aula que você vai ver a seguir é parte de um curso da casa do Saber mais plataforma Educacional com mais de mil horas de conteúdos desenvolvidos pelos melhores professores do país quer conhecer então clique no link que está abaixo do título desse vídeo assim agora e tem acesso a outras aulas desse curso e também é um mundo de conhecimento [Música] e começar chamando atenção de vocês para alguns aspectos assim para situar um pouco da obra do Guimarães Rosa no universo da nossa literatura bem geral bem rapidamente depois eu vou dizer uma outra coisa sobre algumas
especificidades dessa construção literária que é em particular a prosa do Guimarães e o universo do Guimarães até chegar nesse Sertão e aí a gente vai começar a fazer um jogo de ler um pouco e eu analisar um pouco ler um pouco e eu analisar um pouco tá bom o primeiro ponto que eu queria chamar atenção de vocês é o seguinte na nossa tradição literária na nossa tradição cultural de letras existe pouco espaço mas muito pouco espaço mesmo para um tipo de trabalho que eu vou querer explorar com vocês está na descrição do curso inclusive que
puxa o trabalho literário para o tema do mito e que busca partir da literatura elaborar as questões do mito você não vai encontrar isso em muitas obras da literatura brasileira você não vai encontrar isso como uma questão relevante para literatura brasileira posso dar um exemplo para vocês por comparação você vai perceber que a literatura de língua inglesa Especialmente na Inglaterra você vai perceber que a literatura francesa você vai perceber que aqui do lado na Argentina o Borges o Corsa tinha uma certa Liberdade essas matrizes literárias essas famílias literárias elas tinham uma certa liberdade para não
apenas retrabalhar herdar os mitos da tradição literária por exemplo os mitos da odisseia da Ilíada a tradição do ciclo de Tróia das famílias do universo trágico das tragédias gregas né e todo aquele universo lá das metamorfoses isso que a gente normalmente associa a essa mitologia do mundo grego ou e por isso eu citei o Borges né as mitologias nórdicas que tanto fascinavam o escritor argentino e isso é transformado em matéria literária deles eles fazem sua própria literatura dialogando com essas tradições você vai encontrar isso num poeta Modernista como tia Célia Então você vai encontrar isso
em escritores Ingleses vai encontrar isso em prosadores tá lá no Borges o cortasse ele escreve uma das peças de teatro dele no início da carreira nos Régis exatamente na tradição da mitologia grega dialogada numa releitura moderna isso não é uma coisa comum não é uma matriz da nossa literatura quando a gente fala em mito a gente Normalmente também fala a gente também tá querendo falar também tá querendo pensar num tipo de literatura de imaginação um pouco mais solta que é o oposto digamos assim daquela literatura muito realista muito verossímio muito marcada pelo documento pela realidade
imediata né então é um tipo de literatura que dá mais vazão a isso também essa literatura não é a de maior presença esse não é o estilo de literatura de maior presença no Brasil tá por várias razões a gente não pode explorar isso no detalhe aqui eu vou dar só uma dica a gente pode depois conversar vocês podem fazer perguntas Claro Mas por várias razões uma delas é justamente o fato de que a literatura brasileira ela buscou desde disso muito cedo desde o período colonial Ela acabou se concretizando ela acabou realizando um tipo de literatura
que tende muito fortemente ao documental e ao realismo nesses quatro polos que nós temos aqui nesses quatro elementos que nós temos aqui é óbvio temos assim linhas muito Gerais é claro não é não é que uma coisa exclua completamente a outra o que mapeie por completo Os caminhos da literatura não é óbvio que não mas essas linhas de força aqui se fizeram mais presente em outras famílias literárias em outras nações em outros países em outras tradições literárias e não no Brasil o Brasil fez mais esta linhagem aqui do que esta daqui tá exemplo a nossa
literatura Colonial é repleta do período pré-independência entre a independência ela é repleta de uma tentativa de adaptar os códigos dos poemas e dos textos que eles tinham para fazer lá que vinha de Fora vinha da Matriz de Portugal e tudo mais a realidade local o arcadismo brasileiro é um pouco assim o Barroco do Gregório de Matos guerra é um pouco assim né então por mais que eles estivessem reproduzindo um certo discurso literário que vinha de Fora eles precisavam ao mesmo tempo da conta do fato que estava no lugar muito peculiar fazendo literatura isso acabava entrando
