VIRTUDES | Conversa Paralela com Victor e Laise Sales

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Brasil Paralelo
Assine a Brasil Paralelo: https://sitebp.la/bp-conversa-paralela ___________ Você já conhece e vai g...
Video Transcript:
Não perca seu tempo! No dia 16 de janeiro vai estrear o pior filme já produzido pela Brasil Paralelo e eu definitivamente te aconselho a não assisti-lo. Meu nome é Fausto. Eu sou um dos profissionais mais experientes de uma empresa que está em constante ascensão e você, que está me assistindo agora, é um dos meus clientes em potencial. Você só, mãe, seu pai tem filhos? Se sim, eles também são potenciais clientes. Você não me conhece ou talvez nem acredite na minha existência, mas eu te conheço muito bem. Estou de olho em você diariamente, te aconselhando
a tomar decisões certas que favorecem o meu negócio. Afinal, as suas decisões influenciam diretamente no meu trabalho e eu não gosto de perder os meus clientes. Sabe aquela voz que te aconselha a liberar a raiva, a bater nos seus filhos, a brigar no trânsito, e até mesmo aquela mentirinha em casa? É minha. É nesses momentos que eu faço parte da sua vida, onde eu trabalho na oficina do diabo. [Música] [Música] Começa mais uma conversa paralela, o seu podcast favorito da vida inteira aqui da Brasil Paralelo. Boa noite, meu querida! Boa noite, Lara Brenia! Como é
que você tá? Com saudade de você, como sempre, com saudade né? Toda semana a gente tá aqui no conversa paralela e essa semana a gente tá com saudade. Com certeza, você ficou muito bem de branco. Muitíssimo obrigada! Fiquei feliz de ouvir isso. E nós estamos tão sobre tom aqui, tão sobre tom, e eu estou combinando com a nossa convidada maravilhosa. Olha só, e a gente vai falar de que, Lara Brenia? Hoje vamos falar de um assunto... Olha que interessante! Nós já temos mais de 100 programas e é um assunto que nunca apareceu aqui como tema
central, e ele tem tudo a ver com a BP, tem tudo a ver com vocês, nossos ouvintes. Então eu acredito que nós estávamos esperando as pessoas certas para falar sobre isso e cá estão elas: falar sobre virtudes. Maravilha! Quem, olha só, quem são essas pessoas? Vittor Sales, que é graduado em Direito, mestre e doutor em Filosofia, e escritor de livros justamente sobre o nosso assunto, sobre virtudes. Bem-vindo, Vitor! Muito obrigado! É um prazer, uma honra. Me sinto em casa aqui na BP. Você está, né? Quantas vezes já esteve aqui? Mais de 10 vezes! Mas ainda
não tinha tido... Mais de 10 vezes! Até agora não veio num conversa paralela? Olha só, preparando o dia. A espera purifica o desejo e a gente precisa da virtude da paciência. Vamos fal... olha só, já começou bem! Vamos falar de paciência. Daqui a pouco eu quero pedir para você falar dos livros também, só vou apresentar primeiro a primeira dama, que é a esposa do Vittor Sales, maravilhosa, Laíse Sales, doutora em História Social da Cultura, esposa, mãe e líder da comunidade entre esposas. Bem-vinda, querida! Obrigada, queridos! Uma alegria estar aqui de novo com vocês. Toda nossa...
ela já tinha vindo! Eu já tinha vindo... durou a fila, falando sobre feminilidade, isso. Laíse assistiu, e foi um baita podcast, né? Acho que tem mais de 400.000 views, o pessoal adorou esse papo. E eu tava lembrando aqui, Lara, que a gente já falou de vícios e compulsões com o Bruno Mogle e o Pedro Augusto, e agora a gente vai falar de virtudes, né? Acho que, para a gente iniciarmos esse papo, né, começamos da página zero, né, para todo mundo se situar. Onde estamos? O que são virtudes, Vittor Sales? E já aproveitando para casar com
seus livros. Virtudes são forças do caráter que permitem que nós realizemos o bem. Tudo que a gente faz bem, que cumpre a nossa função, realiza o nosso papel, é virtude. E virtude tá em qualquer comportamento. Se você acorda no horário, você tem a virtude da pontualidade; se você come de forma equilibrada, nem menos nem mais, você tem a virtude da temperança; se você resiste à ansiedade, você tem a virtude da paciência. Se você tomou uma decisão certa naquele momento, com aquela pessoa, naquele local, naquele dia, você foi prudente. Se você paga as suas dívidas e
honra a sua palavra, você foi justo, e assim por diante. Então, as virtudes são o que consubstanciam o nosso caráter, o bom caráter. E vocês não falaram diretamente sobre as virtudes, mas recentemente meu querido amigo Sidney Silveira esteve aqui falando sobre os pecados capitais. Tanto quanto os pecados, ou os vícios capitais, as virtudes opostas. Ou você, no fundo, é vicioso ou pecador, ou você é virtuoso. Todos nós somos um pouco dos dois, né, em determinados aspectos. Então, a nossa vida moral é a vida de luta contra os defeitos, contra os pecados, contra os vícios, conquistando
as virtudes. E foi isso que eu tentei fazer, principalmente nos meus livros de virtudes. O primeiro foi "Virtudes no Cotidiano". Deixa eu mostrar aqui para o pessoal... Ó, ó, muito bem! O primeiro livro tá aparecendo aqui: "Virtudes no Cotidiano". Pode falar! E o segundo foi a continuação: "No Caminho das Virtudes". Isso aqui, ó. Que vieram exatamente do meu trabalho digital no Instagram, das lives que eu fazia, né, quando o meu querido amigo Ítalo Marcill sugeriu que eu começasse a fazer lives diárias. Eu lhe perguntei sobre que tema, ele falou: "Sem tema". Mas isso é impossível
para um professor que tem a virtude da prudência e da ordem, para preparar uma palestra, uma aula! Só abre, liga a live e sai falando. Ele falou: "Faz live do que te perguntarem e do que te der na telha." E eu: "Tá bom, eu vou experimentar." Virtude do arrojo, virtude da coragem, do improviso, do improviso, da espontaneidade... É, acabei de lembrar que neste seu livro aqui eu falei que eu não tenho... eu tenho... eu tenho este livro, eu só não tenho este. Até circulei isso no meu livro como a capacidade para o bem. Eu me
lembro de ter retirado essa frase e ter usado uma vez numa determinada circunstância. Eu acho essa definição tão boa, simples e excelente, né? Simples é de Aristóteles e de Tomás de Aquino. Na verdade, eu quis frisar virtudes no cotidiano, porque embora seja um tema filosófico, teológico e mesmo psicológico, todos nós que aprendemos o vocabulário das virtudes podemos descrever as situações correntes a partir delas. Eu tentei simplesmente conceituá-los e, principalmente, aplicá-las para um exame de consciência. Então, aqui, nos dois livros, há mais de 50 exames de consciência. O exame de consciência é uma musculação da nossa
moralidade. Tem pessoas que são franzinas, fracas, cujos músculos vão embotando e vão ficando... Sabe aquelas pessoas doentes que vão ficando incapazes de andar, por exemplo, porque não têm mais músculo na perna? Da mesma forma, a nossa consciência tem uma musculatura, uma estrutura moral que é quando ela se põe a si mesma em cheque, quando ela se pergunta: "Mas o que eu fiz foi errado? Eu menti? Eu me atrasei? Eu ignorei? Eu não respondi uma mensagem de um amigo? Eu fui indelicado? Eu fui grosseiro? Eu fui estúpido?" Quando a gente tem a consciência moral rígida, no
bom sentido, não é rigorismo, não é rigidez neurótica, a gente procura consertar isso. E as pessoas estão descobrindo esse tema muito. Eu acho que a Laí vai falar disso. Acho não, ela vai falar, humm, na educação dos filhos, porque é isso que a gente faz com os filhos. Humm, os filhos têm que comer, mas não podem comer muito, nem comer algodão doce na hora do almoço. Que virtude é essa? É da temperança. Excelente! Às vezes a temperança vai ser simplesmente comer, às vezes a temperança vai ser comer menos, às vezes a temperança vai ser acordar,
às vezes a temperança vai ser dormir. Todo mundo precisa regular o sono. A gente não pode ser escravo do sono, da preguiça. Por exemplo, "não tô com sono, não vou gravar o podcast", mas se eu tiver com sono, eu vou acordar e venho, e forço. Se eu tiver com fome, "ah, eu tô com fome, não tem problema, eu continuo". Então, quando a gente tem autocontrole, autodomínio, a gente é virtuoso. E o que eu procuro fazer nesses livros é infundir o autodomínio pelo autoconhecimento. Essa é a ideia básica dos meus livros e, sem querer querendo, eu
fui fazendo isso ao vivo no Instagram. E ali foram 50 lives. Então, tem 30 capítulos no primeiro livro e 20 no segundo, compreendendo as 50 lives, porque eu pensei que precisava de um mínimo assim para testar se eu ia ficar ou não no Instagram. Tava improvisando. Nossa, um mínimo, 50 lives, achei ok esse número. Depois do número 50, ele decidiu: "é, dá pra começar". Eu lembrei de Santo Antão do deserto, que escutou aquele evangelho de que, se querem ser perfeitos, vão, vende tudo e me segue. E na época tava começando o movimento monástico. Ele falou
pra irmã, ele saiu da missa na mesma hora e falou pra irmã: "Eu tô indo para o deserto, e talvez eu não volte." Aí ela falou assim: "Mas como calma, por quê?" Ele falou assim: "Não, calma, então eu vou voltar." Aí ele foi, passou sem falar nada, passou 5 anos. Voltou e ele falou: "Olha, eu fiz o teste, 5 anos sem falar com ninguém. Agora eu vou e nunca mais volto." Só comunicando, não tinha WhatsApp naquela época. Eu achei engraçado que 5 anos sem falar com ninguém no deserto, testando... Testando, você vai dar conta? Acho
que 5 anos são suficientes. A irmã dele falava muito. Ele foi pro deserto, então é maravilhoso. E o que é impressionante é que o encontraram, porque ele ficou uma sumidade na debate com os arianos. Santo Atanásio mesmo foi atrás dele, que era Bispo de Alexandria, e o encontravam, e ele fugia, e o encontravam, e ele fugia. Ele começou a ir cada vez mais pro deserto, falou: "Chega, eu não quero estar com ninguém." Deserto é isso, não quero vocês. E Laí, você tem uma comunidade que é entre esposas. Eu acompanho o trabalho, acho o trabalho incrível,
e um dos tópicos trabalhados lá é a questão das virtudes, principalmente as femininas. Fala conosco um pouquinho sobre essa abordagem e sobre a comunidade também. Então, justamente, eu tava aqui, o Vitor tava falando, e eu tava pensando como foi que surgiu, né, a ideia da comunidade e como o tema das virtudes, na verdade, é o tema central. O que acontece é que eu percebi que, quando a gente foi casar, eu descobri um universo totalmente diferente para edificar nossa família, em uma estrutura de vida cristã que fosse coerente e que tivesse uma orientação concreta. E foi
quando eu descobri esse universo das virtudes. E a gente já tinha, sei lá, 27 anos, a gente casou com 27, 28 anos, e eu nunca tinha escutado falar em virtude. E no primeiro momento foi justamente as virtudes voltadas para a educação dos filhos. Então a gente casou e logo surgiu esse tema, né, da educação dos filhos. Então vamos formar a afetividade dos nossos filhos, educar nossos filhos nas virtudes, a virtude da ordem. Nós fomos sendo formados nesses assuntos e lá pelas tantas eu vi assim que isso se deflagrou na internet. Então muitas pessoas já falavam
de virtude na educação dos filhos, na formação do caráter, na forja da personalidade das crianças, mas que pouco se falava disso no matrimônio. E havia essa lacuna de como se formar para ser uma boa esposa, porque antes de ser uma boa mãe, a gente precisa ser uma boa esposa. É que ela é a melhor esposa do mundo, hein? Ela tem autoridade, né? E então eu percebi assim que... Para eu fazer o que eu comecei a fazer, eu criei um perfil no Instagram separado do meu pessoal, que chamava "Entre Esposas", para falar justamente daquilo que eu
considero a base da vida matrimonial, que é onde a gente pode cultivar as virtudes mútuas, que é a intimidade conjugal. Então, que o casal não perca a intimidade, tanto do ponto de vista físico quanto da intimidade afetiva, do diálogo, desse relacionamento. E eu fui percebendo que as minhas seguidoras tinham muita demanda, e que, quando chegava nessa parte teórica, elas tinham perguntas. O que são virtudes? Como conquistar as virtudes? Como é que a gente passa a ter? Então, uma coisa foi puxando a outra e, ao mesmo tempo, havia uma demanda muito prática de: "tá bom, ok,
como é que eu coloco isso em prática?" Aliás, nós vamos falar sobre isso neste podcast. A comunidade, justamente, surgiu com a ideia de fazer esse paralelo, de ter esse núcleo que são os temas das virtudes, de procurar ter uma vida virtuosa e, ao mesmo tempo, em que eu tenho aulas que são práticas de hospitalidade, feminilidade, cuidado dos filhos, da vida financeira do lar. Então, como é que você vai aplicar a prudência na economia? A temperança na economia? Então eu dou uma aula específica sobre isso. Claro que eu fui estudar, me preparar; foi um aprendizado maravilhoso
para a minha vida familiar, e eu procurei passar para as minhas alunas. E, ao mesmo tempo, já são dois anos de comunidade. Já nesse último ano, eu consegui, com a base que elas têm com as aulas que eu já gravei, dar aulas de filosofia. Então, aulas de antropologia filosófica, em que eu ensino muitas coisas que aprendi com meu professor particular, aulas de filosofia mesmo. Então, de alguma forma, procurei ali na comunidade cercar esse universo das virtudes, tanto na sua matriz mais teórica quanto na sua aplicação e no seu cultivo prático. Excelente! E vai sair um
livro chamado exatamente "O Cultivo da Vida". Spoiler da Laí: gente, que notícia maravilhosa! Não sabia; isso é um furo de notícia! Ele tá no prelo, na verdade já recebi uma primeira prova, só que foi para abril de 2025. Ele ia sair em outubro desse ano, mas enfim, este ano foi um pouco conturbado e acabou atrasando um pouquinho. Mas é da mesma natureza de transcrição das aulas e uma preparação literária, e ficou muito bonito, porque de fato fala das sete categorias, dos sete eixos. Rapidamente, sim, falo. É realmente um projeto ambicioso, sem falsa modéstia. Então, os
sete eixos da comunidade: o primeiro fala da vida espiritual. Então, eu procuro dar um fundamento espiritual, partindo do pressuposto de que a comunidade parte do pressuposto de uma antropologia cristã, que nós somos feitos de corpo e alma, e que são duas dimensões indissociáveis. Então, a gente tem que começar do espírito. Por mais que não seja uma formação que tenha propriamente um caráter doutrinal catequético, ela parte de uma antropologia cristã, e as alunas sabem disso. Então, eu falo da vida espiritual; no segundo eixo, da dimensão das virtudes. Justamente, o terceiro eixo fala da formação da afetividade.
