Desiguais, podcast da piauí. Ep. 1: "Mãe Beth de Oxum"

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revista piauí
DESIGUAIS é um podcast da revista piauí que tenta entender como as desigualdades impactam nosso dest...
Video-Transkript:
minha sensação e me corrija se eu tiver errada por favor é que a senhora nasceu cresceu e viveu um pouco de todas as desigualdades e hoje a senhora combate todas elas então a senhora é um pouco diagnóstico e prognóstico sabe a gente não fica se avaliando né bom eu sou mãe de muitos filhos uma cuidadora né das pessoas da Comunidade você tá numa periferia preta né porque latente essas diferenças Maria elizabe Santiago de Oliveira mais conhecida como mãe Bet deum nasceu na Vila Barreira do Rosário um bairro que fica na parte mais pobre e mais
preta de Olinda em Pernambuco o estado é o Vic líder de um ranking nacional do qual não dá para se orgulhar o ranking da desigualdade a gente como você meso disse pass por níveis de desigualdades né Essa aí é a mãe Bet falando comigo por Zoom ela em Olinda e eu em Brasília de gênero de raça de Classe A mãe Bet incorpora muitas das desigualdades do vasto cardápio disponível no Brasil um dos países mais ricos e ao mesmo tempo mais pobres do planeta ela nasceu mulher preta e Numa família pobre de Periferia onde cresceu numa
moradia precária sem água encanada ou esgoto a água que falta aqui na minha comunidade né Aqui passa uma semana sem água chega um dia sete dias depois chega de novo a água que tá faltando aqui na periferia do sítio histórico de Olinda é a água que tá sobrando na piscina da Elite lá de boa viagem ela teve cinco filhos seguidora do Candomblé cresceu também exposta a um tratamento extremamente desigual da sua fé parte do processo de criminalização que pessoas negras e a cultura afro-brasileira sofreram ao longo de toda a história do país escravizadas na colônia
e abandonadas desde a abolição foram marginalizadas criminalizadas desde os primeiros códigos escritos do país do Brasil Império a república que chegaram a punir a capoeira com prisão a mãe Bet conhece muito bem essas histórias levei tiro também já enfrentei cada coisa mul você nem sabe mas hoje ela é conhecida como património vivo de Pernambuco e premiada com a ordem do mérito cultural do Brasil ao lado de tes arano Suaçuna e Mano BR fui uma das primeiras mulheres a tocar Alfaia de Maracatu então isso tinha esse processo assim de dessa luta né pela igualdade de gênero
Guadalupe tem um terreiro é o terreiro da umada e mãe de vem trazendo essa sambada Diga lá que é á que é esse o [Música] eu escolhi a mãe Bet para abrir esse podcast Porque aqui no desiguais a gente sabe que as desigualdades são muitas são múltiplas e nunca aparecem sozinhas e a gente sabe como é importante entender como elas foram produzidas como se articulam e como a gente pode mudar essas engrenagens Eu também me encantei pela mãe Bet porque a trajetória dela nos ajuda a enxergar essas relações para além dos indicadores de educação renda
e consumo que não dão conta de explicar totalmente a desigualdade e tampouco são suficientes para pensar o problema da desigualdade nas suas soluções muitos de nós queremos um país mais rico e mais igual mas o que significa igualdade e que tipo de riqueza a gente [Música] quer eu sou Carol Pires e esse é o desiguais um podcast da revista Piauí em seis episódios que tenta entender como as desigualdades impactam o nosso destino que já começa a ser traçado no dia em que a gente nasce Dependendo de quem são os nossos pais e qual é o
nosso país a produção é da Maranha filmes com apoio da fundação Tid Setubal o foundation e Ford foundation Esse é o Episódio número um mãe Bet de Oxum [Música] atenção o senhor presidente da república deixou a sede do governo a mãe Bet nasceu no dia do aniversário de Olinda e menos de TR semanas antes do golpe militar de 1964 eram tempos políticos instáveis e a desigualdade social aumentaria e muito nos anos seguintes naquele ano o 1% mais rico do Brasil ganhava 10 vezes mais que a média salarial nos primeiros 5 anos de ditadura essa desigualdade
