Mateus 4:12-17 - Com quem Jesus escolhe morar?

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Caio Fábio
Assista todas as exposições de Mateus neste link: https://www.youtube.com/playlist?list=PLhZrQUg6pkT...
Video Transcript:
Mas é Mateus 12, desculpa, Mateus 4, do verso 12 ao verso 17, Mateus 4, de 12 a 17. Então, depois o Marcelo Cunha corrige aqui para nós. E, após as tentações, se diz no verso 11, depois de Jesus enfrentar essa na Última Tentação: “tudo isso eu te darei, se prostrado me adorares.” Jesus retira-te, Satanás, opositor, adversário, porque está escrito: “ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto.” Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram os anjos e o serviram. Aqui, Satanás aparece em primeiro lugar como o opositor, o inimigo,
aquele que é o contestador, que é o contendores, que é o adversário. No verso abaixo, diz: “com isto, deixou o diabo,” luz, que aquele é o divisor, é o rachador, é o que polariza o ser, é o que tenta jogar você contra você. Aquele que tenta criar essa divisão no âmago da existência e fazer você entrar em estado de angústia, onde você cai e pode cair cada vez mais profundamente no abismo de uma psicose básica, que pode se desenvolver de tal modo que você se torne um ser rachado, um ser dividido, não ser completamente em
guerra civil existencial dentro de você mesmo. Então, o Satanás é aquele que traz a contenda, o enfrentamento, o choque, a inimizade em relação a você mesmo, consigo próprio. E a descrição de “abolis,” que não é uma segunda pessoa maligna, é a mesma; é só um outro sinônimo. Significa esse que divide, que racha, não só divide o mundo, divide pessoas, mas começa na divisão de mim mesmo. Cria fissuras em mim mesmo, me coloca no estado de guerra interior de mim. Encontrei o próprio. E toda a tentação é um estado diabolos de ser, porque é uma guerra
de você contra você mesmo. É nesse desconforto e nessa rachadura da consciência onde há um lado que diz “isto não é bom” e tem um outro lado que diz “por que não?” Porque não é nessa angústia de existir que acontece o ambiente da frágilização que as tentações trazem. Para aquilo que, em oposição à tentação, é a harmonização, a pacificação contínua e a tranquilidade que estabelecem aquela maneira de viver de um estado tão tranquilamente posto em Deus que você acaba provando a paz que excede a todo entendimento. Acaba provando aquilo que aqui se diz: “os anjos
vieram e o serviram.” Você sai da ambiência dessa treva, dessa densidade de dúvida, de angústia, de provocação, de tentação, e entra no estado de harmonia, de conforto mental. Outra vez, o diabo nos deixou, e vieram os anjos e o serviram. Então, é a partir desse ponto que a gente começa a ler hoje o verso dois. Ouvindo, porém, Jesus, Ele já tinha ouvido, nos últimos 40 dias, a voz do diabo propondo, falando, dividindo, sugerindo, provocando, desafiando. Essa voz ficou para trás. Tem prazo para terminar. A gente não vive em estado contínuo de tentação, senão não haveríamos
que aguentar viver nesse estado de diabolos, de rachadura e nem de enfrentamento confrontacional maligno, satânico, de outonamente, e mantivesse a saúde mental. Essas coisas acontecem, mas graças a Deus, elas não acontecem o tempo todo. A gente vive também, experimenta paz. É por isso que, repetindo de vez em quando, eu digo que Tiago, o irmão de Jesus, conforme o texto, aqui no Novo Testamento, diz o seguinte: “resista ao diabo, e ele fugirá de você.” Resista ao diabo, aguente, exista firme, porque ele insiste. Na medida em que ele vai insistindo, ele vai encontrando uma resistência inabalável. Chega
uma hora em que ele desiste. Por isso, resista, resista, porque o diabo desiste. Isso aplica-se a todas as circunstâncias mentais, sejam aquelas da indução maligna, desse chamado, deste mundo que Jesus disse: “ele nada tem em mim.” Nada teve em Jesus, porque Jesus nunca deu lugar de ancoramento, de atracamento, de atracação, de conforto para ele. Na vida de Jesus, você vê que é um bate e volta, um bate-pronto, um chute direto, é enfrentamento na hora. Não há diálogo com Satanás. Não dialogue com Satanás, porque ele vai vencer você. Não há como entrar em estado dialogal com
o opositor, nem com o divisor das nossas mentes e almas, sem que, com o passar do tempo, ele não nos vença. Por isso, pela misericórdia e pela graça de Deus, isso tem tempo para acabar. Ninguém aguentaria viver em estado de tentação permanente. Ouvindo, porém, Jesus, que João Batista, seu primo, sobre quem a gente já falou tanto aqui, da falaremos adiante, fora preso. Naquelas circunstâncias que eu já descrevi aqui, sobre a prisão de João Batista, e vou descrever mais adiante quando nós chegarmos no momento em que o texto descreve detalhadamente a prisão, as razões da prisão,
de novo eu falaria a respeito. Jesus, ouvindo essa notícia, o que ele fez? Ele retirou. É interessante, porque ele ouve dizer que João Batista, seu primo, que aquele considera o maior de todos os seres humanos nascidos de mulher, a gente já viu, vai ver isso mais adiante outra vez, fora preso. Aquele com quem ele tiver a comunhão desde o ventre materno, fazendo com que João Batista, no ventre da sua mãe, ao receber a visita de Maria, mãe de Jesus, grávida deste, quando a voz de Maria chega aos ouvidos da sua prima Isabel, que tinha João
Batista no ventre, ela diz: “Bendita seja você, minha prima, porque até a criança no meu ventre, vendo a voz da tua saudação, se estremeceu de alegria, porque de onde se me dá que me venha visitar a mãe do meu Senhor.” Então, ouvindo Jesus que João, que essa pessoa com esse significado para ele e para a história, história da revelação, história da graça, da salvação, da habitação de Deus com os homens, tinha sido preso pelo rei Herodes, um dos filhos de Herodes, o Grande, quando ele ouviu isso, e Jesus... Estava no deserto da Judeia, nas proximidades
