Dois. Boa tarde a todos! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Caravelas Podcast. Hoje, eu tenho a honra de receber o professor Marcelo. Ele se convidou a estar aqui com vocês e, hoje, a gente vai receber ele. Antes de começar, faço a menção aos nossos patrocinadores, Bway do Jonas Bressan, lembrando a todos que estamos com R$ 100 de desconto somente até hoje; ou seja, o curso, com tudo que o Jonas oferece, o link tá na descrição, está apenas R$ 297. Sinceramente, é um preço irrisório para tudo que é ofertado no curso. Tem a
Escola da Verdade Histórica, que eu vou falar para vocês não comprarem hoje, mas tá aqui a propaganda porque, na segunda-feira, começa a nossa Black Friday. A gente vai estar vendendo todos os cursos de forma automática e com 15% de desconto. O método Ler, a mesma coisa: vai ser vendido na segunda-feira com 15% de desconto. Então, não comprem hoje. Professor, se o senhor quiser se apresentar, fique à vontade no seu podcast. Então, boa tarde a todos. Hoje, eu tô aqui do outro lado da mesa, né? Então, viramos a mesa aqui, literalmente. Hoje, eu tô na parte
do convidado. E aí, eu fui escolhido para a conversa, foi, então, a Cabala. Na verdade, Cabala. Então, vamos lá. O que que significa, então? Cabalar. Aliás, eu fico... vou ter que me policiar, porque a tentação é falar Cabala e o certo é Cabalá. Aliás, no espanhol, é pior, porque no espanhol se fala "cabala". Aí, provavelmente, os rabinos, os especialistas, vão se retorcer, porque tem que ser oxítona. Em espanhol, é proparoxítona, em português é paroxítona, né? Então, Cala, Cabala, Cabalá. Mas o certo mesmo é Cabalá. Cabalá, em hebraico, significa "recebimento". Isso é muito interessante sobre a
palavra, porque a origem da palavra "tradição", do latim, também significa "receber". Então, existe essa ponte entre "recebimento" e "tradição", porque a tradição é um recebimento. Uma geração passa para outra determinados costumes, valores, e tal. Então, a geração nova recebe da geração mais antiga, dos mais velhos, algum saber, algum conhecimento, algum costume, algum hábito, etc. Então, recebimento e tradição fazem parte do mesmo sentido. Então, Cabalá é, estritamente falando, um recebimento, mas é uma tradição também, né? E como surgiu isso? Bom, agora vou dar a visão de como é que eles explicam isso. Não significa que seja
verdadeiro, né? Então, os cabalistas, estudiosos do tempo que... Aliás, tá aumentando muito, né, a influência da Cabala ao longo dos séculos. Está aumentando muito, o que é muito interessante. Então, a Cabala... Aí também tem algumas divergências, sempre vai ter divergências de interpretação. Uns associam a uma tradição adâmica; de fato, é uma tradição adâmica que vem desde o primeiro homem, Adão. E essa tradição passou de boca para ouvido. Porém, outros preferem colocar como marco Moisés. E aí, esse é o foco principal, né? Esse é realmente o começo da Cabalá para os estudiosos: é justamente Moisés. Como
todo mundo sabe, Moisés recebeu as tábuas da lei, isso tá lá no Antigo Testamento. Aliás, para nós, é Pentateuco. Para os judeus, a Torá são os cinco primeiros livros da Bíblia. Obviamente, os judeus não têm o Novo Testamento, né? Então, Moisés recebeu as tábuas da lei. Ou seja, a lei foi, então, recebida por Moisés, e existe, então, a Torá escrita. Então, de fato, os cinco primeiros livros foram escritos, né? Então, existe a Bíblia como tal, que foi escrita; não foi só uma tradição, né? Não foi uma tradição oral; ela foi de fato escrita. Só que
os cabalistas dizem que, na realidade, houve duas Torás: houve a Torá escrita e a Torá oral. Então, já o próprio judaísmo já vive dessa tensão entre Torá oral e Torá escrita. Só que essa Torá escrita, ou melhor, a Torá oral, é dividida em duas partes: a Torá oral, que deu origem depois, teria dado origem, né, ao Talmud. O Talmud é a Mishná mais a Guemará, surgido lá nos primeiros séculos da Era Comum. E tem a Torá oral e Mística, oculta, e essa seria a Cabalá. Então, a Cabalá foi um compêndio de leis ocultas, que seria
o verdadeiro conhecimento passado de Deus para Moisés de forma oculta. Então, recapitulando: nós temos Torá escrita, Torá oral, e a Torá oral tem duas: a Torá oral, que depois gerou no futuro o Talmud, e uma Torá oral oculta, Mística, esotérica, que também foi passada. Então, nós temos aí uma dupla tensão, né? Eu vou insistir muito, porque a Cabalá é essencialmente dialética. Pessoas costumam associar a dialética a Hegel, mas isso não é verdade. Havia dialética séculos antes, inclusive dentro do Judaísmo. Na realidade, o rabino foi influenciado pela Cabalá e por outros veios esotéricos, né? Então, tudo
no judaísmo, a Cabalá, é interpretado de forma dialética. Então, tem a Torá oral, a Torá escrita, dentro da Torá oral, é dividida em duas. Cumprimento da lei, cumprimento da lei, diáspora, retorno, dupla interpretação de figuras da Bíblia antiga. Exemplos: Saul. Saul sai da Torá escrita como uma figura negativa, invejoso em relação a Davi. Tem todo um problema, não vou avançar; não é o caso, mas para a Torá oral ele é um grande rei. Então, a interpretação já fica oposta a determinadas figuras na Bíblia. Também, Deus, para a Cabalá, na realidade, o Ein Sof, né? Ao
mesmo tempo, Deus seria o criador do bem e do mal; também uma outra coisa dialética. Lembrando que aqui, neste podcast, agora, isso aqui é uma mera, né, mais uma apresentação inicial da Cabalá, uma conversa, por assim dizer. O assunto da Cabalá é altamente complexo. Muito... Muito longo, com várias ramificações, é um estudo muito longo, histórico, de características da Cabalá. Inclusive, ela tem um veio de magia propriamente falando, né? Ou de superstição, se preferir. Por isso que está na moda a Cabala do dinheiro e tal, um monte de coisas. Não que os cabalistas digam que, fazendo
determinados procedimentos, a pessoa vai ficar rica, mas deu margem para um monte de coisas assim. Então, isso daqui é só uma apresentação; isso aqui não equivale a um curso nem a uma exposição científica. Isso aqui é só uma abertura de conversa, uma apresentação para o tema. Porque, de todas as gnos, se a gente usar gnose como gênero, a Cabalá, que é interpretada como sendo uma espécie de gnose, ela é a mais rica, a mais importante e a mais influente da história, né? Acho que, dentro dessa introdução, professor, seria bom o senhor pontuar qual o caminho
que o senhor fez de estudos para conhecer a Cabalá e também dar o conceito de gnose para quem está ouvindo poder entender melhor do que seria o ponto de partida dela. Então, eu comecei a estudar isso por causa do professor Orlando Fedeli, né? Então, como todo mundo — pelo menos quem o conheceu, ou pessoalmente ou de vídeos no YouTube ou por virem diretas — ele foi um grande estudioso da gnose. Então, ele tem um livro explicando todo o esquema, as características e tal. Depois, ele deu uma aula sobre a Cabalá e eu acabei ficando muito
seduzido pela sala da Cabalá que o professor Orlando deu e falei assim: "Olha, isso aqui eu acho que é um assunto que vale a pena aprofundar." Então, foi por causa dele, né? Então, na realidade, a gnose podemos defini-la também como uma religião do homem. Poderia ser isso; a gnose, estritamente falando, a palavra significa conhecimento. Daí, que vem diagnóstico. Essa via é uma... ela é uma... ela visa um tal conhecimento esotérico, um certo contato com a divindade por vias não racionais. Ela também, ao mesmo tempo que é um exercício individual — principalmente nas gnos orientais —
ela também é coletiva; ou seja, ela vai agir na história, né? Então, existe uma visão histórica, gnóstica, que depois nós vamos ver mais aqui pelo ângulo da Cabalá, né? Então, a gnose — e o professor Orlando fazia a opção entre gnose e panteísmo — entendia que o mundo era o mundo do mal, a matéria prisioneira, as partículas da divindade. Então, o moral, a matéria, regra, seriam coisas do mal e haveria tudo aqui a prisão das partículas divinas, que depois têm que voltar para a divindade. Então, primeiro, houve uma divindade, uma coisa... linguagem da Cabalá. Depois,
