sou filha da selva minha fala é tupi trago em meu peito as dores e as alegrias do Povo Cambeba e na alma a força de reafirmar a nossa identidade que há muito tempo ficou esquecida diluída na história mas hoje revivo e resgato a chama ancestral de nossa memória sou Cambeba e existo sim no toque de todos os tambores na força de todos os arcos no sangue derramado que ainda colore essa terra que é Nossa nossa dança guerreira tem começo mas não tem fim foi a partir de uma gota d'água que o sopro da vida gerou
o povo mágua e na Dança dos tempos pajés e curacas mantém a palavra dos Espíritos da Mata refúgio e morada do Povo cabeça chata que o nosso canto ecoe pelos ares como um grito de Clamor a Tupã em ritos sagrados em templos erguidos em todas as manhãs 2023 já começou nos impactando um ano aí que se inicia com o choque com a brutalidade né com a tristeza e o horror da situação em que se encontram os povos e anomis para além das implicações criminais políticas ambientais sociais humanitárias Eu acho que cabe a nós também pensar
na questão cultural na questão da formação identitária do Brasil e de como a figura do indígena se insere nessa história Né desde quando e como vem sendo trabalhada se a literatura tem um papel fundamental importante relevante na construção do Imaginário eh na construção da identidade da cultura de um povo eh trazendo aí figuras imagens tipos arquétipos estereótipos E por aí vai não seria Então a nossa literatura corresponsável talvez por invisibilizar e até mesmo negligenciar estes povos é o que investigaremos nessa aula comecemos então falando sobre as primeiras aparições da figura do indígena na literatura brasileira
momento ainda que a literatura não tinha muito bem essa finalidade tal como compreendemos hoje de invenção de fruição entretenimento E por aí vai né ali no século X quando do do achamento né não do descobrimento porque o Brasil já existia mas quando do achamento quando os portugueses chegaram e desembarcaram aqui no Brasil chamaram Brasil de terra de Santa Cruz e as primeiras impressões que eles que eles colocam em seus textos escritos acerca do indígena a gente pode dizer que são as impressões do colonizador então tem esse olhar muito muito fascinado muito curioso interessado mas também
moralizante preconceituoso condenatório né Coitada dessa gente essa gente tá perdida é uma gente que não é cristã é uma gente que não conhece a Deus o Deus do cristianismo então portanto essas essas pessoas estão condenadas ao inferno a danação eterna né de olhar a figura do indígena como uma figura menor uma figura inferior considerada inculto gente e isso é problemático porque afinal de contas não é que eles são incultos que eles eram incultos é que a cultura era outra E aí essa esse esse olhar inferiorizante ele vai agravando os problemas e as circunstâncias desse processo
de colonização no nosso território porque ao mesmo tempo que há esse reconhecimento de que que eles são desprovidos de cultura e de civilização e que eles precisam da ajuda do homem branco para salvá-los levá-los a Deus é é é um desperdício que tão que uma terra tão gigantesca tão cheia de recursos como o Brasil com muita água potável com árvores e abundância com várias fontes de riqueza estejam nas mãos de quem não sabe explorar esses recursos né Então olha a visão Consumista a visão predatória que o colonizador já sobre toda a Natureza e por tabela
também ao indígena inclusive nesse período né chamado de Quinhentismo no Brasil enquanto na Europa tava rolando o classicismo renascentista no Brasil tava acontecendo o que chamamos de quentis que os livros didáticos nomeiam assim por conta dos anos de 1500 eh foram produzidos dois tipos de literatura de forma mais Evidente né que é a chamada literatura de viagens ou literatura de informação que eram essas cartas esses textos que eram enviados para a corte para informar do que estava acontecendo aqui e a literatura de catequese ou literatura de Formação que eram os textos produzidos pelos Jesuítas e