de Jericó, no deserto, na Campina do Jordão, quando ele ouviu isto: "Eles vão na direção o mais distante possível de Jerusalém." Jerusalém sempre foi o lugar da morte; Jerusalém nunca foi o lugar da vida. É por isso que Jesus virá a dizer, bem mais adiante: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e a pedreiro Jesus que te foram enviadas." A história de Jerusalém, no Velho Testamento, desde que Davi toma conta dela, a possui e a toma dos zeus, e faz dali a sua cidade, chamada cidade de Davi, em torno da qual a cidade de Jerusalém posteriormente
virasse ampliada e construída e desenvolvida. E não é a hora agora para falarmos a respeito disso, mas Jesus se retira de Jerusalém, do lugar do templo, portanto da política, no lugar do Sinédrio, que era a governança política do povo de Israel, em submissão aos desejos romanos. Jerusalém era controlada por sacerdotes que possuíam tudo; eram todos eles saduceus, ou seja, de uma seita que se amparava só nos ritos e nas leis da Torá: ritos de culto e leis e ordenanças, mas um grupo de pessoas sem transcendência. Não criam em espírito, em sobrevivências da alma, do Espírito;
não criam em anjos, não criam em demônios, não criam em transcendência nem vida eterna. Era um grupo que vivia apenas de uma moralidade que os exaltava perante os demais homens e diante de Deus. E, quem sabe, para alguns deles, de maneira muito rarefeita, se aquilo que a gente ouve falar ano passado no Livro de Jó ou afirmações rápidas no Livro de Daniel viesse a se cumprir e houvesse um dia de ressurreição de vivos e de mortos, eles seriam beneficiados por terem cultuado tanto, derramado tanto sangue, oferecido tantos sacrifícios, libações e louvores, sendo pessoas tão exaltadas
pelo seu exemplo a ser imitado pelos demais homens, todos aprendizes da vida delas. Era um estado, portanto, que controlavam o templo, e o templo era o centro de todas as coisas em Israel, mas também no lugar onde morava a elite, a aristocracia, a ajudar com os ricos judeus, muitos dos quais eram fariseus. Havia fariseus pobres, fariseus da classe média e fariseus riquíssimos; assim como havia também, sabe, dos seus muito ricos. Provavelmente você não encontra nenhum só do seu pobre, mas havia aqueles riquíssimos, porque fazer parte do templo, viver do negócio do culto, viver do negócio
da religião, ser gestor religioso sempre deu muito poder e muito dinheiro. João, dessa, eu já expliquei que o texto está errado: é Mateus 14, do 12 em diante. ouvindo, porém, Jesus que João Batista fora preso, o que ele fez? Ele não entrou em Jerusalém e não disse: "Ah, eu vou ficar aqui, vou apressar meus dias", porque ele não estava ali para apressar os dias; ele estava ali para cumprir os dias, para cumprir a lei, para cumprir os profetas, para obedecer ao que ninguém jamais tinha obedecido. O próprio Moisés nunca tinha obedecido toda a lei dada
a Moisés; ele a transgrediu em vários aspectos, objetivos e subjetivos, especialmente os subjetivos. Paulo diz que a lei é boa, santa e justa; diz Romanos. Diz, porém, que eu é que não presto, que ela não podia nunca se veicular, nunca se manifestar na sua bondade, santidade e justiça, porque um instrumento mediador, o veículo dessa lei boa, santa e justa, é carnal, vendido e entregue à escravidão do pecado. Isso está afirmado por Paulo, tanto quanto praticamente todos os profetas do Velho Testamento. Todos; não há nenhum lugar, nenhum sequer, já dizia o salmo, que tenha obedecido, que
tenha vivido a realidade de encarnar essa lei. E Jesus disse: "Eu não vim abolir, eu vim cumprir." Ele também depois viria a dizer: "Em verdade, eu vos digo que a lei, a Torá e os profetas, todo o Antigo Testamento, considerado inspirado pelos judeus, a lei e os profetas, tiveram a sua vigência até João Batista." João Batista foi um corte radical. Até João, agora, José, pregado o evangelho, a Boa Nova, é outra mensagem. Não é a lei de Moisés que é pregada; a lei de Moisés é uma má notícia para essa carne corrupta do ser humano,
para a mente em estado de esquizofrenia primal do ser humano. Ela aumenta a conflitosidade, a angústia, ela funciona o ser na direção daquilo que a lei combate, mas que, por apresentar aquilo ao homem como uma referência para viver, ao invés de projetá-lo para a santidade, o abismo é justamente na sua própria treva. Mais profundamente, de modo que a lei não produz santidade no homem; a lei só a volta, como Paulo diz. Essa é a palavra em Romanos 3, Romanos 5, Romanos 6, Romanos 7. A lei só a volta, ou, como Paulo também diz, traz à
lume, traz à luz, expõe nosso próprio pecado, nossa própria natureza. Pois todos pecaram e todos igualmente carecem da Glória de Deus. Jesus vai para a Galileia, e toda hora ele diz: "Não é chegada ainda nem a hora." Jerusalém é visitada por ele algumas vezes, mas não é o lugar onde Ele decide viver. Não dava para um profeta viver em Jerusalém; era impossível. A vida de João Batista só durou o tempo que durou, talvez 30 e poucos anos, 32 anos, 30, 31 anos, no máximo, ou nem tanto, porque ele morou a maior parte do tempo crescendo
no deserto. Eram as pessoas que iam a ele, mas quando ele começou cada vez mais a entrar em Jerusalém, a ponto de ver o rei Herodes com a mulher do seu irmão, tendo um caso com a cunhada, assim, totalmente flagrantes, posto à luz do dia, na maior desconsideração para com o irmão dele, o Herodes Felipe, que habitava o norte da Galileia, João partiu para um enfrentamento que acabou sendo aquilo que tirou a vida dele. De modo que, quando Jesus ouve o que aconteceu em Jerusalém, na festa... De Herodes e na decapitação de João Batista, ele
não vai para Jerusalém, porque, como Paulo disse em Gálatas, no capítulo 4, é Paulo quem diz explicitamente que Jerusalém é a escrava; a Jerusalém não é a Sara celestial. Ele compara a Sara, mulher de Abraão, como uma figura de perspectiva. Ele diz que a Sara espiritual é a nossa mãe celeste, é a igreja celeste. A Jerusalém que a gente pega um avião e visita até hoje lá só gerou para a morte. O nome significa "cidade da paz", mas o que houve, muito pouco em Jerusalém, historicamente, foi paz. Na maioria das vezes, Jerusalém foi objeto de
