Bom, vocês estão prontos para receber a palavra de Deus? Eu quero tomar como ponto de partida da minha mensagem o Salmo 56. O Salmo 56 é um Salmo atribuído a Davi, e a tradição de longa data atribui esse Salmo ao momento em que ele teria sido preso pelos filisteus em Gate. Nós não temos o registro desse detalhe, desse episódio na vida de Davi, e isso é uma menção considerada histórica, atribuída à tradição. Mas nós sabemos que Davi, enquanto fugia de Saul, esteve em Gate, foi onde ele se fez de louco diante do rei justamente
para não ser morto. Nós não sabemos os detalhes de como isso aconteceu, mas todo o Salmo fala de um momento de aflição. Com isso em mente, eu quero que a gente leia o verso 8, que diz assim: "Contaste os meus passos quando sofri perseguições; recolhe as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?" A frase inicial "Contaste os meus passos quando sofri perseguições" eu particularmente não creio que seja literal. Eu tenho, no meu relógio, como muitos de vocês, um contador de passos e costumo normalmente avaliar, ao longo do dia, se eu
dei o mínimo de passos, o básico do movimento que o seu corpo necessita para manter a saúde. Agora, eu preciso de um contador, porque eu não tenho tempo, eu não tenho paciência; nenhum de nós para ficar contando passos. A pergunta é: Deus precisa contar passos? Até porque Ele não apenas é o Deus onisciente e conhece tudo, mas Ele é o Deus presciente, que conhece tudo antes de que as coisas aconteçam. A Bíblia diz que Ele sabe quantos fios de cabelo tem na sua cabeça; Ele sabe quantos passos você vai dar a vida inteira, e Ele
não precisa ficar contando. Particularmente, eu não acredito que a declaração seja literal, mas se ela é simbólica, o que significa? Davi está numa trajetória de fuga, peregrinando de lugar para lugar, numa fuga constante de Saul. Ele está longe de casa, longe dos familiares, longe da pátria, de tudo que ele ama, e não pode permanecer em nenhum lugar, porque Saul está determinado a matá-lo, pois o vê como uma ameaça ao trono. Então, enquanto Davi segue peregrinando, e se você ler o Salmo todo, você vai entender que é exatamente disso que ele está falando. No verso 1
e 2, ele diz assim: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, porque os homens querem me destruir; todo dia eles me oprimem, lutam contra mim; os meus inimigos sempre querem me destruir. São muitos os que atrevidamente me combatem." Então, ele está falando a respeito desse período de aflição, onde ele não fica em nenhum lugar. "Contaste os meus passos" é como se dissesse: "O Senhor sabe há quanto tempo eu estou fugindo, por onde eu tenho andado; o Senhor sabe tudo que eu tenho passado." É uma forma de expressar que Deus, de fato, não está alheio a tudo
que ele está passando. E na sequência, ele diz: "Recolhe as minhas lágrimas no teu odre; não estão elas inscritas no teu livro?" As lágrimas falam de sofrimento e de aflição, e a Bíblia está afirmando que nada fica despercebido, aos olhos de Deus. Agora, isso não significa que Deus necessariamente tem um livro literal de registro de lágrimas e tampouco um odre literal onde elas sejam recolhidas. Essa é uma afirmação da Bíblia que, se você tentar tomá-la como literal, ela está isolada; não há nada que sustente isso. O que você tem ao longo de toda a Escritura
é muito mais a sustentação da figura do que necessariamente uma aplicação literal. Eu lembro que desde a adolescência, quando tinha momentos com Deus, de oração, derramando meu coração diante do Senhor, eu me lembro várias vezes de levantar do chão e o chão estar literalmente molhado, regado de lágrimas. Eu nunca vi um anjo vir recolher essas lágrimas de forma literal. Nunca conheci um crente, nem pessoalmente, nem com testemunha ao longo da história, que possa sugerir a mesma coisa. Nós não vemos um cumprimento literal disso. Então, seguindo a lógica de todo o texto, a conclusão que eu
tenho, há mais de 30 anos observando esse texto, é que isso seria simbólico. Mas o desafio era: qual o simbolismo? Qual o significado disso? E, honestamente, eu revirei todo tipo de material, de estudo, de comentários bíblicos, todos os materiais dos pesquisadores, gente que estuda a cultura, a geografia, todos os detalhes, para tentar traduzir isso pra gente, e nunca consegui encontrar uma explicação satisfatória. Não havia explicação nenhuma; ninguém fala nada a respeito do assunto. Mas um dia, conversando com um amigo sobre esse dilema e dizendo que eu queria entender isso, ele falou: "Eu vi um pastor
norte-americano pregar em cima desse texto". Eu não sei nem quem era; acho que nem na época eu vi o nome. Se eu vi, não me lembro para poder dar o crédito. Mas ele—resumindo a mensagem—disse que ele pegava esse texto e foi uma das melhores explicações que eu tive acesso na vida, porque basicamente foi a única, né? Mas ela fez muito sentido. Ele diz: "Olha", e trabalhou o elemento cultural. O que é o odre? Quando a gente fala disso hoje, tem que explicar; na época, todo mundo sabia. Odre era um cantil, uma bolsa feita com couro
de animal, onde eles colocavam líquido dentro e amarravam a boca. Por que normalmente a Bíblia associa o odre ao vinho? Jesus disse que você não põe vinho novo em odres velhos. Em toda a Bíblia, você vai achar uma única menção de um odre contendo água. Então, ele podia ter esse papel de cantil, quando alguém estava em movimento, em viagem, e precisaria de reserva de água, e não tinha uma forma mais prática de carregá-lo. Não vai levar uma talha de pedra, não vai levar uma vasilha de barro, nem nada do gênero. Mas você tem uma outra
exceção, também uma única vez que a Bíblia fala de um odre contendo leite. Todas as outras vezes, ele está relacionado ao vinho. Por quê? Porque os antigos, os povos antigos, descobriram que o processo de fermentação do suco de uva recém-pisado, esmagado no lagar, é um processo de transformação natural com o açúcar da própria fruta. Eles descobriram que, quando você isola o suco da uva em um ambiente como um odre lacrado e limita a exposição dele a uma quantidade igualmente limitada de oxigênio, você tem controle sobre a fermentação. Então, eles botavam o suco da uva na
bolsa lacrada, e começava o processo de fermentação; a bolsa ia pegar pressão. Por isso que Jesus falou que, se o odre for velho, se o couro estiver ressecado, não suportaria a pressão. Então, por essa razão, ele passou a ser usado basicamente como um instrumento de fermentação, ou, traduzindo, de transformação do suco em vinho. Esse pastor dizia que, com isso em mente, ele acreditava que as pessoas entenderiam melhor Davi: o que é o suco da uva que vai para o odre, o lugar da transformação, e o que é o vinho que sai depois. Ele falou que
o suco da uva é o fruto do espremer das uvas e, diz, o resultado final, depois da transformação, é algo que, em toda a Bíblia, está relacionado com alegria. Basicamente, ele interpretava um princípio: se a gente não pudesse construir doutrinariamente, exegeticamente, em cima desse texto ao longo de toda a Escritura, é inegável que Deus transforma tristeza em alegria. E, diz, as lágrimas são o fruto do esmagar das aflições nas nossas vidas, assim como o suco de uva é o fruto do esmagar das uvas. Ele dizia que, se o resultado final é vinho, e o Salmo
104:15 fala do vinho que alegra o coração do homem, que é figura de alegria na Bíblia, aliás, alegria é um dos frutos do Espírito, e o vinho é um dos símbolos do Espírito Santo ao longo das Escrituras. Então, ele dizia que o odre é um ambiente de transformação de tristeza em alegria. Basicamente, o que Davi simbolicamente estaria dizendo seria exatamente isso. Eu não posso te garantir com toda certeza que foi essa a intenção do salmista, mas o que eu posso te garantir é que, no mínimo, isso é uma boa ilustração para tudo aquilo que a