eles chegam já com essa visão contra reformista uma visão Barroca de colonizar o mundo de cristianizar o mundo de transformar todos aqueles que ainda não tiveram acesso à fé católica em católicos convictos né porque esse era um projeto da contrareforma né com essa convicção de que os homens brancos apareceram no caminho dos homens nativos dos indígenas para convertê-los e possibilitar para eles a salvação de suas almas E aí por exemplo o o José de ancheta teve uma obra chamada aut representado na festa de São Lourenço nesse texto ele coloca ele constrói personagens é uma peça
de teatro que era era para ser encenada diante dos índios e ele coloca ali personagens representando essas polaridades do Mundo Cristão esse queísmo do da da perspectiva Cristã de mundo eh Então os personagens que remetiam a Deus que remetiam ao paraíso que eram anjos que eram Santos falavam português no máximo quando muito falava espanhol agora os demônios aqueles que queriam as almas tudo aquilo que era referente ao satânico ao vício à escravidão da Alma eles falavam Tupi guaram Então olha o processo de dominação cultural já é evidente aí né tudo que era referente que poderia
ser atribuído a uma cultura a cultura indígena era Demoníaco era perdido era devasso era pervertido a o que garantia a salvação era tudo aquilo que estava conectado à Europa ao português ao homem branco colonizador E aí para ilustrar essa visão de mundo no século X Eu quero ler um trecho da carta de peru Vaz Inclusive a gente tem aqui também no nosso canal um vídeo sobre essa obra né que é uma obra que caiu aí em vestibulares do Brasil é uma obra importante pra gente revisitar e a gente entender as estruturas dessa mentalidade que nós
temos de onde é que vem esse preconceito esse racismo E por aí vai de ponta a ponta é tudo praia Palma muito Chã e muito Formosa pelo Sertão nos pareceu vista do mar muito grande porque a estender olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos que nos parecia muito longa nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata nem coisa alguma de metal ou ferro nem L vimos porém a Terra em si é de muito Bons Ares porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente eh
eu fico me perguntando o que fez ele pensar que essas pessoas estavam condenadas você estavam Vivendo em uma terra idílica paradisíaca não seriam eles portugueses eh em situações de fuga e de esconderijos e de derrocada decadência Econômica que não estariam perdidos fica aí a provocação já no século X no Brasil tá acontecendo o chamado Barroco embora ainda não com uma organização sistemática e complexa como os outros as outras escolas literárias digamos assim eh basicamente a figura do indígena não não tem grandes projeções na verdade a gente tem ecos das visões anteriores porque afinal de contas
estamos falando de um cenário contra reformista na presença dos Jesuítas no Brasil eh e na obra de Gregório de Matos o ind assim como negro aparece só para ser depreciado né porque o Gregório de Matos ele era é uma figura que na sua voz na sua poesia aparece aí essas marcas de racismo na obra dele então ele eh deprecia a figura do indígena assim como do mestiço do negro e por aí vai agora na obra do Antônio Vieira o grande sermon Jesuíta que veio ao Brasil e que tinha muitos durante muito tempo foi considerado o
grande defensor dos índios no Brasil mas a gente sabe que na verdade não foi muito bem assim sim não é que ele era bonzinho que ele queria ajudar os índios e que ele vem com esse ar paternalista e protetor não ele era amigo do rei de Portugal e ele entendia ali né tinha uma visão muito apurada da realidade daquele cenário eh não queria uma reforma somente espiritual mas considerava que era importante uma reforma no mundo material no mundo concreto para fortalecer bem o espírito né foi um grande utópico de uma paz de uma Harmonia social
e política nessa relação entre Brasil e Portugal considerando que Portugal que Brasil era uma extensão de Portugal né enxergando o Brasil não só como território a ser explorado Mas para onde os portugueses vinham também para morar como ele né Como foi o caso dele essa visão eh um pouco paternalista digamos assim mas com pezinho lá atrás problemática porque também é opressora também é exploratória uma vez que visualiza e pretende essa coisa da essa questão da imposição e da dominação cultural se estende pro século XVII no arcadismo no chamado arcadismo que embora a gente não veja
