda precisava de uma desculpa pegou rapidamente um copo e encheu de suco Espera vou levar um suco para ela deve estar com sede depois da viagem Rubens parou no meio das escadas e a observou por um instante depois deu de ombros e continuou subindo Cláudia seguiu logo atrás com o copo de suco na mão seu coração Parecia um
tambor dentro do peito batendo tão alto que ela tinha certeza de que ele podia ouvir ao chegar à porta do quarto de Júlia Ela ouviu se abaixar para abraçar a menina que estava sentada no chão com lápis de cor espalhados ao redor oi pequena disse ele com uma voz doce que fez Cláudia sentir náuseas sentiu saudade do papai Júlia ficou imóvel por um instante ela deixou que ele a abraçasse e ficou quieta enquanto ele beijava sua testa está tudo bem querida perguntou ele com um sorriso Está quieta hoje estou com dor de cabeça murmurou Júlia
sem levantar o olhar Poxa isso é ruim disse ele olhando para a Cláudia em pé na porta Claudinha dá um remedinho para ela depois tá ela deve estar cansada da Cláudia forçou um sorriso e entregou o suco para Júlia eu vou cuidar disso toma o suquinho meu amor Ruben se levantou e afagou os cabelos de Júlia mais uma vez antes de sair do quarto vou tomar um banho rápido anunciou já caminhando para o banheiro do quarto ao lado Cláudia Ficou ali congelada ouvindo o som da porta do banheiro se fechar e o chuveiro começar a
correr ela sabia que aquele era o momento querida a mamãe vai precisar ir ao mercado fica aqui desenhando tá bom tá mamãe respondeu Júlia baixinho ainda focada em seu desenho Cláudia avançou para o banheiro e falou alto para que Rubens ouvisse vou sair tá bom vou pegar umas coisas no mercado e já volto fica de olho na Júlia enquanto isso pode deixar amor respondeu Rubens de dentro do chuveiro já estou terminando o banho e saio para olhar ela vai tranquila o som do chuveiro abafava sua voz mas Cláudia entendeu o que precisava ela voltou ao
quarto de J um sorriso agachando-se ao lado da menina querida a mamãe esqueceu o celular no meu quarto pode pegar para mim está em cima da cama tá bom mamãe disse Júlia se levantando com seu ursinho ainda nos braços assim que a menina saiu do quarto Cláudia olhou rapidamente ao redor não podia perder tempo ela se abaixou e se enfiou debaixo da cama de Júlia onde a colcha pendia o suficiente para escondê-la o chão gelado sob o corpo a fizeram sentir-se ainda mais mais fora de lugar Seu Coração batia tão forte que ela sentia o
pulsar nas têmporas tudo que podia fazer era respirar o mais silenciosamente possível e esperar minutos depois ouviu o som dos Passos pequenos de Júlia retornando mamãe chamou a menina olhando ao redor quando não encontrou ninguém a menina colocou o celular sobre a mesa ao lado da cama e voltou a sentar no chão recomeçando seus desenhos tranquila Cláudia prendeu a respiração e agradeceu por Júlia não desconfiar de nada vai ficar tudo bem meu amor pensou Cláudia repetindo a frase como um mantra em sua mente não demorou nenhum minuto para que o som do chuveiro cessasse Cláudia
ficou ainda mais imóvel tensa ouvindo cada movimento no banheiro alguns minutos depois a porta do quarto se abriu e os passos de Rubens ecoaram sobre o piso de madeira ele parecia tranquilo assobiando baixo alguma melodia enquanto se aproximava Júlia chamou ele com a voz doce o que você está desenhando aí minha linda não é nada respondeu a menina sem olhar para cima Deixa o papai ver insistiu ele aproximando-se mais Cláudia sentiu o peso dos Passos dele no chão do quarto e prendeu a respiração sua visão limitada sob a cama permitia apenas ver os pés dele
descalços parando a centímetros dos desenhos espalhados isso é um castelo perguntou Rubens abaixando-se está muito bonito você é mesmo talentosa sabia Júlia não respondeu o silêncio que se seguiu foi quase insuportável Cláudia sentiu as lágrimas escorrerem pelo rosto mas mordeu o Lábio com força para não emitir nenhum som sabe continuou Rubens ainda em tom suave a mamãe foi no mercado Vamos aproveitar para brincar só nós dois que tal Cláudia apertou os punhos sob a cama sentindo o pânico crescer o silêncio de Júlia foi cortante eu eu quero terminar meu desenho murmurou Júlia a voz trêmula