Então, eu falo de temas relacionados às emoções: o que é afetividade, controle das emoções. É um eixo que as meninas amam: ansiedade, insegurança, ciúme, impulsividade, todos esses temas relativos e sempre relacionados a uma virtude que ajuda a moderar esse apelo dos afetos. Ah, que legal! E o quarto eixo, que é o meu preferido, é o meu xodó, que é o de formação cultural, que é a análise desses temas em filmes e livros. Exatamente, então é análise desses temas em filmes e livros. A gente pega grandes obras clássicas. Então, a gente leu "Anna Karenina", "Madame Bovary",
a gente viu "Cidade Não Se Compra", "Morango Silvestre". Então, a gente analisa esses clássicos, o que eleva o nível cultural das alunas. Muitas alunas que nunca tiveram oportunidade têm meu acompanhamento para ler. Então, algumas dificuldades que elas têm, a gente discute nas lives. Isso é muito bom, porque dá vocabulário e recurso imaginário para elas compreenderem emoções que sentem, e vem um artista como Tolstói e descreve ali a ansiedade, o ciúme e as idealizações da Anna. A menina se vê ali descrita e começa a perceber certas inclinações e qual seria a melhor forma de ter uma
virtude para ponderar isso. E a segunda parte, que é a parte mais prática, é um eixo sobre feminilidade: cuidados com a aparência, cuidado com o cabelo, cuidado com a unha, cuidado com a pele, como se arrumar, como arrumar os filhos, como se vestir em determinadas ocasiões. O quinto eixo é o cuidado com a casa. Então, cuidados com a casa propriamente. Como fazer um cardápio, como preparar determinados alimentos básicos, como cuidar da alimentação saudável. Fazer o curso é completo; preciso fazer isso. E assim, o sétimo é da intimidade conjugal, então falar da relação marido e mulher,
porque é onde é o parto realmente do fundamento que é a vida espiritual e o ápice. Porque, realmente, a intimidade conjugal demanda que essas outras áreas da mulher estejam, mais ou menos, equilibradas. Porque a mulher precisa disso; a mulher é muito... a mulher não tem uma... ela é toda... ela tem uma relação com o corpo, uma relação com a corporeidade que é muito integral. A mulher fala com o corpo. Então, se as coisas não estão bem, se ela não tá bem nas outras áreas da vida dela... Por exemplo, a mulher que... Não tá se sentindo
bonita? É muito difícil para ela ir namorar com o marido se a casa dela tá bagunçada. Ela tá com aquela preocupação se as coisas tudo refletem. Então, é muito, é muito importante, ao mesmo tempo, uma aula que fale sobre afetividade e fale da fortaleza que nem sempre a vida vai tá 100% ok e que você vai precisar da atenção pro seu marido, entendeu? Então, eu procurei, de alguma forma, articular esses eixos porque eu, como mulher, sei que a gente funciona de uma maneira muito global; a gente não é compartimentalizada assim como os homens. Então, uma
coisa puxa a outra e, assim, ao mesmo tempo que torna a comunidade mais leve. Então a menina vai lá e entra: "Ah, não quero saber se tem uma aula que eu gosto muito que é como se arrumar em 30 minutos". Então, ensina a fazer unha rápido, cabelo rápido, uma maquiagem rápida e, assim, é leve, sabe? Ao mesmo tempo é importante porque deixa a gente assim, no dia que a gente tá mais pra baixo. Então, são dicas práticas, verdade? Isso ataca e enfrenta dois desafios do nosso tempo. Por um lado, a fragmentação da vida, como se
a gente tivesse várias modalidades ou vários atores que a gente desempenha, papéis. E o relativismo, porque, de fato, nós somos acadêmicos e estudamos no campo da história, da filosofia, a crise da cultura, a crise da modernidade, a crise moral que nós nos encontramos hoje em geral e que a Brasil Paralelo tão bem diagnostica com os seus documentários e com as suas intervenções. Surgiu, inclusive, amor. Eu tava lembrando aqui: nós estávamos aqui em São Paulo, inclusive muito perto daqui de onde nós estamos, na Brasil Paralelo, pra uma cirurgia do nosso caçulinha, do nosso ex-caulinha, porque agora
o caçulinha tá aqui na barriga, inclusive tomá com o seu nome. Então, isso contribui para a gravidade deste podcast, verdade? Quem sabe daqui a alguns anos? Estava presente o Vicente, que era o nosso cura, tava fazendo uma cirurgia. Eu lembro que a Laí estava tentando se ocupar naquela fase difícil de espera de hospital, de consulta. Eu me lembro que foi uma cirurgia meio milagrosa, né? Lembro disso. Houve um risco muito grande, né? A gente chegou a… e a igreja, eu lembro da Imaculada Conceição. Durante a cirurgia, foi podendo ter uma resposta pequeninha, era uma cirurgia
de alta complexidade na cabeça. De todo modo, ela abria umas caixinhas e começou a perguntar alguma coisa relacionada à intimidade conjugal, à intimidade no puerpério ou na gravidez, enfim. E ela começou a perceber que precisava de, literalmente, intimidade com as suas amigas ou seguidoras. E ela fez uma coisa contraintuitiva. No marketing, hoje eu falo com certa propriedade de causa, ela criou um perfil fechado, sem ser um perfil pessoal, porque dizem que tem que ser pessoal, né? E, aí, dessa forma, assim, meio contraintuitiva, teve demanda, teve procura e ela começou a perceber que havia mesmo desejo.
E aí, ela enfrentou a fragmentação e disse: "Não, mas para falar de sexo eu preciso falar de amor". Exato! Amor é a virtude suprema e o amor não se reduz a sexo. Fazer amor é uma forma deturpada. Perguntam: "E assim, como é que eu vou dormir com meu marido se ele não me trata bem, se a gente nunca mais conversou?" Digo: "Não, tem que ensinar". Ela precisa resgatar esse relacionamento e, para ensinar a resgatar esse relacionamento, tem que falar de várias virtudes: de perdão, paciência, longanimidade. Verdade, há muita confusão sobre o que é o matrimônio.
Eu lembro que ela disse: "Eu quero escrever, eu quero ajudar que elas entendam o que é o matrimônio, que é um sacramento. Por isso que o fundamento é espiritual. O matrimônio é um sacramento". Inclusive um livro que marcou muito nesse contexto é do Fulton Sheen, que é "Três Para Casar". Esse é um livraço! Na verdade, existe um terceiro protagonista entre o casal, que é CR, que eleva a relação para um outro nível e dá o tempero espiritual. Isso muda tudo. Muda tudo. Exatamente, a nossa disposição pro casamento, a nossa disposição pro amor, é totalmente diferente
da carnalidade, da atração física e sexual. Até a espiritualidade é que, nesse início, está a humanidade com os seus afetos, com suas esperanças, com seus medos, com suas ansiedades. Eu lembro que falavam dos filhos: "Mas eu não tenho tempo pro meu marido porque eu tô com os filhos, mas eu tô me sentindo feia por causa dos filhos e eu não quero mais ter filhos". Exatamente, porque tudo isso a cabeça da mulher passa ao mesmo tempo. E o que é interessante é que eu queria registrar: a nossa formação católica se deu muito pela Editora Quadrante. As
pessoas perguntam, eu cito e refiro o Padre Francisco Faus. Don F e, logo depois, a cultura de livros que a gente também… do catálogo, a gente assimilou bastante. A gente começou a ler esses livros que têm fundo católico, obviamente, mas vimos que era exatamente uma grande ajuda de como viver. Como é que eu trato um amigo? Como é que eu sou um bom amigo? Como é que eu sou um bom professor? Como é que eu sou… Esse adjetivo "bom" é que qualifica exatamente a virtude de cada ação. Eu sou um bom pai, mas ninguém nunca
parou pra pensar: na Quadrante tem um livro "Como Ser um Bom Pai". Parece um livro de autoajuda barato, mas é profundíssimo, porque começa perguntando: "O que é pai? Porque Deus é pai". Você participa da criação divina. O que quer dizer ser um bom marido? Eu lembro disso. Ninguém é um bom pai se não for um bom marido. Falei: "Pô, nunca tinha parado pra pensar nisso". Exato! Essa questão. Das é tão engraçada, aparentemente besta, a lógica, né? Que uma vez eu estava falando com meu pai, ele perguntou sobre o horário das crianças, se ele podia pegar,
e eu fui falar assim, mais ou menos, como era o horário das crianças. Digo: "Pai, porque tem a virtude da ordem." Eu falei assim tão naturalmente. Aí ele: "O quê? Virtude da ordem? Nunca ouvi falar disso!" E é uma coisa assim que faz tanta diferença na vida, tanto que o primeiro módulo da comunidade só tem como tema a ordem. Então, a ordem em todos os sentidos, todas essas dimensões. Então, eu fui desde a ordem do ponto de vista da ordem da perda da ordem espiritual até a ordem no sentido assim da relação conjugal, do que
é lícito, daquilo que aproxima o casal e daquilo que afasta o casal no leito conjugal. Não, eu quero inclusive isso, eu acho que você vai fazer o que eu fazer, né? Então estamos sintonizados. Lá que é o seguinte: eu vejo o pessoal de casa que já está acompanhando esse podcast e está querendo entender mais sobre virtudes e, às vezes, na cabeça dessas pessoas, igual vocês estavam comentando aqui, nunca nem pararam para ouvir falar disso. Aí, a virtude da ordem, igual o teu pai comentou: "Que raio é esse?" Quando a gente pensa em virtudes, o que
me vem à cabeça são as virtudes cardeais. Uhum. E sabemos também que existem as virtudes teologais. Eu quero que você destrinche um pouquinho para a gente o que são essas virtudes cardeais e teologais, se são só essas, que, por exemplo, ela falou que a virtude da ordem, a virtude da paciência... Cadê elas? Tem coisa que eu não estou vendo isso aqui dentro desse bolo, dessa massa. O que a gente pode falar que são essas virtudes? Se tem mais, além, como é que a gente destrincha essa massa toda aí? E se eu puder fazer um pedido
extra para essa pergunta ainda, é assim: em cada explicação de cada virtude, se puder dar um mini exemplo prático, só para a gente conseguir vislumbrar? Perfeito. É fácil começar a entender isso por uma analogia com o corpo. Todos nós temos duas pernas, dois braços, um coração, os pulmões, os rins, o estômago, os dois olhos, as narinas, a boca, os ouvidos. E quando a gente é saudável, nós estamos aqui, graças a Deus, muito saudáveis, muito bem dispostos. Não sentimos dor no corpo, não estamos com dor na cabeça, nós não estamos tristes, deprimidos, porque o nosso corpo
está todo funcionando. E aqui eu já apontei para a alma de propósito, né? Tanto quanto a saúde implica a perfeição de cada órgão, a saúde da alma, que é a felicidade, implica a bondade de todas as funções morais. E nós temos funções morais a partir de faculdades. Desde Platão e Aristóteles, se relacionam às virtudes com uma psicologia moral. Como é que você corre? Olha, eu corro porque eu tenho dois pés, duas pernas, eu jogo uma perna para frente, a outra para a outra, e eu continuo começando a me movimentar. Então, o fisioterapeuta, o educador físico,
o ortopedista, eles têm uma ciência da locomoção, da psicomotricidade. Lembrando das crianças que têm que aprender a andar, é uma delícia ver a Maria aprendendo a andar, porque ela: "Peraí, eu tenho uma perna, eu jogo para cá, uma perna, e eu caio para o lado." É, mas tem que colocar o braço para cá e dar um certo equilíbrio. Aí ela cai, parece um João Bobo. É uma delícia ver a criança com as suas funções neuro-locomotoras sendo ativadas e aprendendo a andar. Depois ela aprende a correr, depois ela aprende a se esgueirar, enfim, a escalar. As
virtudes cardeais são a atualização das faculdades morais básicas de todo ser humano. E nós temos basicamente três faculdades, três forças morais. Tanto quanto nós podemos falar com a boca, ouvir com os ouvidos, a nossa alma tem três funções elementares. Começando de baixo para cima, portanto, do corpo para a alma, a gente tem apetite; a gente tem desejo: desejo de coisas fáceis e desejo de coisas difíceis. As coisas fáceis, como beber uma água, nos apetecem. Eu posso desejar esse café que a minha amiga tão gentilmente acabou de me servir, porque o odor do café chegou às
minhas narinas e o meu paladar automaticamente salivou para tomar o café. Então, esse é o apetite. Vou fazer até isso agora. Nesse exemplo prático de apetite concupiscível, e aí vem o exemplo prático: o apetite gerante para um chiclete, para tudo que dá gosto na boca. Pois tem uma virtude que tempera este afeto, que põe este afeto em ordem, que é a temperança, que regula, modula o apetite concupiscível, que é o desejo de coisas fáceis, o desejo de uma almofada para nossas costas, o desejo de algo confortável. Ah, tá calor ou tá frio, o nosso corpo
pede a temperatura ideal, que para alguns vai ser menor e para outros, maior. A gente quer um travesseiro perfeito; uns preferem mais grossos, outros, mais finos; a gente quer uma cama que comporte o nosso corpo e assim por diante. O apetite concupiscível está ligado ao nosso corpo, e a temperança, portanto, é a primeira virtude cardeal ou fundamental que regula e modula os apetites concupiscíveis, basicamente os prazeres da mesa e da cama. Portanto, a gula e a luxúria, comer muito ou comer pouco. A gula não é só comer demais, embora, no cotidiano, no vocabulário corrente, coloquial,
a gente pense que guloso é sempre. Mas você pode ter um guloso que come de menos, né? Então a criança, muitas vezes, como o Inacinho, não quer comer o suficiente. O pecado é a gula, curiosamente. Quem não quer comer tá pecando por gula, porque ele tá intemperante na mesa. Porque M, seletivo, ele não quer, ele não quer o filé, o arroz, mas ele quer o algodão doce, o chiclete, o sorvete. É igual, por exemplo, a gula. Só "Ah, eu só como em restaurante chinês" e não sei o que... tem que ser assim e tal. É
ex: paladar muito sofisticado. Então, é gastro, tem um nome isso: é gastrímargia, não tem outro nome. Enfim, é gastrímargia, é a loucura do estômago. São Gregório, depois São Tomás reforça isso: tem 12 tipos de gula. Isso tem 12 tipos, que é comer coisas refinadas, coisas caras. A gente só acha que é rápido. É exatamente. E depois tem o desejo de coisas mais difíceis. Então, o pecado da luxúria é o apetite sexual desenfreado. Quando a gente se atrai por amigos, também, do mesmo jeito que a gula. Sim, há uma pessoa mais frígida, por exemplo, que também
peca por luxúria. Sim! Olha que interessante: a gente sempre acha que o erro é para mais, né? Porque a virtude está no meio. Diz Aristóteles: a virtude é um... como uma pirâmide. Se você sobe na pirâmide, fica no topo. Sabe o mito de Sísifo, que rolava a bola e quando ela chegava caía? Então, você tem que ter uma mediania dourada, como dizia Aristóteles. Que é: se você passar, é muito... é como se fosse 50%; o 100% é o ideal; 150% é demais. Sim, né? Se eu te der um abraço tão caloroso que eu te engasgue,
calma! Cara, tá demais. Ou se eu falar contigo assim, com desprezo, a virtude da cordialidade, da amizade, da alegria tá faltando. Então, o sexo e a alimentação permitem esses dois pecados do apetite concupiscente, que são regulados pela virtude da temperança. Perfeito! Temperança na mesa e na cama. Depois, tem o desejo sensível por coisas mais difíceis, por coisas que exigem um esforço maior, tá? E que exigem um ímpeto ou uma fibra para romper com uma inércia ou um estado atual para alcançá-los. Então, se você me diz assim: "Olha, Vitor, a gente pode conversar daqui a 3
horas?" Você pode ficar esperando aqui 3 horas? Puxa, é um pouco difícil isso, né? Sem celular, sem nada? Caramba! 3 horas? Como se fosse preso. Tá bom, eu quero conversar com você, eu tenho vontade de conversar com você, eu vou esperar 3 horas sem nada. E hoje em dia, ficar sem celular é um suplício, porque nós somos intemperantes com o celular, porque é um prazer fácil, imediato, dopaminérgico. A gente gosta de ficar rolando feed, vendo reels, vendo stories. Isso é um tipo de intemperança, a curiosidade. Então, a virtude que regula o apetite chamado irascível é
a fortaleza. Sim, eu espero 3 horas, sim, eu aguento o tranco. Eu lembro que estive em Cris, dando uma palestra recentemente, e teve um atraso desses monumentais no avião, até um pouco cômico, né? Primeiro era 4 horas, depois 8 horas, depois 16 horas. Para o dia seguinte, cancelaram o voo. Depois, e era uma confusão: Porto Alegre tava... agora acho que voltou, tava voltando. Era nos dias do retorno, era uma confusão, e era um pouco cômico. E eu, à medida que eles adiavam, eles diziam assim: "Olha, 4 horas, 4 horas, tá tranquilo. Tenho ainda dois livros."
Eu sempre tenho um nível sobre essa lente nas viagens, porque se acontecer isso, eu tenho boa companhia. Depois, gente, falaram 8 horas. Eu pensei nos ebooks que eu tinha aqui no celular. 16 horas, falei: "A bateria!" Daí escrevi: "Vou passar na livraria." Aí eu liguei pro meu amigo Marcos Bueira, que tem uma biblioteca, falei: "Não, só se eu for pra casa dele." Foi a primeira opção. Então, reagir: aqui tem o bom humor, tem alegria e tem a capacidade de esperar, que nós não temos. Nós somos viciados em... eu quero agora, eu quero pra amanhã, pode
ser hoje. A gente... se você me manda uma mensagem e eu não respondo na mesma hora, eu digo: "Desculpa por ter demorado a responder", como se eu tivesse que estar de pé! Não, inclusive as crianças, né? Daí da geração... mais ainda, né? Porque eu lembro que na nossa geração, já criança, sempre foi bicho quieto normal. Eu tenho filha pequena, Lar, tem filho pequeno também? É filha pequena. Sim, mas a gente percebe que antigamente a gente sabia lidar melhor com o tédio. Sim! Eu lembro da minha avó, assim... cara, ela ia na padaria, ia comigo. Aí
você esperava atravessar. Aí ela, às vezes, encontrava uma vizinha e aí ficava papeando lá com a vizinha, não sei o quê, e eu ficava olhando pro nada, pras nuvens. Entendeu? Porque eu não tinha celular, não tinha nada. Daqui a pouco: "A gente vai lá, eu te deixo lá na casa da tua mãe." Imagina, a criança nasce com todas essas faculdades desordenadas. A teologia cristã explica isso a partir do pecado original. É como se a gente nascesse sem saber andar e nunca aprenderemos a andar. Andar o corpo automaticamente a gente consegue. Todo mundo aprende a andar.