muito na poesia lírica produzida pelo Tomás Antônio Gonzaga né pelo Cláudio Manuel da Costa mas a gente vê duas grandes epopeias importantes do século XVII que são o uraguai de Basílio da Gama e o Caramuru do Frei de Santa Rita Durão E ali a figura do indígena ela é essa figura exótica é essa figura incompreensível e portanto fascinante mas também é um bruto e ignorante que precisa ser ensinado que precisa ser conduzido e quem melhor para fazer isso do que o abençoado homem branco Europeu é o que a gente percebe por exemplo no caso de
Caramuru que conta a história aí de duas irmãs índias que se apaixonam pelo mesmo homem e uma delas que é a Moema ela morre afogada em busca do seu amor indo atrás do amor então é uma figura feminina em indígena que se entrega que morre por algo que é maior que ela que é o amor por um homem branco Inclusive essa personagem ela é Ela é representada num quadro muito importante numa pintura muito importante do século XIX feita pelo vctor Meireles de mesmo nome o nome Moema e essa imagem ela reforça ela endossa essa necessidade
de submissão que o índio precisa ter mediante o homem branco essa relação de amor devoção veneração e submissão do indígena em relação ao homem branco atravessa o século XVI e vai pro século XIX porque afinal de contas nós estamos falando da do Iluminismo e os desdobramentos de suas ideias pro século XIX e um dos filósofos mais importantes do Iluminismo foi o jean-jacques Rousseau que propôs dentre várias propostas uma das colocações dele é a figura do bom selvagem né ou bom selvagem que é o índio que é o homem primitivo é o homem da natureza é
o homem em estado de Pureza que não se corrompeu não foi corrompido pela sociedade e aí ele traz pra formação de um povo essa Inocência essa pureza esse heroísmo né uma figura gloriosa que ainda não foi corrompida pelo meio isso é muito problemático no século XIX nós estamos falando de romantismo nós estamos falando do bum do indianismo no século XIX e aí várias figuras importantes se destacam nesse momento como José de Alencar com a sua trilogia indígena sua Tríade indígena Iracema o birajara e Guarani inclusive o que acontece com Moema lá no Caramuru também acontece
com Iracema tamanho é o seu grau de submissão e de amor devoção a homem branco ela morre de amores literalmente e o Gonçalves Dias né com suas obras também seus poemas americanos seus poemas ameríndios né os seus poemas que vão falar da vida do nativo mas são são obras são textos que estão vinculados a um projeto muito sério e muito problemático pra época Talvez não tenha sido mas hoje com a nossa consciência crítica A gente precisa questionar eh os românticos eram muito apegados ao passado eles não olhavam muito pro presente porque o presente era o
momento do sofrimento era o lugar da dor então eles idealizavam muito o passado eh tinham essa busca por um passado mítico por um um mito fundador um mito glorioso numa perspectiva bem Épica né levando em consideração o projeto das epopeias de contar a formação de um povo a partir da figura de um grande herói o índio hoje não serve mais porque ele foi corrompido pelo meio é é o que muito se diz nessa sociedade dita civilizada em que nós estamos e quem corrompeu a figura do nativo o próprio homem branco Só que essa autocrítica essa
autoanálise não aparece no romantismo e de certo modo Esse vício de atribuir a culpa ao outro parece perpetuar-se até os dias atuais né porque a gente não tem muito uma consci crítica sobre o que foi feito desses povos que entraram em contato com o europeu colonizador e o que ele aprendeu com isso o que que ele tá reverberando aí nas suas práticas de que maneira ele perde a sua cultura e começa a ser aculturado nesse processo de dominação eh e se perde dentro de todo esse cenário em que ele não se encaixa como civilizado Mas