os dedos apertando o lápis com força Cláudia debaixo da cama sentia o corpo paralisado pela tensão a cada palavra de Rubens era como se algo dentro dela se partisse mas ela sabia que precisava esperar a polícia estava ali pronta para agir ela precisava confiar terminar o desenho repetiu Rubens sua voz ainda doce mas carregada de uma ameaça implícita Poxa pensei que você tinha sentido saudade do papai eu senti muita saudade de você Júlia não respondeu ela apenas abaixou mais a cabeça e continuou a riscar o papel tentando se esconder no silêncio Rubens deu mais um
passo em direção a ela e você querida não sentiu saudade de mim insistiu ele inclinando-se para mais perto Júlia se encolheu apertando os lábios ela não olhou para ele não respondeu o que foi continu ele com um tom quase divertido está brava comigo você sabe que eu gosto muito de você não sabe a menina continuou calada rabiscando o desenho com mais força olha para mim Júlia pediu ele agora mais sério você contou para alguém sobre o nosso jogo secreto Cláudia sentiu o sangue gelar ela mordeu o Lábio com tanta força que quase o feriu prendendo
a respiração Júlia Balançou a cabeça lentamente negando não sussurrou a menina que bom respondeu Rubens aliviado porque você sabe que isso é um segredo não é o nosso segredo todos os papais brincam assim com suas filhas Júlia é normal não tem nada de errado nisso a voz dele era baixa persuasiva venenosa Cláudia sentia as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo rosto enquanto ouvia tudo era quase impossível se conter eu senti saudade de brincar com você continuou Rubens você não quer brincar comigo de novo ficar muito chateado Se você não brincar comigo Júlia continuou olhando para o papel
os traços de seu desenho agora mais nervosos e confusos só um pouquinho querida vai ser rápido insistiu ele Cláudia apertou os punhos sob a cama sua vontade era de sair dali arrancá-lo de perto da filha e acabar com aquilo de uma vez mas ela sabia que precisava esperar os policiais estavam ali eles agiriam no momento certo por fim Rubens se afastou alguns passos como tivesse desistido Cláudia pode ouvir o som de seus passos pesados Saindo do quarto ela respirou fundo tentando controlar a respiração mas o alívio foi momentâneo segundos depois ele retornou sabe o que
vou fazer disse ele com um tom mais animado vou te ensinar uma brincadeira nova Júlia finalmente olhou para cima assustada Ruben segurava algo pequeno na mão Cláudia ouviu esticar o braço e colocar o pen drive na entrada USB da TV do quarto de Júlia o controle remoto fez um clique e a tela se iluminou imagens adultas começaram a rolar Olha só Júlia murmurou Rubens como se estivesse apresentando algo incrível é assim que se brinca Tá vendo Júlia arregalou os olhos deixando o lápis cair no chão seu rosto se contorceu em confusão e medo enquanto olhava
para as imagens perturbadoras que começaram a aparecer na tv foi o suficiente o armário ao lado de Rubens se abriu de repente e um agente policial emergiu de dentro do closet rápido como um raio outro policial saiu por detrás de uma cômoda no canto do quarto enquanto dois outros subiram à escadas correndo e invadiram o cômodo polícia Mãos Para o Alto gritou o primeiro agente aproximando-se com firmeza Rubens deu um salto para trás os olhos arregalados completamente surpreso o quê O que está acontecendo berrou tentando recuar mais sem espaço para fugir um dos policiais avançou
em direção à TV desligando-a rapidamente Enquanto o outro se ajoelhou perto de Júlia protegendo-a com cuidado e cobrindo seus olhos pequenos com uma das mãos Tudo bem querida não precisa olhar feche os olhos está tudo bem agora disse o agente com uma voz Suave embora o ambiente estivesse carregado de tensão enquanto isso dois policiais imobilizaram Rubens que começou a resistir com movimentos bruscos tentando se soltar você está preso em flagrante por abuso gritou um dos agentes agarrando Rubens com força e algemando não isso é um engano eu eu não fiz nada ela é minha filha
