Pergunte-se: “Quem sou eu? ” Dê sua total atenção ao que é mais importante em sua vida – você mesmo. Do seu universo pessoal, você é o centro – sem conhecer o centro, o que mais você pode conhecer?
Desista de todas as outras perguntas menos uma: “O que sou eu? ” Para saber o que você é, você deve saber primeiro o que você não é. O que você é, você já é.
Conhecendo o que você não é, você se livra disto, permanecendo em seu próprio estado natural. Descubra tudo o que você não é. Este método é conhecido como; Neti Neti – A Negação do Irreal.
Nisargadatta Maharaj. “Aquele que usa este método de ‘eu não sou nada, você não é nada, não há nada’ é realmente afortunado. ” - Siddharameshwar Maharaj.
Pergunte-se: “Quem sou eu? ” Nossa atitude comum é pensar “Eu sou isto”. O que podemos perceber e apontar como “isto” ou “aquilo”, não pode ser o nosso verdadeiro Ser.
O que somos, não pode ser descrito, exceto através de uma negação total. Então, só podemos dizer: “não sou isto, não sou aquilo” (Neti neti). Compreenda-se como à distância de tudo que possa ser apontado como “isto” ou “aquilo”.
Você é inalcançável por qualquer experiência sensória ou construção verbal. Afaste-se delas. Veja que você não é o que você acredita ser.
Lute com todas as forças de que dispõe contra a ideia de que você seja nomeável e descritível. Você não é. Ideias como – “Eu nasci em um dado lugar, em tal data, de meus pais, e agora sou assim, vivendo em, casado com, pai de, empregado por, e assim por diante” – não são inerentes ao sentido “eu sou”.
Separe, consistente e perseverantemente, o “eu sou”, do “isto” ou do “aquilo” e tente sentir o que significa ser, simplesmente ser, sem ser “isto” ou “aquilo”. Apenas seja. Todos os nossos hábitos resistem a isso.
A tarefa de combatê-los é longa, e às vezes, difícil, mas um entendimento claro ajuda muito. Quanto mais claramente você entender que no nível da mente você só pode ser descrito em termos negativos, mais rapidamente você chegará ao fim da busca e à compreensão de seu ser ilimitado. Talvez você tenha notado que todos os conselhos ao exterior têm forma negativa: não faça, pare, abstenha-se, abandone, sacrifique-se, submeta-se, veja o falso como falso.
Mesmo a menor descrição da realidade é dada através de negações – “Não isto, não aquilo”. Só na autonegação completa há uma oportunidade de descobrir nosso ser real. Pergunte-se: “Quem sou eu?
” É correto dizer “eu sou”, mas dizer “eu sou isto” ou “eu sou aquilo” é um sintoma de falta de investigação, de falta de exame, de fraqueza mental ou letargia. Investigue-se: ‘O que sou eu? ’ “O que há por trás e além de tudo isso?
” Cedo ou tarde, você será obrigado a descobrir que, se realmente quiser encontrar, terá que escavar em um só lugar – dentro de si mesmo. Para encontrar água, você não cava pequenos buracos em diversos lugares, mas perfura profundamente em um só lugar. De modo similar, para encontrar seu ser, você terá que explorar a você mesmo.
Nenhuma universidade pode ensinar-lhe a ser você mesmo. O único modo de aprender é através da prática. Comece agora mesmo a ser você mesmo.
Descarte tudo o que você não é, e vá sempre mais profundamente. Como um homem que cava um poço e rejeita o que não é água até chegar ao lençol freático, igualmente você deve descartar o que você não é, até que não fique nada que possa ser rejeitado. Tudo o que um Guru pode dizer-lhe é: “Meu querido senhor, você está muito equivocado a respeito de si mesmo.
Você não é essa pessoa que você pensa ser”. Não confie em ninguém, nem mesmo em si mesmo. Busque, descubra, remova e rejeite cada pressuposto até que você alcance as águas vivas e a rocha da Verdade.
Comece desassociando-se de sua mente. Resolutamente lembre-se que você não é a mente, e que os problemas dela não são seus. O que quer que seja sentido, imaginado ou conhecido, na verdade, não é você.
