Segundas Intenções com Ailton Krenak

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Com uma trajetória marcada pela defesa dos povos originários, Ailton Krenak possui vários títulos em...
Video Transcript:
[Música] Bom dia a gente vai começar mais um encontro do segundas intenções recebendo hoje Ailton krenak escritor pensador uma das [Música] um dos autores que mais refletem sobre a realidade brasileira a partir da experiência da cultura dos povos originários brasileiros ele é da etnia krenak Como diz seu nome e ele vai conversar aqui conosco nesse encontro que nós realizamos uma vez por mês a biblioteca do Parque Villa Lobos e também realizamos a biblioteca de São Paulo Segundo as intenções é uma série de encontros com escritores que acontecem o tanto duas vezes por mês uma aqui
na biblioteca Parque Villa Lobos e outra na biblioteca de São Paulo nós estamos chegando ao final do ano nosso próximo encontro será aqui mesmo na biblioteca Parque Villa Lobos no dia 3 de dezembro desse mesmo horário 11 da manhã do sábado é com o ensaísta compositor professores de Literatura José Miguel visique O encontro vai acontecer durante a copa do mundo e a gente vai conversar bastante sobre o livro do vizinho que chamado dependendo o remédio que é uma leitura do Brasil a partir do futebol maravilhosa um livro que eu coloco no mesmo patamar de eh
enfim Casagrande senzala e Raízes do Brasil como olhar interpretação do Brasil né um livro já clássico não menos clássico é o trabalho do Ailton krenak autor de livros perturbadores porque ao mesmo tempos desvelam a condição social brasileira ou enfim a instrumentalização que se faz da natureza a partir de um conceito equivocado supostamente universalizante de humanidade que põe a perder outras perspectivas de olhar o mundo e em especial a realidade do nosso país e justamente ele representa uma dessas perspectivas que estão presentes em livros como ideias para adiar o fim do mundo e a vida não
é útil o livro sobre os quais nós conversaremos ao longo desse encontro de segundas intenções que terá também a participação de vocês né Vocês querendo fazer perguntas nós temos um microfone aqui ao lado peço que quem queira fazer pergunta levante a mão vá até o microfone porque a gente precisa registrar a pergunta para este vídeo que está disponível no site da biblioteca Parque Villa Lobos então sem mais delongas como se diz de antigamente e vamos começar o nosso encontro dando bom dia a Ailton krenak O prazer é uma honra ter você aqui no segundo as
intenções krenak Muito obrigado pela pela aceitação do nosso convite eu quero agradecer ao velber que ficou me pescando a distância jogando anzol não vem aqui vai acabar o ano a gente já está confirmando as pessoas que virão aqui até o final do ano a gente quer que você venha aí eu falei com ele que eu estava longe daqui né ele falou não mas vamos ver se você consegue passar por aqui então eu quero agradecer a insistência desse amigo que me proporcionou essa oportunidade a gente está aqui junto eu não conhecia ainda mas não é o
prazer agora a gente tá aqui encontrando mais uma porção de amigos e conversar um pouco sobre essa experiência de estar publicando livros e de poder contar com os livros como essa maneira [Música] de ampliar o que cada um de nós pode fazer falar a poesia por exemplo a poesia que está desculpa a poesia que está em tudo ela só é revelada quando ela é falada publicamente ou quando ela é impressa no livro então o livro tem essa essa capacidade de fazer permanecer durar no tempo uma palavra uma mensagem que poderia numa boa também ficar perdido
no tempo perdido no tempo então é um privilégio muito grande ter as nossas palavras impressa em papel em livro e um privilégio mais ainda Exagerado você ter a oportunidade desses livros se difundir se espalhar pelo mundo os meus livrinhos eles já estão publicados em 15 idiomas além do português esse ano ele foi traduzido para o Japão o que me causou uma surpresa enorme porque eu achava que o assunto desse livro podia não interessar os japoneses então uma editora no Japão traduziu Eu gostaria muito de imaginar a sonoridade dessas palavras em japonês pode aproveitar que você
tá em São Paulo você vai ali na Liberdade que é o Bairro Japonês de São Paulo cidade que tem maior comunidade de japoneses fora do Japão né o Brasil é um país que tem a maior comunidade japonesa você vai lá bate lá na porta de algum lugar que alguém vai ler para você você vai poder ouvir a poesia da sua prosa então a gente pede para alguém ler o livro na tradução japonesa vamos fazer isso vamos sair daqui para todo mundo para Liberdade então aproveitando para criar essa sociabilidade entre nós como uma comunidade temporária né
Nós somos uma comunidade a partir desse momento eu e você somos só os atores principais mas a comunidade é grande Olha que legal são essas pessoas que estão conversando comigo e com você é uma experiência coletiva eu falei que o livro é uma possibilidade de expansão né agora um encontro desse aqui ele ele é incomparável porque cada um de nós pode replicar essa história da maneira que conseguir entender cada um de vocês vão poder contar esse encontro nosso da sua maneira em outras línguas então gratidão pela presença de vocês todos todas todos todos e vamos
a essa conversa vamos nessa conversa que é o seguinte aqui no segundo as intenções a gente tem bastante tempo para conversar é um encontro longo a gente vai até uma da tarde a gente tem ainda mais de uma hora e meia para conversar então eu costumo dividir o encontro da seguinte maneira a primeira parte a parte mais introdutória que não é não é metade mas é uma parte mais introdutória Eu costumo perguntar sobre as experiências dos escritores dos pensadores que vem aqui antes dele se tornarem autores a gente está numa biblioteca todo mundo que vem
