Olá! Estamos, aqui, em mais um episódio do nosso estudo do livro Gênesis à luz da Doutrina Espírita. No episódio anterior, nós comentávamos sobre a genealogia, porque, aqui, no início do capítulo 5 do livro Gênesis, nós teremos uma lista genealógica: os patriarcas anteriores ao dilúvio.
Começa, ali, com Adão, a sua descendência, até chegar em Noé, já fazendo uma introdução, um prelúdio ao que virá com a história do dilúvio. Para que a gente entenda essa maneira de narrar, essa estrutura literária do livro Gênesis, nós comentamos, aqui, a importância das genealogias, a ponto de o próprio livro Gênesis de Moisés poder ser dividido em dez grandes partes, que são dez genealogias. Comentamos isto aqui.
Hoje, nós gostaríamos de fazer um paralelo entre esse texto do capítulo 5 de Gênesis com o capítulo 1 do Evangelho de Mateus, que trata da genealogia de Jesus. E, aqui, nós vamos explorar alguns elementos dessa genealogia com dois objetivos. Primeiro deles: ressaltar a importância que a genealogia tem no pensamento do povo hebreu, o que se pretende, qual é a agenda do escritor bíblico quando elabora uma lista genealógica.
Nós precisamos entender isto: qual é o propósito do redator bíblico quando ele elabora uma lista. Segundo: porque que essa lista, essa estrutura literária da genealogia, volta com toda força no Evangelho. E, com isto, a gente demonstra aqui essa continuidade entre o Novo Testamento e o Velho Testamento.
Quer dizer, não há solução decontinuidade entre o Evangelho e o Velho Testamento. O que há é aprimoramento, o que há é um processo de completude, de cumprimento, mas não de ab-rogação, como já havia dito Jesus e que é o capítulo primeiro de O Evangelho Segundo o Espiritismo (“Não vim destruir a lei”). Na nossa tradução editada pela FEB, nós elaboramos uma nota, que eu vou ler aqui os parágrafos e fazendo alguns comentários, ressaltando o que nós queríamos dizer quando escrevemos isto.
Então, aqui, na nota de número um, porque o livro do Evangelho de Mateus começa com o seguinte texto (MT 1:1): “Livro da Genealogia de Jesus Cristo. As genealogias do mundo antigo pretendiam muito mais do que simplesmente repassar informação histórico-biológica. ” Então, esse é o primeiro ponto: nós não podemos reduzir uma lista genealógica à história.
Ah, está contando uma história! Não é? Ou um relato biológico de quem é filho de quem.
Ah, fulano é filho de sicrano que é filho de beltrano. É mais do que isto! O que está em jogo é algo além da história e além da biologia.
Então, o objetivo, aqui, não é simplesmente traçar um árvore de descendência e nem apenas resgatar informação histórica por si mesma. “A função primordial da genealogia era definir a relação da personagem principal com o passado (. .
. ). ” Olha que interessante: no caso, aqui, da genealogia de Jesus, qual é a personagem principal?
Jesus, não há dúvida. E, ao elaborar uma lista genealógica, o que o redator bíblico quer (no caso Levi)? Quer vincular Jesus ao passado.
Isto é importante, porque a relação de Jesus com o passado, com a primeira revelação. . .
e, quando a gente diz primeira revelação, preciso tomar cuidado para não resumir primeira revelação só com Moisés. Primeira revelação não é só Moisés, por isso é que aparece esse tanto de nome, aqui, na genealogia de Jesus. Todas essas pessoas, aqui, compõem a primeira revelação: são Espíritos que encarnaram com missões específicas, alguns profetas, alguns redigiram livros, outros compuseram o poder, deram estrutura, deram ocasião para que os missionários pusessem atuar, ou seja, todos participaram.
Então, primeira revelação é um conjunto de centenas de missionários que concretizaram a revelação, sendo que Moisés é a síntese. Moisés é aquele que personifica esse processo, por ter redigido, por ter estruturado, por ter estabelecido leis, ele atuava como um legislador, como um condutor, como um líder do povo. Esta é a sensibilidade que nós precisamos ter ao ler este texto.
