O cérebro humano é a parte mais fascinante do nosso corpo. Essa pode ser uma opinião enviesada porque. .
. eu sou um cérebro. Mas é ele quem dá sentido e interpreta o mundo ao nosso redor.
É quem guarda todas as respostas e também quem faz todas as perguntas. E é o único órgão que deu o seu próprio nome. As nossas certezas e as nossas dúvidas passam diretamente por ele.
E é por isso que. . .
Peraí, o que foi isso? Enfim, eu dizia que o nosso cérebro tem muitos segredos e que. .
. Tá, piscou de novo. É, eu já sei o que é.
Essa é uma técnica utilizada há décadas e que, em teoria, se aproveita justamente desse potencial enigmático do nosso cérebro. A técnica é usada para tentar transmitir uma mensagem de maneira oculta, abaixo do nosso limite de compreensão. E por estar abaixo do limite, é chamada de subliminar.
Ou pelo menos essa é a nomenclatura adotada para chamar esse tipo de imagem ou texto que aparece muito rapidamente numa tela durante um vídeo. Originalmente uma mensagem subliminar seria aquela que é tão rápida, mas tão rápida, que seria literalmente invisível. Os nossos olhos não seriam sequer capazes de identificar que alguma coisa apareceu diante deles.
Mas na prática, a gente acaba usando esse nome para se referir a mensagens nem tão rápidas assim. A gente até consegue ver que apareceu algo, mas não dá tempo de entender direito do que se trata. Pra quem defende que essa técnica funciona, o espectador impactado por uma mensagem subliminar absorveria a mensagem mesmo sem querer.
Embora impossível de ser decifrada, a mensagem entraria direto no nosso subconsciente, e conseguiria nos manipular de maneira imperceptível. Mas será que isso é verdade? Uma propaganda subliminar realmente poderia te influenciar a comprar um produto, por exemplo?
Para eu responder isso, nós vamos primeiro ver um exemplo de uma propaganda que não é subliminar. Você sabia que está chegando o dia número 256 do ano, que é considerado o dia da programação? E para comemorar essa data, a Alura preparou a Semana da Programação, com desconto exclusivo.
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Se matricule agora com o meu link na descrição e acelere a sua carreira com a maior escola de tecnologia do Brasil. Agora sim a gente pode falar sobre as propagandas subliminares. Na verdade, antes de serem usadas para tentar vender produtos, as mensagens subliminares começaram a ser estudadas ainda no final do século XIX.
Um dos primeiros experimentos de que se tem registro aconteceu no Laboratório de Psicologia de Harvard, nos Estados Unidos. Os pesquisadores escreviam uma letra num pedaço de cartolina e pediam para que um voluntário bem distante tentasse ler. Como a distância era muito grande, os voluntários não conseguiam identificar exatamente o que estava escrito.
Mesmo assim, muitos deles acertavam o palpite, numa proporção maior do que se fosse só um mero acaso. E com isso, o pesquisador concluiu que é possível absorver algo sem nem se dar conta. Ou seja, mesmo não conseguindo enxergar direito, uma pessoa poderia ser capaz de captar uma mensagem.
Nascia aí o princípio das mensagens subliminares. Ao longo do início do século XX, outros estudos parecidos até trouxeram conclusões semelhantes, mas tudo ainda ficava no campo da experimentação acadêmica. Foi só nos anos 1950 que uma experiência prática, fora dos muros das universidades, chamou a atenção do mundo todo para o mistério das mensagens subliminares.
Ao invés das salas de aula, foram usadas as salas de cinema. E ao invés de voluntários, espectadores de um filme. Férias de amor, de Joshua Logan.
Mas o personagem central dessa história não era o diretor, nem qualquer ator do filme. Quem literalmente roubou a cena foi o pesquisador de marketing James Vicary. Ou pelo menos parte das cenas, mais precisamente, três milésimos de segundo a cada cinco segundos.
É que nesses momentos bem curtos, o Vicary projetou na tela mensagens dizendo algo como está com fome? coma pipoca ou então, está com sede? beba refrigerante a nova técnica de propaganda causou o maior frisson e foi parar nas revistas da época o próprio criador do projeto se gabava em entrevistas dizendo que a ideia era tão efetiva que ele não iria se surpreender se o governo decidisse regular o uso dela de fato, era uma técnica que prometia ser revolucionária primeiro porque ela subvertia a regra número 1 da publicidade.
Você precisa ser visto para ser lembrado. Os anunciantes sempre apostaram em imagens chamativas para divulgar seus produtos. Até que, do nada, surgiu uma nova técnica de propaganda que era feita para não ser vista.
E segundo porque os resultados pareciam impressionantes. Segundo o pesquisador, a lanchonete do cinema teria registrado um aumento de 57,5% na venda de pipoca e 18,1% na venda de refrigerante. Só tem um pequeno problema.
Era tudo mentira. Anos depois, o próprio pesquisador admitiu que ele forjou os números por causa da pressão de investidores do projeto. Mesmo assim, sabe como que é, né?