Seria uma caso grave se alguém não conseguisse andar. Mas as pessoas podem amadurecer do ponto de vista etário e não amadurecer do ponto de vista moral, por exemplo, conquistando a virtude da paciência, que é uma faceta da virtude da fortaleza, que foi o teu exemplo. E com isso, eu explico: as cardeais esgotam todas as virtudes humanas. Elas são eixos ou categorias nas quais nós podemos inserir qualquer ação humana. E esse é o exercício que eu faço nesses livros. Eu explico qualquer ação, e a gente pode brincar aqui. Me dá qualquer filme, qualquer livro, qualquer acontecimento
na política, na economia, na cultura, na mídia, e eu lhe digo qual é a virtude faltante ou a virtude abundante. Então, subindo para ver isso aqui, os apetites sensíveis, comulcível e iracível das virtudes da temperança e da fortaleza são um nível muito ligado ao nosso corpo. Então, a fortaleza é, ou atacar a coragem. Por exemplo, você vai ter que voltar. Isso é real. Isso também é uma mudança geracional. Artur, eu estudava num colégio particular em Belém do Pará, que é a minha cidade, a mais ou menos cinco quadras da minha casa, inclusive atual. Eu voltei
pra casa, pro prédio onde minha mãe mora hoje. Então, muitas memórias me acedem constantemente, porque, lá pelos 13 anos, eu comecei a ir a pé, sozinho, pra escola, mas com uma condição: olha o lobo mau da Chapeuzinho Vermelho! Olha o conto de fadas moralizante que ensina o comportamento, mas nunca voltar escuro. Ah, então, o nosso prazo era 5:30. Eu tô em Belém do Pará, que escurece 6:15, e a gente jogava bola, jogava basquete, jogava futebol, né? Nessa época, a gente não paquerava ainda, mas, às 5:15, o horário ia começar a escurecer, tem que correr. Às
vezes, a gente voltava correndo. Olha a moral: eu tenho que voltar, e, claro, como se o lobo mau pudesse chegar. Essa é a condição e a virtude; papai e mamãe confiavam em mim, né? Um dia, eu fui assaltado porque foi mais tarde, ou de dia, não estava de dia ainda. Graças a Deus, foi um assalto desses de passar, camisa de time de futebol. Acho até que era do Corinthians, times paulistas que o paraense adora, né? Porque o paraense tem o time local. Tal, os parentes que escutarem isso vão me apedrejar, mas tem o time local
que é Remo e Paissandu, que são as religiões dos deuses locais, como tinha na Grécia. Toda cidade tinha os seus deuses e tinha os deuses do Olimpo que eram gerais, e os gerais eram Flamengo, Botafogo ou São Paulo, Corinthians. E aí, qual foi a virtude que eu aprendi nessa época? "Fou, você foi roubado, uma lástima! Que pena! Vamos tentar evitar isso." E eu estava acompanhado, porque outra regra: não voltar sozinho. Então, tinha um vizinho. Isso dá colaboração e cooperação. Vamos voltar? Não, não vamos, tá no horário, né? Isso é legal, porque eu também não obedeci.
Eu não desobedeci, né? E agora? Agora eu fiquei com medo de voltar. Medo. Medo é uma paixão! Ah, olha, quem não tem medo de uma coisa que afugenta? Sim, de uma coisa que assusta. A gente tem medo de falar em câmeras, a gente tem medo de se expor, de expor as nossas ideias, medo de ser criticado, que tá ligado à vaidade, inclusive. Então, o medo é enfrentado pelo apetite irascível. E aqui, o medo já é psicológico também, porque já joga com a imaginação, com a projeção. E aí surgem faculdades propriamente humanas, que são a vontade
e a inteligência. A inteligência é a contemplação do bem e da verdade, e é isso que nos falta tanto. Por isso que, quanto mais teóricos nós formos, como dizia Chesterton, mais práticos nós seremos. Quem ouviu a descrição da Laí sobre a comunidade entre esposas pode pensar: "Ah, isso é muito teórico." Não, é tudo muito prático, extremamente prático, até porque a teoria vem de onde, gente? A teoria é a abstração da prática; senão, ela é uma teoria errada, né? Biologia, né? Essa que é a diferença. Justamente. Exito. Muito bom. Laí, estou pensando agora nas mães que
estão em casa, que ouviram você falar da comunidade, ficaram alvoroçadas, e agora ouviram o Vittor falar disso. Estão assim: "Gente, maravilhoso! Quando é que eu começo a desenvolver isso? Eu já preciso ter todas as minhas faculdades intelectuais plenamente desenvolvidas?" Você falou que começou a ouvir falar de virtude da ordem aos 27 anos. Eu também. Eu nem sei, acho que talvez até depois, sabe? E eu vejo como isso me fez falta. Antes, quando que a gente começa a desenvolver as virtudes? Primeira pergunta. E segunda pergunta: sendo precocemente, porque eu acredito que essa seja a resposta, que
virtudes a gente desenvolve em cada uma das idades dos nossos filhos? Olha, virtude, no sentido pleno, como o Vittor falou, ela demanda a faculdade da razão, porque é o apetite intelectivo pelo bem. Então, é a vontade que se direciona pro bem, e a vontade é uma faculdade intelectual. Então, a gente precisa do intelecto quando a gente fala na educação dos filhos, para falar assim, dessa questão da, do quanto antes. A gente não tem como falar antes ali da idade da razão, de uma educação nas virtudes propriamente ditas. O que que acontece? A gente vai formar
a afetividade das crianças até lá. Então, a gente tem virtudes que a gente ensina pelos hábitos, pelas práticas. São comportamentos que a gente é modular nas crianças para que elas, aos poucos, assimilem de modo reiterado aqueles hábitos e comecem a ter apreço pelo bem. Então, o apreço pelo bem ele é antes afetivo e depois intelectual. Entendi. Então, a gente começa a achar bonito fazer determinadas coisas, como a gente educa as crianças assim, né? Não faça isso, isso é feio, isso é tão bonito quando você agradeceu, quando você pediu desculpas, que bonita sua atitude! Então a
gente ensina as crianças pelo afeto. E quando a gente fala isso, é uma verdadeira educação pelo afeto. Não é uma educação que passa a mão na cabeça das crianças. A gente tem que reprimir aquilo que é reprimível, e a gente tem que estimular aquilo que é louvável, até porque repreender é um ato de amor. Repreender é um ato de amor, exatamente. Então, mas o afeto, o que é que é a afetividade? Ele tá falando das faculdades humanas, né? Então a nossa afetividade é aquela dimensão das emoções que está ali entre o corpo e as faculdades
intelectuais; é algo que tá no meio termo, que acompanha a gente pro resto da vida e que a gente precisa, desde muito cedo, aprender a modular esses afetos, esses sentimentos. E aí vem o papel dos pais de acompanharem o desenvolvimento afetivo das crianças desde cedo. A gente funciona como se fosse essa faculdade que as crianças ainda não têm, que é a vontade. Por isso que se diz que os pais, nessa primeira infância, são a vontade auxiliar das crianças. E assim dá pra entender, pelo que o Vittor explicou, que é a FAC da Vontade que se
direciona para as atitudes boas, para a prática do bem. Só que como a criança não sabe, ela não tem essa capacidade de discernir; quem vai orientar as crianças são os pais. Então os pais precisam ter essa postura educativa intencional de direcionar os filhos para o bem. E quais são as virtudes, né? Que ordem? Como é que a gente faz? O Vitor foi perfeito quando ele fez essa explicação; foi extremamente didático, porque quando ele fala o que a gente primeiro faz: a criança, quando ela nasce, ela é... Ela é o corpo. Ali, ela tem... É claro
que ela não é um animal, porque ela já tem a afetividade e tem o intelecto em desenvolvimento. Ainda não tá desenvolvido, mas ela está sendo intelectualmente estimulada, está se desenvolvendo cognitivamente. Mas o que ela tem é um corpo que a gente precisa ordenar no espaço e no tempo. Então a primeira virtude que a gente vai infundir na criança, por meio das nossas atitudes e por meio da nossa modulação, é a temperança, porque é uma atitude ligada à moderação desses apetites, no caso do corpo. Então a sensibilidade dela, a moderação no uso das coisas, ensinar a
criança a usar bem os seus objetos, usar adequadamente, guardar as coisinhas, guardar suas coisinhas, estar feliz porque tá limpinha. Então ajudar a criança a ter os seus hábitos de higiene, e a gente vai pros quatro hábitos básicos e relaciona com isso: então que é sono, higiene, alimentação e ordem. Então a ordem, esse cuidado com o ambiente exterior, é algo que organiza a criança afetivamente e corporeamente. Então a ela ter o quartinho dela ordenado, organizado, essa noção de integridade, essa noção de harmonia que ela vai primeiro sentir pela presença dela no espaço, pela educação que ela
tem no lar. Então, por isso, é muito importante a maneira como a gente fala em casa com as crianças, o vocabulário que a gente usa, o tom da voz. Exatamente, tom... Isso é... Não que seja um ambiente sem bagunça, ou na medida do possível. Claro que a criança bagunça, mas vamos guardar os brinquedos, que não tenha aquele excesso de coisas. Porque esse excesso de estímulo e de ruído visual auditivo, isso tudo vai gerando uma desordem afetiva. A criança fica inquieta e a gente tá, nesse momento, justamente querendo o quê? Estabilizar esse monte de apetites que
ela tem, difusos. Então a criança, nessa primeira fase, vai ser educada na temperança. Então até os 6 anos, o nosso objetivo é infundir muito bem esses hábitos para que ela, quando comece a entrar na Idade da Razão, lá pelos 7, 8 anos, já tenha esse apreço pelo bom e pelo belo. E é muito engraçado, porque assim como a gente percebe que as crianças são sensíveis a isso... Então a gente tem crianças nas duas faixas etárias, né? Então o Inácio, ele é um menino extremamente sensível e quando ele vê uma coisa bonita, assim, ele fala: "Olha,
mamãe, uau, que lindo! Que bonito!" E são coisas singelas, não são coisas assim que normalmente são feitas para agradar uma criança, mas a beleza, ela é objetiva; a beleza se impõe. Então a gente tem assinatura de flores em casa e assim, eu considero isso um grande investimento. E quando chegam as flores, todo mundo fica louco pelas flores. Uma coisa que a Isabel tinha... Sabe o que ela gostava de fazer? Ela pegava o arranjo de flores, colocava na mesinha de centro e pegava livrinhos de pintar: "Mamãe, senta aqui comigo para pintar." Despertava nela um desejo pela
arte. Era muito lindo isso, ela ficava do lado da flor admirando aquilo e queria, de alguma forma, reproduzir. Aí a gente vê o mimetismo da arte. Então esse amor pela beleza vai surgindo dessas coisas. Isso que você tá comentando, um rápido parêntese, é tão verdade, porque isso acontece com a gente também, que somos adultos: a gente olha, por exemplo, uma estação de trabalho bagunçada e eu não consigo nem começar. Eu não consigo trabalhar se tiver já as coisas no lugar. Sei lá, ou você tá com uma cama bagunçada, umas roupas tudo jogado... Eu não sei
nem como é que vive. Eu sei que tem pessoas que vivem assim, cara, eu não consigo nem transitar nesse ambiente, eu... As ideias ficam confusas. A criança, ela começa a entrar na cultura pelas obras belas que o homem faz e ela se... a cultura, assim... Então ela passa da animalidade pra humanidade por meio da cultura humana que é apresentada a ela. Então, quando a gente fala, o que é muito melhor? Em vez de você falar assim pra criança: "Não mete a mão na comida, tira a mão, pé não sei o quê, não arruma a mesa
bonitinha," pra criança... A criança, ela naturalmente vai se comportar de outro jeito. É impressionante. Então, se você faz uma mesinha pra criança, você coloca um guardanapinho pra ela colocar no colo. Ela tem a Lucinha dela; aquilo induz ela a se comportar de outra forma. Então, quando você oferece pra criança beleza, a criança, é claro, que ela vai precisar de ajuda, ela vai precisar de correção, mas é muito menos, né? Mas é muito menos, ela é convidada a participar de algo que é uma realidade em que ela está inserida, que é a humanidade. A criança tem
que ser inserida numa humanidade que está nela, entende? Não sei se vocês conseguem. Inclusive, quando eu falei da temperança como apetite regulado na cama e na mesa, é exatamente as instituições familiares da mesa que nós comemos, não como animais que comem em qualquer lugar e intimidade no quarto, na cama. Ninguém tem intimidade, sei lá, na escada, na rua, na praça. S é desordenado, totalmente desordenado a bebê. Eu lembro também quando a gente ia pra igreja das Mercês, que é uma igreja que fica no centro da cidade. E as cidades brasileiras, infelizmente, têm os seus centros
depredados, abandonados, pichados, com as ruas esburacadas. Os paralelepípedos quebrados; era assim. Realmente é um entorno muito, muito agredido, muito machucado, com pessoas jogadas na rua. Como centro, centro das capitais brasileiras, catedrais belíssimas internas. E ela dizia, era feio, Nera. Era muito sensível e ela tinha, né, essa capacidade de contemplar. Ela ficava na frente da janela, ficava vendo pôr do sol. Tenho vídeos assim; o vídeo que eu gravei dela olhando assim pra natureza, pro Rio, e ela vira assim pra Maria: “Lindo aqui, Maria.” Então, isso as crianças T isso, né? Então, a gente tem que oferecer.
E se você oferece muita coisa artificial, no sentido de hiperestímulo, eu vejo como às vezes as mães pensam que estão fazendo uma coisa. Eu não, é o meu estilo, mas assim, aquele quarto que tem milhares de personagens e muitas cores, é uma coisa assim excessiva que estimula na criança aquele consumo dos personagens. E é muita coisa da Disney, aquele, aquela árvore de Natal; nada contra, mas assim, que é um monte de coisa da Disney e um monte de... eu não sei se, se, nada contra Disney também propriamente, a gente vê desenho, mas assim, eh, a
beleza é mais sutil que isso, é mais natural. Exatamente! Se você vai abafando essa capacidade da criança de contemplar a beleza da natureza e o que a cultura humana fez em diálogo e harmonia com a beleza da natureza, você vai perturbando a alma mesmo da criança. Então, a gente tem que ter esse cuidado, porque hoje em dia a beleza é relativa, né? Tipo, você tem o que é bonito pra você, não é bonito pra mim. E aí tem toda isso que eu mencionei. Eu lembro, por exemplo, de livros infantis que eu ia vendo pra minha
filha, assim, e às vezes as ilustrações horrorosas, tipo, é um desenho... ah, é um gato, mas é um gatinho todo estilizado. Não, cara, eu não deixava de comprar muitas coisas; eu olhava isso aqui e falava: “Cara, ela tá olhando pra isso aqui, isso aqui não é uma girafa. Isso não é um cavalo, ela não sabe direito o que que é.” Então, eu pegava às vezes livros que tinham a figura de bichos reais pra mostrar: “Olha, filho, isso aqui é um pato, isso aqui é um cavalo,” e pra ela ir identificando isso e vi que aquilo
era belo porque aqueles bichos existem. É muito melhor do que aquele desenho lá, horroroso, zoado, sabe? E uma coisa interessante que eu tava me lembrando também é do nosso documentário “Fim da Beleza”. Exatamente, a gente fala exatamente sobre isso, desde a parte da arquitetura, da música. E tem uma coisa que nós fizemos: a gente foi até escolas públicas e pediu, né, para crianças desenharem o que é uma casa pra você. E todos, assim, sem exceção, né? Porque isso já é um estudo também que é feito assim, né? Todas sem exceção desenharam casas sempre com rostos.
