Mário Sérgio Cortela eu sou da área de filosofia o que se chama de filósofo sou educador também e escritor há várias possibilidades de interpretar a ideia de milagre do ponto de vista da ciência o milagre é algo que não tem lugar isto é ele não tem existência afinal de contas não há nada que escape a racionalidade que possa se atribuir a uma força superior anterior ou posterior a nós homens e mulheres no mundo do ponto de vista religioso o milagre é um acontecimento que sai do mundo da natureza sai da racionalidade humana e portanto não
é algo inesperado mas é algo absolutamente improvável que acontecerá movido pela ideia de fé por isso o milagre é o que sai do natural é o sobrenatural é aquilo que está a partir dele da aquilo que é o mundo da natureza a ideia de algo que Surpreenda positivamente Isto é que possa vir a ajudar que possa vir a elevar que possa vir a apoiar uma pessoa e que em tese toda a capacidade humana toda a racionalidade e tecnologia não dariam conta como algum fenômeno extraordinário que sai da Ordem do dia que é extraordinário isso nos
emociona seja pelo espetáculo Isto é pela emoção que carrega seja pela capacidade de surpresa e ao mesmo tempo de positividade que trará de maneira geral nós identificamos a ideia de milagre com aquilo que é bom né portanto a ideia de O que é bom e com alguém acontece que se imaginaria que seria impossível acontecer ao acontecer nos alegra nos emociona depende da percepção que se tem da ideia de divindade por exemplo a religiões do mundo que não tem uma divindade específica como o budismo n não há uma divindade Há outras como o hinduísmo em que
há uma profusão de deidades que chegam a ser nomeados mais de 320 milhões como no hinduísmo dizia eu Há outras Como por exemplo o xintoísmo em que o culto é aos ancestrais algumas práticas religiosas no mundo da África ou naquilo que são os habitantes originais do Brasil ou da América que tem uma polivalência né de forças divinas existe a ideia de colocar Deus como sendo uma força Sagrada ada que pode estar no singular como acontece para algumas religiões pode ser masculino como acontece com outras pode ser plural como está em outras delas mas em todas
as formas de prática religiosa a ideia do sopro divino seja ele o nome que tiver é aquele que é fonte de vida e ao mesmo tempo é aquele que cuida e ao mesmo tempo julga para que a vida não seja sem sentido a epifania do Milagre isto é ele vir à tona ou daquilo que é sobrenatural ela não acontece apenas naquilo que é no campo religioso por exemplo a reverência ao sagrado a capacidade de respeito e admiração da vida ela acontece em cenas que pareceriam banais no Rio de Janeiro H uma prática antiga de no
final do domingo na praia ali na zona sul Quando o Sol começa a se pôr aplaudir o pôr do sol quando por exemplo uma criança nos abraço ou nos D um beijo roubado e sair correndo quando você vê uma violeta na sua manifestação Florida vira tona quando você vê um rio correndo ou você nota uma revoada de pássaros tudo isso te dá uma percepção de que a vida ultrapassa a mera materialidade de que ela vai muito além de átomos né e portanto muito além da mera biologia em si ou da química ou da física essa
percepção que é de religiosidade ela não é necessariamente de religião ela é uma manifestação de sacralidade eu já tive na vida dezenas vezes né na minha cotidiana existência e como estudioso ao Observar isso no dia a dia olhar o milagre como sendo aquele que é uma manifestação de religião eu nunca tive ocasião de presenciar não tem como nós existirmos com Vivendo apenas o presente né Nós temos primeiro memória que nos traz a mente aquilo que já foi e em segundo lugar um desejo de dar o próximo passo com alguma clareza daquilo que virá por isso