palavra de Deus apresenta. De forma explícita, em João, no capítulo 16, no verso 20, Jesus diz: “Vocês ficarão tristes, mas a tristeza de vocês se transformará em alegria.” Ele não fala apenas de ser substituída, mas transformada. Em Jeremias, no capítulo 31, no verso 13, a Bíblia diz: “Então a virgem se alegrará na dança, juntamente com os jovens; e os velhos transformarei seu pranto em júbilo.” De novo, não é “substituirei”, é “transformarei”, e os consolarei e lhes darei alegria em vez de tristeza. Ao longo das Escrituras, nós temos afirmações específicas detalhadas de Deus transformando tristeza em
alegria. Agora, uma coisa é saber que Ele faz; a outra é entender como Ele faz, porque a única maneira prática de usufruir é se nós entendemos como Ele faz. Então, eu quero trazer uma perspectiva um pouco abrangente dessa maneira de Deus lidar com as questões ligadas à tristeza e à alegria, mas antes de mais nada, ainda tornando longa essa introdução do assunto, eu quero dizer que é indiscutível o poder consolador do Evangelho de Jesus Cristo. Quando nosso Senhor está em Nazaré, a cidade onde foi criado, depois do período de 40 dias de jejum no deserto,
já havia sido cheio do Espírito Santo. Antes, regressa, diz a Escritura, no poder do Espírito; ele abre o rolo do profeta Isaías na hora da leitura pública e lê esse texto de Isaías 61, de 1 a 3, que está registrado lá em Lucas 4: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos pobres, enviou-me a curar os quebrantados de coração” - essa frase é importante - “a consolar todos os que choram e a pôr sobre todos os que choram em Sião uma coroa em vez de cinzas,
olho de alegria em vez de pranto, manto de louvor em vez de espírito angustiado.” Quando ele lê essa porção da Escritura, ele afirma publicamente: “Hoje se cumpriu essa palavra.” Basicamente, ele está dizendo: “Eu sou o cumprimento da promessa. Eu sou ungido, eu sou o Messias.” A palavra no hebraico significa ungido; eu sou o Cristo, a palavra no grego significa “comungido”. Eu sou aquele que foi ungido para substituir coroa, né, cinzas por coroa e pranto por óleo de alegria. Ele diz: “Eu vim trazer consolo.” E ao longo do Evangelho, nós vemos declarações claras de Jesus. Em
Mateus 5:4, ele diz: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” Se você olhar só o prisma da declaração de Mateus, sem considerar o de Lucas, e elas não são contraditórias, não são divergentes, são complementares. Se você olhar só Mateus, pode parecer que eu vim consolar os que choram, significa que consolo seria só parar de chorar. Mas a perspectiva de Lucas torna o assunto abrangente: “Bem-aventurados são vocês que agora choram, porque vocês hão de rir.” Não é apenas parar de chorar, é substituir o choro pelo riso, a tristeza pela alegria. E, de acordo com as Escrituras,
é possível esperar alegria depois do choro. O texto que me chama a atenção desde quando era garoto é Salmo 126:5 e 6: “Os que com lágrimas semearão, com júbilo sem farão.” O que sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes. O evangelho tem um poder consolador sobrenatural; Deus é um Deus que transforma tristeza em alegria. Ponto indiscutível! Agora, se nós queremos desfrutar, há algumas coisas que nós precisamos entender. A primeira delas diz respeito ao fato de que nós temos que reconhecer que tanto há tipos distintos de tristeza como de alegria.
Se a gente não fizer essa separação, nós vamos ter aparentes contradições nas declarações bíblicas. Eu já aprendi desde garoto com meu pai, e repito muito isso, que a Bíblia não se contradiz. Então, diante de qualquer aparente contradição, você tem um desafio de interpretação. Como o assunto começou em 2020, na pandemia, eu acordo uma certa manhã e está forte e aceso dentro de mim um versículo da Bíblia. Não é uma lembrança, porque eu não li nada nos últimos dias; semanas, eu diria até meses, a respeito do assunto. Não ouvi ninguém falar, comentar ou pregar, mas eu
acordo e aquele versículo está vivo dentro de mim. É a declaração envolvendo o rei Ezequias que está lá em Segundo Reis, no capítulo 20, no verso 5. O profeta Isaías tinha vindo dar uma notícia: "Põe ordem à sua casa; você vai morrer, você não vai viver". A Bíblia diz que ele vira para a parede, ele chora e ora a Deus. Isaías nem foi muito longe; o Senhor diz: "Volta e diga a Ezequias, príncipe do meu povo: ouvi as tuas orações, vi as tuas lágrimas; eis que eu te curarei. Ao terceiro dia, você subirá à casa
de Deus". E essa expressão "vi as tuas lágrimas" foi algo que veio forte dentro de mim. Eu dizia: "Deus não apenas ouve as orações; ele vê as lágrimas". Ele não é indiferente a elas, e é por isso que eu comecei com o Salmo de Davi: "Contaste os meus passos quando eu sofri perseguições; o Senhor não está alheio a nada disso. Recolhesse minhas lágrimas no teu odre; elas não estão, elas estão todas no seu livro". Nada passa despercebido, mas o Senhor não apenas assiste indiferente; o Senhor realmente está prestando atenção, disposto a fazer algo. E aquele
conceito "vi as tuas lágrimas" me deu um surto de fé. Eu enlouqueci; eu dizia: "Nosso choro chama a atenção de Deus; ele não está indiferente à nossa dor". Aquilo dentro de mim ferveu o dia inteiro; eu estava empolgado com isso. Mas no dia seguinte, acordei com outro versículo que parecia antagônico, até contrário. Qual era o versículo? Malaquias 2:13: "Vocês cobrem o meu altar com choro, com lágrimas, com gemidos, e eu não vos ouço". Falei: "Mas ontem o Senhor viu as lágrimas, agora o Senhor está nem aí para as lágrimas". E aquilo dentro de mim, o
dia inteiro, como a Bíblia não se contradiz, eu entendi que nós estamos diante de um enigma e Deus quer que eu possa meditar e refletir. Mas, gente, eu pensava, pensava, pensava; eu quebrava a cabeça e não chegava a lugar nenhum. Então, primeiro comecei a conversar com a K Lissa, que estava em casa na época, botamos ela na discussão. Eu lembro que a turma dizia assim: "Se você não sabe, a gente também não". Eu lembro que na ida a São Paulo, nós fomos de carro, toda a família, porque com a pandemia nós não estávamos podendo ter
reuniões, a não ser aquelas transmissões online com muito pouca gente e os devidos cuidados. Então, vários eventos, inclusive que nós teríamos, e outros que eu participaria, estavam todos online. Um desses nossos eventos seria o caso da Doc. Como a maioria dos preleitores estava na região de São Paulo, nós transferimos o centro das gravações para Campinas. Usamos a estrutura de uma igreja lá e lá fomos. No caminho, parei em São Paulo, na casa do pastor, e à noite estávamos hospedados com eles. Tinha um momento de culto familiar que nós participamos, e sempre tem o momento do
compartilhar da palavra. O AB fala assim para mim: "Você quer compartilhar algo?". Eu falei: "Eu quero compartilhar uma dúvida". E disse: "E aí, Deus vê ou não vê as lágrimas?". E André me olharam com a mesma cara da Kell. Nunca paramos para pensar nisso. Mexemos tanto, os filhos dele como os meus, estudando teologia, começamos a questionar. Ninguém opinava nada. Ao longo da próxima semana, em vários eventos, todos os pregadores que eu encontrava diziam: "Nunca parei para pensar nisso". E aquela angústia. Eu falei: "Deus, eu não vou chegar lá sozinho; eu preciso de ajuda". Fiquei pensando;
uma característica que eu tenho, que eu chamo de persistência, minha mulher chama de teimosia, mas eu dificilmente desisto de alguma coisa. Fiquei orando; a gente já estava voltando, tinha passado mais de uma semana, eu diria que talvez em torno de dez dias. Eu lembro que, num momento específico, vindo pela 116, de São Paulo, mais ou menos na altura de entrar no estado do Paraná, que é o último quarto da viagem, eu pergunto para a Kelly: "Será que você pode assumir o volante e dirigir?". Ela, surpresa, olha e diz: "Descansou esses fominha para dirigir?". Eu falei:
"Não, filha, tá baixando um download de banda larga aqui, e eu não posso perder essa informação". Nós trocamos de lugar; eu já puxei o computador e comecei a escrever que nem um doido. Eu lembro que o trânsito estava quase parado na serra e ela ficava olhando e dizia: "Tá rendendo aí, né?". Como era sábado à noite, ela disse: "Pelo jeito já temos a mensagem de amanhã". Eu falei: "De amanhã? Não, do mês todo". Eu lembro que eu preguei quatro domingos sobre o assunto porque Deus me trouxe um entendimento e uma clareza que eu fiquei impressionado.