Rubens gritava a voz carregada de desespero e raiva os olhos saltados de ódio ainda se debatendo como um animal encurralado Cláudia que estivera paralisada sob a cama não suportou mais suas mãos tremiam as lágrimas caíam em silêncio e Seu Coração batia tão rápido do que parecia prestes a parar com um esforço quase involuntário ela se arrastou para fora do Esconderijo saindo debaixo da cama em um único impulso filha filha estou aqui murmurou Cláudia a voz embargada correndo até Júlia ela a tomou nos braços e apertou-a contra o peito como se pudesse protegê-la de todo o
mal do mundo Júlia se encolheu o rosto ainda enterrado no Ombro da mãe sem compreender completamente o que acontecia seus olhos estavam arre lados e perdidos o corpo tremendo levemente está tudo bem agora meu amor nunca mais ele vai tocar em você nunca mais Cláudia chorava enquanto acariciava os cabelos da filha beijando sua testa repetidas vezes Júlia assentiu lentamente o rosto ainda escondido como se temesse olhar ao redor Cláudia acomodou no canto da cama e se levantou sua expressão antes marcada pelo medo agora era de pura Fúria ela caminhou em direção a Rubens que estava
Algemado e sendo contido pelos policiais ele tentava se justificar mas as palavras já não significavam nada você é um doente um monstro gritou Cláudia e sem pensar duas vezes levantou a mão e deu-lhe um tapa forte no rosto o som do impacto ecoou pelo quarto eu espero que você apodreça na cadeia Espero que pague por cada lágrima que a minha filha derramou Rubens olhou para ela derrotado mais sem dizer uma palavra seu rosto carregava uma expressão de fúria contida misturada com pânico dois policiais o seguraram firmemente pelos braços e o arrastaram para fora do quarto
pode deixar conosco senhora nós cuidaremos dele disse um dos agentes com firmeza Cláudia assentiu ainda respirando com dificuldade voltou imediatamente até Júlia que continuava sentada abraçada aos joelhos ela a puxou para perto novamente segurando-a com todo o cuidado do mundo com como se pudesse protegê-la de tudo o que acontecera acabou meu amor ele nunca mais vai te machucar eu prometo Acabou lá fora o som da viatura policial ecoou enquanto Rubens era levado sob custódia a casa agora cheia de policiais e agentes forenses parecia outro lugar cada canto carregava uma sombra pesada do que havia acontecido
ali mas Cláudia sabia que aquele era o começo de um novo capítulo pouco tempo depois um dos policiais se aproximou dela com uma expressão séria senora Vasquez precisamos informá-la que recolhemos vários dispositivos eletrônicos pertencentes ao Rubens computadores celulares pen drives e câmeras a perícia já começou a examinar o conteúdo Claudia assentiu sentindo um arrepio percorrer sua espinha e vocês acreditam que vão encontrar algo perguntou embora já soubesse a resposta o policial suspirou e a olhou com seriedade com o comportamento que presencia hoje é bem provável que sim o pendrive que ele usou já contém indícios
incriminadores a perícia vai aprofundar A análise e acredito que isso será essencial para manter a acusação sólida Cláudia olhou para Júlia que permanecia nos braços de uma agente feminina recebendo palavras suaves de conforto ele vai ficar preso não vai perguntou Cláudia a voz trêmula mas firme não se preocupe senhora Ele foi pego em flagrante não há mais como ele escap disso nos dias que se seguiram as notícias sobre Rubens foram reveladas pela polícia durante a perícia nos dispositivos eletrônicos os investigadores encontraram dezenas de vídeos fotos e mensagens que incriminam Rubens não apenas pelo abuso de
Júlia mas por envolvimento em uma rede de crimes contra menores o material recolhido era devastador Foi então que a maior Revelação veio à tona Rubens era na verdade um homem procurado há mais de 5 anos sob identidade falsa a polícia descobriu que ele estava envolvido em uma série de crimes em outras cidades e estados sempre agindo sob disfarces diferentes entrando na vida de famílias vulneráveis e usando sua imagem de bom homem para esconder o Predador que era quando Cláudia ouviu tudo isso pela boca do advogado sentiu um misto de nojo e alívio ele era pior
