Olá, seja muito bem-vindo a mais um episódio do nosso talk show, no qual vamos continuar a nossa conversa aqui com o professor. Gracioso, e bem no final do último episódio, nós comentamos um pouco, professor, sobre as virtudes, sobre as quais Santo Agostinho fala, que é a ordenação do amor dos amores. Só que, hoje em dia, quando nós falamos de virtudes, nem sempre estamos nos referindo a esse significado.
Mas, por exemplo, entre os católicos, podemos dizer assim: é muito famoso conhecer a virtude como um bom hábito. Então, você poderia relacionar um pouquinho mais essa relação da ordenação do amor que Santo Agostinho fala com essa virtude de ter um hábito bom, como, por exemplo, o bom hábito da paciência? Qual é a relação entre isso?
Como podemos desenvolver isso um pouco mais? Então, na realidade, nós temos também um desenvolvimento da reflexão sobre o conceito de virtude. Uhum.
Santo Agostinho pensava, nesse contexto da ordem do amor, em determinados hábitos também na nossa vida, mas outros autores, como São Tomás, enfim, vão ampliar muitas vezes essas discussões. Uhum. E aí, de fato, para simplificar, as pessoas geralmente fazem isso: ou seja, virtude seria um hábito bom, enquanto vício seria um hábito mau.
No fundo, a gente precisa entender o seguinte: na realidade, nós temos capacidades naturais; nós temos a nossa sensibilidade, nossa inteligência, nossa vontade. Essas são potências, no sentido de capacidades que nós temos, e fazem parte do nosso ser, da nossa natureza. Uhum.
Só que tudo isso precisa crescer, precisa se desenvolver, precisa amadurecer e, principalmente, eu preciso chegar a um ponto dentro do meu crescimento como ser humano, sendo capaz de fazer um bom uso de tudo isso. Então, por quê? Porque eu posso não necessariamente usar minha inteligência de uma maneira boa.
Posso usar minha inteligência para ficar fazendo esquemas e estratégias para enganar os outros. A minha vontade também, muitas vezes, não necessariamente é uma vontade ordenada e forte, mas é uma vontadezinha bem fraquinha. Eu não consigo querer o que devo.
A minha sensibilidade, às vezes, é muito aguçada: a minha visão, meu tato, meu paladar, enfim. . .
Isso, às vezes, acaba predominando, e então não consigo ter, sei lá, controle no beber, por exemplo. Então, eu fico ali: bebo, bebo, bebo, e tantas outras coisas. Então, enfim, nós precisamos de determinadas qualidades que, de uma certa forma, nos ajudem a saber fazer um bom uso de tudo isso de uma maneira equilibrada.
De uma certa maneira, as virtudes são isso. Num primeiro momento, as virtudes são as qualidades ou essas disposições para que a gente não faça qualquer uso, mas um bom uso. Por exemplo, as virtudes intelectuais vão ajudar a minha inteligência a ter essa disposição, ou seja, estar predisposta e preparada para realmente buscar a verdade e aderir a essa verdade.
As virtudes morais vão ajudar a minha vontade a buscar cada vez mais o bem e aderir a esse bem, da mesma forma que ordenar também a minha sensibilidade, minhas emoções, minha afetividade, minhas paixões, etc. Então, por isso, que alguns vão entender que as virtudes são essas qualidades ou disposições interiores permanentes, ou seja, pressupõem uma constância. Por isso que eu só posso dizer, de uma certa maneira, que eu tenho aquela virtude na medida em que eu tenho essa permanência, essa constância.
Não pode ser só de vez em quando que, sei lá, uma vez por ano eu tenho paciência. Então, não posso dizer: "Ah, eu tenho a virtude da paciência. " Não tem como, se só no Natal você tem paciência com a sua sogra.
Não dá, entendeu? Então, no fundo, precisa de algo mais. Entendeu?
Então, por isso que se fala em uma disposição interior permanente e constante. Por isso que é hábito. É hábito nesse sentido, pelo qual consigo.