Ambas, fé e razão, lhe dizem que você não é nem o corpo, nem os seus desejos e medos, nem você é a sua mente com as suas ideias fantásticas, nem o seu papel social que lhe compele a representar a pessoa que você supõe que você é. Corpo, sentimentos, pensamentos, ideias, tempo, espaço, ser e não ser, isto ou aquilo – nada concreto ou abstrato que você possa apontar é você. Negue tudo o que seja irreal: não isto, não aquilo.
O que você necessita para a sua salvação já está dentro de seu alcance. Use-o. Investigue o que você conhece até o seu próprio fim, e você alcançará as camadas desconhecidas de seu ser.
Avance ainda mais e o inesperado explodirá em você, e destruirá tudo. Isso não significa morrer, isso significa viver, finalmente. Investigue profundamente: “O que sou eu?
” Você não precisa saber o que você é. Já é o suficiente saber o que você não é. O que você é, você nunca vai saber, pois cada descoberta revela novas dimensões a conquistar.
O desconhecido não tem limites. Na busca interior, o inesperado é inevitável; o descobrimento está invariavelmente além de toda a imaginação. Do mesmo modo que uma criança ainda não nascida não pode conhecer a vida depois do nascimento, pois não tem em sua mente nada para formar uma imagem válida, assim também, a mente é incapaz de pensar no real em termos do irreal, exceto, mediante a negação: “Não isto, não aquilo”.
A aceitação do irreal como real é o obstáculo; ver o falso como falso, e abandoná-lo, traz a realidade para dentro do ser. Apenas rejeite o irreal, rejeite tudo o que você não é. Meu Guru me ensinou a duvidar de tudo, e absolutamente.
Ele disse: “Negue existência a tudo, exceto seu ser”. “Se tudo for rejeitado, restará apenas aquele que rejeita tudo. Isso é a testemunha Eterna, Existência-Conhecimento-Bem-aventurança (Sat-Chit-Ananda)”.
- Siddharameshwar Maharaj. Abandone todas as ideias sobre você mesmo e você descobrirá ser a pura testemunha, além de tudo que possa acontecer para o corpo ou para a mente. Quando você nega a realidade a tudo, você chega a um resíduo que não pode ser negado.
Primeiro, você deve compreender o que você não é, e nesse momento, o que você é, ficará claro. A natureza do Ser não pode ser pensada. A mente nunca poderá conhecer o Ser.
Ao tentar firmemente encontrar o Ser, a mente desaparece no processo. Você perceberá que o que fica não é nada ao qual a mente possa agarrar-se. Você nem mesmo é um ser humano.
Você simplesmente é – um ponto de Consciência, coextensivo com o tempo e o espaço e além de ambos, a causa última, ela mesma incausada. Quando tudo o que pode desaparecer desaparece, o que resta? O vazio permanece, a Consciência permanece, a pura luz do ser consciente permanece.
É como perguntar sobre o que fica em um quarto quando se retiram todos os móveis. Fica um quarto mais aproveitável. E mesmo quando as paredes são derrubadas, o espaço permanece.
Além do espaço e do tempo está o aqui e o agora da Realidade. Descarte todos os conceitos e reconheça que ainda resta algo de excepcional, e único, neste momento presente. Algo que o momento antecedente e o momento seguinte não possuem.
Quanto ao passado, este encontra-se na memória, e o futuro, apenas na imaginação. Só este momento presente, espontâneo, totalmente inesperado e imprevisível, possui o selo da Realidade. E qual é esse selo?
Nada mais do que a minha própria presença. Atenta-se apenas ao teu sentido de ser, “eu sou”, e não dê atenção a mais nada. Você não pode destruir o falso, já que é você que está criando-o continuamente.
Retire-se dele, ignore-o, vá além, e ele deixará de existir. Negue existência a tudo, exceto seu ser. Atenta-se apenas ao teu sentido de ser.
Entregue seu coração e sua mente apenas à consideração “eu sou”. Apenas seja – e descubra quem você é.