O ensino da cultura afro-brasileira nas escolas: lei completa 20 anos - Opinião Minas

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Opinião Minas
A lei que exige o ensino de história afro-brasileira completa vinte anos. A discussão é fundamental...
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[Música] Olá boa noite ali que exige o ensino de história afro-brasileira completa 20 anos a discussão é fundamental para combater o racismo e reconhecer de fato a contribuição da população negra na construção do país mas a lei não basta como tem sido tratado esse tema dentro da sala de aula opinião Minas começa agora [Música] [Aplausos] [Música] [Aplausos] [Música] desde 2003 o ensino da história e cultura afro-brasileiras nas escolas se tornou obrigatório o conteúdo programático deve incluir o estudo da história da África e dos africanos A Luta dos negros no Brasil a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional e para tratar desse assunto nós vamos receber aqui no estúdio a Fabíola Cristina Santos Costa Ela é pedagoga e professores especialista em histórias e culturas africanas afro-bras indígenas na Universidade Federal de São João Del Rei boa noite para você seja muito bem-vinda Fabiano muito obrigada pelo convite anemia existe do Santos ela é Professora Doutora da Universidade Federal de Uberlândia ela também é organizadora do livro construindo uma educação antirracista reflexões afetos e experiências Olá boa noite para você como vai nele Boa noite é uma satisfação muito grande estar aqui com vocês compartilhar as nossas experiências muito obrigada pelo convite a gente que agradece a disponibilidade pela participação e a distância com a gente vamos falar desse tema importantíssimo para essa lei que completa fazendo aniversário e esse ano exigir determinar obriga as escolas a levar esse tema para sala de aula porque é importante ter uma lei para tratar desses temas começar aqui com você Fábio Bom eu acho que primeiro é importante porque era uma lacuna que estava né no nosso currículo escolar a gente tem um currículo que ainda é muito Colonial que privilegia é uma ciência uma cultura muito erocêntrica né E nós vemos de anos e anos das crianças negras encontrando na escola um ambiente hostil um ambiente que não é enxergava que não valorizava enquanto criança negra quando adole negro né então a gente vinha de um processo de negação dessa história e dessa cultura então a lei 10. 639 ela foi um Marco muito importante né de luta do movimento negro na educação para incluir essa temática que não existia né não sei você na sua formação mas eu enquanto estudante eu não tive nenhum livro é com personagens negros Eu não conhecia a história de zumbi não conhecia outros personagens né da nossa história afro-brasileira não aprendi nada sobre África o que me foi ensinado foi que nós somos descendentes de povos escravizados né Isso não é verdade nós somos ensinados África e por que que essa história não é contada né não era contada nas escolas né então A lei foi um Marco porque ela iniciou esses debates né ela completou agora em Janeiro 20 anos né a gente fala nossa já tem 20 anos da Lei e muitas pessoas falam que poucas coisas aconteceram Mas se a gente comparar com os anos anteriores né os séculos que nós estamos aí com esse currículo Colonial 20 anos é muito pouco para as mudanças acontecerem né Então as mudanças estão aí Pouco a Pouco né as professoras os professores estão buscando trabalhar a temática então eu assim eu só tenho uma visão otimista eu acho que assim muito ainda Precisa se fazer né ainda um longo caminho você percorrido mas a lei foi importante para trazer essa discussão para educação para que porque quando é um outro professor trabalhava isso na escola ele era taxado como militante ou às vezes era responsabilidade Só do professor sabe e com a lei 10. 