[Música] Christus Christus, vna krus, krus. [Música] Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém. Maria, auxílio dos cristãos, rogai por nós. São Mauro, rogai por nós. São João Bosco, rogai por nós. Essa aula aqui que eu vou dar é sobre o Egito, né? O motivo é assim: eu estava querendo, depois, dar algumas
aulas sobre a arte egípcia e a arte grega. Isso aqui é uma introdução à cultura egípcia, que é muito interessante, muito mesmo. Principalmente professores de história gostam muito de diversos pontos, aspectos interessantes, assim, de forma geral. Eu peguei um capítulo particular que é a questão da descoberta da tumba de Tutancâmon, né? Que são alguns livros que eu li não faz muito tempo e que é um assunto muito interessante de história, né? Vamos ver aonde nós chegamos, né? Se a gente consegue chegar até lá, né? Então, como introdução, né? Falando da história egípcia, a primeira coisa
notável e que é muito importante no Egito é a geografia. A famosa frase do historiador Heródoto, grego, de mil vezes repetida, né? E muito verdadeira: o Egito é uma dádiva do Nilo. Então, os aspectos geográficos no Egito, que são vários, são extremamente importantes para a questão da existência do Egito. O primeiro, mais chocante, é a questão do Nilo, tá? O Nilo do Egito estar na mesma latitude, na mesma região, do maior deserto do mundo, que é o Deserto do Sáara. E, apesar disso, tá? Então, é um deserto. Isso aqui é uma foto do Google de
satélite, então, é um deserto completo. E, no entanto, onde o Nilo passa, tem vida. Né? Então, o que a gente tem aqui? Primeiro, entendendo: isso aqui é o delta do Nilo. Eu não tô no Google aqui, mas se eu aproximasse, vocês veriam um monte de canais, né? Um rio pode desaguar no mar de três formas: foz mista, foz em delta e foz em estuário, que é uma foz reta. A foz em estuário é uma foz de uma boca só. A foz mista, ela é, por exemplo, a do nosso Amazonas, que combina, são grandes canais, mas
não são múltiplos e pequenos como no Nilo. E aqui a gente tem múltiplos canais. Isso parece que é uma coisa só. Por quê? Porque tá tomado de vegetação e porque os canais são pequenos. Isso dividiu o Egito em duas partes: no Alto Egito, que é essa parte aqui de baixo—o Alto fica embaixo, tá?—e o Baixo Egito, que fica em cima. Na verdade, é mentira, né? O Alto fica no alto. Por quê? Porque, apesar disso aqui estar no norte, isso aqui tá no sul. Essa região é a região mais elevada, tá? E essa região é a
região mais baixa; é o chamado Baixo Egito. Então, Alto Egito e Baixo Egito. Aqui começa o delta, e o delta faz uma protuberância de vegetação, porque, por onde o Nilo passa, ele vai trazer um desenvolvimento da vegetação. Né? O deserto, lógico, ele não é fértil. Não posso falar que é uma terra fértil porque é uma terra arenosa, mas ele tem muitos minerais, né? Mais do que, por exemplo, na floresta amazônica. Ele tem muito mais recursos minerais que a floresta amazônica. E, nesse sentido, ele é mais fértil, apesar de ter muito menos matéria orgânica. Então, é
isso que se faz nas dry farms em Israel e na Califórnia, né? Se fertiliza uma área seca desértica com água e com os adubos necessários. Então, essa região fica extremamente fértil. Mas o que é chocante aqui é que é a região do Sáara e chovia tanto aqui nessa região, que as chuvas que caem em um ano na França, caem em 100 anos aqui. E a França não é um país com a pluviosidade como no Brasil, né? Então, você pensar: puxa, o que chove em 100 anos na França, ou desculpa, o que chove em 100 anos
aqui, é o que chove em um ano na França. Quer dizer, é um lugar que nunca chove tanto. É, não vou mostrar aqui, mas vocês conhecem as casas, né? Elas não têm teto, tá? Elas têm laje, né? Onde tinham os terraços e as coisas, precisava ter telhado. Eu lembro quando eu era pequena, minha avó me contar que o pai dela tinha levado ela pra Argentina numa viagem, que coisa muito rara naquele tempo, e que ela tinha visto neve, né? Então, eu era pequena, nunca tinha visto neve. Eu fiquei impressionada. Aqui eram assim, o avô contava
pro netinho: “Olha, quando eu era pequeno, uma vez caiu água do céu.” “Não, não vovô, não pode ser!” Então, era uma coisa completamente extraordinária, né? A chuva não era uma coisa ordinária. E, no entanto, o Nilo tem duas cheias por ano; ele alaga, transborda e alaga duas vezes por ano. Alaga tanto, né, que eles construíam... Isso aqui é um desenho, mas eles construíam esses canais para aproveitar a cheia. E é com isso que eles drenavam e irrigavam uma vasta área de deserto, construindo as plantações. Notem o tipo de construção que eles fazem, né? Dos canais
quadrados com terras no meio. Isso basta para a irrigação; não precisava nem molhar a terra, porque a terra ficava pelos quatro lados encharcada. Então, dava um resultado muito bom. E isso duas vezes por ano, sem cair uma gota de chuva. É lógico que com isso tudo eles desenvolveram uma mitologia para dizer por que vinha a chuva, mas... A causa é, eh, é natural, é óbvio. É as cheias do Nilo; não havia chuvas, e havia cheias. Então, a causa é natural. O Nilo é um dos rios mais extensos do mundo, né? Logo depois do Amazonas. E
ele tem duas nascentes: maior em volume de água é o Amazonas e o maior em extensão. Agora, o pessoal aqui da América descobriu que o Amazonas ainda é maior porque as nascentes são múltiplas. Então, as nascentes do Amazonas, elas foram mais longas que o Nilo, mas a maioria dos manuais ainda considera o Nilo como mais longo. Mas ele é longuíssimo. E ele tem uma nascente que é no Nilo Azul, que nasce nas montanhas do planalto da Etiópia, e tem uma nascente que nasce próxima à floresta do Congo, que é a região equatorial. Então, quando chove
na floresta do Congo, a água se propaga. Chove muito lá; lá é uma Amazônia, e ela demora, mas ela chega até o Egito e transborda. Quando também é primavera, né? Antes do verão, quando é primavera e as neves derretem no planalto da Etiópia, né? Na região das montanhas, no Congo, é o Nilo Azul e o Nilo Branco. O Nilo Azul vem do derretimento da neve; o Nilo Branco vem da... Não, é o contrário: vem das florestas. Então, causa segunda cheia, isso enche muito o Egito. E o Egito é uma terra extremamente contrastante, né? Muito bonita,
porque você vê o rio; é um rio enorme, né? Nas margens tem toda uma vegetação, e atrás um baita deserto seco, né? Um contraste muito grande. Então, aqui tudo fértil, se plantando e fazendo tudo, e atrás o mais árido deserto, né? Isso vai fazer do Egito uma grande civilização. Essa ação, como eu falei para vocês, estava dividida em duas partes. A gente tem aqui o alto e o baixo Egito, né? E aqui o alto Egito, tá? Em momentos diferentes, elas vão ser mais importantes: o alto Egito tinha muito mais vegetação do que o baixo Egito.