quase dobrou os mais ricos passaram a ganhar 16 vezes mais que a média e a família da mãe Bet não ganhava sequer a média eles eram bem pobres 12 irmãos sendo seis homens e seis mulheres criados numa casa de dois quartos pela mãe dona de casa e o pai feirante sempre os dois mais novos dormem no quarto dos pais e o resto se enfia ali por dentro né né a cozinha bota um beliche e o corredor entre a sala e a cozinha enfia outro beliche essa é uma realidade ainda hoje segundo o IBGE sete em
cada 10 pessoas que moram em casas com algum tipo de inadequação são pretos ou pardos não por menos estamos ainda presos em notícias assim pessoas negras T 2,6 vezes mais risco de serem assassinadas no Brasil entre os brasileiros mais ricos os brancos são 70% entre os mais pobres 75% são negros Os estudantes negros foram os que mais sentir os impactos negativos da pandemia na educação a cor da pele pode definir algo tão crucial quanto vida ou morte e não só quando a gente fala de homicídios ou de mortes violentas mas também para quando a gente
olha para condições e oportunidades ao longo de toda a travessia da vida no trabalho por exemplo as pessoas negras são maioria entre os trabalhadores informais entre os que ganham menos e portanto são maioria entre os mais pobres isso continua sendo assim porque a gente não conseguiu corrigir uma perversidade histórica já que o nosso país foi construído escravizando pessoas negras que séculos Depois ainda são discriminadas no papel a abolição da escravatura é de 13 de Maio de 1888 mas em 1890 o código penal foi bem explícito ao proibir exercícios de habilidade destreza corporal conhecidos pela denominação
capu erag ou seja proibia uma expressão cultural dos negros nossas mães nossas tias nossas avós ensinavam a gente que elas tinham que cultuar o orixá branco em cima e o preto embaixo da mesa com a toalha grande escondendo por exemplo algum embaixo e elas cultuavam são Jorge com todo respeito a São Jorge guerreiro que eu sou devota também a história da família da mãe Bette conta a trajetória dos escravizados no Brasil os seus avós foram cortadores de cana do Engenho de manjo um dos maiores do período Áureo do ciclo da cana de açúcar em Pernambuco
que tem registro de ter tido 100 escravizados trabalhando até o século XVII é bem possível que seus antepassados tenham sido escravizados nessa região mas a mãe Bet não tem certeza e ele era muito espancado tempo do meu pai as crianças era muito espancada que a violência aqui nos Canaviais é muito grande e ele fugiu de casa aos 7 anos de idade para não ser mais espancado espancado pela família é pela madrasta do porque a gente tem uma tradição de violência né quem quem prova do meu Pirão prova do meu cinturão Isso é uma consigna pelo
menos aqui no Nordeste aqui em Pernambuco muito levada a sério né assim a a política a política por exemplo do chicoteamento do do da violência é uma coisa que tá impregnada nas famílias e desculpa perguntar isso mas e ele reproduziu essa cultura da violência com os filhos pelo contrário ele era muito amoroso minha mãe que era o dono da casa assim minha mãe é que batia minha mãe se não sabe Escreveu não leu pauco meu então ela era que comandava e talvez por isso é que todas as mulheres da casa também são empoderadas e comandam
suas casas porque a minha mãe foi modelo pra gente enquanto o pai trabalhava na feira vendendo frutas e legumes para sustentar família de 14 pessoas a mãe cuidava da casa e dos filhos ela era empoderada ela ela dizia uma vez ela disse PR mim que dizia pra gente quando meu pai conheceu ela e ela tinha um cabelo grande assim aí ele disse PR ela eu adoro mulheres de cabelo grande aí ela disse que no segundo Encontro cortou o cabelo maravilhosa é ela era pesada aí enfim mas ela também brincava muito muitas brincadeiras muitas brincadeiras da