aqui tem livros você começou fazendo uma reflexão sobre o livro Como o canal de expressão da poesia e da literatura e enfim do pensamento né aquilo que consolida e difunde o pensamento e a criação verbal mas você tem uma vida pregressa como todos os autores que vem aqui então eu costumo perguntar assim como é que foi sua aproximação ao universo do livro da literatura do pensamento no seu caso da própria do próprio encontro como é que foi o próprio encontro com outras formas de ver e descrever o mundo com outras línguas a sua inicialmente você
cresceu falando a língua da sua etnia da etnia krenak Ou você já aprendeu português imediatamente e simultaneamente com com o seu idioma original a gente sabe que o Brasil tem mais de 150 idiomas o Brasil tem uma língua oficial que é o português mas tem pais tem isso né 150 idiomas aqui de mais de 250 etnias Eu queria saber um pouco como é que foi a sua Onde você nasceu como você é desenvolver o seu a sua atenção o seu gosto Sua sensibilidade para a linguagem escrita para reflexão para literatura eu me lembro de uma
história que a história de um menino dentro de um Balaio um menino dentro de um Balaio e esse Balaio no cargueiro sobre um burro um animal de carga então é um menino num Balaio pendurado em cima de um cavalo um burro atravessando uma serra essa imagem eu acho que ela revela um pouco sobre a minha infância é esse menino no Balaio há quase 70 anos atrás 60 e tantos anos atrás ele estava sendo levado pelo pai dele pelos seus parentes atravessando uma serra numa região de Minas Gerais que é o Vale do Rio Doce atravessando
uma serra fugindo dos invasores da minha Aldeia então a minha Aldeia sempre foi invadida eu acho que eu tenho alguma coisa em comum com os palestinos e eu nasci dentro de uma invasão e essa experiência de estar sempre acossado por um inimigo desconhecido formou muito a minha personalidade escapando daquela Aldeia na beira do rio doce na década de 50 eu nasci em 53 Portanto o ano que vem 23:5323 tempo de fazer 70 anos né E naquela década de 50 um dos eventos mais importante que aconteceu naquela região do médio Rio Doce ela ela é também
é relatada pelo Drummond na obra dele nós somos invadidos pela mineração a mineração ocupou o Rio Doce E no caso do Drummond restou só um retrato na parede e como dói esse território mutilado nos últimos 70 80 anos por uma atividade industrial que nos tornou modernos a gente só ficou moderno por isso O Brasil ganhou um parque siderúrgico né a indústria chegou no Brasil por ali também eu não sei se tem um outro evento tão significativo para essa história do Brasil entrando no rol dos países que vão produzir automóveis que vão trocar a Ferrovia [Música]
por estradas por rodovias e que vão embarcar de cara no combustível fóssil como uma espécie de batismo futurista então nós de alguma maneira esse povo indígena na beira do rio doce e os brasileiros em geral experimentam em comum o fato de ter começado tardiamente a ocupação de uma região do nosso país sem planejar o que ia acontecer depois e a gente ocupou assim olhar o que que aconteceu depois no caso do Rio Doce o que aconteceu depois foi a cauterização de uma bacia hidrográfica de 630 km que virou lama tem sete anos que essa lama
passou lá e não saiu tá lá não tem peixe não tem nenhum microrganismo no corpo do Rio ele está plasmado por uma meleca podre da mineração a mineração pode ter movimentado bilhões trilhões nesses últimos 80 anos ela tem que fazer alguma coisa com estrago que ela largou para trás mas o que importa nessa história é o menino no Balaio fugindo de um lugar onde tinha muito peixe Floresta caça caça abundante Rio para tomar banho e brincar de menino a única coisa que menino não precisa fazer é brincar Eu estranho muito essa situação do Século 21
em que os meninos não tem mais como única obrigação brincar os meninos agora tem que cumprir um roteiro programático feito pelos adultos que ocupam a cabeça das crianças com suas ideias abstratas querendo que as crianças deixem para lá essa história de brincar e aprendam logo [Música] no mercado de trabalho é de ideias de existir no mundo não como uma poética da existência é claro que nós não podemos ser criança a vida inteira mas também a gente não precisa decretar o fim da infância tão cedo crianças não deveriam ter obrigação nenhuma a não ser de brincar
e os adultos nesse caso deveriam ter uma única obrigação cuidar para que as crianças pudessem brincar e a reclamação de alguém que atravessou as montanhas embalaio sobre a infância ela é uma reclamação ela é quase que uma reclamando uma reparação para que as crianças possam brincar de verdade as crianças vão ter tempo de brincar porque a vida adulta ela nos obriga tanta renúncia a gente renuncia tanto para ser adulto é aplicar esse mesmo molde na infância e não estou falando de um menino tô falando na infância de milhares de crianças nossas crianças precisam ter a
oportunidade de passar os seus primeiros anos experimentando a fruição da Vida em contato com as formigas que eles possam sonhar também ser Manuel de Barros do seu xará Manuel que eles não sejam obrigados a ser só gente essa coisa chata esse bicho pequeno que se enjoa na terra e decide fazer roupa inciderável e viajar para o sol Esse é um fragmento do poema do Drummond O Homem e as viagens as crianças precisam ter o direito de ser criança é isso o menino no Balaio é cresceu Vivendo uma vida de menino rural na década de 50
do Brasil todo menino que vivia na zona rural tinha em comum uma experiência parecida com aquelas que aparece nos nos relatos que o Ziraldo faz o Menino Maluquinho todos aqueles outros meninos malucos e aprendendo com os adultos se comunicar geralmente com a mãe é por isso que existe o termo língua materna língua materna as aproximadamente 180 línguas nativas que você mencionou Manuel elas estão espalhadas dentro do Rio Grande do Sul até o Amapá o Pará lá em cima e essas línguas elas estão agora passando por um período de risco tão grande que é UNESCO declarou
