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Você sabe quem foi o advogado, político e embaixador gaúcho que liderou o apoio à criação do Estado de Israel e que também dá nome a um típico prato carioca? No vídeo de hoje falaremos sobre a contribuição de Oswaldo Euclides de Souza Aranha para a diplomacia brasileira e a política mundial. Então bora lá!
Nascido em Alegrete, no final do século XIX, Oswaldo Aranha formou-se em Direito pela atual UFRJ e foi um dos articuladores da Revolução de 1930, o movimento político-militar que depôs o presidente Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e culminou na ascensão de Getúlio Vargas à presidência, pondo fim à República Velha. No primeiro governo Vargas, Oswaldo Aranha ocupou os cargos de ministro da Justiça, ministro da Fazenda, embaixador em Washington e, finalmente, ministro das Relações Exteriores. No gabinete de Vargas, Aranha se destacou como um americanófilo, defendendo a importância da associação brasileira aos Estados Unidos e contrabalançando a simpatia dos militares Eurico Dutra e Góis Monteiro pela Alemanha.
Depois de um período de equidistância pragmática entre os Estados Unidos e a Alemanha, o Brasil se uniu aos Aliados na Segunda Guerra Mundial. O governo brasileiro manifestou solidariedade aos Estados Unidos em resposta ao ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, no território do Havaí. Os Estados Unidos entraram na guerra no final de 1941, e logo seria a vez do Brasil.
Oswaldo Aranha presidiu a III Reunião de Consulta dos Chanceleres Americanos, que foi realizada no Rio de Janeiro, no início de 1942. Ao final desse encontro, o chanceler brasileiro anunciou o rompimento das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com as três potências do Eixo: a Alemanha, a Itália e o Japão. O Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados e obteve benefícios concretos por essa associação, como o apoio dos Estados Unidos para reaparelhar as nossas Forças Armadas e a cooperação técnica e financeira para o desenvolvimento econômico brasileiro.
O filho do chanceler, também chamado Oswaldo, integrou a Força Expedicionária Brasileira e participou da Campanha da Itália. Oswaldo Aranha foi um dos responsáveis por essa aproximação com o governo Roosevelt nos Estados Unidos, e o Brasil foi prestigiado por seu posicionamento no conflito, tendo sido convidado a participar das conferências em que se discutiu o mundo pós-guerra. Em 1944, na Conferência de Bretton Woods, o Brasil participou das discussões sobre a nova ordem econômica mundial, que levaram à criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento.
E em 1945, o Brasil foi um dos 50 participantes da Conferência de São Francisco, que aprovou a Carta das Nações Unidas, o tratado fundador da ONU. Pela proximidade com o governo Roosevelt nos Estados Unidos, o Brasil quase se tornou um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. E foi justamente na ONU que Oswaldo Aranha alcançou grande reconhecimento por sua atuação na defesa do Brasil, do respeito ao Direito internacional e da autodeterminação dos povos.
Ele foi nomeado chefe da delegação do Brasil junto à ONU em 1947 e, no mesmo ano, foi eleito presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, que é o órgão plenário que reúne todos os membros da ONU. Nessa função, ele honrou a tradição diplomática brasileira e teve um papel fundamental nas negociações a respeito da partição da região histórica da Palestina entre árabes e judeus. A solução foi encontrada com o Plano de Partição da Palestina, adotado pela resolução 181 da Assembleia Geral.
Esse plano previu a criação de dois Estados independentes, um árabe e um judeu, e o estabelecimento de um regime internacional especial para a cidade de Jerusalém. Poucos meses mais tarde, em 1948, foi encerrado o mandato britânico da Palestina e estabelecido um Estado judeu denominado Estado de Israel. Por sua atuação exemplar em prol dos esforços de paz, Oswaldo Aranha chegou a ser indicado para o Prêmio Nobel da Paz em 1948, mas não houve vencedor do prêmio naquele ano.
No centro da cidade israelense de Tel Aviv, uma rua homenageia Oswaldo Aranha como um dos responsáveis pela criação do país. E as homenagens também chegaram ao mundo culinário. O famoso prato carioca que ganhou o nome de filé à Oswaldo Aranha era uma de suas comidas favoritas nos restaurantes que frequentava no Rio de Janeiro.
Oswaldo Aranha era um idealista. Em um de seus últimos discursos, ele afirmou que “o sono, sem sonho, é a morte”. Mas mais que um sonhador, ele soube traduzir esses ideais em ações práticas e deixou como legado sua atuação diplomática em prol da liberdade e da paz.
Quer saber mais sobre a história de Oswaldo Aranha? Então confira a sugestão de leituras na descrição. Inscreva-se no canal e ative as notificações para não perder nada e até o próximo vídeo!