lutas, guerras, derramamentos de sangue, destruição e objeto de vaidade espiritual, orgulho e profanação. Jerusalém foi, muitas vezes, o maior bezerro de ouro de Israel, o maior símbolo de idolatria de Israel; assim como até o dia de hoje é uma cidade idólatra, idolatrada e cheia de idólatras que vão lá para beijar pedras e vão lá para se agarrarem à oliveira, santos assim chamadas, para catar folhinhas, talismãs. Até o dia de hoje, sempre foi assim, e os que moravam em Jerusalém se sentiam superiores. Ou seja, Paulo desenganou. Gálatas 4 diz que essa Jerusalém terrestre gerou, no passado,
gerava nos dias dele e geraria sempre para guerra, para o ódio, para a paz. Para a paz, não para o conflito, para o distúrbio. A própria cidade do seu nome é um paradoxo em si, e Jesus garante isso: nenhum profeta morre fora de Jerusalém. Jerusalém é a capital da religião, é a capital do monoteísmo, é a capital de um Deus só, do culto àquilo que nós chamamos de "o Deus das Escrituras". Agora, nenhum dos profetas de fato sobreviveu a Jerusalém, porque Jerusalém, semelhantemente à religião, não suporta profetas. Jerusalém é para religiosos; é passado seus. É
para fariseus, é para gente que lambe relíquias, que quer que as coisas não mudem, que elas fiquem como estão. Jerusalém, a cidade do estado, só Jerusalém, a cidade do culto à continuidade. Sempre qualquer palavra, venha ela nos arcanos celestes, e seja derramada aos sentidos humanos, em Jerusalém, ela não era aguentada. Por isso, a maior parte dos profetas eram marginais, que viviam fora, que passavam por ali em perigo; era de extrema periculosidade para a declaração da palavra e da verdade de Deus. Sempre foi e até o dia de hoje continua sendo, e aqueles que são gerados
no espírito religioso de Jerusalém, sejam eles judeus ou cristãos, são gerados no mesmo espírito. Você veja que os piores inimigos de Paulo, até a sua morte, no ano 64 da nossa era, quando foi decapitado em Roma pelas mãos de Nero, piores inimigos dele não foram os romanos. Os romanos executaram coisas também esporádicas. Agora, o pior inimigo que Paulo teve foram judeus, judeus, judeus; os fariseus que rodavam o mundo, como Jesus dizia, para tentar fazer em um discípulo um prosélito e criavam um outro fanático: duas vezes pior do que eles. Jesus chama de "filho do inferno",
duas vezes pior do que ele. Iam atrás de Paulo; onde Paulo ia, tinha uma turma de judeus para provocar os gregos, romanos, ou romanos para apedrejá-lo. Ou então eram chamados cristãos judaizantes, eram aqueles caras do limbo que tinham crido em Jesus, mas que achavam que dava para juntar Velho e Novo Testamento num projeto de vida só. Eles tinham Jesus, mas queriam que Jesus caminhasse dentro da lei de Moisés. Eram chamados judaizantes. Era uma grande tentação, inclusive, para Pedro, que negociava; ficava, às vezes, no limbo. Como lá em Gálatas é dito, quando ele estava sozinho com
Paulo e Barnabé, ele vivia como gentil, proclamava, experimentava o evangelho do Reino de Deus com a liberdade com a qual um gentil comia, bebia, se relacionava, sem aquelas dietas da Torá; nada daquilo, livre como qualquer outra pessoa na Terra, sabendo que Jesus tinha considerado puros todos os alimentos, como Mateus 7, nos diz, e outros textos, sabendo que pela gratidão, pela oração de Ação de Graças, todas as coisas são santificadas. É o que o Novo Testamento ensina em ocasiões diversas e repetitivas. Mas o próprio Pedro, quando chegaram os presbíteros da parte de Tiago, vindo de Jerusalém,
Tiago, irmão de Jesus, mas vejam, é Paulo, o perseguidor, quem venha compreender Jesus e o evangelho infinitamente mais e de modo superior a todos os demais apóstolos, inclusive a Tiago, irmão de Jesus. Não é carne nem sangue que abram os sentidos do Reino de Deus. Tiago, um homem santo de Deus, mas tinha em suas limitações aceitado o condicionamento que Paulo não teve, porque largou Jerusalém para trás, foi para os gentios, foi viver no mundo. Ele, que tinha sido criado em Tarso, no ambiente greco-romano, e teve uma educação não só judaica, mas ampla filosófica, de saberes
variados. Essa cidade dele, uma cidade universitária das mais importantes daquela região da Ásia Menor. Então, é Paulo que, quando vê chegar esses presbíteros da parte de Tiago e vê a mudança de comportamento que isso gerou em Pedro e até em Barnabé, Paulo diz que até o próprio Barnabé caiu na dissimulação deles e começou a fazer restrições dietéticas, depois de ter comido tudo. Agora, da noite para o dia, diz: "não, a minha religião não permite isso; eu não bebo, minha religião não deixa isto e aquilo". Vejam, vocês veem todo dia acontecendo na hipocrisia da religião. Paulo
se levantou e deu uma bronca. Veja Gálatas 2; você vê do capítulo. Leia o capítulo primeiro, e o capítulo segundo, e o capítulo terceiro. A bronca que Deus dá em Paulo, que Paulo dá em Pedro e Barnabé, é uma bronca: "Que é isso, Pedro? O que aconteceu com você, rapaz?" Leia lá, a partir desse contexto, e você vai achar aquilo tudo patética sem contexto. Não dá para entender, mas com... Contexto fica, vira uma carta como uma outra carta qualquer que qualquer compreensão, qualquer leitura atenta discerne, entende, assimila. Então, Jesus nunca voltaria para Jerusalém. Jerusalém é
um lugar para passar, mas, para ficar, só se fosse para morrer, como a gente vai ver em outras ocasiões adiante. A alusão de Jesus a esse fato, de que Jerusalém era o lugar do maior perigo possível para quem carregava o evangelho de Deus, a Palavra de Deus, assim como está dentro do ambiente do controle religioso, do poder religioso, da política religiosa, dos interesses religiosos, é o lugar não só o mais corruptor de todos os lugares, mas é o mais perigoso de todos os lugares para quem não pratica essas coisas, para quem anda na Liberdade do