Aqui, desculpa, o baixo Egito tinha muito mais vegetação do que o alto Egito. Aqui, eu ainda nem fiz ele inteiro, né? Ele vai para trás; nem aparece Tebas aqui, ele é muito mais... né? Só que aqui, por ter mais vegetação, primeiro vai ser a capital, que vai ser em Memphis, né? Onde fica próximo, onde fica o Cairo. E aqui vai se desenvolver o primeiro período da história egípcia, que é depois da unificação, que é o período das grandes pirâmides, né? Esse período das grandes pirâmides é o alto império, tá? Ele vai ser um período bastante
importante. Depois, a capital vai mudar para Tebas e a gente vai ter diversos outros períodos, e por último, o período chamado do Novo Império, que são os grandes faraós, tá? O Ramsés I, que é o faraó que cogita que tenha sido o faraó de Moisés. E todos os grandes faraós, eles estão no segundo período, né? O Egito, ele vai ser o maior centro de arqueologia do mundo, né? Nesse período, esse período vai ter um gosto muito grande pela arqueologia, por causa do romantismo e dessa questão da volta do passado. E aqui, praticamente, que vai se
formar a arqueologia moderna, né? Com essas pessoas. E por que que o Egito vai ser um grande lugar de arqueologia? Por causa das condições sublimes que ele tem em questão de conservação. Lugar nenhum vai conservar coisas no Egito. É capaz de achar tecidos, né, de 3.000 anos com dados. Lógico, você pega neles, ele desmonta, mas se achava linha na tumba do Tutancâmon; acharam uma camisa, alguma coisa, com mais de 10.000 pérolas, né? Todas alinhavadas, perfeito, ali inteiro. É lógico que, quando foram manuseá-las, elas foram se romper, por isso jogaram o ser em cima para poder
transportar de lugar; mas imagina uma linha de 3.000 anos que se preserva, né? Uma vez eu morava numa outra casa e eu comprei um banco de madeira. E esse banco de madeira eu pus no meu jardim. Eu queria um banco para o jardim e eu fiquei assim, puxa, vou pôr um banco de madeira no jardim, e eu perguntei para o moço, né? Eu falei assim, não, mas é uma madeira rústica, né? Ela é resistente, ela vai ficar bem no tempo. E aí ele me falou assim: "Dona, dura! Isso aí dura até acabar." Né? E ele
tinha razão; durou até acabar um dia. Eu sem ele, caiu, né? Dois anos depois, sol e chuva, sol e chuva; a umidade destrói qualquer coisa, né? Então, a madeira é uma das primeiras coisas que vai embora. Aqui no Egito, não, aqui no Egito, nem os corpos. Tá no começo, se diz que essa é a origem das mumificações; eles enterravam os corpos das pessoas mais simples e mais pobres direto na areia do deserto, e aquilo funcionava como... Absolutamente não tem água, né, nas zonas da inundação. Aquilo funcionava como uma mumificação; era sal, calor, né? E aquela
areia que comia toda a água. Então, os corpos se preservavam. E isso gerou, dizem os estudiosos, as práticas de mumificação. Essas práticas de mumificação, é lógico, elas vão ser desenvolvidas paralelamente à prática que eles têm, às crenças que eles têm de ment e psicose, né? Que é a questão da reencarnação, da volta do corpo, da alma. Eh, desculpa, da volta da alma pro corpo para viver numa vida, eh, no túmulo, né? Essa ideia de mentem psicose que os egípcios têm, ela tem dois níveis, tá? Ela vai ter... Eu não vou entrar nisso, nessa questão da
religião. Egípcia, ela tem um nível mais comum, que é um nível bem materialista. Então, você vai viver lá naquele lugar, tua alma vai voltar naquele corpo e você tem que ter tudo lá. E lógico que tem um nível gnóstico, um nível que vai entender que não era assim, né? Que, na verdade, fala da transmigração das almas, mas isso vai ser um elemento chave para os egípcios. Os egípcios acreditavam que o morto, né, que o homem tinha duas almas: uma que eles chamavam de Bá e a outra que eles chamavam de Ká. É o que a
gente considera a nossa alma, Ká, que é o espírito divino que habitava na pessoa. Então, depois que a pessoa morria, o Ká permanecia no corpo, e ele ia junto com o mumificado, junto com o assistente, e fazia uma incisão aqui no abdômen, né, na parte esquerda do abdômen. E nessa incisão, por essa incisão, eles acreditavam que o Ká, né, a partícula divina, precisava tirar as costelas para ela passar. A partícula divina libertava o morto e o morto passava essa partícula divina por uma série de esferas, que ele tinha que dizer as palavras mágicas para se
reencarnar de novo, né? Só comentando um pouco a respeito do Egito, vai trabalhar aqui no Egito esse arqueólogo que vai ficar mundialmente famoso, chamado Howard Carter. Ele nasceu na Inglaterra, né, e o pai dele era de família pobre, mas o pai dele era de família pobre porque o pai era desenhista, né? Então, não tinha um ofício muito bem remunerado. Ele era o caçula de 11 crianças, várias das crianças da família tinham habilidades para desenho e ele tinha também. Não era uma coisa assim completamente extraordinária, mas ele era um muito bom desenhista. Ele foi morar com
uma família que o pai dele fazia catalogações. Essa família tinha uma coleção enorme de arte egípcia. Nesse período, a Inglaterra era dona do Egito, a Inglaterra foi do Egito até 1954, né? Então, todo esse período que eu vou falar, a Inglaterra e o Egito era uma possessão inglesa. Por isso, eles tinham esse estreito relacionamento com o Egito. Essas famílias ricas inglesas abandonavam o inverno úmido e chuvoso da Inglaterra para ir para o Egito velejar, né? Então, era comum passar as férias no Egito. E no Egito, como a questão da arqueologia era muito cotidiana, né? Então,
tinham muitos sítios arqueológicos e, por essa questão da ausência de água, os sítios arqueológicos estavam extremamente bem preservados. Isso virou uma mania entre os ingleses. Então, os ingleses queriam, todo mundo queria achar alguma coisa no meio das areias do Egito, de trazer para casa. Não se tinha nenhum desenvolvimento ainda da propriedade dos sítios arqueológicos, né? Então, quem pegou, quem achou, levou. Era mais ou menos isso. Então, encontrou, leva para casa. Isso vai começar na época do Carter, pouco antes, tá? Mas não era propriedade do governo egípcio, você mesmo, porque era possessão da Inglaterra, né? Então,
ele foi morar lá nessa família e os arqueólogos que trabalhavam no Egito pediram para mandarem alguém que não fosse muito caro. Manda alguém que não, a gente não vai pagar muito para fazer os desenhos para arqueologia, né? E lá se foi o Carter, com 17 anos, em 1891, na primeira viagem dele ao Egito, tá? Eles queriam, então, esses artistas hábeis. Para quê? Para fazer cópias e catalogação de tudo que se encontrasse. O Carter, então, ele vai começar a trabalhar nas escavações, ele vai passar por alguns arqueólogos e ele vai terminar, né, nesse primeiro período, com
esse arqueólogo belga chamado Petrie. O Petrie vai ser considerado um dos mais importantes arqueólogos, né? Ele está nas origens da arqueologia. Por quê? Porque o pai dele era agrimensor e ele vai começar a medir a profundidade dos terrenos e tudo isso. O pai dele educou o menino, levava o menino para tudo quanto é lugar porque queria que o menino fosse agrimensor. E aí o menino, que agora já era um velho, mas ele vai para o Egito e vai usar toda a técnica e toda a prática que tinha nessa medição de terreno para a arqueologia. E
vai ser muito sistemático, diferente de que todo mundo fazia, né? Eu vou falar aqui, mas o pessoal jogava braço no lixo, pegava tudo, fazia, não tinha método nenhum. É ele que vai começar a desenvolver. Ele vai pegar o Carter para fazer isso. Então, eles isolavam o sítio arqueológico. Aqui tem só um exemplo: eles colocavam estacas, faziam uma grade no sítio arqueológico para conseguir medir todas as coisas, né? E a partir dessas grades que eles tinham, eles faziam desenhos. Por que que eles não faziam foto? Porque a arte da fotografia estava se desenvolvendo agora. Eu não
lembro, mas eu acho que foi em 1890, por aí, que tiraram a foto do Sudário, né? Essa foto demorou, acho que, 50 minutos para ser tirada. Os papéis de fotografia eram muito pouco sensíveis, então a ocular da câmera tinha que ficar enormemente aberta por muito tempo. Assim, qualquer movimento era um problema. Então, para você tirar uma foto, demorava 40, 50 minutos. Aqui as coisas já estavam melhores, mas as fotografias ainda eram todas em preto e branco, o que, no monte de terra, dificultava muito a localização dos objetos, mesmo hoje, né? Ainda se tem, se recorre,
apesar da fotografia, a desenhos em cima das fotografias. Então ele ia lá e fazia esse esboço, né, de onde tinham sido encontrados os esqueletos, os cacos de... Cerâmicas. Esse, esse, esse Petre, arqueólogo, ele vai ser muito famoso por isso, porque ele começou a ligar para os cacos de cerâmica. Então, aqui não tinha muita, eh, ciência de datação, né, dos sítios arqueológicos. E como é que você sabia que uma cidade era antes ou depois? Ele vai recolher todos os sacos de cerâmica. Então, quando os outros arqueólogos queriam objetos para conseguir vender e ficar mais famosos, esse
aqui corria todo o caco de cerâmica. "Ah, dá para ele! Você quer isso? Aí, dá para ele!" E, através dos cacos de cerâmica, o Petre ele vai analisar: "Ah, essa tem pintura, essa não tem pintura. Essa era cozida há tanto tempo, essa não era; essa tem alça, essa não tem alça." Então, pela cerâmica de uma cidade, ele sabia que ela era posterior ou anterior a determinada outra cidade. Se a cerâmica era mais desenvolvida, era de tal período. Quer dizer, um fulano genial, né? Com poucos métodos que tinha, ele vai fazer tudo isso. O Carter vai
pegar esse trabalho, né, e vai desenvolver vários desenhos para eles. Esse aqui é um dos desenhos que ele fez. Ele não fazia desenhos só dos sítios arqueológicos, mas tinha muita, muita coisa para catalogar, porque, por exemplo, eles vão descobrir, eu vou falar um pouco das tumbas, né? Então, quando você chegava numa tumba, você tinha que fazer desenho de tudo. Para quê? Para mostrar depois, eh, para aquilo quando fosse aberto ao turismo, aberto a outras pessoas, para ver se não teve, eh, para se ninguém mexeu e mesmo para conservar um registro, né? Então, tudo eles catalogavam.