ele também não é mais o puro homem primitivo em estado de Pureza e de Inocência natural porque quando a gente entra no século XX a gente tem o modernismo e o que que os modernistas fazem né o ano passado a gente fez aí Centenário 2022 fizemos né o centenário da Semana de Arte Moderna maravilhoso tudo lindo mas uma série de questões foram levantadas né de que maneira o modernismo excluiu uma galera importante que faz parte do Brasil desse movimento porque no afinal de contas a Semana de Arte Moderna foi um evento produzido por pessoas privilegiadas
no local privilegiado fechados na sua Olha né E aí a gente tem nomes importantes como do osvald Andrade que escreveu O Manifesto antropofágico eh a gente tem a figura do Mário de Andrade que é fundamental pra história da literatura brasileira e que é autor de macunaima e que são obras que trazem elementos não só na linguagem mas na cultura para mostrar a diversidade do Brasil né que o Brasil não é feito só de uma etnia de um só povo de uma só Raça mas o Brasil é múltiplo o Brasil é plural entretanto ainda são homem
hom civilizados não vou dizer nem Branco porque o Mário de Andrade era mestiço mas são homens da civilização são homens embranquecidos pela civilização falando de lugares indígenas que na verdade não tiveram ainda a oportunidade de falar dentro da história e da história da literatura brasileira e que que é macunaima afinal de contas makunaima era um índio preto que depois de passar por um banho mítico fica branco os irmãos dele ficam ali e um fica mais pro pro voltado para um Pardo né que é outro problema dentro da nossa cultura e outro fica mais mais retinto
mas também mestiço então o que que macunaima traz macunaima traz a síntese do povo brasileiro mas ao trazer a síntese do povo brasileiro e o Herói O Grande Herói O Grande arquétipo da obra ficar branco branquinho alvo como a neve Cadê a origem indígena dele ela não aparece mais nos fenótipos e isso acaba sendo em alguma medida invisibilizado apagado e negado e se é negado não está em pauta para ser reconhecido para ser identificado para ganhar legitimidade de ocupar o seu espaço ainda falando de século XX no Brasil né a partir da de 1960 a
literatura brasileira rompe com esses estereótipos né rompe com essas imagens muito muito cristalizadas muito estereotipadas né E a gente tem agora um olhar olar mais abrangente a literatura vai lançar um olhar mais abrangente pra história do Brasil vai contemplar melhor a figura do indígena como no caso de quarup do Antônio Calado ou de Maira do Darc Ribeiro mas ainda assim né reforçando são homens brancos civilizados eh falando pelas vozes indígenas a gente ainda não tem a autonomia emancipação intelectual cultural e literária do indígena Até que a gente chega no século XXI a gente tem essa
contemporaneidade esse tempo que nós estamos vivendo a gente tem obras super relevantes hoje em dia que desromantizando que desconstrói aquela idealização do índio lá no romantismo no indianismo do século XIX que humaniza a figura do indígena que mostra o indígena em contato né formando a sua subjetividade em contato com outras pessoas gente da sua Aldeia e gente de fora da sua Aldeia que vem trazendo Novos Valores e novos sentidos como por exemplo em nove Noites do Bernardo Carvalho e torto arado do Itamar Vieira Júnior né que se passa dentro de um Quilombo vai mostrando ali
os quilombolas eh isso é muito interessante mas ainda de novo reforçando são figuras são homens né Bernardo Carvalho e a Tamar Vieira Júnior são homens civilizados são homens que estão inseridos numa civilização Branca né em alguma medida embranquecidos por ela eh que estão falando desse lugar ainda assim é importante que é uma escuta né é mais atento é mais cuidadoso é mais observador é mais analítico é mais justo mas até chegarmos a esse momento em que podemos falar que temos agora vozes indígenas trazendo suas manifestações literárias culturais e suas memórias para a história da literatura