Quando eu quero vincular Jesus ao passado, eu estou querendo vincular como? Eu estou querendo dizer que Jesus não tem nada a ver com o passado? Então, esquece o passado, queima todos os livros, esquece a primeira revelação, Jesus começa do zero, uma linguagem absolutamente nova, ele não faz referência nenhuma à primeira revelação.
É isto? Não é isto. Ele mesmo disse que não é: está lá no Sermão do Monte.
Ele disse que não é isto. Não é? Então, qual é esta relação?
É uma relação em que ele se coloca como alguém que dá continuidade a um fluxo, dar continuidade, prossegue em um movimento. Agora, prossegue como? Imitando ipis literis tudo o que foi feito?
Não. Ele prossegue fazendo pequenas mudanças? Também não.
Então, ele prossegue resgatando a essência, resgatando os alicerces, mas trazendo profundas mudanças. Então, é importante para a gente isto, porque nós temos uma ilusão de que para eu trazer algo novo, eu tenho que romper. Isto é um exagero total!
A gente se recorda, aqui, de que Beethoven, no final de sua vida (que coisa curiosa, com toda sua grandeza musical, com toda a sua originalidade, no final de sua vida, ele se volta para a obra de Bach, Johann Sebastian Bach, e diz que ali estava o que ele julgava que era o principal. Olha que interessante isto! Então, embora ele tenha trazido todas as inovações, embora ele tenha aberto caminhos inusitados, ele se volta para o passado e reconhece no passado o seu papel de semente, o seu papel de raiz, o papel de base.
Então, inovar, trazer progresso, não significa romper. Aliás, o progresso efetivo sempre respeita, honra e aproveita o que o passado tem de melhor. O progresso tolo, ingênuo e sem base é aquele que despreza o passado.
É importante a gente entender isto. Agora, aproveitar o passado não é simplesmente repetir, não é ser uma cópia. Então, Jesus vem trazer algo original, vem na postura, no olhar, na maneira como lida, nem sempre no conteúdo.
Então, ele retoma determinados conteúdos, mas o olhar de Jesus, a maneira como ele posiciona esse conteúdo é completamente diferente, até porque a sociedade judaica da época havia transformado regrinhas de proceder em elemento prioritário e Jesus não aceitava transformar regras, aspectos acessórios em prioritário. Ele entendia que os princípios, sobretudo o princípio da fidelidade e da comunhão com Deus e o princípio do amor ao próximo deveriam orientar todas as regras. Eram as regras que estavam subordinadas ao amor a Deus e ao amor ao próximo.
Então, a própria maneira de Jesus olhar para o passado já era inovadora. A maneira como ele lidava com o que já existia. É como alguém que chega em casa: 'o que que sobrou?
' Ah, um arroz de ontem, feijão e daí, ele pega e faz um prato totalmente novo com as sobras do dia anterior, faz um mexido maravilhoso ou um outro prato espetacular de sobras de refeições de dias anteriores. Isto é interessante. A criatividade não está em romper com o passado.
Nós precisamos entender: a criatividade, muitas vezes, está em atualizar o passado para o momento presente, resgatar a essência e traduzi-la para o tempo presente. Então, o objetivo da genealogia era este: mostrar, definir a relação, aqui, da personagem principal, que é Jesus, com o passado no intuito de destacar sua importância para o presente, porque se ele não tivesse nenhum vínculo com o passado, aquela sociedade ia desconfiar da relevância de Jesus para o presente. Claro!
Eles tinham dez mandamentos. Se você dissesse que Jesus iria romper totalmente com o passado, então, ele vinha romper com os dez mandamentos? Quer dizer, que nós deveríamos abandonar o 'amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo'?
"Amar a Deus sobre todas as coisas" está lá em Êxodo e "amar ao próximo como a si mesmo" está em Levítico, deveríamos abandonar com isto? Claro que não! Então, nós precisamos ser precisos, precisamos exercer discernimento, bom senso.
Às vezes, a gente ouve muitas pessoas repetindo coisa aí como se fosse papagaio, sem refletir no que está dizendo. Então, aqui, Mateus está vinculando a pessoa de Jesus com o passado. Mas, olha que vínculo sutil que ele vai estabelecer, vamos continuar.