o Gregório de Matos não Por acaso ficou conhecido como boca do inferno por fazer aquela poesia satírica sobre a realidade de Salvador o Padre Vieira fez discursos de imperiosos da Língua Portuguesa que elas monumentos da língua portuguesa tratando não apenas de questões espirituais mas muito fortemente as questões do Brasil na época daquele Brasil colônia o mesmo vale para usar quando nós temos no século 19 o triunfo do Romantismo vocês todos conhecem isso de tempos escolares e tal eventualmente quem é mais do mundo as letras frequenta isso ainda né quando nós temos o triunfo do romantismo
no século XIX nós estamos falando da lei de 1820 para frente né Depois da Independência os primeiros textos chamados de românticos no Brasil são da década de 30 1876 para frente isso é peculiar porque o que que é o romantismo senão o uso do uso da Fantasia nesse momento o mito está subordinado a ideia de criação de uma identidade nacional e por isso vai ser o mito do passado histórico brasileiro índios mais colonizadores né e o mito passa a ficar a serviço não dá vasta fantasia e imaginação do autor para efeito do leitor não mas
sim do que buscar construir uma espécie de imagem do Brasil nenhum escritor representou estão bem no século 19 Como José de Alencar a ideia da construção de uma literatura Nacional por meio precisamente da construção dos seus romances por isso o Alencar fazia desde os romances indianistas até romances sobre as vastas regiões desse território ele até escreveu sobre o Rio Grande do Sul sem conhecê-lo né o gaúcho o sertanejo que ele conhecia um pouco melhor mas aí as fazendas de café aqui tá o norte Então essa ideia de dar um Panorama completo do Brasil isso meio
que acabou marcando a literatura brasileira desde o início com esse traço de ser um documento de ela vir acompanhada de um propósito de mostrar o país dizer o que é a nação Tá e isso fez com que a veia realista Realismo aqui por favor eu não tô pensando no período literário na escola literária eu tô dizendo assim em sentido amplo essa frase essa expressão que a gente usa para dizer quando algo é muito mais próximo do velocímetro do Real Isso acabou sendo muito forte quando nós chegamos no século 20 nós temos uma peculiaridade que é
o triunfo do modernismo como um movimento artístico cultural literário um momento na história da cultura que vem com uma ideia de Vanguarda de uma grande ruptura com a tradição de ruptura com o passado e aí nós temos o primeiro grande uso efetivo de uma mescla de mito e fantasia a serviço da literatura E aí é que eu acho assim que vale a pena eu deixar no ar para vocês relerem eventualmente assistiram não sei se ela tá em cartaz e pensarem sobre o assunto que texto do modernismo brasileiro vocês estudam que mergulha profundamente no mito mergulha
fundo na fantasia Mas é ao mesmo tempo engajado comprometido com a ideia de ser brasileiro de trabalhar os temas Brasil Macunaíma exatamente que andava recentemente em cartaz numa peça musical da Bia Lessa Bia Lessa que fez no ano passado você assistiu quem assistiu Guimarães Rosa o grande ser tão Veredas da Via Lessa no ano passado deve ter ficado apaixonado querido ler de novo você já tinha lido quem não leu quis ler e tal a minha Alessa fez a montagem eu gostei mais do Grande Sertão do que do maconha mas são duas montagens importantes Macunaíma 1928
do Mário de Andrade é um primeiro texto literário eu acho nessa nossa tradição que mais buscou se aproximar disso o universo que o Mário de Andrade pesquisou do folclore brasileiro inclusive buscando como matriz um pesquisador um folclorista alemão que conhecia as tradições brasileiras curioso isso né esse universo do folclore brasileiro das tradições do universo indianista né do universo indígena e tal isso aparece numa conema de maneira muito fantasiosa dando asas realmente com perdão do lugar comum soltando a imaginação do autor para que olha faça como quiser ali uma também pode nascer negro Numa família indígena