Ele não apenas me dirigiu a pregar aqueles quatro domingos; ele me dirigiu a escrever a respeito do assunto, porque, de repente, a perspectiva foi abrindo e o Senhor falou comigo: "Se você não entender que há tipos de choro, de tristeza e tipos distintos de alegria, você não...". V lugar nenhum, porque muitas vezes uma declaração pode envolver um tipo de choro e a outra, outra; uma declaração pode envolver um tipo de alegria e a outra, outro exemplo de tipos de alegria. Paulo escreve aos Coríntios e diz: "A tristeza do mundo produz morte. Mas a tristeza segundo
Deus produz arrependimento." Não dá para dizer que é tudo igual; uma produz um efeito e um resultado, e a outra é outro completamente diferente. Em João 15:11, Jesus diz: "Para que a minha alegria esteja em Vós e a vossa alegria seja completa." Ele está dizendo que a minha é uma e a de vocês é outra; se a minha nunca vai ser completa, eu vou falar sobre isso depois. Mas ele faz a distinção de alegria natural e espiritual, porque é importante entender isso. Deus falou comigo sobre qual o tipo de lágrima eu prestei atenção e qual
o tipo de lágrima eu ignorei. E quando você vai para o texto de Malaquias, que o Senhor diz: "Vocês choram e eu não estou ouvindo vocês", do que é que Deus está falando? Quando ele declara que não vai ouvir, na sequência, no versículo seguinte, o 14 de Malaquias 2, o Senhor diz: "Vocês perguntam: 'Por quê?'" Mas lógico! Deus diz: "Invoca-me que te responderei." Agora ele está dizendo: "Não vou te atender, não vou ouvir, não vou ver as suas lágrimas." O Senhor diz: "Vocês perguntam," e ele mesmo responde: "Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre
ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal." Ele está dizendo: "Você é infiel, quebrou a aliança do casamento, me desonra, quebrou sua aliança comigo, está em pecado e acha que chorou por um problema. Eu simplesmente venho correndo te atender?" Ele está dizendo: "É ruim que eu vá te socorrer nessa hora e nessa condição." O tipo de choro é completamente diferente, né? O choro que Deus ignora tem muito mais a ver com lágrimas derramadas por uma circunstância e não pelo pecado; é o que a gente chama de choro de remorso e
não de arrependimento. Um exemplo disso é Esaú. Gênesis 27:38 diz que, depois que Esaú toma conhecimento de que o pai havia abençoado Jacó e não ele, a Bíblia diz: "Levantando Esaú a voz, chorou." A releitura feita desse episódio no Novo Testamento, em Hebreus 12:17, fala de Esaú: "Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora com lágrimas o tivesse buscado." Chorou, mas a Bíblia diz que não tinha lugar de arrependimento. A pessoa está lamentando a perda da consequência do que fez, mas não a essência da quebra
de princípio nem da desconexão com Deus. É só você olhar a forma como Davi e Saul reagiram. Ambos pecaram, ambos foram confrontados por profetas. Quando Samuel vai a Saul dizendo: "O Senhor vai tirar de você o reino," ele agarra Samuel pela capa e, ao ponto de rasgá-la, diz: "Fica comigo, me honra diante do povo." Ele não estava nem aí com Deus; não sinalizou nenhum pesar pelo que fez a Deus, mas falou: "Você vai ficar do meu lado, vai manter a média, porque eu não quero ninguém me olhando diferente." Então, naquele momento, a única preocupação é:
"O que é que eu vou perder aqui nas circunstâncias?" Quando Davi pecou, o salmo de arrependimento dele, o 51, diz: "Não retires de mim o teu Espírito e nem tão pouco a alegria da tua salvação." Em outras palavras, ele está dizendo: "Se tiver que perder o reino, eu prefiro perder qualquer outra coisa; eu não posso perder o Senhor." Dá para perceber a essência da diferença? Então, nós conseguimos olhar ao longo da Escritura: Pedro nega Jesus três vezes, chora amargamente, mas a Bíblia diz que Judas, depois de trair Jesus, toma de remorso e vai se enforcar.
Há uma diferença entre uma coisa e outra. Então, o mesmo Deus que transforma tristeza em alegria vai fazer afirmações na Bíblia que podem soar contraditórias. Uma delas, por exemplo, está lá no livro de Tiago. Aliás, muitos anos atrás, aqui, eu preguei uma mensagem que se chamava "Transformando Alegria em Tristeza." Falei: "Pastor, agora está do contrário." Falei: "Não." Ele diz, em Tiago 4, versos 8 e 9: "Cheguem perto de Deus; ele chegará a vocês. Limpem as mãos, pecadores, e vocês que são indecisos, purifiquem o coração. Reconheçam sua miséria; lamentem. Que o riso de vocês se transforme
em pranto e que a alegria de vocês se transforme em tristeza." Verso 10: "Humilhem-se diante do Senhor e ele os exaltará." Quando nós estamos falando de pecado, não há como Deus simplesmente olhar para alguém que está sofrendo as consequências do pecado e dizer: "Não, mas não tem problema, vou te dar alegria." Deus diz: "Só tem um remédio: você precisa trocar a alegria transitória do pecado." Uma vez, vi um pregador dizendo: "Não existe prazer no pecado." Falei: "Isso não é verdade; se não tivesse, ninguém pecava." Hebreus 11:25 fala dos prazeres transitórios do pecado. Tem alegria, tem,
o problema é que a lei é passageira. Como o Pastor Marciano gosta de dizer: "Muita manchete para pouca notícia." Ele não entrega o que promete, mas se não tivesse alegria, ninguém faria. Agora, a pessoa foi buscar alegria na fonte errada; desconectou da mais plena fonte de alegria que é Deus. O que eu vou destacar isso daqui a pouco? Deus está dizendo: "Só tem uma forma de resolver o seu problema: arranca essa alegria mentirosa, troca ela pela tristeza segundo Deus, que produz arrependimento." Para a conexão, para que depois eu troque a sua alegria, a sua tristeza,
pela verdadeira alegria. Sabe, se você não faz as distinções, daqui a pouco Deus é refém de qualquer pecador que não quer consertar. Chorou, e Deus está dizendo: "Sou obrigado a socorrer." Aliás, um irmão um dia falou para mim: "Pois é, pastor, como diz a sagrada escritura, quem não chora não mama." Eu falei: "Como?" É que é ele me olhou assim com a cara de "não tá na Bíblia", não falei? Claro que não falou, mas bem que podia estar. E até hoje eu não sei se era ignorância, né? Ou palhaçada, ou um misto das duas coisas.