minha mãe com a gente brincadeira de roda cadeira de pular corda ela era quem cuidava a mulher é quem cuida a mulher é quem Pare que faz o alimento que alimenta né o cara ele saía para correr atrás da grana e ela cuidava e a minha memória é essa uma mulher forte e uma mulher que brincava isso tá mudando rapidamente Mas ainda é um clássico brasileiro a mulher cuida do trabalho doméstico e o homem trabalha fora isso quando a mulher não faz tripla jornada trabalha fora assume sozinho o trabalho doméstico cuida doss filhos segundo dados
do IBGE as mulheres gastam uma média de 21 horas semanais com afazeres doméstico são 3 horas diárias enquanto os homens dedicam apenas a metade desse tempo só que esse é um trabalho não remunerado que reduz os ganhos de quem assume essa responsabilidade enquanto beneficia não só a família mas toda a sociedade Afinal muitos trabalhadores só conseguem viver com salários tão baixos Porque existe uma mãe uma companheira uma prima por trás and cuidando alimentando ajudando em tudo sem ganhar por isso isso impacta diretamente o futuro dessas donas de casa no último levantamento do IBGE as mulheres
ocupavam apenas 38% dos cargos de chefia sendo que somos a maioria da força de trabalho 52% essa desigualdade de gênero passa de geração para geração e a cultura social de que a mulher pertence à casa e os trabalhos da casa pertencem à mulher faz com que elas fiquem para trás nessa cor por uma vida Próspera eu carreguei muita água quando eu era criança eu morei em lugares muito pobre assim carreguei água na cabeça mesmo quando eu era criança com 10 anos mas a senhora pensava assim eu sou uma criança eu não devia estar carregando isso
ou era natural não era natural né nem eu nem provavelmente ninguém primeiro que você vê todo mundo fazendo isso não é uma casa que vai buscar Isso é uma comunidade porque a água falta no conjunto da obra né então todo mundo vai buscar no fim rolava até uma brincadeira jogava era criança jogava um água no outro enfim a gente faz de tudo uma brincadeira mais tragédia que seja né mas a gente não tinha essa consciência social eu perguntei se ela se revoltava quando criança de ter que carregar os galões de água na cabeça porque eu
tava tentando entender Em que momento ela ganhou consciência da desigualdade social mas não foi ali na infância Possivelmente porque não havia contraste como ela disse todos faziam o mesmo o primeiro despertar político dela foi outro bem mais tarde da questão racial mesmo né Eh a gente vendo que na favela bicho pega o tempo inteiro os os Os Pretos é que são os alvos né da polícia que mata e abordagem então toda essa realidade no meu caso eu aqui em olind desde a minha juventude eu me inseri muito cedo nos movimentos culturais fui uma das primeiras
mulheres a tocar Alfaia de Maracatu então a gente vem de uma comunidade que praticamente cada casa tem um brinquedo uma expressão artística cada casa tem um boneco gigante tem uma troça carnavalesca tem um bloco tem um Maracatu de bax solto um Maracatu de baque virado um coco de roda um cavalo marinho uma orquestra de frivo aqui aqui é incrível Aqui tem uma pegada por exemplo a gente aprende frivo de criança você aprende a dançar frivo desde criança porque faz parte da natureza da brincadeira né você sai de casa na frente de casa a orquestra tá
ali Ficou claro para mim que essa cultura forte que a mãe Bet viveu em casa foi determinante para ela saber seu valor para se meter nas rodas de homens e desenvolver sua subjetividade a personalidade e para buscar uma vida que tivesse não só luta mas também alegria e talvez por isso por essa capacidade e oportunidade de se pensar de poder sonhar com o próprio destino quando ela chegou onde muitos sonham num emprego estável de concursada pública e casada com homem também concursado ela percebeu que aquilo ainda não a realizava eu tive uma relação com um