essa divindade, depende da variação, o ciclo geral que surgiu um demiurgo — que seria diferente dos outros. Surgiu um demiurgo e, por causa dessa diferenciação, se criou o mundo e se fragmentou essa divindade. Então, vai ter que ter um retorno. Toda a ideia da divindade também da Cabalá tem a ideia do retorno, né? E aí, isso daí vira, então, um ciclo dinâmico, como se fosse um ouroboros. A alma, o motor da gnose é a dialética, né? Então, a dialética, a gnose também contrapõe um Deus. Existe um Deus oculto e o Deus Criador. Então, o Deus
Criador, que seria o demiurgo, seria o Deus do mal, né? Então, esse mundo é do mal, tudo aqui, as regras são ruins, a matéria é ruim e tal. As leis são ruins. A religião, a oficial, a religião visível — a Igreja Católica — seria ruim. A grande inimiga, aliás, por sinal, na visão deles, e haveria um Deus oculto que se manifesta ao longo da história, quer coletivamente, quer individualmente, e vai ter o retorno necessário. Todo mundo vai retornar para a divindade original, né? Então, a divindade, a agnose, ela é dinâmica, ela se opera na história,
se opera individualmente e tem a característica de ter ódio ao mundo. Já o panteísmo identifica o mundo com Deus, né? Então, o mundo aqui é Deus, a matéria é divina. Não existe nada fora desse mundo. Quando todo mundo morrer, vai virar pó. Não tem alma, não tem nada. Acontece que a gnose e o panteísmo são dialeticamente opostos, né? E mais comum é o panteísmo ser uma exteriorização grosseira da gnose, como depois eu vou sustentar aqui. O Marxismo é uma sustentação grosseira de uma determinada visão da Cabalá. Então, em geral, é isso da gnose. Recomendo a
todos que leiam o livro do professor Orlando, né? Para quem quiser, pode comprar na Flos Carmeli. Certo? E feito isso, então, recomendo para quem quiser se interessar pela Cabalá, esse livro, né? Que é do Gerson Jolen, "As Grandes Correntes da Mística Judaica". Então, na visão dele, havia mais de uma mística judaica e a principal delas é a Cabalá. Então, segundo os cabalistas, nós tínhamos a Torá oral e nós tínhamos uma tradição oculta que remontava então a Moisés, na realidade antes, né? Mas Moisés tem esse marco, que foi passada de boca em boca, ou seja, a
Cabalá não... Hoje, né? Hoje a pessoa pode comprar o Zohar na internet e fazer curso de Cabalá com rabinos sérios, né? Não estou falando das cabalas de ator e atriz de cinema, que são ridículas. Mas hoje você consegue, tem rabinos que estão dando aulas sérias de Cabalá. Então, mas antigamente não. Então, segundo o próprio... a Cabalá era duplamente secreta; primeiro porque ela era passada só para um... Grupo secreto não para todo mundo, ou seja, os rabinos estudiosos das místicas judaicas não o divulgavam para o grande público. Essas visões esotéricas eram passadas de boca para ouvido
por um grupo secreto. Ao mesmo tempo, ela é secreta, ou seja, ela é propriamente ocultista; ela quer desvendar o oculto, as coisas que estão escondidas da Bíblia ou mesmo do universo. Então, aqui, o universo, corpo, a mesa, a sala, o Gabriel... mas há um mundo oculto que, para ser compreendido, poderia ser feito através de exercícios, leituras ou ainda estudos. Assim, a gente compreenderia esse mundo oculto. Nessa visão, a Cabala era duplamente secreta; uma doutrina secreta era ensinada secretamente. É muito interessante. A coisa vai avançando, só que, historicamente, isso aqui é o que os rabinos cabalistas
dizem. É lógico que não tem a Torá. É lógico que não tem essa lei esotérica passada de Deus para Moisés. É óbvio que nós, católicos, não podemos acreditar nisso. Então, se essa versão dos cabalistas está errada, de acordo com o catolicismo, quando ela surgiria, de fato, historicamente? Ela surgiria na época do Segundo Templo. Sabemos que houve dois templos: o primeiro, o Templo de Salomão, e, depois, os judeus foram para o exílio na Babilônia. Quando voltaram, construíram o chamado Segundo Templo. Porém, ao retornarem, vieram diferentes; não eram mais os mesmos. Naquela época, começou a surgir comentadores
e estudiosos, escribas e rabinos. A palavra “Rabi” é "mestre", e eles começaram a comentar exageradamente a Bíblia, a Sagrada Escritura. A população começou a dar mais importância a eles do que aos sacerdotes. Então, na época do Segundo Templo, começou a se desenvolver uma doutrina paralela à lei mosaica. Assim, havia a lei mosaica e, subterraneamente, uma outra doutrina secreta que era ensinada em círculos secretos. Esse seria o nascimento das místicas judaicas, em especial da Cabala. Historicamente, temos esse marco, já na volta dos judeus da Babilônia. Como isso daí, de onde vem essa doutrina? Ela tem uma
natureza gnóstica. Esse gnosticismo teria vindo da Babilônia, embora alguns digam que teria vindo do Egito. Mas, tanto faz, seja da Babilônia ou do Egito, essa mentalidade gnóstica foi produzida no seio de Israel, no seio dos judeus. Então, os estudiosos começaram a desenvolvê-la e passá-la para frente. No tempo de nosso Senhor Jesus Cristo, essa corrente já havia sido desenvolvida. Inclusive, podemos ver no Evangelho de São João. Quando o Evangelho de São João diz: “no princípio, era Deus”, aquela passagem é muito bonita e vale a pena ler; parece uma resposta contra a gnose, principalmente uma resposta contra
a Cabala. Por que parece uma resposta? Porque, para a Cabala, a primeira frase do Gênesis, que é “No princípio, criou Deus o céu e a terra”, é interpretada na Cabala como se “no princípio” fosse o sujeito da frase, então, haveria o princípio que criou Deus. E, quando nós vemos o Evangelho de São João, parece uma negação dessa interpretação esotérica. Assim, já no tempo de Cristo, por outras fontes, já havia uma doutrina secreta que estava razoavelmente desenvolvida, mas nada tinha sido escrito. Os primeiros escritos da Cabala aconteceram na Idade Média. O primeiro livro da Cabala é
o “Bahir”, que foi escrito no sul da França no século X. Na prova, ou seja, no sul da França, que era um lugar cheio de heresia, os cátaros andaram por lá. Aquelas cantigas de amor e maldizer que aprendemos na escola como bobinhas e inofensivas tinham uma doutrina oculta que então externava, de forma cifrada, essas visões esotéricas que foram muito populares, infelizmente, no sul da França. Havia muitos judeus na Península Ibérica e na Itália, e depois, na Península Ibérica, se desenvolveu o centro da Cabala, melhor dizendo, a Cabala. Em Gerona, na Catalunha, nós temos uma escola
de rabinos da Cabala. Ali, ao longo do tempo, já no século XI, já existia o “Bahir”, do sul da França. E aí nasceu, então, o principal livro da Cabala, que é o “Zohar”, que significa esplendor. Esse “Zohar” foi escrito por Moisés de León. Contudo, Moisés de León faz menção a Shimon Bar Yochai. Shimon Bar Yochai era dos primeiros séculos. Os cabalistas dizem que o verdadeiro autor do “Zohar” é Shimon Bar Yochai, mas, historicamente falando, o livro aparece nas mãos de Moisés de León, escrito no final do século XII. Isso é interessante porque o século XII
é também o século de São Tomás de Aquino. Assim, a Suma Teológica e o “Zohar” não estão muito distantes no tempo; estão distantes de 30 ou 40 anos, no máximo. É curioso que esses dois livros, completamente opostos, tenham surgido na mesma época. E qual foi a repercussão dele, professor? Quando surgiu, teve uma difusão grande? Já começou a ser difundido, sim, e teve uma boa repercussão? Bem difundido, sabe que o Moisés de Leão já tinha se baseado em outros autores. Então, Aquil lá ganhou uma grande fusão. Qual foi a reação da Igreja em relação aos zaar?