Mas alguns parecem acreditar que, feito criança mimada, se eles chorarem ou fizerem birra, Deus tem que vir correndo, né? E às vezes nós somos, inclusive, encorajados a fazer do choro um estado permanente. E a gente até canta: "Vai chorando, geme, chora", né? Eu quero te apresentar um entendimento que, a semelhança de quando a gente fala de saúde, vai falar do estresse: deveria ser uma situação e não uma condição. É inevitável que, ao longo da vida, nós tenhamos períodos cíclicos; nós temos altos e baixos, e haverá, naturalmente falando, não só alegrias, mas também tristezas. Às vezes
você pode viver um momento; às vezes você pode viver outro; às vezes você pode viver a alternância dos dois muito perto. Quando Jesus fala de alegrias naturais, nós paramos para entender que há circunstâncias que vão produzir alegria no nosso coração, mas há circunstâncias também que vão produzir tristeza. Agora, daqui a pouco nós vamos abordar a ideia de que não devemos alimentar o nosso humor e as emoções com as circunstâncias. Mas se a gente não fizer primeiro essa distinção, não vai fazer muito sentido aquilo que a gente precisa compreender na sequência. Só que antes de falar
dos tipos de alegria, para a gente entender a verdadeira alegria, eu quero destacar um pouquinho aqui o que eu quero chamar da importância de compreender o processo. Porque Deus tem formas e maneiras de trabalhar. Então, vamos voltar um tempo atrás, para eu poder compartilhar algo interessante aqui com vocês. Começamos a igreja em julho de 2005. No início de 2006, na Semana Santa, nós resolvemos fazer um retiro com boa parte da liderança, né? E de gente comprometida da igreja, mas não só da nossa, de outras. Já tínhamos igrejas vinculadas, porque eram todas igrejas novas começando. A
gente não tinha nem quorum para fazer um acampamento ou um retiro junto. Então, sozinhos, nós nos unimos. Um dos pré-leitores desse acampamento era o meu amigo Pastor Marcelo Jamal. Eu amo a forma como Jamal prega, e normalmente ele tem uma linha de raciocínio que ele não sai dela de jeito nenhum. Ele estava no meio de uma exposição, ele parou e falou assim: "Gente, vou cometer um deslize profético aqui", já tá dizendo, "vou sair do assunto, mas já volto." E quando ele se chamou de profético, entendi que estava sentindo de Deus para falar isso. E do
nada, não tinha nada a ver com o assunto, ele leu o Salmo 35: "Porque a sua ira dura só um momento, mas o seu favor dura a vida inteira; o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã." E quando ele fala isso, dá pra perceber que Deus tá mexendo conosco de uma forma diferente. Mas ele olha e pergunta: "Gente, essa declaração é literal? O choro dura uma noite, a alegria vem pela manhã?" E falou: "Se fosse literal, nossos problemas se resolveriam no máximo em 24 horas, se tivessem começado logo de manhã, senão
durariam bem menos. Todo nascer do sol, o jogo tava zerado, começava tudo de novo, né? E a gente não teria motivo de chorar por nada muito tempo." Mas ele falou: "A própria Bíblia fala de pessoas que choraram muitos dias. Então, não tava funcionando pra elas, não tá funcionando pra nós." Ele falou: "Isso é literal?" Ele falou: "Eu não creio." Olhando toda a escritura, ele disse: "Se não é literal e é simbólico, qual a simbologia? Porque é a Bíblia que explica a Bíblia, você não pode inventar a simbologia que você quer." Então ele falou assim: "O
que prevalece na noite são as trevas; o que prevalece no dia é a luz." E diz: "Trevas, na Bíblia, falam de ignorância; luz, falam de revelação." Quando ele fala isso, na hora eu lembro de duas declarações de Paulo. Na mesma epístola, aos Efésios, no capítulo 4, ele fala de pessoas que estão entenebrecidas, separadas da vida de Deus pela ignorância que há neles — ignorância associada às trevas no entendimento. Mas no capítulo 1, ele tá orando por espírito de revelação e ele diz: "Para que sejam iluminados os olhos do vosso coração." Então, na Bíblia, trevas é
ignorância, luz é revelação. E diz que o choro prevalece onde há ignorância da palavra, mas a alegria vem quando a luz entra; quando há revelação. Eu lembro que eu, sentado na primeira fila, pensei em voz alta: "Uau!" Ele olha para mim, não sei se o al chamou a atenção, mas quando ele olha para mim, ele falou: "Eu só sou o profeta jogando aqui um insight que o Espírito Santo trouxe." Ele aponta o dedo para mim e fala: "O mestre é você! E quem vai escrever um livro inteiro sobre isso é você!" Alguém do lado: "Glória
a Deus!" Falei: "Glória a Deus!" Porque não é tu. Falei: "Eu não sabia nem o que ele tá falando, agora sou obrigado a escrever um livro inteiro." Só que, gente, eu nem levei aquele negócio a sério. Foi só o dia que eu terminei de escrever o livro que o Espírito Santo me fez lembrar. Mas parece que eu assisti a um filme, Jamal me olhando, apontando o dedo. E quando essa recordação veio, não parecia ser uma recordação; parecia... Deus me fez assistir aquilo de novo. O Espírito Santo falou comigo: "Eu quero que você leve a luz
da minha palavra para dissipar as trevas da ignorância." Para quê? Para que a gente possa viver intervenção. Então, se a palavra que dissipa isso, nós precisamos entender isso de forma completa e abrangente. Quando eu olho pras escrituras, primeiro lugar, o choro é legítimo. Há momentos onde eu e você estamos enfrentando a dor e não tem como negar isso na Bíblia. Diz que Jesus chorou (João 11:35). Curioso é que ele chora porque Lázaro, seu amigo, morreu, mas ele chora antes de ressuscitá-lo e sabe que vai ressuscitá-lo, porque avisou seus discípulos que restava. Tecnicamente, não tinha nem
motivo para chorar, porque era uma situação que já ia ser mudada; mas, antes de mudar, ele se reservou o direito de chorar. Isso me faz entender que eu e você, que somos como qualquer outro, temos todo o direito de chorar, e há situações onde é importante que a gente olhe. Mas, como eu disse, biblicamente, o choro está mais para uma situação do que para uma condição, porque Deus — o mesmo Deus — quer trazer consolo. Há momentos onde o choro não é uma conformação com a derrota. Jesus estava só simplesmente dizendo: "Vou aceitar esta forma
passiva", porque tinha uma palavra de Deus para mudar aquele quadro, mas ainda assim chorou. Quando Ezequias chora, virado para a parede, evidentemente, nas minhas contas, ele tinha 39 anos de idade. A gente tem a sensação de que a vida, pelo menos em termos de construir algo efetivamente, a partir dos 40, ele não queria morrer, mas ele também fala para Deus: "Eu te honrei, eu vivi de forma que te honre, e agora tô esperando que o Senhor faça o mesmo." Naquele momento, o choro é muito mais uma expressão de fé, uma declaração de "eu não posso
fazer nada, eu não tenho como dar coisa nenhuma, mas o Senhor pode, e eu tô transferindo para você." Então, o choro tem muitos aspectos; ele pode, muitas vezes, ser mais do que o desabafo de um sentimento, ele pode ser parte de uma linguagem até mesmo de fé. Ana, estéril por muito tempo, eu não acredito que ela orou uma única vez na vida para ser atendida, mas a Bíblia fala de um dia em que ela está no templo e chora, e chora, e chora diante de Deus, a ponto de o sacerdote ali tê-la por embriagada. Mas,
quando ela se levanta daquilo, pela oração, ele olha para ela e pronuncia: "A bênção que o Senhor te conceda, a petição que fizeste." E o quadro dela é sobrenaturalmente revertido. Davi chega com seus homens em Ziclague e descobre que os filisteus haviam atacado a cidade enquanto eles estavam ausentes. Três dias antes, os amalequitas, perdão, haviam atacado a cidade. Enquanto eles moravam na terra dos filisteus, surgindo de Saul, estavam ausentes. A Bíblia diz que, quando chega lá, a cidade está destruída, queimada; mulheres e filhos tinham sido levados cativos, assim como todo o gado e os bens.