639 isso se tornou obrigatório para todo todos os professores durante todo o ano todo ano letivo para todas as disciplinas então a lei assim foi fundamental para que o debate fosse viesse à tona entrasse para sala de aula um debate para vir à tona Claro passando pelo educação importante para educação de conhecer essa história mas para a gente combater o racismo que a gente vive hoje em dia sempre viveu na verdade mesmo que a gente vive presencie cada vez vem mais à tona aí esses cachos racismo que nós vamos falar o que que tem a ver essa obrigatoriedade essa lei ensinando sobre esse tema na sala de aula O que que tem a ver com racismo o quê daqui a pouco a gente vai falar sobre isso quero saber a gente quer saber o seguinte quando a gente fala de uma Lene é obrigando determinando que essas disciplinas sejam passadas em sala de aula e que esse tema seja tratado ele com os estudantes com os alunos a gente fala também de formação de um professor da formação do professor para tal para fazer essa aplicabilidade para poder passar esse conteúdo e como a fa com a gente antes a gente tinha muito Quase que o professor negro só falando sobre isso ou quando ele falava ele era tido como militante ali né e agora como está essa formação para o professor para trazer essas disciplinas aí para sala de aula a gente tem 20 20 anos da lei O que que você disse para a gente desse tempo eu concordo com a minha colega é Fabíola nessa perspectiva de pensarmos que estamos tratando de séculos de concepções equivocadas do ponto de vista da humanização e que estamos tratando de práticas violentas Não é além da negação que é um processo que violenta há também a desvalorização que é colocar o corpo negro a história Negra não polo negativo de precarização de miséria de pobreza de ausência de contribuições na ciências em outras dimensões humanas então para complementar A análise que ela faz com a qual eu concordo a formação de professores tanto a formação Inicial que se dá nos cursos de graduação né na licenciatura como também a formação continuada ela tem avanços mas ela também tem entraves a medida que a gente traz esses professores para uma compreensão mais Ampla das dimensões da lei que ela Abarca o currículo ela abaca os conteúdos mas ela Abarca também os modos de ensinar Então esse modo de ensinar ele traz um dizer assim uma sutileza que é uma inversão do nosso olhar para que as relações étnico-raciais hierarquizadas elas sejam substituídas por relações étnico-raciais que crimem pela igualdade de direitos reprimem pela justiça que imprime pela valorização das contribuições dos povos negros indígenas que têm sido valorizados em detrimento da contribuição Europeia e quando ele traz para a gente essa questão das Ferramentas também dessa passagem desse ensino dessa aprendizagem elas também foram se modificando ao longo do tempo para trazer subsídio por Professor mesmo é trazer um apoio para o professor ali dentro da sala de aula mesmo isso vem se modificando a gente tem novos ferramentas novas possibilidades para eles sim no início a gente tinha pouquíssimos livros de literatura na escola a gente assim tinha um acervo muito pequeno na biblioteca e raro né então assim era muito difícil trabalhar quando a lei foi promulgada as professoras reclamavam muito disso mas como que a gente vai trabalhar não tem material né então com a lei né as prefeituras as livrarias né as editoras publicaram muitos livros aqui em Belo Horizonte principalmente na nossa rede a própria prefeitura disponibiliza para as escolas um kit de literatura africana é afro-brasileira indígena então cada escola já tem o seu kit com o número muito de livros né Então essa questão da materialidade de livros didáticos aumentou né No decorrer desses 20 anos e o professor tem também na internet muitos sites muitas redes de apoio para ele estar buscando esses materiais né uma dos meus projetos é tá facilitando esse esse trânsito do professor para aquele conhecimento que ele tem que passar para sala de aula né então eu elaborei um projeto primeiro pratiquei esse projeto né no ano de 2019 que é o Projeto África que a gente trabalhou durante o ano todo cada mês a gente estudava um país africano tentando entender ele é a sua cultura as suas personalidades a sua história trazendo a África para sala de aula com crianças de 6 anos de idade e como esse projeto ficou muito conhecido na cidade a gente concorreu ser para ser finalista no prêmio certo então eu falei assim não eu não posso guardar esse projeto só para mim em um dos frutos do projeto foi uma apostila a gente criou uma apostila para o professor trabalhar em sala de aula disponibilizo Ela é virtualmente né Então as professoras têm procurado muito para saber como