E era comum os arqueólogos publicarem livros dando conta das descobertas deles. Então, Carter vai começar. Isso aqui é outro desenho do Carter em uma tumba. Isso aqui já é a época do alvoroço do Egito. Todo mundo ia para lá sem ter nenhuma credencial e começava a cavar e descobrir coisas, eh, e tomá-las para si, né? Então, ele vai fazer todos esses registros. Uma coisa que vale a pena falar, que é importante, no caso, é que os sítios arqueológicos muitas vezes são misturados, né? Então, vamos pegar o exemplo clássico de Roma, né? Roma, a gente tem
uma sucessão de sítios arqueológicos. A gente tem coisa ali pré-histórica, né. Tem coisa, eh, tem a toda a época antiga de Roma, tem a época, eh, da monarquia, do império e tem coisas atuais. Então, muitas vezes isso é muito comum, muito comum, eh, nessas regiões que foram grandes impérios por longos períodos. Não é raro encontrar um sítio arqueológico em cima de outro, né? O que é um problema tremendo. A datação disso é problemática, né? Então, a datação depende um pouco do tanto que a coisa está encoberta, mas, ao mesmo tempo, o tanto que a coisa
está encoberta é o que dá datação. Então, é, é muito, é, é, o mais certo de tudo isso é quando você encontra uma, uma inscrição dando o ano da datação, né? Mais ou menos no Egito, mais ou menos em mil anos, 1.000 anos representa 1 m, 1,5 m de terra por cima. Essas coisas todas estão escavadas. Existem sítios arqueológicos que são sítios arqueológicos protegidos, como as tumbas. Então, a tumba está protegida, não vai entrar terra lá dentro, só da porta. E sítios arqueológicos que estão expostos, esses sítios arqueológicos estão expostos invariavelmente, né? Pela antiguidade deles,
eles eram todos cobertos. Então, tinha que se escavar e tirar os detritos disso. Isso aqui é uma coisa interessante: como você sabe onde tem o sítio arqueológico? Uma das coisas que denuncia isso são esses geoglifos, são próximos àqueles que têm em Nasca, no Peru, né? Mas aqueles são diferentes porque não têm vegetação em cima. Mas, quando você tem um mato, isso aqui na Amazônia, tá, e no Acre, quando você tem um mato que cresce dessa maneira, né, uma coisa dessa, você tem certeza que teve uma construção embaixo. O que acontece? A construção provavelmente foi embora,
mas os fundamentos da construção ficaram. Então, ou isso causa uma deformidade no terreno ou a própria vegetação, quando ela vai crescer, vai crescer mais onde não tem obstáculo para as raízes e menos onde tem, tá? Então, muitas vezes, a gente acha sítios arqueológicos, hoje em dia, por avião, tá? Teve recente, há uns três anos atrás, um caso desse na Inglaterra. Então, tirando umas fotos aéreas, acharam uns quadrados assim na vegetação. Certeza que tem construções de sítios arqueológicos antigos lá. Então, é, é, é algum dos métodos que eles usavam. Bom, aqui Luxor, tá? Luxor, a atual
cidade de Luxor, que nos importa, é a antiga cidade de Tebas. Então, como eu comentei com vocês, primeiro a capital do antigo Egito, da época das grandes pirâmides, ela foi no Cairo, em Memphis, próxima ao Cairo, né, na cidade de Mefis. E depois, o centro do Egito mudou para o alto Egito. E aí, a capital se deslocou para Tebas. Tebas é próxima, bem próxima da cidade de Luxor hoje, tá? E Tebas fica aqui. Vejam como o Egito era longo, né? O Egito, eh, é, o Nilo é, e o próprio país era longo. Aqui, essa alça
do Nilo, né, é onde vai ficar Luxor. E Luxor era uma cidade. Eu estou falando Luxor, mas quero dizer Tebas, que é o nome antigo. Era uma cidade dividida, tá? O Nilo passava no meio, mas era natural que fosse dividida pelo Nilo, porque, na verdade, eles ocupavam as duas margens. Isso vai ter uma importância simbólica muito grande para o Egito. As pirâmides estão na margem ocidental do Nilo. O Vale dos Reis, que eu vou comentar com vocês... Era tudo na margem ocidental. Por quê? Porque é onde o sol morre, né? O Oriente não tinha túmulos.
Todos os egípcios, eles faziam os túmulos no ocidente. "Oxider", em latim, quer dizer matar, morrer, assassinato, né? Então, era onde o sol morria. Os egípcios vão ser grandes cultuadores do sol, cultuadores do sol em diversas formas, né? Como a gente vai ver. E, para eles, era muito fundamental isso. Então, Tebas estava dividida em dois pelo Nilo: a cidade dos vivos e a cidade dos mortos. A cidade dos vivos era onde eles vão ter os grandes templos deles. Eles vão ter esse aqui, que é o famoso templo de Luxor, que vai abrigar muitas coisas, né? Mas
ele era dedicado a Amom. Amom é o deus sol, assim como Atum, que a gente vai ver também. Atum é o deus sol, mas é mais o disco solar. Amom é o deus sol, mas ele é muito identificado com Hermes, com o deus das coisas ocultas. Essa era a maior das divindades no Egito durante o Antigo Império. Vão ter o culto de Rá, que também é o sol. Mas, nesse período todo do Novo Império, a maior divindade era Amon, e para ela eles tinham construído, na margem oriental, né? Na parte dos vivos, o Templo de
Luxor. Também tá aqui o Templo de Karnak, também tá aqui o Templo da Hassut, né? Então, a gente vai ter uma série de construções. Por outro lado, na margem ocidental, tá aqui nessa alça, nesse lugar aqui, mais propriamente a gente vai ter o que se chama o Vale dos Mortos, e dentro do Vale dos Mortos, a gente tem o Vale das Rainhas, né? Ah, e tem o Vale dos Reis, tá? Que é a parte mais cobiçada pela arqueologia, né? No Antigo Egito, o Vale dos Reis ficava numa região de dificílimo acesso. E por que que
eles... Ah, aqui é a entrada. Depois melhorou, mas a entrada era um penhasco estreito, super difícil de entrar. Era algo assim complicado, e até lá era no meio do deserto, longe de tudo. Mas por que que foi feito isso? Originalmente, né? Isso no Antigo Império, eles faziam os enterros dos faraós nas grandes pirâmides, né? Cada pirâmide é o túmulo de um faraó e de uma rainha, né? Mas também não são só as trezentas e dezenas de pirâmides no Egito. Mas essas pirâmides, evidentemente, elas chamavam muito a atenção dos ladrões de túmulo, né? Se a pessoa
se deu ao trabalho de construir uma casa dessa para ir para a outra vida, imagina o que não tem aí dentro, né? Imaginar os tesouros que ela não guardou. A pirâmide é muito interessante como símbolo, né? Porque ela é um símbolo esotérico. Por quê? Porque a base é quadrada. Ela não é uma pirâmide, mesmo, né? A pirâmide, em matemática, tem três lados. Aqui, a base dela é um quadrado. O quadrado representa tudo aquilo que é terrestre, humano; representa os quatro pontos cardeais, representa os quatro elementos, né? Representa, então, a terra. E, se a gente... ah,
a... a... a... A pirâmide é a divinização do homem, né? Interessante o símbolo. E é interessante por essa compreensão que a gente tem pirâmide no Egito e a gente tem pirâmide no México. Tá, no México as pirâmides não são túmulos, mas elas são os teocalis. Elas são lugares de culto a Deus, tá? Mas é isso que representa a divinização do homem, e eles entendiam muito bem isso. E, mas, imagina, né, esse negócio aí! Imagina o que não tem lá dentro. Então, uma vez, até um árabe, já na época dos árabes, que não conseguia entrar, ele
falou assim: "Pensa! Atrás, primeiro ponto, né? Atrás de que pedrinha dessa que pesa duas toneladas, né? E tem o tamanho de um carro, tá? A porta não tem lá, entre, vem aqui!" Então, esse é o primeiro problema, tá? Depois, como que você faz isso? Então, até uma vez, um árabe propôs explodir a pirâmide para tentar conseguir os tesouros lá e falaram para ele que ele ia gastar mais dinamite do que tudo que ele encontrasse dentro. Então, durante uma sucessão de anos na história, a entrada da pirâmide e tudo mais que havia e todos os obstáculos
que eles punham para atingir a câmara do faraó foram sendo ultrapassados, e todas as pirâmides foram roubadas, né? Tudo, tudo, tudo, chegou no século X, e tinha sido pilhado e roubado. E, antes disso, tá? No Novo Império, isso já tava assim. Então, os faraós falaram: "Puxa, que que adianta fazer uma grande pirâmide dessa se ela vai ser totalmente saqueada?" Por isso, né, que no Novo Império os reis do Novo Império resolveram colocar no lugar mais escondido que eles pudessem, sem entradas que se pudessem fazer. Eles faziam toda a escavação do templo que eles iam ter
e entulhavam de cascalho em cima. Depois que eles acabavam, eles enchiam de terra, tá? Enterravam tudo para que ninguém visse. A região é uma região propícia. Isso, né? Ela tem uma parte em cima, coisa toda de cascalho. Tá embaixo, ela tem solo calcário. Isso era excelente porque eles não precisavam nem levar material de construção e nem escorar nada. Eles simplesmente cavavam calcário, que já dava a sustentação necessária para eles fazerem quantas tumbas e câmaras eles conseguissem. Então, era uma região muito boa para isso. Essa região, então, vai ser usada. Dessa forma, esses túmulos ficaram, lógico,
à mercê de ladrões que vão pilhar a maioria deles. Mas, modernamente, vai ser Napoleão, que tinha muito interesse em história, o primeiro que vai fazer descobertas na região. Então, dois engenheiros da expedição dele, que eram garotos de 20 a 21 anos e que não tinham aptidão nenhuma para arqueologia, simplesmente eram engenheiros, saíram cavando as coisas e descobriram, né, os túmulos de alguns faraós na região. Eles vão levar gravuras disso para a Europa, tá? E isso vai levar a 11 tumbas descobertas. Aí começou uma certa febre, né, todo mundo queria ir para lá descobrir alguma coisa.