nós somos um animal histórico Isto é nós temos passado presente e futuro a a impossibilidade de conhecer alguma coisa em relação ao futuro pode gerar em nós desespero por isso Alguns de nós na história procuramos a adivinhação procuramos aquilo que seria a magia procuramos ler no céu ou na terra o que seria a razão da explicação outros Trabalhe com a ideia de ciência e sugere inclusive algo muito curioso por exemplo há pessoas que de manhã acordarem ao pegarem um jornal elas não acreditam na previsão do tempo mas acreditam no horóscopo elas não dão crédito há
uma área do conhecimento que é a meteorologia que vai anunciar o que vai acontecer amanhã e depois em termos de temperatura de precipitação de chuva etc mas ela olha um horóscopo que não tem de base uma fundamentação empírica embora faça parte da história e dá ele credibilidade por isso é uma questão de escolha Mas nós nunca nunca ficamos fora da necessidade de olhar nossa história passado presente e futuro de maneira alguma a gente pode enxergar naquilo uma tendência ao contrário de outros animais se até a gente quisesse retomar o que disse um dia Freud brincando
FL disse biologia destina né biologia destina você imaginaram um cão um gato um peixe ele seguirá a natureza dele e essa natureza ela não é mexía por ele mesmo só pelo ambiente ou por uma mutação genética como lembrou o Darwin não há possibilidade de um outro animal que não o animal humano produzir uma interferência na sua rota e que mude a trilha que estava seguindo no caso nosso mesmo que eu olhe a trajetória de alguém e veja até onde ele chegou e da onde ele veio eu posso dizer que ele tem uma tendência a ir
nessa direção mas não que ele irá nós somos capazes de mudar de rota a qualquer momento seja em direção ao positivo seja em direção ao negativ Isto é nem o Passado Condena e nem o passado é um salvo conduto para a reputação ebada de alguém qualquer um de nós e qualquer uma é capaz de ter liberdade de escolha naquilo que fará também é um dos nomes do Liv arbitro né a olia de Liv arbitro tá muito conectada a uma percepção religiosa no primeiro momento ela vem à tona a partir das discussões da reforma protestante né
no século X com Martinho Lutero embora seja um conceito interior e ela rompe uma lógica que é a do mundo greco romano clássico no mundo greco romano clássico Isto é a 2500 anos a poli divindade né o mundo criado pelos deuses e por eles organizado trazia uma percepção da vida que é trágica a tragédia O que é a tragédia os deuses decidem os deuses decidem tudo que o ser humano fizer não adiantará se os deuses tomarem uma outra posição A Concepção judaic Cristã ela vai dar outra linha em vez de ser uma concepção trágica da
vida a concepção Judaica Cristã ela é dramática se você observa no livro original dos judeus que os cristãos islâmicos absorveram que é o livro do Gênesis a primeira menção né a vivência de homem e mulher Adão e Eva é que eles fazem uma escolha Por que que Eva fez o que fez que foi desobedecer Por que quis ela não foi obrigada a fazer ela fez porque que quis porque que Adão foi parceiro dela nessa ruptura a obediência porque ele quis ele poderia não fazê-lo nesse sentido a ideia de livre arbítrio Ela está na origem da
Concepção dramática da vida com os judeus ela vai vir à tona mais tarde com uma força teórica inclusive teologicamente com a reforma protestante né e ganhará Claro a dimensão no Século XX e XX descendo a marca da Liberdade humana Nós escolhemos por isso vida acima de tudo é escolha não é Fatalidade a melhor coisa que nós somos capazes de ter dúvida afinal de contas é a dúvida que te coloca na possibilidade de outras escolhas é necessário muito cautela com pessoas que não têm dúvidas é claro que você e eu não podemos ser alguém que não
tem dúvidas nunca e nem que só tem dúvidas mas não ter dúvidas é sinal de falta de informação né Há um grande carioca infelizmente né falecido em março de 2012 milor Fernandes milor dizia se você não tem dúvidas é porque está mal informado e desse ponto de vista a dúvida quando colocada com reflexão com consciência ela ajuda a refazer Reinventar a ciência a arte a filosofia a religião avançam por causa da dúvida não por causa da certeza a certeza nos deixa onde já estávamos a dúvida que nos permite ir adiante a dúvida ela é um