a década das línguas em risco de extinção a Unesco declarou a década do esforço global de proteção e salvamento de línguas línguas maternas ameaçadas de extinção aí eu fiquei pensando ora toda língua materna alguém aí conhece uma língua paterna se conhecer por favor me apresenta toda a língua é materna as pessoas aprendem falar com a mãe você falou uma coisa a menos que eles tenham perdido a mãe e tenham ganhado um pai tão maravilhoso que vai tentar fazer o que uma mãe faz naturalmente a mãe ensina o filho a falar ela dá mamar e ensina
a falar são duas coisas muito Improvável para que um homem possa dar conta disso então línguas maternas Essa mensagem é para Unesco tá línguas maternas são todas as línguas vivas do planeta porque quem ensina a língua é a mãe Inclusive a mãe da UNESCO interessante que o você falando isso me lembrou um trecho do ideia para adiar o fim do mundo em que você faz uma reflexão sobre o caráter materno da língua e da terra e você escreve posso ler aqui um trechinho vamos parágrafo pequeno todas as histórias antigas chamam a terra de mãe tá
chamando Gaia uma deusa perfeita infindavel fluxo de graça beleza e Fartura veja se a imagem grega da deusa da Prosperidade que tem uma cor no cópia que fica o tempo todo jorrando riqueza sobre o mundo outras tradições na China e na Índia nas Américas em todas as culturas mais antigas a referência é de uma provedora Maternal não tem nada a ver com a imagem masculina Ou do pai todas as vezes que a imagem do pai rompe nessa paisagem é sempre para depredar detonar e dominar Ou seja você faz uma essa ideia de uma língua materna
se reporta uma ideia de uma terra materna provedora e a figura da interdição disso da o objetivogação disso é a figura paterna um pouco como na nossa formação a mãe é o pura simbiose e o pai aquele que separa da mãe né Isso é um pouco de vamos dizer um é um esboço muito muito superficial de psicanálise né o pai e a figura da interdição é que rompe esse Idílio da relação do filho com a mãe com seio materno ele é o princípio de realidade o pai introduz o princípio de realidade de alguma maneira a
sua obra é muito ligada a ideia de resgatar sem negar a realidade essa função materna né que existe na nossa relação com a natureza que claro a gente não pode ficar só nela só no eterno Idílio com a natureza a realidade impõe demandas etc mas o problema as demandas se transformaram numa finalidade em si que aliás é o tema de outro livro seu a vida não é útil Essa visão utilitária do mundo é justamente o triunfo de uma forma de intervenção sobre o mundo que esquece esse seio originário materno da terra como provedora né visitar
esse lugar onde uma humanidade habita um planeta que tem a sua expressão é possível de ser percebida como uma função materna criadora é maravilhoso imaginar um planeta um planeta com essa qualidade natureza distinta inclusive entre os outros na galáxia entre os outros planetas eu não conheço outro planeta que você chega lá ele te abraça com oxigênio Clorofila Floresta Rios montanhas eu conheço uns planetas feiosos que estão por aí na constelação mas eu não queria morar em nenhum deles agora a terra a mãe Terra ela é a beleza em toda galáxia é Beleza então botar entre
aspas essa dignidade essa grandeza do planeta terra em ser provedor da vida e identificar nessa capacidade de provedora da vida um dom materno é coerente com o termo que os gregos antigos chamavam esse planeta de Gaia Gaia um organismo vivo sensível inteligente imprevisível ele é imprevisível porque o planeta terra Gaia como ele tem humor como ele tem sentimento ele é imprevisível e ele pode nos surpreender com eventos que a gente vai chamar de clima que é simplesmente separar esses continentes que nós estamos acostumados a ver no mapa separar criar uma separação entre os continentes e
nos jogar numa experiência abissal jogar a gente num buraco só que esse buraco é o próprio seio de Gaia é o corpo dela onde a gente não tem nenhum treinamento para sobreviver Gaia esse organismo maravilhoso ele pode desligar a gente em 10 minutos 10 minutinhos e Gaia bota todo mundo para dormir o planeta inteiro ela dá uma volta e larga a gente dormindo aqui no chão fazendo compostagem nós compostagem aí a gente vai em direção aquele sonho do poeta seu xará o Manuel de Barros quando ele fala tem vocação para graveto uma vocação para miudezas
para nenhuma coisa essa vocação ela defesa utilidades né a coisa do útil né a ideia de que nós precisamos cooperar com o corpo com organismo da Terra para que ela funcione é uma ideia totalmente sem pé e sem cabeça é uma pretensão descabida a terra não precisa dos humanos nem de um de nós nem de todos aliás essa semana tem gente fazendo a conta que nós somos oito bilhões 8 bilhões de pessoas no planeta né a terra não precisa de nenhum Zinho deles se todos eles desaparecerem daqui até amanhã a terra continua o planeta mais
bonito da galáxia sem a gente numa boa então essa ideia de que os humanos têm uma função no complexo organismo da terra de qualquer coisa nem biólogo nem Botânico nem nem geólogo ninguém ninguém tem nenhuma habilitação para fazer nada pela terra É eu estou afirmando isso de uma maneira tão assim grave que até parece que eu sou advogado da terra mas nem isso ela precisa de um sujeito bobo defendendo a sua potência incomparável a Terra é esse organismo maravilhoso ela é materna e os as culturas como Manuel já leu em diferentes lugares do mundo nas
suas míticas origens sempre tratam da terra como esse ser maravilhoso é que na modernidade quando a gente deu esse salto para nos achar o Sapiens o espertalhão a gente sentou o pé na jaca e estamos mais perdidos do que cachorro que caiu da mudança como humanidade você pode procurar os cientistas mais eloquentes e interessantes da Nasa ou de qualquer outro programa espacial gel que estuda organismos geofísico da terra e ele vai te dizer Olha nós estamos mais perdidos do que cachorro que caiu da mudança a gente perdeu a linguagem da vida no planeta e nós