que trabalha com essa apostila como que eu faço para adquirir né então você é um projeto que durante todo o ano em várias disciplinas tanto da geografia história matemática língua portuguesa os professores podem trabalhar durante o ano letivo durante pegando seus conteúdos próprios mesmo né que os professores têm que trabalhar e trazendo algo novo para sala de aula que os alunos se interessam gostam muito sabe e esse ano também eu produzi um alfabeto Esse é o alfabeto brasileiro eu fiz com palavras nossa língua portuguesa que tem origem na língua nas línguas africanas né então eu fui ali colocando as imagens Esse é uma letra você traz uma palavra então tem essa origem e isso na sala de aula geralmente a gente coloca em cima do quadro esse suporte né esse alfabeto para as crianças consultarem no momento da dúvida da escrita de alguma letra né E sempre é um alfabeto muito infantilizado e com personagens brancos às vezes os meninos é princesas loiras e esse aqui eu fiz de uma maneira diferente então os professores estão gostando muito eu fiz ele Nessa versão colorida e na versão preto e branco também para que a criança possa manipular e colorir sabe fica mais fácil né E isso e a representatividade conta muito né As crianças se enxergarem ali verem mais negras mais negros crianças negras na sala de aula isso é muito importante a gente Trazer isso é sobre a diferença né ele também diferença para compartilhar aí com a gente porque ela é organizadora do livro construindo uma educação de racista e reflexões afetos e experiência ela vai mostrar aí para a gente também conta um pouquinho da história desse livro O que que vocês trazem no livro Neli eu te livro ele faz parte de um projeto que a gente vai comentar um pouco mais adiante e ele buscou um diálogo com várias regiões do Brasil Então a gente tem textos cujas experiências decorem da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia mas também a gente conversa com profissionais Ribeirão Preto do Pará do Rio Grande do Sul do Tocantins ou seja ele é um livro é plural na perspectiva de professores e professoras gestores de Secretaria de Educação na Perspectiva da construção da Educação de racista quem ler este livro vai encontrar aqui tanto pistas relacionadas com a sala de aula mas também ela vai encontrar algo que é muito importante é de ser abordado que é a para a educação anti-racista às vezes quando a gente diz da lei a gente efoca bastante é no professor na professora e nas disciplinas mais voltadas para ciências humanas não é este livro ele amplia um pouco mais esse debate trazendo para cena também a responsabilidade de gestores a responsabilidade da Equipe técnica e aí eu tomo a liberdade de pegar esse exemplo que a colega Fabíola trouxe esse material didático por exemplo para que ele se torne algo ao máximo compartilhado não só na região dela mas em todo país é necessário que que gestores que financiamentos sejam aportados daí que eles estão criando um pouco mais o nosso olhar para esse compromisso com educação de racista para esse compromisso com a aplicação da 10639 de 2003 a Fabíola traz um exemplo maravilhoso do que seria responsabilidade do que seria não do que é responsabilidade do poder público do Estado por exemplo a produção em larga escala de um material tão rico muito rico é verdade tem toda razão ele e quando você está falando a gente está trazendo essa questão do material didático desse ensino da Lei tá trazendo a questão do livro do que que ele reúne aí para a gente o que que será gente que falar sobre esse tema de trazer essa história para dentro da sala de aula responsabiliza não só o professor chamando não só professor para responsabilidade mas os gestores como ele disse para a gente e a todos nós toda a sociedade o que você não tem a ver com racismo do dia a dia o racismo que a gente vê estampado nos jornais e cada vez mais práticos exemplos práticos que ganham a grande mídia todos os dias o que que isso tem a ver com o racismo na prática como falar sobre esse assunto daqui a pouquinho depois do intervalo a gente volta então com essa discussão aqui na opinião meninas até já [Música] [Aplausos] [Música] estamos de volta falando do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas lei que obriga determina temática na sala de aula