Não sei. Em relação aos judeus, a Igreja sempre foi muito tolerante. Como regra, né? Existe a lenda de que os judeus foram perseguidos pela Igreja, mas isso é lenda. O próprio Papa recebeu Abraão Auli, que era um rabino, né? Então, havia muitos judeus na península itálica e na península ibérica, e eles ficavam livres, porque a Inquisição não cuidava deles. A Inquisição só cuidava de batizados. Então, os judeus tinham ampla liberdade, inclusive havia universidades onde tinha judeus, como por exemplo, em Salerno. Então, é uma lenda que os judeus foram perseguidos pela Igreja. Agora, como é que
os judeus conseguem divulgar muito rápido as ideias? Porque os judeus são comerciantes natos, né? Eles são muito bons de negócio. Na Idade Média, sempre estavam nas principais rotas comerciais da Europa, atuando, inclusive, também na Rota da Seda. As ideias, na época, se difundiam pelas rotas comerciais. A Rota da Seda tinha judeus morando na China, né? Isso é sabido. Então, onde tinha rotas comerciais, havia judeus. As ideias eram transmitidas pelas rotas comerciais; passava um viajante, um comerciante que levava produtos, por exemplo, da região da Bulgária para Portugal. Então, ele levava também livros, e se fosse um
mercador judeu, levava ideias na cabeça para passar para os outros, né? Então, toda a rede de comércio na Idade Média era também uma rede de difusão de ideias, quer com coisas escritas, quer com coisas gravadas na mente. Eu falei Bulgária porque lá foi um grande centro de difusão, né? De ideias que vieram do Oriente, né? Então, por essas vias comerciais, os judeus conseguiam disseminar bem as ideias. No sul da Península Itálica, na região da Calábria, era um centro de difusão de ideias judaicas. E lá, infelizmente, um monge calabrês, que era franciscano — agora não lembro
se ele era franciscano —, o monge Joaquim de Fiore, teve acesso a essas ideias. Embora isso aí não seja consensual; uns dizem que não, mas outros dizem que sim, que ele foi realmente influenciado por ideias cabalistas, né? Mas eu acredito que foi, porque o tema dele é muito parecido, então seria muito pouco provável que ele desenvolvesse um sistema muito parecido com a cabalá e não tivesse tido influência dela, né? E esse monge calabrês morreu em 1202. Joaquim de Fiore, uma figura pouco conhecida, foi uma das figuras que mais influenciou a história e o pensamento do
imanentismo histórico. Então, a influência do Joaquim de Fiore na história é assim uma coisa inacreditável. Ele desenvolveu a teoria do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Então, teve a Idade do Pai, que seria o Antigo Testamento; teve a Idade do Filho, que seria o Novo Testamento. Então, ia ter que ter a Idade do Espírito Santo, que seria uma nova fase na história da humanidade. A primeira foi a fase da lei, a segunda da graça, e a terceira fase seria a Igreja do amor, do antinomismo, numa nova igreja espiritual e igualitária, né? Isso seria, isso
viria de forma necessária, quer a gente fizesse alguma coisa ou não. Seria um processo necessário. Isso é o chamado imanentismo histórico, ou seja, o que eu falei: aquela divindade, ela encarna na história, ela age dentro da história de forma substancial. Não é igual como nós acreditamos em Deus pelo catolicismo. Então, existe Deus, obviamente. Claro, se prova. Só que esse Deus é de São Tomás. O Deus que a Igreja Católica, o Deus que São Tomás provou que existe, o de nosso Deus aqui, criador de tudo que existe, ele é completamente independente do mundo, não tem nenhuma
vinculação, não tem nenhuma necessidade de ter criado o universo. Não tem partícula divina em lugar nenhum. Essas matérias não vão retornar para a divindade. Ele é completamente independente do mundo. Para a gnose, não é assim; essas partículas divinas estão aprisionadas. Essa divindade se manifesta na história, essa divindade se encarna na história e vai se mostrando em determinados tempos, e os tempos vão mudando por causa disso, né? Essa visão do Joaquim de Fiore impactou Lutero, impactou Régis, impactou Marx, impactou Hitler, impactou Augusto. Todo mundo que fala em épocas necessárias tem como inspiração o Joaquim de Fiore,
e ele foi inspirado pela cabalá, né? Por autores judaicos. Agora, então, já temos ali, na Idade Média, né? Daqui a pouco eu vou falar propriamente da doutrina, eu tô dando aqui um pouco mais da história. A cabalá então se desenvolveu e foi disseminando. Chegamos aí no Renascimento. E como é que Joaquim de Fiore também teve uma boa repercussão na época? A Igreja teve alguma reação? Teve repercussão imediata. Infelizmente, ele influenciou os espirituais franciscanos, uhum, teve influência já imediata. Teve uma condenação, não lembro bem o que foi, mas ele foi tido como santo, né? E teve,
se não me engano, se iniciou um processo de canonização e depois um processo de excomunhão em relação a ele. Foi impressionante; de processo de canonização para processo de excomunhão. E se não me engano, a coisa negativa do Joaquim de Fiore tem um texto lá no site do Vaticano elogiando Joaquim de Fiore, e tal. Não muito bom, tal, e fez uma coisa assim. Péssima, é horrorosa, né? Já adianto que Joaquim de Fior também influenciou o Concílio Vaticano, seguiu também, né? Fazer o quê? Então, e aí? Então nós temos em [música] no Renascimento, no Renascimento nós temos
a influência do Cabalá em círculos católicos, né? Então tem um pico de la mirar que influenciou muito o Renascimento, e nós temos Rlin que também influenciou ciclos na Alemanha. Lutero conheceu o trabalho do RCH; Lutero tem algumas notas cabalistas e notas judaicas no pensamento dele muito forte. Só que, para coisas didáticas, eu não falei aqui o esquema da Cabala, então eu vou comentar um pouco do esquema, baseado no Isaac Lúria. Aí depois eu volto no ramo histórico para facilitar, senão acho que do ponto de vista didático vai ser melhor assim. Teve um cabalista, aliás, um
que tem o antes e o depois, né? Que é o Isaac Lúria. O Isaac Lúria nasceu em Jerusalém, depois foi morar no norte de Israel, em Safed. Daí que saiu a escola de Safed, e ele desenvolveu então um sistema, né? Um sistema cabalista, vamos dizer assim, didático. Em que século, professor? Século final do século 15, começo do século 16. Didático, as ideias dele foram divulgadas por Iosef Vital, né? Ele foi tido como santo e até mesmo como messias entre os judeus, né? E como o messias também, né? Teve vários falsos messias aí no judaísmo. Depois
nós vamos comentar o mais famoso deles e o inacreditável impacto que ele teve na história. Bom, mas vamos pegar então o esquema do Isaac Lúria, né? Então o esquema dele pegando, mais ou menos, no esquema dele, essa tal divindade, e na Gnose tem vários nomes. Na Cabala, ela é mais conhecida como Aof. Então existe lá uma tal divindade, muitos rabinos, muitos autores, né, dizem que é o nada metafísico. Então haveria uma tal divindade associada a esse nada metafísico. E aí, de repente, a expressão própria do Isaac Lúria: teve um processo chamado Zimzum, no qual essa
divindade, para criar o mundo, ela se esvaziou, né? Como ela tinha que conter todo o universo, a solução dada por Isaac Lúria foi bem, aliás, criativa. Então, em vez de criar o universo do nada ou sair uma parte da divindade, essa criação foi a divindade esvaziando-se. A divindade se esvaziou e sobraram divindades espalhadas. Nós podemos ter duas figuras, né? A mais didática seria imaginar uma represa, que seria a divindade. Aí essa represa começa a secar, ela esvazia-se, contrai em direção ao centro dela mesma, e aí sobram poças de água pequenas, Lagoas espalhadas. Essas pequenas lagoas,
essas poças d'água de vários tamanhos, é o universo. E aí cada gota d'água teria essas partículas divinas, então teria um eu dentro, né? E teria as cascas, né? Casca, na Cabala, é a Klipá. Então, houve um esvaziamento da divindade que criou, então, o universo num processo chamado Tzum. Dentro desse processo, a coisa é muito mais complexa porque nós temos as emanações, as Sefirot, que são 10. Nós temos o Adão Kadm, que é o Adão primordial, e dele nasceu o Adão físico. Então, nós vemos que coisa complexa. Por isso que eu falei que numa mera exposição