A Bíblia diz que Davi e seus homens choraram até não terem mais forças para chorar. Uma coisa é você parar de chorar porque foi consolado; outra coisa é parar de chorar porque não aguenta mais continuar chorando. Mas a Bíblia fala no verso 6 de Primeiro Samuel 30: "Davi, porém, se fortaleceu no Senhor, seu Deus." É importante chorar? É, mas só o choro não estava produzindo muita coisa. Ele tem um posicionamento de fé; ele consulta o Senhor. Ele faz a Deus duas perguntas. Curioso é que Deus dá três respostas. Deus responde à pergunta que acredito —
imagino que ele não teve coragem de fazer, estava temeroso. Primeira pergunta: "Senhor, devo perseguir os amalequitas?" Deus diz: "Vai que é tua, Davi." Segunda pergunta: "Vou alcançá-los?" Faz três dias, eles estão na dianteira, estão longe. O Senhor diz: "Vai alcançá-los." E, aí, o que ele não pergunta, Deus diz: "Você vai recuperar tudo." E, talvez, nessa altura, a missão de perseguir será só vingança ou será de resgate? Deus está dizendo: "Vão recuperar tudo." Aquela tristeza foi transformada em alegria. O choro está presente em vários momentos das Escrituras, e a gente percebe que pode ser mudado por
Deus. Salmo 126, versos 1 e 2, a gente citou antes os versos 5 e 6: "Os que com lágrimas semeiam." O verso 1 diz: "Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha; então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua de júbilo." Agora, quase todos esses textos estão apontando para uma mudança de circunstância. Ezequias está chorando porque não quer morrer, mas Deus diz: "Eu vi as suas lágrimas e vou te dar alegria de viver um pouco mais." Deus restaurou a sorte de Sião que estava devastada, mudando circunstâncias e
mudando sentimento. Porque é o que eu quero adiantar sobre os tipos de alegria: nós já falamos; tem alegrias naturais e temos alegrias de ordem espiritual. Quando Deus cria e estabelece o homem no Éden, Salmo 16:11 diz: "Na tua presença, a plenitude de alegria." A mais cheia, completa, perfeita, plena medida de alegria e realização só se encontra em um lugar, na verdade, em uma pessoa: Deus. E diz à sua destra: "Delícias perpétuas." Diferente dos prazeres transitórios do pecado, as alegrias em Deus são permanentes, são duradoras, são eternas. Agora, quando Deus cria o homem, que, porque ainda
não pecou, tem plena comunhão com Ele — fonte de acesso —, Ele não privou o homem de outras alegrias. A Bíblia diz que Deus olha para o homem e diz: "Não é bom que esteja só." Emocionalmente, Deus falou: "Você precisa de um semelhante, um outro nível de interação." E Deus bota em execução o plano eterno do casamento para dar não apenas deleite emocional, mas até deleite físico. Deus diz para o homem: "Vocês podem comer de toda a árvore do Jardim." E esse "toda" — eu brinco que na minha Bíblia está em negrita e caixa alta
— porque assim eu poderia ter feito uma fruta só, com uma única cor, cheiro, tamanho, textura, né, sabor, com todos os nutrientes. A gente comeria a mesma coisa; o resto da vida ia ser um tédio, mas a nutrição estaria garantida. Mas não foi isso que Deus deu. Ele nos deu paladar. Alguns de nós temos superpoderes no paladar, né? E Ele caprichou na... Variedade! Ele tá dizendo: "Eu não me importo que vocês tenham acesso a outras formas de alegria, mas Deus disse: 'Não tem só alegria na minha presença' e essas naturais legítimas. Deus disse: 'Você só
não pode ultrapassar esse limite e buscar alegria em terreno proibido, porque essa falsa alegria do pecado vai roubar vocês tanto da alegria natural como da espiritual, porque nem a natural é duradora'. E vai desligar vocês da fonte e deixou claras advertências. E se eu e você não entendemos a dinâmica, nós podemos bagunçar as coisas, pois se eu e você achamos que tristeza ou alegria são só circunstanciais, então Deus só tem uma maneira de transformar tristeza em alegria: qual? Mudando a circunstância, e sempre em nosso favor. Exemplo de alegrias naturais, além das que eu já dei:
quatro anos atrás, na pandemia, um mês depois de eu ter pregado toda essa série de mensagens, na verdade, no início do mês, na sequência, eu e ela tivemos uma das maiores alegrias naturais da vida: entramos para a adolescência e a Maria, nossa primeira neta, nasceu! E a gente não sabe se a gente classifica a gente de vô "bobão" ou "babão", né? Porque é uma mistura dos dois. É uma delícia isso, mas não é uma alegria espiritual. Gente, qualquer avô sabe que os netos são a sobremesa da vida, não é? Temos avós no recinto, gente? Talvez
já nessa semana que vem tá chegando meu terceiro neto, né? É uma delícia, é bom demais! Mas, mais ou menos uns quinze dias, não deve ter passado muito depois disso, meu sogro faleceu e nós tivemos dor e tristeza dentro de casa. Sabe o que é curioso? Que a tristeza da perda do meu sogro, né, aquele olhando para o pai, não roubava a alegria do nascimento da neta, mas a alegria do nascimento da neta não acabava com a dor, porque eram circunstâncias diferentes e cada um gerava um tipo de sentimento. E nós tivemos que lidar com
os dois quase que ao mesmo tempo, de forma simultânea. Se Deus transformasse em alegria só mudando circunstância, a gente não teria ninguém, nenhum familiar próximo, morrendo e permanecendo morto, e o luto muitas vezes vai durar tempo. Então nós precisamos entender biblicamente que o processo é maior. Ainda que em certas circunstâncias, né, nós vamos ver Deus mudando o que está do lado de fora, aquilo que é circunstancial, muitas vezes Deus não vai mudar o que está do lado de fora e vai mudar do lado de dentro. Então, deixa eu te dar um exemplo disso: uma das
perguntas que as pessoas me fazem muito quando estão lendo a Bíblia fala: "Pastor, não entendo bem isso". É quando Jesus, lá no Getsêmani, diz: "Pai, se possível, passa de mim esse cálice". Falam: "Pastor, o que quer passar o cálice?" Eu falo: "Olha, na Bíblia, e até especificamente no ensino de Jesus, cálice é sofrimento." Jesus está pedindo para escapar de um sofrimento. A pergunta é: "Qual sofrimento?" Ele está na agonia da morte que está para se manifestar. Ele sabe que não vai ter só sofrimento físico; ele vai carregar os pecados do mundo todo. Aponte na cruz:
"Bradar: Deus, meu Deus, por que me desamparaste?" Billy Graham, dos maiores evangelistas da história, dramatizou isso como dizendo que, naquele momento, Deus vira as costas para o Senhor Jesus porque ele assumiu a nossa separação. A dor da nossa separação, a agonia, foi tamanha a ponto de transpirar gotas de sangue, né? É algo assim, fisiologicamente, a pessoa tem que viver um nível de tortura assim absurdo para chegar nesse ponto. E antes mesmo da coisa começar, ele já está vivendo esse nível de sofrimento. O que você acha que ele está dizendo para Deus? O livro de Hebreus
explica o que aconteceu lá no Getsêmani, e essa releitura é importante. Hebreus 5, de 7 a 9, diz assim: "Ele, Jesus, nos dias da sua carne, ou seja, enquanto homem, como eu e você, nos dias do seu ministério terreno, tendo oferecido com forte clamor e lágrimas orações e súplicas a quem podia livrá-lo da morte, e tendo sido ouvido por causa da sua piedade, embora sendo filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem." Tendo oferecido com forte clamor e lágrimas, esse
é o momento que a Bíblia descreve Jesus chorando. Mas a pergunta é: Deus mudou a circunstância? Jesus escapou da Cruz? Não, porque o próprio Jesus lá disse: "Mas seja feita não a minha, mas a sua vontade." E o texto diz que ele foi aperfeiçoado enquanto homem. A Bíblia diz que ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu no processo que passou. Eu lembro da adolescência lendo esse texto e eu fiquei assim muito confuso. Eu dizia: "Mas pera aí, como que Jesus aprendeu a obediência se ele sempre foi obediente?" A definição bíblica de pecado em 1