. . Ou seja, é aquela história: minha inteligência, na maioria das vezes, está disposta às coisas da verdade, minha vontade já está ali disposta e direcionada para essa questão do bem.
Ou seja, as virtudes são necessárias e são muito importantes por causa disso, porque elas nos ajudam e facilitam muito. É só pensar o contrário também. Pense no poder do vício.
Por que o vício é um grande problema na nossa vida? Pode ver: tem pessoas que a gente conhece que olhamos e falamos: "Meu Deus do céu! Mas como é que essa pessoa consegue fazer tanta lambança em um dia?
" Ou seja, das 7 da manhã às 6 horas da tarde, ela conseguiu, sei lá, tomar 15 atitudes e decisões erradas. Mas por quê? Porque ela está predisposta.
O vício é tanto, vício na alma e vício no comportamento, que ela, na realidade, nem pensa direito no que está fazendo. Ela tem essa disposição permanente para fazer o mal. Depois, ela até pensa: "Nossa, mas meu Deus, por que isso?
" Ou seja, o negócio está tão enraizado que me dispõe, me predispõe para a virtude. É mais ou menos a mesma coisa. Então, no fundo, nós precisamos, sim, das virtudes para que a nossa inteligência, vontade, sensibilidade e efetividade consigam.
. . para que a gente consiga vivenciar tudo isso de acordo com a finalidade natural de cada uma, uhum.
E de uma maneira equilibrada, ponderada, onde a gente não vá se tornando uma pessoa infeliz e, enfim, problemática. Que não consiga assumir a própria vida, que não consiga ajudar os outros. Ou seja, tem muitas consequências negativas nesse sentido.
Então, eu fico feliz que, graças a Deus, se a gente for ver de alguns anos. . .
Para cá, muitas pessoas estão voltando a falar sobre as virtudes. O que são as virtudes? Como adquirir virtude?
A importância e a natureza das virtudes, né? Santo Tomás de Aquino, nesse ponto, é imprescindível, né? Ou seja, se você pegasse uma teológica, principalmente a segunda parte, que ele trata ali de muitas questões éticas e morais, do fim último do homem, mas tem toda uma parte que ele fala das virtudes e dos vícios.
Uhum, é um dos textos que eu, particularmente, conheço e que são mais ricos, é mais rico, né? Eu não conheço um texto mais detalhado no sentido de examinar toda essa questão das virtudes. Tá bem, então vemos a importância de adquirir virtude, certo?
E que nós não nascemos com elas. Isso é, no caso, às vezes existe toda uma discussão nesse sentido. Ah, tem que localizar, né?
Uhum, alguns colocam, alguns autores que a gente até pode falar de virtude natural, no sentido de uma certa predisposição natural para, aham, né? Mas, no geral, eu entendo que, de fato, quando nós falamos, existem dois âmbitos das virtudes, né? Existe a.
. . Quando a gente fala de virtude no contexto mais filosófico, nós estamos falando de uma coisa que é adquirida pelo ser humano, que o ser humano, enfim, pelo seu esforço, por todo um procedimento, ele vai tentar adquirir diversas virtudes, né?
Isso no âmbito da filosofia, uhum, tá? Então, quando eu falo que a virtude é uma disposição interior permanente, constante, né? Para fazer o bem, etc.
e tal, eu tô falando no sentido bem filosófico, certo? Tá. E aí, aquela história mesmo que a pessoa já tem uma certa inclinação ou disposição a sua natureza individual para algumas coisas, exato, isso não quer dizer ainda que ela já adquiriu aquilo totalmente, ela vai precisar buscar, certo?
Por isso que aí vai entrar aquela questão das virtudes fundamentais, das virtudes cardeais, enfim. Nesse contexto mais filosófico, uhum, porém, eu também posso analisar as virtudes no contexto teológico, uhum. E aí entram aqueles esquemas que vêm desde Santo Agostinho, São Gregório, passando por São Tomás, né?