companheiro que ele era um homem do movimento negro e tal só que ele era intelectual professor de física de matemática e de filosofia ele no caso o primeiro marido da mãe Bet quando ela era concursada ele era muito inteligente mas ele era muito materialista e ele não acreditava na espiritual ade mesmo sendo homem negro eu dizia meu irmão como é que tu um homem negro tu não acredita no or chado não ele não acreditava em nada né meio agnóstico meio ateu não sei o que aí eu eu vi e ele não queria filhos eu louca
para ter filhos que eu sou filha da Oxum sabe ele queria revolução muito marxista leninista trsta e tudo isso Lia pra caramba e eu dizia Pô esse cara lê tanto e não não age nada não faz nada como é que a pessoa quer transformar o mundo nunca ter um filho aí eu vi que não era por ali minha linha a eu digo ó vaza pedir axum para tirar ele da minha vida o despachou esse macho e me trouxe um outro que não tinha nem a quinta série primária esse outro era o Quinho dos Caetés aí
em 10 anos eu tive cinco filhos com ele foi foi rápido o processo eu tive uma há 3 anos e tô cansada até hoje mãe nada é muito bom ter filho melhor coisa do mundo nossos filhos nos ensinam mais de que a sociedade de que a escola o sistema que ensina a gente mesmo é a família sabe assim o Quinho era Operário de uma fábrica Têxtil e também não tava feliz ele sonhava em recuperar uma cultura familiar o coco de umbigada uma dança de roda com marcação de tambor que tem influências dos batuques africanos e
dos bailados indígenas com letras Simples alguns também chamam coco de umbigada de pagode zambê coco de usina coco de roda coco de embolada coco de praia coco do Sertão juntou a minha angústia com a dele ele saiu da fábrica deixou o cabelo crescer virou rasta e começou a tocar tambores nunca mais parou me encontrou que eu tava nesse processo né ainda na universidade dentro do hospital trabalhando aí quando nasceu a terceira filha da gente aí a gente eu disse eu vou sair desse negócio eu vou me eu vou a turma você é louca Minhas irmãs
você é louca você vai sair tendo três filhos agora para criar vai sair de um concurso assim tipo de uma estabilidade e tal digo eu não quero saber de estabilidade eu quero saber da minha arte da minha felicidade aí rompi aí eu fui aí larguei a Universidade de vez fui nunca mais voltei para lá agora tô sendo indicada para Hon nores causa de lá olha só 20 anos depois então eu só fiz fortalecer a cultura e olha ele trouxe o coco Olha o babado ele o Quinho de Caetes além dessa contexto todo dessa trajetória ele
trouce o coco da herança familiar os bisavós os avós e os pais eram conquista e tinha um coco que tinha ficado parado quando os avós morreram os pais ficaram com poua autoestima ainda fazia no São João São Pedro Santana mas tinha parado e ele queria voltar com coco eu disse ah meu nego se é para voltar vamos voltar né Eu sou filha de o Mas sou filha de Ogum também sabe eu não abro parada não eu eu sou de ir para cima sabe sou de enfrentar qualquer um eu não temo não eu vou para cima
mesmo General mora na minha cabeça aí eu fui peguei voltamos a fazer o coco articulamos as zabumba o ganzá e o cacha de guerra articulamos a família a escola do ent turno que até hoje eu eu eu sou muito convidada para ir pra escola eu digo eu sou Educadora e voluntária Popular aqui da escola e a gente voltou a fazer a sambada de coco a sambada de coco da mãe Bet completou 25 anos em funcionamento mas no começo não foi nada fácil também a gente T muito problema sabe com abaixo assinado porque é muito difícil
