todas as famílias felizes se parecem Mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira Assim começa a história de Ana kenina e não há frase mais precisa para descrever o mundo que liev tosto nos apresenta um mundo onde o brilho das cúpulas douradas de São Petersburgo esconde os sussurros nos salões aristocráticos onde o peso do dever sobrepõe o desejo e onde o amor não é uma promessa mas um risco do século X é um império grandioso e Cruel uma sociedade onde as aparências valem mais do que a verdade onde um casamento não é um laço
entre almas mas um contrato silencioso entre dinastias as mulheres aprendem cedo que o amor é um privilégio raro e que a liberdade é uma ilusão que pode custar tudo Ana carien tem tudo que se espera de uma dama da aristocracia um nome respeitável um marido influente um filho a quem dedica sua Ternura mas há algo nela que a distingue algo que nem os bailes nem os olhares de admiração nem a disciplina social conseguem apagar a inquietação de quem deseja mais do que lhe foi permitido e é essa inquietação que a leva a cruzar um limite
do qual não há retorno tolstoy não escreve apenas um romance sobre um caso proibido ele constrói um retrato cirúrgico da sociedade russa onde os homens podem errar e serem perdoados enquanto as mulheres são condenadas sem apelação onde as regras não são justas mas são implacáveis Onde o amor pode ser uma salvação ou uma sentença mas essa história não começa no escândalo ela começa com um trem uma chegada e um pressentimento o que se esconde por trás dos olhares Roubados das escolhas silenciosas dos destinos que se entrelaçam sem perceber a tragédia já está escrita mas ainda
não sabemos como Cada peça se encaixa antes do fim precisamos voltar ao Começo a chegada de um trem pode significar muitas coisas um reencontro uma despedida o início de algo novo ou o Presságio de um fim inevitável quando Ana carien desembarca na estação de Moscou o ar está carregado por uma expectativa invisível uma tensão que paira sobre o mundo sem que ninguém a nomeie ela não está ali para começar nada pelo contrário sua viagem tem um propósito definido apaziguar uma crise familiar seu irmão skiva oblonsky foi pego em um caso extraconjugal e sua esposa Dolly
está devastada Ana chega para cumprir o papel que a sociedade espera dela o de esposa exemplar a de mulher que compreende e apazigua que remenda os erros dos homens e preserva as aparências mas há algo mais nessa viagem algo que ela não esperava nos corredores brilhantes da estação entre o vapor locomotivas e os passos apressados dos Viajantes Ana encontra alexei vsk um jovem oficial dono de um nome respeitável e de um charme que não passa despercebido seu olhar é seguro sua postura é a de quem tem o mundo a seus pés ele é tudo o
que Ana deveria evitar e ao mesmo tempo tudo o que sua alma inquieta reconhece como perigo e promessa não há nada de extraordinário nesse primeiro encontro pelo menos não para os que de Fora um olhar trocado um cumprimento CS uma conversa breve mas há algo de inquietante no silêncio que se forma entre as palavras algo que nem Ana nem vronsky conseguem nomear E então um acidente um trabalhador da ferrovia distraído ou azarado escorrega e cai nos trilhos o trem impiedoso não tem tempo para hesitação o choque é brutal a morte é imediata asesso se agitam
algumas murmuram que é um mau Presságio outras viram o rosto preferindo esquecer Ana observa a cena e por um instante um pensamento desconhecido e distante se prende em sua mente vsk também vê e ao ver a expressão dela sente algo que nunca sentiu antes o destino havia sussurrado seu aviso mas quem em sua Plenitude consegue ouvir os sinais de uma tragédia antes que ela se concretize a viagem de Ana deveria ser apenas um interlúdio mas ela ainda não sabe que esse trem já partiu e que não há volta possível o casamento de Ana kenina nunca
foi um conto de fadas nem para ela nem para ninguém na Rússia aristocrática a felicidade conjugal não era um requisito mas uma convenção seu marido alexei kiening era um homem respeitável de moral rígida e posição influente um homem cujo nome carregava peso e cuja vida se resumia a deveres para ele Ana era um reflexo de sua própria virtude uma esposa discreta uma mãe dedicada uma figura que se encaixava perfeitamente no molde da alta sociedade se havia amor talvez houvesse um dia na juventude quando Ana ainda não entendia a solidão silenciosa que crescia dentro dela ela