“Na versão de Mateus, a história bíblica é novamente narrada e interpretada de uma perspectiva ou agenda que revela seletividade e parcialidade. ” Seletivo e parcial significa que Mateus não vai citar toda a descendência de Jesus. Não!
Ele vai cortar alguns nomes e isto é ser seletivo. Ele selecionou alguns nomes. Olha que interessante!
E, ele foi parcial. Por que parcial? Porque, em alguns casos, o nome que ele cortou era um nome que, na época histórica que aquela pessoa viveu, era mais importante do que o que ele selecionou.
Ou seja, Mateus tinha um critério. Ele volta ao passado, mas volta com discernimento, volta de uma maneira reflexiva. Por quê?
Porque entende Jesus como um momento de plenitude, era como se ele olhasse, agora, para o passado a partir de Jesus, a partir do que é Jesus, do que fez Jesus, do que trouxe Jesus. Desse olhar, dessa perspectiva, ele se volta para o passado e seleciona personagens. “A cadeia de eventos, personagens e cenários são apresentados dentro de uma estrutura e forma de expressão, uma preservação de conteúdo, ponto de vista que refletem um propósito teológico (.
. . ).
” Então, há uma ideia religiosa nessa seleção dele, tem “(. . .
) uma função sócio-pastoral, quer dizer, ele quer ensinar alguma coisa para a comunidade cristã uma contribuição do narrador à compreensão da história bíblica presente e futuro. ” Então, ele quer dar uma contribuição de qual a visão dele da história bíblica. Então, aqui, é muito importante.
Quando a gente de refere à história bíblica, nós poderíamos colocar isto numa linguagem espírita, como história da revelação. Quem fez isto? muito bem O primeiro Espírito a dar mensagem em O Evangelho Segundo o Espiritismo.
No capítulo 1 de O Evangelho Segundo o Espiritismo está lá Instrução dos Espíritos. A primeira mensagem que está lá, o Espírito assina assim: um Espírito israelita. A gente sabe quem é este Espírito, não é?
Está na Revista Espírita, é uma comunidade judaica que Kardec conhecia, havia médium nessa família e era o Espírito familiar, o guia espiritual daquela família judaica quem dita esta mensagem. E, o que ele traça ali? Ele traça um história da revelação.
E, nessa história, ele diz assim: Moisés iniciou a obra, Jesus deu continuidade, o Espiritismo a concluirá. Olha que interessante! Então, de uma perspectiva histórica, como é que se faz o corte?
como é que se faz o corte? Por que que Kardec escreveria o primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo: ‘não vim destruir a lei’? E, diria assim: da mesma maneira como Jesus não veio destruir a lei mosaica, o Espiritismo não vem destruir a revelação de Jesus.
O que significa isto? Significa que tem uma história, significa que tem um fluxo, que tem um processo. Agora, isto quer dizer que eu vou voltar, agora, pro estudo do Velho Testamento e vou me vestir como Abraão se vestia?
Isto quer dizer que eu vou, agora, me alimentar e comer a mesma comida que os patriarcas bíblicos comiam? Então, olha que coisa curiosa. Então, agora eu vou passar a viver em tendas, vestir túnicas, me alimentar do que eles se alimentam, começar a falar e usar palavras que eles usavam.
. . É isto?
Não é isto. Então, não é voltar ao passado para ficar preso nele. Porque não é uma história, não é um fluxo?
Se é um fluxo, significa que o rio correu, significa que as coisas fluiram. Não é? Todos os missionários que vieram na primeira revelação e o mundo avançou, e, aí, vieram os missionários do Evangelho e o mundo avançou e, aí, veio o Espiritismo e o mundo avançou e continua avançando.
E, nós chegamos lá em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo Sede Perfeitos, tem um item lá (O Homem no Mundo) que diz que nós temos que viver segundo a nossa época. Então, o ser humano de hoje, da nossa época, ele se veste de uma maneira diferente, ele usa Uber, ele tem Whatsapp, ele vive como as pessoas do seu tempo. Então, não vamos cair nesse fetiche de querer reproduzir o passado arquitetonicamente, os costumes.
