Paul Brunton - Mantenha o Silêncio

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Corvo Seco
Trechos retirados do livro “Ideias em Perspectiva”, de Paul Brunton. Nascido em Londres, Raphael Hu...
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Há um silêncio que nasce da ignorância e outro que nasce do conhecimento - do conhecimento místico. A interpretação correta só vem através da faculdade intuitiva, e não através do intelecto. Essa quietude é a parte divina de todo ser humano.
Ao deixar de procurá-la, o indivíduo deixa de tirar o máximo de proveito de suas possibilidades. Se, procurando, ele a perde no caminho, isso acontece porque ela é um vazio: simplesmente não há nada lá! Isso quer dizer: não há coisa alguma, nem mesmo coisas mentais, ou seja, pensamentos.
O Divino não é a quietude, mas é  encontrado pelos seres humanos que estão na condição prévia de quietude. A  quietude é a reação humana deles à presença do Divino, presença que  entra no seu campo de consciência. A Quietude é não só uma Compreensão  ou um insight da mente, mas também uma Experiência do Ser.
Todo  movimento ou vibração para. Não é fácil traduzir esse silêncio sagrado de modo a tornar-se compreensível, mas é preciso tentar. À medida que o centro de um indivíduo  se desloca para uma profundidade maior de ser, a paz de espírito  torna-se cada vez mais uma companheira constante.
Isso, por sua vez, influencia  o modo com que ele lida com suas atividades mundanas. A impaciência e a estupidez desaparecem; e a ira e a malignidade são disciplinadas; a falta de coragem em situações adversas é controlada, e a tensão quando ele está sob pressão é diminuída. Mantenha o Silêncio. 
Paul Brunton. A verdade jaz escondida no silêncio. A verdade pode ser escrita ou falada,  divulgada em sermões ou publicada, mas a sua mais duradoura expressão e  comunicação é transmitida, através do mais profundo silêncio, para a  natureza mais profunda do homem.
A razão por que essa iniciação na quietude - iniciação sem imagens, interior e silenciosa - é afinal tão mais poderosa, é que atinge o próprio homem, ao passo que todos os outros tipos de iniciação atingem apenas seus instrumentos, veículos ou corpos. Quando os pensamentos e desejos  pessoais do ego são desnudados, eis que nos vemos tal como éramos no nosso  primeiro estado e tal como seremos no último. Somos, então, apenas o Ser  Real, na sua quietude e solidão Divinas.
Quando o homem atinge temporariamente  essa condição sublime, ele deixa de pensar, pois a sua mente se  emudece com a paz celestial. Não importa quão escuro ou tortuoso  seja o passado, quão miserável seja o emaranhado que o indivíduo  tenha feito de sua vida, essa paz inefável tudo apaga. Dentro desse abraço angélico não se  conhecem erros, não se sente a miséria, não se relembra o pecado.
Uma profunda purificação toma  posse do coração e da mente. Nessa profunda quietude, na qual todo  traço do eu pessoal se dissolve, ocorre a verdadeira crucificação do ego. Esse é o real sentido da crucificação, como a ela se era submetido nas antigas iniciações  do templo do Mistério e como a ela foi submetido Jesus.
A morte  subentendida é mental, e não física. Aquele que alcança essa bela serenidade  está remido da miséria dos desejos frustrados, está curado das feridas das lembranças amargas, está liberado da carga das lutas terrenas. Ele criou um centro invulnerável e  secreto dentro de si mesmo, um jardim do espírito que não pode ser tocado nem  pelos sofrimentos, nem pelas alegrias do mundo.
Ele encontrou uma  transcendental unicidade da mente. Só é capaz de formular seu próprio  pensamento, sem influência de outros, aquele que se treinou para entrar na Quietude, onde sozinho, é capaz de transcender todo o pensamento. A Verdade que conduz um homem à  liberação de todas as ilusões e escravidões é percebida nas profundezas  mais interiores do seu ser, lá onde ele está completamente isolado  de todos os outros homens.
O homem que atingiu esse conhecimento  encontra-se numa solidão sublime. É pouco provável que se afaste dela  com a intenção de iluminar seus semelhantes, já que eles estão  acostumados à escuridão e já que se sentem tão à vontade dentro dela. Ele só sairá dessa solidão se alguma outra força de compaixão, propulsora, surgir dentro dele e o levar a fazê-lo.
Se o aspirante conseguiu manter a  mente de certo modo calma e vazia, seu próximo passo é encontrar o centro de si mesmo. Não basta alcançar a paz de espírito. O aspirante precisa penetrar o Real ainda mais profundamente, e  conseguir a alegria do Coração.
Se a mente pode atingir um estado que  fique livre de suas próprias ideias, projeções e desejos, ela pode  atingir a verdadeira felicidade. Aquele belo estado no qual a mente se  reconhece pelo que ela é, no qual toda atividade é aquietada, com exceção  apenas da atividade da consciência, e assim mesmo de uma consciência  sem um objeto - esse é  o coração da experiência. Essa é a solidão suprema, à qual todos  os seres humanos estão destinados.
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