A retratação de uma mentira nunca tem o mesmo alcance do que a própria mentira. E com isso, mesmo os números sendo falsos, o suposto sucesso das propagandas subliminares se espalhou pelo mundo. Uma televisão americana testou a técnica piscando mensagens para que os telespectadores entrassem em contato.
Mesmo assim, ela não registrou nenhum aumento significativo na participação dos telespectadores. Até aqui no Brasil, programas de TV também chegaram a usar mensagens subliminares. Essas são imagens da TV Tupi no fim dos anos 1950 pedindo para que as pessoas escrevessem pro programa.
E até fazendo uma propaganda subliminar de uma imobiliária chamada Nova York. Da mesma forma, não existe comprovação de que essas propagandas tenham funcionado. Então a gente pode se perguntar, se o aumento de vendas no cinema era fake e as mensagens na televisão também não sortiram muito efeito, então como aqueles estudos super antigos como os das cartolinas deram a entender que mensagens subliminares funcionavam?
Talvez justamente por serem antigos. Não dá para ter certeza se todo o método científico foi observado adequadamente. Possíveis falhas de metodologia podem ter comprometido os resultados.
É tudo muito subjetivo e por isso esse tipo de estudo não é levado tanto em conta hoje em dia. Mesmo experimentos mais recentes também são controversos. Um dos exemplos mais famosos é o do pesquisador Dale Hawkins, que mostrou a voluntários uma série de palavras de maneira subliminar.
Segundo o autor, aqueles que foram expostos à palavra Coke teriam relatado mais sede do que os expostos a outras palavras. Só que anos depois, o mesmo autor tentou repetir o experimento, mas não teve o mesmo resultado. Então ele reconheceu.
Esse estudo lança sérias dúvidas sobre a validade dos outros poucos estudos mostrando evidência experimental de efeitos subliminares no contexto publicitário. Ele claramente indica a necessidade de se criar uma tradição de replicar experimentos na área de marketing. Acontece que, hoje em dia, as propagandas subliminares estão, de certa forma, caindo em desuso.
Em uma pesquisa conduzida entre mais de 250 agências de publicidade nos Estados Unidos, somente uma admitiu o uso. E, mesmo assim, disse que foi só como uma piada interna. E isso provavelmente acontece justamente porque não tem comprovação de que esse tipo de propaganda extremamente curta funcione.
Aliás, mesmo que elas durem tempo suficiente para serem vistas, é importante observar uma coisa. Percepção não é persuasão. Não é porque uma pessoa foi impactada por uma determinada marca que ela necessariamente vai querer consumir aquele produto.
Por isso, uma propaganda tão rápida que mal pode ser entendida não é considerada eficiente hoje em dia. E os publicitários não vão querer correr o risco de jogar dinheiro fora em um método que não traz retorno financeiro. Além disso, eles também não vão querer correr o risco de serem presos.
Isso porque, em alguns lugares, é proibida a utilização de propagandas subliminares. É o caso do Reino Unido e da Austrália. Mas e aqui no Brasil?
Uma empresa pode fazer uma propaganda subliminar? Esse tema sempre foi alvo de polêmica por aqui, desde que esse tipo de propaganda surgiu nos anos 1950. O ministro da educação na época, Clóvis Salgado, defendia a proibição.
O ministro da saúde, Maurício de Medeiros, concordava. E até nomes importantes da nossa cultura manifestaram preocupação diante dessa nova ameaça invisível. Foi o caso do poeta Ferreira Goulart, que dizia que a bomba de hidrogênio não era nada perto de uma mensagem subliminar.
Ele a definiu como uma arma capaz de nos desintegrar por dentro, sem que saibamos. E até um escritor internacional, que estava de passagem pelo Brasil na época, fez um alerta para a imprensa brasileira. E eu estou falando de Aldous Huxley, autor de obras políticas e distópicas como Admirável Mundo Novo.
Huxley disse que a escravização da humanidade pode ser feita através da manipulação cerebral do homem, sem que este se aperceba, e fazendo-o amar a escravidão. O Estado governará o homem até dominar-se o subconsciente. A propaganda subliminar é apenas o primeiro passo.
" E esse temor do uso político das mensagens subliminares se espalhou pela sociedade. Diversos políticos e autoridades acusavam os adversários de usar formas de propaganda invisíveis para manipular a opinião pública. Aliás, o assunto estava tão em alta que deu até origem a um filme de espionagem política sobre propaganda subliminaria chamado O Quinto Poder, que foi o filme mais caro já produzido até então pelo cinema nacional.
Já uma outra obra importante do nosso cinema, que foi o filme Terra em Transe, chegou a ser censurado pela ditadura porque supostamente continha propaganda subliminar do marxismo. Os militares então barraram todos os tipos de mensagens subliminares, que ficaram proibidas até o fim do regime. Desde a redemocratização não existe nenhuma lei por aqui que proíba expressamente a utilização de mensagens subliminares, mas o Código de Ética dos Publicitários tem um trecho que, de certa forma, veta a utilização desse tipo de ferramenta.