você botar o Maracatu no carnaval tá ótimo você botar o coco no São João tá ótimo você botar o cavalo Mario no Natal tá ótimo agora fazer daquilo um instrumento de mobilização social sabe cotidiana aí já é um outro problema né Mas foi o que a gente fez a gente enfrentou muito abaixo assinado eu responder quatro processo na justiça pelo crime de fazer coco parece mentira né Como assim fazer o coco perturba sossego deles né porque eles são racistas porque eles não gostam da cultura e levei tiro também tiro tiro levei seis tiros na lata
para queimar roupa de quem a polícia a um dia ele chegou lá e disse que era para acabar e eu disse não acaba acaba não acaba ele sacou a arma e meteu bala foi um desespero foi um terror foi um chororô foi horrível horrível horrível Foi dos piores dias da minha vida e ele te acertou se tivesse acertado eu não tava aqui contando a história acertou não nemuma bala ele sabia que eu não tinha medo dele Exu estava de Ronda Ogun estava de Ronda a Jurema estava de Ronda os orixás estava de Ronda minha filha
que eles não dormem [Música] né hoje o beco da Macaíba é uma extensão da rua do Pilão em Barreira do Rosário onde ficam as tapioqueiras bonequeiros e costureiras do carnaval o beco virou um reduto das sambadas e a revalorização dessa cultura começou por volta de 2005 quando a sambada da mãe Bet foi contemplada como um dos pontos de cultura do Brasil pelo programa Cultura Viva do governo federal e aqui teve mais uma virada de chave na politização da mãe Bet a partir de 2005 com o programa Cultura viva e também o fortalecimento da educação em
2005 com a política afirmativa e as cotas para os negros e afrodescendentes e indígenas ocuparem cursos superiores nas universidades contraditoriamente houve também uma ascensão da igreja com uma concessão de rádios e TVs através da bancada da evangélica e do seu Eduardo Cunha Então veja que loucura a partir daí mudou muito a realidade porque antes o estado era quem tinha intolerância conosco lembra que lá no começo do episódio a mãe Bet Estava contando dos antepassados dela que viram sua cultura ser proibida por lei como a capoeira chamada de vadiagem em 1800 e pouco teve o decreto
né da vadiagem que era proibia a capoeira proibir os negros em grupos Isso foi o que ela voltou a ver em 2015 Mas isso era o estado que mandava a polícia invadir os terreiros saquear quebrar tudo hoje é o vizinho hoje agentes da própria família que foram ctad Hoje tá pior Porque hoje a sociedade é intolerant antes a sociedade compartilhava mesmo não sendo daquela fé quando as nossas mães as nossas vóz fazia por exemplo o Cosmo e Damião que é uma brincadeira pros IRS né pros IRS pras criança e dava os saquinhos de corme e
Damião dos doces e goloseima nas casas todo mundo adorava porque recebia aquilo com muito carinho com muito respeito que não era o seu sagrado mas era o Sagrado do outro e dava as suas crianças recebia o munguzá da festa de Preto Velho e comia no café da manhã com muito respeito que não era o seu mas era o do outro Sagrado do outro hoje em dia é tudo de Jesus aí se chega o mango zá é do diabo hoje em dia as crianças não podem receber mais o saquinho de corme Damião que é do diabo
Veja onde a gente chegou hoje em dia o acarajé é do diabo a capoeira do diabo tudo é do diabo porque esses car cara tornaram o Brasil um projeto político para tornar o nosso país Um país fundamentalista e a gente não cabe dentro num uma caixa fundamentalista que a gente não é os Estados Unidos a gente tem um outra origem os índios já estavam aqui há mais de 5000 anos nós tivemos três séculos de escravidão então assim o nosso povo tem uma outra formação o Mosaico da gente é diferente é de muita violência vamos combinar
Não é Casa Grande szala é de amor não e de como soltaram uma nota agora agora agora mesmo essa semana dizendo que formação do povo brasileiro foi amorosa foi foi morte até hoje não aceito os no país se mata os índios se violenta Os Pretos não precisa nem dizer né três séculos de escravidão e não houve política de reparação até hoje continuam matando os pretos e as pretas toda a experiência de vida da mãe Bet foi transformando ela em uma agente de transformação da sociedade a história de vida familiar você é Tod uma ancestralidade mesmo