Parecia um rosto humano, né? Era um telhado, aquele telhado pontudo, uma janela, outra janela, uma porta, às vezes um sorriso e tal. Ninguém desenha essas caixas de sapato atuais que são uma em cima da outra com b de luz LED. Essas casas modernas sempre aquela casa clássica, antiga, que é mais aconchegante. Sabe o que é isso, filosoficamente? É a ordem impressa pelo Criador na alma de cada pessoa que está em latência ou potência e que se torna ato para uma boa educação. É preciso um bombardeio do grotesco, do feio, para que as pessoas ajam desensibilizar
e achar isso normal. Uma coisa que a Laí falou que é muito importante para a educação das virtudes em geral é que não se ensinam as virtudes em aulas ou preleções para uma criança, mas por imitação. Então, se você quer que a sua filha seja paciente, você tem que ser paciente. Se você quer que a sua filha fale baixo, você tem que falar baixo. Se você quer que a sua filha coma com calma, coma bem. Eu lembro, por exemplo, Bebel, na mesma situação, duas coisas que me chamavam atenção. Quando a gente ia pra essa igreja,
tinha uma pessoa que morava na rua que vinha pedir dinheiro, seu Sebastião, sebão. E a gente conversava um pouco, perguntava o nome, perguntava a situação, muito delicada, muito triste, dessas tragédias que a gente tem a cada esquina nas cidades. Eu ajudei, depois eu dei uma roupa, dei dinheiro. E ela sempre perguntava: “Mãe, tá levando a roupa do seu Sebastião?” Gente, ela lembrava, era amigo dela. E a beleza, isso é a caridade, isso é a misericórdia, isso é a beleza. Ele ali, degradado pelas drogas e sujo e jogado na... Calçada, chega alguém, ele vai pedir um
dinheirinho, mas aí veja a beleza estética, como lembra São Francisco, que beijou o leproso, né? E expurgou todo o seu nojo. Ele viu Cristo no leproso que ele passava longe, né? É a mesma coisa que, ao mesmo tempo, aquela figura repele, porque, infelizmente, tá sujo, tá fedendo, pode tá... Enfim, mas ela tinha um carinho enorme. A caridade vê que a beleza moral, quando a mente da gente chega à alma, né? Aí a gente transcende, aí ela tá em um nível já quase espiritual ou propriamente espiritual. Indo à missa, a gente fala: "Esse é outro Cristo,
esse é Jesus. Quando fizeste um desses, fizeste por mim." Mas a gente fala até muito pouco. Sabia? A gente faz mais do que a gente fala. A gente, apesar da gente ser muito professoral também, então a gente faz algumas coisas. Porque ela pergunta: "Por que você vai dar para ele essa camisa?" É aniversário dele?! É porque você vai dar um presente? Uma vez eu ganhei um presente, lembra? Eu ganhei um presente e eu falei assim: "Não, essa camisa eu já tenho, tenta camisa, vou dar, sei lá, um presente." Eu fui lá, com isso, a mesma
preguntou: "Mas, papai, por que ele ganhou um presente? Que legal! Você não daria para Jesus um presente?" Esse é o Jesus que você pode presentear. É este aqui. E a gente vê a Maria, hoje, ela tem isso tão assimilado, e sem a gente precisar... Assim, a gente nunca, hoje em dia, até pelo clubinho, pela escola, ela já escuta falar das virtudes de uma maneira teórica, né? De uma maneira assim, mais... Maria tem 10, vai fazer 11, tem 10, vai fazer 11 daqui a nove dias. Então, ela tá no mestrado em Filosofia, aham. Mas é impressionante
como ela tem essa sensibilidade com as crianças, e ela é coleriquinha, ela é uma mãezinha pros irmãos. Então, ela assim, ela... Mãe, tá amassada. "É, você vai com essa blusa, mamãe? Você vai deixar Eli com essa roupa?" Ou então ela chega assim: "Você viu aquele desenho? Tem umas coisas que não são tão adequadas." Ou então... Gente, faz! Ela checa e filtra; ela diz: "Mamãe, aquele livro, aquelas ilustrações não estão boas." E assim foi muito do como ela foi educada, mais do que a gente sentar e dizer pra ela quais os critérios; ela assimilou. E agora
vem a Idade da Razão, ela assimilou e desponta a compreensão daquilo que ela foi, de alguma forma, orientada pela afetividade. Então agora, ela começa a dar nomes, ela fica mais porosa pra receber, né? Ex! E agora é outra virtude, é outra fase. Então, dos 7, 8 anos até o início da adolescência já é a virtude da Fortaleza, o que a gente precisa, né, ensinar a ela a ter essa capacidade de lidar com a frustração, de enfrentar os desafios, de suportar com paciência muitas situações. Então, é um grande desafio pra gente, nessa fase assim, que tá
entrando na adolescência, porque a gente tem que redobrar essas virtudes que pra gente são muito difíceis também. Eu acho que todo mundo tem dificuldade. Então, ensinar a paciência pelo exemplo, quando a gente facilmente perde a paciência. Por um lado a gente tem esse lado e essa capacidade de se colocar no lugar dela, né? Então, eu sei o que é a irritabilidade, eu sei que é irritação, assim como ela me irrita quando ela tá impaciente. Mas é muito importante, e como é bom como os filhos forjam também a nossa natureza, como eles nos ajudam. Quanto eu
já sou muito mais paciente, sou muito mais... Eu até tava vendo, eu vi uns comentários do podcast passado, que eu tava... As pessoas têm uma ideia assim que eu sou super dócil, tranquila; assim, gente, eu aprendi a ter... Não! E assim, eu só tô me comportando bem aqui no podcast, mas é porque você também tava do lado da Ca Rego Macedo, que mais enérgico, parecendo que ela é uma flor, mais do que ela já pareceria normalmente. Mas eu sou bem espoleta, assim. Então, assim, educar uma colérica me ajuda muito porque eu tenho que transformar muito
o meu temperamento. E aí, com relação ao que você perguntaste: "Qual é o momento pra gente aprender as virtudes?" Agora! Não existe o tempo que passou. É agora. Então a gente tem que... E nuntep, né? São José Maria gostava de falar assim: "Agora começam!" Então, a gente começa a lutar pela virtude que a gente precisa no momento em que a gente percebe que a gente precisa, com os recursos que a gente tem e os que a gente não tem, a gente pede a Deus. Porque a gente não pode, a gente tá sempre se forjando. Então
imagina, temperança, que é algo que, pra ser ensinado pras crianças nessa primeira infância, não é que eles vão adquirir, vão ser temperados; por mais educados que eles sejam, a gente vai lutar pela temperança pro resto da vida. Justamente porque a nossa má inclinação, nossa tendência a se destemperar, ela não nos abandona. Então, o que é importante é a gente ter esse espírito alerta, atento pra luta pelas virtudes, saber que não é fácil, saber que é difícil e que a gente vai ter... Então, agora, nessa fase da Fortaleza, é que a criança já tem essa capacidade
de entender a compreensão do que é uma luta contra a nossa inclinação. E aí vem esse despertar da Fortaleza. Então, olha, você já sabe que você tem essa dificuldade; você já sabe que você tem essa tendência a ser mais explosiva, a ser mais impulsiva. Então, você vai ter que começar a perceber o que deflagra isso. Movimento de impulsividade de explosão. E como você pode se regular? Se você vai sair doente, se você vai tomar um copo d'água, se vai... você vai respirar mais um pouco. A Maria, aos 11, entende isso perfeitamente, né? Entende isso? É
incrível. Uma coisa que eu queria acrescentar que me parece importante: primeiro, virtude é hábito. Bom, Aristóteles dizia que a virtude é uma segunda natureza. Você só é virtuoso quando for difícil não realizar o bem para você, quando exigir quase um esforço. Por exemplo, tem gente que não mente sob nenhuma hipótese. E se você começa a querer mentir, parece que vem uma trava interna e fala: "Não, isso não". Você tem que falar a verdade; isso não é você. Uma pessoa organizada é impossível de ficar desorganizada. É impossível para mim acabar algo e não guardar as minhas
coisas. A virtude, todo dia, minha mesa começa e acaba ordenada. Não dá. Eu não consigo. Não é nem mérito meu, né? As pessoas tocam: se a minha mesa está organizada, tenha certeza de que foi na virtude. A tendência é ficar descalça. Mas e aí? Vício, virtude; é tendência natural. O vício é a tendência natural para o mal. Então, você tem esse vício da bagunça. Se para você acordar cedo é muito difícil, você pode até conseguir pela continência, numa luta interna tremenda, mas tem gente que tem a virtude da disponibilidade. Eu consigo pelo despertador. Eu vou
dar uma de entrevistadora: fala um pouquinho sobre o que é continência, que eu acho esse conceito tão legal, porque a maioria de nós está nesse nível da continência. Explica, pessoal. Quando eu aprendi isso, achei tão interessante. Vou explicar o que é a continência, mas só para o segundo ponto, pela ordem, quero dizer que ele anotou; ele não vai se esquecer. Melancólico, que é isso? Só tu acha que o Jorge diz que eu sou melancólico também, mas eu sou sanguíneo. Você, Vítor, é puro sanguíneo, certo? A gente conversa sobre isso. Eu acho que ele é melancólico.
Sou, mas eu acho que todo mundo é melancólico. Porque se eu falo: "Você é melancólico", para você, não; você não é nada que não seja melancólico. Gente, eu jurava que você era um melancólico raiz até pelo olhar. Seu olhar é melancólico. É mesmo? É interessante que o sanguíneo, que é organizado desse jeito, é porque ele é melancólico. É porque ele é sanguíneo com melancólico, na verdade, os temperamentos. Ou seja, ele é o impossível. Isso seria uma pessoa... como é o nome dessa patologia? Uma pessoa que fosse... só se ele fosse bipolar. O melancólico-sanguíneo é a
única combinação que não pode existir. Mas sabe o que é engraçado? Agora já estou jogando conversa, mudou totalmente, mas eu quero voltar. Eu quero que você fale do segundo ponto. Tem aqui, há quanto horas falando? Tem um livro sobre temperamentos que é um livro branco e dourado. Esqueci o nome agora. "Temperamentos", que é isso? Esse livro, no final, tem uma benesse: é como você fazer um teste. No final, você tem uma sequência, um teste que, cara, você vai ticando ali. São cinco páginas. Ali você vai teclar: "Ah, eu sou assim, eu sou assim". "Ah, esse
aqui... meu Deus!" Só para você saber, eu fiz esse teste. "Meu Deus!" Sanguíneo e quase sou melancólico. Então, o meu foi o contrário. Eu fui verificar por quê, porque na verdade as características que me tornariam melancólico são as características que eu adquiri pela vida intelectual, amor ao silêncio, a leitura, a ordem, organizar as ideias. Então, é isso que eu vejo. Mas sabe o que é engraçado? O meu foi o oposto do teu. O meu deu, de fato, mais melancólico. Tem um... um quiz, mas eu tenho muito de sanguíneo. Não acredito piamente; tenho muito de sanguíneo.
E aí eu fico: "Ué, então eu sou mais melancólico de fato porque é o que mais estourou lá", mas tem bastante sanguíneo; é o segundo que deu. Esse livro é maravilhoso: "O Temperamento que Deus lhe deu", porque é exatamente não usar os temperamentos como determinantes, como muletas. "Ah, eu sou desorganizado, sou sanguíneo." A gente passou a usar legitimamente, dizendo: "Ela usa como se fosse signo hoje." "Ah, porque eu sou estúpido, então sou colérico." Não, você é estúpido porque você falta a virtude da mansidão. É isso. Claro que, para o colérico, a virtude da mansidão vai
ser uma conquista árdua quando comparada com o fleumático, que é naturalmente manso; ou seja, para ele não é virtude, né? É isso que eu quero que ele explique: porque a virtude não é só o que é difícil. Pelo contrário, é quando se torna natural que é virtude. Explica: é fácil. Quando é difícil, é continência. Mas e se a pessoa já tem aquilo naturalmente? É que nem Nossa Senhora, porque ela é naturalmente virtuosa. A gente também... eu também tinha muito. Tem tudo a ver com o segundo ponto: Ninguém tem nada naturalmente. Por quê? Porque o temperamento
é um conjunto de latências ou potências que são atualizadas a partir das instituições. Por isso que, para Aristóteles, a ética está dentro da política. É simples isso. Se você cresce numa casa com 10 irmãos que fazem guerra de pilha todo dia, sabe? O professor L. Prado, todo mundo fazendo porcaria na mesa, comendo com a mão, você vai crescer com essa educação viciosa. Você vai comer com a mão, você vai arrotar, vai fazer outras coisas. Você não vai ter higiene. Agora, imagina aquela família inglesa vitoriana, que todo mundo senta... Sabe, tem famílias que eu vejo. A
gente tem muito contato com muitas famílias. Eu vejo os filhos aristocráticos, e a gente também tem gente camisa. Não, isso aqui é até a realidade. Não, gostei da PR. Exemplo: então, a continência menos é a virtude dramática. Ai, ai! Então, a modelação se dá pelos pais. Isso que ela falava da Maria, os pais devem ser os modelos dos filhos, e os pais têm que lutar para permanecerem modelos dos filhos. O meu amigo Diego Reis diz uma coisa interessante: os pais acham que as suas funções precípuas são trabalhar, ganhar dinheiro e mandar os filhos pro futebol,
pro balé, pra escola. Não estranha, diz o Diego, que daqui a 10 anos a criança queira ser como Neymar, como a Xuxa, como a Paquita, como os T. Não quer ser como os pais. Claro, o pai fez o que fez, jogou o filho para fora, não educou, não modelou, não foi um modelo. Eu amo meu pai; meu pai é meu modelo de trabalho, por exemplo. A minha mãe é o modelo de família. A mamãe se dedica à família, tem a virtude de cuidar dos filhos. Eu falo: "P, mamãe cuida de mim!" Eu tenho cuidado do
meu filho, se preocupa comigo. O papai sempre foi um trabalhador incansável. Papai nunca tirou férias. Papai só tira férias se ele viaja. Ele só não trabalha se ele não estiver em Belém; não existe isso. Eu lembro de que estava de férias em janeiro, assim, férias escolares. Meu pai trabalhava 2 meses por ano, viciado. Mas não é um vício; pode ser um vício, se ele exagerar, digamos assim, né? Workaholic, excesso de trabalho, mas é uma virtude da laboriosidade que para ele sempre esteve ligada à virtude da Justiça. Se ele é advogado, tem caso e tem cliente,
ele tem responsabilidade, tem que fazer o melhor, e por isso foi crescendo, professor, nacionalmente, pela virtude. Então, isso é muito importante: os pais assumirem as rédeas. Se você quer que os seus filhos sejam virtuosos, só tem uma condição: que você seja virtuoso. Você, claro, com relação constante. O sanguíneo terá as suas dificuldades inatas, mas desenvolverá conforme as instituições políticas. A família é uma instituição política, a escola é uma instituição política, o clube é uma instituição política, a mídia é uma instituição política, porque são instituições da polis que valorizam os vícios ou as virtudes, que são
elas mesmas formadas por pessoas virtuosas ou viciosas. Se você tem um professor que não estuda e que não tem amor pelo estudo, você não terá amor pelo estudo. Eu, graças a Deus, tenho a grande graça de ter alunos estudiosos que veem em mim um caminho de estudo. Eu falo: "Você quer ser professor? O professor gosta de estudar." Esse professor não gosta de falar, de gravar, de explicar; o professor gosta de entender um determinado assunto, e quando ele entende, naturalmente ele quer expandir, por escrito ou oralmente. Isso é muito importante. Os temperamentos não são determinantes; eles
se desenvolvem conforme. Por isso que virtude é mais importante do que temperamento. Não me digas que são coisas do teu caráter; são coisas da tua falta de caráter, de São José Maria Escrivá em Caminho. Ou seja, não é: "Ah, eu sou sanguíneo, são coisas do meu caráter." Não! Se você é preguiçoso, não tem nada a ver. Você é preguiçoso. Ah, eu sou disperso. Não! Isso é, você tem que ser concentrado. Não é um "Eu sou disperso". Tem que ser concentrado, tem que ter sua... E a continência entra onde? Pois a continência é uma distinção sutil
que Aristóteles faz na Ética a Nicômaco, que é a seguinte: uma pessoa internamente desordenada, aquela cujas paixões vão para um lado, as emoções para outro, a inteligência para outro, e a vontade é fraca. Não são protagonistas da sua própria vida; elas são reféns passivas das contingências. Digamos que eu tivesse marcado aqui, mas eu gostasse muito de café. Eu começasse a tomar e tomasse três xícaras de café ali, tivesse uma indigestão, tivesse que ficar indo ao banheiro e não conseguisse ou tivesse vindo para cá, e uma banca de revista tivesse me atraído e eu tivesse curiosidade
para comprar, e eu me atrasasse. Então, eu seria uma pessoa completamente fraca, fraca, porque não consigo agir. Então essa pessoa é viciosa totalmente; ela é preguiçosa, ela é gulosa no caso do café, ela é curiosa no caso da banca de revista. Um segundo caso é o virtuoso, aquele que está com as paixões integradas, que faz o que tem que fazer, faz o que deve, está no que faz, como dizia o mesmo São José Maria Escrivá, que é um mestre de explicar as virtudes. Eu devo tanto a ele um livro como Caminho, Forja, Sulco, que explica
tão bem essas virtudes humanas e sobrenaturais, que são a coroa que eleva a alma humana a um nível propriamente espiritual e transcendente, místico. Mas o homem virtuoso é ordenado, então ele não sente curiosidade por coisas que não deve; ele usa o celular na medida adequada. Ele vai lá e faz o trabalho dele e fica contente, ao mesmo tempo que ele vai para casa dele e fica contente, satisfeito. Ele não é um workaholic que trabalha demais, mas também não é alguém que ama tanto a família a ponto de renunciar ao trabalho, ou ao trabalho e à
família a ponto de renunciar às suas obrigações religiosas com Deus. Então, a virtude da ordem nos ensina a valorizar Deus em primeiro lugar, a família em segundo, o trabalho, a sociedade e o descanso e o lazer, conjuntamente, ordenadamente. Por isso que a gente tem uma agenda; a gente tem dias de semana, dias de finais de semana, tem férias. Sociedade toda tenta organizar justiça, é ordem, é harmonia. Se todo mundo está bem ordenado, bem organizado, a sociedade funciona. O virtuoso, portanto, ele é ordenado. O continente é aquele que ainda não é internamente ordenado, aquele cujas vontades