É o artigo de número 20, que diz que a propaganda é sempre ostensiva. A mistificação e o engodo que, escondendo a propaganda, decepcionam e confundem o público, são expressamente repudiados pelos profissionais de propaganda. Em outras palavras, uma propaganda precisa deixar claro que é uma propaganda.
E é por isso que nas redes sociais o pessoal costuma usar aquela hashtag publico quando divulga um produto. Mas isso não quer dizer que nenhuma empresa use técnicas, digamos, semi-subliminares para divulgar seus produtos. Há um tempo, o canal SBT ficou famoso por piscar na tela o nome de uma marca de cosméticos, por exemplo.
A propaganda não era tecnicamente subliminar, porque ela durava tempo suficiente para ser vista e entendida pelo público. E com isso, o CONAR, que é o Conselho de Regulamentação Publicitária, não barrou a utilização dela. Outras marcas também já divulgaram produtos disfarçadamente, usando aquele jeitinho brasileiro.
Ou no caso, um jeitinho italiano. A Ferrari foi patrocinada durante muitos anos pela Malboro, e o logotipo da marca de cigarro era divulgado nos carros de Fórmula 1 da equipe. Quando a Federação Internacional de Automobilismo proibiu que marcas de cigarro patrocinassem as escuderias, a Ferrari substituiu o nome da Malboro por essa espécie de código de barras, em um formato parecido com o logotipo da empresa, e posicionado exatamente no mesmo lugar no carro.
E assim, ainda mais quando o veículo estivesse em alta velocidade, o borrão iria fazer todo mundo se lembrar do símbolo da empresa. E a ideia, é claro, pegou mal. E também foi proibida pela Federação de Automobilismo.
E existem ainda outras formas de propagandas discretas, mas não exatamente subliminares, que são permitidas e muito utilizadas na televisão e na internet. É o caso, por exemplo, daqueles personagens de novela que bebem refrigerante com o rótulo curiosamente virado para a câmera. Ou ainda daqueles apresentadores de canais de ciência que também têm uma marca de roupa e eventualmente gravam vídeos usando uma camiseta dessa marca.
E tem ainda os casos em que o recado secreto está escondido no próprio logotipo da empresa. Você já reparou que no logo da entregadora americana FedEx tem uma seta escondida? E com quantos anos você descobriu que o símbolo do mercado francês Carrefour é uma letra C?
Mas essas mensagens escondidas não aparecem apenas em marcas e produtos. Elas podem estar até nos filmes. Até em clássicos da Disney, como O Rei Leão, em que os autores esconderam nas estrelas as letras SFX, numa espécie de auto-homenagem secreta da equipe de efeitos especiais, SFX.
Mas o F ficou parecido com um E. E aí muita gente entendeu errado, e aí foi uma polêmica danada. É por isso que a gente tem que tomar muito cuidado quando lê ou ouve por aí informações sobre mensagens subliminares.
Por ser um tema controverso e que rende muita discussão, ele costuma ser um terreno muito fértil para fake news e teorias da conspiração. Quem nunca ouviu falar, por exemplo, que os Beatles esconderam mensagens subliminares nas músicas para revelar que o Paul McCartney já tinha morrido? Ou então que as canções da Xuxa, tocadas ao contrário, teriam recados sombrios e significados malignos?
E nada disso é verdade. E é por isso que, embora a mensagem subliminaria seja um tema extremamente interessante, ela tem um caráter muito maior de lenda do que de verdade. Elas são uma espécie de pseudociência que mistura estudos inconclusivos com uma dose de incompreensão sobre o assunto, além de uma pitada de misticismo para deixar tudo ainda mais intrigante.
E realmente fica intrigante. Por isso, não tem problema nenhum conversar sobre esse assunto e se divertir procurando pistas secretas nas músicas e nos filmes, desde que tudo não passe de uma brincadeira. Só não se deixe levar a pé a paranoia e fique tranquilo que ninguém vai invadir a sua mente usando uma mensagem subliminar.
Até porque hoje em dia é mais fácil de invadir sua mente usando chatbots nas redes sociais, fazendo você interagir com máquinas feitas para formar sua opinião enquanto você acredita que está fazendo amigos. Bem, eu espero que você tenha gostado desse vídeo e que ele tenha ajudado a esclarecer o que é verdade e o que é mentira nesse enigmático mundo subliminar. Inclusive, aqui vai uma dica grátis para conseguir ler as mensagens subliminares do vídeo.
Se você estiver no computador, você pode pausar o vídeo e usar as teclas de ponto e vírgula para passar o vídeo frame por frame. Se você gostou da dica, deixe seu like no vídeo. E se tem algum outro assunto polêmico que você gostaria que a gente analisasse em detalhes por aqui, é só deixar sua sugestão nos comentários.
Esse vídeo foi uma sugestão de vocês. Muito obrigado e até a próxima. Muito obrigado e até a próxima!