tropeço e esse tropeço pode ser algo que leva alguém à Queda ou ganhar impulso para dar um movimento nessa direção ou na outra por isso a dúvida ela é uma forma né de obstáculo e esse obstáculo pode nos ajudar a mudar de Rota dependerá muito da religião há religiões que são sapienciais Isto é aquelas em que você tem uma força de crença religiosa para poder viver melhor refletir melhor portanto como o budismo né como parte daquilo que é o hinduísmo uma parcela do xintoísmo elas são sapienciais estão ligadas à sabedoria você as tem né para
poder ter escolhas que sejam muito mais refletidas muito mais meditadas outras religiões são religiões normativas prescritivas como é o caso das religiões do livro né o judaísmo o cristianismo e o Islamismo Ahã todas as três têm normas escritas Inclusive tem mandamentos fechados e nesse sentido ou você se enquadra né naquilo que está né no na Torá né dentro dos hebreus ou está na Bíblia Cristã ou está né no Corão dos muçulmanos ou você tá fora aí desse ponto de vista dependerá muito há pessoas que têm uma religiosidade que as deixa muito mais Livres isso não
significa libertinas perdidas mas mais livres para a escolha outras nem sempre Agora toda a religião é a escolha de um caminho e se você escolhe um caminho você exclui todos os outros desse ponto de vista não há como fazer escolha sem exclusão toda escolha é uma exclusão quando você me pergunta quem é você ao dizer quem eu sou eu tô dizendo o que eu não sou né Eu não sou todo o restante exceto aquilo que eu mesmo digo que sou quando alguém pergunta qual é a tua profissão eu digo eu sou professor eu estou excluindo
o restante portanto toda escolha é exclusão e religião é escolha religiosidade não religiosidade é um sentimento uma inclinação uma tendência a ter reverência pela vida religião é quando você pega a religiosidade e junta num Credo num sistema numa estrutura portanto você formaliza a tua religiosidade religião é a religiosidade formalizada religiosidade é um sentimento a maior parte de nós tem uma religiosidade muito funda e uma parte de nós tem religião né Eh muitos que apesar de alguns declararem que tem religião o Brasil por exemplo é um país que tem algo inexistente que é eu sou católico
mas não sou praticante né algumas religiões nem entendem essa frase porque eu se você não é um praticante você não participa né daquela religião então no fundo a pessoa tá demonstrando que o que ela tem é mais religiosidade do que religião de fato todo mundo em todo tempo tem alguma religiosidade algumas pessoas TM religião não existe religiosidade que não seja a partir de nós humanos não há religião sem religiosidade mas há religiosidade sem religião há uma divergência muito forte entre as muitas religiões quanto a que é seria a caracterização do bem e do mal por
exemplo nas religiões mais antigas há 3000 anos especialmente as persas que mais tarde geraram o que se chama de zoroastrismo que no ocidente é chamado de zaratustra né não é casual né que o filósofo niet tem escrito uma obra né sobre zaratustra na percepção do zoroastrismo é há uma divergência em que bem e mal são duas entidades reais Isto é existe o bem existe o mal você pega uma parte do Judaísmo ele terá também essa convicção de que existe o bem que é Deus e o mal que é o demônio que é o diabo que
é Satã você tem outras religiões onde essa questão não entra mesmo no cristianismo ainda há divergência por exemplo Agostinho o teólogo Cristão do século V dizia que o mal em si não existe o mal é a privação do bem Todas as vezes que o bem se ausenta o mal vem à tona mas o ma em si não existe porque se ele existisse nós teríamos que dar conta de uma questão teológica muito difícil se Deus é criador de todas as coisas porque que ele criou o mal por isso diria Agostinho o mal em si não existe
