é possível diz naturalizar a relação entre e feminino eo cuidado e ao mesmo tempo manter a problemática da interdependência da necessidade de cuidado como um problema político central [Risadas] [Música] no segundo capítulo do livro eu discuto matemática que entendo que seja fundamental para se pensar a democracia embora nem sempre a conexão entre ela ea democracia estejam feitas é a temática do cuidado a uma ampla literatura que situa o problema do cuidado e um fato básico da vida que é o da fragilidade é a fragilidade humana nós podemos dizer há pelo menos um momento da vida
humana em que nós todas nós todos precisamos do cuidado de alguém que é a primeira infância é poder pensar na infância de maneira mais ampla mas sobretudo na primeira infância nós dependemos do cuidado de outras pessoas se temos uma vida longa e temos o privilégio de viver é uma vida longa à também o momento do envelhecimento em que essa essa dependência do cuidado por parte de outras pessoas se amplia e muitos casos provavelmente na maioria deles mas também ao longo da vida a muitos momentos em que nós dependemos de outras pessoas é os momentos em
que ficamos doentes e há uma trajetória irregular de muitas pessoas também uma necessidade especial de cuidado é pelo fato de que têm necessidades especiais decorrentes de questões físicas e neurológicas então isso é parte da vida mas é uma parte cotidiano da vida que é invisibilizada pelo entendimento de que a sociedade é feita de indivíduos autônomos independentes cujas vidas não são marcar 10 por relações de apoio recíproco é pela dependência do trabalho de outras pessoas a atenção de outras pessoas do cuidado de outras pessoas então colocar o cuidado no centro de uma reflexão ética é trazer
para essa reflexão algo básico que é a interdependência que é o fato de que os vínculos e as relações de interdependência caracterizam a vida humana mas a fragilidade e vulnerabilidade ligada a esses vínculos não são vivenciadas da mesma maneira por todas as pessoas e aí entra uma questão política fundamental a perguntas que a gente pode se fazer a partir da própria experiência quem tem tempo para cuidar de outras pessoas quem têm condições adequadas de cuidado para assim quando necessita de cuidado é pensando em diferentes circunstâncias da infância quais crianças conseguem ter mãe ae adultos responsáveis
por perto delas de algum modo é em condições adequadas de cuidados é como é que se dá essa organização do cuidado na infância quando a gente coloca perguntas básicas como essa a gente chega a 1 alguns problemas fundamentais tanto das relações de gênero no cotidiano quanto da atribuição das responsabilidades envolvendo o entendimento que temos de quais responsabilidades são privadas quais são coletivas quais devem ser assumidas pelo estado as relações de cuidado elas nos levam a pensar em como é que a divisão das responsabilidades se estabelece como é que no cotidiano a responsabilidade pelo cuidado necessário
com outras pessoas ela se define quanto dessa responsabilidade é assumido pelas famílias e nas famílias prioritariamente pelas mulheres quanto dessa responsabilidade nós entendemos que é algo que demanda soluções coletivas quanto dessa responsabilidade existe incorporada em políticas públicas e equipamentos públicos de cuidado a gente pode pensar que nesse jogo entre o que é assumido pelas famílias e nas famílias pelas mulheres e o que é assumido pelo estado se estabelecem vulnerabilidades e dificuldades muito específicas para uma parte das pessoas porque isso tem a ver directamente com como as relações de classe e as relações raciais se organizam
em uma espécie de métrica de acesso a cuidados é e de responsabilização pelo cuidado de outras pessoas quando há uma mercantilização mais ampla do cuidado a gente tem uma situação em que uma parte pequena das famílias que consegue comprar serviços de cuidado pode resolver uma problemática cotidiana de maneira adequada de maneira satisfatória para aquelas famílias mas para a ampla maioria das famílias o que ocorre é que o cuidado se realiza em condições de absoluta precariedade nós temos no caso específico das mulheres algo que é fundamental que é a baixa oferta de creche e escola para
a primeira infância de qualidade em que o cuidado possa ser realizado de maneira adequada enquanto as mulheres trabalham é esse é um trabalho necessário para que possam então prover o sustento de lares que são crescentemente chefiadas por mulheres e é interessante observar que as famílias chefiadas por mulheres negras são aquelas que estão entre as famílias com menor renda média no brasil essas famílias são chefiadas por mulheres e compostas em sua maioria por mulheres e seus filhos então há uma questão bastante importante nesse ponto quando a gente pensa em como é que a atribuição da responsabilidade
pelo cuidado se define o entendimento de que as mulheres são as responsáveis prioritárias pelo cuidado ea privatização do cuidado atribuída às famílias é como núcleos de responsabilidade de gestão desse cuidado associadas produzem resultados bastante justos então essas mulheres são aquelas que têm menores condições de contratar serviços de cuidado e que mais precisariam contar com equipamentos públicos de cuidado que mantivessem seus filhos em segurança enquanto elas trabalham essas mulheres são quem é julgada quando algo acontece com seus filhos quando na trajetória dos seus filhos existe uma identificação por parte da sociedade de que algo deu errado