estamos habitando uma experiência que já é chamado de antropoceno antropoceno quer dizer quando a pegada dos humanos ficou indelével quando o nosso Rastro virou aquele rastro de dinossauro antropoceno é eu me lembro que a Rapaziada fez um selo que eles pregava na traseira do carro era como se fosse a garra de um de um animal pré-histórico arranhando assim né meio filminho de terror o filminho de terror para nós somos nós mesmo nós estamos produzindo isso essa garra essa pata pesada afundando o pé no chão de uma maneira em que a próxima geração os nossos tataraneto
Neto que virão depois eles vão dizer que a gente enforcalhou o planeta aliás aquela menina lá na Europa que tá liderando o movimento dos adolescentes para não ir na escola sexta-feira botar em questão toda essa essa psicologia adulto que quer educar o mundo que quer enquadrar o mundo que quer fazer todo mundo repetir essa caretice desenvolvimento o discurso desenvolvimento Ametista a ideia do Progresso toda essa lógica da racionalidade que algumas pessoas recorrem a ela para dizer sim mas a gente não pode ser infantil A vida inteira a gente não pode ficar infantil A vida inteira
a pergunta é porque não os adultos produzem alguma coisa mais relevante do que o que as crianças produzem né não os adultos não tem afetado muita coisa diversa nos últimos 200 anos a não ser a afirmação que tá aqui na capa do livrinho sobre a utilidade da vida e a ideia de que a experiência de inserção do indivíduo na sociedade a sua presença na sociedade crescer se formar compartilhar a responsabilidade desse mundo é produzir quer dizer robô faz isso muito bem a gente podia então atribuir essa tarefa aos robô a gente fabrica um monte de
robô e deixa eles aí produzindo para gente que besteira é essa da gente gastar nossa vida produzindo coisas a gente já tem habilidade para botar o aparelhinho toca aí Canta aí o outro aparelhinho limpa aí cozinha aí dirige aí conversando com um jovem piloto de um Boeing ele falou comigo eu tô aqui na cabine mas eu não preciso fazer nada o computador faz tudo Eu só sou convidado de vez em quando botar o dedinho aqui em algum lugar para o avião dar uma encaixada então Decolar ele faz tudo ora gente se a gente põe sempre
tantas pessoas dentro de um avião e o computador decola com ele e nos leva a Um porto seguro Qual o problema da gente passar a metade dessas tarefas que nos escravizam Os Robôs fazem isso e a Gente para com essa besteira de dizer que a vida tem que ser útil e a gente recupera a possibilidade de uma infância onde as crianças cantem Livres sobre os muros fizeram uma canção do Taiguara é um verso de uma canção do Taiguara que as crianças cantam livros sobre os Muros e num tempo em que tinha um muro que separava
o leste europeu do resto da Europa vamos ver quem pega primeiro aí então o que que aconteceu o muro não tá mais lá mas vocês estão vendo o que que tá no lugar do muro que que tem no lugar daquele muro tem uma chuva de míssil cai no quintal dos outros como se fosse um mamão um abacate ninguém sabe de quem que é o míssil que caiu aqui na Polônia Ah não sei sei lá vai ver que foi o Wesley fazendo teste nuclear Ou aquele coreano maluco é que o amanheceu nervoso então a gente tá
vivendo um planeta tão maravilhoso que tá ficando tão estreitinho que tá parecendo uma bolinha dessas de ping pong Você falou uma coisa interessante você falou assim a terra faz compostagem da gente ou seja a gente faz compostagem do que a gente produz dejetos né de lixo a gente faz a compostagem mas a compostagem da Terra é maior ela pretende de nós de alguma maneira e você falou uma coisa que é enfim forte aqui nesse no começo da vida não é o último é um livro que você escreveu um pouco a partir da experiência da pandemia
você diz o seguinte esse vírus que está aí agora esse ele foi uma manobra fantástica do organismo da terra tirar a teta da nossa boca e dizer respire agora quero ver isso denuncia o artifício do tipo de Vida Que Nós criamos porque chega uma hora que você precisa de uma máscara de um aparelho para respirar mas em algum lugar o aparelho precisa de mozil na hidrelétrica nuclear ou de um gerador de energia qualquer e gerador também pode apagar independentemente do nosso Decreto da nossa disposição além disso a sensação que dá não é que você obviamente
deseja isso mas o que você tá mostrando a diferença de escala de grandeza da nossa intervenção sobre a Terra e do poder de resposta da terra né a gente fala muitas assim de ponto de não retorno da destruição da Amazônia etc mas assim a sensação que dá lendo você é que você tem uma convicção de que por mais que a gente tente destruir a terra nós acabamos acabaremos nos destruindo nós mesmos e não a terra porque ela pretende de nós né Manuel é obrigado de você buscar exatamente essa esse trecho que abra narrativa da vida
não é útil quando a gente tava vivendo o pior da pandemia e a gente não podia nem imaginar um encontro desse aqui se encontra o híbrido onde uns estão com máscaras outros não estão né a gente tava num período em que era mesmo proibido qualquer ajuntamento e o vir é com sem máscara e o vírus estava assim hiperativo refletindo sobre aquela condição Eu entendi que nós estamos e lendo também né eu tô lendo muitos outros autores que escreve sobre o vírus a pandemia tem um grupo de tem três jovens médicos que terminaram o doutorado deles
durante a pandemia eles produziram um estudo dizendo que essa experiência que a gente teve da pandemia não foi um episódio a gente entrou num modo de sobrevivência dentro do planeta Terra agora é Em que situações pandêmicas vão se encaixando uma na outra e elas vão se agravar cada vez mais e eles mostram que nós vamos ter que reconfigurar as nossas cidades a arquitetura engenharia toda essa infraestrutura ela vai ter que ser reconfigurar para gente criar ambientes saneados eles Ele disse que nós vamos nos constituir numa humanidade sanitária para a gente conseguir conviver com a quantidade
