O autoconhecimento é o conhecimento a respeito do seu Ser. O ser humano esquece seu Verdadeiro Ser, e não entende quem ele realmente é. Chegamos a descobrir quem somos apenas ao pensar sobre isso.
Qual é nosso dever quando ganhamos o nascimento como seres humanos? Este nascimento humano não é só para fazer os deveres de casa e as tarefas mundanas, como o touro que trabalha fazendo girar a prensa de azeite (sempre envolvidos mecanicamente em atividades repetitivas). Não viva apenas para fazer os deveres mundanos, apenas para morrer.
Seu nascimento será em vão se você não usá-lo para compreender a Realidade. O propósito do nascimento humano é obter a felicidade última realizando Narayana, Deus. Em vez disso, as pessoas se envolvem em muitas coisas, desperdiçando assim este precioso corpo humano.
Esse nascimento no corpo humano é único, sendo que ele tem a capacidade de um intelecto superior e de discriminação a fim de que possamos conhecer a Deus, o “Ser definitivo”. É preciso compreender que se é Brahman para a obtenção de uma paz final. Isso é chamado Purushartha - o objetivo final do homem.
Você precisa vivenciar esse estado além da mente. Aquele que se esforça para alcançar esse Conhecimento, o obtém. Você deve entender Deus primeiro, isso implica que você deveria tornar sua visão totalmente penetrante.
Assim como o céu permeia tudo, assim também Deus permeia tudo. Tenha em mente que Deus está em tudo. A luz do sol e a luz da lua são a luz do Ser.
O Deus que permeia o mundo também reside dentro de nós. Assim como o céu (o espaço) invade um frasco, o Ser nos invadiu. Quando o frasco (o corpo) se quebra, aquela porção de céu se funde com todo o céu, assim também a luz do Ser se funde em Brahman.
O espaço vazio está em um pote, numa casa, e na consciência. Mesmo que o pote seja quebrado, ou que a casa desabe, o céu, ou o espaço que está contido dentro deles, não é afetado. Similarmente ao céu, o Ser também não vai nem vem a lugar nenhum.
Reconheça o Ser Supremo. Siddharameshwar Maharaj. Você deve reconhecer o Eu, a causa primordial, o substrato de tudo.
"Aquilo" que está além do visível, é o Ser. Aquilo é Brahman. Existe apenas Brahamn que é apenas Um.
O Ser é anterior a todos os atributos, assim, ele não tem idas e vindas. Antes que houvesse mesmo o céu ou a água, naquele tempo, o Ser supremo, estava lá. Antes que qualquer elemento viesse à existência o Ser supremo estava lá.
O fato de Ele estar antes dos sentidos, não atrai a atenção de ninguém. Através de muitos nascimentos, a mente e o intelecto têm adquirido o hábito de apenas olhar para fora. Portanto, “voltar-se para dentro” tornou-se uma tarefa muito difícil.
Esse é chamado de “o caminho reverso” o qual os Santos seguem quando se voltam para a direção oposta, e observam a mente completamente, abandonando ver tudo o que é externo. Do Ser surgiram o intelecto, o conhecimento, a ignorância, etc. , por conseguinte, “Você” é o precursor de tudo.
O aspirante deveria iniciar a busca por esse “eu” em seu próprio centro. Ele nunca será encontrado fora de nós. Em cada ser humano o sentido de “eu”, ou ego; e de “meu”, o sentimento de posse; está preenchendo-nos até a borda.
Todas as ações no mundo são realizadas pela força desse ego, e o sentido de “meu”. Tente descobrir quem você é, de onde você veio, assim como aonde você está destinado a ir, e por quê. Não importa se você se descuidar de todos os outros trabalhos.
A Realidade Suprema é alcançada somente depois da obtenção do Conhecimento. O conhecimento, como um todo, é um. A realidade é como um céu ilimitado, mas ao ser restrito pela identificação com o corpo, a forma, como uma nuvem, ele assume o papel de ser um indivíduo, e no processo, cria muitas limitações.
