Ramana Maharshi - O que é a Realidade?

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Corvo Seco
Citações e trechos do livro “The Teachings of Ramana Maharshi in His Own Words”, de Arthur Osborne. ...
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O que é a Realidade? Ramana Maharshi. Ela não tem nomes nem formas,  mas é o que os sustenta.
Ela é a base de todas as limitações, sendo em si mesma ilimitada. Ela não é confinada a nada. Ela é a base de tudo o que é irreal,  sendo em si Real.
É aquilo que é. Ela é como é. A Realidade transcende a  fala e está além de descrições tais como existência e não-existência.
Um visitante pediu a Bhagavan: “Mostre-me a Realidade”. Bhagavan respondeu: O Real está sempre presente, tal como  uma tela onde se projetam as imagens no cinema. Mas enquanto as imagens são  projetadas, a tela se torna invisível.
Ao suspender a projeção, a tela tornar-se-á  visível. A tela sempre esteve presente, de fato, foi único objeto que  perdurou durante todo o tempo. Da mesma forma que só teremos  consciência de estarmos vendo uma corda quando constatarmos que nos iludimos  ao pensar que era uma serpente, assim também, a visão ou experiência da  Realidade não poderá ser obtida até que a falsa visão ou superposição  do universo seja abandonada.
A existência ou consciência é a única  Realidade. A consciência é a tela sobre a qual todas as cenas vem e vão. A tela é  o real, as imagens ou figuras são meras sombras nela projetadas.
Você vê várias cenas passando na tela: o fogo parece queimar os prédios, a água parece naufragar navios, mas a tela de cinema sobre a qual as imagens são projetadas não é queimada pelo fogo nem molhada pela água. Por quê? Porque as imagens são irreais e a tela é real.
Semelhantemente, inúmeras imagens são  refletidas num espelho sem que este seja afetado por elas. Igualmente, o  mundo é um fenômeno sobre o substrato da Realidade única que não é afetado  por ele de maneira alguma. Todos esses universos, seres humanos,  objetos, pensamentos e acontecimentos são apenas figuras que se movem  na tela da pura consciência, a qual é a única coisa real.
Aquilo que realmente existe é  apenas o Eu, Brahman, ou Atman. A única coisa necessária é que  abandonemos a percepção do não verdadeiro como verdadeiro. Estamos todos envolvidos  em ver o irreal como real, somente temos que deixar esta prática,  então, perceberemos o Atman.
Tome por exemplo as letras e o papel  sobre o qual elas estão impressas. Você está totalmente fixado nas palavras e  não presta atenção ao papel, que é o real substrato. Você está tão absorto nas  letras que se esqueceu do papel, mas os Iluminados veem o papel como o substrato,  quer as letras apareçam nele ou não.
Em uma sala de teatro, a luz existente  ilumina tanto as pessoas que se acham nela encenando uma peça como quando  nada está sendo encenado. É a luz que nos permite ver o palco, as pessoas e a  cena. Estamos tão absorvidos nos objetos ou aparências reveladas pela luz que  não prestamos atenção à própria luz.
Nos estados de vigília ou de sonho (nos  quais aparecem as coisas) e no estado de sono profundo (quando nada é visto)  a luz da Consciência ou do Eu acha-se sempre presente, tal como a luz da  sala que brilha permanentemente. O que se tem a fazer é concentrar-se  naquele que vê e não no objeto visto. Isto é, na luz que o revela.
Quando a  atenção é retirada dos objetos e focada exclusivamente no Atman, a verdade é revelada. Em uma sessão de cinema, há uma tela, onde cenas se desenrolam com vários personagens e objetos. Aquele que vê e os seres e objetos  vistos são meras sombras na tela, a qual, sendo a única realidade, serve  de sustentáculo a todas as cenas.
No mundo também, aquele que vê, o  vidente, e o que é visto constituem em conjunto a mente, e a mente é suportada  pelo Atman ou tem como base o Atman. O mundo nada mais é que a mente. Por acaso existe um mundo independente da mente?
Se a mente, que é fonte de todo conhecimento  e atividade desaparecer, a visão do mundo também desaparecerá. Questões sobre a realidade do mundo e sobre a existência da dor ou do mal no mundo cessaram quando você indagar: “Quem sou eu? ”, e encontrar aquele que vê.
Sem o vidente, o mundo e o mal alegado não existirão. Conhecer tudo, exceto o Conhecedor, é apenas ignorância. A mente nada mais é que um feixe de pensamentos, esses pensamentos dependem apenas do pensamento-eu (ou Aham-Vritti), consequentemente, a mente nada mais é do que esse pensamento-eu.