o que existe é a ausência do bem quando ele se afasta o mal pode ocupar-se Deus criou diria Agustinho a bondade a maldade é a ausência de de Deus nesta hora as religiões Elas têm as suas múltiplas formas de lidar com essa percepção há aquelas que são maniqueístas bem de um lado mal de outro aquelas que são circunstancial Isto é dependerá da ocasião que você está vivendo né e Há outras que são normativas que qualificam de maneira mais direta O que é o bem e o que é o mal a maior obra da história da
literatura sobre esse tema foi escrita por um homem que tinha Grande questão religiosa dentro dele que foi fiodor dostoevsky que aparece a frase que sintetiza essa questão se Deus não existe tudo é permitido se Deus não existe tudo é permitido essa é uma questão Será que a ética tá apoiada apenas na religião em grande medida a ética tá apoiada na religiosidade algumas éticas estão apoiadas também em religiões mas também em nome de religiões na história já se praticou a patifaria o assassinato o genocídio né a pilhagem portanto não é a religião em si que é
o motor da convicção ética a convicção ética vale muito mais a partir de valores e respeito à Vida coletiva da Vida em geral nas suas múltiplas manifestações e pela crença de que não é só a minha vida que tem validade Isto é os valores não são egoístas não poderiam sê-lo embora nós sejamos um animal que como outros tende a perpetuação do gênes a gente não quer que a nossa vida seja apenas e tão somente essa perpetuação do gênio egoísta para pegar o título clássico de uma obra do Richard Dunkin então a lógica não é essa
ela é muito mais funda a ideia de uma divindade que possa aparecer nas suas várias expressões mas que ao mesmo tempo seja capaz né dentro da sua maneira né de nós com ela entendermos e com elas lidarmos nos oferecer o valor ou nós construímos valores por exemplo há um livro clássico que eu sempre recomendo que se Leia que é uma conversa sobre essa questão entre um teólogo de alto nível que é dom Carlo Maria Marini Cardeal Arcebispo de Milano que já faleceu e um teólogo de última qualidade no limite superior que é Humberto Eco eles
escreveram cartas um para o outro tratando dessa questão e depois sentaram juntos para dialogar sobre esse tema se existe religião sem ética Isso tudo foi publicado e existe em português com o título o título do livro é em que creem os que não creem em que creem os que não creem por isso é possível ética sem religião Claro é possível religião sem ética de maneira alguma é possível ética sem religiosidade jamais quando você imagina a religiosidade como sendo um sentimento do indivíduo em relação à Vida ao mundo a sacralidade da a própria existência o mistério
magnífico do qual nós participamos não há necessidade de regras porque é mais uma contemplação No entanto quando eu pego a religiosidade e a organizo com outras pessoas formalizo com clero com orações com ritos quando eu faço uma estruturação ordenada é claro que H necessidade de regras porque se você constitui uma instituição um ordenamento Esse ordenamento precisa ter ordem né e a ordem Vem quando você tem uma meta né uma medida para isso para dizer o que vale e o que não vale quando você tem uma régua né aquilo que em latim era uma rula que
dá uma regra portanto você tem que ter uma medida para dizer o que cabe aqui e o que não cabe por isso toda a religião tem regras de maneira geral a religiosidade tem nenhuma não há possibilidade de nós imaginarmos religião sem terror Isto é quando eu falo terror não tô falando de fantasma de filmes que Tragam à tona cenas inimagináveis Ah o terror é uma sensação Face à vida de que nós somos ínfimos de que nós somos minúsculos de que nós somos frágeis portanto eu homem e mulher em qualquer tempo da história sozinha nada sou
eu preciso não só de outros seres humanos como eu preciso de forças e crenças que deem sentido a minha vida para que ela não fique banal sem propósito nesta hora a religião a partir da religiosidade vem à tona Isto é quando eu começo a crer que a minha vida tem sentido que eu pertenço a um mistério que é maior do que eu quando Há Forças que podem me ajudar ou me prejudicar quando eu faço parte de fato de uma estrutura que se conecta e que eu posso nela me apoiar a religião aparece como necessidade e