e depois virar Branco depois de passar do filme do Joaquim Pedro Andrade como é que era né Um clássico do cinema novo Brasileiro né reparem ainda assim a literatura brasileira sempre traz esta marca aqui de manter o interesse de dizer o seguinte mas vem cá o que é o Brasil nisso tudo né isso acho que ela nunca conseguiu de fato se livrar não é não você nunca vai encontrar nada na literatura brasileira que se assemelha a uma coisa totalmente cerebral da construção literária das formas e das dos elementos nativos como em Borges eu acho que
a gente não tem isso mas a gente chegou em Mário de Andrade porque ele é a comparação que me permite chegar agora ao Porque se é fato que o Macunaíma tem esses elementos do mito eu acho que vocês vão concordar comigo mesmo com todo respeito e a preço que a gente tem por uma coluna que a experiência de limão com nenhuma não é a experiência da grande literatura que nos move que trata dos temas da existência humana que nos faz perceber os elementos né de vida e morte da Paixão do amor do ciúme do ódio
das violências não tem isso lá é pode ser notável pode ser incrível você pode dizer várias coisas positivas mas essas coisas não estão lá você pode até dizer que essas noções que lhe interessam Ok você admite você precisa admitir que isso não tá em maconha Eu particularmente acredito que essas coisas são indispensáveis para a grande Literatura e é por isso que eu acho que uma conema por mais interessante que seja ele minha avaliação ele ainda se Prende muito a essa coisa folclórica documental ainda que no universo mito e a literatura brasileira depois ela entra numa
fase extremamente realista vocês devem lembrar a década de 1930 é rica na produção de grandes escritores no Brasil na poesia nós temos Drummond a consolidação da voz poética de Manuel Bandeira Carlos Drummond publicano seu primeiro livro de poemas Vinícius de Moraes publicanos Murilo Jorge Lima é um conjunto de escritores inacreditável na poesia e na prosa José Lins do Rego o ciclo da cana Menino de Engenho fogo morto Graciliano Ramos Vidas Secas Eu particularmente acho que os dois mais conhecidos vão sempre ser Vidas Secas e São Bernardo né mas ele também tem um romance não no
interior não no universo Rural um romance do banco chamado Angústia notável romance do Graciliano Ramos que escreveu pouco dias de passagem mas sempre nesse plano aqui tá até que de repente Começam a surgir nos anos 40 Os Contos do Guimarães Rosa e o Guimarães Rosa Traz algo completamente diferente para esse cenário precisamente porque Guimarães Rosa não está escrevendo e nenhum dos registros que você podia identificar aqui antes há uma tentativa de jogar alguma das Rosas por exemplo no seguinte não pera aí é claro que ele entra nesse universo aqui e ele entra nesse universo aqui
precisamente porque Guimarães é um grande retratista do regionalismo ele entraria nesta tradição da literatura que se Vale da matéria Regional própria o sertão Mineiro aquele interior de Minas muito semelhante com algo que vai aparecer mais para o centro-oeste brasileiro e também para o Nordeste que já é o sertão Mineiro divisa com a Bahia então ah ele está falando deste universo aqui O problema é que é o contrário do que veio antes dele Guimarães ele conseguiu fazer convergir aqui outras duas tradições para além desta daqui que era a dominante Essa é a minha tese para vocês
ela é a dominante na literatura brasileira ele conseguiu fazer triunfar aqui uma outra Matriz que é do ponto de vista formal o modernismo mais elevado em termos de inovação estilística e formal isto é ele não vai usar o regionalismo no seu sentido convencional não é como se você estivesse lendo Monteiro Lobato você abre o Monteiro Lobato E tá lá o Jeca no meio de uma narrativa com tudo mar tipicamente voz da Norma culta de repente sede a palavra para o personagem caipira e o caipira emite uma frase né com aquele jeitão errado isso era o
modo de registrar o Regional convencionalmente ele não faz isso e ele também não faz aquele padrão de estrutura do Realismo convencional precisamente porque ele ouve de fato a poesia da voz própria das regiões que ele está visitando e ele vai conhecê-las e são detalhe curioso é um diplomata é um homem né sofisticado ele vai a esse Sertão Ele visita aqueles lugares ele conhece aquelas pessoas e ele vai dar uma voz própria para esses personagens ele não vai usar a voz da Norma culta Urbana e de repente intercalar isso com Cacos da fala regionalista Só que
