Bem vindos ao Falando Nisso de hoje nesse canal nosso do youtube com a pergunta de Alana Fantin sobre o que que é a transferência e se ela se manifesta fora da relação analítica e qual seria a diferença nesses dois casos de fato a transferência é um fenômeno universal o Freud quando ele se pergunta do que que é feita a transferência ele responde de uma maneira muito simples ele diz assim a transferência é amor, a transferência é a repetição a reatualização das na história dos nossos amores como os nossos novos encontros então se produz na transferência
uma espécie de descompasso né a gente está repetindo modalidades, afectos, identificações, demandas que formavam a nossa a nossa experiência de amor até então e com alguém que quer um novo personagem só que a gente resiste um pouco a admitir o novo a reconhecer que ali há alguém que é uma contingência absolutamente inédita, então nesta relação vão se infiltrando padrões antigos repetitivos e que, esse é um passo fundamental, e que repetem a neurose de cada um, então a transferência segundo a definição é a miniatura das nossas neuroses é o concentrado das nossas neuroses é quando a
gente pega elas e coloca todas elas numa única relação Lacan vai dizer que tem um fator muito importante pra desencadear a transferência que é fala autêntica, que é a fala plena, que a fala espontânea ele diz toda vez que nós nos dirigimos ao outro nós falamos ao outro espontaneamente e autenticamente a transferência tende a se desenrolar e ela tende acontecer porque o amor não é só aquela experiência romântica que leva ao casamento mas o amor está em todas as nossas relações bem como as suas gramáticas né de amar e ser amado, de amar e odiar
que não são opostos e de amar e de construir indiferenças a transferência então como uma forma de amor, como uma suposição de um sujeito para esse saber a definição que o Lacan vai dar pra transferência ela não é exclusiva da psicanálise ou ela não exclusiva inclusive das psicoterapias, o que o flamengo teria descoberto é uma maneira de operar com a transferência de usar a transferência para curar nossos sintomas para descobrir a verdade dos nossos desejos para rehistoricizar a nossa experiência como sujeitos, então ele usa a transferência mas a transferência poderia podemos dizer ela tem ela
tem formas selvagens, ela tem formas rebaixadoras por exemplo nas instituições, diz o Freud, nos processos de grupo, nos processos de massa é muito frequentemente o líder, o líder populista por exemplo que que ele faz ele usa a transferência o amor que a massa despende a ele para controlar, para regredir, para manipular, para fazer com que se reatualize um amor infantil, regredido e muito simples na verdade em outras tantas situações por exemplo nas empresas, nossa relação com os chefes, nossa relação com professores, nossa relação com médicos e a gente vai percebendo que a transferência ela tem
uma outra função né ela depende então do saber mas ela depende também da autoridade aquilo que a gente constitui como autoridade no fundo também está se aproveitando né atualizando alguma forma de transferência também a admiração quando a gente admira alguém como hoje quando a gente coloca alguém nesta posição do nosso ideal e eu ali está andada essas condições para que a transferência ocorra, portanto se ela é um fenômeno universal ela também explica as patologias da transferência né como a gente gosta de se colocar em relações dependenciais, como a gente tem uma tentação a se fazer
um servo voluntário no outro, agente uma tentação a abrir mão do nosso desejo e trocar esse desejo pela demanda do outro que é a definição que o Lacan da da própria neurose, da identificação do nosso desejo com a demanda no outro então a transferência ela acontece fora do tratamento mas no tratamento ela vai sendo levada a sua autodissolução que seria o objetivo e o fim de uma análise né uma análise não dura para sempre, ela num certo sentido é interminável porque a gente sempre terá um inconsciente mas aquela análise, aquela transferência ela é finita essa
é uma descoberta do Freud portanto de que a gente pode se livrar de um amor, a gente pode superar o amor, a gente pode fazer o luto desse amor e isso seria essa mesmo essa dissolução da transferência que é o que o psicanalista tem como orientador da sua ética e do seu desejo então não é compatível com isso a idéia de eternizar o tratamento, de tornar o tratamento infinito, de fazer o tratamento uma coisa assim que é bom para todo mundo então a gente faz para sempre porque no fundo isso é um pouco recuo em
relação a essa tarefa que é como desmontar a transferência depois que a gente usou ela pra curar os sintomas, pra separar o sujeito das suas identificações, para atravessar o sujeito na sua fantasia fundamental.