O conceito “eu sou o corpo” ou “eu sou um indivíduo” é o que mantém essa pessoa presa. E é apenas com o “pensamento correto” que se obtém a liberdade. Os indivíduos, presos no falso “eu”, sofrem de dois sentimentos básicos: 1) Eles acham impossível acreditar que são Paramatman, o Eu Supremo; 2) Eles acham que são algo que não é Paramatman, como o corpo, a mente, a personalidade, etc.
Basicamente, a vida mundana significa sentir orgulho de praticamente tudo. E a renúncia completa do orgulho, é a verdadeira liberdade. Entenda que a realização de desejos mundanos jamais fornecerá tanta alegria quanto a renúncia a eles.
Aquele que entende isso, permeia tudo. Se a pessoa quer livrar-se da miséria, ela deve abandonar o “eu”. Entretanto, antes que seja abandonado, temos que descobrir exatamente aonde esse “eu” reside.
É apenas quando encontramos o “eu”, é que podemos falar em abandoná-lo. Dentre os devotos, existem muito poucos que meditam sobre a natureza do Ser, e pensam sobre o que o seu Ser real é. Existem muito poucos que questionam: “O que sou eu?
”. Deveríamos investigar sobre o sentido de “eu”. Deveríamos observar quem nós somos.
Quando é sabido que não somos ninguém, então quem é? Alguém É! Aquele alguém é Paramatma.
Sem imperfeições e sem qualidades é aquele Ser supremo. Ele é todos os objetos, todas as qualidades, o ego, todas as coisas. Apenas “você” não está lá.
Tudo é Paramatma, mas quando você torna-se um insignificante pequeno ego, você é um indivíduo, o Jiva. Preocupações e pesares são seu destino na vida, e você se torna impotente. Por causa da aceitação do estado de Jiva, você se torna um prisioneiro.
Com a dissolução do estado de Jiva, o que permanece é Shiva. Após deixar de lado todas as coisas, a mente se torna absorvida no “Um”. Aquilo que permanece após abandonar o que é visível é Brahman.
Toda a aparência é ilusão (Maya) e o “presenciador” é Brahman. O que é visto é a falsa aparência, e o que vê é Brahman. Há uma declaração nos Vedas que diz que existem somente duas entidades, aquilo que é visto e Aquilo que vê.
O Vedanta declara isso de maneira contundente. Neste mundo não há nada além do observador e do observado. Aquele que reside no coração de cada um é Brahman, e Ele é “Real”.
Quem se refugia no que é visto, perece; e quem se refugia em Brahman, alcança o estado Dele. Se você concentrar a atenção no visto (no mundo objetivo), você será destruído assim como aquilo que é visto (o mundo objetivo). A trindade do observador, o observado e o ato da observação, vem à existência por causa do engano da mente.
Na ignorância, o observador e o observado são duas coisas. Quando aquilo que é observado é dissolvido, o observador fica sozinho (sem nenhum objeto de observação). Aquilo é Brahman.
“Aquilo” que está além do visível, é o Ser. Escute - A glória é saber que todas as aparências são ilusórias, todas são falsas, e não há nem idas e nem vindas, e Aquele que é esta Glória, é Paramatma. Você próprio é Paramatma.
Sua “Verdadeira natureza” é esta. Você não tem nascimento, nem morte, nem idas e nem vindas. O que tem forma não é o que você é.
Paramatma está eternamente existindo, sem pausa. Em todas as variadas coisas, só há Uma que existe, assim como em todos os ornamentos, há apenas ouro. Todos os muitos nomes são usados para facilitar a aquisição da compreensão, mas Paramatma é além de descrição.
Existe apenas Brahman, que é apenas Um. Aquele que sabe que não há mais nada é ele próprio Brahman. Aquele cujos anseios pelos objetos dos sentidos se foram, cujo sentido de “eu”, como separado de tudo o resto se foi, e cujo orgulho se foi, é aquele que realmente realizou Brahman.
Brahman é como o vazio, como o céu - sem medida, sem qualidade, sem impureza, estável e eterno. Ele é chamado Paramatma, e existem muitos nomes para ele. Não obstante, Ele não tem nenhum nome.