Depois vai algum, o Giovanni Batista Berl, que era um artista de circo, para vocês verem o tipo de pessoa que ia tentar sorte no Egito. A pessoa aventureira ia lá e falava assim: “Nossa, ele se gabava que conseguia passar nos buracos se contorcendo e tudo mais.” E ele vai para lá também e vai fazer outras descobertas importantes no vale. Mas todas as tumbas que eles acharam, essas 11 e mais outras que ele vai achar, todas saqueadas, todas sem múmias. A única coisa assim que era admirável era a beleza das pinturas que elas tinham, né? Então,
eram descobertas arqueológicas extremamente importantes, eram tumbas enormes, tá, e muito adornadas, né, porque eram tumbas de faraós, né? Nesse período, também a descoberta dos hieróglifos pelo Champollion vai dar um impulso enorme à egiptologia, tá? Porque, a partir de agora, você não só conseguia ver tudo isso, mas você conseguia ler nas paredes tudo o que significava. Então, as aventuras no Egito vão continuar e vão aumentar bastante. Vão descobrir muitas tumbas nesse Vale dos Reis, mas tudo vazio, tudo sem múmias. Até que começa a correr pela Europa algumas coisas importantes, né? Entre elas, dois "Livros dos Mortos",
muito adornados, muito adornados, que chegam e começam a encantar todo mundo. O Livro dos Mortos, só para falar o que era, eram livros que eram colocados do lado de cada morto. Então, sempre a mumificação exigia isso, né? Uma das coisas que se fazia na mumificação era colocar o Livro dos Mortos, e esse Livro dos Mortos dava o caminho que a alma, né, devia percorrer e o que ela devia fazer quando fosse julgada, né, pelo Deus Anúbis, que era o condutor dos mortos. O Deus Anúbis pesava o coração do morto, que era aqui a figura numa
balança, com uma pena do outro lado, né, vendo todos os erros que ele tinha cometido. Então, é muito interessante, por quê? Porque no Livro dos Mortos, olha só, tem várias orações e palavras que eles deviam dizer, mas uma das partes que o morto dizia, né, ele dava o seguinte testemunho: “Não roubei as faixas nem as provisões dos mortos, não usurpei a terra, não falseei na balança, não tirei o leite da boca das criancinhas, não cortei um canal, fui puro, fui puro, ó juízes, nesse dia de julgamento supremo, permiti que o difunto chegue até vós. Ele
não pecou, não mentiu, não praticou mal, mas viveu na verdade, nutriu-se da justiça. O que ele fez? Os homens dizem: 'Deu o pão aos esfaimados, água aos sedentos, roupas àqueles que estavam nu, ofereceu sacrifícios aos deuses, repastos funerários aos defuntos, a sua boca é pura, suas mãos são puras.'” Então, isso aqui é muito interessante, né? O professor contava que aqui estão os 10 mandamentos de um povo que não conhecia a religião católica. Então, aqui, obrigado, estão os 10 mandamentos. Todos os 10 mandamentos colocados, mostrando o quê? Mostrando que os 10 mandamentos apenas são a explicitação
da lei natural, né? Que não são uma imposição de uma lei arbitrária, mas que esse povo que estava mergulhado em cerimônias demoníacas, né, e bastante imoralidade, conhecia de cor e sabia que era isso que devia apresentar para Deus. Então, aqui a gente tem esse Livro dos Mortos. Isso aqui é comum a todos os Livros dos Mortos, esse escrito, mas chegou um Livro dos Mortos muito bonito e perguntaram: “Poxa, onde é que acharam isso?” E foram fazendo enquetes e conseguiram achar dois ladrões. Esses dois ladrões eram ladrões de tumbas e eles não tinham dado só esse
livro, esses livros espetaculares, mas um monte de objetos super bonitos que nunca ninguém tinha achado, né? E deram na mão dos especialistas e falaram: “Isso não é falso, isso é verdadeiro.” Então, pegaram ele e apertaram e descobriram, né, que eles tinham tirado esses objetos desse lugarzinho aqui, tá? Que é o esconderijo real, né? O que aconteceu? Então, esse buraco aqui que eles tinham descoberto, conseguiram entrar e aqui dentro simplesmente tinham encontrado mais de 50 múmias. Entre essas 50 múmias, eles tinham encontrado, desculpem, mas a múmia do faraó Seti I, né, Tutmés I, Ramsés II... Seti
I é pai do Ramsés I, o Ramsés I é o grande faraó Ramsés, né? Aquelas múmias todas que estavam faltando foram encontradas todas aqui com o Livro dos Mortos, tá? Porque isso, os ladrões... O que aconteceu? Os túmulos foram sendo saqueados já na época dos faraós. Um dos faraós que viveu mais ou menos no ano 1000 resolveu tirar todos os pojos, os corpos, as múmias, dos faraós que ainda estavam no Vale e levar todas para esse lugar, para elas ficarem em paz. Colocou o livrinho dos Mortos lá para elas saberem o que fazer. Então, foi
uma grande... Descoberta arqueológica, e se entendeu um pouco por que todas as tumbas estavam vazias, né? Mas isso só reforçou que aqui, no ano 1000 antes de Cristo, 3.000 anos atrás, ele fez isso. Então, só reforçou que não se ia achar na íntegra os tesouros que tinham. Aí eram tantos, tão grandes, que era cobiça de uma vida, né? A pessoa ficava só fazendo isso, né? Então, a dificuldade para se achar uma tumba que não tivesse sido saqueada era muito grande. No ano 1000 antes de Cristo, já tinha uma situação dessas, né? Aqui, tão, tão faraônicos
de várias dinastias, todos juntos, era há muito tempo, né? Então, as múmias deles estavam todas aí. Está aqui, eles vão esvaziar esse italiano que vai mexer na tumba; eles vão esvaziar de qualquer jeito. Em dois dias, ele tirou tudo, mandou 300 homens fazerem a mudança e tirou tudo de lá de qualquer jeito. Então, eles não tomavam cuidado nenhum, não catalogavam, não fotografavam. Isso tudo aqui é antes do Carter, tá? Estou falando de uma época antes do Carter. Depois, vai vir um outro arqueólogo que vai fazer outra descoberta importante, que vai ser Victor Loret. Em 1998,
ele vai encontrar várias outras múmias escondidas na tumba do faraó Ôfis II. Essas tumbas vão ser o resto das múmias que faltavam, tá? Então, com isso que a gente chega, né? No Vale dos Reis, eles chegaram à seguinte ideia: havia 62 túmulos. Na verdade, eles falavam em 61, né? 61 túmulos. O 62, o VQ (desculpa, é KV), o KV é o King's Valley, né? O Vale dos Reis. 62 é o do Tutancâmon. Então, se tinha encontrado, perto da época do Carter, 61 tumbas, né? Dessas 61 tumbas, 61 estavam saqueadas e vazias. Você achava uma coisa