nunca pensou em se rebelar nunca sentiu a necessidade de questionar sua posição no mundo até agora o encontro com bronsky na estação de trem deixou uma marca por menor que fosse mas era uma marca que não se desfazia que permanecia nos pensamentos quando a noite caía e a cidade se tornava um labirinto de luzes e sombras enquanto isso em Moscou d oblonsky enfrentava o próprio dilema a traição do marido a humilhação A incerteza sobre o futuro Ana sempre tão segura sempre tão capaz de encontrar as palavras certas percebeu que ali não havia respostas fáceis que
talvez no fundo todas as mulheres estivessem presas a regras que não escreveram aatos que nunca tiveram a chance de questionar a ironia Cruel da situação era Clara ela havia vindo para reparar um casamento destruído pela infidelidade mas sem perceber estava abrindo a primeira fissura no seu próprio e então uma escolha o baile daquela noite reuniria toda a elite de Moscou era uma celebração uma vitrine social uma oportunidade de reforçar laços e fortalecer reputações e vronsky estaria lá Ana poderia ter recusado o convite poderia ter ignorado a inquietação que crescia dentro dela poderia ter seguido o
caminho esperado mas naquele momento naquele breve instante em que a dúvida se fez presente ela tomou uma decisão ela iria e sem saber daria seu primeiro passo rumo ao inevitável na Rússia aristocrática um baile nunca é apenas um baile ele é um teatro onde cada olhar cada gesto cada dança carrega um significado uma jovem em busca de um marido pode selar seu destino com uma valça bem conduzida uma esposa respeitável pode reafirmar seu lugar na sociedade e aqueles que ousam desafiar as regras descobrem mais cedo ou mais tarde que tudo tem um preço Ana kenina
entra no salão como uma visão vestida de preto um contraste ousado em meio aos tons pastéis das debutantes e das Esposas bem comportadas ela atrai olhares não apenas pela beleza mas pelo magnetismo silencioso de alguém que não se encaixa inteiramente no papel que lhe foi dado vronsky está ali e ele a vê ele sempre foi um homem acostumado a conquistar jovem carismático com a Audácia inconsequente de quem nunca conheceu limites reais mas ao olhar para Ana percebe que há algo diferente algo que o desarma ela dança com ele não deveria mas o faz e naquele
momento algo muda Kitty a jovem e ingênua irmã de Dolly observa tudo para ela vsk deveria ser seu par para ela Aquele olhar que ele lança a Ana deveria ser dela mas kit percebe com a clareza Cruel da Juventude ferida que vsk nunca a olhou daquele jeito e Ana percebe também quando a dança termina quando os olhares desviam e as conversas retomam seu curso nada mais é como antes ela sente o peso do erro antes mesmo de cometê-lo ela sente o gosto da transgressão antes mesmo de nomeá-la O Mundo Continua girando indiferente mas para Ana
para vronsky para todos os que testemunharam aquele instante o destino já começou a se mover e ele nunca retrocede o trem de volta para São Petersburgo corta a paisagem gelada como uma lâmina afiada dividindo Dois Mundos atrás Moscou e tudo o que ficou por dizer à frente o marido o filho a vida ordenada que a espera como uma sentença inevitável Ana não se permite pensar no que deixou para trás mas o pensamento vem mesmo assim a imagem de vronsky se insinua entre as sombras da cabine nos instantes de silêncio entre o ruído ritmado dos Trilhos
ela se lembra da dança do Olhar da sensação de ser vista não como esposa nem como mãe mas como algo que ela mesma não consegue nomear ela se lembra também de Kitty da forma como a felicidade daquela jovem foi esmagada diante de seus olhos Ana não planejou aquilo não quis causar dor mas o que está feito está feito o trem avança mas dentro dela algo hesita no desembarque kien a espera sempre pontual sempre correto seus modos impecáveis sua postura rígida seu olhar que nunca realmente a enxerga ele a cumprimenta com o mesmo tom de sempre
sem notar ou fingindo não notar a mudança nela mas Ana sente como se algo estivesse fora de lugar como se uma Rachadura Invisível tivesse se aberto entre ela e o mundo ao qual pertence seu filho serioja corre ao seu encontro e por um momento tudo o que ela precisa fazer é é segurá-lo sentir seu calor lembrar-se do que é ser mãe mas há um detalhe uma pequena minúscula perturbação ao olhar para a multidão ao redor seu coração se acelera por um instante ela procura sem querer procurar espera sem querer esperar mas vronsky não está lá