Mas você sabe que Ele é eternamente o mesmo. Está presente no começo e no final, antes que se formem os conceitos e mesmo quando eles aparecem. É imutável e permanente.
Ele não é visto nem sentido, contudo, dão-Lhe muitos nomes. Há incontáveis nomes - masculinos, femininos e neutros que se dão ao Uno. A verdade não pode ser evitada.
Não pode ser distorcida nem mudada de maneira nenhuma. Tal é o Parabrahman (O Ser supremo). Oposto a isso, Maya (a ilusão) é isso que pode ser manipulado e mudado.
Ambas as entidades (Brahman e Maya) estão presentes. É por isso que você deve procurá-los por você mesmo. Trate de compreender que todos os objetos externos podem ser movidos ou apartados.
A própria Terra gira sobre si mesma e ao mesmo tempo dá voltas. O ar, o fogo e a água são móveis também. Porém, o céu não pode ser movido mesmo que desejarmos fazê-lo.
Mas se fecharmos os olhos, até mesmo o céu desaparece. O céu é a mãe de todos os objetos. Todos estes objetos (ou seja, o mundo manifestado) não são verdadeiros.
Não há nenhum objeto nesse mundo que não desapareça se ignorarmos sua “existência”. Agora olhe para dentro. O corpo grosseiro desaparece.
A mente é apenas os pensamentos e a fala. Se estivermos serenos (se a mente está em repouso) então desaparecem todos os sonhos, as dúvidas, o intelecto, os pensamentos, etc. O que sobra então?
Nada. Este nada também pode ser abandonado, mas, não obstante, permanece aquele que abandona. “Eu” sou o que transcende tudo.
Assim, portanto, sobra “eu” como um presenciador. Finalmente, abandone também este “Eu”. Agora sobra apenas a verdade, que está além do conhecimento ou da ignorância.
Quando o saber alcança seu limite, aquele que vê não é mais visível. Nesse momento, o orgulho do “eu” simplesmente derrete. Aquele que se esqueceu de tudo, todavia permanece.
Aquele que renuncia tudo já não está na escravidão da mudança. Este a de ser compreendido como Brahman (o Ser, o Si mesmo). Tudo está em Brahman e Brahman está em tudo.
Se há pão na boca, então esse pão ocupará certo espaço na boca. Todavia, se duzentos camelos forem vistos em um espelho, o peso do espelho não mudará porque os camelos vistos no espelho são somente um reflexo. Similarmente, embora o mundo fenomênico esteja em Brahman, isso não afeta e nem distorce Brahman de maneira nenhuma.
Consequentemente, uma vez que você reside no seu próprio Ser, todos os objetos externos desaparecem. Tudo isto é Maya, somente um engano. O Ser permanece intocado por Maya.
O nascimento de uma pessoa adquire significado verdadeiro somente quando se realiza o Ser. Para reconhecer Deus, assuma as características de Deus. Seja como ele.
Seja quieto. Assim, é possível aspirar à obtenção do conhecimento real. É possível obtê-lo sentando-se de forma tranquila com a mente concentrada.
O verdadeiro “eu” está além dos conceitos; ele é sempre livre e sempre puro. Essa felicidade é destituída de todo prazer e sofrimento. Todo dia, você deve praticar o alcance de um estado cada vez mais elevado, assim como uma águia paira cada vez mais alto no céu.
Todos os dias, você deve tentar se elevar. Elevando o nosso intelecto, entenda a Realidade. Torne-se mais vasto do que o universo por meio da sua compreensão.
Aquilo que você esqueceu é exatamente o que você precisa lembrar, é aquilo de que você deve ter consciência. Você deve reconhecer o Eu, a causa primordial, o substrato de tudo. Por meio da investigação e do poder do discernimento, reconheça que Paramatman, o Eu Supremo, é Deus.
Assim, é possível atravessar o oceano da Ilusão. Todos os objetos, que existem em várias formas, são apenas pó, e nada além de pó. Estude assim.
Qualquer que seja o desejo, qualquer que seja o conceito, são apenas ondulações da mente interior que surgem de formas variadas. Existe somente uma verdade neste mundo, que é “Eu Sou o Eu, Brahman”. Todo o resto é falso.