do que ela jamais poderia imaginar mas agora estava preso e não havia escapatória para ele ele não vai sair nunca mais Dona Cláudia garantiu o Dr Ricardo ao telefone a quantidade de provas é incontestável e com os outros crimes surgindo ele está arruinado então acabou perguntou ela com a voz fraca quase não acreditando para você e para a Júlia sim Agora é Hora de Recomeçar Cláudia Sabia que não poderia continuar em sua casa a cada canto a cada móvel ela enxergava um pedaço do horror que haviam vivido decidida ela arrumou as malas mais uma vez
e voltou para a casa de sua mãe levando Júlia consigo era Hora de Recomeçar a viagem de volta foi silenciosa Mas desta vez o silêncio não era de tensão era como se um peso estivesse começando a se dissipar dando espaço para algo novo Esperança quando chegaram Aurora as recebeu com um abraço apertado Vocês estão em casa agora aqui nada nem ninguém vai machucar vocês Júlia Correu para o sofá e pegou seus ursinhos favoritos que a avó guardara ela os abraçou com força e pela primeira vez em dias sorriu levemente acho que eles sentiram saudade de
mim vovó disse ela com um tom quase infantil novamente Aurora olhou para Cláudia e Sorriu emocionada era um pequeno sinal de que talvez Júlia pudesse ser feliz novamente nos dias seguintes Cláudia concentrou toda a sua energia em garantir que Júlia tivesse o suporte necessário com a ajuda de Dr Ricardo ou uma terapeuta especializada em traumas infantis a profissional recebeu Júlia com carinho e compreensão criando um ambiente seguro para que a menina começasse a falar sobre o que havia vivido vamos dar tempo ao tempo explicou A Terapeuta em uma das primeiras sessões o trauma que Júlia
sofreu não vai desaparecer rapidamente mas com acompanhamento amor e paciência ela poderá superar isso Cláudia também começou a se consultar A Terapeuta explicou que para que Júlia se recuper Cláudia também precisaria Se Curar você fez tudo o que pde por sua filha Cláudia agora é hora de cuidar de você também disse a profissional com um olhar gentil com o tempo a casa da mãe passou a ser um refúgio Júlia começou a brincar no quintal explorar os jardins e até voltar a desenhar seus desenhos antes escuros e cheios de figuras perturbadoras agora começavam a mostrar flores
árvores e casas Cláudia observava a filha de longe enquanto convers ela melhorando mãe murm com um sorriso cansado mas sincero ela tem uma Mãe Guerreira respondeu Aurora segurando a mão da filha e com o tempo essa casa vai se encher de risadas de novo Cláudia olhou para Júlia e sentiu o coração se encher de esperança Rubens estava longe ele não poderia mais machucar sua filha nem ninguém eele momentoa primeira vez emo começar elas não esqueceriam o passado mas encontrariam força nele para seguir em frente vamos ficar bem mãe murmurou Cláudia olhando para o céu vamos
viver um dia de cada vez Cláudia aprendeu da pior forma que o perigo não tem rosto e muitas vezes se esconde atrás de máscaras de bondade e você se sua filha ou seu filho lhe entregasse um desenho desses Você acreditaria ou não deixe sua opinião nos comentários e antes de encerrarmos o beijo de hoje vai para Luzia Bernadete e Maria Neusa Lourenço que foram as mais participativas nos comentários desta semana muito obrigado pelo carinho de vocês um grande abraço e até a próxima e se ainda não viu a história anterior Veja uma prévia do que
aconteceu idoso negro é brutalmente chicoteado por homem que queria humilhá-lo por apenas R 10 o ato Cruel foi filmado como forma de zombaria e viralizou nas redes sociais indignação em milhares de pessoas mas o que ninguém esperava era que meses depois o agressor seria confrontado por uma reviravolta chocante que o levaria ao arrependimento mais amargo de sua vida Clique na tela a seguir e acompanhe essa reviravolta impressionante Obrigado por assistir comente abaixo o que achou dessa história e de qual cidade você está nos assistindo deixe seu like e se inscreva em nosso canal Story flix
BR para que juntos possamos construir uma imensa comunidade que compartilha histórias inspiradoras até mais