Evangelho, da Liberdade do Reino de Deus, na Liberdade de servir a Deus em espírito e em verdade. É perigoso esse lugar. Hoje em dia, eles não te matam mais porque, senão, eles serão justiçados horrorosamente; eles têm medo das leis superiores e seculares do Estado Laico. Mas onde as coisas não são assim, como por exemplo no Irã ou na Arábia Saudita, em alguns outros países teocráticos, onde a liderança religiosa tem poder de decidir sobre a vida e a morte, como era o caso em Jerusalém, o perigo é muito grande. Ninguém pode abrir a boca de maneira
contrária, porque será certamente aprisionado ou sofrerá pena capital. No mundo atual, Jesus, portanto, sabendo disso tudo e ouvindo dizer que João Batista tinha sido preso, o que é que ele faz? Ele retira-se daquela região da Judeia, onde estava Jerusalém, e vai para Galileia, lá no norte de Israel. E a Galileia é um lugar redondo; acontece em torno de uma redondeza que foi criada do ponto de vista geológico pela depressão sírio-africana. É uma depressão que é uma falha que começa na Síria e atravessa todo Israel. O Jordão, por exemplo, é um rio que corre em cima
da Baixada dessa falha. O Mar da Galileia, antes disso, é feito pelos \"buracamentos\" dessa falha; o Mar Morto, detém ao extremo sul, é feito por essa falha. Lá está o lugar, o fundo de água mais profundo da face da terra, sem ser um oceano, para dentro da expressão continental da terra. Pois bem, ele se estende até a África, por isso o nome é depressão sírio-africana. E a Galileia, cujo nome original é Galileu, significa redondo, círculo, porque o chamado Mar da Galileia, que é apenas um lago, é um mar, considerando a secura do lugar. Era a
quantidade de água doce em maior volume naquela região toda. Em toda aquela região, não tinha nada que se comparasse ao Nilo, a outros rios, até a Síria; nada que se comparasse em volume de água ao Mar da Galileia, mas ele não era tão grande assim: um perímetro de cento e tantos quilômetros. Você dá a volta nele; tem uma extensão de 22 km de comprimento e 12 ou 13 de largura, dependendo da área. Mas nem é tão comprido, nem é tão largo, mas no ambiente daquele deserto, naquela sequidão absoluta, aquilo ali era um mar. Continua a
ser um mar até hoje, porque, antes de Israel começar a desalinizar as águas mediterrâneas e injetá-las no sistema de água, praticamente toda a água que era bebida em Israel vinha do Mar da Galileia, vinha do Jordão. Então, até recentemente era assim, e até hoje, boa parte da água bebida pelos judeus, pelos israelenses, vem do Mar da Galileia e do Rio Jordão; o resto é desalinizado no Mediterrâneo para o povo beber, porque é uma população que não para de crescer. Nos dias de Jesus, no entanto, com quanto Jerusalém se alimentasse da fonte de Guion, de algumas
outras fontes que o próprio Herodes tinha canalizado e feito aquedutos extraordinários para fazer a água descer por queda de nível até chegar em Jerusalém, verdadeiras obras majestosas de engenharia herodiana, que você fica perplexo vendo-as até o dia de hoje, Jerusalém se alimentava daquelas águas e de outras fontes que estão ali em volta, mas todas pequenas comparadas com o volume do Jordão, antes de entrar no Mar da Galileia. E daquilo que é criado como Mar da Galileia, pelas águas do Jordão, que vêm descendo desde o monte Hermon e que se fundem depois que três nascentes de
pequenos rios se ajuntam num fluxo só, formando o Rio Jordão, cujo nome significa aquele que desce, porque, de fato, ele começa nas alturas do monte Hermon e ele vai descendo até a mais profunda Baixada, que é o Mar Morto. Ele desce; o nome dele, portanto, tem a ver com essa relação topográfica de que ele nasce nas alturas e se derrama no Mar Morto, por isso o nome é Jordão, aquele que desce. Ele vai para aí. Estou fazendo esse pêndulo geográfico para você pegar um Google, ou qualquer outra coisa que você queira, e se posicionar, lhe
vendo o que estou escrevendo para você. Então, o que você vê? Jesus fazendo uma escolha por um lugar totalmente diferente de Jerusalém: é um lugar praiano, para aquele ambiente é um lugar pesqueiro e é um lugar miscigenado. Jerusalém não tinha miscigenação; quando você encontrava alguém de outra etnia em Jerusalém, é porque essa pessoa tinha se tornado um prosélito, ou seja, tinha se convertido ao judaísmo. Como Jesus disse que acontecia. Por favor, não me perguntem sobre o Martinóide; prestem atenção. Estou falando aqui. Então, às vezes, me dá vontade até de tirar esse chat aqui, porque é
muita dispersividade, é muita mente TDAH. Meu Deus, não para em lugar nenhum, não presta atenção em coisa alguma. Então, Jesus vai para lá, para a Galileia dos gentios, como o texto chama, que, deixando Nasareth, está na parte alta da Galileia. Também, Galileia aonde ele foi criado. Ele vai morar na Baixa Galileia. A Baixa Galileia está ali no nível do Mar da Galileia. Desse grande lago, também chamado de Lago de Magdon ou Magdala por causa de Magdala, que chamavam de Magdon, o chamado Lago de Genesaré se associa a cidades que estavam do outro lado, oposto a
Cafarnaum, onde hoje é a Jordânia. É uma palavra que tem sua origem muito mais lá do outro lado da Jordânia. Não tenho tempo para explicar agora, aqui, mas saiba disso: ele vai morar, deixando Nazaré, com a cidade alta da Galileia. Vai morar na parte baixa da Galileia, onde é um lugar totalmente cheio de gente não convertida e que tinha as crenças mais variadas. Fora de Jerusalém, indo para o sul, não havia mais aquele purismo, aquela hegemonia religiosa dos judeus. Havia sinagogas na Galileia. Foi em uma sinagoga que eu gosto de visitar na Galileia, em Magdala,
cidade do Farol, cidade de Maria Madalena, uma das mais importantes de Israel, uma das oito mais importantes. Já foram achadas e estão em pleno processo de escavação lá, à beira do mar. Eu comecei a ir a Israel nos anos 70, numa época em que não tinha nada. Não tinha Magdala, só era feito de uma pedra ou outra onde as pessoas sentavam. Aí, ao acaso, você podia fazer até cafezinho, fazer piquenique. Todo mundo sabia que ali era a antiga Madala, mas estava tudo embaixo da terra, tudo sobre escombros. Foram os avanços das últimas duas décadas na