Essa relação entre os sete dons e as sete virtudes, né? Sete dons do Espírito Santo e as sete virtudes infusas. Eh, aí já o outro contexto.
Então, veja que aí são as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade, e as quatro virtudes cardeais, né? Prudência, temperança, fortaleza e justiça. E aqui geralmente dá bastante confusão, porque eu tenho sete virtudes infusas.
Se são infusas, então, no contexto teológico, digamos que a noção de virtude muda um pouquinho, uhum, entendeu? E pressupõe, evidentemente, a questão da graça, a questão da fé, etc. , enquanto que no contexto filosófico, aí é mais resultado do esforço humano, por isso que a gente fala que a questão é adquirida.
Então, só tem que tomar esse cuidado, quer dizer, se eu estou falando de virtude no contexto mais filosófico, né? Que é aquela coisa. .
. eh eh. .
. mesmo que tenha uma tendência ali natural, pressupõe uma busca, um esforço, uma aquisição. E aí é óbvio que não vão entrar nem a fé, nem a esperança, nem a caridade, porque elas por si já são infusas.
Porém, as outras quatro que podem dar confusão, por quê? Porque prudência, justiça, fortaleza e temperança eu posso analisar essas quatro virtudes ou do ponto meramente de vista, do ponto filosófico, portanto natural, etc. e tal, ou eu posso analisá-las também como virtude infusa e, portanto, no contexto mais teológico.
Então, elas estão tanto aqui quanto aqui, só que aí muda um pouquinho o sentido. Então, mas para, digamos assim, para adquirir as virtudes infusas, né? Da justiça, temperança, fortaleza e, como faltou, prudência.
Prudência! Eu sempre, né, pelo que eu já estudei, pelo que eu vi, eu vi que há necessidade do esforço pessoal da pessoa, dela ter a natural, digamos assim, para que Deus possa vir infundir a sobrenatural. Tanto que tem aquele princípio, né?
Tipo, a graça supõe a natureza, sim. Então, só tem que tomar um cuidado com isso, porque isso recebe do batismo. É lá no batismo que começa a brincadeira, por isso que não pressupõe isso na medida em que você é batizado, aham.
Tem a questão dos sete dons e as sete virtudes, a questão sacramental. Agora, talvez o que a gente tenha que saber distinguir é o processo de crescimento e amadurecimento das virtudes. Entendi.
Então, a outra coisa, então, quer dizer, no fundo, dizer que você, porque se são infusas, são colocadas por Deus, uhum, entendeu? Então, é aquela história, na medida em que eu sou batizado, perdoado, purificado, eu recebo isso daí. E é lógico que todo esse processo continua depois com Crisma, né?
Com a Eucaristia, com, enfim, todo o processo sacramental. Então, é complicado, por exemplo, se olhar só por esse lado, porque eu falei: uma criança não tem ainda o "pensar" logicamente, mas ela recebeu. Agora, dizer que foi infuso e recebeu não quer dizer também que já tá tudo pronto e acabado.
Claro. E conforme ela for trabalhando para adquirir as essenciais naturais ou sobrenaturais, exato, aí é que entra esse ponto, ou seja, mesmo que ela foi o bebezinho batizado, recebeu aquilo ali, uma prudência para ela ir crescendo naquilo. Lógico que ela vai ter que crescer na vida da graça, sacramental, oração, meditação, palavra de Deus, tá bom?
Tem isso, uhum. Uhum. Mas ela também tem que crescer enquanto ser humano, ou seja, toda a estrutura natural dela, porque existe uma unidade profunda.
Então, por exemplo, ela foi batizada. Vou dar um exemplo simples, e isso acontece muito, né? A pessoa é batizada, depois nunca mais volta para a igreja, não volta para a igreja, não quer saber de nada, não reza, não vai para a missa, às vezes nem recebe o sacramento do Crisma, né?
E, enfim, não busca, não faz nada e também não recebeu uma boa educação, uma boa formação, uma boa orientação. Em outras palavras, que que vai acontecer? Essa sete virtudes infusas não crescem; vão amadurecer, entendeu?