brasileira nos dias atuais né agora século XX ano de 2023 nós temos as próprias vozes indígenas falando do seu lugar falando do seu próprio pertencimento contando dando outras versões a partir da sua própria ancestralidade a partir das suas origens né então o que significa dizer isso é que nós temos atualmente escritores e escritoras indígenas que estão produzindo literatura que estão produzindo textos não só literários mas textos também de reflexões textos de caráter filosófico de caráter político e sociológico então nós temos uma literatura de autoria indígena hoje de produção indígena que tá buscando o seu lugar
tá ocupando esse espaço eh trazendo não só o seu caráter de resistência de reivindicação Mas também de militância e de conscientização é é claro que em alguma medida isso não é uma grande novidade né não há nada de novidade de inusitado Nisso porque povos indígenas produzem e sempre produziram suas histórias suas narrativas né O que a gente sabe é que a cultura as culturas indígenas os diferentes povos indígenas produzem suas narrativas entretanto durante muito tempo essas narrativas estavam mais no campo da oralidade né o suporte era a oralidade as narrativas que eram passadas de boca
em boca né que eram propagadas oralmente agora o que nós temos de que nos chama atenção né E que merece eh uma observação mais atenta mais cuidadosa e também um enaltecimento né justamente por ocupar esses espaços é que essas essas histórias agora estão também no suporte da escrita né então nós temos aí no âmbito da escrita de fato do livro publicado do livro impresso isso é importante não só por questões de resistência de sobrevivência de resiliência nós que estamos de Fora enxergar a existência dessas pessoas que foram invisibilizadas durante tanto tempo que foram apagadas durante
muito tempo mas essa discussão também não é só importante no âmbito político no âmbito social mas também no que diz respeito aos próprios conceitos de teoria e de literatura que ficaram estanques rígidos durante muito tempo quando a gente fala de literatura contemporânea e sobretudo de literatura de escrita indígena a gente tem todos os limites da teoria esgarçadas eles são destruídos não se pode mais falar em simplesmente de escrita de poesia ou de prosa né mas transita muito entre a entre o poema entre o gênero lírico e uma prosa poética Entre uma e uma narrativa eh
os limites entre ficção e realidade a invenção e a autobiografia a biografia uma narrativa de memórias mas que ali no meio também tem entranhado as memórias fictícias As Memórias coletivas que não sejam necessariamente de um indivíduo ou então os limites entre o discurso literário que é carregado né de policemi de símbolos de significados múltiplos e o caráter ensaístico né né um texto mais reflexivo eh e que também traz essa marca do entretenimento do deleite da fruição que a literatura traz então são textos que transitam muito n entre esses lugares né Tem contornos muito mais elásticos
a separação eh entre gêneros literários por exemplo não fica e gêneros do discurso em geral não ficam mais tão evidentes né não os limites não são mais tão visíveis não são tão mais claros pra gente e quando a gente fala em escrita indígena a gente pensa imediatamente nos nomes que estão aí em alta né são nomes muito evidentes Como por exemplo o do Ailton krenak né que publicado pela Editora companhia das Letras eh não só esta obra né ideias para adar o Fim do Mundo como também a vida não é útil e ele recentemente lançou
também o futuro ancestral que são textos muito de caráter filosófico em que ele faz a defesa do meio ambiente e a defesa da vida indígena né como parte do meio ambiente e aí amplia a reflexão né o indivíduo capitalista o indivíduo que tá atolado pela pelo consumismo também é natureza então não dá para negar natureza porque se ele aniquila a natureza ele também tá se auto aniquilando então por exemplo o David copena que é um outro nome muito importante também de reflexões mais de caráter filosófico pela defesa do meio ambiente também mas vale citar outros
nomes eh cuja urgência sem consultar grita né são urgentes a gente precisa consultar imediatamente pra gente ver também esses contornos da da criação poética né de uma imaginação poética de um poder de renomear a vida o mundo a existência um deles é o Daniel mundurucu posso citar duas obras como o Caraíba por exemplo e Memórias de índio O Daniel mundurucu é uma figura muito interessante dentro de todo esse cenário porque ele é um homem indígena que saiu da sua Aldeia e foi Viver a Vida na cidade a vida de um civilizado digamos assim eh e