arqueologia que desenterraram muitas coisas. Sabiam que era ali, mas nunca ninguém tinha visto. Então, Jesus vai para esse lugar da miscigenação, onde tem gente da cultura greco-romana, onde tem Legião Romana do outro lado do Lago de Genesaré, do Mar da Galileia, e do lado de cá também, onde havia corporação liderada por centuriões, como era o caso de Cafarnaum, onde havia uma grande sinagoga. Em Cafarnaum, a gente sabe que o chefe da sinagoga se chamava Jairo, onde havia um dos maiores centros, ou o maior centro, de coleta de impostos do norte do país. E a gente
sabe que o coletor-chefe tinha o nome de Levi ou Mateus, que é aquele que vem a dar o nome a esse evangelho que eu estou lendo e conversando com vocês a respeito. E nós sabemos de muitas coisas sobre o lugar, e tanto mais quanto ali as coisas vão sendo escavadas. Mas aquela região vai ficando nítida nas suas construções, nos seus significados, na sua população, na sua diversidade imensa. E Jesus vai morar lá. No início, ele não chega para morar com ninguém. Ele chegou lá sozinho, não foi acompanhado de ninguém. Ele simplesmente saiu de casa de
Nazaré, ele desceu na direção de Cafarnaum. Depois que ele chega em Cafarnaum, que ele anda à beira-mar para um lado e para o outro, que as coisas começam a acontecer. Mas eu não vou falar disso ainda agora. Quando a gente chegar no verso 18, quem está apressado aqui, querendo saber com quem ele foi morar, vai saber com quem é, só continuar lendo. Mas ele vai e vai só; não precisa de um sexo para ir a lugar nenhum. Jesus está acostumado a andar sozinho. Ele foi sozinho de Nazaré encontrar João Batista. Ele foi sozinho para o
deserto para ser tentado. Ele ouve falar da morte de João Batista pelos transeuntes e vai para casa em Nazaré. Mas, chegando em Nazaré, na sua própria cidade, ele vai morar na Baixada da Galileia, no lugar onde estão os reunidos, os marginais, os reconciliáveis, os menos religiosos. Um lugar considerado pagão já desde quase mil anos antes. É porque é o profeta Isaías que vem a ser citado aqui. Isaías, no capítulo 9, é trazido por Mateus para esse ambiente da escolha desse lugar que Jesus fez de onde exigir. E o texto tirado de Isaías tinha sido escrito
800 anos antes. E olha só, o que 800 anos antes Isaías tinha escrito sobre aquele lugar. Na sequência da minha leitura, deixando Jesus, Nazaré foi morar em Cafarnaum, que é a cidade de Naum, situada à beira-mar, o mar é o Lago da Galileia, nos confins de duas tribos, de dois filhos dos 12 filhos de Jacó: Zebulon e Naftali. Foram herdeiros daquela região, foram tribos passadas que habitaram ali, mas que, depois do exílio na Babilônia, as coisas nunca mais foram as mesmas em Israel. As tribos existiam como um conceito, mas já não estavam mais tão divididas
como estavam no passado, antes de Israel ser levada para o cativeiro na Babilônia e antes do reino norte de Israel, Cedeça Maria, ter sido levada para o cativeiro na Síria. Portanto, Jesus vai para esse lugar que não faz sentido. Era terra de ninguém, onde havia judeus, onde havia culto nas sinagogas, havia ensino. Mas as sinagogas não proliferavam tanto. O tempo estava distante. Sacerdotes não moravam ali e a visita de fariseus ali era uma visita esporádica de gente que ia para tentar converter pagãos, para os fariseus, que eram os crentes renitentes, chatos e perturbadores, que, onde
iam, queriam converter todo mundo, porque senão não cumpriam a sua missão de conversão dos gentios, dos diferentes, dos que não pensavam do mesmo jeito. Eram esses entes fanaticamente insistentes, mas nem lá eles eram pessoas afeiçoadas ao lugar. Eles passaram por lá e passaram a ir muito a Cafarnaum e às adjacências do Mar da Galileia, por causa, posteriormente, de Jesus, porque eles viram que as multidões impressionavam com Jesus e disseram, por inveja, por ciúme, por sentir seu poder diminuído, sua influência sobre o povo devastada por esse ser desconhecido, que não tem pedigree, que não fica esfregando
na cara genealogia nenhuma, dizendo que é filho de Davi ou isso ou aquilo. Não, em silêncio absoluto, só fazendo bem por toda parte, ensinando a amar, a perdoar, a libertar e a acolher. Nada além disso é neste lugar que Jesus diz: "Eu vou morar." Para que se cumprisse o que for dito por internet do profeta Isaías, 800 anos antes, no capítulo 9 de Isaías, que diz: "Terra de Zebulon, terra de Naftali, caminho do Mar, além do Jordão, Galileia dos Gentios". Além do Jordão, porque o Jordão, mais visitável pelo povo de Israel, acontecia, depois da saída
do Mar da Galileia. O Jordão começa bem antes, na descida do Hermon. Eles correm até o Mar da Galileia; quando a saída dele até entrar no Mar Morto era onde os judeus tinham os seus maiores movimentos e onde o próprio João Batista, posteriormente, veio a batizar. Por isso, aqui em Isaías, 800 anos antes, a Galileia, um lugar muito distante, é assim chamada: "Terra de Zebulon, terra de Naftali, caminho do Mar, da Galileia, além do Jordão". É longe, é a Galileia dos pagãos, a Galileia dos gentios, a Galileia da não uniformização; a Galileia onde se tinha
mais liberdade de crença, de opinião, de postura. Onde você tinha mais liberdade, menos perseguição, uma Galileia muito mais liberal. E Jesus vai para esse chão mais liberal, para esse chão considerado, pelos habitantes de Jerusalém, como um lugar quase amaldiçoado, de gente ignorante que não sabe de nada. Como os líderes religiosos em Jerusalém designavam Galileus, essa plebe, que nada sabe da lei. Ou eles tinham os Galileus em situação tão mais inferior que, mesmo sendo eles judeus, que entre eles eram os judeus, eles não eram considerados judeus de segunda, até ser de estirpe, a qualidade, porque moravam