Ah, porque, no fundo, aquela história, né? No batismo começou uma nova identidade: vou viver como filho de Deus. Então, como se Deus tivesse dado determinadas ferramentas ali: os sete dons e sete virtudes que você precisa cultivar para que consiga viver de acordo com essa nova identidade.
Uhum. Só que isso tudo aqui não substitui a necessidade também de você ter o seu desenvolvimento natural, né? A sua estrutura natural.
Então, por isso que, pelo processo formativo da educação, tem que se passar por esse caminho de educar a sensibilidade, a inteligência, a vontade e, ao fazer isso, né, a afetividade. Você vai estimular e orientar também o caminho das virtudes no sentido filosófico, no sentido natural. Uhum.
E aí as coisas vão se complementando, entendeu? Porque aí ela vai crescendo, aqui já recebeu isso, mas vai se desenvolvendo junto numa unidade de personalidade, certo? Eu acho interessante porque tem as virtudes, se loga, certo, que elas dirigem diretamente a Deus, e as cardeais elas, em certo sentido, abarcam tudo que é o ser humano, podemos dizer assim, né?
Tipo a prudência, inteligência, a justiça, vontade, a temperança, o apetite sensível e a fortaleza. Gente, tira assim, viu? Certo?
Então, se é isso, essas virtudes já marcam tudo que o ser humano é. Onde ficam os dons do Espírito Santo nessa história? Então, é interessante isso.
Essa pergunta é muito interessante porque, se você for ver, se analisar só do ponto de vista filosófico, né? A prudência, fortaleza, né, justiça, temperança. Aham!
No fundo, é uma tentativa de trabalhar o quê? Inteligência, afetividade e sensibilidade. Aham, é isso, né?
Então tá bom, já tô falando da estrutura humana exatamente. Só que tem um ponto aí que é importante, que a gente não pode esquecer. Do ponto de vista cristão, teve o problema do pecado de Adão, do pecado original, certo?
Esse pecado original feriu a natureza humana; não destruiu, mas feriu, certo? A inteligência foi atingida, a vontade foi atingida, a sensibilidade foi atingida. Certo?
Então, a imagem de Deus em mim não foi destruída, mas ficou embaçada. O negócio ficou meio complicado. Então, eu preciso passar por uma reconstrução.
Olha que interessante: você pega Santo Agostinho, se você pega São Gregório Magno, Santo Tomás, não lembro se tem mais alguém, todos vão fazer uma certa distribuição dos sete dons e das sete virtudes. Por quê? É a ideia de que mesmo as virtudes teologais, elas também ajudam no processo de restauração.
Por isso que eu tenho, né, a fé que vai trabalhar com a sabedoria, certo? A caridade que vai trabalhar com o conselho. Agora, não é fé com sabedoria; esperança com a ciência, né?
Não, sabedoria; fé com, desculpa, a fé trabalha com a inteligência, o dom da inteligência está. A caridade com o dom da sabedoria, exato. Vai marcando aí: fé, inteligência, caridade, sabedoria, esperança com o dom da ciência, certo?
E a prudência com o dom do conselho, certo? Olha que interessante: quatro virtudes e quatro dons para restaurar a inteligência, certo? Então isso já diz algo muito importante.
Isso já mostra claramente como que, lógico, tudo que está em nós Deus nos deu, faz parte da nossa natureza: corpo e alma, beleza, ser humano integral. Mas é nítido que a inteligência ocupa um lugar especial, senão Deus não teria dado quatro virtudes e quatro dons para entrar no processo de restauração da inteligência. Então, a fé, como dom da inteligência, restaura a sua inteligência no sentido dela conseguir não só ver verdades naturais, mas aderir às verdades reveladas, dar a sua adesão a Deus e, eh, eh, aderir a tudo que Deus revelou.