João 3:4 é a transgressão da lei. A Bíblia diz que Jesus nunca pecou, então ele sempre obedeceu. Se ele já é obediente uma vida inteira, como é que ele está aprendendo obediência? Eu fui conversar com meu pai. Não tem nada errado nessa tradução; eu não estava duvidando da Bíblia, mas estava duvidando da tradução. Meu pai riu e falou: "Não, filho, não tem nada de errado." Falei: "Mas como que ele aprendeu obediência? Ele já era obediente." Meu pai deu uma resposta que eu não entendi, achei ele vazio e falei: "Filho, não está falando de aprender os
primeiros passos da obediência, está falando de aprender os últimos." Eu fiz cara de que entendi, saí e fiquei anos insatisfeito com aquilo. Meu pai já estava com o Senhor e um dia estou lendo Filipenses, capítulo 2, falando de Jesus, ele subsistindo na forma de Deus: não teve o ser igual a Deus algo ao qual deveria se aferrar, mas esvaziou-se. É o último. Nível da Obediência: Jesus não tinha praticado isso. Ele tinha praticado todos os outros, mas a hora de morrer chegou. Agora, ele vai viver um profundo nível de sacrifício, e a Bíblia está dizendo que,
enquanto homem, para se render à vontade de Deus, ele está sendo aperfeiçoado. Há momentos em que, mesmo chorando, e a Bíblia diz que ele foi ouvido pela sua piedade, mas se foi ouvido, por que não escapou da cruz? Ele não está orando pela cruz; ele está orando pelo sentimento de enfrentar a cruz. Deus disse: "Eu vou deixar você passar pela cruz, mas eu vou te dar a capacidade de enfrentar isso." E, sabe, há momentos em que nós vamos perceber que Deus não está mudando as circunstâncias; ele está nos mudando em meio à circunstância. Então, pode
ser que Deus vai trazer e transformar tristeza em alegria, mudando circunstância. Muitas vezes, ele faz isso na Bíblia, ele faz ao longo da história, ele tem feito na minha e na sua vida, e vai continuar fazendo porque ele é o mesmo e não mudou. Ele ainda é um Deus de milagres, de intervenções. O que nós não podemos achar é que é só isso, porque há momentos em que ele vai nos mudar em meio à circunstância. E a circunstância, onde nós podemos viver tudo, porque, apesar de não ter mudado as circunstâncias, ele nos muda em meio
a ela. Muitas vezes, depois de nos ter mudado, a circunstância... Há momentos em que nós o veremos mudando também a circunstância. Depois, eu já experimentei isso também. Agora, o que nós precisamos entender é que, se a tristeza transformada em alegria não é apenas mudança circunstancial, pode ser uma mudança interior. A pergunta é: como isso se processa? Porque, quando a gente fala das circunstâncias, não é difícil entender. Eu citei no início João 16:20, quando Jesus diz: "A tristeza de vocês se transformará em alegria." Se olhar o contexto, Jesus está anunciando sua morte e ele diz assim:
"Em verdade, em verdade, digo que vocês vão chorar e se lamentar, e o mundo vai se alegrar." Ele diz: "Enquanto vocês estão sofrendo minha perda, o mundo está nem aí para mim, me odiando, vai fazer festa." E diz: "Mas a vossa tristeza se transformará em alegria porque eu vou surpreender, e quem estava alegre com a minha morte vai ficar assustado e triste, e vocês, que estavam tristes, vão ficar felizes." Essa mudança era circunstancial; Jesus estava anunciando sua ressurreição. Mas é só isso? Não! Cântico Profético de Habacuque, capítulo 3, de 17 a 19: "Ainda que a
figueira não floresça, que não haja fruto na videira, que o produto da oliveira falhe, que os campos não produzam mantimento, que o rebanho seja exterminado no curral, e não haja gado nas malhadas..." Ele está basicamente dizendo: "Ainda que a casa caia, que o fogo pegue, que tudo vá pro beleléu, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação porque ele faz os meus pés como os da corça e me faz andar nos meus lugares altos." Todo cristão precisa entender que, para viver alegria, nós não dependemos apenas de circunstâncias favoráveis. Nós temos acesso
à mais plena e poderosa fonte de alegria, que não é de origem circunstancial, e ela emana do próprio Deus. Quando olho para as Escrituras, é evidente. Esse é o meu terceiro e último aspecto. Eu e você precisamos entender a fonte da verdadeira alegria. Quando Jesus diz: "Para que a minha alegria esteja em vós e a alegria de vocês seja completa", deixou claro: "Tem a de vocês, tem a minha. A de vocês, tem a minha, nunca será completa." A pessoa pode ter todas as alegrias circunstanciais, mas ela nunca estará satisfeita e realizada. Não tem uma alma
nessa terra, por melhor que seja a sua vida, que estará preenchida sem Deus. Mas a questão é: Deus apenas preenche alegria natural? Não, ele preenche o espaço até quando essa das circunstâncias está faltando. O apóstolo Paulo diz em Filipenses, capítulo 4: "Eu vou ler do 11 ao 13: Digo isso não porque esteja necessitado, porque aprendi a viver contente." Você pode repetir essa frase? Diga: "Aprendi a viver contente." Aprendi a viver contente, agora com mais empolgação: "Em toda e qualquer situação, em toda e qualquer situação." Paulo está dizendo: "Eu não dependo de situações favoráveis para estar
contente." Agora, isso não é automático, não é espontâneo; ele falou: "Aprendi." E está dizendo: "Descobri um segredo, acessei algo que muita gente não acessou." Verso 12: "Sei o que é passar necessidade e sei também o que é ter em abundância. Aprendi o segredo de toda e qualquer circunstância, tanto de estar alimentado como de ter fome, tanto de ter abundância como de passar necessidade." E diz: "Não importa se eu estou no melhor momento, se eu estou no pior, se eu estou surfando na onda ou se eu estou no pior perrengue, aprendi a viver contente." Paulo então
divide logo o segredo. Verso 13: "Tudo posso naquele que me fortalece." A maioria dos cristãos lê "tudo posso" como se fosse "posso fazer realização". Paulo não estava fazendo, falando disso. Ele diz: "Eu posso suportar. Não importa se tem escassez ou se tem abundância; minha alegria, o meu humor não é ditado pelas circunstâncias." Ele está dizendo: "Eu tenho uma outra fonte; minhas raízes estão em Deus. É ele que me fortalece. É ele que me dá o que eu preciso para enfrentar qualquer situação, e vou enfrentar com sorriso no rosto." E aí você olha para a primeira
geração de apóstolos, uma igreja perseguida, maltratada, atacada, e o tempo todo cheia de alegria. Atos, capítulo 5, verso 41, nos fala dos apóstolos saindo do Sinédrio alegres por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas pelo nome do Senhor Jesus. Diz: "Alegrai-vos quando vos perseguirem." Evidentemente, a Bíblia não está focando o processo, que é desconfortável. A prisão daquela época não era melhor do que a de... Hoje, normalmente, era bem pior, mas o próprio Jesus, em João 16, diz: "A mulher grávida, quando está para dar à luz, sem tristeza." Jesus não está desmerecendo essas mães; são heroínas,
aliás, dependem de nós, os homens, para ter filhos. A terra estava desabitada há muito tempo. Eu acho uma grandeza e uma coragem impressionante, né? É essa reta final do parto da minha nora. Eu estou orando mais por ela do que pelo bebê que está chegando, porque eu fico pensando: se fosse eu, eu estaria que nem Jesus no Getsemani, dizendo: "Passa de mim este cálice." Mas ela tem tristeza; por mais que ela vá encarar isso bravamente, ela sabe o que está esperando, principalmente quem já passou. Mas Jesus diz que, logo depois de ter nascido, o filho
já não se lembra da tristeza pela alegria de ter chegado alguém ao mundo. Esse entendimento é importante para você compreender o que Tiago 1:2 está dizendo: "Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria." A alegria gera um desafio: o passar por várias provações. A provação é um desafio, mas várias, como ter grande alegria em várias provações, sabendo que a prova da vossa fé produz perseverança. A perseverança terá a sua ação completa para que vocês sejam íntegros, inteiros, não faltando em coisa alguma. Basicamente, está dizendo que a alegria não vem do processo; ela vem do resultado.