sem você saber você é todo um acúmulo de vida e de conhecimento passado das suas mais velhos a história de ação da cultura esses brinquedos eles são fundamentais na nossa formação na nossa formação política na nossa formação social eles inclusive passam a Gerar trabalho emprego e renda porque a gente começa a se tornar artista e a história de luta política eu cheguei ao Conselho Nacional de política cultural quer dizer Imagine você tá no conselhão onde discute as políticas públicas e a gente tá lá botando dedo da ferida né falando do racismo mas tudo de vocês
É racismo Mas é porque o país a sociedade e o estado ele é estruturado a partir do racismo né o racismo é estrutural na sociedade todas essas vivências levaram a mãe Bet a criar o Lab coco laboratório de tecnologia e inovação cidadã que une laboratório de inovação com centros culturais e terreiros E lá eles criaram Os Contos de ifá um game roteirizado sobre a mitologia afro--brasileira quem domina as tecnologia a tecnologia tá na mão de quem da Elite não é então assim eu tô há 10 anos desenvolvendo tecnologia hoje inclusive fecha um edital público para
mulheres negras 50 mulheres negras jovem mulheres negras estudantes de escola pública da região metropolitana do Recife 50 mulheres negras e sabe o que que a gente quer com isso capacitar formar sabe possibilitar eu nem gosto muito dessa palavra capacitar formar potencializar essas jovens mulheres a serem programadoras a serem Web Designer designer graf serem eh produtoras fonográficas gravarem discos sabe porque aqui o tem muita produção de conteúdo e a gente precisa dos t técnicos né e tecnologia tá na mão dos filhos da Elite muitas vezes para promover fake News e eleger Presidente fascista no Brasil e
no mundo como é que a gente quebra isso oportunizando essa Juventude preta indígena afro-indígena da Periferia se apropriar desse conhecimento só que a escola pública ela não tá com essa pegada então é a gente mesmo É nós por nós mesmo a gente vai fazer e a gente tá fazendo e aqui o que a mãe Bet fez foi criar uma estratégia de combate a desigualdade Educacional que leva a desigualdade de renda que leva a desigualdade social a partir da desigualdade política que deixa o poder e a possibilidade de mudança estrutural da sociedade nas mãos de poucos
para dar um exemplo na Câmara dos Deputados dos 513 deputados eleitos em 2018 só 4% se autodeclararam pretos as mulheres mais da metade da população eram apenas 15% das parlamentares só uma mulher é indígena enquanto não tiver uma reforma política enquanto o povo não tiver consciência e a gente não eleger não usar o instrumento do voto também para eleger outras pessoas principalmente mulheres a mãe Bet dexun nunca se tornou uma mulher rica não financeiramente mas ela construiu uma vida riquíssima para mim que sou uma mulher de terreiro não é dinheiro Sou filha de Oxum minha
filha Oxum já é a própria riqueza minha armadura é feita do pó do ouro de Oxum não é dinheiro entendeu em agosto de 2021 a mãe Bet foi agraciada como patrimônio vivo de Pernambuco o maior reconhecimento da cultura do estado e essa não foi a primeira vez que a grandeza dela foi festejada em 2015 eu recebi a ordem do mérito cultural do Brasil que é a maior comenda de Cultura dada personalidades brasileiro estrangeiras que tem um trabalho relevante paraa cultura brasileira Caribé Luiz Gonzaga liia Fagundes tes Jorge Amado Manu Brown Ariano Suaçuna foram alguns dos