longe do centro gravitacional da religião e viviam à margem de todos os cultos e doutrinações e criações e invenções e missinais e outras leis adicionais que os grupos religiosos judeus desenvolviam, especialmente os fariseus. E o chamado famoso Talmude foi, no entanto, escrito na Galileia, mas já muito tempo depois de Jesus, quase 100 anos depois de Jesus ter morrido e ressuscitado, onde Jerusalém já tinha sido destruída e a Galileia se transformou em um refúgio de judeus. E o rabino aqui vai morar lá e tornou aquilo um grande centro de elaboração de pensamento. Especialmente, então, 800 anos
antes, Isaías tinha dito que esse que viria seria uma luz nas trevas, que seria aquela luz que iluminaria a escuridão mental e espiritual de uma população até então completamente desprezada. Esse povo que, diz o verso de Jesus, que jazia nas trevas, viu grande luz; e aos que viviam na região e sombra da morte... Sombra da morte. E aí eu abro um parênteses aqui para dizer o seguinte: isso tinha muito a ver com a ilustração topográfica do lugar. E é uma coisa que, quem vai comigo a Israel, é sempre ver, porque eu faço as pessoas verem
porque esse era um lugar que, topograficamente, era da sombra da morte. As primeiras vezes em que eu registrei isso em vídeo foi, acho que, em 82, por aí, que eu acordava de madrugada para ver o sol nascer na Galileia. E, às vezes, eu acordava e ficava embaixo, a gente bebericava desvendando, e o sol demorava a subir, porque a cidade toda e toda aquela região são cercadas de montanhas altas. Então, o sol já tinha nascido no deserto da Jordânia, mas ele demorava a subir; ficava ainda escuro muito mais tempo do que em outros lugares, porque a
projeção das sombras das montanhas da Jordânia não deixava que a luz imediata chegasse logo bem cedinho na Galileia. Ao mesmo tempo, à tarde, se você fica embaixo, em uma cidade como Tiberíades, e você vê que escurece mais cedo, porque o sol ainda está pino no Mar Mediterrâneo; lá, no extremo de Israel, na fronteira marítima mediterrânea, está pino, mas as montanhas já faziam com que uma sombra se projetasse. É como, por exemplo, quem vai a Copacabana e vê que o sol começa a se pôr para quem está na areia de Copacabana. Aí, por volta de três
e meia, quatro horas da tarde, dependendo do período do ano, a projeção dos prédios faz sombra para quem mora, por exemplo, em Balneário Camboriú. Com aqueles edifícios de 90, 100 andares enormes ao redor da praia, o sol se põe cedo; é uma praia que você, praticamente, só consegue usá-la razoavelmente até uma hora, duas horas da tarde. Depois disso, quando o sol inclina um pouquinho, já fica tudo sombreado. A Galileia era um lugar assim; por isso, Isaías descreve essa topografia e dá a esse olhar imagético da topografia uma conotação espiritual, dizendo que o povo que jazia
nas trevas... Porque aquele povo não só morava na sombra dessa topografia, mas eles viviam sem luz, sem conhecimento, sem instrução. É o lugar dos processos dos doentes em abundância, dos lunáticos, dos endemoniados, dos eletrodos, dos analfabetos, dos confusos, dos que tinham informações variadas. E, para tornar tudo ainda mais confuso, a chamada Via Maris passava ali dentro da Galileia, por Cafarnaum. Ou seja, todas as caravanas que vinham desde a África, atravessavam o Egito, entravam por onde hoje é Tetra, na Jordânia, e que, naqueles dias, era a comunidade dos debateus, passavam por ali fazendo negócios. E cruzavam
o norte do Mar da Galileia, serpenteavam para dentro de Cafarnaum, para depois continuarem na direção do Líbano e da Síria, até atravessarem na direção do que hoje a gente chama de Turquia. Naquele tempo, era a Ásia Menor. Então, a pluralidade de mundos, de falas, de línguas, de culturas, de expressões humanas variadas habitava aquele lugar. Vejam como Jesus escolhe morar no mundo, escolhe morar no lugar de todos e não de alguns. Ele não escolhe o lugar da uniformização; ele não escolhe o lugar da padronização; ele não escolhe o lugar da religião homogênea. Ele escolhe o lugar
de uma sociedade plural para ir morar lá. Nesse lugar, ele também caminha na direção do Norte de Israel, da Galileia. Depois, quando a gente chegar no capítulo 16, vocês vão ver que é no lugar mais pagão de todo. O território de Israel é onde Jesus usa a palavra "igreja" pela primeira vez, no Capítulo 16, dizendo: "edificarei a minha igreja". E lá, quando chegarmos, a gente vai aprender o significado do que é a igreja, que é uma coisa totalmente diferente do que você imagina. Então, ele vai para essa terra da sombra, para esse povo que jazia
em trevas e que viu grande luz. Ele se enviou na direção dos que viviam na região da sombra da morte; a esses resplandeceu-lhes a luz. E se diz aqui o seguinte, no verso 17: "Daí por diante, depois que chegou lá, que botou o pé ali, imediatamente, sem perda de tempo, passou Jesus a pregar." Ele não ficou dizendo: "Deixa eu ver se eu arranjo alguém aqui para ser a noite; vai me dar validação para me trazer a afirmação." Não, Jesus não precisava de nada. Jesus, sozinho, era a multidão. E ele começa, passa a andar e a
pregar, e a dizer: "Muda de mente! Arrependei-vos! Mudem os pensamentos, mudem os valores, mudem o significado das interpretações, mudem os olhares. Saiam dos vícios de pensamento. Abandonem essas crostas de engano que foram se fundindo, que foram blindando a mente de vocês. Arrependimento é um chamado à renovação da mente, da compreensão, do entendimento." Por isso, a palavra grega original é "metanoia", que é mudança de mente, é transformação do pensamento, do significado, dos valores, dos sentidos, das interpretações, dos olhares, do modo de ser, com alteração, portanto, da mente, das emoções, das sensações. Tudo isso advindo da transformação
do caráter que deu razão à palavra de Deus, ao evangelho, à Boa Nova. Passou a pregar o evangelho que dizia: "Muda de mente, porque chegou o reino de Deus!" O reino de Deus, como diz o texto original, está à mão. Quando diz "está próxima", basta estender a mão que você pega. Basta estender a mão que você pega: "Olha, o rei no reino sou eu, e o reino está dentro de cada um de vocês!" Basta querer, basta dizer "eu", basta dizer "para mim, eu quero", basta dizer "vem, eu te recebo, eu te acolho, eu te desejo".