Então, ele diz: encare o processo, que é doloroso, já antecipando o resultado, entendendo que isso justifica e que vai valer a pena. Agora, se a gente apenas administrar isso, nós vamos dizer que estamos em um mero gerenciamento psicológico ou emocional de uma alegria que ainda continua circunstancial. Mas a Bíblia, além de nos levar até essa boa atitude, ainda nos leva a conectar com a fonte que é sobrenatural de consolo, de um Deus que pega o fruto do esmagar das nossas aflições, as lágrimas, e tem o poder de transformar em alegria. Ao olhar para as Escrituras,
eu vejo declarações de Deus fazendo isso de forma sobrenatural. Salmo 16:8-9, David diz: "Tenho o Senhor sempre diante de mim; estando Ele à minha direita, não serei abalado." Porque não seria abalado? Ele está passando por circunstâncias difíceis, mas com Deus dá para segurar. Por isso, o meu coração se alegra, o meu espírito exulta. E é depois disso que ele vai afirmar no verso 11: "Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença, plenitude de alegria; à tua direita, delícias perpetuamente." Irmãos, nós precisamos resgatar a conexão com a alegria sobrenatural. Há uma relação na
Bíblia não só como Deus sendo a fonte da plena e mais cheia medida de alegria, mas uma alegria que preenche qualquer alegria nossa, que sem a d'Ele nunca será completa. E quando a Bíblia fala sobre isso, ela relaciona muito com a pessoa do Espírito Santo. Atos 5:2 diz que os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo. Nós precisamos entender que essas coisas vão sendo relacionadas. Só que você pega essa declaração: "cheio de alegria e do Espírito Santo", e parece duas coisas desconexas. Todas as outras afirmações bíblicas mostram que elas estão conectadas. Gálatas 5:22
fala que o fruto do Espírito é, entre vários aspectos, alegria. Romanos 14:17: "O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo." Não meramente circunstancial, mas no Espírito Santo. Primeiro Tessalonicenses 1:6, Paulo diz: "Vocês se tornaram nossos imitadores do Senhor, recebendo a palavra com alegria que vem do Espírito Santo, apesar dos muitos sofrimentos." Ou seja, se dependesse das circunstâncias, estaria todo mundo triste. Pedro fala que as provações têm esse poder de contristar, mas ele diz que tem uma alegria que vem do Espírito Santo. Nós estamos bebendo de outra
fonte; nossas raízes estão em outro lugar. Mas um texto que eu amo é Hebreus 1:9: "Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros." Ungido com óleo de alegria. Basicamente, a Bíblia está dizendo que é uma unção de alegria. Lembra quando Jesus, em Lucas 4, cita Isaías e diz: "Eu vim consolar os que choram, dar-lhes uma coroa em vez de cinza, e dar óleo de alegria em vez de pranto"? Existe uma unção sobrenatural. Eu tive minha primeira experiência com isso aos 8 anos de idade. Estava profundamente chateado com
as circunstâncias, que, hoje, com a bagagem e a experiência da vida, com certeza não teriam me afetado tanto. Mas, na época, por imaturidade, eu estava devastado. Levei o assunto a Deus e gastei tempo o suficiente na presença d'Ele para conectar nessa bendita unção. Eu lembro de um momento onde a oração virou a glória de Deus; encheu aquela sala. Eu fui cheio do Espírito Santo, mas diferente de tudo que eu tinha experimentado até aquele dia. O resultado não era apenas orar em outras línguas; eu fui tomado de uma alegria inexplicável que parecia que eu explodia. Eu
me via rolando no chão da sala de casa, rolando e rindo, rindo a ponto de doer a barriga. Era uma coisa assim, mas não era como rir de algo engraçado; era um transbordar de prazer e deleite inexplicável. E quando parecia que ia me recuperar, uma outra onda de glória vinha e me pegava, foi uma atrás da outra. Eu lembro de um momento onde, muito tempo depois, eu levantei daquele chão. As circunstâncias eram as mesmas, mas eu não era mais o mesmo. Aquilo me afetava; eu estava conectado na fonte. Nós precisamos resgatar a expressão de uma
alegria que é maior do que qualquer circunstância. Muitos de nós estamos vazios porque estamos buscando na fonte errada. Quando Jesus olha para a mulher samaritana, diz: "Quem beber dessa água voltará a ter sede." Ele não falava só da fonte; Ele estava falando de todas as fontes que aquela mulher estava procurando. Ele disse: "Você já teve cinco." Maridos, que você tem agora, não é ele. Tá dizendo: "Você vai beber, beber, beber de tudo e não vai encontrar alegrinha, absolutamente nada." Mas quem beber da água que eu lhe der... E aí nós temos a diferença. Nos últimos
anos, Deus começou a trazer o entendimento tão claro e maduro dessas coisas, mas também uma experiência que começou a me levar para um lugar de crise. No ano passado, tive uma experiência com a visitação de Deus. Eu nunca senti tanto deleite na minha vida. Kell observa, e depois de uns dias, ela falou: "Você, te conheço, você tá em crise." Falei: "Tô em crise." Ah, foi a idade. Falei: "Não, virei o cinquentão, na melhor fase." Estamos vivendo a melhor fase do nosso casamento, dos filhos, do ministério. Tudo, só tenho gratidão a Deus. Ela falou com a
crise. Eu lembro que olhei para ela e falei: "Amor, nós estamos vivendo um momento de colheita depois de décadas de semeadura." Ela falou: "É verdade! Nós estamos no nosso melhor momento financeiro da vida." Eu falei: "Mas durante anos teve tanta coisa que a gente queria e não podia." Ela falou: "É verdade." Falei: "Agora que a gente pode, eu não quero." Ela falou: "Eu acho que é um sinal de maturidade." Falei: "Tomara, porque senão é autossabotagem." Mas falou: "Qual é a crise?" Isso ainda mexe comigo. Eu falei: "A crise é porque nós perdemos tanto tempo querendo
essas coisas, achando que isso nos daria alguma alegria e satisfação que nunca, nunca se compara ao que estava à nossa disposição o tempo todo de forma gratuita." E a gente, extraído, correndo atrás daquilo que não preenche, não acessava de forma mais profunda o que nos preenche. Quando Davi chora arrependido, ele disse para Deus duas coisas: "Não retires de mim o teu espírito." A gente viu a conexão entre Espírito Santo e alegria. Mas ele disse: "E nem tão pouco alegria da tua salvação." Qual deveria ser a maior alegria na minha e na sua vida? Não deveria
ser circunstancial. Em Lucas, no capítulo 10, no verso 17, os discípulos que tinham sido enviados por Jesus, não só para pregar o Evangelho, curar enfermos, mas também expulsar demônios, voltam empolgados. O texto diz assim: "Então, 70 voltaram cheios de alegria, dizendo: 'Senhor, em teu nome, os próprios demônios se submetem a nós!'" Estão empolgados com algo circunstancial. Gente, uma delícia é ver o poder e a autoridade do nome de Jesus. Expulsei meu primeiro demônio aos 15 anos de idade. Eu gostei tanto que entrei para o time dos Caça-Fantasmas. Podia ver alguém tremer na igreja, até dava
quase briga, né? A gente queria ver a autoridade do nome de Jesus. Isso é maravilhoso, não só a realidade do mundo espiritual. Uma cena que eu tenho forte assim na minha memória: nos primeiros anos de pastoreio em Guarapuava, um líder de uma célula me liga e fala assim: "Pastor, podemos antecipar e agendar sua supervisão?" Falei: "Supervisão de célula? É surpresa, filho, senão não seria supervisão." Ele falou: "Mas eu preciso do Senhor essa semana e eu sei que é muita gente para visitar." Falei: "Amigo, não é assim que funciona." Ele falou: "Pastor, deixa eu ser honesto.