Há muitas seitas que fazem isto: querem ressuscitar o passado enquanto exterior. Não é essa a proposta. Aliás, muitos não compreendem o nosso estudo do Gênesis, porque acham que nós estamos propondo isto: voltar ao passado para viver, para cultuar, para.
. . .
não entendeu! Nós estamos, aqui, estudando para entender a história, a linha de continuidade, porque senão você chega na mensagem que abre O Evangelho Segundo o Espiritismo (‘os Espíritos do Senhor que são as virtudes dos Céus’) e você não entende a linguagem que está lá. Não entende.
No livro A Gênese, de Kardec, ele abordou vários temas do Velho Testamento, fez leituras. Mateus também: ele volta, aqui, ao passado, ele cita nomes, ele articula esses nomes, mas ele está com os pés no presente. O presente dele era Jesus.
Isto é que é bonito: eu não preciso atacar o passado para ser um atual, para ser moderno, para ser contemporâneo. Eu não tenho que jogar pedra, desprezar o passado para ser contemporâneo. Por outro lado, eu não preciso repetir o passado, viver como no passado, para honrá-lo.
Honrar o passado é reconhecer a utilidade que ele teve e guardar a essência do que é bom do passado, não a forma. A forma muda. A forma se altera.
Então, nós vamos perceber que no Espiritismo, muitas vezes, os Espíritos estão dizendo o que já estava nas Cartas de Paulo, o que está nos Evangelhos, mas estão dizendo com uma nova linguagem para tornar mais compreensível. Eles mesmo dizem, na questão nº 627, convém agora dizer as coisas de um modo claro, sem alegoria. Isto significa dizer outra coisa?
Não! Dizer a mesma coisa, mas com outras palavras. Agora você não pode, simplesmente porque mudou as palavras, dizer que está falando uma novidade.
Não está falando novidade. Está resgatando o ensino passado, mas numa outra forma, numa outra linguagem, numa outra moldura, porque os tempos são outros. Na época de Moisés, a humanidade estava na infância; com Jesus, ela já tinha dezoito anos; quando vem o espiritismo, a humanidade está madura: trinta e cinco, quarenta anos de idade.
É claro: eu não converso com uma pessoa de trinta e cinco anos de idade como eu converso com uma criança de dez. Mas, quem está conversando? Quem sempre conversou com a humanidade são os Espíritos que a dirigem, a começar pelo Guia e Governador espiritual do orbe.
Então, isso é que é importante a gente alcançar: esse discernimento. . .
alcançar esse discernimento, essa moderação, esse raciocínio sólido, seguro, sem pieguismo, sem apego, sem radicalismo, sem irracionalidade, estudando com leveza, com fé raciocinada, com clareza. Essa é a nossa proposta do estudo do livro Gênesis. “A genealogia coloca a origem de Jesus e, por consequência, de seus seguidores, no centro dos planos de Deus”.
Então, o que Mateus está querendo dizer é que Jesus não é um acidente, porque embora ele viesse e chocasse por falar do amor, da bondade, quando as pessoas só acreditavam na violência, no ódio. Na época de Jesus, as pessoas tinham uma fé absoluta na espada, na violência e Jesus vem falar da tolerância, do perdão, da caridade. Isto era chocante!
O que Mateus está querendo dizer é que essa vinda de Jesus está nos planos do Criador, não é um acidente, é algo planejado. Se é planejado, está na continuidade como o Consolador. A vinda do Espiritismo está nos planos, foi anunciada, o evento foi planejado, aconteceu no tempo que tinha que acontecer e da forma como tinha que acontecer.
É esse o sentido! Mostra a continuidade, o fluxo, o programa, um programa espiritual que foi sendo implementado no tempo e da maneira que era possível considerando o livre arbítrio das criaturas e as circunstâncias da evolução do orbe. Olha que bonito isto!
“Cada nome mencionado evoca estágios desse plano, demonstrando que as promessas divinas, a vontade soberana do Altíssimo se sobrepõem às fragilidades e iniquidades humanas. ” Por que fragilidades e iniquidades humanas? Porque se você pegar os nomes que estão, aqui, na genealogia de Jesus, vão ver que tem gente, aqui, de muito mau caráter, tem personagens, aqui, que são modelos de queda espiritual, durante suas vidas fizeram bobagem uma atrás da outra.