ela deveria sentir alívio mas o que sente é outra coisa e esse sentimento ela ainda não sabe é o começo do fim São Petersburgo a recebe com sua frieza habitual Palácios grandiosos salões iluminados conversas cuidadosas onde as palavras são medidas antes de serem ditas nada mudou Pelo menos nada que os outros possam perceber mas dentro de Ana tudo está diferente os dias seguem o ritmo de sempre o marido chega e parte como uma sombra previsível os compromissos sociais se sucedem como uma peça que já foi ensaiada inúmeras vezes Ana cumpre seu papel a esposa perfeita
a mãe devota a mulher cuja vida parece estar onde deveria estar mas há um nome que não a abandona vronsky o pensamento dele se infiltra nos pequenos vazios do dia na solidão entre uma conversa e outra no momento em que seus olhos se perdem no horizonte sem perceber e então um reencontro é casual como tantos outros que a alta sociedade propcia mas quando seus olhares se encontram não há nada de casual ali vronsky não hesita ele nunca hesita ele se aproxima ele fala ele a Olha como se estivesse atravessando todas as camadas que acercam e
Ana sente que pela primeira vez alguém que a enxerga ela deveria recuar ela sabe disso mas não recua o jogo já começou mesmo que ninguém diga seu nome e nessa sociedade onde tudo é os primeiros sussurros já começam a se formar nada foi feito ainda nada foi Consumado mas os olhares Esses são impossíveis de esconder e às vezes um olhar basta para que o mundo nunca mais seja o mesmo o inevitável acontece como um sussurro que se torna tempestade Anna e vsk não precisam mais de palavras para saber que algo os liga o mundo ao
redor pode tentar ignorar fingir que nada está acontecendo mas entre eles H uma força que nenhum dos dois pode controlar nos salões a presença de bronsky se tornou constante ele surge nos mesmos eventos nos mesmos círculos sociais sempre próximo sempre atento e Ana que antes se esforçava para ignorá-lo começa a ceder não com gestos óbvios não com escândalos mas com os pequenos detalhes que para quem sabe observar dizem mais do que qualquer confissão o marido percebe kiene não é um homem de Paixões sua vida é construída sobre regras deveres aparências que precisam ser mantidas mas
ele é um homem inteligente ele vê o que está acontecendo sente a mudança na esposa e por isso ele a avisa sem confrontos sem discussões exaltadas apenas um aviso frio e direto dito como se fosse uma formalidade a sociedade é Implacável não se exponha ao ridículo Ana não responde mas algo dentro dela se quebra ela percebe com uma clareza que nunca teve antes que seu marido não está preocupado com seu coração com seus sentimentos com sua felicidade Ele está preocupado apenas com sua imagem e É nesse momento que ela entende já não há mais volta
porque agora mais do que nunca ela não quer ser apenas uma esposa respeitável ela quer viver e viver para ela significa vronsky a Paixão quando consumada não traz alívio pelo contrário Ela carrega o peso de todas as suas consequências Ana e vronsky já não são apenas um segredo sussurrado entre olhares agora são um fato um fato que não pode mais ser escondido que escapa nos gestos nos encontros furtivos nas desculpas que já não convencem a sociedade observa as mulheres se afastam os olhares masculinos mudam de Tom alguns de reprovação outros de Algo pior o nome
de Ana que antes era sinônimo de graça e Respeito agora circula pelos salões com outra entonação e Kenin imutável em sua frieza não recua ele não grita não implora não ameaça apenas a encara com o peso de sua posição ele não precisa dizer que o escândalo o envergonha não precisa reforçar que o nome da família está em jogo ele só diz uma coisa você precisa parar mas Ana não pode porque o amor que encontrou em bronsky não é apenas um desejo passageiro é uma necessidade uma Vertigem um vício e nesse vício ela se perde cada
vez mais a relação que antes parecia uma fuga agora se torna uma prisão o medo cresce o ciúme surge a sensação de que a qualquer momento algo pode ser arrancado dela a corroi brsk a ama mas até que ponto um homem como ele pode suportar a pressão e Ana que já desafiou todas as regras começa a perceber que o mundo não perdoa aqueles que o confrontam o jogo acabou de mudar e dessa vez não há vencedores a sociedade já emitiu sua sentença Ana kiina não pertence mais a lugar algum os salões que antes a recebiam
com sorrisos agora se fecham em silêncio as amigas que antes a rodeavam desviam o olhar as portas uma a uma se fash ela não precisa de palavras para entender o que aconteceu seu nome se tornou um aviso seu destino um espetáculo silencioso de Condenação mas nada disso importa tanto quanto a dor mais profunda seu filho seriosa a única ligação que ainda a mantinha presa ao mundo que perdeu karenin impassível e calculista usa o escândalo para tirar o que Ana mais ama ela já não pode vê-lo já não pode beijá-lo antes de dormir já não pode