Nós chamamos um cara metido com a magia, o reino das trevas, que o senhor não tem noção, e ele aceitou vir na célula. Ele falou: 'Vai dar ruim, não tem chance desse cara do jeito que tá.' Hora que bater com a presença de Deus ali, não dá conflito." Ele falou: "Eu não tô preparado para isso." Eu falei: "Nunca te pedi. Eu preciso de você lá." Fui eu. Sentamos, a reunião vai começar. Primeiro, a acorde, a pessoa bate no violão e chama o nome de Jesus. A criatura endemoniada, além de mim, o homem era magrinho, franzino,
mas ele cai para o chão e começa a serpentear, literalmente, com os braços e pernas fechados. Eu não sei como ele arrastava no chão, parecia uma serpente. Ele veio na minha direção. Eu tô sentado numa cadeira de madeira que era toda maciça, aquelas coisas bem de antigamente que não se faz. Gente, a cadeira era pesada e difícil de movê-la sozinho. Agora eu, sentado em cima dela, e era o eu de antigamente, quase 130 kg, aquela criatura que vem rastejando para na minha frente. Só me olha, pega no pé da cadeira com a mão, sem nem
usar o cotovelo como alavanca, e levanta a cadeira e eu em cima com uma mão. Um franzininho! Impossível qualquer pessoa naquela condição fazer isso. A gente sabe que é uma tática de intimidação do diabo. Tá funcionando pros outros. Eu já vinha jogando o jogo há muito tempo: "Uma palavra de ódio, bota a cadeira no chão, não se atreva a fazer mais nada." Repreendemos, expulsamos o demônio. O cara foi liberto, aceitou Jesus, foi uma festa. Não tem como não ficar empolgado. Você tinha que ver os crentes depois. Eu sabia que Jesus é maior. Falei: "Sabia, mas
depois do resultado é empolgação, euforia." E os discípulos voltam. Eu fico tentando imaginar as primeiras experiências, gente. Só que é o que Jesus responde: "18 Jesus lhes disse: 'Eu via Satanás caindo do céu como relâmpago.'" Ele foi, tá perdendo faz tempo, ele tá apanhando faz tempo. "Verso 19: Eis que eu dei a vocês autoridade para pisarem cobras e escorpiões sobre todo o poder do inimigo e nada, absolutamente, lhes causará dano." Ele tá dizendo: "Vocês têm mais autoridade do que pensam, vão viver um domínio sobre o reino das trevas maior do que vocês sonham." Mas ele
já diz antes: "No entanto, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, e sim porque o nome de cada um de vocês está registrado, arrolado nos céus." E diz: "Mais do que alegria do circunstancial, até quando o circunstancial é afetado pelo sobrenatural, o poder de Deus está se manifestando." De Deus está sendo glorificado, e disso tem um motivo de alegria: maior a salvação eterna de cada um de vocês. Agora, a minha pergunta é: o que um crente que entende o que ele aguarda está se permitindo desanimar tanto com as circunstâncias? A ponto de jogar
fora a alegria eterna? Gente, quem está afetado pela circunstância está virando as costas para Deus, está relaxando na vida espiritual. Eu, querido, haverá um dia em que nós vamos viver a plenitude que Deus tem. O livro do Apocalipse diz que Ele enxugará dos olhos toda lágrima; que lá não haverá mais morte, não haverá maldição, não haverá lembrança das coisas passadas. Não tem perrengue que dure! Agora, mesmo antes de viver essa plenitude, há uma alegria incapaz de ser medida e mensurável, incapaz de ser explicada, mas que está à minha e à sua disposição. E nós precisamos
entrar nesse lugar. Sabia que Deus transforma tristeza em alegria, sim, mas não é automático? Se você se entregar à dor do processo e não antecipar em fé a alegria do resultado, você não vai longe. Se você, como Paulo, não tirar os olhos da circunstância para conectar-se a Ele intencionalmente e dizer: "É Ele que me fortalece", quando Paulo e Silas estão na cidade de Filipos, para quem ele está escrevendo e o povo, para quem ele está escrevendo, lembra do que eles passaram? Eles foram presos, açoitados. A Bíblia diz que, à meia-noite, estavam pendurados, mãos e pés
amarrados no tronco, açoitados, sem nenhum tratamento, as feridas, né? Tudo lá exposto. A Bíblia diz que ninguém dormia porque Paulo e Silas não deixavam ninguém dormir. O que eles estavam fazendo? Orando e cantando louvores. Tiago escreve: "Algum de vocês está aflito? Ore!" Eles estavam orando e estavam aflitos, mas diz: "Algum de vocês está contente? Cante louvores!" Ele está dizendo que podemos estar aflitos com a circunstância para onde orar, mas estamos felizes com Deus, que está acima de tudo e nos fortalece. Então, nós vamos louvar. E pessoas que entraram nesse lugar primeiro, vão ver terremotos sacudindo
a prisão, abrindo portas. Sabe, precisamos conectar e celebrar de forma contínua a alegria da salvação. Você pode dizer amém? Vamos ficar em pé para parecer que está acabando, até que chega o momento em que se cumpra Apocalipse 7:17, onde Deus enxuga dos olhos toda lágrima. Nós ainda vamos ter que lidar com isso, tanto que a orientação prática de Romanos 12:15 é: "Alegre-se com os que se alegram, chore com os que choram." Nós ainda vamos chorar às vezes, pelas nossas circunstâncias, às vezes pela dor das circunstâncias dos nossos irmãos. Mas o choro não deve ser uma
condição; ele tem que ser uma situação. Mesmo o luto, que não pode ser negado e precisa ser vivido, não deve ser permanente. Quando a gente olha para as Escrituras, a gente entende isso. E sabe, a minha preocupação em trazer essa palavra hoje não é apenas para aqueles que, nesse momento, estão talvez vivendo um momento de dor, de choro ou de tristeza. Porque mesmo você que, talvez, circunstancialmente está no melhor momento, a vida é cíclica, e daqui a pouco podem ter circunstâncias que vão te tocar. E o que eu e você precisamos é, como Paulo, dizer:
"Eu aprendi a viver contente em qualquer situação." E o combustível não é só alegria natural; quando ela vem, é um plus, é algo a mais. Quando ela falta, o carro funciona da mesma forma; ele segue com outro combustível. Esse dia alguém está me explicando: "Pastor, esse carro é híbrido, é gasolina e elétrico. Faltou gasolina, o elétrico deixa ele andando. Faltou energia, e tem gasolina, ele continua andando." E a gente precisa entender que, de alguma forma, Deus nos deu um combustível emocional, que são alegrias circunstanciais, mas nos deu um bem melhor do que esse, um outro
nível de octanagem. E a minha e a sua vida têm que ser movidas por isso. Mas nós temos que viver conectados. A fonte, a relação com Deus, não pode ser de vir apenas um culto por semana e achar que tudo tem que acontecer num culto, que a gente quer que termine o mais rápido possível. A conexão tem que ser diária, tem que ser contínua. Quando Paulo escreve, diz: "Orai sem cessar." Ele está dizendo: "Permaneça conectado o tempo todo." Não importa se você está no seu trabalho ou na vida comum do lar, você está consciente de
Deus, você está conectado com Ele. Você pode permitir não apenas Ele te sustentando, mas às vezes até evitando situações ruins pela direção do Espírito Santo. Feche seus olhos por um instante. Pai, eu oro com os meus irmãos e irmãs. Eu creio que o Senhor quer nos dar mais do que informação, que oriente decisões e um estilo de vida que precisamos ter. Eu creio que o Senhor quer trazer mais do que o combustível emocional daquela essência motivacional. Nós cremos no despertamento espiritual e oro que o poder do Teu Espírito Santo, chamado nas Escrituras de Consolador, se
manifeste hoje neste lugar, na vida daqueles que estão enfrentando circunstâncias, situações que têm trazido dor. Nós oramos, ó Deus, não apenas para que o choro cesse, porque sabemos que o consolo é mais do que isso. Nós oramos que o riso chegue; nós oramos que as trevas de ignorância sejam dissipadas, não apenas pela orientação da Tua palavra, mas também pela revelação e aplicação prática do Teu Espírito dentro de cada um. E nós oramos por um sopro de vida dos céus. Oramos que o Senhor reacenda essa chama da alegria, da alegria do Espírito Santo, da alegria da
salvação. Toca as nossas vidas, nós clamamos em nome de Jesus. E, porque cremos que o Senhor nos ouve, nós nos antecipamos em Te dar glória, honra e louvor, não só pelo que o Senhor fará agora, mas a partir de agora. Bendito seja o Teu nome. Nós oramos em nome de Jesus. Amém. Você recebe essa palavra em nome de Jesus? Amém!