o que ele traz de reflexão paraa obra dele é esse entrelugar que ele ocupa e que eu gostaria de deixar ali pro final nas reflexões finais algumas provocações sobre essas reflexões que ele traz que ele coloca muito evidentemente dentro dos seus textos dentro das suas falas dentro das suas aulas mas que aparece também nas reflexões de uma Márcia kambeba por exemplo a autora de saberes da floresta eh um livro todo Verde um livro ah de aspecto muito natural e sobretudo na sua dicção né que são textos ali Ela traz textos que misturam novamente aquilo que
eu falei traz poemas traz curtas narrativas traz memórias e traz ensaios reflexões sobre principalmente o meio ambiente né a defesa do meio ambiente é a defesa inclusive da vida indígena porque esse é o lugar de origem dessas pessoas desses povos outra obra também que merece a nossa consulta urgente imediata é metade Cara Metade máscara de Eliane Potiguara outro contrapontos da literatura indígena contemporâneo no Brasil de graça Graúna muito também né Essas duas muito também no caminho da da reflexão mais ensaística mas o poético muito entranhado ali dentro porque afinal de contas eh a as narrativas
que fundam Esses povos são narrativas de caráter mítico né de caráter folclórico E essas narrativas são permeadas a gente sabe né como literatura ocidental são permeadas pelo poético né pelo por conceito de beleza por um conceito de fruição por um conceito de prazer de deleite e de aprendizado e ensinamento outra obra também que merece muito a visita urgente de todos nós é a terra dos Mil povos de cacau erá e essa obra aqui principalmente né que vale uma ressalva traz dentre as suas várias propostas a questão da conscientização e da militância política da resistência da
cultura indígena então não só da vida fisiológica indígena mas da cultura da língua né do que que Esses povos falam Quais são os vários idiomas o Brasil é um país poliglota o Brasil não é um país que só fala o português levando em consideração a variedade a diversidade de povos indígenas que aqui vivem é um PA poliglota que F fala vários idiomas eh mas também traz esse desejo de emancipação e autonomia da voz indígena na literatura né um novo lugar uma nova voz que fala e aí pensando nisso é que eu quero colocar para vocês
aqui para fechar uma reflexão mas com altas doses altas notas de provocação partindo mesmo do que o das reflexões do que o Daniel mundur propõe em seus textos em suas aulas levando em consideração que ele é um homem que saiu de uma aldeia Foi viver a vida de um civilizado né eí Vamos colocar bastante entre aspas essa palavra porque a o homem indígena a mulher indígena figura do indígena nesse cenário carregado de preconceitos e de estereotipização é visto como um selvagem como um Rude como um bruto né a gente tem aí a história da literatura
que a gente viu toda aí nessa nessa vídeoaula para confirmar isso Eh mas são seres humanos também são seres humanos onde eles se encaixam onde a gente coloca essas pessoas onde essas pessoas podem se colocar em que lugar eles podem se afirmar como indivíduos como homens mulheres como sujeitos porque afinal de contas saíram da Aldeia então não são mais puramente indígenas mas entram no universo dos civilizados e os civilizados não os recebem muito mudo bem olham para ele com cara torta com preconceito né existe muito aquela aquele papo furado de que índio não pode ter
iPhone de que índio não pode ter celular de que índio não pode ter caminhonete isso é brutal isso é aniquilador que esse processo de anulação de exclusão e de destruição destas pessoas de suas origens de suas memórias e de suas manifestações culturais acabe e que essa provocação essa reflexão sirva de força motivadora pra gente ser mais humanizado porque afinal de contas a literatura ainda pode prestar esse belíssimo serviço em nossas vidas eu agradeço a atenção de vocês eu vou ficando por aqui até a nossa próxima aula