E, por que que elas estão na lista? É o caso que nós vamos estudar em Gênesis, aqui. Nós tivemos Caim que assassinou o irmão: ele está na lista genealógica.
Por quê? Para mostrar que os planos do Criador se concretizaram ‘apesar de’. E esta é uma lição, sobretudo quando a gente começa a discutir Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, porque as pessoas acreditam que os projetos do mundo espiritual dependem cem por cento do encarnado.
Será? Será mesmo? Então, Deus não é o Todo-poderoso.
Então, se nós nos voltamos para o estudo da história bíblica, nós vamos ver que os planos divinos se concretizam ‘apesar de’ tragédias praticadas e cometidas por quem tinha o dever de cuidar da revelação. Está aqui, os nomes estão aqui. Olha, então, cada nome, aqui, é um estágio, é um degrau.
Esse nome não é uma pessoa, é um degrau, é um tempo, é uma época, foi um movimento humano de ascensão como os nomes, aqui, que nós vamos ver no capítulo 5 que dá origem, que é isso aqui, que, na verdade, o que Mateus fez, aqui, foi resumir todas as genealogias que estão no Velho Testamento culminando em Jesus. O que que isso, aqui, chama a atenção? Se você está olhando para o nome e está impressionado: ‘Nossa, mas Fulano viveu trezentos anos’, está pensando numa pessoa?
Realmente é isso? Será que é isso: um ser humano que viveu trezentos anos? Será?
Então, vamos pensar assim: pensa, hoje, em Cuba, na ilha comunista Cuba. Eu te pergunto: quantos anos viveu Fidel Castro? Pensa bem para responder!
Porque você acha que ele ainda morreu, que ele já morreu quer dizer? Você acha que ele já morreu? Em Cuba, Fidel Castro já morreu?
Eu tenho minhas dúvidas. É por isso que a história fala assim: a Era Vargas. Dá até redação do Enem: a Era Vargas.
Você não está pensando no Getúlio Vargas, por que nós sabemos quando ele nasceu e quando ele se suicidou, ou seja, quando ele morreu. Nós sabemos! Mas é isso?
Você acha que a Era Vargas acabou quando ele morreu? Será? O século de Napoleão .
. . então, é isso!
Nós já sabemos essas coisas. É só aplicar, aqui, no texto bíblico. Essas personagens, aqui, são eras, são períodos de evolução sociológica, de um grupo.
Então, esses períodos de evolução comunitária representam degraus para se chegar à culminância que é Jesus. Diversas experiências, incluindo experiências de queda profunda, porque alguns aspectos da bondade, da caridade de Jesus só podem ser compreendidos se nós examinarmos a queda dos seus ancestrais. O que que isto significa?
Significa que o Cristo veio redimir, inclusive as quedas. Este é o sentido! “Os propósitos de Deus que envolvem a formação de um povo, são amplos e inclusivos.
” Olha que interessante: a formação de um povo, a promessa que foi feita lá a Abraão, universal e inclusivo. Não é só para o que fez coisa certa. Vai excluir quem errou?
Quem errou não vai ter mais oportunidade? É assim que é evolução espiritual? Claro que não!
Basta ir lá nas questões de O Livro dos Espíritos, que nós vamos ver, quando Kardec pergunta sobre a escala espírita, se os Espíritos permanecem na escala. Não, todos vão progredir, o que é que vale dizer: todos se tornarão Espíritos puros. Ponto final.
O que varia é o tempo: uns vão mais rápidos, outros vão mais lentos. Mas, todos vão! Então, os planos divinos da evolução são inclusivos, inclusão.
Esse é um problema sério e engraçado porque, hoje, a constelação familiar eleva isso, aqui, a um princípio: é o princípio da inclusão. Tudo aquilo que é excluído, volta com um sintoma. Infelizmente, esse é o grande problema, hoje, nas famílias, nas comunidades, incluindo o Movimento Espírita, porque nós criamos um movimento exclusivo, nós queremos excluir pessoas, queremos banir pessoas, quando a proposta Divina é uma proposta inclusiva.