Então, ajuda a minha inteligência a vislumbrar não só, repito, as verdades naturais, né, que têm o alcance pelas minhas potências naturais, mas também aquilo que Deus revelou. E não no sentido de que eu vou entender totalmente, mas no sentido de não resistir e aderir ao mistério. Uhum.
Só que a minha inteligência tem outras funções. A minha inteligência emite juízos. Claro, na medida em que ela emite juízos, ela emite juízos sobre a ação de Deus, sobre as criaturas e sobre os meus anos.
Ora, para que eu emita juízos retos sobre o agir de Deus, né? Mesmo com todas as minhas limitações, mas nós fazemos isso, né? Nós emitimos: por que que Deus permitiu isso?
Por que que Deus fez isso? Mas, então, para emitir juízos retos sobre Deus, sobre a realidade d’Ele e o agir de Deus, eu tenho o quê? A caridade e a sabedoria para poder emitir juízos sobre as criaturas que Deus fez e a razão de ser delas.
Eu tenho a virtude da esperança e o dom da ciência. Engraçado, mas ao falar da caridade, me parece estar muito mais relacionado com a vontade do que com a inteligência. Não é interessante isso?
Ou seja, porque, agindo com a questão da sabedoria. . .
Porque lembra que a caridade vai te levar justamente a amar a Deus sobre todas as coisas. Exatamente, entendeu? Ou seja, a caridade, enquanto virtude teologal, é aquilo que me leva a amar a Deus sobre tudo e tudo em Deus.
Então, nesse aspecto teológico, isso vai repercutir na vontade, vai. Mas, em primeiro lugar, vontade também se. .
. A gente não pode esquecer que a vontade é um apetite racional. Aham.
Se ela é um apetite racional, intelectual, a tendência dela é buscar o bem que foi apresentado pela inteligência. A inteligência apresenta o bem. Certo?
O que que acontece aqui? Então, só voltando no esquema: quer dizer, você tem a virtude da fé e o dom da inteligência, restaura a inteligência para aderir a Deus e às verdades reveladas por Deus. Você tem a caridade com a sabedoria, que restaura a inteligência para que ela emita juízos, uhum, né, retos sobre a realidade divina.
E o agir de Deus, uhum, esperança e ciência ajuda a inteligência a emitir juízos corretos sobre as criaturas. Uhum. E a virtude da Prudência, no seu aspecto intelectivo, junto com o dom do Conselho, ajuda a minha inteligência a emitir juízos retos sobre o meu agir, sobre a minha conduta, sobre as coisas.
Mas pode-se dizer, pode-se dizer sobre as coisas concretas ou no geral, sim, é concreta no sentido dos atos realizados, isso, né? De eu poder ter uma visão crítica daquilo que eu realizei, dos atos cometidos, né, dos atos humanos realizados. Então, veja, quatro virtudes e quatro dons, só que o ser humano não é só inteligência, né?
Aí entra a vontade. Uhum. E aí é interessante porque, no caso da vontade, entra a virtude da Justiça, sim, entendeu?
E o dom da Piedade. Depois, você tem a virtude da Fortaleza e o dom da Fortaleza, mas aí é da vontade ou da sensibilidade, da vontade, da vontade em primeiro lugar, da vontade. Por quê?
Por que que eu preciso da virtude da Justiça e do dom da Piedade? Para que a minha vontade volte a ser reta e dê a Deus o que pertence a Deus, para que ela queira prestar o devido culto, a devida referência e se adequar à vontade de Deus, certo? Né?
Por isso que Santo Tomás vai colocar, por exemplo, que a virtude da religião nada mais é do que um desdobramento da virtude da Justiça, da Justiça, uhum, entendeu? Então, se a Justiça é dar a cada um o que lhe pertence, né, e a Piedade pressupõe toda a reverência, etc. , então elas caminham juntas.