completa e 20 anos essa lei Os questionamentos são muitos Rios sobre a condução da pauta com os alunos e a condução dessa pauta por toda a sociedade também nós Recebemos hoje aqui no estúdio a Fabíola Cristina Santos Costa Ela é pedagoga e professor especialista em histórias e culturas africanas afro-bras indígenas na Universidade Federal de São João Del Rei e virtualmente nós recebemos também anemia dos Santos Célia Professora Doutora da Universidade Federal de Uberlândia e ela também é organizadora do livro construindo uma educação antirracista e reflexões afetos e experiências que daqui a pouquinho eu vou te ensinar aí como você faz para ter acesso a esse livro gratuitamente graça viu bom a gente tá trazendo essa questão Fabíola falando sobre essa lei então obrigatoriedade desse ensino dentro da sala de aula da história dos negros e de não relegar eles só o papel da escravidão mostrar que os negros estão em outros espaços na de construção da nossa sociedade também quando a gente fala desse ensino dessa história dessa temática toda como que ela casa o que que a gente está dizendo de combate ao racismo do dia a dia que a gente vê todos os dias que praticam com a gente todos os dias por que que é importante essa educação lá na sala de aula e como que ela reflete na nossa sociedade aqui fora é a educação anti-racista ela é importante nesse no combate ao racismo estrutural sobretudo né porque porque na nossa nossa sociedade o racismo ele não está só nas pessoas individualmente ou só nas instituições ele faz parte da nossa estrutura na nossa história a nossa sociedade foi estruturada Com base no racismo né então o racismo está na escola tá na família tá no nosso dia a dia e ele aparece na infância né algumas pesquisas apontam que o momento que a criança ela dá de cara com racismo quando ela entra na escola porque muitas vezes na família ela tá preservada de alguma forma mas ela entra na escola ela não se vê né em nenhum nos Morais ela não se vê nas atividades não se vê no currículo e nas relações éticas raciais ali com outras crianças ela às vezes ela tem que lidar com xingamento ela tem que lidar com o apontamento sobre o cabelo dela sobre a cor da pele e isso causa muita dor interfere no aprendizado daquela criança e na relação que ela tem ali com a escola né então a lei 10.
639 ela é importante no combate a esse racismo que é estrutural então ali na escola nós vamos ensinar as crianças a respeitar né uns aos outros a ver que a história do negro ela é importante que a população ela foi escravizada né eles foram trazidos na África para serem escravos escravizados aqui mas que eles construíram a nação foi só pela força de trabalho eles trouxeram cultura trouxeram literatura trouxeram da sua arte né então esse conhecimento empodera a criança ela começa a perceber que ela tem valor que ela é importante que é as origens delas são de reis e rainhas que vieram de outras terras né ela passa a entender como Isso faz parte da personalidade dela né como Hoje nós estamos em outros espaços não é mesmo na academia nas universidades na televisão e outros espaços que nós estamos também sim não só Aqueles subalternos né Porque durante muito tempo os livros didáticos quando trazem o personagens negros eram né na empregada doméstica em trabalho outros tipos de trabalho que não de destaque não que esses não sejam importantes né que estamos em todos os lugares mas quando ia apresentar um médico ou falar de outras profissões né tidas como destaque de Elite pessoas brancas né Então as crianças tinham como referência apenas esse tipo de pessoa e hoje em dia a lei vem mostrar que pode ser diferente e ainda falando dessa educação eu queria que você dissesse para a gente falou do livro no primeiro bloco e nele disse para a gente que a gente pode ter acesso ao livro de graça nele ele vai ensinar para a gente como que baixa esse livro Como que a gente tem acesso a esse a esse conteúdo e dizer também eu quero que você explique para a gente de um projeto que vocês têm aí de uma educação de racista do qual livro é uma dos produtos uma dos Ganchos aí mas a gente tem outras ações do projeto também não é isso sim olha o livro pode ser baixado no site da editora CRV www. editora crb. com.
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