o levam para algum lugar, aquele que faz com muito esforço e consegue se conter literalmente, e faz o bem. Ele tem uma luta interior, possivelmente neurótica, porque gera uma tensão interna. Por exemplo, uma pessoa que está querendo fazer dieta, mas, possivelmente neurótica, porque exatamente isso pode gerar uma nervura no seu aparelho psíquico. E ele pode começar a ficar remoendo e angustiado com essa necessidade. Então, eu tenho que comer duas colheres de arroz porque o meu nutrólogo, nutricionista prescreveu assim. Então, ponho duas colheres e eu falo: "não tem essa colher aqui, tem que ter um pouco
mais". Eu encho uma colher e fico, depois que pensei: "eu queria mais, eu queria mais". Mas o virtuoso não é um descontinente; sim, se ele estava completamente desregulado na mesa, se ele comia quatro pratos, estava obeso, estava com muita dificuldade de se conter. Se ele comia o que o corpo lhe pedia, totalmente vicioso, você tem que comer o que a sua vontade diz. Você não pode comer o que o corpo pede, porque o corpo pode pedir quatro pratos, o corpo pode pedir dez garrafas de vinho. Então, o corpo, no sentido quase animal do termo, embora
lá tenha explicado que nós nunca somos apenas animal, apenas a nossa dimensão animal pela unidade substancial do corpo e da alma. Então, o continente está numa luta interior constante. Gente, achei minha categoria maravilhosa, essa A. Exatamente por isso que eu fiquei preocupada com esse negócio neurótico. Sim, o continente luta e ganha, o incontinente luta e perde. E a vida de muitas pessoas é assim: hoje ganhei, hoje amanhã perdi. Então, estou de dieta. Eu já faço dieta todo final de semana, e volto e perco e ganho três quilos e perco, tá na luta, não conseguiu a
virtude. E essa expressão é boa que a gente usa no cotidiano: reeducação alimentar. Não é isso que a gente fala? Você tem que reeducar. Quando você educa o seu aparelho psíquico e mesmo gástrico, gastrointestina, exatamente, você começa a sentir essa ansiedade com o adequado. Você começa a ter gosto em comer as coisas saudáveis, tomar muita água para estar hidratado, tomar a dose certa de café ou de doce, quanto falam que está na mente, né? Por exemplo, às vezes a pessoa faz uma bariátrica, mas se você não reeducar a sua mentalidade, você volta tudo de novo,
né? Porque a inteligência mostra o que é o bem, a vontade deseja o bem, o bem verdadeiro, porque a inteligência se volta à verdade, a vontade se volta ao bem verdadeiro, e as paixões se ordenam, se submetendo ao bem e à verdade. Agora, deixa eu perguntar uma coisa mais prática para vocês. Uma pessoa que está na continência, ela está tentando ser verdadeiramente virtuosa, mas não tem ninguém que esteja ali supervisionando. Então, no dia que ela perde a batalha, ninguém sabe, e no dia que ela ganha também ninguém sabe. Como que ela pode se cercar? Depois,
até posso querer dividir uma experiência pessoal que, para mim, funcionou muito bem em um aspecto específico que tem a ver com você. Então, como que ela pode se cercar para que ela garanta que ela vai conseguir ser paciente, garantir a virtude, principalmente essas virtudes mais silenciosas? Por que estou falando isso? Por exemplo, a virtude da paciência: se eu explodo com você, poxa, eu vou machucar você. Então, tem uma consequência que escapa para o outro, mas a virtude da estudos: se eu não estudo um dia, ninguém vai saber, entendeu? Então, principalmente essas virtudes que exigem mais
silêncio, como que ela pode se cercar para garantir a efetividade disso? O que vocês sugerem? Eu vou te escutar, mas eu quero só responder rapidamente. Eu falei ainda há pouco do conto de fadas da Chapeuzinho Vermelho, agora vou falar do Pinóquio. Nós nunca somos... Eu ia falar exatamente não do Pinóquio, mas eu ia falar da consciência. Você tem o grilo falante, exatamente. O grilo falante é um símbolo da consciência de quando o Vitor reflete no espelho o próprio Vitor. E, para isso, é necessário fortalecer e examinar a consciência. O que eu procuro ensinar nesses meus
livros: "Você não estudou porque você é um preguiçoso; você ficou no celular, você sentou e ficou duas horas, e estudou duas páginas. Ninguém viu, Deus onisciente viu. Quanto mais próximo de Deus, mais próximo da sua consciência você estará, porque a consciência é o sacrário do Espírito Santo em nós". Por isso que o exame de consciência e a oração, exatamente quando a gente ouve a voz silenciosa e discreta de Deus na nossa própria alma, infundindo certas moções, certas inclinações, certos sentimentos, certas ideias que parecem confusas, confundidas com as nossas próprias ideias e sentimentos, mas também conseguimos
perceber que vêm. Quando é honestidade, honradez, beleza, bondade, perdão, misericórdia, tudo isso são virtudes claramente divinas. Então, você luta por elas. O exame de consciência é exatamente a sinceridade de se perguntar: "Olha, eu estava na minha agenda. Eu pensei em estudar aqui a estudos, eu tinha reservado duas horas para estudar duas páginas e fiquei uma hora e cinquenta e oito minutos no celular. Tá aqui o meu estudo". Então, o grilo falante vai dizer: "Você se dispersou, você se desconcentrou, você não cumpriu. Não espere notas boas. Eu não espero ter conteúdo depois se você não leu.
Há quanto tempo você está para ler esse livro? Há três anos, você leu quantas páginas? Duas. Então, você não quer ler, você não tem a virtude da..." Leitura ou a virtude do estudo, não queira, né? E aí vem a pergunta: como que ela faz? Por isso que tem um papel relevante o coach, o mentor, o terapeuta, o preceptor, o professor. Prestar contas. Por isso que eu digo: você quer ler um livro? Então diga quando você vai acabar, diga onde, quando e por quanto tempo você vai ler cada capítulo. Se o livro tem 10 capítulos ou
10 partes, como este, você pode lê-lo em 10 dias. Calcule mais ou menos: se são 300 páginas, você vai ler 30 páginas por dia. Durar duas horas para ler 30 páginas, de acordo com o seu ritmo, você vai ler em duas semanas, de segunda a sexta, cinco dias numa semana, cinco dias na outra. E aí vai acompanhando o andamento, o progresso da sua performance na virtude dos estudos. É muito bom! Uma coisa que eu quero muito te ouvir, mas só para contar porque tem a ver com você, eu jogo para você, Laise, uma coisa: houve
uma época em que eu fiquei neurótica. Por isso que eu entendi a parte da neurose. Para desenvolver, foi a parte da feminilidade, do aconchego do lar. Falei desse negócio de assinatura de flores, por exemplo. Eu nem gosto de flor; eu olho e acho lindas as flores, mas assim, eu nem entendo, e se não tiver também, para mim, não faz a menor falta. Mas quando tem, eu falo: “Nossa, que lindo!” Então eu comecei a imitar as pessoas que tinham essa virtude; uma delas era você. Então o que eu fiz? Eu fiz uma limpa. Eu parei de
consumir conteúdo do Instagram, que é a rede social que eu mais consumo, e do YouTube também, que eu comecei a consumir mais recentemente, de pessoas que tinham as características que eu já tenho e que despertam o que eu tenho de pior. Então, pessoas muito firmes, que falam meio grosso, que são meio grosseiras. Eu vi que eu era isso; eu já sou assim naturalmente. Eu sou uma ugra, sabe? Então não quero ser assim. Aí eu começo a seguir pessoas que são super finas, mesmo que seja pela virtude. Tá vendo? E quando é pela virtude, quando não
é um negócio 100% natural para mim, tem mais valor, porque eu penso: “Ela fez o caminho que eu posso fazer também.” Então eu comecei a ver essas mulheres muito femininas e comecei a literalmente imitar isso. É maravilhoso porque é uma coisa que eu faço também! Eu faço também isso; é virtude! Isso é o modo de aquisição de virtudes, conscientes de quem são os modelos miméticos. Isso é fruto de uma pessoa madura. E não te preocupa que se no começo parecer um pouco artificial, depois é assimilado, depois é integrado ao caráter. Eu sempre digo isso também.
Pensem: vocês dirigem. Quando vocês aprenderam a dirigir um carro, era para usar uma expressão da tua terra, o trem mais estranho que tem! Mecânico, artificial! Depois você nem pensa. Depois a gente vai de cabeça para baixo, fazendo piruetas! Hoje eu gravo um podcast, uma palestra, uma conferência, assim, sem preparar resposta! Eu lembro que nas primeiras eu ficava assim: “Não! Mas no quarto minuto eu vou falar o quê?” E eu fui atrás dos modelos. Eu sempre falo isso: eu aprendi a dar aula com um modelo chamado The Great Courses da Teaching Company, que é uma das
maiores. Volando agora, The Great Courses. The Great Courses de uma empresa chamada The Teaching Company, dos Estados Unidos, que é uma das maiores de cursos online. Isso, na época, era fitas! Não, eu não cheguei a ter fita; já era MP3 há uns 20 anos atrás, né? 17. Mas eu lembro que alguns falavam de tape, a primeira fita. E tinha o tempo da fita! Acabou a fita! Era antiga! Detalhe: eu não podia falar nada; ele ficava do meu lado, vendo. Durava 30 minutos a aula! No carro, a gente pegava. Ele ia me pegar; ele morava no
Rio Sangu. Que dia ele me pegava no aeroporto e a gente fazia... a gente morta de saudade, namorando! Ele me pegava no aeroporto; a gente ia de ônibus, aqueles frescões. Aí ele colocava no ouvido e falava assim: “Só fala comigo daqui a meia hora.” Aí ele colocava no ouvido. Eu falava: “Pelo menos, olhe a virtude! A virtude da Fortaleza dessa mulher, exatamente!” Ah, gente, vocês não têm noção! Eu quero falar duas coisas. Fala! Gostei! Goí muit! Ó, como eu sou de verdade, gente! Vou falar como eu sou de verdade. Eu quero falar duas coisas: do
lance das flores e quero falar de outra coisa... Não, não vai! Fala! F tá! Não que tu perguntaste em relação a como a gente consegue desenvolver virtudes silenciosas. E ele falou da consciência. Eu ia falar nesse mesmo sentido, mas uma coisa que eu lembrei, e puxando um pouco para a educação das crianças: tu és a minha consciência! Ah, deixa eu falar! Já cortaste meu raciocínio! Menin! Então, é que é muito importante algo que a gente pode ajudar com os nossos filhos para que eles, no futuro, consigam fazer ter esse mecanismo da consciência de uma maneira
mais aguçada, que é não abafar as recompensas pelas atitudes que as próprias atitudes trazem. Vou dar um exemplo: muitos de nós fomos criados com uma mentalidade assim, muito do êxito e do resultado. Então, assim, vale a pena ter esforço se for para tirar um 10 no colégio, se for para alguma coisa que tiver visibilidade. Então o fruto de ajudar uma pessoa a atravessar a rua não fica. Então, assim, com o tempo, isso vai... você vai ficando preguiçoso moralmente. Então é muito bom que você não precise suprir aquele prazer. Outra coisa que às vezes a gente
faz: a criança faz uma... Coisa boa! Você tem que dar um presente, você remunera a criança porque ela ficou com os irmãos. É muito melhor você falar: "Que lindo que você ficou com seus irmãos!" Você viu que você já é uma criança mais velha, que tem a capacidade de cuidar dos irmãozinhos? Você sabia que cuidar de alguém é uma das coisas mais importantes que a gente tem que aprender na vida? Quando você fala isso, você reforça a virtude para a criança e ela assimila; assim, ela consegue ter o prazer de fazer o bem, porque a
gente tem que aprender a ter o contentamento da virtude. Isso é uma afetividade educada. Uhum, da gente ter aquele prazer de terminar de ler um livro. Terminei de ler um livro. O prazer de terminar de ler um livro tem que se bastar; ele não tem que... Exatamente, ele não precisa ser: "Terminei de ler o livro porque eu tenho que..." Tudo bem que, depois, quando a gente já fica mais velho, a gente já abafou um pouco isso, a gente ter essas muletas boas, porque depois a gente solta as muletas. Pode ser que a gente tenha que
conversar com o mentor, mas eu já fiz mentoria pela primeira vez nesse segundo semestre, e eu vi o quanto as minhas mentorandas ficavam estimuladas a ler o livro porque elas iam encontrar comigo para falar. Com certeza, isso é um estímulo. Mas se a gente ajuda... e o que eu vejo é que a minha filha, de 10 anos, ela não precisa conversar com ninguém. Para ela, terminar de ler um livro é um prazer, porque ela não tem outras coisas que supram esse prazer. Então, ela não tem um celular; ela não tem uma afetividade já viciada. Então,
é algo que eu vejo assim, que é muito bom da gente fazer: estimular as virtudes por elas mesmas e conseguir despertar na criança, quando ela faz uma coisa boa, que isso que você está sentindo não é muito bom. Ah, a criança que não tira uma nota 10 no colégio tira um 8, mas fala: "Minha filha, aquilo que caiu você não sabia, mas todo aquele resto você aprendeu. Não foi bom ter estudado e saber essas coisas? Não é uma coisa que te dá felicidade?" Começar a falar sobre a experiência de cumprir boas ações, de fazer bem
as coisas. Olha, eu vou fingir que eu vou fazer isso com a minha filha, mas eu vou fazer isso comigo mesmo. Mas faz uma experiência interior de usufruir um pouco de quando a gente faz uma coisa boa sem ter... Sabe, isso que tu falaste: o prazer silencioso de cumprir, de acordar mais cedo, fazer um café só para ti e pensar: "Poxa, eu acordei na hora que o despertador tocou. Como isso foi bom!" Degusta um pouco isso, degusta o prazer da virtude. Uhum, isso aos poucos vai educando a nossa afetividade. Por que que acontece? Normalmente, a
gente não se dá tempo. Aí vem aquela questão da aceleração do tempo: a gente faz uma coisa boa e imediatamente, o que a gente faz? "Vou bater uma foto que eu acordei às 5 horas da manhã e vou colocar no Instagram para as pessoas saberem que eu acordei às 5 horas da manhã." E aí, o que acontece? Você suprime o prazer de ter acordado às 5 horas da manhã pelas curtidas que você vai ter por ter acordado às 5 horas da manhã. Ou seja, o prazer não está em acordar, assim, acordar exatamente! E aí você
vai abafando essas virtudes silenciosas porque vai se desconectando do fruto que isso traz pra tua alma e alimentando o vício da vaidade. Ou seja, tudo errado! Exatamente! Então, o que a gente precisa é ter esse tempo de reflexão e entender um pouco onde é que a gente está buscando a nossa satisfação. Porque a gente deseduca nossas emoções assim e aí a gente fica ansioso, inseguro, porque a gente fica muito na dependência da aprovação dos outros. Muito bom! Então, isso é uma coisa que a gente pode fazer já e aproveitar também para ter esse olhar para
os comportamentos dos nossos filhos. Uhum, de que tanto os vícios quanto as virtudes têm um valor em si mesmos. Eles não precisam estar relacionados à utilidade ou ao resultado, ao fruto que eles proporcionam. Porque senão, assim, a criança ajuda a arrumar a casa e você diz: "Nossa! Vou ter que comprar um sorvete para ele porque ele ajudou a arrumar a casa." Senta com teu filho, olha a casa e fala: "Meu filho, olha que alegria essa casa arrumada, e você me ajudou! Você faz parte dessa casa e você me ajudou a arrumar essa casa! Olha que
alegria!" Fica dois minutos com ele olhando aquilo, deixa aquela paz entrar no coração. Isso é muito mais educativo e vai fazer muito mais bem pra alma dele do que se você der um sorvete, porque senão, o prazer está no sorvete e acabou o prazer de fazer o bom ato. Ainda nessa questão prática, eu queria... porque quando você falou das flores, e por isso que eu puxei ali antes, é porque eu nunca nem tinha parado, nem cogitado a ideia de que, cara, existe assinatura de flores e chegam flores novas na sua casa sempre e tal. E
dessa importância de fato, cara, de você estar em contato com esse belo. Você falou no último podcast que esteve conosco sobre feminilidade, né? E agora a gente está aqui falando de virtudes. Você, com seus filhos, você percebe... E aí é uma dúvida até sincera minha: eu não faço ideia se há virtudes que a gente possa chamar de mais femininas ou mais masculinas. Como desenvolver essas virtudes com os filhos? Ah, eu tenho um filho homem e eu tenho uma filha mulher. A questão da criação e o desenvolvimento dessas virtudes muda pela criação, pelo fato de ser
homem ou mulher, ou é tudo, tudo é aprendido, ensina-se da mesma forma? Como é que você enxerga isso em casa? Olha, a gente, em primeiro lugar, a primeira coisa é perceber que a gente educa pessoas, né? Então, eu posso dizer que acho que existem, sim, diferenças. Eu acho que tem virtudes que se desenvolvem na natureza masculina e tem virtudes que se desenvolvem e ajudam a lidar com determinados vícios femininos. Mas a gente tem que olhar para cada criança porque o que eu posso falar vai dizer: "Ah, mas minha filha não é assim, meu filho não
é assim." Tudo bem, em outro aspecto isso vai funcionar ou não. Então, isso é o mais importante: a gente observar cada um e perceber o que está faltando e o que a gente precisa educar, porque tem muitas variantes, né? Tem as circunstâncias, tem a estrutura familiar, tem o temperamento, exatamente o temperamento. Agora, uma coisa que eu percebo é que, em relação aos meninos, de fato, a virtude da fortaleza é algo que é muito importante, porque é algo que está presente na natureza masculina, é algo muito central: a força. Então, os meninos têm uma tendência a
ser muito impulsivos e um pouco imprudentes nas brincadeiras, nas atitudes, um pouco violentos na maneira de tratar, até de dar carinho. A maneira de um menininho expressar carinho, às vezes, é batendo. Os meninos, quando o Vittor chega, enchem ele de soco. É toque físico, entendeu? Vou dizer que são todos os meninos assim? Não, tem menino que não é assim. Isso não quer dizer que ele seja menos menino, mas eu estou dizendo que existe uma tendência a essas atitudes um pouco imprudentes com a força bruta, assim, de pular de lugar alto. Os meninos ficam trepando na
sacada, lá de cá. Então, tem muitas atitudes que vêm da nossa prudência, moderar essa... que não é uma coragem, é uma audácia, né? Eles ultrapassam o limite da coragem e se tornam audaciosos. Então, a gente tem que ponderar, tem que cuidar disso e aplicar a força, direcionar. É difícil, porque também não pode emascular o menino, né? Exatamente. Por isso que é tão bom ter o pai e a mãe, porque a mãe é aquela figura que o menino não precisa ser forte para a mãe. O menino sabe que, com a mãe, ele é um bebê sempre.
