MPOX: COMO SE PROTEGER

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Olá, Ciência!
A varíola do macaco está se espalhando. Nesse vídeo, eu vou te ensinar o que é a varíola do macaco, ...
Video Transcript:
No vídeo de hoje, eu vou te explicar o que está acontecendo com a varíola de macaco no mundo. Vários cientistas já afirmam que ela não pode mais ser contida e agora que a OMS declarou emergência internacional, será que você está em risco? Quem tomou a vacina da varíola humana está protegido?
Hoje nós vamos entender melhor essa doença e o principal: eu vou te contar como você pode se proteger. A varíola de macaco tomou proporções muito maiores do que se esperava e no dia 23 de julho de 2022 a OMS declarou uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Eu já fiz vídeo sobre o que isso significa e porque eu acho que a OMS atrasou muito nessa decisão, mas hoje eu quero focar mais na parte prática.
Eu estou vendo pouca informação sobre como essa doença é transmitida, quais são os principais sintomas que você precisa ficar atento e quem realmente precisa se preocupar. E no final, eu vou falar sobre as vacinas. Já existe uma vacina específica pra varíola de macaco, mas eu vou te contar porque ela ainda não está sendo aplicada no Brasil.
O meu nome é Lucas Zanandrez, Biomédico e eu fui atrás de todas as informações disponíveis nos estudos científicos pra que você economize o seu tempo e mesmo assim você receba informações confiáveis pra tomar as suas próprias decisões, fechado? Então já inscreve no canal, e comenta aqui embaixo se você tiver alguma dúvida que eu não resolvi nesse vídeo. Isso vai me ajudar muito a preparar os próximos conteúdos.
Eu vou começar resumindo o mais importante que você precisa saber: o que é a varíola de macaco e porque essa doença que antes era restrita à África, explodiu agora? Pouquíssimos médicos no mundo já viram um caso de varíola de macaco. Ela simplesmente não é uma doença ensinada nos cursos de medicina.
É uma doença negligenciada que até pouco tempo atrás estava afetando apenas populações pobres da África. E até meados de maio de 2022, quase não havia estudos publicados sobre ela. Mas isso já estava mudando.
E apesar de ter pego muita gente de surpresa, alguns cientistas já haviam dado um alerta. Mas ninguém ouviu. Em fevereiro de 2022, 3 meses antes do surto global começar, pesquisadores publicaram um trabalho alertando sobre o avanço da varíola de macaco no continente africano: os casos cresceram de forma lenta ao longo de décadas, sem um controle digno.
Com o fim da aplicação da vacina contra a varíola humana, que dá proteção cruzada contra a varíola de macaco, a imunidade da população na África foi caindo desde a década de 70. Algumas mutações genéticas permitiram com que o vírus fosse transmitido de humano a humano. Os próprios pesquisadores alertaram abre aspas: “a importância da varíola de macaco para a saúde pública não deveria ser subestimada”.
Fecha aspas. Mas foi. E cá estamos nós em uma emergência global com mais de 18.
000 casos no mundo no momento em que eu escrevi o roteiro desse vídeo. No Brasil, são mais de 700 casos. E diante disso, tem algo que eu quero te contar.
A varíola de macaco que circula no mundo hoje é diferente da que circulava na África. Não me entenda mal. O vírus da varíola de macaco que circula no mundo hoje é o mesmo vírus que circulava na África.
Mas a doença varíola de macaco está diferente. Enquanto estava restrita à África, a varíola de macaco atingia uma população pobre, subnutrida e com altos níveis de imunossupressão. A constante presença da AIDS em países africanos e a falta de alimentação adequada, levam a uma menor capacidade das pessoas de combater doenças infecciosas e a varíola de macaco se aproveitava disso, pegando principalmente crianças.
Até pouco tempo atrás, o que nós sabíamos sobre essa doença vinha de estudos com pessoas africanas. Depois de alguns dias da infecção, essas pessoas tinham febre, linfonodos do pescoço inchados e depois desenvolviam manchas e bolhas que começavam no tronco e depois se espalhavam pelo corpo todo. Mas agora, pessoal, o vírus está infectando uma população, em tese, mais saudável e está apresentando um comportamento diferente.
Nem todo mundo está apresentando febre ou linfonodos inchados e alguns sintomas estão chamando muita atenção. A varíola de macaco está apresentando poucas bolhas pelo corpo, mas muitas na região genital. Às vezes a pessoa nem apresenta bolhas, mas tem sangramento na região do ânus.
E isso não tem a ver só com o fato do vírus estar pegando pessoas mais saudáveis, tem a ver com uma nova via de transmissão. Na África, a principal via de transmissão era pelo contato próximo entre infectados, pelo uso compartilhado de lençóis e utensílios domésticos e pelo contato com animais na natureza. Essas ainda são formas de transmissão relevantes, mas hoje o vírus está também chegando nas pessoas através de relações sexuais.
Cada vez mais estudos estão sendo publicados com pacientes que são atendidos em clínicas de tratamento para infecções sexualmente transmissíveis. E os estudos são categóricos. A localização das lesões próximas à região genital sugere que o vírus está sendo transmitido pelo contato sexual.
