Com certeza você vai concordar comigo que o Sol é essencial. Tanto pra fornecer energia pras plantas, quanto pra você ir pra praia torrar as costas até arder. É, faz parte.
. . Mas, não dá pra esquecer que o Sol também é uma das causas de uma doença mortal.
Só em 2020, mais de 1 milhão e meio de pessoas desenvolveram câncer de pele. É por isso que no vídeo de hoje eu vou te contar os riscos que a gente corre com o simples fato de tomar sol, os fatores que aumentam o risco de câncer de pele, como identificar se uma pinta que apareceu aí pode ser câncer de pele e claro, como você pode se proteger. Esse é mais um vídeo da série que eu estou produzindo aqui no canal sobre câncer.
Então, se você não quer perder os próximos vídeos que estão vindo aí, se inscreve no canal e me conta, sobre qual câncer você quer que eu fale no próximo vídeo? Fechado? Bora entender como o Sol pode realmente danificar nossa pele.
A gente sabe que o sol pode queimar a pele. Todo mundo conhece aquela pessoa que não pode ficar 10 minutos no sol sem ficar toda vermelha e ardendo. Será que tem alguém assim aí nos comentários?
Foi pensando em evitar esse problema que, milênios atrás, os egípcios já usavam um protetor solar artesanal, à base de farelo de arroz e flores nativas. Isso muito antes do físico Johann Ritter descobrir que o sol não emite só luz visível e calor, mas também emite os chamados raios ultravioletas, ou raios UV. Os raios UV são um tipo de radiação que consegue penetrar na nossa pele e danificar ou até matar as células que foram atingidas.
Mas, ao longo da evolução, o nosso corpo desenvolveu métodos para se defender sozinho. Quando você se expõe ao sol, a luz estimula células da base da nossa pele, os melanócitos, a produzirem um pigmento escuro chamado melanina. A melanina, por ser escura, absorve os raios UV, impedindo que eles danifiquem as células da pele e as camadas mais profundas.
Ou seja, a melanina é o nosso protetor solar natural, que por acaso, também deixa a gente bronzeado. Esse mecanismo de defesa gerado pela melanina foi essencial pra sobrevivência da nossa espécie na época em que as pessoas viviam ao ar livre, caçando ou coletando alimentos na natureza. Foi a quantidade imensa de sol que os nossos antepassados receberam que ajudou a criar os vários tons de pele que existem hoje.
Quanto mais melanócitos, melanina e quanto mais escura é a melanina que a pessoa produz, porque existem vários tipos, mais escuro é o tom de pele e, consequentemente, mais proteção natural contra o sol uma pessoa tem. Mas e se uma pessoa tem a pele muito clara? É aí que a coisa começa a ficar perigosa.
. . Quem tem a pele mais clara acaba sendo mais sensível ao sol, já que produz pouca melanina e, com isso, acaba queimando mais rápido.
Até aí, tudo bem, porque depois de uma ou duas semanas tudo já vai ter se resolvido com a descamação das células que morreram por causa dos raios UV. Só que o verdadeiro perigo de exagerar no sol tem a ver com dois motivos que a gente não consegue perceber. Número 1: Multiplicação celular em excesso Por causa da queimadura, a pele precisa dar um jeito de produzir novas células que vão substituir todas as que morreram.
Você vai literalmente trocar de pele. E isso tem que acontecer em tempo recorde, já que a pele é a nossa principal proteção contra as ameaças do mundo externo, incluindo vírus e bactérias. Com milhares de células sendo produzidas ao mesmo tempo e de uma hora pra outra, podem acontecer mutações no DNA que está sendo copiado pra formar novas células.
E também tem um outro problema. Número 2: Os raios UV são ionizantes Muitas vezes a exposição ao sol não chega a matar as células da pele, mas os raios ultravioleta conseguem arrancar elétrons dos átomos do nosso DNA e literalmente quebrar a cadeia, causando mutações, como eu expliquei bem nesse vídeo aqui. Isso significa que quando uma dessas duas situações, ou as duas, acontecem, o resultado é uma célula que parece normal, mas que foi modificada pela mutação.
Nesse momento, essa célula ainda é inofensiva, já que a maioria das mutações que acontecem são silenciosas. O problema acontece daí em diante porque pode ser que essa mesma célula sofra mais mutações, sejam elas causadas por uma nova exposição ao Sol ou por qualquer outra razão, tipo porque você fumou um cigarro e naquele momento uma substância cancerígena interagiu com suas células ou porque você deu o simples azar de as células errarem na hora de dividir. E sim, são essas sequências de erros aleatórios que levam a mutações e se elas acontecerem em regiões específicas do DNA que aceleram a multiplicação da célula e deixam a célula mais resistente à morte, um câncer pode surgir.
Uma das principais mutações que levam ao melanoma, é a de uma proteína chamada BRAF, que é responsável por ativar a multiplicação das células de forma controlada. Só que uma única mutação nessa proteína é capaz de criar uma proteína BRAF autoativada, que nunca se desliga, fazendo a célula se multiplicar sem parar. Se outros mecanismos que fazem a célula morrer estiverem desativados por outras mutações, o câncer pode começar.
Pode parecer complexo eu te explicar isso nesse momento, mas entender que uma única mutação pode levar uma proteína a causar um câncer é a base pra entender que se eu crio uma droga que se liga a essa proteína e a inibe, eu posso barrar o crescimento do câncer. E sim, essas drogas existem. Então me conta aqui nos comentários se você quer um vídeo só sobre como funcionam os tratamentos mais avançados pro câncer.