não dá para abarcar tudo, né? A divindade, além dela ter criado o universo num esvaziamento, ela também emanou em 10 Sefirot, né? Então tem lá várias Sefirot que a árvore, né, propriamente, a árvore da Cabala, né? Que tem implicações com reflexo em várias coisas, inclusive para Beethoven, né? Então Beethoven, então, teria se inspirado nela para criar a sinfonia. Só para dar um exemplo da influência disso, né? Então, essa divindade, então, ela se contraiu, gerou o universo, ela se emanou nas Sefirot. Existem as Klipót que encerram essa divindade dentro, e aí, por um processo necessário ao
longo dos séculos, todo mundo vai voltar para a divindade. Na fase final dessa volta, vai ter que vir o messias porque o judaísmo é messiânico; obviamente a Cabala também não nega o messias, pelo contrário, endossa que em algum momento ele vai vir. Depois nós vamos ver aqui algumas características possíveis desse messias, como é que seria esse messianismo, né? E aí voltaria esse processo. Outra expressão muito usada é que esse processo da divindade é chamado de quebra dos vasos, né? Lembrando que o processo que a divindade teve, ainda em relação a ela mesma, ela também teve
um auprocesso antes. Então, ela tem um autoprocesso, depois ela tem um processo com o mundo, e ao mesmo tempo Adão Kadm também teria esse processo. Ao mesmo tempo, ele é análogo às Sefirot. É tudo por isso que eu falo que é bem complexo. Mas vamos voltar aqui ao esquema, então. Então, houve essa divindade que se esvaziou e ela vai ter que voltar, né? Esse processo de volta, de restauração dos vasos, é chamado de Tikkun Olam — processo de restauração. Então, ela também é um ouroboros, igual à Gnose, né? Toda Gnose é um ciclo, ela é
um ciclo necessário e é um ciclo que tem irrupções revolucionárias no caminho. Depois, nós vamos analisar um pouco isso daí. Então, agora, quais são as características, por outro lado, da Cabala, né? Cabala. Então, ela é dialética, ela é antinomia, é uma coisa dinâmica, ela é complexa. Também existe um exercício individual que a pessoa pode fazer para ter acesso a essa coisa ultra, para ter acesso ao conhecimento que é propriamente agnos. Ela também tem a figura do povo eleito; algum povo vai ter que conduzir. E esse retorno, no caso, seria Israel, obviamente. Então, ela é dialética,
né? Conforme falei, ela tem agora o que a difere da gnose, já que ela seria características da gnose. Também, ela é revolucionária. Ela tem duas características que são extremamente perigosas, né? E que depois eu vou mostrar aqui, bem no finalzinho da exposição, por que é a teoria do esvaziamento, né? E a teoria da teologia negativa, né? Que eu vou deixar aí pro final, que são duas características que são realmente notáveis e que estão influenciando muito o mundo agora, né? Então, agora, voltando no fio da história, vamos comentar um pouco no que o Lutero se baseou
em coisas judaicas e cabalistas. Primeiro, a proibição de imagens, né? Tanto pelo judaísmo como pela cabalá, você não pode ter imagem. Por quê? Porque a imagem se refere a alguma coisa do céu, né? Então, quando nós católicos rezamos para uma imagem, a gente não está adorando uma coisa concreta. Não estamos fazendo adoração; adoração é só para Deus. Aquela é uma imagem que representa alguém que está no céu. Se a gente tem uma imagem de Nossa Senhora, existe, tá lá no céu, de corpo e alma, e nós temos uma imagem que remete a ela, e estamos
rezando para essa imagem, não estamos adorando. E por que a Bíblia proíbe imagem? Na realidade, aí é um problema de interpretação, né? Que a Bíblia estava proibindo ídolos e não imagens, porque nos povos do Oriente se adoravam ídolos. Então, havia o ídolo de Baal, Moloque e outros, romanos, gregos, egípcios, tudo quanto é povo lá do Oriente Próximo, do Norte da África e da Europa também, né? Eles adoravam ídolos, e muitos desses ídolos faziam prodígios, manifestações diabólicas, nas palavras de São Paulo. Então, as mulheres, às vezes, tinham os seus filhos e entregavam para Baal numa boca
de fogo, e havia manifestações. Isso que não é explicado; esses ídolos se manifestavam, eram prodígios, né? Coisas preternaturais feitas pelo demônio. Então, a Bíblia proíbe isso e não a imagem, que é uma representação de santos que estão no céu. Mas a razão, do ponto de vista da cabalá, para não ter imagem é que, se Deus é oculto e tudo que está na esfera do céu, né? Lógico que a cabalá não vai usar essa expressão "céu" do ponto de vista católico, né? Só fazendo aqui uma ponte. Tudo que estaria nesse espírito, como não é passível de
compreensão racional, não dá para fazer ponte, porque é tudo por vias esotéricas. Então, você não pode ter imagem, porque justamente a imagem é a ponte com o sagrado, né? Então, por isso que não pode ter imagem. Então, esse veio do Lutero e do protestantismo de condenar a imagem é uma coisa muito judaica e muito cabalista. Sem dúvida nenhuma, a influência da cabala no Luteranismo se deu de maneira direta, ou seja, ele leu o Zohar ou algum outro autor cabalista, ou ela se deu indiretamente pelo Joaquim de Fiore. Então, boa pergunta! Eu acho que ele não
leu, né? Não tem provas. Ele cita a cabala na conversa sobre a mesa, mas é muito a pena comprar esse livro. A FL Carmeli também editou esse livro que mostra muito do pensamento do Lutero, né? Que, aliás, era horroroso; falava um monte de palavrão. Nossa, uma coisa assim triste; dá dor no coração ver o que ele falava de Nosso Senhor Jesus Cristo. Lutero, então, blasfemava, né? E nessas conversas à mesa, ele cita cabala, então ele conhecia. Agora, de onde ele conhecia? Boa pergunta. Ele conhecia, provavelmente, por meio do Reuchlin. Reuchlin teve acesso à cabala e
levou pra região onde havia Alemanha. Na época, não havia a Alemanha, mas na região onde havia a Alemanha, ele levou esse pensamento pra lá, e Lutero teve acesso a ele. Porém, Lutero também teve acesso ao pensamento do mestre Eckhart, e é sabido que ele tinha um conhecimento cabalista também. O Guilherme de Ockham, que eu saiba, não. Pelo menos dos que eu vi. Não, não! Porque Lutero teve influência de Guilherme de Ockham e de mestre Eckhart, né? Eu não lembro de nenhum contato dele com a cabala, mas o mestre Eckhart sim. Então, o contato de Lutero
provavelmente foi com esses dois: com o Reuchlin e com o mestre Eckhart, né? E, de fato, ele citando a palavra cabalá na conversa sobre a mesa e a doutrina dele incorporando certas coisas, a gente sabe que teve influência, óbvio. A própria questão do livre exame também tem um dado. Assim, por que que determinada corrente da mística judaica diz que, quando os judeus estavam lá no deserto, houve a recepção da Lei e tal, por Moisés, mas na realidade cada judeu individual poderia ter uma interpretação diferente do texto sagrado, porque como cada um tem uma partícula divina,
então cada um tem um conhecimento da divindade particular e diferente do outro, e que a integração de todos daria a solução pro texto sagrado, né? Então, isso aí é um livre exame, né? Claro que a ideia do livre exame não foi criada pelo Lutero; já tinha uma certa tradição da mística judaica nesses termos, né? Do livre exame da Bíblia. Lutero foi só um sintetizador de heresia, né? Não cria nada! Um sintetizador de heresia exatamente. Ele também criou um antinomismo. Também, só que a expressão que se dá pra ele é um outro nome que agora me
fugiu, mas ele também. Eh, negava a moral, né? Em certo ângulo, e ele também falava que eh esse negócio de ter fé, crer e fé, e "peque à vontade", que é a expressão que ele usava, é bem cabalista. Isso, daqui a pouco eu vou comentar porquê, mas vai ficar mais claro mais para frente. Acho que naquela hora eu falei errado; era para ser Joaquim de Fiore. Não, não, mas Joaquim de Fiore também exerceu influência em Lutero. Também é impressionante. É, Joaquim de Fiore, acho que não escapa ninguém dele, não. Ele foi, como uma ruptura. Então
existe um antes e um depois dele. Assim, bem, esse negócio da coisa histórica realmente é impressionante. Outra idolatria do texto sagrado: os protestantes nos acusam eh de termos de fazer idolatria com imagem, que eu já provei que não é assim. Agora, eles idolatram a Bíblia; eles transformaram a Bíblia num ídolo, né? E, de fato, a Bíblia, para eles, se tornou um ídolo. Se tornou uma coisa assim meio mágica, é uma coisa como se a própria Bíblia fosse a Encarnação de alguma coisa, e não, e não. Ela é um texto sagrado, mas não é Encarnação de