de vírus estranhos que vão se reproduzir numa quantidade incalculável que a gente nem nenhum Instituto Butantan nem faz ele consegue dar conta de fazer vacina para organismos que mudam durante cinco vezes que mudam cinco vezes durante um dia quer dizer você tá fazendo a vacina com carinha já tem um segundo e o terceiro te esperando ali ó Então nós vamos ter que eles dizem que nós vamos ter que criar cidades estruturas de habitar que são verdadeiros hospitais nós vamos habitar o tis geral assim espalhado pelo planeta eu acho que a terra tá apertando o nosso
pescocinho tipo assim vocês entendem a terra falando com a gente tão entendendo tão entendendo Tá entendendo até jogar o lixo no chão e nós estamos imerso numa cultura fóssil nós estamos em mesmos numa cultura que consome energia fóssil e nem pensa nem pensa vocês viram comentários sobre os chefes de nações que foram para cop de jatinho e de avião e do escambau aquela crítica ela é uma crítica que ao mesmo tempo ela pode ter um endereço maldoso mas ela pode ser também uma crítica sobre a nossa incapacidade de mudar a nossa maneira de nos mover
de circular a gente faz isso sem pensar há mais de 20 anos atrás eu fui convidado por um pessoal na Inglaterra para ir lá falar sobre o clima aí eu perguntei para eles vocês querem que eu vá como de bicicleta ou de canoa eles disseram não a gente quer que você venha de avião é vocês não tem vergonha na cara vocês vão me chamar para pegar um avião para ir ferrando o ambiente até aí descer aí criticar todo mundo pegar o avião e voltar para cá Só se eu fosse tarado né Não dá para continuar
mentindo enganando enganando nos 8 bilhões de pessoas achando que nós estamos melhorando a vida na Terra não tem nenhum gesto nosso nesse Campo da correção de comportamento se ela não incluir a gente parar de usar combustível fóssil enquanto a gente usa o combustível falso a pessoa fala Ah mas então eu vou parar de andar de carro de avião dessas coisas tá mas você continua usando uma cadeira que é feita de petróleo o que que é esse material aqui dessa cadeira O que que é uma porção de coisa quem sabe até essa minha roupa as nossas
roupas já são feitas de petróleo a gente tem petróleo na roupa a gente tem petróleo na casa a gente tem petróleo nessa coisa que tá em cima da nossa cabeça enfeitando aqui então nós de certa maneira do século 20 para cá a gente configurou uma uma humanidade totalmente encaixada no petróleo que vai desde da sacolinha plástica que entra na tartaruga que vira carapaça de tartaruga e vai para o intestino dos peixes até a roupa que a gente veste então nós somos a sociedade do plástico no sentido simplificando o comentário do combustível fóssil não é só
o carro nós estamos empacotados para o fim do mundo de certa maneira só que nós estamos nos empacotando seria diferente da gente ter que enfrentar uma diversidade Onde tem um risco da gente ser empacotado no plástico e a gente esperneando né mas não a gente tá dando mal colaboração a gente ainda dá um lacinho faz o lacinho de plástico em cima do pacote então assim é produzir literatura ficção contar histórias talvez fosse alguma coisa que eu conseguisse também mas eu não estou interessado em ficção porque a realidade que nós estamos vivendo Ela já tem o
componente de trailer de terror ficção futurista catástrofe que nem Hollywood consegue ter coragem de botar no ar aquele filme não olhe para cima não é isso que termina com aquele animalzinho esquisito parecendo que é um dinossauro futurista comendo engolindo uma pessoa Aquilo é uma piada de mau gosto é uma piada de mau gosto que Hollywood faz sobre o desastre ambiental planetário que nós estamos metido eles sugerem que depois que acabar tudo aqui uma turma vai fugir e morar em outro lugar né mas não tem outro lugar a piada cínica eu sugeri que a gente tem
outro lugar não tem nós vamos ser descartado aqui mesmo no planeta terra não tem nenhum plano de descarte para outro outra galáxia de vez em quando alguém inventa de ver um disco voador né o último anúncio de disco voador que eu escutei foram pilotos de avião que viram disco voador por aí mês passado então parece assim que quanto mais distopia quanto mais incapacidade da gente pensar futuros mas a gente inventa disco voador porque de certa maneira seria uma rota de fuga né já que nós estamos arando tudo aqui bem que podia aparecer um disco voador
tirar a gente Dessa roubada mas na verdade não tem disco voador Essa é a notícia ruim que a gente vai ter que contar para todo mundo daqui a pouco eu vou abrir para perguntas quem quiser mandar perguntas pelo Facebook fica à vontade senão temos um microfone aqui só para que levantei a mão e vão até o microfone porque a gente precisa registrar no vídeo que tá que ficará disponível no site da biblioteca parque villa-lobos eu queria aproveitar só fazer duas coisas uma uma pergunta mas antes da pergunta ele começou a falar uma hora da questão
da mineração e Drummond né de como o Drummond eh dramáticamente eh descreveu a destruição a depredação do entorno da sua cidade natal e Itabira em Minas Gerais que é mesmo Vale do Rio Doce onde nasceu o krenak E o Zé Miguel visita que vai ser o nosso convidado na semana não agora dá uma próxima seguinte no dia 13 de dezembro aqui mesmo no na na aqui na biblioteca do Parque Villa Lobos ele tem um livro que é uma coisa prodigiosa chamado a maquinação do mundo todo mundo conhece o poema a máquina do mundo do Drummond
e aí ele percebeu indo à Itabira como professor de Literatura como ensaísta que é ele percebeu que muita coisa que estava nos poemas do Drummond que parecia metafórico era literal que às vezes ele parecia que tava usando a paisagem de Itabira como metáfora do mundo mas não ele estava falando do mundo real que ele via Itabira aquele mundo que tava assim aquelas montanhas que estavam desaparecendo comidas ruídas pela máquina da mineração E aí ele faz esse livro A maquinação do mundo e ele reinterpreta o poema a máquina do mundo que é um poema que todo