Agora que a gente entendeu algumas das formas em que o câncer de pele pode começar, vamos falar quem pode ter câncer de pele. É claro que o câncer de pele pode acontecer com qualquer pessoa. Só que ele é mais comum a partir dos 40 anos.
Nessa idade, a pele passou mais tempo sendo exposta aos raios UV e a substâncias cancerígenas, o que aumenta a chance de uma única célula ter sofrido todas as modificações que levam ao câncer. Mas quem tem olhos, cabelos e pele clara precisa ficar mais atento porque essas pessoas produzem menos melanina, mesmo depois de tomar sol. A pele delas é mais sensível, queima fácil e quase não fica bronzeada, o que é um fator de risco pro câncer de pele.
E o oposto também é verdadeiro. Com uma quantidade maior de melanina, pessoas com a pele mais escura tendem a queimar menos e se bronzear com mais facilidade. Então, de modo geral, pessoas negras têm menos risco de desenvolver câncer de pele.
Mas mesmo assim, alguns casos raros podem acontecer, principalmente em regiões como a boca, palma das mãos e sola dos pés, o que comprova que o câncer de pele não é disparado só pelo sol. Além da quantidade de melanina que o seu corpo produz, que já é uma característica herdada dos pais, o câncer de pele também tem relação com outros fatores genéticos. Então, fica atento, porque o risco de desenvolver a doença é maior se já aconteceu algum caso de câncer de pele na sua família.
Principalmente se for câncer de pele do tipo melanoma, que é muito agressivo e de tratamento difícil. O melanoma afeta justamente aquelas células produtoras de melanina da pele, que passam a se multiplicar descontroladamente. Com isso, começam a aparecer manchas escuras, que podem ser confundidas com uma pinta normal e acabam passando despercebidas.
O melanoma é um câncer muito letal e causou a morte de 57 mil pessoas no mundo em 2020. Ele é agressivo por causa do seu alto risco de metástase, que é quando as células cancerosas caem na corrente sanguínea e migram para outros órgãos. Por isso, o ideal é que ele seja detectado o quanto antes pra que a pessoa comece a ser tratada cedo e tenha mais chances de cura.
Mas será que tem jeito de perceber esse câncer, já que ele acontece na pele? Será que tem como ver ele começando? Tem e agora eu vou te ensinar como identificar se uma pinta pode ser câncer de pele.
Existe uma regra que os dermatologistas usam que é a regra do ABCDE, que ajuda a diferenciar uma pinta normal de um melanoma. Eu tenho certeza que essa regra vai ser muito útil pra você, então já aproveita pra deixar o seu like aqui em baixo. As características da pinta que você tem que observar são: A: assimetria.
Ao contrário das pintas, o melanoma costuma ser assimétrico, ou seja, ele não tem uma forma bem definida. B: borda. As bordas das pintas costumam ser lisas, e as do melanoma irregulares.
C: cor. As pintas costumam ter uma cor única, e o melanoma pode ter várias cores na mesma mancha, variando do marrom escuro até o vermelho. D: diâmetro.
Fica atento às manchas que tenham mais de 6 milímetros, ou maior que a largura de um lápis, porque, apesar de ser possível, é raro encontrar pintas com esse tamanho. E por último, E: evolução. Uma pinta não vai mudar de tamanho, de cor ou de formato ao longo do tempo, então se isso acontecer, procure um médico, porque pode ser sinal de melanoma.
E claro, sempre faça consultas periódicas independente de ter uma pinta ou não, porque nem todos os cânceres de pele são tão aparentes como o melanoma. 4 a cada 5 casos novos de câncer de pele no mundo são do tipo carcinoma ou não-melanoma, que não afeta as células produtoras de melanina e raramente leva à morte. Mas ainda é câncer.
No Brasil, essa proporção é ainda maior e chegou a 95% dos casos diagnosticados em 2020. São outras células da pele que acabaram sofrendo mutações, mas que têm um risco menor de metástase porque muitas vezes elas estão em uma camada superior e produzem um câncer menos agressivo. OK.
Se você chegou até aqui é porque tá gostando e é uma pessoa que se preocupa com a saúde. Compartilha esse vídeo adiante se você tá achando ele útil porque agora eu vou te contar como prevenir o câncer de pele. Pra se proteger do câncer de pele, não tem outro jeito.
O ideal é manter hábitos de vida saudáveis, como eu expliquei no vídeo de como o câncer começa e, claro, não exagerar no sol, principalmente entre 10 da manhã e 4 da tarde. O sol é essencial pra produção da vitamina D, mas se você ficar mais de 30 minutos no Sol, os danos já podem acontecer. E isso vale pra todo mundo, independente da idade e da cor da pele beleza?
E um detalhe importante: mesmo quando o céu tá com muitas nuvens, é importante se proteger. Apesar de parecer que não tem sol, alguns raios ultravioletas específicos, do tipo UVA, conseguem atravessar as nuvens e chegar até você. Esse é o raio que consegue penetrar mais fundo na pele e danificar o nosso DNA, mesmo sem causar queimadura.
Então use um protetor com fator de proteção solar de pelo menos 30 e se você tem a pele muito sensível e mais clara, o FPS mais adequado pode ser 50 ou até 70. Fechado? Me conta se você sabia tudo isso sobre o câncer de pele.
Eu espero que esse vídeo tenha te ajudado, Eu tô gostando muito de apresentar e falar sobre esse negócio que ao mesmo tempo que é fascinante do ponto de vista científico ainda é um tabu pra maioria das pessoas. E vou gostar mais ainda se você clicar no gostei, e apoiar a nossa série se tornando um membro e assistindo esses outros dois vídeos: um sobre um vírus que causa câncer e outro sobre o câncer de mama. Um grande abraço e eu te vejo no próximo vídeo.
Tchau.