Elas restauram a minha vontade no sentido do direcionamento, do ordenamento, certo? E a Fortaleza, por motivos evidentes, né, a vontade fraca dividida, não sei mais o que, então precisa dessas duas coisas, tá? E, por fim, na sensibilidade, na afetividade, aí vem a Temperança e a questão do temor de Deus, né, que me geram em mim toda essa preocupação, esse carinho com Deus, né?
Essa reverência de não querer ofendê-lo nem das mínimas coisas e, portanto, toda a questão da moderação também necessária na satisfação dos apetitos sensíveis. Então, esse esquema que Agostinho, Gregório Magno e Tomás colocam me parece interessante por causa disso, porque mostra que, além das nossas capacidades naturais, eu preciso de sete virtudes infusas, que passam pelo Sacramento, e sete dons que trabalham juntos nesse processo de restauração da minha totalidade, ou seja, da minha inteligência, da minha vontade, da minha sensibilidade, certo? Esse aspecto, tá, beleza?
Mas, aí, você fez toda essa relação das virtudes com os dons, né? Mas qual seria, propriamente, a diferença específica entre eles? Porque, se ambos são sobrenaturais e ambos influenciam o nosso ser de modo sobrenatural, que é a santidade, digamos, né, que está relacionado com a santidade, qual é a diferença específica deles?
Por que que tem que ter as virtudes e por que que tem que ter os dons? Aquela história: por um lado, você tem a própria missão do Espírito Santo, que é de santificação, aham, né? Então, sete dons do Espírito, como se fossem sete faculdades, estruturas novas que vão me capacitar, né, a viver dessa forma nova.
Então, veja que são ações do Espírito Santo, entendeu? Essa que é a grande questão. Ou seja, você tem esses dons que são novas capacitações do Espírito Santo, uhum, e, portanto, ações dele, que eu, por isso, não devo resistir e entristecer, certo, né?
Mas me abrir cada vez mais. Então, esse é um ponto. Ou seja, é a necessidade da ação do Espírito Santo na minha vida para que ocorra o processo de santificação, que é sua grande missão.
Certo? É santificar. Isso é uma coisa, aham, e outra coisa são as sete virtudes, né, que aí, de fato, também são necessárias, porque já não são simplesmente mais vinculadas à questão específica do Espírito Santo, da missão do Espírito Santo, né, mas estão vinculadas a uma graça, né, maior vinculada à questão do batismo, ali mesmo, outros sacramentos como a Crisma, para que eu consiga vivenciar isso.
Ou seja, essa nova identidade. Então, no fundo, é lógico que por trás, se você for ver, é evidente que a graça sempre está por trás, uhum, seja no caso dos sete dons do Espírito Santo, seja no caso das sete virtudes, né? Mas me parece que as duas coisas são necessárias.
No fundo, é como se os sete dons ampliassem as nossas faculdades, etc. , enquanto que as sete virtudes são um processo de colaboração, de estar junto ali. Elas não se ampliam, ou seja, não é exatamente a mesma coisa.
Por isso que eu falo: uma coisa é a especificidade do Espírito Santo, é a missão do Espírito Santo, é a ação do Espírito Santo, né? Outra coisa são as virtudes infusas, que não são mais simplesmente interiores, permanentes, né? Tem um termo que estou lembrando agora que se usa, mas é a ideia de que essas virtudes vão me ajudar a viver.
Ou seja, é como se fossem ferramentas, é um novo instrumental que Deus está te dando. Ou seja, eu fui perdoado e nasci de novo no batismo, tenho uma nova identidade. A questão é que sozinho eu não vou dar conta disso.
Sozinho eu não vou dar conta. E aí, é lógico que Deus vem, o que ele faz? Ele te dá a graça santificante.
No fundo, é aquilo que o padre Gargula, ah, ou o padre Marins chama a atenção nos livros dele, no sentido de que nós temos a vida natural e essa vida natural pressupõe uma estrutura natural, certo? Quando eu sou batizado, começa uma vida sobrenatural. Essa vida sobrenatural pressupõe uma estrutura sobrenatural e essa estrutura sobrenatural é constituída pela graça.