nada. E da onde que vem essa visão idolátrica que os protestantes têm da Bíblia? Vem da Cabalá, né? Então a Cabalá lê o texto sagrado como um vestim... Ah! Isso é uma outra expressão importante, né, que eu tinha esquecido de falar. Então, o texto, principalmente a Torá, que são os cinco primeiros livros, a Cabalá vê eles como roupa, como vestimentos. Inclusive, a expressão eu acho que está própria no Zohar: a Torá são vestimentas. Então, para você ver a carne mesmo, o sentido oculto, você tem que ter uma coisa oculta. Então a Torá só tem a
aparência, tem a roupa; a coisa, a carne mesmo, está oculta, que você vai ter que descamar de acordo com alguns exercícios como guematria, notarikon e temurá. Ora, essa obsessão pelo hebraico que muitos rabinos têm, obsessão pela gramática, associar números eh a letras, ver origem etimológica de palavra e ficar comparando versões, é uma coisa que origina o protestantismo. Quando eles analisam via "sola scriptura", exatamente, só que é uma versão um pouco mais slide dos métodos cabalistas de desvendar os textos sagrados, né? Então, eh, outra influência do Judaísmo, é mais do Judaísmo, não tanto da Cabalá, sobre
o protestantismo é que eh os templos protestantes não são lugares de sacrifício; são lugares de oração, né? Eh, são templos de oração, que é justamente depois do fim do Segundo Templo, destruído pelos romanos. Então os judeus passaram a rezar na sinagoga. Já tinha sinagoga antes, mas haviam as sinagogas e o Templo, o único lugar onde os judeus podiam fazer sacrifício, é no Templo. Então, hoje nenhum judeu pode fazer sacrifício em lugar nenhum, só pode ser no Templo. Então, o que eles fazem na sinagoga? Só rezam e leem os textos sagrados. O que os protestantes fazem
nos seus templos? Só rezam e leem os seus textos sagrados e cantam as músicas. Eles não fazem sacrifício também. É uma outra herança judaica, né? Outro ponto que nós podemos ver: contratualismo, né? Muitos associam o contratualismo, lá do contratualismo mesmo, dos filósofos John Locke, Hobbes e outros, eh, a uma certa influência protestante, né? Mas, na realidade, essa influência judaica é o contratualismo, como está—é uma visão judaica. Quem explica muito bem isso é o Werner Sombart, né? Que ele explica bem isso. Outra influência deles é a... bom, tem várias, né? É o ódio à metafísica. Também
a Cabalá é totalmente anti-metafísica, então ela não está preocupada com deduções racionais, com elogios, pelo contrário, tudo isso é o jogo das aparências; está nas vestimentas, está na roupa, na coisa oculta. Não é feita por meio de raciocínios, né? Outra coisa que podemos associar do protestantismo eh também associado à Cabalá, é a hierarquia religiosa. Eh, a Cabalá, ela defende o igualitarismo também, né? Defende o igualitarismo e assim vai; tem outras coisas aí, mas vamos ficar por aqui. O senhor comentou da influência do... fez uma distinção quando fala: essa influência é mais judaica que cabalista. Qual
seria a diferença fundamental entre a Cabalá e o Judaísmo? Então, essa diferença atenuou ao longo da história, hein? Hoje tem muito rabino dizendo que a essência do judaísmo—eu ouvi essa palavra de um rabino—é a Cabalá. Então mudou muito. No passado não era assim; passado, eu falo séculos atrás, né? Então se viam a Cabalá como uma coisa assim herética. Então, ah lá, tá errado, não tem esse negócio de sentido oculto; temos aqui o Talmud, né? Todo judeu tem que... Rabino, né? E quem quiser se aprofundar tem que estudar o Talmud, tem que estar lá conhecendo. O
Talmud é gigantesco, né? Uma coisa assim, uma obra gigantesca. Então, o estudo do Talmud é da vida inteira. Então, é o Talmud pra escola rabínica tradicional. O Talmud é a grande obra que existe no Judaísmo, para eles, até acima da Torá. Agora, com o passar do tempo, essa Cabalá, que era então mais restrita, que alguns judeus acusavam até de ser herética, passou a ser uma coisa do âmago do Judaísmo. Impressionante! Não estou dizendo que é para todos, hein? Mas ela cada vez mais cresceu, né? Cada vez mais cresceu. Então, aí avançando ao longo da história,
outras influências da Cabalá no Ocidente foi no Renascimento também, né? Renascimento. Não estou dizendo que todo o Renascimento teve influência da Cabalá, mas eh, teve, teve fonte do sufismo no Renascimento. Sufismo e os associadas ao Islamismo, teve do hermetismo, que, na realidade, vem do Egito e tem da Cabalá também no Renascimento, né? Já citei Pico de la... Mirandola, como exemplo disso, então nós vamos a Lutero, renascimento com influências da Cabalá. Vocês verem a importância, né, na Idade Moderna. Nós vemos, então, e vai surgir então a grande figura, outros nomes de cabalistas da Idade Média: Abrão
Abulafia, Gerson L, Isaque o Cego e outros, né? Agora, acho que a grande figura foi a de Isaac Lúria. Eu falei que era começo do século X, não; ele morreu em 1572. Aqui eu errei a datação. Então, ele morreu em 1572, ele era ligado ao pensamento de Moisés Cordo, né? E aí, então, ele que fez aquele esquema sucinto que eu me referi lá, né, que eu antecipei, justamente para ficar mais claro. Aí, as características, no século seguinte, vai ter uma figura que vai impactar o pensamento judaico de uma forma realmente inacreditável, que é o Sabat
de Sevi, né, que morreu em 1676. Sabat Sevi, ele também... Gerson L escreveu livro sobre ele, vale muito a pena comprar para quem tiver interesse. Figura fundamental na história, né? Enquanto do ponto de vista de exteriorização didática, a grande figura é o Isaac Lúria. Sem dúvida nenhuma, tem um antes e um depois do Isaac Lúria, né? E as obras do Isaac Lúria chegaram na Europa e influenciaram, depois mais tarde, influenciaram principalmente o Jacob... ah, depois eu falo dele. Então, agora, do ponto de vista de evento histórico, não de doutrina, que mudou muito o pensamento judaico,
foi o Sabat de Sevi. Ele morava, então, no Império Otomano, ele se declarou messias e, depois de se declarar messias, ele apostatou do judaísmo e se converteu para o islamismo. Então, isso daí gerou um impacto e uma comoção no mundo judaico impressionante. Então, boa parte... e ele foi nessa apostasia... rolou, mas levou um monte de gente, levou, acho que mais de 100 pessoas lá com ele que apostataram da fé judaica. Então, óbvio, aquele judeu mais simples e tal recusou ele como messias e viu que ele apostatou, traiu a fé dos antepassados, né? Traiu a fé
de Abraão, traiu a lei mosaica... tudo foi visto como um traidor. Porém, a leitura da Cabalá foi diferente; foi que, na realidade, ele fez o que é certo, porque a Cabalá faz esse jogo dialético e, na Cabalá, o que é um antinomismo? É ser contra a lei. Então, pela Cabalá, realizar a lei é não cumpri-la. Então, outros colocam de forma bem clara: dialética. Para vir o messias, ou todo mundo tem que ser santo ou todo mundo tem que ser pecador. Como não dá para ser todo mundo santo, então todo mundo tem que ser pecador. E
aí, então, muitos cabalistas, né, interpretaram o Sabat Sevi como sendo o que ele fez, é o correto. Então, daria para ser cabalista, tanto em qualquer religião, desde que ele tenha apostatado; ele tem que ser judeu e apostatar por uma outra religião. Entendi o Jacob Frank que era ligado ao Sabat Sevi; ele apostatou para o cristianismo, né? Aham, e continuou cabalista. Ou converteu-se? Não, eles achavam que essa era a realização. Ah, então, pela Cabalá, como ela vê tudo de forma oculta, então a verdadeira realização da lei é não cumpri-la. É não cumpri-la. Então, você quer cumprir
a lei? Você tem que negar a lei. Se você quer cumprir a moral, você tem que ser o mais imoral possível. Então, nós vemos as implicações, sérias, que tem. Daqui a pouco eu vou mostrar onde eu quero chegar com isso, mais para frente, né. Depois, aí nós vemos, então, o Jacob Franco. O Jacob Franco, ele apoiou a Revolução Francesa, né? A Revolução Francesa também foi interpretada pelo judaísmo, também pelos cabalistas, como uma prova, né, do sistema cabalista. É correto? Por quê? Porque essa manifestação da divindade na história, de tempos em tempos, ela é revolucionária, né?