Não é uma proposta de aplaudir equívoco. Mas, como é que que se corrige equívoco: expulsando, banindo? Essa é a proposta de Jesus para se corrigir o erro?
Nos parece que não. Então, nós vamos ver, aqui, que as personagens que são colocadas, aqui, personagens de estarrecer: por exemplo, Caim. Lá na genealogia de Lucas vai ser colocado.
Por que Caim entra na genealogia, aqui? Não é de estarrecer? É, mas tem que incluir, porque se você fizer um exame do seu passado espiritual, você vai ver que, várias vezes, você preencheu esse papel psicológico chamado Caim.
E o que nós vamos fazer? Tem que integrar. Esse aspecto da nossa personalidade tem que ser integrado, essa sombra tem que ser reconhecida, porque senão ela não será iluminada.
Então, tem um aspecto inclusivo, aqui. Por que que é inclusivo? Olha que interessante, porque ela ultrapassa “(.
. . ) o território judaico (Israel, Judá)” e cita, por exemplo, personagens que são pagãos: Ur dos Caldeus, Babilônia.
Então, não fica só em Israel. É interessante isso não é? Por que essa é uma característica básica do evangelho que Paulo reforçou: o Evangelho era para todos, inclusive, para os gentios.
Então, é curioso você ter gentil na genealogia de Jesus. Não é curioso? Pois é.
Olha o aspecto de inclusão. Olha que coisa interessante: uma sociedade patriarcal, na genealogia de Jesus, tem mulheres. Poderia ter citado só os homens.
Você pega a genealogia do Velho Testamento, só tem homem. Aqui, na de Jesus, tem mulher. Então, tem homem e tem mulher.
Olha que interessante! Tem “(. .
. ) pagãos e judeus, gigantes da tradição (Abraão e Davi) e anônimos esquecidos, poderosos e oprimidos. ” Então, não é uma genealogia que passa só por rei, só pelo poder.
Tem prostituta, aqui. É interessante isto! A genealogia de Jesus já dá o tom do Evangelho: não é só para judeu, é para gentil; não é só para homem, é para mulher; não é só para o poderoso, é para o oprimido; não é só para o bom, é pro mal; não é só para quem acerta, é para quem erra; e coloca todo mundo.
E, Jesus é a síntese que vai redimir tudo, acolher e redimir tudo. A gente percebe que esta seleção, aqui, foi tolinha? Será que Mateus foi pegando nome, assim, e colocando?
Não! Não foi! Foi meticulosamente pensada.
Aqui, não é à toa que a genealogia está no primeiro capítulo do Evangelho de Mateus, ela resume o Evangelho, ela dá o tom do Evangelho. Muito interessante isso aqui. “As personagens não são selecionadas como modelo de fidelidade e virtude.
” Quer dizer, não tem só gente boa aqui, “(. . .
) visto que a maioria conhece a fidelidade e a infidelidade, a virtude e o vício. ” Então, as pessoas que estão aqui são mesclas. Mas, evolução é alguma coisa diferente disso?
A evolução é um salto que você sai da ignorância e da simplicidade para a pureza, assim, num salto? Na escala espírita, eu tenho três ordens: os Espíritos imperfeitos, os Espíritos bons e os Espíritos puros. Quer dizer que eu saio da simplicidade e da ignorância e pulo já para Espírito puro?
Eu não passo pela escala dos imperfeitos? Não é assim, não é? “No entanto, os propósitos divinos, embora ameaçados pelo mal e pela inconstância do ser humano, não são frustrados.
” Gente, a importância desse estudo, aqui, do Gênesis, a importância desse estudo, aqui, da genealogia para a gente pensar, inclusive, na própria missão do Brasil. Olha: “no entanto, os propósitos divinos embora ameaçados pelo mal e pela inconstância do ser humano, não são frustrados. ” O que que Mateus está querendo dizer?
Por que escrevemos isto aqui? Porque você vai analisar alguns descendentes de Jesus, vai chegar algum que você vai falar assim: ‘Meu Deus, acabou história bíblica! Fez tanta bobagem, que agora acabou.