Então, ele pode chorar com a mãe, ele pode se esconder quando está com vergonha, com a mãe. Então, a mãe é aquele colo onde ele não precisa ser forte, incondicional. E o pai é aquele que está do lado, orientando a força e sendo um modelo de força. Então, isso é muito importante, que o pai seja esse modelo da força adequada, que é uma força que ele direciona, uma força que é muito mais da capacidade de receber, digamos assim, os baques, de sustentar o sustento do que realmente da força ativa, né? A não ser quando ele
vai brincar. Então, é bom que o pai mostre que ele tem mais força que os filhos, ele não precisa se fazer de fraco, ele não precisa deixar que os filhos vençam. Então, é muito bom porque o filho é muito bonitinho. O Inácio, tudo ele me pergunta. Ele ganhou um relógio de aniversário e perguntou: "Foi lindo! Antes de dormir, papai, você dorme de relógio?" Aí eu falei: "Não, meu filho." Ele tira: "Então eu vou tirar o meu relógio." Então, o modelo dele não é professor de jeito nenhum. Ele foi ao concerto de piano que ele está
começando a tocar, ele quis ir de blazer, assim, igualzinho a mim. Aí eu não ia, ele não ia. Aí ele falou: "Você tem que ir igualzinho a mim." Eu fui lá e coloquei o blazer azul igual ao dele. Que legal! É muito lindo, é emocionante. E, por outro lado, o que eu percebo assim... Então, isso eu percebo nos meus dois meninos, né? Então, vou te dizer, por exemplo, o Vittor e o Pedro Neto, que é o irmão dele, são muito diferentes de personalidade. O Vittor é uma pessoa extremante mais sensível, é mais delicado, é mais
sensível à arte e a tudo. Então, o irmão dele é um esportista, é um atleta. Então, vai dizer que o Vittor é menos homem do que o irmão dele? Não! Então, não é para a gente criar estereótipos com base nisso, mas a gente tem que saber que a natureza masculina é uma natureza que tem demais a atividade, a explosão do corpo, a necessidade de movimento. É impressionante o quanto eles correm pela casa, o quanto eles andam e o quanto a gente tem que dar. Mas, ao mesmo tempo, eles precisam desse carinho, desse cuidado, dessa prudência
que eles esperam que venha de fora, sim. Justamente dessa vontade de auxiliar que vai modelar, exatamente, que vai modelar. Ao mesmo tempo, o Inacinho é super delicado, gosta de história, isso adora... Tem duas histórias, a do Padre Pio e de São José Maria. E, na festa de todos os santos da escola, o Vicente foi de Padre Pio, inclusive com as luvas, ocultando os estigmas. Ele mostrava que achavam que era São Francisco; mostrava só quem achava que era São Francisco, que ele mostrava a luva. Só que o São Francisco também teve os estigmas, não usava luva.
Ah, entendi! Tô de luva, gente! De Pio, pá, De Pio, e você, quem é? Você é o P. Ninho. Foi São José Maria, os dois grandes Santos do século XX. Recentes, eram viris, eram coléricos, eram fortes, eram firmes, extremamente delicados e marianos. Que coisa! No começo da história do Padre Pio, o Padre Pio era assediado pelo demônio e era estapeado, era espancado pelo demônio. Ele gostou das imagens de guerra. Isso é uma imagem, Gore. Falou pro pai, pra mim. Ele falou que tinha morrido de medo. Olha como são as coisas, gente. Mas ele, com o
Vitor, o Vitor chegava, ele pegava o livro e mostrava, "É super-herói, oan!" Só que o padre pilotando contra os demônios antes de dormir... "Tô com medo, tô com medo." É real, inclusive, totalmente real, totalmente real! Espetáculo! E as meninas... Então, as meninas são a sensibilidade. Então, são essas relações, são as relações sociais, são sempre coisas que batem nessa questão dos vínculos, né? Então, é a emotividade. Então, uma carência, uma necessidade de ser amada, de chamar atenção, de ser o centro das atenções, de ser olhada, de ser querida. A mulher precisa se sentir amada desde muito
pequena. Até tem uma história muito engraçada que eu até falei pro Vitor: "Eu vou contar essa história lá pra eles." Eu tenho uma sobrinha e ele tem uma sobrinha. Nós temos dois irmãos. Pedro, tenho uma sobrinha, Nina, e ele tem uma sobrinha, Luiza. As duas são loucas pelo Vicente, que é um boneco. Ele se deixa mexer pra lá e pra cá, ele é super gente boa. Briga com as duas, dois, dois, quase três, mas ele, assim, ele é a criança mais amável que a gente... obra-prima de Deus! Sim, aí só que elas ficam andando com
ele pra lá e pra cá. A Nina, que é a minha sobrinha, assim, né, de nós dois, mas filha do meu irmão, deu um macarrão de piscina pro Vicente pra eles brincarem. E aí a Luísa veio pelo outro lado e começou a brincar, e o Vicente deu bola pra Luísa. A Nina começou a chorar. A Nina tem três anos. Ela começou a chorar compulsivamente. Quando ela conseguiu parar um pouquinho de chorar, a gente perguntou: "O que foi, Nina? O que aconteceu?" Ela: "Ele ama ela!" Oh, meu Deus do céu! Morta de ciúme! E a gente
percebe, assim, que tem uma coisa da relação de se sentir trocada, de querer ser a preferida. Então, a gente precisa muito... e a Maria, por mais que tenha um temperamento muito diferente da irmã, também é assim. Só que a maneira de expressar é diferente. A Maria... Isso a gente também tem que saber, que às vezes o que as crianças sentem é muito parecido, mas expresso de uma forma diferente. E se a gente não for muito atenta, a gente interpreta de uma maneira equivocada. Exatamente! A Isabel chorava, a Maria fica com raiva, porque justamente uma é
melancólica e uma é colérica. Então, a maneira da Maria lidar com a frustração e com emoção ruim é a raiva, ela explode. A Isabel, ela se retrai. Era muito mais da... parece aquele personagem, a gente brincava, aquele personagem do "Divertidamente", da tristeza. Ai, elas derretiam assim chorando, e a Maria era raiva. Sabe o que eu lembrei agora? Pra mostrar a psicologia feminina e masculina na infância, eu leio todo dia a história pra eles antes de dormir! Todo dia! E cada um tem a sua. Então, um escuta do outro. Quando o Inácio começou a escutar a
história, pequeno, ele tava na bicama da Isabel e a Maria ficava numa cama suspensa em cima. E aí eu ia pra cama do Inácio, lei primeiro, e a Isabel fala: "Você tem que vir pra minha cama, pra minha cama!" E como eu leia primeiro pra mim, começou a ter ciúmes do irmão, né? E falei: "Claro, tá bom, filha, calma! Já vou pra tua cama." Aí, quando eu fui pra cama da Isabel, sabe o que o Inácio fez? Ele olhou assim e pulou pra cama dela! Então, pro homem, tipo tá fácil: "Eu só quero ouvir a
história cair do teu lado!" E aí, eu pensei: "Isabel, então por que você não vem pra cá também?" Aí, depois começou um pouquinho, mas olha, com o homem resolutivo assim: "Tu vai na cama? Então, vou pra aí." Vou, porque não entra numa questão intersubjetiva de sentimentos. Então, a gente tem que educar o quê? A menina também na fortaleza, pra que ela suporte quando um amiguinho for brincar com o outro; pra que ela suporte esse exacerbo de emoção, pra que ela consiga controlar, pra que ela consiga expressar e falar isso de uma outra forma. Então, a
gente vai educar... são as mesmas virtudes, então a gente precisa educar as crianças nas quatro virtudes cardeais e suas derivações, e nas virtudes teologais. Mas a gente tem que estar muito atento pra aquilo que a natureza de cada um demanda. Então, eu percebo isso, que assim, além de educar a temperança com as crianças pequenas, eu acho que é muito parecido. Não vejo muita diferença no sexo. Uhum, mas a fortaleza, ela se manifesta de uma maneira um pouco diferente, sabe? Muito bom! Esse é um tema que, infelizmente, foi censurado pela ditadura do politicamente correto, mas há
diferenças cruciais entre homem e mulher. Tem um livro do James Dobson, "Educando Meninos e Educando Meninas". A capa das meninas é rosa, a capa dos meninos é azul, da editora Mundo Cristão, e é assustador! Com a boneca, tem uma lista de características que eu falava pro... "Esse cara, esse autor veio aqui, espionou e conheceu a Maria Isabel!" Sim, porque é escrito! A minha filha descreveu uma para todas as reações, e esse aqui, ele veio aqui ver o Inácio. Essa são outra, é uma outra psicologia; tem uma, é como se fosse um... o sexo é um
elemento mineral da personalidade. O sexo feminino é diferente do sexo masculino. Não adianta a ideologia tentar mexer no comportamento de cada ser humano. Cada ser humano é único, irrepetível. A gente não está padronizando, claro, mas vai ter uma diferença. Existem essas características inatas. A gente trouxe, inclusive, o João Malheiro e a Adriana Abreu para falar sobre educar crianças sem vitimismo, e eles são diretores lá do colégio de Porto Real, que é um colégio que é separado por sexo. Então, você tem o colégio feminino e o colégio masculino, e eles ensinam de formas diferentes porque entenderam
que, cara, é melhor assim. O momento intelectual, as virtudes intelectuais e as virtudes sociais são infinitamente... Eu queria aproveitar, já que estamos falando de crianças, né? Mas e os adultos, né? E no matrimônio? Você comentou que tem uma parte desse teu curso extenso que é voltado para a relação conjugal. Uhum, como é que hoje, para o pessoal que está nos ouvindo, né, que são casados como a gente, como fortalecer? Como estimular virtudes no outro, no cônjuge, nessa relação do matrimônio? Tanto para a questão na cama ali, com sexo, quanto para questões de, às vezes, temperanças
que acontecem, né? Brigas... Como a gente fazer? Vamos dividir essa pergunta assim: o Vítor fala de como estimular o desenvolvimento das virtudes nas mulheres, e a Laí de como desenvolver... a ideia que vocês acham boa ideia. Enquanto se falava da Maria, ainda há pouco, do temperamento dela, eu lembrei que estava literalmente com um livro na bolsa. "Formar Bem é Possível: 10 Chaves para Formação de um Adolescente". Mostra isso aqui, ó, penso que é da editora Cultor de Livros. E essa coleção, "Alicer", inteira é muito boa porque eu quis mostrar, e não foi combinado, estava na
minha bolsa, que se eu tenho uma filha pré-adolescente que está apresentando desafios, se eu quero ter a virtude de ser um bom pai, assim como de um bom marido, presente na cooperação e não deixar a mãe exclusivamente responsável por isso, e delegar: "Cuida da menina que está dando problema". Uhum, eu preciso colocar isso na minha mente. Quando a gente assiste a um filme, o filme propõe uma mensagem pra gente, propõe uma lição pra gente. Eu comentei vários filmes aqui da BP Select, por exemplo, e sempre tentei trabalhar exatamente com as virtudes que os filmes trazem.