ou outra que ficou para trás. Numa delas, que deram muita importância, foi o Davis que achou uma carroça, né? Uma biga. Então, foi "Nossa!", foi super comemorada porque era uma coisa maior que foi deixada para trás. Mas se achava alguma coisa deixada para trás. Então, 61 tumbas, 61 saqueadas, né? A tumba do Ramé II tinha mais de 100 câmaras, tá? Lá, em uma das câmaras estavam enterrados alguns dos 52 filhos dele. Então, era um palácio de Versalhes submerso lá no Vale dos Reis, né? Um lugar suntuoso, devia ser cheio, abarrotado de tesouros. Por quê? Porque
era a vida depois da morte deles, então tinha que ser abastecida com todas as coisas. Não tinha nada sobrado, nada, nada, nada. Era uma tumba completamente vazia, né? Só pelo lugar, pelo tamanho e pela beleza da decoração e das paredes, mas não tinha nada, né? No Vale dos Reis, também tinham dessas tumbas, todas 20 só eram de faraós; as outras 41 eram de nobres importantes, gente que foi sendo enterrada lá. Então, além disso, tinha isso, né? Estava tudo saqueado, não tinha tumba nenhuma. Tinha 20 de faraós e esses corpos, a maioria deles, tinham sido localizados,
e os sarcófagos, né? E não se via nada. O Carter vai conseguir trabalhar lá com um arqueólogo que já vou falar dele, que é o Davis, que era um americano. Esse americano fez largar tudo que tinha nos Estados Unidos e foi para o Egito. Só que ele não era de pôr a mão na massa, ele terceirizava tudo. Então, ele contratava as melhores pessoas, né? Jeito americano de ser. E mandava: "Faz isso aqui pra mim, faz aquilo outro". Só que ele era bastante sistemático e competente na organização das coisas, apesar de ser um pouco apressado. O
Davis vai contratar o Carter para trabalhar para ele. Então, o Carter vai trabalhar para ele, o que vai ficar se destacando, se tornando conhecido, e vai virar chefe de antiguidades primeiro do Egito Superior, que é o Sul, e depois do Egito Inferior, que é o Norte. Então, ele vai ficar chefe de todo um departamento. Ele é o chefe do governo inglês no Egito, mas ele era ligado ao museu egípcio. Ele que ajudava com as licenças para entrarem, que fiscalizava as coisas, ficou muito importante. Só que um dia, acho que ele estava perto de Gizé, uns
franceses bêbados tentaram entrar numa tumba. Alguns guardas egípcios comuns vão impedir a entrada, eles começam a brigar, e esses guardas egípcios batem nos franceses. E aí, como isso era uma atribuição do Carter, né? Organizar todo esse acesso de turismo, isso era uma das coisas que ele fazia. Então, vamos falar com ele. Quando o Carter ouve os guardas e vê o que aconteceu, ele dá razão pros guardas. E aí, os franceses, que eram importantes, vão começar a reclamar com todo mundo, né? Então, o mundo vai cair em cima do cara. "Como você tá com a razão?
Todos os franceses estavam bêbados, quebrando as coisas". Então, o Carter bate o pé. Ele era extremamente assim, segundo os padrões ingleses, né? Ele falou: "A culpa foi deles", e pronto. O Davis tinha trabalhado para o Davis já e era o arqueólogo mais importante. Depois que o Petrie saiu da região, vai falar: "Carter, reconsidera, né? Você vai perder seu cargo". Ele não reconsiderou; ele perdeu tudo. Ele não quis porque falaram: "Pune os soldados", e ele dizia: "Os soldados não têm culpa, a culpa foi dos franceses". Ele era um homem de extremo valor, né? É isso que
vai. Ele vai perder tudo, tudo, tudo, tudo. Ele perde tudo para não dizer uma mentira e para não punir, e punir assim, era gente simples, eram uns empregadinhas do... Egito, né? Gente muito simples. E ele defendeu, perdeu o cargo, mas não, eh, não mudou. As pessoas ficaram assim, abismadas do que ele fez. Ele foi tirado do cargo e ele foi para o Sul, né? Que era onde ele gostava, lá pro Vale dos Reis. Começou a fazer uns desenhos, umas escavações... Aqui, ficou numa situação bastante pobre, né? Ele não tinha dinheiro, mal para pagar as contas
dele; não tinha nada. É nesse período que ele estava aí no Sul que ele vai conhecer o conde de Carnavales, que era o dono de um castelo, um castelinho pequenininho na Inglaterra. Né? Essa aqui é a sala do castelo dele. Né? Essa aqui é o hall de entrada do castelo dele, uma coisinha simples. Então, era um nobre extremamente rico, né? Que tinha um gosto muito grande por arte egípcia e por egiptologia. Ele gostava muito do clima do Egito, especialmente depois que sofreu um acidente de carro e teve um problema na perna, nos ossos. Então, ele
gostava de passar os invernos lá no Egito, né? Ele ia pra lá. E como ele passava o tempo lá, começou a fazer uma coleção de arte egípcia. Ele encarregava alguns dos arqueólogos para escavarem para ele. Ele vai fazer uma parceria com Carter. Antes do Carter, ele já tinha outros arqueólogos, mas ele nunca conseguiu achar muita coisa. Esse gato mumificado é uma das coisas mais... eh... maiores que ele achou, né? Ele chegou a achar alguns túmulos; o grosso das coisas nesse período já ia pro Museu do Cairo. Depois do Tutancâmon, tudo ia pro Museu do Cairo.
Então, era formalmente proibido você comercializar objetos arqueológicos do Egito, mas era o que todo mundo fazia, e o governo, ah, meio deixava que as pessoas pagassem os custos daquilo tudo que eles estavam fazendo, né? Então, muita coisa era levada, era vendida, e mesmo pelo fato de não ser declarada, né? Você achava; quem vai dizer que você não se declarou que achou? Então, ele fazia isso. Ele tinha achado uma coleção também de caixas de madeira lá que ele vai tentar vender pros museus. Uma tumba vazia ele fez uma escavação com Carter, mas assim, foram mais de
60 escavações e tudo frustrado, né? Então, vai ter muito, muito pouco sucesso, né? E aí, o Carter sempre falando para ele: "A gente tem que ir pro Vale dos Reis! A gente tem que ir pro Vale dos Reis!" No Vale dos Reis, aqui, os vendedores de múmias, do lado da cidade do Vale dos Reis, tinha uma cidade que se chama Cidade dos Ladrões. Lá, isso aqui é uma foto real de um vendedor de múmia. Não é múmia real, mas tinha muitas múmias. Todo mundo tinha que ser mumificado no Egito, então era muito... e tinham falsificadores.