’ E, aí, veio uma superação e chegou em Jesus. Então, apesar de todos os percalços, aqui, chegou em Jesus, chegou apesar de todos os desafios. Isto é para tirar da nossa mente um padrão mental que é assim: ‘Ah, missão espiritual!
’ Então, abre-se um caminho florido, aí coloca um tapete, assim, de pétalas de rosas, Alice no País das Maravilhas vai conduzindo na frente, o Céu fica cor-de-rosa e o missionário vem caminhando sem nenhuma dificuldade. É isso? Isso é cumprir missão espiritual?
Então, porque que João Augusto foi queimado, porque que Simão Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, porque que Paulo foi degolado, por que Estêvão foi apedrejado? Então, como é que é isso? Como é que é mesmo o cumprimento de uma missão espiritual na perspectiva bíblica?
Da perspectiva bíblica é assim: você está olhando do lado de cá, do lado do encarnado, e você acha que acabou, que é o fim. Mas, do olhar espiritual, do olhar de Deus, aquele processo será superado e de onde você menos espera, vem uma mudança que altera todo o quadro. Então, é isto que a genealogia revela.
Mas, se você ler atentamente o livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, você vai ver que é uma tragédia após a outra, desde o início do livro até o final, é um problema atrás do outro. Ismael vence um problema, vem um maior. Aí ele vence, vem um maior, vem um maior, vem um maior.
Então, é tropeço atrás de tropeço, tropeço atrás de tropeço. tropeço atrás de tropeço. Vamos pegar o livro e até mapear todas as dificuldades, tudo aquilo que foi planejado não pode ser executado de uma maneira tranquila.
Por exemplo, Jesus planejou que a nação brasileira se formaria através de três vertentes: do índio, que era o habitante do local. Por quê? Porque não tem que ser inclusivo?
Tem que ser inclusivo. Então, não poderia expulsar o índio. No processo de utilização do Brasil para ser o coração do mundo, o habitante nativo tinha que participar do banquete, oras.
Existe banquete do Evangelho expulsando os outros? Então, índio tinha que participar. Participaria o português, que era a nação mais pobre da Europa, mais trabalhadora, ao menos na época, e participaram também os negros.
O que que acontece? Começa a matar índio, explorar sexualmente os índios e outros tipos de exploração, transformam os negros em escravos, o português para de querer trabalhar porque vê aqui ouro e quer só ganhar dinheiro. E aí?
Já começa. . .
. Tinha um plano divino e imensas dificuldades para executar. Essa é história bíblica!
Se você ler cada nome dessa genealogia de Jesus, cada nome desse aqui é uma dificuldade que teve de ser superada para chegar em Jesus. Então isso, aqui, não é um tapete de rosas até chegar em Jesus. Não!
É um campo minado cheio de bomba e, mesmo assim, chegou em Jesus. e, mesmo assim, chegou em Jesus. Por quê?
Paulo responde: ‘porque temos essas verdades em vasos de barro para que a glória seja de Deus e não dos homens’. Esse é o ponto! Então, quando um trabalho, quando um projeto tem raízes no mundo espiritual superior, ele se concretiza não obstante todas as explosões, todos os obstáculos, todas as dificuldades.
Só existe cumprimento de missão onde tudo dá certinho? No nosso imaginário. Nenhuma missão espiritual é cumprida nesse clima.
Nenhuma! É o que revela a genealogia. Então, “Jesus, ‘filho de Abraão, filho Davi’, é o Messias” que foi incumbido, foi “comissionado para concretizar as promessas divinas num mundo em que a elite e os poderosos” – olha isso aqui – “num mundo no qual a elite e os poderosos teimam em resistir aos propósitos de Deus”, que é outra coisa que a genealogia de Jesus revela: todos os poderosos, todos aqueles que comandaram, se colocaram contrários aos propósitos divinos.
Raramente você tem alguém no poder, alguém com riqueza, alguém com poder ajudando o projeto espiritual. A maioria esmagadora se colocam como adversários dos propósitos divinos. Então, nós devemos esperar outra coisa, hoje, para o projeto Espiritual do Brasil?
Os seguidores do Cristo vivem num mundo abençoado, no qual Deus opera incessantemente, mas num mundo conturbado, já que os propósitos divinos nem sempre são acolhidos. Então, abençoado mas conturbado. Por quê?