Todos os filmes, sem nenhuma exceção, trazem virtudes, vícios e dramas. Se o filme for bom, a vida é dramática, tem a continência, tem a dificuldade, há os modelos, a tensão, etc. Então se eu quero ser um bom pai, uma das coisas que eu tenho que fazer é, sim, a palavra é essa: estudar. Não é uma pós-graduação necessariamente, não é atravessando a família, necessariamente, não é um MBA. Livro é uma forma extraordinária. "10 Chaves para Formação". E eu vou pegar cada uma dessas. Isso é um exame de consciência dessas 10 virtudes que eu poderia traduzi-lo facilmente
pelas virtudes. Quais eu tenho, quais me faltam. E aí vem a primeira resposta: se eu quero ajudar a minha esposa a conquistar virtudes, eu tenho que estar muito atento a ela. Eu tenho que conversar com ela. Isso não é abstrato. Eu tenho que ter um dia com ela para jantar, para namorar. E o dia não cai do céu. Uma folga não cai do céu. Posso marcar uma folga, posso mandar flores, posso surpreender com um café da manhã. Eu posso buscar um horário. Eu e a Laí, agora, por exemplo, a gente tanto valoriza isso que temos
um escritório comum. A gente tem um escritório com duas salas, uma minha e outra dela, e a gente marca na agenda encontros não só para tratar de assuntos como esse podcast que a gente também tem, trabalhos profissionais juntos e convites compartilhados, mas para falar da Maria, pautar mesmo: "Olha, que decisão a gente vai tomar sobre a Maria dormir na casa da menina?". Porque quais são os prós e os contras dela dormir na casa de uma menina? Vai ter menino, então aí já surge um tema que é a sexualidade, por exemplo, precoce. Vai ter filme... que
filme? Uhum, de que é da BP Select? É da Netflix. É um conto da Disney clássico ou é a nova Disney que tem horário para dormir? Neutra é horário para dormir ou vai entrar no dormir? Então, isso e perceber, por exemplo, se ela está com dificuldade na ordem, se ela está bagunçada, né? Ela... Quem, Maria? Eu, hipoteticamente. Ai, só uma hipótese, claro. Jamais pensei. Imagina, jamais achei que fosse um exemplo concreto. A pessoa que mais me ajuda na vida a colocar ordem é meu marido, claro, como sendo ordenado, sendo ordenado e me ajudando com soluções
muito práticas. Ele é muito prático. Ótimo. E sendo amigo, né? O que eu ia responder seria assim: o casal que se ajuda, ele tem que ser amigo, porque o que é amizade, né? É querer as mesmas coisas. Então, é muito difícil você querer infundir virtudes em uma pessoa que não quer ter virtudes. Ex. Então, você precisa recuperar e jamais perder o vínculo que vocês tiveram no início do relacionamento. Ninguém se casa com um inimigo, com uma pessoa estranha. Esse é um grande problema das suas alunas na comunidade, né? Elas dizem: "Meus maridos não querem melhorar,
não querem ajuda, não querem ser ajudados". Não querem. Que momento foi que esse relacionamento foi para norte, para o S? Inerciais são medíocres e... Qual é a palavra? Resignados. E o que eu percebo é que, eh, você não vai conseguir... Claro. Às. Vezes, tem as mulheres. Elas têm muito desejo do desenvolvimento pessoal; esses temas, assim, são coisas que atraem muito a mulher. A alma feminina tem essa demanda por esses temas mais espirituais, do psicológico, moral, mais que os homens. Mas, se a mulher consegue manter essa amizade com o marido, esse carinho, a intimidade, ela não
precisa ficar dando aula ou ficar... Eu sempre falo: não fique encaminhando vídeo ou encaminhando curso com teu marido. Converse com ele sobre isso e converse com amor, porque, quando a gente olha para alguém que tem um vício e a gente ama essa pessoa, a gente tem que sofrer por causa desse vício, pois ele faz mal pra pessoa, e não porque é uma coisa que nos incomoda, mas porque é algo que diminui uma potência, uma capacidade dela, que ela poderia ser melhor e mais feliz. Então, a primeira coisa é ter essa perspectiva com amor e com
humor. A Laí me ajuda muito brincando com os meus vícios, com as minhas dificuldades, debochando com carinho, ironizando, né? Isso me faz rir, e o riso tem uma função catártica de me revelar uma verdade, uma vergonha que é vazada pelo riso. A gente não precisa levar tão a sério os defeitos dos outros como se fossem algo incompatível com a natureza, porque, pelo contrário, a gente tem que saber que os nossos cônjuges, nossos maridos, eles têm defeitos como nós temos, e que esses defeitos têm uma função na nossa vida. A gente tem que aproveitar dessa complementariedade
ao máximo, tirar toda a fecundidade que tem dessa complementariedade. Porque os vícios que têm nos nossos maridos, eles nos servem muito, servem pra gente crescer em paciência, em amor, em aprendizado, em crescer na virtude: maturidade, compreensão, magnanimidade, longanimidade. São muitas virtudes que a gente cresce quando aprende. Perfeito, não exatamente. Eu fico só imaginando também o que a Laí está comentando, porque eu imagino que têm muitas mulheres que, às vezes, entram também na comunidade ou que estejam com essas dúvidas. Elas falam: "Ah, meu marido não quer saber", porque elas já despertaram para isso. Uhum. Só que
também falta uma humildade, falta um amor de falar: "Tá, mas o que você, mulher, está fazendo para trazer o seu marido para essa conversa ou para você conseguir ali um momento a dois?" Porque não adianta também só reclamar, né? A gente percebe muito esse movimento nas redes sociais: "Meu marido não faz nada, ele é um encostado." Tá, mas e você? Você... Ah, porque, claro, eu sei que é difícil, porque eu imagino as mulheres estão também nos ouvindo e falam: "Ah, mas eu já tentei e não sei o que e tal. Ele não me ouve e
ele tá ficando, sei lá, gordo, e tá uma pessoa que não tá se cuidando." E tal. É, mas você tá se cuidando? Você tá buscando? Você tá sendo amorosa, carinhosa também com ele? Porque o amor constrange isso. Exatamente. As pessoas mudam pelo exemplo, entendeu? Se ela começar a mudar, e ela... O Pedro Augusto tem uma tríade que eu... mas não mudar para se afastar, né? Porque tem aquela mulher que começa a melhorar, melhorar, melhorar e começa a se afastar. Não, é o contrário: você melhora, e o homem se piora quase que como uma punição pra
mulher, né? "Ah, tá ficando fitness? Então, vou ficar mais gordo ainda." Não, claro, não é também uma crítica às mulheres somente; é uma relação funcional, na verdade. Mas o Pedro Augusto tem uma tríade que eu gosto, né, que é sexo, terço e não encher o saco. Só que o "não encher o saco" - é claro que ele coloca essa tríade desse jeito, mas ele explica o que é não encher o saco, que é justamente esse negócio de parar de reclamar e fazer por onde, né? Você olhar pro seu lado e... porque você vai conseguir trazer
essa pessoa com amor. O central é o terço. Aí, em que sentido? Se o matrimônio for baseado ou for a expressão do sacramento... Ou melhor, se ele for o sacramento, muda tudo. Se Deus tá na jogada, se Deus tá no meio, aí sim a gente ama até o fim, como São Paulo, em Coríntios: o amor é paciente, é bondoso, não sente inveja, não se irrita, não busca a própria vantagem. O amor tudo suporta, tudo perdoa, tudo ama, tudo quer. Então, aí sim, esse amor já é a virtude teologal da caridade infusa na alma dos cônjuges
que se amam em Cristo e que vão lutar até o fim, que vão se santificar nessa relação. Porque a primeira coisa que a gente tem que fazer é rezar pelo nosso cônjuge, é realmente rogar a Deus que nos melhore e os melhore para o bem da sociedade, para o bem da família, para o nosso bem. E isso dá uma motivação extraordinária pra vida como um todo, porque é claro que o verdadeiro amor comporta cruz, comporta sacrifício. Isso é uma coisa importante: não há virtude sem sacrifício, sem renúncia. A gente sacrifica bens menores por bens maiores.
Uhum. A dieta não é assim? A gente sacrifica o prazer de comer doces para ter saúde e para ter uma boa estética, para ter uma boa aparência. Porque, cai entre nós, a gordura é algo que faz mal e é feio, repele o outro, né? Infelizmente, eu posso ser condenado de gordofobia agora na atual... Não, é só a verdade, né? Mas, sabe, eu vou falar um exemplo de um casal que tem um gordo... que não cito nomes. Vou citar, sim. Vou citar nomes, é porque é assim... Que o Victor estava falando, né, da caridade, e hoje
a gente leu na segunda leitura, né, do Apocalipse, de voltar ao primeiro amor. Então, uma coisa também que eu acho muito importante para essa motivação é que ninguém é totalmente vicioso. Viciado. Então, a gente tem que voltar e redescobrir as virtudes e as qualidades que o nosso marido tem para a gente ter motivação para esse processo de reconquista, esse processo de ajuda. Porque o que está na base disso é o amar primeiro, é esse amor incondicional. Então, a história do Gordo e da Bel, ou da Bel e a Fera... Uhum, que é uma história! Adorei!
Até porque eu não sei o nome da Fera. E a outra só é a Fera Fera. Não sei, só sei o Felipe, que é o do... nem sei qual é... imagino que o Gastão também é o... não, Felipe é um dos príncipes. Eu acho que é o único que tem nome. Eu não me lembro nem qual é. Enfim, mas o que é bonito na história da Bela e a Fera é que eu comento esse livro, da filme da Bela e a Fera, aqui nesse livro "Virtude no Cotidiano". A gente já assim, já bateu. O Chesterton
fala, né, que ele tem que... você tem que primeiro, é... como é? Amar. Amar certas pessoas precisa, antes, serem amadas do que serem amáveis. Então, ela primeiro ama e ele vai se transformando pelo amor dela. Mas se a gente for olhar, se a gente for olhar na história da, pelo menos, assim, do filme da Disney mesmo, qual é o momento em que tem uma virada de chave? É o momento em que ele demonstra fortaleza para proteger. Então, ela consegue ver uma virtude nele. Então, ela enxerga aquela virtude e ela muda porque ela percebe que ele
tem uma centelha de bondade e ela acredita nessa centelha de bondade. Então, é esse movimento que a gente tem de afirmar o outro, de acreditar. Por isso que é importante voltar ao primeiro amor, porque a gente casa com alguém que a gente admira, que a gente ama em alguma medida. Depois que ela acreditou e ela... e aí, nesse sentido, que a beleza constrange, porque ela começa, sem falar nada, a se tornar uma pessoa assim. Primeiro, ela começa a se abrir para ele, então esse movimento de abertura. Então, você tem que estar aberta, com os defeitos
que seu marido tiver, estar aberta para ele, e não ficar corrigindo ou reclamando o tempo inteiro. Mas fazer essa transformação levar a querer se transformar, porque você está se transformando para agradá-lo, para se tornar amável para ele. E aí vem o movimento recíproco, vem a reciprocidade, que não é um movimento de cobra, que não é um movimento de "vou melhorar porque eu já descobri que o máximo é ser assim", ou "porque eu quero ser como aquela influencer". A questão é que, muitas vezes, as pessoas vão distorcendo as finalidades. Elas vão acertando o meio, mas a
finalidade é aquilo. Você acorda 5 horas da manhã para postar na internet, não é pela virtude em si. Então, se você começa a entender que o seu aprimoramento, a sua finalidade de se tornar uma pessoa mais amável para o seu amor verdadeiro, no seu matrimônio, para os seus filhos, essas pessoas que são os verdadeiros alvos dessa sua transformação, eles vão se sentir compelidos a entrar nesse processo. Muito bom! Eu tenho uma última pergunta. Acho que, como ela é mais professoral, vou direcionar ao Vittor, naquele esquema que a gente tinha comentado. E eu acho que ela
vai amarrar tudo isso que foi dito. O tema das virtudes não é novo, embora nós, graças a Deus, tenhamos feito essa recuperação aí, nesses últimos tempos, trazendo essa palavra virtude de novo para o centro de um debate, né? Porque até pouco tempo era uma palavra demodê, era um negócio assim meio brega, cafona e tudo mais. E virtude, hoje, é algo que volta para o centro do debate, mas isso não é novo. Então, se a gente for lá em Aristóteles. Quantas vezes você citou Aristóteles? Ele fala muito de virtude. O advento do cristianismo muda o quê,
Victor, na perspectiva das virtudes? O Chesterton dizia que o novo é só o esquecido, é só o que foi esquecido. A tradição cristã é muito rica no campo das virtudes. Ela assimilou o legado da filosofia clássica ou da ética das virtudes, característica de Sócrates, Platão e Aristóteles, que usaram esse termo como privilegiado para descrever e avaliar as ações. Então, é muito simples. Se a gente chega na nossa casa com os nossos cônjuges, eu farei isso com a Laí. E a Laí está aqui, não precisarei fazer dessa vez, mas eu vou contar para ela. Eu vou,
naturalmente, contar as virtudes de vocês, os eventuais vícios de vocês, do trânsito que costuma ser vicioso. Então, é uma palavra que os clássicos se utilizaram e o primeiro grande catálogo das virtudes é a Ética Nicômaco de Aristóteles, em que ele fala da finalidade das operações, da felicidade, da virtude que está no meio. A virtude é um hábito reiterado que se torna uma segunda natureza. Ele fez um quadro das virtudes e falou ainda há pouco: a coragem é o meio termo ótimo, é a otimização entre a audácia e a covardia. O audaz é alguém que vai
além do normal do prudente; o covarde é quem fica. Então, é além. E a quem? E o cristianismo teve, na figura de São Paulo Apóstolo, que era um intelectual helenista, de língua grega, cidadão romano e judeu fariseu, uma formação intelectual tão brilhante que, nas suas epístolas, ele já incorpora a sabedoria das virtudes. Quantas... Não são as virtudes que ele já apresenta nas suas cartas, exortando as pessoas a serem fortes, pacientes, a aguentarem a cruz, o sacrifício, a dor, a amarem, por exemplo, os dons do Espírito Santo. Na carta aos Gálatas, são virtudes: amor, alegria, paz,
mansidão, paciência, longanimidade, bondade, benignidade. Isso são todas virtudes, até que ele percebeu. Não teoricamente, porque não está teorizando nas cartas, mas antes anunciando a Boa Nova de Cristo e exortando a conversão das comunidades. Na primeira epístola aos Coríntios, a famosa explicitação do que ficou conhecido na tradição cristã como as virtudes sobrenaturais ou teologais, isso os gregos não perceberam, isso os gregos não entenderam. Como é que Deus atua em nós, como é que Deus age em nós? Se nós formos humildes e dóceis à ação do Espírito Santo em nós, a resposta é simples: pelas virtudes chamadas
teologais, virtudes que têm Deus como princípio e fim. Quais são elas? Virtudes que vêm de Deus e se voltam para Deus: fé, esperança e caridade. No hino, no capítulo 13 da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, é o famoso Hino à Caridade: "Ainda que falasse a língua dos anjos e dos homens, sem o amor, eu nada seria." Começa assim belamente, e no final ele diz: "Por enquanto subsistem três: fé, esperança e caridade, mas a caridade é a maior delas." Por quê? Porque a fé e a esperança são virtudes que antecipam, que permitem que nós
pensemos e vivamos o céu, a glória, quando nós chegarmos à glória com a nossa morte, com a Páscoa, que a gente chega à bem-aventurança eterna. A fé não precisa mais; você não precisa mais de fé. Você não precisa mais crer no que os olhos não veem, porque você vai estar vendo Deus face a face. E São Tomás pergunta: por que nós não vemos Deus face a face agora? Porque nós não poderíamos amá-lo se nós o víssemos face a face. Nós iríamos ter uma reverência e uma adesão absoluta e total. Eu não preciso crer em você,
Lara; eu não preciso ter nenhuma esperança de que você exista e de que você fará o bem para mim, porque eu tenho uma expectativa razoável e eu sei que você existe. Então, neste mundo, a fé é uma porta de entrada para o mundo espiritual e é a semente lançada pelo próprio Deus na nossa alma que fecunda. Mas aí vem a parábola da semeadura, que é muito interessante. Tudo que a gente está falando, todas as virtudes humanas, se desenvolvem num terreno de temperamentos, de sexo, de contexto, de irmãos. Esse terreno vai sendo adubado, vai sendo areado,
vai tendo todo o contexto que ele vai desenvolver. As sementes têm que ser boas. As virtudes teologais são exercícios também da nossa psicologia moral. Então, a fé, digamos que quem não está nos ouvindo não diga que não tenha fé. Isso não é algo estático. Não tenho fé, tenho fé, tenho muita fé, tenho pouca fé. A fé é um exercício que se pratica todo dia, se ajoelhando e rezando o terço. Por isso que o Pedro tem razão: o terço é uma expressão da fé, o terço é uma prática de piedade que você, você roga a Nossa
Senhora a intercessão para que nosso Senhor nos dê graça, nos dê força, nos dê virtude que os outros a conquistem. A esperança é viver diante da eternidade, é saber que este mundo passa, este mundo caduca, este mundo efêmero, transitório, fugaz, e que a gente vai morrer. A esperança nos põe diante dos novíssimos: do purgatório, do Paraíso, do inferno, do juízo que nós teremos. E aí vem essa ideia de que Deus é testemunha silenciosa dos nossos atos interiores, palavras, pensamentos, atos, omissões. Deus sabe mais do que nós o que nós poderíamos e deveríamos ter feito, caso
não fôssemos pusilânimes, covardes, preguiçosos. Deus viu aquele nosso pensamento, Deus viu aquela nossa imaginação, Deus viu para onde a gente olhou, Deus viu que a gente olhou para a cifra do cartão que a gente pensou, no dinheiro que a gente pensou, na fama, na vanglória. Daí porque os pecados são tão didáticos para nos mostrar as virtudes. E Santo Agostinho dizia: ama e faz o que quiseres. O amor é a suprema liberdade, porque, se a gente amar Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos, nós não vamos conseguir ter essa mesquinharia, ter
esse egoísmo. A verdadeira liberdade. Por isso que a introdução do meu livro no Caminho das Virtudes é exatamente o caminho do amor. Eu me permito ler, porque isso é bem didático e mostra como tu pediste a coesão de todo Santo Agostinho. Numa carta, que é a carta famosa 167, ele diz: "A virtude não é outra coisa que o amor ao bem que se deve amar. Escolher este bem é a prudência; não se deixar apartar dele por nenhum incômodo, é a fortaleza; por nenhuma ilusão de prazeres sensíveis fugazes, é a temperança; por nenhum sentimento de soberba,
é a justiça." Que lindo! Então, o amor. Santo Agostinho era muito craque, muito craque. Ele, São Jerônimo, Santo Ambrósio, logo depois São Gregório Magno, esses eram todos treinados na filosofia grega. Esses, não pode-se dizer, esses aqui não leram especialmente Aristóteles, por exemplo, porque está na fase patrística em que estava disponível muito mais Platão e os neoplatônicos, mas todos falavam de virtude, porque o próprio São Paulo no começo da tradição cristã fala de virtudes. Então, a tradição cristã elevou a linguagem das virtudes e a sistematizou, sobretudo com Santo Tomás de Aquino, num patamar que nem Aristóteles
chegou. A Suma Teológica é um tratado para ensinar os dominicanos a pregarem e a confessarem, a pregarem a palavra de Deus na homilia, explicitando o Santo Evangelho de Cristo. Marcado por virtudes, a suprema é o amor. Como eu já disse, nosso Senhor fala: "Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo" é a síntese da lei dos Profetas. A síntese de tudo isso está no Deuteronômio e no Levítico. Isso já está na lei, né? Só que Ele mostra como se faz isso; Ele dá os meios de graça para que nós
consigamos fazer isso, que é o Espírito Santo. Bem, eu falava sobre pregar nas homilias e confessar — confessar na direção espiritual. O papel do confessor é exatamente dar consciência para a pessoa. A oração é um momento de exame de consciência. Como é que começa a missa? Ato penitencial: "Confesso a Deus Todo-Poderoso e a vós, irmãos, pequei muitas vezes em pensamentos, palavras, atos e omissões; por minha culpa, minha tão grande culpa." Isso é responsabilização moral pelos seus atos. Quem acha que é perfeito é soberbo; aí, esse já está vencido. Eu não tenho virtudes; eu não preciso
disso. "Ah, isso aqui é crise, não é para mim." Não! Tudo ótimo! Então, essa pessoa está imunizada; a consciência dela está adormecida, está petrificada. Isso que no Antigo Testamento o Senhor diz é o coração duro, inclusive do faraó, por exemplo, no Êxodo. Esse coração duro não tem muito o que fazer; ou ele quebra, ou não tem. Por isso, o profeta Ezequiel fala: "Lhe darei um coração de carne." E o coração de carne é o nosso, é o que ama, é o que se arrepende, é o que se penitencia, é o que tem a luta moral.