o terror fica enfrentado Qual é o terror o terror de existir Guimarães Rosa quando escreveu né de Sertão Veredas lembrou isso O que é o sertão a vida é o Grande Sertão O Grande Sertão é o lugar do abandono no Grande Sertão você não tem nada nem ninguém Qual é a Vereda a Vereda é a outra pessoa ou a religião a Vereda é aquilo que você encontra para escapar do Grande Sertão e por isso que ele escreve no Grande Sertão uma frase clássica do homem do Sertão que é viver é muito perigoso se viver é
muito perigosa é claro que a religião virá em meu auxílio ela poderá ajudar alguns a viverem nem melhor de maneira Consciente e poderá fazer com que outros vivam de forma alienada de forma robótica de forma escravizada dependerá da religião da pessoa do tempo em que ela se coloca mas que a religião tem sim como uma das suas causas o terror Isto é a estupefação o espanto Face a vida e a necessidade de afastar qualquer desespero Sem dúvida alguma quando o estupendo michelângelo bonaro um ateu pinta no teto da Capela Sistina a clássica imagem de Deus
e Adão quase encostando o dedo na criação você não tem certeza se é Deus que procura Adão ou Adão que procura Deus mas nenhum dos dois quer o abandona se você olha essa cena é repetida magnificamente por Steve Spielberg no ET quando ele traz de novo a cena em que o Elliot e o ET encosta o dedo e naquela hora acende você ilumina quando você assiste o filme Porque como o dedo ilum a sensação de que há uma conexão e que você não tá sozinho no universo seja você um terreno ou um extra terreno um
ete ela é fortíssima essas duas cenas elas grudam na história humana uma pela arte do cinema a outra no teto né do Vaticano nós temos que lembrar que há na vida humana uma grande questão em toda a história humana a filosofia a arte a ciência a religião sempre trouxeram a tona uma pergunta que a pergunta original por que é que existe alguma coisa e não nada por que é que existe alguma coisa e não nada Isto é porque existe em vez de não existir Por que que nós existimos em vez de não existimos qual é
a origem da vida e a origem do mal por que vivemos para depois morrer faz sentido isso qual é a finalidade da vida seja eu bondoso ou malévolo partirei do mesmo modo se parto vou para algum lugar ou fico se fico ou em quem fico fico em algo volto essas questões movem a arte a filosofia a ciência e a religião uma parte da filosofia uma parte da religião ela é movida pela ideia de alteridade Isto é eu nesta vida estou com outros e outras ser humano é plural tanto que nós falamos por exemplo na ética
em direitos humanos só existe plural em direitos humanos que o humanos somos plural existisse o único ser humano não haveria questão do direito porque todos eles estariam naquele que ali estava nesta hora a percepção de alteridade é aquela pessoa que não sou eu mas mesmo eu não sendo ela é como eu ela é um outro humano nesta hora ela é um outro e não um estranho a ideia de estranheza ela vem quando eu olho o outro como estranho como alheio como estrangeiro como fora de mim não é casual que uma parte das religiões tenha propósito
que se acolhesse o estrangeiro aquele que não é como eu de modo que se entendesse que aquele que não é como eu Ele é alguém como eu enquanto é humano daí a ideia de fraternidade não há possibilidade de separar Fraternidade de alteridade na vida essa possibilidade há pessoas que tem como lema fundamental cada um por si de por todos e até como tema religioso e há outros que tem como lema um por todos e todos por um essa é uma escolha não é obrigado Nem um nem outro algumas pessoas acham que a morte ela é