Falsificadores de múmias não, né? Mas falsificadores de tudo quanto é coisa. Então, o Carter queria muito ir pro Vale dos Reis, só que a concessão do Vale dos Reis estava na mão desse aqui, que é o antigo patrão do Carter, que é o Theodor Davis. Era americano, que tinha direitos exclusivos da escavação do Vale dos Reis, dado pelo governo inglês. Ele, ele, ele tinha descoberto no Vale dos Reis, ele vai descobrir várias tumbas importantes, porque ele era muito sistemático. Ele ficava num barco no Nilo em jantares e festas, era moralmente ruim, e mandava os arqueólogos
dele para lá. Mas ele era muito de cobrar; todo dia de manhã ele estava lá nas escavações vendo o que ia se fazer e cobrando o que tinha sido feito no dia anterior. Ele vai fazer muitas descobertas no Vale dos Reis. Por quê? Porque ele sistematicamente passava o Vale dos Reis a limpo. Eh, lembra que eu falei pra vocês que tinha aquela camada de tempo, né? Desculpa voltar aqui muito, mas tinha uma camada de acúmulo de tempo, de sedimentos, porque era uma região inundável. Né? Aqui, aqui tinha uma camada de seixo, que era cascalho, e
aqui tinha uma camada calcária. Ora, você vai fazer uma tumba, você vai fazer no calcário. Então, o que que esse Theodor Davis fez? Ele falou assim: "Eu vou pegar todo o Vale dos Reis e chegar até o calcário, remover centímetro por centímetro." Ele tinha muito dinheiro, né? Mas também ele vai ter muito sucesso. Ele vai descobrir essa King's Valley 55, né? Onde ele acha o provável corpo, hoje por teste de DNA, sabe que é de Akhenaton. Akhenaton, eu vou falar mais dele, é o pai de Tutancâmon. Ele vai fazer um monte de descobertas, tá? Um
monte de descobertas muito importantes. Ele acha essas, eh, ele que acha essa carruagem, acha tumbas, mas nada assim de um extremo valor, né? Como vai ser a questão do Tutancâmon. E quando ele... ele não queria dar licença pro Carter de jeito nenhum. Só que nós estamos aqui já em 1914, né? Nas vésperas da guerra. Então, nas vésperas da guerra a situação toda transtornando e a Inglaterra vai ser uma parte importante da guerra e o Egito vai estar envolvido nisso. Ele fala: "Acabou, né? Depois disso aqui, depois de eu achar essa... eu achei todas as tumbas
de todos." Não que ele achou, mas as tumbas de todos os faraós que foram enterrados no Vale dos Reis estão identificadas. Não tem mais nada aqui. Depois, o fulano tinha removido centímetro por centímetro todo o cascalho, chegado nas bases ali. Não tinha mais nada; ele tinha achado tudo. Tudo, tudo, tudo. Então, ele fala: "Tá bom, eu vou embora." Aí mesmo assim, né? Então, ele diz... que não voltaria a mais, mesmo quando acabasse a guerra, que estava tudo descoberto, que tinha achado todas as tumbas. O Carter dizia: "Tem uma ainda, você não achou a tumba do
Tutancâmon." Eu, eu, eu vou já chegar aqui mostrando que ele falou: "Não, eu achei, achei também a do Tutancâmon." Ele disse que tinha achado num determinado lugar. Quem era o Tutancâmon para a gente entender, né? O Tutancâmon que tá aqui, ele era filho de Akhenaton. Então, Akhenaton era filho de Ofis-Tero. Esse Ofis-Tero é chamado o Luís XVI do Egito, né? O Rei Sol, ele foi um grande faraó, um governo muito próximo. Então, a família era extremamente rica, né? Os três... Aqui tá o Tutancâmon, ele vai governar até uma idade muito jovem, mas o pai dele
e, principalmente, o avô eram muito ricos e muito importantes. O Akhenaton foi casado com a Nefertiti, né? Não, essa daqui, a mãe do Tutancâmon, era uma irmã do Akhenaton. Eles... eles se casavam frequentemente, os faraós com as irmãs, muito frequentemente com as meias-irmãs, porque eles eram poligâmicos. Então, se escolhiam uma meia-irmã para casar. Para quê? Para a dinastia não sair da própria família. Isso, lógico, vai dar muitas deformações físicas, né? O Akhenaton tinha uma deformação que não se entende direito o que era, mas era muito grande no quadril e no rosto. E o Tutancâmon tinha
também, tá? O Akhenaton, né, ele... quando ele nasceu, tá vendo que o rosto dele era extremamente alongado? Então, a esposa mais famosa dele vai ser a Nefertiti, da qual os alemães acharam o busto dela. Ainda o busto não estava colocado em nenhum museu, em nenhum lugar. Ele tava na cabana do artesão que fez o busto. O busto é muito bonito, né? Feito em pedra e pintado. Vocês notem que tá pintado. A pintura foi conservada aí por 3.000 anos, mais de 3.000 anos. Ele nasceu, então, e foi chamado Otep, até Ofis, tá? Só que ele vai
mudar tudo isso. Então, ele vai ser um imperador, um faraó singular, porque ele vai estabelecer no Egito o culto de Aton. Quem que é Aton? Aton é o disco solar. Então, eu disse para vocês que o Deus mais cultuado nessa época no Egito era Amon e ele vai mudar para o culto de Aton. Mas qual a diferença? São dois aspectos do sol, mas eram divindades diferentes. Amon é hermético, semelhante a Hermes, é o Deus das coisas herméticas. Aton é o Deus do sol propriamente dito, Deus do círculo solar. E ele vai ser o cultuador, vai
mudar o nome dele. Ele vai mudar o nome dele para Akhenaton, né? Então, ele se chamava Amon, estava satisfeito, e ele vai mudar o nome para Akhenaton, o espírito atuante de Aton. Então, Aton era ele. E ele vai estabelecer no Egito uma coisa nunca vista, o monoteísmo. Ele vai dizer: "Não, só eu vou cultuar Aton, mas não existe nenhuma outra divindade. A única divindade que deve ser cultuada é Aton." E vai começar... "Era ele, né, só eu." Ele vai começar a destruir certos templos, proibir a frequência deles e vai mudar toda a religião egípcia. E
para isso, ele vai até construir uma cidade, tá? Ele vai sair de Tebas, que era Luxor, onde tinha a capital e o palácio, e ele vai para o meio do deserto, né, para a cidade de Amarna, né? E nessa cidade, ele vai construir outro templo. Tudo tá aqui, uma estátua dele, tá vendo? Ele, essa pessoa, tinha uns defeitos no corpo e ele aqui cultuando Aton, né? Então, esse culto a Aton foi considerado depois um absurdo para os egípcios. Então, muitas pessoas se incomodaram com isso, né? Ele fechou os templos e mudou a capital. Os filhos
dele todos receberam o nome de Aton. Ele é pai de Tutancâmon, mas a filha dele, Meritáton, e as outras seis meninas, todas com nome de Aton, né? E o menino dele vai se chamar Tutancaton. O menino dele, só que ele morre, né, precocemente e o menino fica faraó com 10 anos, tá? Isso aqui é uma representação que estava na tumba do Tutancâmon. Eles cortavam, os egípcios cortavam todos os cabelos e usavam perucas. Cortavam os cabelos, pegavam o cabelo, faziam a peruca e usavam as perucas, né? Vai entender, né? Então, era isso. Até as mulheres, né,
eles faziam isso. Então, em 1341 antes de Cristo, ele nasce, tá? Só para saber, Ramessés, que é o apogeu do Novo Império, é 1213, né? Então, é antes de Cristo. E ele fica faraó com 10 anos. Ele não era filho da maior rainha, que era Nefertiti, mas ele era o único menino de seis meninas. E, desde menino, ele se casou com a filha de Nefertiti para aumentar a legitimidade real, tá? Que se chamava Akhenaton, como ele. Aton. Para culto de Aton, ele vai morrer em 23, com 18 anos, de causas desconhecidas, né? E o nome
dele era "imagem viva de Aton". Ele vai ser educado nesse atonismo, tá? O único Deus que ele conhecia era Aton. Só que, depois da morte do pai, ele vai combater, provavelmente por influência daqueles mais velhos que estavam cercando ele, mas ele vai combater ativamente o culto do pai, de Aton, e vai mudar o nome dele, voltando agora o nome dele para Tutancâmon, né? Então, ele vai fazer de novo um pacto com esse Deus Hermes das coisas escondidas, "imagem viva de Amon", e a mulher dele, a irmã, vai mudar o nome também para Akhenaton, tá? Por
causa do ISS, tá, ele vai abandonar a Mara e vai voltar para Tebas, né? Ele vai abandonar a cidade, a cidade vai ser destruída, enterrada. É por isso que ficou lá o busto da Nefertite, tá? Porque nem foi colocado no lugar. O pai dele vai ser extremamente mal visto, né? E o que vai acontecer? O Davis vai dizer para Carter: "Eu achei o tumulo de Tutancamon!" O tumulo de Tutancamon é isso aí que vocês estão vendo, né? Por que o Davis vai dizer: "Eu achei todos os túmulos, inclusive o de Tutancamon"? Esse lugar que ele
achou tinha um monte de cacos e, nesses cacos, tinha o nome de Tutancamon; tinha várias porcelanas com o cartucho, que é aquilo que faz o nome dos imperadores, né? Dos faraós, os nomes próprios deles circulavam com uma elipse, e tinha vários nomes do Tutancamon. Então ele vai falar: "Eu achei o túmulo do Tutancamon! Eu achei todos." Carter vai dizer: "Isso aqui é insignificante, né? Isso aqui não pode ser o túmulo de um rei, né? Muito insignificante." E os dois vão conseguir a licença para escavar. O Carter, o que ele vai fazer? Ele era extremamente sistemático.
