falando de dança estou falando de dança como produção de conhecimento é para além do entretenimento para além da ludicidade muito embora ludicidade seja um caminho importante para chegar no conhecimento da então em que medida ela aborda a dança como a possibilidade de encontrar um bem-estar uma autonomia do corpo uma autonomia de existir e também um espaço de dignidade pensando também que é no corpo que se funda a nossa história é no corpo o meu corpo o corpo não é instrumento de com o corpo sou eu a minha o coach construção do meu intelecto o meu
caminho com o mundo um primeiro lugar se dá através do meu corpo então corpo não é só instrumento para alguma coisa no corpo sou eu ea no nosso corpo que se inscreve a nossa ancestralidade quando falo de ancestralidade eu penso muito uma ancestralidade presente não é algo que passou e que está no passado bazin algo experiências e referências que me constituem que fazem eu ser o que eu sou que esse contexto das danças das danças que estou chamando de danças africanas né ele é um contexto diverso tal qual é o continente africano ele é diverso
tal qual é a experiência negra no brasil recebe também uma diversidade de nomenclaturas a gente é acostumado a chamar de dança afro nem por ao ela tem né e penso que diz é uma questão complexa né por quê essas danças são plurais em constituição em referência rurais um contexto cultural plurais em articulação com o mundo social então já de bate pronto a gente toma ciência dessa diversidade como criaturas que elas recebem também são diversas danças afro dança negra dança livre negra contemporânea danças africanas e os nomes são importantes né porque as coisas têm que ter
nome para que elas existam então eu vou repetir um pouco isso também na minha fala porque os personagens o sujeito das culturas negras dentro de um contexto de invisibilidade eles nunca estão nomeados né por isso faço questão de fazer referência aos mestres e aos nomes no meu trabalho como pedagoga e como bailarina como professora de dança também eleger um nome que eu chamo de corpo em diáspora é esse o nome que eu tenho que satisfaz os conteúdos que eu tenho desenvolvido as idéias corporais que eu tenho trazido né pra minha pra minha experiência como professora
como artista como criador e o que é isso que eu chamo de corpo em diáspora é uma pesquisa que toma como fundamento eixos estruturantes do corpo nessa estrutura coluna cabeça bacia que relações eu posso construir é com a consciência dessa estrutura estrutura como corpo estrutura como fundamento ancestral também como eu posso compreender por exemplo a relação da minha coluna com a minha bacia com a minha cabeça integrados verticais mas não rígidos e duros tal quais algumas técnicas euros entrar como balé por exemplo né como eu comprei o meu corpo como o universo o universo em
movimento né como eu compreendo as partes não separadas só anatomia não vou estudar biomecânica só né e como também as minhas formas de me mover no espaço dizem respeito à cultura que eu faço parte ou as culturas das quais eu me alimento esse tipo de referência importante também porque a gente não pensa em um corpo que se joga no espaço um corpo que se mexe sem organização não é um pouco a ideia de uma consciência quer dizer quando chegou à liberdade com consciência e acho que talvez seja uma das grandes lições que as comunidades quilombola
consideram né é é ver a ânsia por liberdade exige organização exige consciência e muitas vezes o que se pensa sobre as danças de matizes negras as chamadas danças afro é esse lugar de uma espontaneidade de um corpo que precisa de liberdade e se joga no espaço não se a gente jogar a gente cai não levanta a gente tem que lidar o tempo todo com a força da gravidade a gente tem que aprender como é que o piso como é que eu mantenho meu olhar adiante e ganha espaço no pescoço eu percebo mundo ao redor né
eu percebo de onde eu venho perceber onde eu quero estar é eu compreendo como diáspora é movimento e relação é movimento e portanto a capacidade de imaginar o nosso lugar movimento e portanto a capacidade de pensar que eu como corpo como cultura estou em transformação e as culturas negras estão em transformação ela não é uma condição eu não sou o diáspora por isso em diáspora é um estado eu sou assim né penso diáspora como identidades culturais em movimento né constantemente imaginadas quando fala de dança em primeiro lugar o fato de uma capacidade humana é né
a capacidade humana de se mover de se exprimir e de fazer uso de formas específicas de se movimentar ou seja são a dança o movimento ele é aprendido isso é importante não é inato a gente não nasce sabendo a gente compartilha a gente estuda a gente olha a gente entende a gente tá habilidade de dançar não é nata não é genética essas coisas não estão no nosso sangue chama a atenção para isso porque uma das referências também o discurso muito comum é a atacar no sangue que beleza né nasceu assim olha só é e aí
levando para uma discussão um pouco relacionada a um é só uma essência o essencialismo a percepção essencialista sobre as culturas negras é todo negro sabe sambar acho que esse é um exemplo bem interessante né esse agente conste considera o dançar como apreensão como forma específica de lidar com o corpo a gente entende que nem todo negro sabe dançar nem todo negro sabe sambar né outro ponto importante é a imagem do corpo negro os imaginários que se constroem imaginários que foram historicamente construídos acerca do corpo negro dos corpos das pessoas negras né quer dizer tudo que