mundo ia num registro cosmológico a essa experiência que ele disseca nesse livro Então quem tá aqui presente quem nos pelo Facebook dia 3 o Zé Miguel vai estar aqui e a gente vai conversar com ele também sobre esse tema que vai conectar o segundo as intenções de dezembro com este que nós fazemos hoje com o crenac E aí eu queria voltar para a língua materna Porque a partir da língua materna a gente falou da terra provedora da relação que a gente mantém com a natureza etc e tal mas eu acho acredito que aqui muita gente
compartilhe da minha curiosidade a sua língua materna Qual foi como ela é e como foi sua relação com a língua que você domina como poucos que é o português eu cresci nessa situação de uma área rural onde muitos colonos disputavam o mesmo território com a nossa aldeia convivendo o tempo inteiro com essas presenças e a língua portuguesa é como língua de interação entre os indígenas e os vizinhos as últimas pessoas que tiveram a experiência da língua materna como língua fluente dentro do convívio na aldeia foram as pessoas que viveram a vida adulta até a década
de 50 aquele período que eu disse que tudo se desfez a partir da década de 50 com o advento da da siderurgia da mineração de Itabira e a vida das pessoas superpopulação daquela região acrescida de muita gente que foi para lá com tecnologia com técnicos e tudo foi uma invasão tão brutal que a ruptura entre a língua materna E as novas gerações de meninos e meninas a falante de português ela é totalmente perceptível quando você pega a pirâmide né etária quando você pega todo mundo que tem a minha idade escutou as avós as tias e
as mães falar a língua e viraram papagaios é uma língua também que inclui outras etnias não uma língua do tronco macro g e o falante dessa língua macro G ele vai dizer que ele é choque por um que ele fala essa língua né o falante eu falo essa língua e ela tem uma família linguística que os especialistas chamam de Aimoré então é macro G família linguística Aymoré e o subgrupo é esse burum os trenax são burum eles falam burum Rio Doce você chama de vaca e a minha geração ela consegue nomear as coisas consegue entender
os que os mais velhos ainda falam mas não são capazes de produzir um diálogo na língua então eu digo que essas é uma geração de papagaios porque se você pegar um papagaio e criar um papagaio ele repete o que você fala também mas ele não produz nenhum texto dele mesmo então eu sou um falante papagaio né do que sobrou do choque por um da língua grenache e infelizmente nós estamos convivendo com uma realidade em que todas as pessoas com mais de 80 90 anos falante dessa língua eles estão ficando velhos e morrendo e os que
ficam e os que ficam vivos não são capazes de produzir uma experiência social de falantes falantes da língua então é possível você ter fragmentos de Mito pedaços de histórias contadas na língua é com português junto com alguma outra expressão de outra língua junto e a partir da década de 70 80 o Museu Nacional começou a criar linhas de pesquisa e estudo sobre as línguas indígenas e já existe já existe estudos que observam que Uma das uma das possíveis causas dessa perda linguística é porque são línguas orais não tem gramática não tem um vocabulário não tem
um dicionário não existe um registro dessas línguas são línguas da oralidade então um sujeito para ele continuar se expressando nessa língua ele teria que ter outras pessoas vivas falante da língua para eles produzirem uma situação de falantes vivos da língua senão eles vão virar leitores né no caso da língua Grenal a gente vai virar uma língua como enfim o grego e o latim né que são grego antigo né e o latim que são línguas que as pessoas leem mas não falam exatamente Alguém já deve ter vivido a experiência de pegar uma obra raríssima em língua
antiga no caso grego em que o comentarista vai fazer o comentário em inglês em francês ou em português mas o texto é grego Então essa derivação essa experiência totalmente estranha porque parece que você tá fazendo um culto aquela língua que não tá mais falando nada então especialista que desperta aquela língua interpreta aquela língua né dramática essa situação de línguas que desaparecem e tantas regras desapareceram Mas por outro lado o fato de vocês terem consciência de que isso está acontecendo permite de alguma maneira Fazer o registro que se não vai fazer produzir uma situação social da
língua pelo menos vai mantê-la como uma enfim com a sua riqueza simbólica vocabulário etc ela não vai se perder com o último falante né de alguma maneira isso vai se manter ainda que não tenha a mesma vamos dizer dinâmica social Eu eu estive no Museu da Língua Portuguesa junto com Davi e eu não mami a situação foi muito interessante porque o Davi Ele é um falante da língua materna E se expressa com dificuldade em português né a gente estava numa conversa lá no Museu da Língua Portuguesa e resultou um documentário esse documentário ele foi feito
pelo eu vou lembrar o sobrenome Alguém me ajuda a lembrar o nome richi é o Felipe Felipe fez o dirigível o espetáculo língua brasileira música do Tom Zé tem várias línguas que fala sobre como existe uma língua brasileira que é além do português é uma confluência de várias línguas antigo até as línguas dos povos originais se puderem Busque o documentário feito pelo Felipe Richard chamado nossa língua é onde somos não Nossa pátria onde somos amados é a questão da língua aí fala da língua portuguesa a língua tá em vários países do mundo em vários países
no mundo em diferentes regiões do planeta tem a língua portuguesa os países e línguas lusófonas e ele diz que essa língua ela constitui comunidades em diferentes lugares do mundo onde as pessoas são amadas quer dizer onde são admitidas são aceitas você não vai aprender a amar uma língua num lugar onde você é hostilizado nesse documentário Nossa pátria é onde somos amados eu Davi nome e algumas outras pessoas reflete sobre a predação das línguas [Música] uma espécie de guerra entre esses organismos que a linguagem em vários lugares do mundo e no nosso caso eu digo que