Então ele dividiu... essa aqui é um mapa do Vale dos Reis. Não é o mapa dele, tá? Eu peguei um outro. Ele dividiu em um número de, sei lá, 40, 50 quadrados e falou: "Eu vou olhar todos um por um." Então era extremamente sistemático. O Carnarvon é muito rico; contratou 100 pessoas. Imagina quanto isso não custava para fazer as escavações com Carter. Eles escavavam todos os dias. Eles ficaram cinco anos sem achar absolutamente nada. Era de se esperar, tá? No máximo, achavam uma porcelana, um caco, uma coisinha pequena; era de se esperar porque ele estava
indo em cima de uma terra que já foi exaustivamente escavada. Ele estava refazendo um trabalho, né? Então as chances dele encontrar alguma coisa eram mínimas. No entanto, ele não desanimava, né? Ele continuava. Ele desanimava, assim, ele passou... ele até começou... não desanimava no trabalho, mas lógico que ele estava extremamente desanimado. Mas ele tinha começado, ele ia levar até o fim, né? Então, quando eu dei essa aula na escola, uma vez, eu dei como um exemplo de perseverança, porque é impressionante mesmo: tinha que começar e levar até o fim. Então ele foi escavando sistematicamente todos os
quadrados. É lógico que ele não começou pelo começo; ele foi começando por aqueles que ele achava que tinham mais possibilidade de achar alguma coisa, né? Só que, particularmente, o centro aqui do Vale dos Reis, onde estava a turma do Ramsés, que é essa parte aqui, ele tinha um pouco de dificuldade de fazer isso porque as tumbas, muitas delas, estavam abertas para turismo. Então não era sempre que ele podia fazer tudo isso, né? O fato é que ele ficou de 14... lógico que a guerra fez com que isso diminuísse bem, né? Mas até 22, sem achar
nada. Nada! Só gastando dinheiro, jogando dinheiro fora, e o Davis falando, publicando livro: "Achei tudo, achei todas as coisas!" E o Carter, revolvendo o lixo que o Davis deixou, né? Até que em 22, durou, tá? Durou seis, seis, sete, oito anos. O Carnarvon desistiu. Ele falou: "Chega para mim, chega, acabou. Eu não vou fazer mais nada." Então, o que aconteceu? O Carter, diante dessa desistência dele, vai ficar muito, muito triste e vai até a Inglaterra procurar o Carnarvon. Ele vai até a Inglaterra e fala: "Olha, Carnarvon, eu preciso da licença. A única coisa que eu
preciso é dessa licença. Me deixe escavar, né? Eu pago essa escavação com todo o meu dinheiro. Eu vendo minhas coisas que eu tenho e eu pago com tudo. Você não precisa gastar mais um tustão. A única coisa que eu preciso é da licença." E o Carnarvon, diante disso, vai falar: "Eu não acredito!" Ele falou. O Carter insiste: "Só faltam daqueles quadrados, só faltam um ou dois, né? Daquele mapeamento que eu fiz. Eu vou terminar, eu tenho que terminar." E o Carnarvon falou: "Eu não acredito nisso, né? Que depois de tudo, de gastar tanto, de fazer
tanto, ele ainda insiste e diz que vai pagar com o dinheiro dele." Então, o Carnarvon falou assim: "Tá bom, eu pago, né? Volta lá e eu pago." E ele voltou, né? Ele voltou. E, assim, o que chocou ele foi o ânimo do Carter, as razões do Lord Carnarvon. Dez anos sem resultado, muito dinheiro gasto, cinco anos no Vale dos Reis... O Davis tinha varrido tudo. A tumba do Tutancamon já tinha sido achada. 61 tumbas no Vale dos Reis, 61 tumbas saqueadas. Mesmo que eles achassem, nunca tinham descoberto nada, né? Assim, intacto. Três mil anos de
saqueadores, né? E o último lugar... ele tinha varrido tudo. O Carter só tinha sobrado um lugarzinho lá. O último lugar era o mais improvável, né? Caíram as chances de ter alguma coisa naquele lugar. Muito, né? E, depois, o lugar que ele queria fazer era um lugar onde já tinham sido encontradas coisas que tinham sido encontradas lá: cabanas de construtores da tumba do Ramsés. Então não era que era um lugar... aí não encontraram nada, encontraram... tinha um sítio arqueológico lá, contemporâneo ao reinado, quer dizer, se não fosse contemporâneo, assim, com uma diferença de 100 anos. Mas
100 anos não é suficiente para cobrir um sítio arqueológico, então não tinha como, era altamente improvável. Mas, enfim, ele queria esse último quadradinho. Ele falou: "Eu comecei, eu vou terminar. Eu não vou deixar isso sem fazer." E ele foi lá. Era no centro, no coração do Vale dos Reis. Aqui estão marcadas todas as tumbas. Tá vendo? Essa é a KV55, que é a do que o Davis descobriu, né? Essa aqui, bem no centro, tá vendo? KV... não tá aqui, pera aí, KV62. Essa aqui é a do Tutancâmon, que estava bem no centro, né? Então, razões
dele, né, é o preciso terminal que eu comecei. Eu... ele sabia que faltava a tumba do Tutancâmon e a tumba que o Davis descobriu era muito significativa. E aí, o que vai acontecer? Ele vai para essa região, né? Isso aqui era a Cabana dos Construtores do Ramessés e ele manda começar a limpar os seixos. Aí, limpa mais esses seixos porque o Davis descobriu e parou, falou assim: "Descobri!" Parou, descobriu a Cabana dos Construtores lá da tumba. E aí mandou limpar os seixos. E aí o Carter falou: "Vamos trabalhar aqui." Ele começou de manhã e mandou
um menino, né? O trabalho do menino era pegar uma moringa d'água, que era uma moringa que eles usavam lá, que era redonda. Isso aqui usava muito na antiguidade também, que eles enterravam na areia. Por que que eles enterravam na areia? Porque ficava mais fresca. Por incrível que pareça, aqui o calor era tão forte que contam que às vezes eles entravam na tumba com vela e, na hora que eles iam ver, não tinha mais a vela na mão, só o pavio derretia tudo, a cera derretia na mão da pessoa de tanto calor. Então, eles usavam isso.
Eles cavavam um pouco esses seixos, essa argila, e enterravam o máximo que desse a moringa, né, para ela ficar fresca. E o menino estava fazendo isso e começou a enterrar. E começou a ficar difícil e não ia, e não ia. Quando ele viu, era logo no começo que ele voltou a escavar. Quando ele viu, tinha uma pedra. Limpa mais um pouco. Chamou o Carter. Não era uma pedra, era um degrau, né? Então, no meio do negócio, né, o garoto é o garoto que conseguiu. Aí eles selaram: "Nossa, um degrau, né? Vamos ver o que que
tem." Limpou pra frente, mais um degrau, mais um degrau, né? Então eles vão achar toda a escada de 16 degraus, né, que levava para algum lugar. Ele ficou com isso, mas como antes, lá no começo, uma vez ele já tinha achado uma tumba secundária e tinha chamado Carnaval, e não era nada. A tumba estava completamente destruída e saqueada, era um lugar velho sem importância nenhuma. Isso foi muito frustrante no começo, fora do Vale dos Reis. Ele aqui falou assim: "Não, não, vou chamar, não vou ficar feliz ainda." Então ele foi escavando mais e chegou na
parede que selava, né, que era uma parede de cascalho e uma espécie de massa. Ele chegou na parede que selava e, quando ele chegou na parede, ele sabia ler, né? Então tinha o selo em cima de Anúbis, que era o Deus dos mumificados, e embaixo tinha os dois nomes escritos duas vezes: Tutancâmon, Tutancâmon. Então ele ficou felicíssimo, né? Aí ele não abriu, ele mandou um telegrama. Essa aqui é cópia do telegrama dele: "Finalmente pro Carnaval. Grande descoberta no Vale. Tumba magnífica com selo intacto. Espero sua chegada. Parabéns, Carter." E aí o Lord Carnarvon vai... Carnaval
vai demorar mais três semanas até ele chegar lá. O Carter vai ficar esperando, vai colocar a polícia na porta, vai dormir no chão lá e ficar esperando. E aí eles vão fazer a abertura. Quando eles começam a abrir, né, eles já percebem que tinha tido uma intervenção. Eles percebem que essa parede tinha um buraco que tinha sido aberto, não ali no lugar do selo. Mas então a tumba não estava intacta, né? Então ele falou: "Puxa, provavelmente..." Mas era um buraco pequeno. Mas quando ele abre, né? Ele abre um buraco maior. O Carnarvon vai dar uma
vela, pois eles não tinham luz elétrica ainda. Depois vai ser... tinha, mas não era usado. Aqui, lógico, era muito difícil fazer a eletricidade pra cá. Depois vai ser trazida conforme os trabalhos dele. Aí ele vai enfiar a vela na mão e o Carnarvon vai perguntar: "O que que você vê? O que você vê?" E aí ele vai... a frase famosa dele: "Coisas maravilhosas!" A tumba tinha nada menos e nada mais do que 5.000, mais de 5.000 objetos arqueológicos. Ela não estava intacta. Os saqueadores, né, eles tinham empilhado as coisas. Aqui são algumas imagens reconstruídas por
recoloridas. Tinham empilhado as coisas para levar, só que não tinham levado por algum motivo. Então as coisas estão meio desajeitadas. Não estão como estariam numa tumba mortuária normal, né? Mas estavam todas, e todas, e todas lá. Provavelmente aquele buraco que eles viram com alguns cacos eram coisas que os ladrões na fuga largaram por lá, né? Então tinham mais de 5.000 objetos: carruagens, várias delas, coisas assim, com uma dificuldade de catalogar imensa. E não só isso, né, também tinha tesouros. Tá, mas eles perceberam, tá vendo, por essa... eu tô já terminando por essa entrada aqui, que
havia... ela já havia sido saqueada pelos ladrões. Essas aqui são duas estátuas que eram dois guardas, né? Tá vendo que aqui tinha um reboco, feito, refizeram isso. Então, mas só o que ele tinha achado nessa anticâmara aqui já era uma coisa. Aqui, ó, essa sala aqui é a sala dos tesouros. Cada um desses é um cofre cheio de ouro, cheio de pedras preciosas, vasos de alabastro. Eu não vou me deter muito, os objetos... o autor, o livro que eu li, conta em minúcias bastante coisas. Interessantes sobre eles, o que eu queria comentar, né? É sobre
aqui: a foto ficou um pouco estranha. É sobre o trono, né? Logo, logo, nessa primeira sala que ele achou, ele encontrou o trono do... essa sala aqui, que é essa mesma que tem esses dois guardas. Ele encontrou o trono do rei, tá? E ele vai falar: "Nossa, nada nesse lugar é tão esplêndido que nem esse trono! Nada nunca foi encontrado tão bonito quanto isso!" E vai ser publicado em tudo quanto é jornal. Isso porque ele ainda não tinha visto a máscara mortuária do rei que estava escondida, né? Ele... essa daqui são as havaianas reais, né?