Basta um ato de vontade, basta uma decisão. Não é preciso haver anos e anos; nenhuma mecânica transformadora começa na decisão de um ato de vontade, de uma compreensão iluminada. E aí a pessoa diz: "Eu quero para mim!" E é nesse lugar que ele vai começar a dizer: "Muda entendimento, porque o reino de Deus está à mão." Agora, preste atenção: eu já estou falando aqui há uma hora e cinco minutos, e o que eu disse em ênfase é que a preferência de Jesus — preste atenção, por favor — a preferência de Jesus, no que diz respeito
a se sentir bem, no que diz respeito a convidar pessoas, não viciadas pela religião, pelos dogmas, pela doutrinação, pela arrogância, pelo supremacismo da superioridade das crenças e das teologias, que era Jerusalém. Jesus não quer ficar lá; ali é um lugar onde matam seus profetas. Ele vai morar na Galileia dos gentios, bem longe, num lugar onde profetas podem ser acolhidos, profetas podem ser ouvidos, e onde não há nenhum tipo de turismo. Ele sabe que é mais fácil alcançar os de fora do que os de dentro. Ele sabe que os ateus ou os que tinham outra forma,
outros deuses, ou a multiplicidade politeísta de muitas formas de divindade, apesar disso, estavam infinitamente mais abertos para o arrependimento, para mudança de mente, para a mensagem do Reino de Deus, do que Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os que foram enviados. Então, como não há um pingo de vocação suicida em Jesus, e o que ele quer é difundir o reino de Deus enquanto a hora final não chega, ele usa todo o tempo que tem para fazer essa palavra correr. E tinha outro aspecto: a Galileia, como eu já disse, é esse lugar onde também as
novidades se espalham, por causa da Via Maris, por causa das múltiplas caravanas, por causa da multidão de povos e etnias diferentes que ali habitam, por causa do revezamento das guardas romanas, indo cada uma nos seus próprios batalhões de um lado para o outro, conforme fazem todas as estruturas milicianas. Havia uma mutação enorme, um movimento; gente, era uma agitação de muito movimento, de muitas cidades ao redor. Pequenas cidades, mas ebulientes, efervescentes e carentes, e onde a necessidade humana era mais do que evidente. Tanto é que você vê que 95% dos milagres de Jesus — eu estou
assim dizendo 95%, dando um chute, porque ninguém é capaz de dar um número preciso — mas a quantidade de milagres de Jesus na região da Galileia é infinitamente superior ao que aconteceu em Jerusalém. Jerusalém, os mencionados, a gente conta nas mãos; a gente conta nas mãos. Assim como em Nazaré, a cidade onde ele foi criado, em relação à qual ele se admirou posteriormente pela dureza do coração deles. Nazaré, por causa da familiaridade com ele. "Onde nasceu isso aqui? A gente viu crescer, foi menino entre nós, a gente viu a barbinha crescer, a gente viu ele
aprender a falar, a gente viu isso, a gente conhece os irmãos e as irmãs, a gente enterrou o pai dele, a mãe dele, Maria, até a água na fonte, como todas as outras mulheres, junto com as suas filhas." Esse aqui, qual é a novidade? E em Jerusalém era outra razão: era poder, era relativização que Jesus trazia. E aqui na Galileia, o que havia era acolhimento, acolhimento, pelo menos do ponto de vista imediato. Três anos depois, Jesus começa a pregar contra Cafarnaum, contra Betsaida, contra Corazim, contra as cidades da Galileia, porque eles tinham tido a oportunidade
de ver, de ouvir, de receber, como ninguém jamais antes, a invasão do Reino de Deus, da Graça de Deus, dos milagres de Deus, das intervenções maravilhosas que vazavam de Jesus, que dele emanavam para todos os lados, e, com quanto tivessem avidez pelo benefício das... Curas e das libertações, o coração deles não queria aceitar a metanoia, porque receber cura todo mundo quer, receber milagres, até os desejos, quando recebem uma sentença de morte. Agora, metanoia, mudança de mente, transformação do caráter, que altera o olhar, a interpretação, a emoção, os sentidos da gente, os sentimentos da gente, as
condutas da gente, a atitude da gente e o comportamento da gente é outra história. Jesus dos milagres, qualquer um quer; Jesus do novo nascimento, o Jesus da transformação da condição do caráter para fora e que altera todo o modo de ser, de interpretar e de viver, nem todo mundo quer. Aqui em Nazaré, você viu a dureza pela familiaridade; em Jerusalém, a dureza pela disputa do poder. E aqui na Galileia, de súbito, um acolhimento por causa dos milagres, mas depois de um tempo, o coração foi se endurecendo. E Jesus nos encrepa. E, quando chegarmos lá para
Mateus 11:12, você vai ver o que Jesus começa a dizer. Nos capítulos 13, 14 e 15, ele vai começando a olhar para Galileia; ele vai mudando a mensagem e vai dizendo: "Olha, tem muita gente que vocês consideram perversa e pervertida na história de Israel que vai se levantar no dia do juízo e vai julgar vocês aqui da Galileia, porque vocês tiveram a oportunidade que ninguém teve, mas vocês endureceram o coração como ninguém endureceu." Mas vai chegar a hora de nós chegarmos lá. O que hoje eu quero deixar com você, depois de uma hora e 12
minutos, é essa certeza de que, assim como foi há quase dois mil anos atrás, Jesus continua a ter uma abordagem preferencial pelos marginais, pelos marginalizados. Quando eu digo marginais, são os que são deixados à margem dos processos, são aqueles invisíveis, ou aqueles não incluídos, aqueles que ninguém conta, são aqueles cujo número ninguém sabe, nem interessam, sem saber a não ser para explorar. Ele dá preferência a esse grupo, aonde ninguém tem uniformização de nenhuma natureza; está todo mundo aberto para todas as possibilidades. E é dali, desse lugar, dessas regiões, dessa Galileia, desse círculo pagão e dessas