intelectuais que também receberam a ordem do mérito cultural como a mãe Bet e ela virou um farol para para outras mulheres para outros pretos para outros pobres para outros cidadãos que acreditam na luta como ferramenta de transformação da sociedade mas ela ainda sente falta de ter ela própria um farol a seguir por exemplo eu sou uma mulher pobre moro aqui na periferia moro num beco nem carro passa onde a água chega de sete se Dias minhas filhas estudaram escola pública tá entendendo eu vivo do salário do coco do meu cachê de coco eu sou um
artista então eu olho para cima eu não vejo nenhuma mulher com essa sentimento né de de de pertencimento as pouquíssimas que são poucas é o universo é mínimo são as mulheres brancas são as intelectuais são outra galera Então tá na hora de pau comer né minha filha para mim a história de vida da mãe Bette dexun levanta muitas questões importantes de serem discutidas Quando analisamos a desigualdade e pensamos em soluções para esse problema que afeta o desenvolvimento da sociedade e por isso afeta todos nós O que significa ser mulher no Brasil e ser uma mulher
preta e uma mulher preta e Pobre Por que algumas religiões são respeitadas e influenciam as decisões políticas de um país enquanto outras são demonizadas criminalizadas e oprimidas como isso afeta o nosso desenvolvimento pessoal a construção da nossa personalidade e das nossas potências Como podemos construir um país com igualdade de direitos e oportunidades com igualdade de futuro e como criamos uma consciência pública de que nem todos devemos seguir o mesmo caminho que ambição de riqueza e de ascensão social não pode ser tomado como um valor moral superior como as decisões pessoais e a subjetividade de cada
um entram nessa conta mas talvez a questão mais Central aqui é como trazer todo mundo para esse debate quando a desigualdade de renda aumenta o crescimento econômico do país inteiro cai o que afeta todo mundo e a solução é complexa e precisa levar em conta o pessoal e o coletivo A ideia é que todos tenham os mesmos direitos e acessos e que cada um de nós possa escolher o que quer acessar Agora sim tá na hora do pau comer viu minha filha tá na hora do pau comer tá na hora do pau comer pro povo
Preto ser respeitado tá na horado povo de terreiro ser protagonizado tá na hora do comer para aparecer na televisão tá na hora do comer para derrubar as concessão tá na hora do pal chegou os pontos de Cultura tá na hora do P PR Fer com a estrutura tá na com trazendo arte insurgente na palco fazendo a cabeça da gente e vem chegando as eleição tá na hora do pau comer sou mais a participação tá na hora do pau comer que a igreja como representação que o baio clero como representação que os pastores como representação tá
na hora do pau comer tá na hora do pau comer [Música] tá na horado P comer tá na horado P comer no próximo episódio de desiguais a gente vai começar a mergulhar mais profundamente em cada uma das desigualdades que atravessam nossas vidas e atrasam o nosso desenvolvimento e vamos percorrer essa jornada da vida do nascer ao envelhecer só que de trás para frente então no próximo Episódio vamos falar sobre envelhecer no [Música] Brasil desiguais é um podcast da revista Piauí produzido pela Maranha com apoio da fundação tiub foundation e Ford foundation a edição desse Episódio
é do Eduardo Gomes com mixagem e masterização de Diogo Saraiva a arte daa do Gabriel Melo Franco eu EA vast escrevemos teve a Mari Faria na produção de reportagem revisão do roteiro da Fernanda Mena pela Maranha edição do Bruno bertogna com assistência da Aline levinski também participou da sonorização o dck Cabreira com músicas da manrick Mambo produção executiva da Juliana Santos da Rubian Melo e Paula Garcia direção criativa do Lucas Doraci oto e direção executiva de Thiago Pereira pela Piauí a distribuição é da Maria Júlia Vieira e as redes sociais São coordenadas pelo Fábio Brizola
Almeida e Isa Barros nesse Episódio usamos áudios da CNN Rede Brasil Wall E arquivo da Câmara dos Deputados
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