Então, a Suma Teológica, que é a grande obra-prima da Inteligência Católica de todos os tempos, é uma obra voltada à consecução das virtudes. Estas virtudes, as cardeais e as teologais; ele pensa nos dons do Espírito Santo, que são virtudes. No profeta Isaías, por exemplo: temor, ciência, entendimento, conselho, sabedoria, fortaleza e piedade — sete virtudes. O Livro da Sabedoria, que foi escrito em grego e, por isso, não é aceito pelos judeus e pelos protestantes no cânone do Antigo Testamento, tem claramente as virtudes cardeais. O capítulo 8 fala exatamente de justiça, temperança, fortaleza e prudência. Foi um
livro já sobre o influxo, atribuído a Salomão, a sabedoria tradicional judaica, mas já sob influxo grego em Alexandria. Então, essa relação… Esse é meu tema de estudo; esse é o principal tema da minha produção ética: das virtudes, ética cristã das virtudes. É impressionante o que os cristãos fizeram; como eles mapearam a alma humana, mapearam a sociedade e conseguiram ver que as virtudes são o que permite a perfeição, a santidade, a beatitude: "Sede perfeitos como Vosso Pai Celeste é perfeito." Cristo passou fazendo o bem e fez tudo bem; por isso, Cristo é o modelo perfeito de
todas as virtudes humanas e teologais. E toda a tradição cristã é imitá-lo, é entendê-lo, é louvá-lo. Então, São Tomás vai interpretando o Evangelho. Por exemplo, em uma passagem famosíssima, a chamada "ira santa", quando nosso Senhor confeccionou o chicote e expulsou os vendilhões do templo: ele foi destemperado? Ele foi exagerado? Ele foi iracundo? Não! Ele confeccionou o chicote e atacou proporcionalmente ao agravo aqueles que estavam profanando o templo. Ele foi perfeitamente justo; ele não foi sádico, ele não foi iracundo. Ele foi enérgico, enérgico como a situação: "Estás fazendo da casa do meu Pai um covil de
ladrões." Era muito grave o que eles estavam fazendo; era um crime, era um sacrilégio. Se um estuprador entra na minha casa, eu não vou ser manso com ele. Eu não seria virtuoso se eu fosse manso; eu teria que defender a minha família com toda a virulência necessária, proporcional ao agravo. Então, São Tomás vai explicando isso com todas as bem-aventuranças e todo o Sermão da Montanha, e porque nós temos que jejuar, dar esmola e fazer oração em secreto, para não ser vaidoso, e porque os fariseus eram vaidosos que trombetear nas praças públicas: "A esmola que a
tua mão direita não sabe o que fez à esquerda." O jejum sem desfigurar o rosto, a oração no teu quarto com a porta fechada, porque o teu Pai, que vê o escondido, vê o íntimo, te ouvirá e saberá a sinceridade do que você pede. Então, tem uma psicologia moral. O cristianismo é a origem da psicologia. Já nos Evangelhos: "Ouvi isso que vos foi dito: não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: se olhares para as mulheres com olhares cobiçosos, já cometeste adultério." Onde é que começa o adultério? Com o desejo, com a cobiça, com a vontade.
Aí depois eu programo o motel, eu mando uma mensagem… onde começou o adultério? "Ouvi que não matarás." Ninguém chega e mata alguém; eu começo a cultivar um ódio por você, né? Ou então eu tenho, de repente, um ódio. Você vai conter a ação na sua origem; e essa origem é psicológica. Então, o cristianismo, pelo exame de consciência, pela prática da confissão e pelo desenvolvimento orgânico de uma doutrina moral extraordinária, eu tenho certeza que 99% das pessoas que nos ouvem não têm ideia da doutrina moral do cristianismo, que é superior. Eu digo isso com toda certeza
a Aristóteles e a Platão, por exemplo, que são merecidamente muito louvados, muito meritórios, muito grandes, gênios, né? Mas você pega um São Gregório Magno falando sobre os sete pecados capitais… Cara, eu nunca vi nada parecido. É muito completo. Tem sete vícios que estão aqui a todo momento, que todos nós temos e que, se a gente escora para um lado, é soberbo; escora para o outro, é vaidoso; escora para o outro, é cobiçoso; escora para o outro, é guloso, luxurioso, preguiçoso e iracundo. Pronto! Aqui estão os sete, e a todo momento a gente pode cometê-los. Terapia.
Eu comecei falando de Sant Antão do Deserto. Esses padres do deserto, é inacreditável! Começaram a falar exatamente dos pensamentos viciosos, pecaminosos, que são a origem da nossa ação e como curá-los, fazendo uma terapia das doenças espirituais. O primeiro livro do Padre Paulo Ricardo, que, salvo engano, é o único, já foram lançados depois outros que são compilações de homilias e respostas católicas. E agora, esse do Advento, que vai lançar, é "Terapia das Doenças Espirituais", com base na sabedoria dos padres do deserto e na nossa conversão. Quando a gente começou a ler isso, o Padre Paulo Ricardo,
grande Padre Paulo, com uma clareza e com uma objetividade, mostrando essa tradição, realmente é fascinante, é atraente, porque é a verdade da alma humana, do coração humano. Vale a pena conhecer isso. Eu, modestamente, procuro entender. Fala, Deus, para entender perfeitamente. A gente termina deslumbrado, um assunto que dá pano pra manga. E, só para concluir, quando essa tradição cristã, católica, clássica, patrística e escolástica, portanto, nesse período chamado erroneamente de Idade Média, né? De média não tem nada. É o centro, só se for o centro. Foi perdida aos poucos, a partir da reforma, na modernidade. E como
nós precisamos de explicação! Não dá para viver sem a saúde; a gente tem que explicar como funciona o nosso corpo. Qualquer... me mostre uma sociedade que não tenha cuidado com a saúde. Impossível! Sempre houve médicos, às vezes, pra gente, sua charlatanismo, sua magia, sortilégios, encantamentos, né? Mas há uma tentativa de cuidar da saúde. Toda a sociedade tem uma ética, tem uma explicação do comportamento moral, como bom ou mal. Essa ética clássica das virtudes cristãs foi perdida aos poucos com a modernidade, até chegar na crise que nós temos hoje, que é esse relativismo, essa fragmentação, esse
culto desordenado da liberdade que gera anarquia, que gera um caos, que as pessoas não sabem muito bem... estão aí, fracionadas internamente, desnorteadas, sem sentido da vida. Olha como os temas se tocam: sem sentido da vida, porque a vida parece uma peça cujos atos não se conectam. Então, as pessoas não sabem muito bem... eu tava trabalhando, aí mudei; eu tava casada, divorciei; eu tinha filho, mas aí tá longe. Aí eu mudei e elas ficam assim, parecem mambembes. Não têm um roteiro de vida, não têm uma unidade de vida a partir de certas verdades morais fundamentais, como
as que o cristianismo muda. Por isso, elas perdem o sentido da vida, que, segundo o grande Victor Frankl, que já foi tema desse podcast com meu amigo Luiz Henrique, que eu sei, mostra ser o pior problema da nossa época: a neurose coletiva do nosso tempo. Porque você pode suportar qualquer coisa, como dizia Nietzsche, se você tiver um porquê. Mesmo no campo de concentração, você pode afirmar o sentido da vida e buscar a virtude correspondente àquela situação. Você não é livre de... mas você é livre para. Né? Exatamente. Muito bom, meus queridos! Fechamos maravilhosamente bem! Mas,
inclusive, é um tema que dá tanto pano pra manga e tanta conversa, que eu acho que precisamos de uma parte dois. Eu acho que essa questão das virtudes, depois do cristianismo, vale por si só, vale um curso inteiro, mas um podcast pra pessoal de cá. Se você gostou desse papo, primeiro, já compartilha com todo mundo, né? Você acabou de ouvir isso aqui! Deixa o seu like, porque isso ajuda também a gente a levar essa mensagem adiante e o YouTube também a disseminar esse conteúdo. Então já deixa o like, comentem, compartilhem, e esteja conosco! Também tem
um QR code que tá aparecendo na tela, aí, durante todo esse episódio, que é pra você fazer parte da Brasil Paralelo. Então, tem uns planos lá. Então, assina, esteja como a gente diz! Venha pro lado de cá da mesa que a gente vai continuar fazendo isso aqui! Isso tudo com a ajuda dos membros assinantes... a gente não recebe dinheiro público! Então, estejam conosco! Eu queria, antes de agradecer e despedir, falar como é que as pessoas encontram vocês nas redes sociais. Primeiro, você, Laí, como é que as pessoas te encontram nas redes sociais? Fala todos os
teus cursos, tudo que você faz aí. Então, eu tenho meu perfil pessoal, em que eu compartilho muito do meu dia a dia. Então, compartilho um pouco da educação das crianças, compartilho livros que a gente seleciona com esses critérios todos que eu falei aqui no podcast. Tem o perfil do "Entre Esposas", onde é mais voltado para esse ensinamento mais teórico. Então, tem uma riqueza de posts ali no feed que foram cuidadosamente trabalhados, cada tema pensado, e que vez ou outra eu abro uma caixinha para tirar algumas dúvidas. Mas a minha intenção ali realmente é ter um
material de pesquisa que as pessoas possam ali sentar e ler os posts com calma. É um material de estudo que tá disponibilizado ali no Instagram. O perfil pessoal é Laíse Sal, é Laíse, underline, Sales, underline, Pinheiro. E o "Entre Esposas" é tudo junto. "Entre Esposas" tem a comunidade, "Entre Esposas", com aulas desde 2023. Ao ano inteiro de 2023, a gente tem, sei lá, quase 200 aulas ao todo. Então, é uma comunidade que tem muito material, tem muitas aulas sobre todas essas áreas que eu falei para vocês. E ano que vem eu pretendo fazer um curso
sobre virtudes, voltadas para a feminilidade, voltadas assim para a mulher que quer educar os filhos com base na virtude, compreendendo como desenvolver, estimular no casamento e na educação dos filhos as virtudes cardeais e teologais, com um pouquinho dessa explicação teórica, mas com muito foco na prática de como você pode desenvolver a temperança, como você educa... a efetividade das crianças na primeira fase da vida, falando da perspectiva dos meninos e das... Meninas, aprofundando aquilo que eu falei aqui, que foi total coincidência, até falei pra Lara: "Eu falei, Lara, que coincidência! A famosa 'Deus-incidência' é... e é
isso! Incidência, eu acho excelente!" E você, vor? Eu tenho o perfil no Instagram: @prof.victor.salas.pinheiro. Eu tenho um site chamado dialético.com.br. PIS, não sabia disso? Não, com muitos cursos! Ah, as pessoas ainda têm sites hoje em dia, pois têm site também. Também não sabe como fazi? Os antigos maias e incas, as pessoas também têm clubes de leitura. Inclusive, o atual é o Clube de Leitura Católica da Bíblia, que é não só um oceano extraordinário, legal da Revelação, mas também um repertório inacreditável de histórias edificantes e de virtudes, que também pode ser explorado de várias perspectivas, inclusive
a psicológica e a moral, além da própria M espiritual. Tem nessas livros que são de divulgação, de exposição pública dessas ideias filosóficas e também éticas e práticas, que é "A Crise da Cultura" e "Ordem do Amor no Caminho das Virtudes" e "Virtudes no Cotidiano". Em janeiro, sai o meu próximo livro chamado "Sabedoria: Amor à Sabedoria - Diálogos com Clássicos e Modernos". É um livro que eu tô esperando o Tomás aqui, que é o meu filhote, mas também tô esperando um filho literário muito cultivado, muito amado, muito esperado, porque são diálogos com obras relevantes da tradição
católica e também clássica, como Homero, Sófocles, e pós-cristã, como Dostoiévski e Manzoni, que são autores cristãos no mundo pós-cristão, digamos assim. E, tem no YouTube também, o canal em que eu posto vídeos de filosofia, aulas, conferências, e vai ser um prazer receber novos seguidores e alunos. Tem o teu curso sobre virtudes. É bom falar! Esses dois livros vieram da pia moral tomista, que fala que tem dois cursos específicos. Se você gostou desse tema e quer aprofundá-lo, e gostaria de entender com mais calma, com mais didática, tem um curso de Psicologia Moralista: Virtudes Fundamentais e Enfermidades
da Alma, em que tudo aquilo que eu apresentei de forma espontânea e difusa neste podcast eu explico de modo didático e tomista, ou seja, curso online, curso online Psicologia Moral Tomista. As pessoas encontram lá pelo teu perfil mesmo, no site dialético.com.br. Maravilha! E podem chegar pelo meu perfil; o link da bio é o meu site dialético. E tem também as lives que eu gravei, essas 50 que originaram esses livros, que se chamam "Virtudes no Cotidiano". O nome é "Formação: Virtudes no Cotidiano", tá no meu site também, e são lives do Instagram, mas que é um
produto, é um curso que tá organizado, porque as lives não tinham... eu não anunciava falar sobre a Fortaleza... de repente, eu me via falando sobre a Fortaleza. Depois eu assisti às lives e eu cataloguei, entendi, para a Brenner. Foi maravilhoso! Prazer, todo meu, queridíssimo! E hoje foi um baita episódio! Tá doido? Nossa Senhora! Aí, o negócio é um doce amargo, agora a gente sabe de tudo isso. E agora seremos cobrados, porque agora sabemos das coisas, não é mesmo? Deus tá assim: "Ó, tô te entregando um ouro, mas eu vou te cobrar por isso depois, que
agora você já sabe o caminho." Eu sinto isso com alguns alunos, assim, depois de palestras. Um misto de gratidão e um S.A... Você não, mas não é só nós aqui, todo mundo que está nos assistindo, você aí de casa, você trate de colocar essas virtudes aí em prática, que a gente tá de olho, seu bem, pra sua felicidade, com certeza, não? Sem dúvida! É só porque é difícil, né? Muito boa noite, Lara! Muito boa noite, meu querido! Boa noite, pessoal! Muito, muito obrigada! Até um beijo pra você, até a semana que vem! [Música]
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