por existe a dor e o sofrimento é uma pergunta que nos incomoda todas as vezes que pensamos nela ou até mesmo quando passamos por uma situação em que esse sofrimento está presente o sofrimento de que estamos falando aqui não é apenas o físico mas deve ser entendido também de maneira mais Ampla o sofrimento como dúvida ou em detrimento de nossas más escolhas dos dilemas existenciais o sofrimento de ter a consciência de que se tem uma consciência de saber que as coisas podem dar errado mas principalmente o sofrimento de pensar que a vida não possa ter
um sentido e você também já deve ter se perguntado e se não existisse a dor e o sofrimento a vida seria melhor será que se de alguma maneira eu só conseguisse fazer escolhas boas que me trouxessem felicidade Será que eu de fato seria uma pessoa feliz e realizada essas perguntas não são de agora e números foram os pensadores que tentaram encontrar uma resposta satisfatória desde a filosofia na Grécia antiga até a modernidade os filósofos tentaram encontrar maneiras e métodos para poder fazer com que a vida apesar do sofrimento fosse boa de ser viva Até que
em 1821 nasce um cara que não é necessariamente um filósofo mas sim um romancista que entendeu muito bem a natureza humana e disse Mas e se a gente precisa do sofrimento estamos falando do fodor dostoyevski um dos maiores expoentes da literatura russa e da literatura Mundial só para vocês terem uma noção da magnitude dos livros de dostoyevski Nietzsche um filósofo que vocês devem conhecer que foi contemporâneo de dostoyevski inclusive escreveu o seguinte sobre Ele dostoyevski é o único psicólogo com que tenho algo a aprender ele pertence às inesperadas felicidades da minha vida Pois é dostoyevski
entendeu magistralmente a condição humana isso se deve em grande parte a sua vida conturbada e extremamente sofrida os seus pais morreram antes dos seus 25 anos de idade e ele sofria constantemente de ataques epiléticos a religião era muito presente na vida de dostoyevski e ele sempre se considerou um cristão ortodoxo o que refletiu muito nas suas obras sobretudo as dos seus últimos anos de vida que estão repletos de dilemas Morais e temas religiosos para dostoyevski o único modo de entender o ser humano é através de sua dimensão religiosa é através do seu envolvimento com a
eternidade Onde existe um limite em que a razão já não consegue dar conta de explicar muitas pessoas acham que dostoyevski é ateu por conta da impressão que elas têm das suas obras pois seus personagens muitas vezes são retratados de uma forma que vão totalmente na contramão de qualquer solução religiosa mas não ele cria alguns desses personagens para poder demonstrar Justamente a impossibilidade do ser humano em se fechar para essa dimensão religiosa no entanto apesar do seu cristianismo arraigado ele começou a frequentar círculos de intelectuais socialistas que discutiam sobre obras literárias depois que ele começou a
se endividar já que os seus primeiros os inscritos não fizeram atingir o prestígio que ele imaginara um desses grupos que dostoevsky frequentava era o chamado círculo de Petr chevi mas que ela servia como uma fachada para uma sociedade clandestina que tinha o objetivo de provocar uma revolução e derrubar o quisar da época pois a Rússia ainda era uma monarquia no entanto com a Perseguição do governo sobre essas sociedades em 1849 dostoyevski é descoberto e sentenciado à morte por fuzilamento só que sua sentença não passava de uma simulação do próprio governo e no último minuto antes
do Executor puxar o gatilho dostoyevski é informado que a sua verdadeira sentença é a prisão com trabalhos forçados no rigoroso frio da Sibéria é a partir desse momento que dostoyevski muda para sempre Sua percepção sobre a vida e suas convicções religiosas se tornam cada vez mais fortes Joseph Frank um biógrafo de dostoyevski escreve em consequência do seu exílio o cristianismo secular de deves que sofreu uma metamorfose crucial até então fora dedicado à melhoria da vida na terra agora esse objetivo sem ser abandonado foi ofuscado por uma consciência da importância da esperança Da vida eterna como
um auxílio da existência moral seu período na prisão também o convenceu de que a necessidade de liberdade em particular o sentimento de ser capaz de exercer seu livre arbítrio era uma necessidade inesp da personalidade humana e poderiam expressar-se até mesmo de formas aparentemente autodestrutivas caso nenhuma outra saída fosse possível bom prestem bem atenção nesse trecho que eu citei agora porque vai ser importante para o entendimento do vídeo depois que voltou para a Rússia após 10 anos do exílio na Sibéria já estava totalmente desacreditado de que uma revolução seria a solução para a humanidade e abandonou