apenas uma passagem por isso ela não deve ser temida assim como na vida nós tememos nascer Isto é o lugar mais seguro do universo é o útero materno sair daquele lugar para este lugar onde onde estou agora deve ter sido bastante sofrido aliás é tão sofrido nascer que a natureza tira de nós a memória disso todos nós humanos temos até 3 4 anos de idade amnésia de primeira infância nós não Lembramos de nada porque a Nascimento deve ter sido tão traumático né que você largou um lugar absolutamente confortável seguro protegido para esta realidade né em
que nós estamos desde criança que a passagem desta vida para uma outra situação um outro modo de ser ele pode ser tão traumático quanto ele é por isso os gregos davam um nome né aquela pessoa que lutava para não morrer Que era agonia agonia em grego significa luta por isso quando você tá agonizando você tá lutando lutando o quê para permanecer Pode ser que o bebê também ao nascer quisesse lutar para permanecer no lugar onde estava não se tem toda a clareza em relação a isso ainda dentro do campo da racionalidade científica no entanto a
morte talvez ela possa ser lamentada Chico Anízio dizia uma frase especial ele diz eu não terho medo da morte teu pena ele dizia não tenho medo de morrer eu tenho pena de morrer o di Allen diz eu não tenho medo da morte eu só não quero estar lá quando isso acontecer o grande poeta Fernando Pessoa dizia o homem é um cadáver adiado uma das possibilidades de nos definir é como um cadáver adiado Isto é um dia Deixaremos de ser o que somos para sermos exatamente um cadáver por isso a morte ela é lidada na pintura
na arte em geral na ciência na filosofia nas religiões ela é algo que nós não aceitamos não queremos aceitar se você observar o primeiro sinal de humanidade em toda a história são túmulos todas as sociedades em toda a história desde o Homem Pré Histórico até hoje os primeiros sinais de que nós éramos incapazes de aceitar o abandono do corpo é que a primeira coisa que você acha quando procura uma sociedade antiga são os ossos sepultados certo alguns autores inclusive que dizem que nós nos tornamos sedentários Isto é passamos a viver juntos num lugar fixo e
não mais nômades Porque nós não queríamos abandonar os nossos mortos O que aconteceu é que se diria que as cidades nasceram em torno dos cemitérios e não ao contrário os cemitérios vieram paraas cidades outros autores dizem que ao estudar que nós humanos temos com a morte uma relação né de temor outros de admiração bodel chamava a morte de irmã de caridade aquela que o ia libertar né da vida sofrida é uma questão de observação agora quando você observa mais de perto também se poderia dizer que a morte ela é algo que a gente precisa lembrar
com ela a gente não se conforma a gente só se forta a gente ganha força junto a gente se conforta mas não se conforma conformar-se com a morte é admitir que a vida inútil conformar-se com a morte supor que a morte supor que a morte ela seja algo absolutamente Óbvio Isto é que ela Deva acontecer é imaginar que a vida tem um sentido e um valor menor do que o que ela tem a nossa recusa a mortalidade o nosso desejo de imortalidade é uma afirmação da vida não não é que a gente quer viver mais
a gente quer não deixar de viver a religiosidade tem como das suas manifestações uma das manifestações da religiosidade é a capacidade de não se conformar com a morte por isso quando um de nós morre nós temos que dar um destino aquele corpo inerte de modo que ele não seja descartado alguns povos o sepultavam o colocavam na terra porque que se suporia que da terra viemos do hummus viemos a palavra humano vem de húmus hummus é terra fértil outros povos eram capazes de cremar de maneira que a cinza do corpo subisse com a fumaça aos céus
Isto é fosse paraa origem é outra percepção de origem outros povos como é o caso dos ianomamis por exemplo né naquilo que hoje é chamado de América em que eles não só eles eram capazes de cremar os corpos do os mortos Como fazer com eles uma bebida e fusid e bebê-la de maneira a ficar com o espírito daquele que já foi independentemente de qual é o povo na história Nunca nenhum tratou a morte de forma indiferente por isso todos os ritos existentes seja o sepultamento a cremação seja a capacidade de ingestão seja o partilhar o
