A estratégia da China para vencer a guerra tarifária de Trump

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Fernando Ulrich
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Video Transcript:
A China é o grande alvo de Trump no seu plano de realinhar o comércio global. Mas XinPin tem algumas vantagens importantes nessa guerra tarifária e ele tá usando isso a seu favor. E enquanto esse embate se arrasta, os primeiros efeitos das tarifas começam a ser sentidos pela economia americana e assim aumenta a probabilidade de uma recessão no país.
E é isso que eu quero mostrar para vocês nesse vídeo. E relembrando as notícias recentes nessa disputa entre China e Estados Unidos, os americanos impuseram tarifas de 145% e a China retalhou em 125%. e já afirmando que não elevaria acima disso, mesmo que os Estados Unidos aumentassem, porque já não fazia nenhum sentido.
Na prática, esse nível de tarifa já estava inviabilizando o comércio entre os dois países e isso já faz mais de uma semana. E desde então nenhum grande desdobramento a não ser as falas do Scott Bessent, secretário do tesouro, na terça-feira última, afirmando que essa situação com a China é insustentável. algum acordo precisará ser alcançado.
Mas ele também reconhece que isso demanda tempo e que não seria factível em menos de 6 meses, talvez um, dois ou três anos. E enquanto isso está se desenrolando, a China vem respondendo de forma muito ponderada, muito estratégica e sempre por meio dos seus porta-vozes oficiais. como foi nesta quinta-feira pelo seu ministro de comércio ou porta-voz ministério de comércio, afirmando que primeiro a China não está em nenhuma conversa, nenhuma negociação com os Estados Unidos ainda.
Essa foi primeiro matéria da Bloomberg e depois também aqui no Financial Times e dizendo que os Estados Unidos devem cancelar unilateralmente as tarifas que eles impuseram unilateralmente e qualquer conversa sobre negociação, qualquer notícia sobre negociação é fake news, porque isso não está acontecendo. Então essa é a situação das negociações entre os dois países, que por hora, pelo menos pelas fontes oficiais, nada está acontecendo e as tarifas permanecem. Mas quais são as vantagens que o regime comunista tem diante dessa guerra tarifária?
O primeiro é pelas próprias fragilidades ou fraquezas da democracia. O Trump tem um prazo, o horizonte de 4 anos, além das suas eleições de midterm do parlamento americano que ocorrem no ano que vem. Então ele sente a pressão da mídia, da opinião pública, dos efeitos econômicos, alguns dos quais já vou mostrar aqui para vocês.
Enquanto o Partido Comunista Chinês, Partido Único, XinPim, controlando absolutamente tudo, não tem nenhum risco de eleições, não tem risco de represalha da opinião pública ou da imprensa e qualquer efeito negativo na economia chinesa, pelo menos numa janela de talvez 6 meses ou um ano, certamente o partido conseguiria segurar alguma manifestação, protesto ou dissidência. Então o Trump hoje tem a corda no pescoço nessa negociação com a China porque o tempo está contra o governo americano e é a favor do Partido Comunista que pode esperar e aguardar. E é basicamente o que eles têm feito nesses últimos dias.
E enquanto Trump usa e abusa das redes, das declarações de entrevistas de coletivas, Xinpinim praticamente não fala nada, apenas se comunica por meio das fontes oficiais e assim vai deixando o mundo sem saber quais são as suas cartas ou que a China está disposta a ceder numa eventual negociação com os Estados Unidos. Mas eu vou voltar esse ponto no fim do vídeo porque ele é importante. Mas essa situação na disputa tarifária entre os dois países.
Só que enquanto isso se desenrola em paralelo, os efeitos econômicos já estão sendo sentidos, já se manifestam na economia americana. Isso. Eu quero mostrar para vocês algumas dos acontecimentos recentes, porque muitos CEOs de empresas, muitos empresários, empreendedores, já começam a manifestar o seu descontentamento, a sua preocupação, porque já começa a afetar pedidos, eh, vendas, é investimento, a decisão de contratação, eh a perspectiva, a previsibilidade dos negócios futuros, tudo isso já está afetando.
E nessa semana o Trump esteve reunido com grandes varegistas como Walmart e Target, entre outros. E os executivos alertaram sobre as consequências negativas se esse nível de tarifas se mantiver nesse patamar. Esse é o grande problema.
Então, sem dúvida que a América corporativa está soando o alarme e isso em parte já é precificado no mercado. Diria que ainda pouco, porque ainda há esperança de que as tarifas possam ser revertidas ou uma negociação no curto prazo possa ser concluída com os principais parceiros e leia-se China. Mas é sim um problema que ainda não foi resolvido.
Só que da mesma forma em que há a preocupação, as declarações e a incerteza que para no ar, há alguns dados concretos de efeitos das tarifas, como, por exemplo, a movimentação de contêineres nos principais portos da costa oeste, especialmente na Califórnia e nos portos de Los Angeles. E as estimativas aqui nessa notícia de terça-feira ainda é que na semana que acaba entre maio, 4 de maio e 10 de maio, em que já o planejamento dos navios que estão chegando para descarregar contêineres, já mostra uma queda de quase metade, 44% em relação ao ano anterior. Então isso sim já é um sinal importante de como está afetando o comércio entre os dois países.