de vez os ideais socialistas que teorizavam esse paraíso na terra digamos assim só que ele percebeu que a geração russa de 1860 tinha sido tomada por uma espécie de utilitarismo racionalista sendo disseminadas principalmente por nikolai chernitsky um intelectual revolucionário da época que acreditava que um novo homem surgiria a partir de uma verdadeira revolução onde seria completamente reeducado pela ciência que mostraria que ele não tem vontades nem Caprichos Ou seja que não tem livre arbítrio porque seu comportamento seria totalmente mapeado de modo que tudo o que ele fizesse não aconteceria por sua vontade mas de de
acordo com o determinismo das leis da natureza uma vez esclarecido esse ponto chernevisk acreditava que o homem ficaria impossibilitado de se comportar de maneira irracional e faria tudo que seria vantajoso para si mesmo ele dessa forma acreditava que todo sofrimento humano poderia ser extirpado através desse homem utilitarista condicionado apenas para ter resultados e cumprir objetivos não buscando mais nada a não ser a sua felicidade e aqui felicidade seria suente os bens materiais já que chernevisk negava qualquer tipo de transcendência pois bem é aí que dostoyevski lança em meados de 1864 65 o seu livro Memórias
do subsolo que além de ser uma crítica às correntes do utilitarismo e do determinismo extremo que estavam tomando conta da Rússia é também uma paródia ao pensamento de janevski uma paródia aquele homem extremamente racional que nega o livre arbítrio que se comporta da maneira mais vantajosa possível para si mesmo que age em detrimento de uma cadeia de causas que produzem um comportamento mais adequado para uma dada situação bom para dostoyevski assumir as premissas do novo homem de chernitsky e levá-lo até as suas últimas consequências é impossível porque isso implicaria em um conflito interno na natureza
contraditória do homem que possui a capacidade de escolher até aquilo que não é nem um pouco vantajoso para si mesmo sim a nossa melhor vantagem é sermos capazes de exercer nosso livre arbítrio e poder escolher até aquilo que nos faça mal nossa personalidade se manifesta nas escolhas que incluem a possibilidade da sua negação sen Não não é uma escolha e do contrário não teremos nenhuma personalidade no entanto em determinada parte do livro O Homem do subsolo que é o personagem inclusive né do livro ele não tem um nome então é assim que o personagem ficou
conhecido na posteridade como o homem do subsolo ele diz o seguinte tudo bem caso Então se pudesse realmente ser mapeado todas as vantagens do ser humano de tal modo que seria impossível ele escolher o irracional de que todas as ações pudessem ser previstas especificadas e colocadas em uma espécie de planilha de tal maneira que seria possível se antepor a elas e de que todo o sofrimento que detrimento das nossas más escolhas fosse evitado e o ser humano fosse coberto de fartura e Bens Materiais contra tudo isso o homem do subsolo escreve o homem é tão
monstruosamente ingrato que vai arriscar até o pão de ló e desejar intencionalmente o absurdo mais destrutivo o mais antieconômico a sua mais vulgar estupidez Só para confirmar a si mesmo que os homens são sempre homens e não teclas de piano tecla de Piana Como o próprio J cheves que se refere ao comportamento mapeado daquele novo homem que ele descreveu então ao Homem do subsolo mesmo que fosse provado que o ser humano é uma tecla de piano Isto é um produto determinado e previsível o ser humano se tornaria louco inventaria o caos e a destruição apenas
para poder provar o seu ponto ter o seu Capricho satisfeito e sua consciência de que tem vontades o homem do subsolo ele nega que o ser humano queira de fato atingir a felicidade ele nega que a humanidade esteja ansiosa para poder alcançar a paz e a prosperidade terrena o que significaria o fim da história e a sensação de todo o esforço e esperança queremos desejar alcançar mas nunca alcançar amamos O objtivo de longe mas nunca de perto alcançar o objetivo seria cessar de vez o sofrimento mais PR do subsolo o sofrimento constitui um fator importante
para o sentido da vida não que o homem do subsolo esteja defendendo o sofrimento por si mesmo não é isso mas o capricho de tê-lo de que ele seja assegurado quando necessário pois isso é uma consequência Irreversível do livre arbítrio desejar o que não nos É vantajoso o sofrimento Então seria a afirmação moral perante a ausência de significado humano imposta pelo determinismo a capacidade de duvidar de fazer escolhas erradas de se confundir de se contradizer significa que o homem não se transformou em uma máquina que só pode se comportar de uma dada maneira nosso Edifício