corpo do Falecido de maneira tirar dele a coragem a valentia a dignidade tudo isso é uma maneira de dizer dizer não aceitamos a morte e essa pessoa não foi está em nós em nós continua por isso não há o único rito mas os ritos acima de tudo são ritos de recusa eles não são ritos de resignação ela parece de modo variado quer dizer a ideia de nós morrermos nos hospitais Ela atinge apenas 25% da humanidade que são aqueles que TM acesso né a estrutura hospitalar Se você pegar do conjunto de bilhões de humanos que há
no Planet planeta é uma parcela que morre mesmo em casa na mata na aldeia no grupo no leito né Nós somamos habituados na civilização ocidental um pouco mais tecnológica com a imagem né da Morte ligada à estrutura hospitalar Mas ela é minoria né dentro da espécie humana inclusive ainda hoje ela não é nem um privilégio ela é uma condição né de uma parte das pessoas hoje de qualquer maneira há uma assepsia hoje da Morte uma limpeza de tudo aquilo que envolveria o ritual né mortuário que faz com que a gente perca o sentido original que
ela carrega algumas famílias por exemplo não levam mais seus filhos aos velorios para poupá-los isso é muito negativo porque evita que a criança tenha a noção de perda e ao mesmo tempo que ela veja que existe solidariedade na convivência e que a morte não é a fim continua com quem lá está né Há um certo apressamento dos rituais hoje em relação aos sepultamentos ou ou cremação afinal não temos mais tempo numa parcela da humanidade nem para morrer né nesse sentido há uma lógica que é uma lógica extremamente eh prática em relação ao tema da Morte
e que nos angustia Porque como isso não resolve nos deixa continuamente angustiados com essa questão Sim claro o humor é aquele que permite que você e eu sejamos capazes de sair do desespero claro que H um humor que é negativo que é aquele da galhofa que é do ridículo mas há um humor que é aquele que indica alento que indica a capacidade de respirar de novo de tomar fôlego e até fazer algo que é a repetição Do Alento né Você sabe que alento tem como origem a palavra hálito e vice-versa que faz com que a
gente numa gargalhada a gente emita o ar várias vezes como o ar sempre foi o sinônimo de vida Afinal né morrer era parar de respirar não havia indicativos como não h ainda em boa parte da Humanidade para alguém estar morto que não seja a sensação da respiração daí a ideia de espírito a ideia de espirro a ideia de esperança porque a palavra espirro espírito Esperança são a mesma né em latim exp significa aquilo que emite né um sopro não é casual que algumas religiões trabalhem com a ideia de vida como sopro se você observa entre
os caldeus mesopotâmicos judeus é comum o relato de uma divindade que para criar pega o barro e sopra se você olha no relato do livro judaico na bíblia judaica todas as vezes que a divindade vai aparecer antes vem um vento forte um rá né que faz movimentar a ideia do espírito né nas comunidades que a gente chama de indígenas como sendo aquele que balança o lugar que está nas árvores né que faz com que haja um movimento tudo aquilo que movimenta porque a morte é a ausência de movimento então tudo aquil que movimenta no caso
a vida O sopro Ele marca essa circunstância variará da percepção religiosa que se tenha algumas pessoas imaginam como é o caso por exemplo né do budismo que esse sopro volta paraa fonte original né isto é ele vai de Volta Para onde ele saiu porque nunca saiu ele apenas se manifestou daquele modo naquele tempo no hinduísmo ele retorna também paraa sua fonte ele se agrega essa fonte com as Três Fontes básicas de sopro né vna Chiva né e brama se você olha na percepção dos cristãos dos judeus e dos islâmicos você tem esse sopro que vai
para um lugar que aguarda o juízo final quando então haverá a possibilidade de você se juntar à fonte de origem ou ser dela descartado né Há muitas maneiras de olhar essa convicção O que há uma certeza em todas elas O sopro não é inútil