segurar suas pequenas mãos e dizer que tudo ficará bem e sem ele sem o último pedaço de sua antiga vida Ana se vê completamente só bronsky está lá mas agora a paixão que antes parecia inquebrável começa a se desgastar ele a ama mas o amor pode sobreviver ao peso da culpa do isolamento do desprezo do mundo ela percebe algo que a assusta mais do que quer julgamento ele ainda tem um lugar no mundo ele pode sair conversar viver ela não o medo de que vronsky por mais que tenha desafiado tudo por ela um dia perceba
que ainda pode voltar atrás e ela não a noite se torna longa demais a ansiedade cresce o amor se mistura a paranoia e Ana começa a entender que a sociedade não precisa de carrascos ela mesma está se destruindo a solidão se tornou insuportável o que antes era amor agora é dúvida O que antes era paixão agora é angústia o que antes era promessa agora é uma pergunta sem resposta vronsky está distante não em gestos mas na Essência Ele ainda está ao lado dela ainda diz as palavras certas mas Ana sente com uma clareza assustadora que
algo mudou Talvez ele esteja cansado Talvez ele Perceba o que ela sempre temeu ele ainda tem escolha e ela não o que fazer quando não há mais caminho de volta quando todas as portas se fecharam quando a única coisa que restava o amor começa a desmoronar a cidade segue seu curso indiferente as carruagens passam os salões brilham as conversas continuam mas Ana está sozinha e então o trem o som dos Trilhos ecoa como um chamado algo que sempre esteve ali a espreita um símbolo que a seguiu desde o começo o trem o mesmo que anunciou
o início de tudo o mesmo que selará o fim Ana caminha o coração pesa os pensamentos giram as vozes do passado e do presente se misturam o julgamento o desprezo o amor o medo tudo colide Em um instante de absoluta clareza não há mais escolhas não há mais salvação a tragédia já est escrita desde o primeiro olhar e agora chega ao seu ato final o trem segue seu curso o ferro contra os trilhos ressoa como um Eco distante indiferente à Vida que levou Ana kenina já não existe a cidade de São Petersburgo acorda no dia
seguinte como se nada tivesse acontecido as carruagens continuam atravessando as ruas de paralelepípedo os salões aristocráticos seguem iluminados as mesmas conversas ecoam entre taças de cristal o escândalo se dissolve no tempo como todas as histórias que a sociedade finge esquecer depois de pilas mas para alguns a ausência de Ana é uma cicatriz invisível vronsky Aquele que parecia inabalável não é mais o mesmo a morte de Ana não é apenas uma perda mas um peso que nunca o abandonará ele parte para a guerra buscando esquecer buscando um propósito que jamais encontrará o homem que outrora tinha
o mundo aos seus pés agora marcha rumo a algo que pode destruí-lo de vez karenin rígido e impassível até o fim mantém sua posição na sociedade seu nome continua respeitado sua moral intacta Mas há momentos nos corredores vazios de casa na brisa gelada que entra pelas janelas em que ele percebe que algo dentro dele se perdeu para sempre e serioja o filho que Ana amava mais do que tudo cresce sem saber a verdade completa contam lhe uma versão aceitável uma história cuidadosamente editada para preservar as aparências mas um dia quando for mais velho ele ouvirá
sussurros ele verá os olhares desviados ao mencionar o nome de sua mãe e então ele entenderá o mundo segue em frente E no fim a tragédia de Ana kenina não muda nada porque na Rússia aristocrática mulheres continuam sendo julgadas por paixões que os homens são livres para ter porque a sociedade não aprende porque novos bailes virão novos olhares proibidos se encontrarão novos julgamentos serão feitos e em algum lugar em outra estação de trem alguém verá um Presságio que não será capaz de compreender o ciclo continua o trem nunca para Ana kenina não foi apenas uma
mulher condenada por sua paixão ela foi o reflexo de uma sociedade onde as regras são feitas para proteger alguns e destruir outros sua história não é só sobre amor traição ou escândalo é sobre o peso das escolhas e o preço da Liberdade tostoi nos deixa sem respostas fáceis ele nos mostra que o mundo segue em frente mas a dor de quem ousa desafiar seu papel nunca desaparece completamente e assim como o trem que levou Ana a pergunta fica ecoando nos trilhos do tempo ela poderia ter tido outro destino ou desde o primeiro olhar sua tragédia
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