também é sustentado pelos nossos defeitos e por caminhos pelos quais podemos duvidar de suas vantagens eis toda a construção da personalidade humana Mas afinal quem é o homem do subsolo e o que é o subsolo o homem do subsolo deve ser uma pessoa muito de bem com a vida para poderia ter capacidade de pensar dessa forma né de negar qualquer tipo de solução de um possível aniquilamento do sofrimento só que bom não é bem assim apesar de todos esses questionamentos o homem do subsolo é aquele que se perdeu no infinito no mar de possibilidades de
que ele chama de consciência hipertrofiada ele na verdade é vaidoso da sua própria inteligência pois Conseguiu perceber coisas que os homens de ação é assim que ele chama o homem utilitarista do tcheves Ele percebeu coisas o homem do subsolo percebeu coisas que que esse homem não consigue perceber o homem do subsolo está preso em tantas possibilidades que não consegue sair do lugar no começo do livro ele diz que não é um cara mau mas os seus sentimentos altruístas pelos outros é sempre ofuscado pelo seu egoísmo vaidoso paralisando suas ações justamente porque ele racionaliza o tempo
todo ele pensa no arrependimento por mera vaidade e amor próprio antes mesmo de tentar fazer alguma coisa em consequência da sua vaidade o homem do subsolo pensa ser único um ser que todos merecem ter sua amizade em detrimento da sua inteligência das coisas que ele pode conversar todos os indivíduos que estão no subsolo pensam ser únicos quando Na verdade são todos semelhantes são incapazes de amar algo que não a si mesmos Este é o subsolo o lugar para onde vai aquele que transformou sua vaidade na totalidade do seu ser é uma espécie de manifestação patológica
contra o determinismo contra a ideia de que o ser humano é formado por uma cadeia de causas que o impossibilitam de ter uma livre escolha o homem do subsolo está no subsolo pois escolheu algo prj icial simplesmente para poder afirmar a si mesmo dostoyevski tá dizendo pra gente leitor não ser igual a esse cara para não sermos alguém que se priva do Mistério do outro em detrimento do Abismo da nossa Total subjetividade imposta pela vaidade então para dostoyevski Somente o amor pelo outro quando nós esquecemos de nós mesmos é o que pode salvar o ser
humano o amor para dostoyevski está para Além da Razão por isso que ele não aceita um homem como DSK já que amar é muitas vezes fazer cois coisas que não gostamos ou que não traga vantagem nenhuma para nós mesmos e o sofrimento nos dá abertura para o outro porque se ele não existisse nos fechamos em nós mesmos mas ele sabe que existe algo na natureza do ser humano que sempre o puxa para si mesmo que precisa se autoafirmar a todo instante ele tentou demonstrar essa dificuldade com o homem do subsolo alguém que diz os outros
eu sou sozinho eles são todos está vislumbrando esse abismo que é o subsolo Mas então depois de tudo isso você deve estar pensando Então não é melhor ser uma tecla de piano um produto das leis da natureza que não tem inquietudes onde todos os Sofrimentos foram abolidos né em últimas palavras um homem utilitarista de ação Pois é o homem do subsolo ele tentou ser esse homem ele aceita intelectualmente as premissas do novo homem de ação de se tornar uma tecla de piano Como eu havia falado mas a todo momento a sua consciência moral que deveria
ser extirpada pela lógica científica através do determinismo da natureza em que qualquer reação emocional como a raiva por exemplo seria tidda como irracional e despropositada logo ela seria aniquilada na verdade essa consciência moral se justa põe para poder manter um senso de dignidade para ter o mínimo que fosse de uma reação inerentemente humana esse prazer vergonhoso pela própria vaidade foi a maneira que o homem do subsolo encontrou de recusar a renúncia ao seu direito de ter uma consciência ainda que ele se sinta degradado é como se fosse um direito de de poder ter algum Capricho
isto é uma espécie de temosa somente para poder Contrariar e provar que os outros estão errados e bom no momento eu não consigo pensar em algo mais característico do ser humano do que a vontade de Contrariar né Mesmo que ele tenha todas as provas que indiquem o contrário e é justamente esse o ponto em algum momento nenhuma racionalidade será paro para nosso Capricho mesmo sabendo que algo pode fazer mal ainda assim nós simplesmente podemos tomar para nós esse algo era teimosia ou pensando de uma outra forma Quantas vezes você já não deixou de fazer algo
que sabia que era benéfico ou saudável para si mesmo mas mesmo assim não fez simplesmente porque tinha a escolha de não fazê-lo como escreve Pondé em um texto dedicado ao livro quando ele o homem do subsolo afirma que o que torna possível a consciência é o sofrimento é a dor ele aposta na ideia de que quando o homem estiver encurralado pelo determinismo ele vai dizer dane-se o mundo contanto que eu tome o meu chá