múltiplas identidades greco-romanas como as Decápolis, que estavam ali em volta da Galileia, cidades majestosas como a gente vê hoje em Detian, na saída sul do Mar da Galileia, ou como você vê na Jordânia em Gerasa, você vê a grandeza das cidades como eram extraordinariamente bem construídas, enormes, com os mopolitas, cidades que Jesus visitou, onde operou milagres. Estão descritos aqui nas páginas do Evangelho de Mateus, por exemplo. E ele escolhe isso porque ele continua a ter muito mais liberdade com essas pessoas. Essas pessoas abrem mais facilmente o coração. Quanto menos de Jerusalém você for, mais facilmente
o evangelho será compreendido por você por causa da sua carência, porque em Jerusalém todo mundo diz: "Eu sou são, eu sou salvo." Eu sei, como em João 9, eles iriam dizer lá em Jerusalém: "Nós vemos, nós sabemos, nós entendemos, nós enxergamos, somos nós que vemos. Vós que vedes, vocês não sabem nada, vocês vêm ensinar a nós que sabemos." Agora, aqui na Galileia, não é um pessoal que nós não vemos. Nós não enxergamos; nós estamos surdos, nós não ouvimos. Literal ou subjetivamente, nós estamos tapados, vendados. É o lugar dos gagos, os que não se expressam, dos
que não têm voz, ou dos mudos, ou dos emudecidos, ou dos perturbados, dos milhares de lunáticos, dos endemoniados diversos e variados. Você veja que nenhum demônio se manifesta como os demônios ingênuos da Galileia ou da região afeita. E assim, na Galileia, há uma abundância de processos; em Jerusalém, não. Esse processo de Jerusalém não derruba ninguém no chão, estremecendo. Os processos de Jerusalém são aqueles que, semelhantemente a Judas Iscariotes, viraram diabo. São homens diabo; esses não têm crise parecida com epilepsia, não gritam, não têm crise histérica; esses fazem a maldade de caso pensado. A religião, quanto
mais religião, menos possessão verdadeira, porque a religião é onde o diabo se acomoda, é onde o diabo se familiariza, é onde ele toma conta da mente e do pensamento. Ele faz você agir pelo dogma e praticar o dogma como ódio, como raiva, como supressão da liberdade, como separação: "Afasta-te de mim, porque eu sou mais santo do que tu." É isso que o dogma e a doutrinação produzem. Agora, a ignorância é frequentemente não dogmática, não doutrinária, e profundamente mais acolhedora; é, no mínimo, infinitamente mais curiosa. E é nesses ambientes onde a carência humana se manifesta, porque
em Jerusalém já não há mais resistência ao diabo. Depois de um tempo, a religião e o diabo viram a mesma coisa. Ali de onde veio o príncipe deste mundo, vem da casa do sumo sacerdote, vem de dentro do templo. Jesus diz: "Aí veio o príncipe deste mundo." Quem estava na frente era um monte de gente religiosa vindo para prender. Aí vem o príncipe deste mundo; quem vinha com eles vinha Judas Iscariotes, que não estava possesso, tinha se tornado um diabo, entrou nele Satanás. Ele virou um diabo entre vocês; um diabo, um que é diabo, que
virou diabo, que fez com lulu e o com o pensamento do diabo. Então, não há resistência em Jerusalém; há anuência. Toda vez que a anuência é o espírito da morte, da destruição, do amamentar, da eliminação, da condenação, onde quer que haja os juízos fatais e finais. Aí, o diabo se casa com a mente humana, vira cultura, vira processo; não tem mais resistência, ele está absolutamente em casa em Jerusalém. É por isso que a palavra dos profetas sempre foi rejeitada em Jerusalém. Agora, na Galileia, por que os endemoniados estribucham? Porque existe ânsia de esperança, existe desejo
de luz, existe vontade de libertação, existe um conflito entre a mente, almas, espírito e coração humano contra a treva e o seu poder de dominação. Existem pessoas ainda querendo felicidade. Na Galileia tem gente amando seus... Filhos, profundamente pedindo socorro, tem até um centurião romano que tem compaixão e amor por um criado seu, como se fosse um filho membro da família. No meio de toda a falta de doutrinação, existia muito mais humanidade e todas as fragilidades humanas que tornam o ser humano mais sensível ao evangelho, pelo menos numa ponte inicial. É também desse lugar que Jesus
preferencialmente decide convocar todos aqueles que vão andar com Ele, aos quais Ele vai chamar de apóstolos, ou seja, de mensageiros, de enviados. É isso que significa apóstolo: alguém que leva uma mensagem, como um anjo, como enviado, é o portador de uma mensagem, de uma boa nova. É um apóstolo que vai contar para outros; é só isso. Não tem nada mágico na palavra, não tem nenhuma superioridade angelical na palavra. Ela já era usada antes; Jesus não inventou esse termo, Ele se apropriou do tema e aplicou a aqueles que o seguiam. Mas havia outros; toda vez que
alguém levava uma mensagem autorizada, era um movimento apostólico, independentemente de ter vínculo ou não com Jesus ou com o evangelho. Eu espero que você desmistifique também esses termos, essas palavras, essas expressões. Agora, eu já fui há uma hora e 21 minutos e, infelizmente, teria que parar, mas voltarei amanhã, com a graça de Deus, do verso 18 ao verso 22, com vocês, quando Jesus começa a chamar os seus primeiros discípulos, aos quais, posteriormente, Ele nomeia como sendo apóstolos.
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