Porque é uma luta de resistência. Então, essa genealogia foi escrita para dizer assim: ‘Cristão, tenha fé! A resistência é grande mesmo.
’ Herodes manda matar os meninos. É só resistência! Nós vamos esperar o quê?
O que nós estamos esperando para hoje? Para hoje tem o quê? Para hoje tem o que Abraão teve.
Para hoje, na missão do Brasil, tem o que teve para Davi, para Abraão, para todas as personagens aqui: resistência dos poderosos, perseguição, tudo conspirando contra o projeto espiritual. É assim que os projetos espirituais se concretizam, eles se realizam nesse clima conturbado que vai selecionando pessoas. Então, aqueles que estão alinhados com o propósito divino, eles se sentem abençoados porque estão nessa sintonia.
Mas, conturbados porque vivem a resistência, vivem o ataque, vivem a perseguição, vivem a dificuldade. É interessante isto! É uma provação mesmo.
A comunidade cristã é marginalizada por estruturas políticas, culturais, sociais e religiosas. Quer ver? O templo judaico, a sinagoga, o império romano aceitaram Jesus?
Não, então, marginalizados. “(. .
. ) mas sua identidade é forjada e fortalecida na crença de que vivem segundo os propósitos do ‘Deus de Israel’. ” Olha, só isto aqui é genealogia.
Precisa dizer alguma coisa? Ah, precisa estudar a genealogia? Ah, é bom!
É bom porque nós eliminaríamos esse discurso sobre missão espiritual, essa visão. Em resumo, o que esse texto da genealogia está dizendo? O que esperar da classe política que domina?
Perseguição, incompreensão e resistência ao projeto espiritual. O que esperar da elite econômica? Marginalização daqueles que estão cumprindo sua missão.
É isso, até que o mundo seja regenerado e o bem assuma as posições de comando. Mas, isto é mundo o quê? É mundo regenerado.
Mundo regenerado é o mundo em que o poder será ocupado por homens de bem, os recursos estarão nas mãos dos caridosos, o poderio econômico estará nas mãos dos benevolentes, dos evangelizados. Daí é mundo regenerado. Até lá, quem está no poder?
César e Herodes. Qual o susto? Por que que nós estamos assustados, porque a surpresa?
Você está abrindo o jornal agora e está surpreendido com o quê? Quando Mateus abriu o jornal dele, estava lá na primeira página: Herodes, César. Qual que é a surpresa?
Não tem surpresa! ‘Ah, mas a pobreza. .
. a exploração. .
. ’ E, o que tinha na Galileia? E, o que tinha na Galileia?
Escravidão, exploração, marginalização do pobre, uma elite pequena se apropriando de tudo e uma multidão sem nada. Mudou o quê? Não mudou nada!
mudou nada! Talvez, numericamente aí, nós temos que concordar que a população mundial, na época, era bem menor. Então, as coisas se intensificaram do ponto de vista numérico e a violência sumiu caracteres mais tecnológicos.
Hoje, você não mata com espada, você mata com fuzil. Mas, morre do mesmo jeito. Não é?
É esse o quadro e é nesse quadro que os planos divinos foram se concretizando. é nesse quadro Bem, terminamos por aqui. Hoje foi um episódio, assim, mais duro (não é?
). Mas, não é minha culpa. É culpa da genealogia.
Genealogia é isto: está mostrando, aqui, a ostra e o grão de areia que precisaram se juntar para chegar na pérola chamada Jesus Cristo. Isto é que é genealogia! Essa pérola que é o Cristo se forma na adversidade, na perseguição, na luta, na oposição, na marginalização.
É no encontro com esses obstáculos que se revela a luz espiritual, a luz do mundo, que é Jesus. Isto é genealogia, em que cada nome, aqui, é um estágio, é uma época, é um passo dessa construção resistida. Mas, se você gosta de futebol, não tem sabor uma taça vencer um campeonato sem ter enfrentado um adversário à altura.
Afinal de contas, você não quer entrar em campo só os onze do seu time. Precisa de, no mínimo, mais onze adversários. Até o próximo episódio!