Com a respiração e a fala controlada,  e com a mente centralizada, devemos mergulhar profundamente em nosso interior  e atingir a Fonte de onde surge o “Eu”. Mergulhar assim no interior é  Atma-Vichara, a auto-investigação. Faça a pergunta: “De onde surge esse  pensamento-eu?
” – Qual é a fonte deste sentimento “eu”? Ao inquirir profundamente, o pensamento-eu, envergonhado, desaparecerá. Isso é Vichara.
Quando alguém pergunta: “O que é a mente? ” Ele descobre que não há mente, este é o caminho direto para a Realidade, aberto para todos. Quando o pensamento-eu (ou o ego) é  destruído, o verdadeiro si surge por conta própria no coração espiritual, e brilha  como o Eu-Eu em toda a sua plenitude.
Este verdadeiro Eu-Eu (Aham Sphurana)  é a única Verdade ou Realidade. Você vê as figuras projetadas na tela  de cinema apenas na penumbra ou na obscuridade, mas quando todas as  luzes da sala são acesas, todas elas desaparecem, assim também, na luz toda  penetrante do Atman, todos os objetos desaparecem. A ilusão é apenas devido ao ponto de vista.
Mude o seu ponto de vista para o do Conhecimento absoluto (Jnana) e você perceberá que o universo nada mais é do que Brahman. Estando imerso no mundo, você vê este mundo como real; transcenda-o e ele desaparecerá, restando apenas o Real. O Vedanta diz que o cosmos surge simultaneamente com aquele que o vê, sem expor nenhum processo detalhado de criação.
É semelhante a um sonho, no qual aquele que experimenta o sonho surge simultaneamente ao sonho que ele experimenta. O não-dualista diz que o mundo é  irreal, mas ele também diz: “Tudo isto é Brahman”. Então fica claro que o  que ele condena é ver o mundo como objetivamente real em si mesmo,  sem encará-lo como sendo Brahman.
O mundo é mesmo real, mas não  como uma realidade independente e autosubsistente, assim como o homem  que você vê em um sonho é real como uma figura onírica, mas não como homem. Diferentes observadores viram diferentes aspectos da verdade em tempos diferentes, e cada um enfatizou um ponto de vista particular. Por que você se preocupa com as suas declarações conflitantes?
Para entender qualquer coisa deve haver um eu. Tudo o que existe, quer você chame de ilusão (Maya), Brincadeira Divina (Lila) ou Energia (Shakti), deve existir dentro do Eu Real, e não fora dele. O Eu é evidente, então por que não permanecer como o Eu?
O que o não-eu precisa explicar? A Realidade não tem nomes, nem formas. Aquilo que se acha por trás de nomes e formas é a Realidade.
A Realidade é meramente a consciência que permanece depois que a ignorância foi destruída. O que fica, é apenas o Ser, o Atman. Sua forma é o silêncio, e os Jnanis a declaram como o estado final e sem obstrução do verdadeiro Conhecimento (Jnana).
Você deve saber que o estado Supremo  de liberação existe apenas em uma mente que atingiu o estado de  silêncio e em nenhum outro lugar. Conheça que só Jnana é não estar atado,  só Jnana é pureza, Jnana é alcançar a Deus, Jnana na qual não se esquece o  Ser é a imortalidade, só Jnana é tudo. É somente a existência, porém,  diferente do real e irreal.
É Jnana (Conhecimento), porém,  diferente do conhecimento e ignorância. Como isso pode ser definido? É simplesmente a existência.
Não se pode descrever este  estado, só o podemos Ser. Somente aquele que tenha realizado o  Ser ao Coração, conheceu a Verdade. Tendo transcendido as dualidades,  ele jamais se perturba.
A Realização não é nada a ser adquirido. Ela está sempre aí, mas obstruída por uma tela de pensamentos. Realização é simplesmente a perda do ego.
Destrua o ego pela procura da sua  identidade. Uma vez que o ego não é nenhuma entidade, ele automaticamente desaparecerá,  e a Realidade irá brilhar por si mesma. Este é o método direto,  enquanto todos os outros se concretizam somente através da retenção do ego.
Tudo o que você precisa fazer é encontrar a Fonte do “eu”, e permanecer ali. A mente agora se vê diversificada como o universo. Se a diversidade não se manifesta, ela permanece em sua própria essência.
Esse é o Coração. O Coração é a única Realidade. Permanecer como você mesmo é entrar no  Coração.
Entrar no Coração significa permanecer sem distrações. Por tanto,  fique quieto. .
. E permaneça no Coração.
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