essa voz própria também não é o simples documento ela não é o simples documento porque a gente leu o rebaldo falando a gente está ouvindo aquela prosa e a gente tá vendo não não é possível que alguém fale assim é claro que tem os elementos próprios da fala Regional Mas como eu vou tentar mostrar para vocês é a criação de um poeta e esse é o Guimarães Rosa Isto é a Inovação na prosa que o Guimarães Rosa está fazendo o dar voz própria não é simplesmente dizer deixa eu ver como você falar agora eu reproduzo
aqui não é eu criador eu escritor vou dar uma voz própria esse mundo que você vai reconhecer como sua mas que a minha criação e isso é um dos principais elementos dessa inovação formal que o Guimarães Rosa vai fazer então ele vem da Matriz Modernista ele busca essa Matriz Modernista para elaborar isso E cria essa poesia incrível dos Seus contos e dos seus e do seu romance sobretudo né das novelas né sobretudo esse romance O Grande Sertão Veneza então de um lado você tem isso e de outro lado esta Matriz esta Matriz do mito e
da fantasia é explorada como em nenhum outro momento da literatura brasileira Então esta combinação aqui que vai efetivamente manter Guimarães Rosa numa certa tradição brasileira ele está mergulhando no regionalismo ele está tratando de uma realidade que o leitor brasileiro o conhecedor da literatura brasileira Consegue situá-lo sim ele está aqui mas ao mesmo tempo ele está fazendo convergir outras duas tradições outras duas linhas uma a do mito outra da Inovação formal que vem da Vanguarda Modernista e vendo um jeito próprio de criar a prosa poética que ele vai criar estas coisas fazem do seu livro grande
é tão Veredas uma criação única Ele é o único na nossa literatura grande questão Quem é maior Machado de Assis ou Guimarães Rosa São é como você perguntar quem é maior é bar grande compositor Sebastian Bar ou e eu tô fazendo isso propositalmente né Bar ou Leonardo da Vinci Os caras estão fazendo coisas diferentes sim o que eu tô tentando sugerir para vocês aqui o registro de literatura do Guimarães Rosa e o do Machado de Assis São tão diferentes que é como se você tivesse perguntando uma comparação entre um músico e um arquiteto um cientista
e um pintor é quase isso tá são registros muito distintos tá em que você vai encontrar o machado no século 19 e mais rosa no século 20 bom agora é neste roteiro que eu apresentei para vocês É claro a gente precisa ver isso sendo posto à prova a gente precisa ver como é que isso vai acontecer efetivamente e é a partir disso que eu vou dar o tal do mapa das possibilidades com algumas das questões centrais que nós vamos comentar ao longo desses próximos dois encontros a partir da leitura do texto que eu passei para
vocês a recentemente saiu acabei de tirar as que só para essa fitinha vem enfeitando aqui né recentemente saiu a edição que a companhia das Letras publicou numa grande jogada de litoral inclusive né porque é disputada né os direitos autorais do Guimarães rosas belíssima edição é do Grande Sertão Veredas com cronologia com ensaio fabuloso do Silviano Santiago lá no final tem um ensaio incrível também do Davi a Rigotti Júnior e são três ensaios e do Benedito Nunes é claro né Antônio Cândido escreveu um ensaio primoroso chamado super regionalismo de maneiro rosa que eu acho também que
vale muito a pena mas eu não vou ficar tanto nesses temas dos dos autores de fora né dos críticos e também tá aqui o da valnecio Nogueira Galvão que é uma grande crítica literária grande de professora de letras vale muito a pena essa edição eu para a gente poder ler todo mundo ter a mesma edição eu vou algumas páginas dentro dos limites editoriais permitidos é claro do início da narrativa mas eu usei a minha edição que a edição da nova guilar aquela das obras completas né então eu pedi para aumentar inclusive um pouquinho o tamanho
da letra que como vocês podem ver aqui é um exercício quase de fé bíblica né conseguir decifrar aqui e eu vou fazer agora essa tarefa minha com vocês de ler um pouco do texto e a gente Lê para um pouco e eu volto para lousa aqui para explicar algumas coisas ficou com vontade de ver o curso completo as próximas aulas estão disponíveis na casa do Saber mais para você assistir onde quando e como quiser clique no link que está na descrição e no primeiro comentário desse vídeo e assine agora mesmo para ter acesso ilimitado a
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