É importante falar isso. Homens que fazem sexo com homens estão em maior risco hoje pessoal. Pelo menos é nessa população que mais de 90% dos casos estão concentrados.
E sem nenhum tabu aqui tá galera? Não tá claro ainda porque exatamente esses homens estão sofrendo mais com a doença. Pode ser simplesmente porque os primeiros casos aconteceram neles e como a via de transmissão por contato sexual é mais eficiente que outras, os casos acabam se concentrando nessa população.
E sem nenhum tabu aqui tá galera. Não tá claro ainda porque exatamente esses homens estão sofrendo mais com a doença. Pode ser simplesmente porque os primeiros casos aconteceram neles e como a via de transmissão por contato sexual é mais eficiente que outras, os casos acabam se concentrando nessa população hoje.
Mas outra coisa muito importante que tem que ficar clara é que a varíola de macaco não é exclusiva de homens que fazem sexo com homens. Mulher pode pegar? Pode.
Criança pode pegar? Pode. Existem relatos de casos de pessoas da mesma família que pegaram.
Mas isso é porque o vírus é transmitido pelo contato próximo com um doente. O sexo é apenas uma das formas de contato próximo que podem favorecer a transmissão. Mas tem mais coisas aí que os primeiros estudos e as primeiras entrevistas com pacientes também estão mostrando.
Os homens que fazem sexo com homens estão em maior risco hoje porque de acordo com os estudos, eles apresentam um comportamento de risco. Eles têm mais de um parceiro, às vezes, mais de 3, às vezes pessoas desconhecidas. Vários homens estão chegando nas clínicas com outras infecções transmitidas sexualmente além da varíola de macaco, sugerindo que existe uma falta de prevenção.
É por isso que essa população de homens que fazem sexo com homens já está sendo contemplada em campanhas de vacinação contra varíola de macaco mundo afora. E deve continuar assim por algum tempo. Eles são os mais vulneráveis hoje.
E pra segurar a transmissão, enquanto a vacina não está amplamente disponível, é importante que essas pessoas recebam esse tipo de vídeo aqui. Ninguém está falando isso com eles. Apesar desses homens estarem em maior risco, eu vou repetir.
A doença não é exclusivamente transmitida pela via sexual. É por contato. É por isso que a OMS continua preocupada com a varíola de macaco.
Ela provavelmente já está infectando a população geral, além desses homens e pode se tornar algo ainda maior, que aí sim pegaria outras populações vulneráveis, como grávidas, idosos, crianças e pessoas marginalizadas. E não é só a OMS que está preocupada. .
Uma série de cientistas afirma que a OMS errou em não declarar emergência antes e agora a varíola de macaco não pode mais ser contida. Serão anos de combate. Eu devo fazer mais um vídeo falando sobre o porquê disso, mas de forma prática, diante desse cenário, considerando que qualquer um de nós pode pegar a doença, como se proteger?
O primeiro passo pra você se proteger é evitar contato com pessoas infectadas e pra isso é necessário aprender a identificar os sintomas. Como eu disse, nem todo mundo está apresentando febre e linfonodo do pescoço inchado, mas se você apresentar esses sintomas sem uma causa bem explicada, procura um médico. E agora vamos dar uma olhada em algumas lesões que às vezes se parecem simples, mas na hora que você vai conferir, eram varíola de macaco.
O artigo que eu tirei essas fotos tá aí no comentário fixado e inclusive tem lá as fotos das lesões nas genitais que eu não vou colocar no vídeo pra ele não ser excluído pelo YouTube. Mas vamos lá. Essa pessoa aqui começou uma lesão no fundo da garganta e três dias depois, apresentou essas manchas vermelhas pelo corpo.
Com 21 dias, as manchas pelo corpo se resolveram, mas a lesão no fundo da garganta ainda não. Agora olha essa aqui pessoal. Esse homem teve febre e cansaço 7 dias após o contato sexual, e no oitavo dia apresentou uma bolhinha no pé e outra no dedo e só.
Essas fotos são das lesões no oitavo dia depois do contato sexual. A bolha se desenvolve, estoura e depois cicatriza. E esse homem aqui que depois de 3 dias do contato sexual desenvolveu febre, linfonodos inchados, cansaço e umas manchinhas na pele, mas só buscou o médico no oitavo dia de sintomas com dor no ânus e foi hospitalizado.
Só 14 dias depois do contato sexual que ele descobriu que as manchas na perna, a dor no ânus e uma bolhinha na palma do pé eram varíola de macaco. O que eu quero dizer com essas fotos pessoal, é que não é fácil identificar alguém infectado com varíola de macaco. Ela pode passar despercebida.
A própria OMS, desde o início do surto já considera que existem cadeias de transmissão indetectadas pelos serviços de saúde. Quantas pessoas podem estar com uma bolhinha dessas aí agora e nem imaginar que pode ser varíola de macaco? É por isso que você só vai se proteger evitando contato muito próximo, incluindo sexual, com pessoas desconhecidas ou evitando contato com pessoas que nos últimos dias apresentaram febre, linfonodos inchados ou manchas pelo corpo.