nós vivemos uma situação de arqueologia que eu faço uma arqueologia da língua buscando reconstituir com os cacos com os fragmentos uma um painel como como arqueólogo faz o que que o arqueólogo faz ele busca coisas que não existe mais pega Cacos reconstitui então eu escrevi junto com uma autora pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais um caderno para academia Mineira de letras que fala sobre a Literatura indígena em Minas Gerais e nessa nesse caderno você vai encontrar muitos textos originais nas línguas nativas quer dizer a Como que eu posso estar metido na produção de uma
obra literária nessas línguas nativas se eu não sou mais um falante da língua Nativa é essas arqueologias esses exercícios de reconstituição identitária linguística cultural é o que eu faço quase que como uma alternância das minhas criações seja na literatura no audiovisual tem muita coisa em áudio visual em que eu fui convidado a participar dentro de uma série que tá na Netflix Netflix do Luiz Bolognesi que era sobre as guerras do Brasil [Música] assistindo vão reconhecer chama as garras do Brasil né o título geral é guerras do Brasil e o episódio que trata dessa parte da
história que eu venho como colaboradora é guerra da Conquista que fala do primeiro período da colonização do Brasil 17 00 aproveitar eu vou aproveitar essa sua referência então para voltar que aqui a gente fica fazendo se vai vendo entre reflexões em que você vai viajando aí no pensamento e coisas que estão disponíveis em livros que os nossos espectadores e frequentadores da biblioteca podem encontrar no Acervo do biblioteca Parque villa-lobos você falando dessa dessa questão da conquista da primeira você diz no começo de ideias para diário fim do mundo cuja origem é uma conferência dada em
Lisboa né você disse que você hesitou muito em viajar atravessar o Atlântico e para Portugal e você foi convidado a isso nos 500 anos da travessia de Cabral e que você recusou no primeiro momento dizendo abre aspas você cita a si mesmo essa é uma típica festa portuguesa vocês vão celebrar a invasão do meu canto do mundo não vou não Porém você não tem transformado Isso numa rixa pensei vamos dizer o que acontece no futuro o futuro aconteceu em 2017 e deu origem a esse livro como é que foi essa sua relação como é que
você se transformou nessa personalidade intelectual que se tornou uma referência a ponto de ser convidado para falar em Portugal nos 500 anos portanto em 2000 depois de 2017 ou antes mesmo você se tornou você participou ativamente da constituinte que resultou atual carta constitucional de 1988 como é que foi já que você falou da sua língua materna e da sua relação com o idioma português como que se deu o desenvolvimento da sua obra a ponto de você ter essas experiências a constituinte de 88 depois os 500 anos enfim do descobrimento achamento como dizem os portugueses ou
invasão do seu canto do mundo como você diz depois da sua participação de um outro evento em 2017 em Lisboa como é que se deu essa transformação como é que como é que o seu trabalho surgiu em que momento você começou a expor seus escritos as suas reflexões na forma de texto impresso ou na forma de audiovisual a gente podia pensar uma linha do tempo Manuel que fosse lá no menino no Balaio a travessia no mundo da linguagem sendo colonizado pela língua né ideia de retomar um certo sentido os cacos dessa infância e dessa Juventude
e produzir um painel inteligível sobre si e sobre a comunidade ele vai constituindo um sujeito coletivo o que vai saindo daí é um sujeito com uma forte e experiência de pertencer um lugar um território um sítio se relacionar com a humanidade com os que estão ao redor simplificar com o fato do Rio tá vivo ou morto um rio Vivo é diferente do Rio doente ou morto se incomodar com a floresta ser derrubada se incomodar com a qualidade da paisagem predada pelo garimpo e a mineração e finalmente se incomodar com a morte do Rio quer dizer
é um roteiro para uma história dramática e um sujeito que passa por uma experiência dessa em estado consciente ele tem a possibilidade de se constituir mesmo numa personagem relevante não transfoga que fica fugindo de um lugar para o outro aqui tá ruim eu vou para lá eu vou arrumar um emprego vou ganhar uma grana vou comprar um carro um avião um helicóptero vou fazer um foguete vou para o espaço Será que a gente acha o Drummond O Homem e as viagens vendo essa experiência do Drummond que me levou uma vez a dizer que o Drumond
essa convivência com a maneira crítica dele de ver o seu território ser predado e transformar Isso numa narrativa eu fiquei pensando é possível aprender com ele ao invés de eu ficar aqui sentado numa pedra comendo farinha d'água chorando Que tal o seu contato para as pessoas como é que é ficar sentado numa pedra comendo farinha d'água porque tem gente que senta e fica chorando eu chamo Drumond para mim ele é um daqueles paraquedas coloridos que eu menciono em ideias para adiar o fim do mundo o homem as viagens é um poema sobre isso que estamos
vivendo restam outros sistemas fora do solar a colonizar ao acabar em todos só resta ao homem estará equipado a dificílima dangerosíssima viagem de si a si mesmo por o pé no chão do seu coração experimentar colonizar civilizar humanizar o homem descobrindo em suas próprias e nestauradas estranhas a perene insuspeitada alegria de conviver o Drummond o Drummond já sessenta anos atrás quando quando a NASA tava mandando foguetes para ensaiar uma aí da Lua ele interpretou aquele gesto da humanidade como uma fuga como uma incapacidade do humano de fazer uma viagem de si para si mesmo introspectiva