Estavam no pé do Tutancamon. Elas são inteirinhas de ouro. Fora isso, ele tinha os dedos reconstituídos, tinha jogos, bumerangue, instrumentos musicais, joias de diversos tipos, mais de 130 bengalas porque ele era manco, né? Então... tinha um sarcófago com duas múmias que são duas filhas deles que nasceram mortas, né? Estavam aí. Mas, evidentemente, nessa primeira sala, a coisa mais esplêndida que tinha era o trono, né? Esse trono. O que é muito interessante: não é todo de ouro, ele é de madeira revestido de ouro, todo folhado a ouro. Mas o que é muito interessante é que esse
trono explicava muita coisa. Explicando... antes de falar do sarcófago, que eu vou falar rapidamente, por quê? Porque nesse trono você tem aqui o rei e a esposa dele, né? E aqui tem o disco solar. Não dá para ver, mas o disco solar está inteiro e o disco solar ele bate diretamente no rei Tutancamon, né? Então... e do lado da cadeira está a inscrição com o nome do Tutancamon, mas aqui não está escrito Tutancamon, está escrito Tutancaton. Então, o que acontece? Esse livro que eu li, ele comenta que isso aqui provavelmente é a justificativa do túmulo
ter sido encontrado intacto, por quê? Porque esse túmulo, né, onde se vê esse trono, onde se vê uma imagem, né, desenhada no lugar principal, que é o trono do rei, e depois o nome dele escrito Tutancaton, né, se vê o culto do Deus Áton. Depois que Tutancamon voltou para Tebas, o culto de Áton foi perseguido, justamente porque ele impunha o monoteísmo. Destruir a cidade, né? A memória... a tumba do pai de Tutancamon não foi destruída porque ela estava na outra cidade, ela não estava aqui. Ele não fez a tumba dele no Vale dos Reis; ele
a fez lá. Tutancamon que tinha trazido o corpo do pai por devoção ao pai e colocado numa outra tumba, junto com a mãe dele, com a avó dele. Ele colocou numa outra tumba, mas não tem túmulo para o pai dele, por quê? Porque o pai dele era herético, era proscrito, né? A mesma coisa fizeram com Tutancamon, só que a tumba dele estava lá. Saquear uma tumba, profanar uma tumba, era uma... ainda mais uma tumba de um faraó, era uma coisa muito pesada para um faraó. Então, o que que Ramsés, os construtores da tumba de Ramsés
II, fizeram? Construíram o lugar dos trabalhadores em cima da tumba do Tutancamon, como uma coisa para ele não ser lembrado, para ele ser esquecido. E assim ele foi esquecido. E é engraçado, né? Porque ele era o cultuador de Áton, que é o deus, e Amon, que é ele que voltou o culto de Amon, que é o deus das coisas herméticas. E foi a única das 62 tumbas descobertas intacta no Vale dos Reis. Atrás dessa parede, eles chegaram à câmara mortuária, né? Era guardada por esses dois gigantes aí e o selo estava intacto, estava lá, cordinha
com argila, sem ser rompida. Quando o Carter chegou nisso, né, ele era muito metódico. Ele vai demorar mais de três anos para esvaziar a tumba, ele vai demorar vários anos para abrir esse sarcófago, porque ele queria fazer da melhor forma possível. Ele vai parar o carnaval, queria que corresse. Ele vai parar nisso, o carnaval leva uma picada de pernilongo, ela infecciona e ele morre, né? O Carter tem até uma... algumas dessas coisas assim místicas lá que ele fala que ele estava na casa dele e uma... ele descreve no livro que eu li do Carter, ele
fala sempre essas coisas. Mas ele descreve que um dia o passarinho dele, que ele tinha um passarinho de estimação, foi atacado por uma cobra e, no mesmo dia, o que que simbolizaria? Os faraós eram simbolizados pela cobra, né? E, no mesmo dia, o Carter morreu. Mexer nas tumbas era uma maldição. E lógico, isso é bobagem, mas é lógico que isso aqui tudo era feito com cultos ao demônio, né? Coisas péssimas. E aqui ele abriu a tumba, tá? E quando ele... ele vai chegar... isso aqui são os números das... não são ainda os sarcófagos que têm,
né? São as caixas mortuárias que têm. Então, essa era de pedra, essa era inteirinha maciça de ouro, essa era de madeira revestida de ouro. Essa aqui, acho que também era de madeira revestida de ouro. Ele estava revestido por mais de 16 camadas de tumbas, né? Então, uma coisa assim impressionante. Ó, tá vendo aqui? Eu vou passar rápido. Tá vendo esse sarcófago? Esse aqui são os sarcófagos que têm dentro. Ele é de pedra revestido de ouro. Esse aqui, ele é de madeira revestido de ouro. Esse é de ouro maciço, tá? Então, esses são sarcófagos dentro das
tumbas e, ainda dentro, tinha a máscara mortuária, tá? Que é a famosa máscara. Mortuária do Tutancâmon todinha de ouro, né? Então, o valor da descoberta arqueológica, só essa daqui, é 11 kg de ouro maciço. Só essa aqui é só o rosto, e o valor disso tudo é inestimável, né? Essa estátua aqui foi vendida recentemente, foi encontrada... dizem que era da tumba do Tutancâmon. Um pedaço de uma estátua pequena, 28 mm, foi vendida por 22 milhões, né? Então, imagina as outras coisas! Essa aqui é a configuração da câmara mortuária dele, tá? Aquela sala principal, aqui está
o sarcófago onde a múmia do Tutancâmon estava, né? Aqui é a sala dos tesouros, que tinham muito ouro, muito ouro, e aqui diversos outros objetos, né? Essa aqui é a sala do tesouro, tá? Esses aqui são alguns dos cofres deles, esses aqui, eles retirando os objetos, tá? Carregando aí as carruagens e tudo... enfim, né? Interessante! E isso aqui é muito para conhecer um pouco da história do Egito e um pouco da arqueologia, tá bom? Era isso. Pai do Filho do Espírito Santo, também. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre
as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Maria, auxílio dos cristãos, rogai por nós. São João Bosco, rogai. Pai do Filho e do Espírito Santo. Amém. [Música]