Basicamente, você precisa conversar com as pessoas pra além do básico e realmente perguntar se tá tudo bem. Às vezes, ela nem tá sabendo que tem um vírus novo circulando por aí, sacou? Sobre transmissão por superfícies, que vocês me perguntam muito, eu pesquisei e encontrei um estudo que mostra que superfícies de um hospital tratando pacientes com monkeypox estavam contaminadas com DNA do vírus.
Nenhum caso em profissionais de saúde foi relatado e os pesquisadores acreditam que a transmissão por superfícies é uma possibilidade, mas provavelmente não é a principal via. Ainda vão ser feitos novos estudos e o que eu tiro disso é que ainda é muito cedo pra gente começar a se preocupar com esse tipo de transmissão em locais públicos. São poucos casos e muito improvável que haja uma partícula viral infectante em qualquer superfície que você toque.
Hoje. Mas se você tiver com alguém com varíola de macaco em casa é muito importante no mínimo praticar o isolamento e não usar os mesmos utensílios ou ter contato próximo com essa pessoa. Se for profissional de saúde atendendo um paciente, obviamente é muito importante usar os equipamentos de proteção.
E por enquanto é isso que sabemos. Calma lá pessoal. Qualquer atualização eu trago aqui, então já se inscreve no canal pra não perder nenhuma novidade, porque agora que você já sabe como se proteger, eu vou falar dela: a vacina da varíola de macaco.
A varíola humana, que é diferente da varíola de macaco foi eliminada do Brasil na década de 70, através de uma vacina. Se você nasceu antes de 1971, você provavelmente até tomou aquela vacina lá da pistola. Se é o seu caso e você tomou vacina contra varíola humana lá nos anos 60 e 70, provavelmente você guarda alguma imunidade cruzada contra a varíola de macaco hoje.
Mas apesar de a OMS relatar que essa eficácia pode ser de 85%, nós ainda não sabemos se ela dura até hoje. Como eu disse, é como se estivéssemos lidando com uma nova doença. Então é muito arriscado nesse momento dizer que você que tomou essa vacina contra varíola está protegido.
E a realidade é que quem nasceu depois de 1971 não tem nenhuma imunidade contra a varíola de macaco. Mas já existe uma vacina pra varíola de macaco, certo? Pois é.
Já, uma empresa dinamarquesa chamada Bavarian Nordic produziu a Imvanex, que é uma vacina segura e eficaz que protege contra varíola humana e varíola de macaco. Mas tem um problema: um dos motivos que os especialistas acreditam que a varíola de macaco não pode mais ser contida é que não tem vacina disponível pra aplicar a tempo em todos os vulneráveis hoje. A Imvanex foi aprovada na Europa em 2013 e nos Estados Unidos em 2019, mas como nunca houve um incentivo mundial pra produção porque a doença era negligenciada e restrita à África, os estoques hoje são baixos e insuficientes pra uma campanha de vacinação em massa.
E aí você pode me perguntar… o Brasil tá preparado… o Ministério da Saúde já se movimentou e tá negociando a compra da vacina… Sim… mas poderia ser melhor. Enquanto os Estados Unidos pretendem aplicar 1,25 milhão de doses da vacina primeiro na população de homens que fazem sexo com homens, o Brasil vai seguir a estratégia de aplicar a vacina na população de profissionais de saúde e contatos de pessoas com a doença primeiro. Na minha visão, essa decisão é um erro e eu espero que reconsiderem até a data que a vacina estiver disponível.
Eis o porquê. Realmente não há recomendação de aplicação da vacina em massa, em todo mundo, porque a varíola de macaco não é nem de longe uma doença em que todos são vulneráveis como a COVID. Mas aplicar primeiro em profissionais de saúde e contatos não cobre aqueles que estão sob maior risco hoje, que são os homens que fazem sexo com homens.
Eles é que deveriam ser o primeiro grupo vacinado. Profissionais de saúde e contatos de pessoas infectadas provavelmente são as pessoas que mais se protegem por já saberem que vão lidar com o paciente infectado. É claro que eles precisam ser vacinados, por também estarem em risco, mas a principal população está sendo deixada de fora na estratégia brasileira e isso pode colaborar com o avanço dos casos.
Na minha visão tá? Será que vale a pena cometer o mesmo erro de estigmatizar a população de homens que fazem sexo com homens e deixá-los sem informação e proteção, como foi nos primórdios da epidemia de AIDS? Você pode me ajudar a corrigir esse erro e a dar esse alerta, compartilhando esse vídeo e me seguindo no Instagram, onde eu trago conteúdo que muitas vezes não vem aqui pro YouTube.
Me conta se foi esse vídeo foi útil pra você, com a #utilidadepública, pra eu ver quem chegou até aqui. Me diz se ficou alguma preocupação que eu vou ler os comentários. E se quiser entender melhor essa questão aí da emergência internacional, o que isso significa… assiste esse vídeo aqui, que eu explico, beleza?
Ou se tiver interessado em outro assunto, assiste esse vídeo que o YT te recomendou. Um grande abraço, fique atento aos sintomas e eu te vejo no próximo vídeo. Tchau.
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