Em primeiro lugar, claro! Não começa com o batismo os sete dons do Espírito Santo, que já pressupõem a missão e a ação do Espírito Santo na minha vida, na sua especificidade, que é um processo de santificação. Portanto, os sete dons te capacitam a realizar atos de acordo com essa nova identidade.
Enquanto que as sete virtudes, me parece que a ação delas é mais próxima e restrita nas faculdades que foram feridas. É nesse sentido, ou seja, os sete dons são uma coisa um pouco mais ampla, né? No sentido de que você tem essa nova identidade de filho de Deus, e aí eu vou te dar aqui ferramentas para que você consiga realizar atos de acordo com essa nova identidade.
Nova identidade faz sentido e os sete dons são mais cirúrgicos, entendeu? É tipo assim: eu vou restaurar a sua inteligência para que ela consiga ser mais eficaz na relação com Deus. Em específico, não é atos no sentido geral, aqui é mais específico.
Ou seja, a sua inteligência precisa ser restaurada na sua intimidade com Deus. Por isso, fé, esperança e caridade. Mas se for parar para pensar, tem aquele princípio, né?
O agir segue o ser. Se for parar para pensar nisso, pode ter essa relação entre os dons e as virtudes, não? Sim, por isso que Agostinho, Gregório e Tomás, o que que eles fizeram?
Você tem a especificidade, tem isso, porém vamos juntar porque, no fundo, no fundo, essa articulação tem que acontecer. Porque a reconstrução é da imagem, a reconstrução é da natureza. Se é a reconstrução da natureza, mesmo tendo cada um sua especificidade, os dois são importantes.
Ou seja, por isso que eu pelo menos interpreto dessa maneira, né? Se tivesse só os sete dons, é como se tá bom, a minha natureza está sendo transformada, recebo essa identidade. Isso vai me capacitar a ter uma conduta, comportamento e realizar atos de acordo com essa nova identidade de filho de Deus.
Uhum, mas as sete virtudes, aí eu vejo de novo a expressão da bondade de Deus, da sua grande misericórdia. Porque, só isso, de uma certa forma, tá bom, já poderia nos salvar, mas Deus vai além, né? Ou seja, aquela história que alguns santos dizem: não tem como vencer Deus na sua generosidade.
É impossível! Ele sempre vai além, né? Ele sempre nos surpreende.
Então Ele vem e dá as sete virtudes, ou seja, porque a lei do… se você parar para pensar, por que que Ele precisaria disso se já tinha as naturais? Ou seja, se o ser humano, mesmo depois do pecado, ele poderia adquirir determinadas virtudes? E essas já ajudariam!
Então, quer dizer, já poderia ter essas, já deu a graça, os sete dons para que as sete virtudes infusas, entendeu? Aham. Então, quer dizer, isso daqui já produziria um efeito, mas eu vejo em primeiro lugar a expressão do quê?
Da bondade, mas ao mesmo tempo da sabedoria de Deus. Ou seja, eu tô te dando aqui a graça no sentido geral. Eu tô te dando toda essa especialidade do Espírito Santo no sentido da sua conduta, do seu modo de agir, com essa identidade.
Só que eu quero fazer uma restauração mais cirúrgica. Eu quero ir trabalhando na sua inteligência, na sua vontade, na sua sensibilidade. Não só no âmbito das virtudes naturais que você vai lutar e vai buscar, etc.
, mas eu quero já desde o seu batismo, fazendo com que isso também, junto com os sete dons, vá produzir um efeito restaurador muito maior. Uhum, que não é uma questão só do seu comportamento de acordo com essa nova identidade; é mais que isso, né? Porque eu posso te ajudar a ter um novo comportamento, tá bom?
Mas eu quero mais. Eu quero que você tenha uma inteligência renovada; eu quero que você tenha uma vontade mais ordenada. Eu, pelo menos, eu entendo assim.
Impressionante! Interessante! Muito interessante como você vai conseguindo aprofundar uns temas e adquirir a verdade.
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