Da mesma forma, contratações ou a falta de contratações. E com essa imprevisibilidade, nenhum executivo, nenhuma empresa está realmente disposta a tomar decisões a média e longo prazo de contratar, de expandir e está aguardando. Como já trouxe em outros vídeos, virou a economia do weight em si.
Enquanto essa novela não acabar, é arriscado se comprometer com decisões de longo prazo que não possam ser revertidas posteriormente. E uma empresa que está precificando essa incerteza de contratação de mão de obra é o grupo Manpower, empresa de recrutamento e seleção de funcionários, contratação, que nos últimos meses, especialmente nas últimas semanas, vem caindo fortemente. No dia de hoje chegou a cair mais de 2%, agora está caindo 0,5% apenas.
Estou gravando aqui na quinta-feira, dia 24 de abril, às 13:40 da tarde, mas é uma empresa que mostra claramente que os problemas de mão de obra começam a se manifestar, ainda não tanto quanto imaginado. Tanto é que olhando pela os pelos pedidos iniciais de seguro e desemprego, eles ainda não se mexeram. Segue ali no patamar de 200.
000, 220. 000 a cada semana. O último saiu justamente nesta manhã de quinta-feira, que é o dia que esse dado é divulgado, enquanto a confiança dos CEOs está despencando e está num patamar inferior ao que estava na pandemia.
Vejam só, o Niva foi justamente 2021, 22, que foi menor nível. precisaríamos voltar até a crise financeira de 2008 9 para vermos um patamar de pessimismo, preocupação tão grande pelos CEOs. Então aqui são dados de confiança.
Do lado do governo americano, as tarifas já começam a aumentar a arrecadação. Aqui os primeiros dados que foram divulgados aqui no mês de março, o líquido de tarifa já ultrapassou 8 bilhões de dólares no mês de março. E um dado recente que foi até advogado hoje pelo Zero Head, que saiu no no reporte diário do tesouro americano, já mostrou aqui no mês de abril uma disparada de quase 12 bilhões ali de tarifas.
Então, cara, aumentando substancialmente aqui com o gráfico mostrando a disparada récorde de quase 12 bilhões de arrecadação de tarifas alfandegárias. Mas vale mostrarmos mais alguns indicadores da situação da economia americana nesse momento, como por exemplo aqui o do indicador dos gerentes de compras, linha vermelha de manufatura, linha azul de não manufatura. Abaixo de 50 seria o nível de contração que já está pros gerentes de compra de manufatura e vem caindo nas leituras de 2025, assim como os gerentes de não manufatura que vem caindo sem parar.
Então o pessimismo começa a aumentar nos gerentes de compras. Mais alguns dados aqui também de uma pesquisa dos pequenos negócios do NFB, mostrando primeiro na linha azul que é o percentual dos respondentes que estão planejando aumentar os preços de venda. E esse percentual voltou a aumentar especialmente agora no início de 2025.
Última leitura desse indicador é março. Mais um de confiança. Agora o sentimento do consumidor com relação às condições atuais, às expectativas e a leitura completa que seria o indicador cheio, caindo aqui vertiginosamente, especialmente em 2025 e quase indo para um patamar tão negativo quanto estava ali em 2021, 222, auge da pandemia.
Então, claro que está afetando. E aí quando se fala em recessão, tem os indicadores clássicos, a inversão da curva de juros que já aconteceu, já desinverteu, o que é um indicador de time de recessão, embora ela ainda não tenha começado oficialmente, mas também analisando os indicadores antecedentes e econômicos, se a economia americana não entrar numa recessão, seria algo inédito no indicador que tem mais de 60 anos de história. Como aqui temos então o Leading Economic Indicator, ele é produzido pela Conference Board.
Vejam só, toda vez que esse indicador antecedente ele cai, é o indicativo de que a recessão está se avizinhando, como foi em 2020, como foi em 2007, quando começou a recessão na crise financeira 2008, como foi também em 2001, como foi em 91, enfim, todas elas mostra a mesma foto. A exceção é o período que nós estamos vivendo agora. Então, se não entrar numa recessão, seria algo inédito em que quebraria uma série histórica de mais de 60 anos.
Pode acontecer, pode, sem dúvida alguma, mas é mais uma um indicativo da situação da economia americana. E para mostrar também esse mesmo indicador, o Leading Economic Indicator, que tá aqui em vermelho, comparando com o emprego no transporte rodoviário, Truck Transportation, que costumam andar em LIA, mas agora o indicador antecedente já caiu mais do que o emprego neste setor da economia. Então, é um indicador importante de acompanhar e que mostra mais uma vez que a economia americana sim enfrenta problemas agora muito agravados por conta das tarifas.