o tudo que ele ele ou ela é ou tudo que ele é lá faz está sempre muito relacionado a um lugar de distância diferente exotismo às vezes até a esquisitice né e é curioso como o brasil fundado nas propriedades negras ver o ser o corpo negro como o outro esse imaginário se funda na experiência colonial esse imaginário do corpo do corpo negro como como o outro vem de uma ideia de missão civilizadora né quando o corpo europeu sobretudo o homem europeu e se move ao continente xvii o chamado continente negro e se coloca diante daquelas
realidades como um modelo como modelo de civilização portanto o europeu era o exemplo de civilização e os povos africanos que não tinham civilização vilna barbary é o europeu se organizava em sociedade e os povos europeus povos africanos se organizam em tribos não se organiza estão em tribos na ideia de tribo se refere também essa mentalidade colonial essa percepção colonial a experiência no pé tem religião os povos africanos têm seitas experiência européia o corpo europeu é munido de línguas os povos africanos são unidos de dialetos e assim por diante então esse corpo ficando como o outro
é o corpo negro outro que a gente vive no brasil então como essa experiência de ser africano se replica historicamente e nos dias de hoje há percepção que se tem ao que representa ao que é ao que é capaz as capas idade é das pessoas de pele preta está bastante relacionado com essa mentalidade com essa percepção colonizada né e colonizada até os dias de hoje isso já entrar pelas brasileiras deixando de reconhecer que a nossa humanidade a nossa experiência como seres humanos e sociedade é profundamente africanizada é a estréia do cuidado a experiência coletiva ou
seja é o viver em coletividade que me transforma em pessoa é o viver em coletividade que me desgruda da ideia ou da idéia da experiência do indivíduo sozinho cada um por si é essa uma das grandes missões missões não uma das grandes possibilidades de se pensar nas nossas experiências coletivas as nossas formas de estar no mundo é isso também que eu chamo de formas as entradas quando a gente vai para a sala de aula essas salas de aula que pode ser uma aula de artes em uma escola de nível fundamental que referências que a gente
usa para desconstruir esses imaginários aos quais eu fiz referência que referências a gente usa para ensinar para as nossas crianças que a dança é uma maneira de construir conhecimento é uma maneira de me ligar onde ou de conhecer um pouco mais da cultura o nosso redor essa cultura que eu chamo de cultura negra que é uma cultura brasileira né como nós brasileiros nos olhamos para o espelho e nos reconhecemos influenciados por essa experiência negra por essas intelectualidades negras por isso as referências são importantes citar falar sobre os nossos e as nossas pensadores os nossos e
as nossas mestras a mercedes batista que foi uma bailarina da cidade do rio de janeiro provavelmente a pessoa que funda um pensamento brasileiro de dança moderna força motriz que traz o que a gente reconhece hoje o que se convencionou chamar de dança afro brasileira existe uma genealogia que começa na base na mercedes passa por isaura jazz espalhem silva em minas gerais fhemig optando em são paulo são pessoas que se alimentaram desse pensamento concretizado em dança na síria falcão que tem um trabalho bem importante chamado corpo e ancestralidade na síria era é baiana foi professora da
universidade estadual de campinas ela minha orientadora no doutorado e tem um trabalho que fala bastante dos gestos cotidianos nas danças de tradições religiosas sobretudo do candomblé neto ela estuda esses gestos relaciona esse gesto é uma experiência humana né e não especifica de uma determinada raça mas como o hábito de pilar socar cavar a semear está ligado a experiência humana nadir nóbrega tem o livro um dos primeiros livros sobre danças afro hoje a professora nadir pântano na universidade federal de alagoas saindo um pouco do brasil e aí são referências que eu tenho e que a gente
encontra online se encontra em alguma bibliografia especializada ele está sem medo que é professor e fundador de uma escola no burkina fasso tem um curso de formação e danças africanas e contemporâneas tem um vídeo dela chamado o filme sobre ela chamado a dançarina de abandono e g6 cone que é uma professora coreógrafa senegalês a tem esse livro chamado danças africanas gemelli esteve no brasil algumas vezes né em uma delas coreografando balé da cidade de são paulo e um espetáculo célebre chamado z são eventos interessantes pra gente pensar que relações que a gente constrói sobretudo no
mundo da dança é com o continente africano é e como essas relações podem ou não eu acredito que podem ser mais horizontais né eu digo isso porque na minha pesquisa eu trato bastante de enfrentar os currículos de graduação em dança e como esses currículos essas estruturas são absolutamente horas entradas né como se discute o corpo as noções de técnica as noções de organização de corpo baseadas fundamentalmente em técnicas eurocêntricas né então nos cursos de graduação danças estuda contato improvisação marta garra e técnicas interessantíssimas né e que são realmente importantes na formação do corpo que dança
do corpo que ensina a dançar mas que dizem pouco sobre o corpo brasileiro é em que medida o brasil ainda mais uma vez têm nas suas estruturas de formação é quase nada que diz respeito a ele mesmo