Então, a Revolução Francesa foi a revolução que mais impactou o Ocidente, toda a história da humanidade até agora. O Ercol Conve, que era um cardeal que viveu antes e depois da Revolução Francesa, falou da Revolução Francesa ao dilúvio. Nunca teve uma revolução na história que teve um antes e um depois tão claro como a Revolução Francesa, e de fato ela mudou realmente o mundo para pior, claro, né. Nós estamos com os efeitos disso até hoje. A Revolução Francesa foi lida por Lênin. Lênin falou assim: "Não, para mudar tem que ter uma revolução com sangue." Revolução
só muda coisa com sangue e com revolução, e com coisas abruptas, com guerra, com sangue. Então, essa visão revolucionária para mudança dos tempos foi interpretar a Cabala. Então, os cabalistas interpretaram a Revolução Francesa como uma prova disso daí, né? Depois, nós vamos ver, depois, no sistema marxista que os judeus interpretaram exatamente dessa forma, né? A medida que, só voltando aqui na Revolução Francesa, professor, os principais, digamos, motores dela, os principais personagens, também tinham uma influência direta da Cabala. Não foi algo... não, e alguns iluministas conheciam a Cabala, de Derr, conheciam. Aham. Mas nós não podemos
afirmar que teve um veio cabalista forte... pelo menos isso, por enquanto, não está provado que eu saiba. Então, a Cabala na época, digamos, entendeu aquilo como uma coisa manifesta que apoiou, mas não que diretamente tenha sido influenciada por ela. Entendi. O Jacob Frank apoiou a Revolução Francesa achando que era o correto, né? A Revolução Francesa foi interpretada de algo positivo em geral por judeus e por cabalistas, né? E agora, à medida que o pensamento judaico, o pensamento cabalista voltou para a Europa com a visão do Isaac Lúria, e ela começou a ser infiltrada ali no
pensamento europeu por filósofos. Né, um dos mais importantes nesse ponto é o Jacob. Bem, sem dúvida nenhuma, né? Muito estudado e citado pelo Professor Orlando lá na tese dele da Catarina Emeric, quando tem, acho que tem, no site lá ele comentando sobre a origem do Romantismo alemão; ele cita lá o Jacob. Né? O pensamento do Jacob era totalmente cabalista e ele, então, influenciou muito o idealismo alemão. O idealismo alemão teve influência direta da cabala. Em Hegel, tem um livro muito bom comentando sobre isso, que é do Alexandre Magi, que está em inglês, né? "Hegel e
a Tradição Hermética". Fantástico! Eu só fui entender o Hegel por causa desse livro. Eu li o Hegel na faculdade, não tinha entendido nada; depois, aí que eu vi que ele foi feito para não ser entendido, porque ele tem uma linguagem cifrada. Então, você tem que ter um roteiro para interpretá-lo, e esse roteiro é feito pela Gnosis. Então, o Alexander Magi, ele decifrou o Hegel de forma perfeita, com base no hermetismo, na astrologia e na cabala, né? Então, dá para fazer associações claras do Hegel com a cabala. O Schelling também foi, e o Chilling, né? O
Chilling tem o Shell, né? Os dois tiveram influência desse misticismo também. Então, o idealismo alemão teve um forte veio dessa influência, né? Aí chegamos então no mundo pós-revolução francesa, e, graças ao idealismo alemão que se difundiu para tudo quanto é lado, né, ele popularizou então ideias cabalistas pela via indireta, né? Então, já que Hegel é o grande mentor do idealismo alemão e se baseou principalmente na cabala, então, o pessoal aprende a cabala filtrada por ele, claro, né? Aí, no século XX, nós também temos o fortalecimento da Maçonaria, principalmente da Maçonaria Mística, e curiosamente, lá na
Rússia, teve um forte veio da Maçonaria Mística, e boa parte dela, inspirada pela cabala. Eles dizem isso, nós estamos inspirando a cabala. Antes da Revolução Russa, tinha círculos esotéricos em São Petersburgo e Moscou comentando sobre a cabala. Albert Pike, nos Estados Unidos também, no século XIX, que é um grande autor estudado pela maçonaria nos Estados Unidos, escreveu o livro "Morals and Dogma". Lá nele, está escrito que uma grande inspiração é a cabala; a cabala é a luz do mundo para ele. Então, nós vemos também influência da cabala na maçonaria, né? A maçonaria propriamente dita nasceu
em 1717, mais ligada aos ideais iluministas de Diderot, Voltaire, Leibniz etc., Rousseau e tal. Mas depois, no século XIX, ganhou muita força e chegou até hoje. A maçonaria, ou a sociedade secreta em geral, tem dois veios, né? Não só necessariamente a maçonaria; ela tem dois veios que são o veio racionalista e o veio esotérico. E o veio esotérico, muito influenciado pela cabala. E também nós vemos aí no século XX, não, século XIX, temos, então, antes de entrar no Marx, vamos só dar uma hora, até para o pessoal poder dar uma respirada, que é muito conteúdo.
Fazer de novo o agradecimento aos patrocinadores: tem a Escola da Verdade Histórica, que eu repito, vou falar para vocês não comprarem hoje, esperar segunda-feira, que vai estar com 15% de desconto; curso "Como Estudar", a mesma coisa, e a b do Jonas Bressan, que até hoje, aí, comprem hoje, porque vai acabar o desconto de R$ 1. O curso normalmente é vendido por R$ 397 e somente até hoje, com um cupom exclusivo que ele fez para os inscritos do canal, que está na descrição, tá? R$ 297. E também, aproveitando que a gente vai falar de Marx, puder
colocar o print na tela. Esses dias eu estava fuçando o canal e me deparei com esse comentário da senhorita Laura Sabino: "Professor, no seu vídeo que fez o react com o título 'Laura Sabino falando besteira sobre os bandeirantes'". Ela respondeu, eu não tinha visto, até agradeceu ao Miorin, que é ele que me ensinou a filtrar lá no YouTube, os comentários com mais de 100.000 inscritos. O canal dela tem 170. Então, ela apareceu aí, por isso o atraso de um mês para estar respondendo. Ela responde: "Interessante, não costumo rebater quem tem menos seguidores, porque entendo como
funciona a dinâmica das redes sociais e como os algoritmos rodam. No entanto, vou fazer mais um levantamento de fontes e faço questão de responder seu vídeo em uma live na roxinha." Bom, eu não sei roxinha, é Twitch? Eu não sei se ela fez essa resposta, mas o professor tem um convite para te fazer, senhorita Laura. Vamos debater então sobre os bandeirantes? Se quiser debater sobre Marx, também estou à disposição. E aqui, então, fica o convite: você se quiser vir no nosso podcast, está convidada. Mas eu imagino que… aliás, ela foi, não foi igualitária, né? Ela
despreza canais menores, mas eles não defendem a igualdade entre todo mundo. Igualitarismo tem uns que são mais iguais que os outros, né? Verdade? Isso que o canal dela tem pouca diferença pro nosso. Mas enfim, sinta-se convidada para vir no nosso podcast. A gente arruma um mediador sério, mas imagino que você não vai querer, porque pode argumentar que o campo seja parcial. Tudo bem, uma justificativa válida, mas a gente propõe que pode ser num lugar que você pode fazer alguma sugestão, ou até mesmo no Vilela, que você já foi; a gente nunca foi, então lá não
daria para falar que o campo é parcial. Então, se você quiser debater com o professor Marcelo, é só responder nesse corte que vai sair aqui no podcast, e a gente entra em contato com regras claras: tempo delimitado, tema delimitado, e espero que… que vocês que falam… Tanto em debater ideias, topem essa para não ser mais uma que está correndo como seus amigos, Gaiofato, Humberto Matos e Rui Costa. O Rui Costa não fugiu. Ah, não, perdão, o Rui Costa teve desencontros. É, o Rui Costa foi o único que não fugiu. Vamos ser honestos aqui então. Bom,
mas voltando aqui ao foco, aqui é Marx, né? Então, aí pensa: ah, não vai dar para associar Marx com esoterismo, com mística, com nada disso, né? Porque Marx era materialista, histórico, não tem nada disso. Se fosse a máximo associar ao panteísmo e tal, né? Porém, dá para fazer uma leitura de Marx do ângulo da cabalá, da gnose em geral, da mística e tal. E quem diz isso não sou eu, basta um livro fundamental para saber, "Redenção e Utopia", de Michel Levi. Michel Levi, ele é comunista, totalmente comunista, e se diz marxista. Ele nasceu, aliás, em