E esse que é o ponto principal, é por isso todos os alertas e o pessimismo, preocupação de quem está gerindo empresa, de quem lidera grandes corporações ou mesmo pequenos negócios que entendem as consequências disso no dia a dia e como as decisões são postergadas, decisões de investimento, decisões de contratação, decisões de consumo de bensáveis ou decisões de gasto maior, uma viagem, turismo, turismo pros Estados Unidos já está caindo, que até agrava a contra corrente americana porque é menos estrangeiro indo para os Estados Unidos. Então, tudo isso tem consequências diretas na economia. Por hora, Trump segue assumindo este problema e aguentando a bucha, mas a pressão começa a aumentar.
E o que é bizarro na visão do Trump das tarifas, por isso que eu digo que a gente nunca sabe ao certo o que ele pensa, mas como ele fala de tarifas há tantos anos, pelo menos desde década de 80, quando na época ele queria impor tarifas contra o Japão, é possível que ele enxergue nas tarifas uma boa política econômica ou que os efeitos negativos são bem menores do que os efeitos positivos na sua visão. E ele falou recentemente, uma das suas coletivas, que se eles imporem tarifas de 50, de 100%, 150, quanto maior o nível de tarifa, maior será o incentivo para outras empresas instalarem fábricas nos Estados Unidos. Então que isso seria consequência positiva, mas parece aquele que se esquece por completo que as empresas não produzem apenas bens finais, elas precisam também de bens intermediários, os meios de produção e boa parte, quase metade dos bens intermediários são importados pelos Estados Unidos.
Então, das importações americanas, metade das importações são de bens intermediários, como a gente vê aqui neste gráfico, 45% das importações americanas são bens intermediários. Portanto, se uma empresa instala a fábrica nos Estados Unidos, ela vai sofrer alguma consequência também das tarifas. E aí que entra a é a ignorância econômica do Trump que não enxerga o poder nocivo dessa política que só vai prejudicar a economia americana.
Eu retiro que eu falei desde os primeiros vídeos sobre a visão do Trump do problema atual de realmento comércio global e da China. Sim, as queixas são legítimas e que há um desequilíbrio no sistema monetário e no sistema de comércio global. Mas resolver esse problema por meio das tarifas é um grande tiro no pé, como começamos já a observar os primeiros efeitos dessa medida.
E aí com isso eu termino que é como sempre o grande alvo do plano do Trump, como eu comecei este vídeo, é sim a China. Por mais que já haja negociações com o Japão, com Europa e outros países, o grande país, a grande nação que ele precisa negociar e chegar a algum acordo é com a China. e apenas enfraquecer o dólar, que é um dos objetivos velados dessa política do Trump agora, está lá no projeto do plano do Marago ou do Stephen Marran, mas jamais foi dito pelo Scott Bess ou pelo Trump.
Mas na prática eles estão perseguindo uma política de dólar fraco, hegemônico, mas fraco, e que já teve sucesso em 2025. O dólar tá caendo quase 9%, aqui já 9% em relação às moedas fortes. Isso é o índice dólar, o dólar index.
Porém, em relação ao chinês, está praticamente estabilizado. O que significa que a China, sim se torna ainda mais competitiva com o restante do mundo, porque está igual patamar do câmbio com o dólar neste ano, enquanto as demais moedas se fortaleceram. Portanto, o Yinês se enfraqueceu em relação às demais moedas e a China ficou ainda mais competitiva, que é justamente oposto do que eles estavam buscando.
E eu termino então o vídeo só relembrando o discurso importante que teve do Scott Bassent na quarta-feira, foi ontem, no evento do Instituto de Finanças Internacionais. A gente analisou o discurso com profundidade pros nossos assinantes do Fallow da Money no dia de ontem. Se você não segue o dinheiro ainda, siga o dinheiro.
Tem muito conteúdo aprofundado e fantástico que vai deixar você muito mais situado em tudo que tá acontecendo para investir melhor, com mais segurança e dormir assim tranquilo. Vou colocar o código R em algum lugar da tela ou link na descrição do vídeo. Então siga o dinheiro.
Mas nesse discurso do Bent, ele até colocou um trecho no seu Twitter dizendo o seguinte, ó: "A China precisa mudar, o país sabe que precisa mudar, todo mundo sabe que ele precisa mudar. E nós queremos ajudar a China a mudar, porque nós também precisamos de um reequilíbrio, rebalancing to. Então, está claro que este é o grande objetivo do governo Trump, é provocar, forçar esse realinhamento, esse reequilíbrio da economia chinesa.
Agora, como conseguir isso de fato? Até agora nós não temos nenhum grande sinal de qual é o caminho, qual é a rota. As tarifas foram impostas.
É a maneira que o Trump sabe usar para trazer a China pra mesa. Por enquanto isso não está funcionando. Será que vai funcionar?
Veremos as cenas dos próximos capítulos. Mas eu queria trazer essas informações importantes e recapitular as últimas notícias e mostrar alguns indicadores que já indicam os efeitos negativos das tarifas na economia americana. Fico por aqui.
Compartilhem esse vídeo. Espero que tenham gostado. Se inscrevam no canal, ativem o sininho e volta no próximo.
Valeu. Obrigado.
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