é porque não teriam sido capazes de cuidar adequadamente os seus filhos a uma defesa hoje por parte dos setores conservadores no brasil em outras partes do mundo de que a família retome o seu papel é no cuidado na manutenção das crianças dentro de uma perspectiva de ordem moral que envolve várias questões que vão da sexualidade a relação que se estabelece com as drogas mas é preciso perguntar o que tem sido feito para que as famílias realmente existentes as mulheres que têm seus filhos possam cuidar adequadamente dessas crianças é qual é a responsabilidade coletiva que nós
assumimos quando existe um recuo do estado na oferta de equipamentos de cuidados no orçamento para assistência social para o cuidado para a educação então a conexão entre essa experiência cotidiana frustrante da dificuldade de cuidar eu dei o exemplo das crianças às pessoas idosas das pessoas têm necessidades especiais por parte das mulheres é essa conexão entre essa frustração essa experiência cotidiana e o fato de que existe uma redefinição do lugar do estado nos padrões atuais do capitalismo neoliberal que retira recua responsabilidade social coletiva por esse cuidado ela precisa ser feita a insegurança que existe pela dificuldade
que temos de manter vínculos é de cuidarmos umas das outras uns dos outros ela vai sendo canalizada de modo que alimenta visões de ordem social que são na realidade absolutamente contrárias ao que seria necessário para que esses vínculos se fortalecessem é eu vou dar um exemplo é enquanto o estado recuo no provimento do cuidado é fica claro que o estado é muito presente na repressão seletiva às populações que têm condições mais precárias de manter vínculos de manter relações com segurança de criar os filhos com segurança então existe uma uma apropriação indevida da frustração em relação
ao cotidiano é dos vínculos uma apropriação indevida da insegurança ao real efetiva das pessoas em um momento em que a defesa conservadora da família é feita de modo que não traz nenhuma preocupação com as condições concretas reais de vida dessas famílias há uma associação interessante entre a insegurança social e os hispânicos morais na experiência concreta nas famílias o que a gente tem é a dificuldade mesmo de que o cuidado se estabelece de maneira de maneira adequada de que os filhos sejam criados com segurança é a insegurança muito grande porque não só o desemprego tem se
apresentado com um problema fundamental para a partir de ampla da população como também as condições de empregabilidade tornam muito difícil uma organização da vida é adequada do ponto de vista da manutenção dos vínculos do cuidado das outras pessoas bom enquanto isso se passa e essa frustração essa insegurança existem no cotidiano das pessoas a uma canalização dessa insegurança em pânico os morais que apresentam como um risco para as famílias as mudanças na vivência da sexualidade os novos padrões de vivência da sexualidade as transformações na moral sexual é a gente precisa é conseguir é entender o que
é que está na base da insegurança real e efetiva das pessoas é eo quanto o discurso de defesa da família ele se apropria dessa insegurança para trazer problemas que não são de fato aqueles que estão no cotidiano das pessoas é que dizem respeito a cristo cuidado as relações de trabalho as relações de cuidado de fato nos apresentam experiências específicas das mulheres mas não é por que as mulheres tenham maior disposição natural para cuidar das outras pessoas é porque nas relações sociais de cuidado as mulheres foram posicionados historicamente no lugar de cuidadoras é e há uma
expectativa em relação às mulheres que se apresenta desde a infância de que preenchem esse papel eu acho importante tocar nesse ponto porque é sim preciso desnaturalizar essa ideia vende que cuidar é questão de mulher por que por que do modo como a divisão das responsabilidades estabelece cuidar é uma desvantagem mas nós precisamos fazer isso com muita atenção porque o problema não está no cuidado nas relações de cuidado é que são parte necessária da vida cotidiana é nós precisamos de cuidado em um dos momentos cuidar de outras pessoas é parte do estabelecimento dos vínculos é é
algo que é necessário para tantos de nós que temos crianças por perto quais idosos amigos que adoecem e tantos outros exemplos que poderiam ser dados então é possível diz naturalizar a relação entre o feminino eo cuidado e ao mesmo tempo manter a problemática da interdependência da necessidade de cuidado como um problema político central eu gosto muito de uma discussão que é apresentada por uma autora que atuam no brasil é durante é boa parte da sua vida mas que a argentina o colega da unb a professora rita se gato é em que ela estabelece uma oposição
entre a lógica dos vínculos ea lógica das coisas o debate sobre o cuidado e nos ajuda a situar como um problema político central as relações numa perspectiva que é dos vínculos entre as pessoas e não a das relações de mercado a de como uma lógica da lucratividade impõe determinadas condições bastante precárias para que possamos cuidar umas das outras uns dos outros eu sou flávio biroli sou professora de ciência política da universidade de brasília e autora do livro gênero desigualdades limites da democracia no brasil sobre o qual fala nessa série de vídeos produzidos pela boitempo