São Paulo, mora em Paris, e ele tem esse livro que é excelente. Esse livro é fundamental para entender o pensamento marxista e sua relação com um pensamento judaico messiânico. E aqui vamos, então, para dizer que não sou eu que estou inventando essa história. Vou pegar aqui um texto do Eric Fromm, que é um expoente da escola de Frankfurt, e ele diz o seguinte: a meta de Marx era a emancipação espiritual do homem, sua libertação dos grilhões do determinismo histórico, sua reintegração como ser humano, sua aptidão para encontrar a unidade e harmonia com seus semelhantes e
com a natureza. A filosofia de Marx foi, em linguagem secular, não teísta, um novo e radical passo à frente na tradição do messianismo profético. Olha, veja só que frase, né? Então, outros, né? Só citei ele, mas outros autores judaicos colocam Marx como ligado à tradição do messianismo profético, né? E tem uma frase aqui realmente impressionante do Adorno. Então, Adorno também é outro expoente da escola de Frankfurt. Ele diz, com outras palavras, que a verdade da negatividade da dialética só pode ser entendida por meio da negatividade teológica. É a teologia, antes de mais nada, que fornece
o conceito da negatividade; é ela que mantém o materialismo. Então, olha que interessante, né? E outros. Não só isso aqui são só duas citações, então nós podemos, então, interpretar Marx sob essa visão. Por quê? Sendo a exteriorização de uma visão esotérica, né? Principalmente com base aí na teologia negativa, já que se negar é uma coisa, realizá-la, a forma mais correta, então, de chegar até Deus seria negar Deus, seria ser ateu, né? E quais seriam os pontos de contato do marxismo com essas visões da mística judaica e também do judaísmo em geral? Primeiro, há o paralelo
entre povo eleito e proletariado. Então, para os judeus, a cabalá e outros, é o povo; haverá um povo eleito que vai conduzir a humanidade na redenção e para a volta da divindade. Ora, para Marx, vai ser o proletariado que vai levar as pessoas pelo comunismo, que seria o paraíso na terra, a revolução. Então, Marx era, obviamente, adepto da revolução, do sangue, do massacre e tal, e muitos dos cabalistas e outros dizem que também as coisas só serão mudadas na base da revolução. Antinomismo, conforme eu já falei, né? Propriamente a cabalá é antinômia, e Marx era
totalmente contra o direito e contra a moral, né? Ele achava que tudo isso era um fruto da burguesia, não haveria nenhum princípio metafísico por trás, e Marx era propriamente contra metafísica; aliás, Marx estudou, leu Jacó, também cita isso. Outro ponto, o estado, né? A cabalá é contra o estado como tal. Então, no advento messiânico, o estado como tal, a instituição estado, vai desaparecer. Haveria uma anarquia messiânica inevitável. Tanto para Marx como para esse ramo do pro-judaísmo, a vinda do Messias para salvação, pro Tikum, vai ser evitável para os dois, tanto para o marxismo como para
a cabalá mundial e universal. E aqui também um conceito muito interessante, que é o conceito do novo homem, um conceito bem esotérico, mas que foi incorporado por Marx, Engels, e até o Che Guevara falou de um novo homem. O Trotsky falou expressamente do novo homem. E é natural que surja dentro da lógica do marxismo, como tudo é produto de forças econômicas. Se mudam essas forças econômicas, lá no comunismo vai ter que surgir um novo homem, né? E para a cabalá, tem que surgir um novo homem. Então, quando voltar lá para Tikum, vai ter que ter
um novo homem. Um tipo de homem novo vai ter que nascer; aliás, no kibutz em Israel tinha essa preocupação, pelo menos uma das finalidades dele era o surgimento de um novo homem. Por que isso? Porque, se a gente for ver pelo Gênesis, então, nós temos duas... O homem teve a sua natureza machucada pelo pecado original, né? A Terra ficou maldita, o trabalho vai pesar sobre o homem e tal. Nessas visões esotéricas, não só da cabalá, mas de outras, fica muito ligada ao cristianismo, muita obsessão com esses termos. Assim, eles lutam por um sistema econômico em
que o trabalho não vai mais pesar sobre o homem, ficar livre da maldição bíblica. E quando a gente lê o texto do Marx, quando vier o comunismo, que está lá na Ideologia Alemã, o que a gente lê fala: "Ah, o trabalho não vai mais pesar sobre o homem". Ele está querendo a volta para o paraíso, a retificação. A natureza humana, quando a gente vê esses movimentos e color salvar o planeta e tal, é uma espécie de, eh, de como a Terra ficou maldita por causa do pecado de Adão. É uma espécie de revalorizar, de retificar
a Terra. A Terra vai ficar de novo espetacular; vai voltar a ser o paraíso. Inclusive, o movimento romântico, né, que teve forte influência do idealismo alemão ao idealizar a natureza, na realidade, eles estão, eh, querendo a volta ao paraíso adâmico, né? Então, há um modo de idealizar que a floresta não tem bicho, a floresta não tem perigo; é tudo lindo, tudo espetacular na floresta. No campo, a vida no campo não tem carrapato, não tem cobra, não tem escorpião, não tem nada. Ao idealizar isso e projetar nas músicas, nos poemas, etc., na realidade, eles estão querendo
uma volta ao paraíso adâmico. Então, essa questão de volta ao paraíso adâmico, retificação da natureza do homem, não pesa sobre o trabalho. A gente vê aqui e ali em Marx, nós vemos isso também, né? Igualitarismo, né? Eu já citei, obviamente, que para Marx ele defendia o igualitarismo; a abolição da propriedade também é uma coisa que é tema em alguns ambientes judaicos e como é que a Cabala reagiu, de fato, às experiências socialistas na União Soviética, etc. Então, eh, aí é uma coisa moderna, né? Então, eh, como ver o ponto de contato, né? Porque a Cabala
vê que teria que ter uma revolução, um igualitarismo, uma nova forma de pensar. Então, foram um movimento compatível, né? Com isso, o Estado de Israel teve forte influência socialista e forte influência esotérica na fundação dele, né? Isso é muito discutido lá em Israel. Coisas não chegam no Brasil, né? Você vê o debate da fundação de Estado de Israel, que é tão superficial, né? E chega lá, autores sérios em Israel debatem academicamente, né? É sobre isso se Israel foi fundado só com coisa socialista. Óbvio que foi, né? O David Ben-Gurion era comunista, atacado, mas se discute
muito de influências, eh, cabalistas ou influência da mística judaica na fundação eh de Israel. Agora, por fim, né, eh, a escola de Frankfurt, que é a escola cujo pensamento, infelizmente, se impregnou no mundo, né? E o mundo hoje que nós estamos vendo, não só no Brasil, mas para tudo quanto é música, lado tá com forte influência da Escola de Frankfurt. Vou fazer assim um pouco de história e chegar no ponto que eu quero finalizar a exposição aqui. Então, até GR, se queria defender a revolução por vias econômicas, a mudança do domínio nos processos de produção,
greve na fábrica, uma hora ia ter algum líder que ia comandar uma revolução e surgiria revolução. Sempre se operaria por via política e econômica. O GR, de forma muito esperta, né, opôs uma inversão dialética. Então, para Marx, a infraestrutura vai mudar a superestrutura, né? A superestrutura é tudo que não for forma de produção, então cultura, religião, moral, direito, superestrutura. O GR falou: "não, essa visão aí tá errada. Para fazer a revolução, nós temos que dominar a superestrutura." E a Escola de Frankfurt, que surgiu na cidade de mesmo nome, obviamente com pensadores, boa parte deles judeus,
depois mudou para os Estados Unidos, pegou essa ideia e desenvolveu essa ideia de atuação na cultura. Embora muitos não digam isso, né, teve forte influência cabalista. Aí, o que o Adorno falou de que a teologia mantém o materialismo é uma coisa totalmente cabalista. Então, na realidade, eles aplicam, eh, eh, só dou do o esvaziamento, a teoria do esvaziamento que vem da Cabala de Isaac Lúria, na linguagem, por exemplo, né? E então, o esvaziamento que nós estamos vendo de conceitos da linguagem, não só português, mas como qualquer língua, isso aí, na realidade, é uma aplicação da
Cabala na linguagem. Então, a Escola de Frankfurt, quando expressamente defendeu a destruição e o esvaziamento conceitual das palavras, é uma mudança completa de análise sobre esse foco. Na realidade, isso é uma inspiração totalmente cabalista. O esvaziamento que a divindade sofreu no Dind Dzum tem que se refletir na sociedade também, na linguagem. Tudo tem que ser, eh, esvaziado e depois pela teologia negativa, né? Quem era o mestre da teologia negativa na literatura? Foi o Françica, né? Então, os livros do Franç CF que muitos leem lá e falam: "Nossa, mas que coisa estranha, o que isso significa?"
Tem que ser interpretado à luz da teologia negativa. O que ele expõe no livro é oposto do que ele quer na sociedade. Ele era um mestre da exposição da teologia negativa, o Fran CFC, né? Então, a teologia negativa expõe que o que você quer é o oposto do que você tem que fazer. Então, se eu quero a vinda do Messias, eu quero voltar para a divindade, eu tenho que negar a divindade. Se eu quero realizar a moral, tem que ser o mais imoral possível. Então, quando a gente vê essa decadência moral na sociedade, isso é
compatível com o esquema esotérico cabalista. Inclusive, no Midrash Elohim, tá dizendo que o Messias virá na época de maior corrupção do mundo. Então, a corrupção é compatível com esse tema, o esvaziamento das ideias, eh, difundidas pela Escola de Frankfurt. Essas ideias imorais são compatíveis com sistemas gnósticos e cabalistas, né? Então, quando a gente lê Marx, Hegel, eh, e a Escola de Frankfurt sob o ângulo da Cabala e da gnose em geral, a gente vê como a coisa fica muito mais clara de entender. A gente vê como aquela coisa que o Adorno falou, como que teologia
sustenta o materialismo. Fala assim: "que bebida que você me tomou aí? Isso não tem nada a ver, uma coisa parece que não tem nada a ver com outra." Não! Ele falou exatamente o que a Cabala falaria. Exatamente a teologia negativa que sustenta o materialismo. Claro! Sem dúvida nenhuma. A negação é da divindade; para chegar à divindade, tem que ser negada, né? Não sei se eu me fiz claro, porque essas coisas da Cabala são extremamente confusas, mas quando a gente vê o nosso mundo hoje, com tanto esvaziamento, é uma forma de perceber de onde que isso
veio, né? Alguns poderiam associar, para quem é católico tradicional, à missa, né? A missa nova está esvaziada, né? Então, pois é! Então, nós vemos que o Concílio Vaticano II teve uma certa influência do Joaquim de Fiore, né? Inclusive, alguns interpretam o Concílio Vaticano II como o novo Pentecostes, que é a ação do Espírito Santo. É lógico, isso é inspiração joaquimista. Quando se diz que ia ter que nascer uma nova igreja, se fala em nova teologia; uma igreja, a igreja do amor, né? Seria a Igreja Joanina contra a Igreja Petrina. A inspiração do Joaquim de Fiore
é evidente. Quando nós vemos a igreja se esvaziando dos seus rituais, se esvaziando dos seus dogmas, isso é uma aplicação do esvaziamento cabalista aplicado aí na igreja, né? Isso tem um nome: kenosis, que vem do grego, né? É uma coisa que na Igreja Ortodoxa Russa também entrou com alguns autores e tal. A kenosis é justamente isso, esse esvaziamento, né? Bom, eu vou ficando por aqui; isso aqui só foi uma introdução ao tema da Cabala, porque é altamente complexo, com pontos muito difíceis, né? É difícil sintetizar a Cabala e falar das características dela, porque ela tem
n ramificações. Ela não é metafísica, ela é difícil, ela é cifrada; às vezes, em pontos, pode ser contraditória. Então, não é fácil abordar esse tema. Então, vamos para as perguntas. Então, deixa eu pegar aqui: qual a ligação da Cabala e do Judaísmo com a prosperidade financeira? O cara está querendo dinheiro! Então, não sei. Eu sei que, segundo eu vi, um rabino disse que isso aí está tudo errado. Não existe assim um método cabalista para ganhar dinheiro. Estou dizendo que estão desenvolvendo, né? Talvez por causa da atração do nome e associar judeus a saber ganhar dinheiro
e a popularização da Cabala. Supostamente, essa pessoa não estuda Cabala do jeito certo, né? Hoje, a Cabala é ensinada para artistas e para famosinhos por aí, é mais ligada à autoajuda e a coisas óbvias do que propriamente à doutrina cabalista. Ah, está cheio de cursos na internet, isso sempre ligado à prosperidade financeira, à autoajuda. E aí eles falam que ajuda a prosperidade financeira para atrair clientes, né? Deixa eu pegar aqui a próxima: como é a Cabala hoje, sua força, seu desenvolvimento, como ela está organizada? Então, a Cabala está cada vez mais forte, né? Alguns rabinos
dizem, conforme eu falei, que o núcleo, segundo eles, né, o núcleo do pensamento judaico hoje é cabalista. Então, ela está mais forte do que nunca. Um super chat: o catarismo tem alguma coisa a ver com a Cabala? Por os dois serem gnósticos, eles têm pontos em comum, mas a origem dos cátaros veio lá do Oriente, da Pérsia, né? E passou pela península balcânica e aí chegou lá no sul da França. Augusto César, como o globalismo, influenciado pela Cabala. Então, na realidade, não dá para só fazer uma sucessão. O globalismo hoje é baseado na Cabala? Estou
dizendo que é compatível a ideia, porque como a revolução e a volta para a divindade são mundiais, são universais, são feitas para todos. Daí, é compatível com a ideia de ter um governo mundial. Sem dúvida nenhuma. Gabriel, César pediu pro senhor fazer uma live sobre a fundação do Estado de Israel. Tá, vamos fazer sim. Henrique perguntou: qual a diferença entre higor e gnosticismo? Então, alguns fazem a diferença, mas eu não faço; para mim, é sinônimo. Ah, deixa eu pegar outras aqui: qual a influência da Cabala no identitarismo, na agenda woke etc.? Ah, sim, claro! Lógico,
isso aí entra no esvaziamento do ser. Claro, a partir do momento que hoje eu sou A e amanhã eu quero ser B, eu estou esvaziando meu ser. Eu estou violando meu princípio da identidade, que o ser é igual a ele mesmo. Existe o princípio da não contradição, e eu sou Marcelo. Eu sempre fui Marcelo e eu sou homem, tenho características X, Y, Z. A partir de que eu nego essas características, eu estou negando o ser. Então, pode ser interpretado das duas formas, né? São as duas caras que estão me esvaziando do meu ser, e estou
negando o meu ser, né? Estou sendo adepto não ser, que é propriamente dialético, propriamente gnóstico e cabalista. Sem dúvida nenhuma. Carlos perguntou: por que houve tanto judeu comunista? Então, por causa dessa associação, né? O mundo do judaísmo é muito rico, né? Então, tem... o pessoal pode falar assim: ah, não tem judeu que é contra o Estado de Israel? Tem sim, tem judeus que são antissionistas, né? Tem judeus que são anticomunistas, tem judeus que são comunistas, têm judeus que são adeptos da Cabala, tem judeus que acham Cabala um absurdo. Tem judeus que interpretam assim, tem judeu
que interpreta assado. É um povo muito inteligente, um povo que tem visões muito diferentes, mas existe um forte veio comunista esotérico, muito bem escrito, conforme eu já falei, pelo Michel Levi no livro dele, "Redenção e Topin". Então, nomes como Walter Benjamin, Georges Sorel, Léon Trotsky e outros eram comunistas, né? E eram judeus. Teve outro que perguntou se a Cabala se tornou um assunto meio que saturado no último século, principalmente. Por John Fortune e companhia, perguntaram se a gripa e as interpretações dele tinham algo de proveitoso. Esse eu não sei, não sei dizer isso sobre isso,
não. Ah, qual é a influência da Cabala no apoio americano a Israel? Podemos dizer que a Cabala é de fato judaica ou uma influência externa no judaísmo? Não, a Cabala é judaica. Ela teve fluxo de ideias gnósticas; muitos dizem da Babilônia, né? Outros do Egito. Mas, a partir de determinado ponto, se desenvolveu o que chamamos de Cabala. Então, ela é uma coisa judaica. Agora, em política, assim, não dá para rastrear, não dá para falar que isso foi influenciado para lá ou para cá, não dá. Nós podemos dizer que, em determinados momentos, alguns pensadores e ideias
tiveram influência da Cabala. Um exemplo é Hegel, isso é mais do que rastreado. Agora, em outros momentos, nós podemos dizer que tal ideia é muito parecida com ideias gnósticas ou cabalistas, e a gente não consegue provar de onde que veio, né? Então, tem que ficar claro isso. Tô dizendo que todo mundo tá aí influenciado pela Cabala, não. Mas nós vemos várias ideias que são compatíveis ou com a Cabala ou com a gnose, né? Não dá para diferenciar, às vezes, a gnose em geral da Cabala, porque eles são esquemas parecidos, e sempre a espécie parece com
o gênero, óbvio, né? Então, às vezes, as fronteiras são tênues tanto num sistema como em outro. Nesse conflito atual de Israel e da Palestina, tem alguma coisa a comentar sobre uma ligação com a Cabala? Não, não com a Cabala, não. Não dá para rastrear nesse ponto da política de ação. O que nós vemos é uma forte, no mundo inteiro, uma forte fluxo da dialética, né? Então, aqui nós temos uma tensão dialética partidária, direita e esquerda, e pessoais identitários contra identitários, tudo alimentado em forma de tensão. O Estado de Israel, desde que ele surgiu, não teve
paz; sempre nós vemos uma dicotomia em Israel, uma tensão entre paz e guerra, né? O judaísmo vive sempre nessa tensão: diáspora, retorno, espera do Messias, não Messias, falso Messias, verdadeiro Messias, contradições no texto, interpretações esotéricas, tudo. O judaísmo vive, parece, numa eterna tensão dialética, e o Estado de Israel reflete essa tensão, sempre alternando paz com guerra. Bom, então é isso. Não temos mais perguntas, apenas fazer os últimos avisos sobre os patrocinadores. Então, o curso "Como Estudar", não comprem hoje, comprem segunda-feira que vai estar com 15% de desconto. Hoje, comprem porque o desconto acaba hoje de
R$ 100. Jonas fez exclusivamente. O link tá na descrição. E a Escola da Verdade Histórica, também comprem na segunda-feira o curso do Jonas. Só esperem uns 10 minutinhos para comprar porque eu acho que eu tinha agendado essa live e ainda não tinha colocado o link na descrição com desconto. Na aba comunidade tem, mas eu, já fechando aqui, já vou fazer isso. Agradecer ao nosso convidado de hoje, o Professor David, que nos ajudou. E é isso. Até a próxima segunda-feira com o Alexandre Costa, próximo para falar sobre o 11 de setembro e os principais globalistas. Até
mais, até logo, obrigado! Quanto tempo!