conhecer-se e um poeta de uma língua portuguesa que se ergueu como uma grande voz e que é um poeta grande reconhecido no mundo inteiro Drummond não é um poeta poema não é um poeta menor Drummond é um grande poeta assim como aqui no Brasil nessa expressão da língua portuguesa se erguer um grandes escritores né Guimarães Rosa é universal o Drummond também vai ser maravilhoso José Miguel falado Drummond eu já escutei ele falando ele é um pesquisador incansável de tudo que o Drummond fez É muito bom escutar ele tem inclusive um curso inteiro que o Zé
Miguel deu sobre Guimarães Rosa que vale a pena vocês uma hora para poder assistir eu devo ter deixado alguma pergunta que o Manoel me fez importante pendurada feita aquelas aqueles balãozinhos lá porque eu falei do Drummond eu falei do das viagens o homem e as suas viagens e [Música] te peço se tiver ficado pendurado um pouco as coisas objetivas de como o seu a sua reflexão começou a aparecer como é que foi a reação quando você começou a publicar seus textos difundir seu pensamento foi acolhido foi aceito que você em 88 fez parte da constituinte
aqui no seu livro ideias para diário fim do mundo na sua biografia final nos é dito por exemplo que que a sua luta nas décadas de 780 foi determinante para conquista do Capítulo dos índios na Constituição de 88 que passou a garantir pelo menos no papel os direitos indígenas à cultura autóctone e a terra Então essa esse é um acontecimento acho importante enfim é um arco você falou daquela linha do tempo da sua trajetória eu acho que é um Marco importante enfim na difusão da sua forma de pensar que hoje é o referencial em vários
Campos não apenas da filosofia da antropologia da sociologia mas também na literatura da política da enfim né é uma referência dos movimentos dos movimentos sociais hoje em dia eu queria saber como é que é assim é uma pergunta mais objetiva como é que foi isso como é que foi sua participação na constituinte 88 que deu origem a nossa atual constituição tão ameaçada maravilha eu naquelas prembulações andando andando naquela região fora do Balaio eu fui percorrer outros territórios e eu tirei no final da década de 70 com a ideia de movimento indígena eu não quero reivindicar
sozinho a ideia de que eu comecei o movimento indígena no Brasil mas se eu disser isso aqui agora vai ser difícil alguém me desmentir porque fui eu que comecei o Mário juruna foi o primeiro Deputado indígena mas antes do Mário Juru nasceu primeiro Deputado indígena já tinha um rapaz de 20 e Poucos Anos indo para as aldeias Guarani daqui do litoral Jaraguá por aí afora descendo até Santa Catarina choclem os cães do Sul a fronteira com a Argentina subindo passando pelo nordeste os quirir o suco do Cariri Cariri Jacó os pancararu entrando para dentro do
do Araguaia do Tocantins procurando os parentes crau xerente entrando para o Rondônia Suruí sinta larga Gavião e Coren vai pegando a lista no Acre eu fui bater perna em todas essas aldeias e conversar com as pessoas autoridades dessas aldeias e dizer para eles e daí nós vamos desaparecer agora ou depois ninguém tinha feito isso antes nem na década de 50 nem na década de 60 se vocês for olhar uma literatura que aborda a questão eles vão dizer que no século 18 teve rebelião indígena no Maranhão teve uma um ressurgimento mítico Místico de pajés e xamãs
indígenas no Sertão da Bahia que teve conflito com os cães quando foi abrir a estrada de ferro aqui na região noroeste Paulista vão ter vários episódios Mas não vai ter uma linha do tempo com alguém insistindo em fazer uma defesa consistente dentro do sistema do estado brasileiro na República reivindicar um direito e a Constituição de 1987/88 ela escreve essa jornada que a gente fez com pé no chão e ela puxou muita gente é por isso que tem hoje três mulheres Eleita para Deputado Federal em Brasília porque elas não teriam saído da Aldeia delas se antes
alguém não tivesse chamado então assim a história precisa ser conhecida ninguém ninguém é um fenômeno assim eu não eu não apareci de ontem para hoje dando notícias eu já estava dando notícias a 30 40 anos atrás o primeiro texto que eu publiquei foi em 81 e foi num jornal da Faculdade de Direito da PUC aqui de São Paulo esse esse artigo era um artigo que denunciava ameaça de destruição do Xingu o Parque Nacional de Xingu antes dele ficar lá cercado de soja por todos os lados eu já tinha falado isso em 81 eu falei Eles
vão estrangular o parque ele vai ficar preso num mundo de fazendas e Isso foi em 81 portanto é o que 30 anos 40 anos eu não comecei a publicar ontem com a companhia das letras tem artigos meus publicados no mundo inteiro desde a década de 70 tá bom mas precisamente tem 4.970 artigos do Ailton publicado em várias línguas no mundo inteiro eu não fui procurar isso eu abri um dia o meu aplicativo e aí tava lá autor bibliotecas publicado no mundo inteiro aí tinha lá um ranking eu tava lá 4.970 artigos artigos em obras científicas
sociologia tudo política então assim eu não sou uma pessoa do mundo da letra eu sou da oralidade eu falo esses livros eu falei e eles viraram livros [Música] A trilogia ideia de o fim do mundo a vida não é útil ela é agora acompanhada de um livrinho do mesmo tamanho que tem o título de futuro ancestral esses três na minha digamos cosmovisão ele encerra a abordagem que eu tinha para fazer de nós os humanos na Terra não é uma fábula não é uma fabulação eu não tô contando uma historinha tipo ah o meu avô em
volta do fogo diz para gente que o mundo vai acabar não não é isso eu tô dizendo como essa coisa vai acabar E inclui desaparecer com a gente com nós todos quando terminar esse filme vai ficar só o cenário nós todos vamos ter desaparecido é às vezes me parece muito dramático mas às vezes também eu acho que me parece muito reconfortante sabe porque às vezes a gente ficar saindo um por um a gente sai todo mundo de uma vez entendeu É claro para outra pessoa todo mundo parecendo um enxame daqueles pequenos bichinhos que voam quando
vem a chuva e passam a gente podia ser plagiando Manuel de Barros A gente podia ser pequenos bichinhos que vem antes da chuva e passam o futuro ancestral vai sair dia 2 é isso então a companhia que vai sair lançamento dia 2 de dezembro já tão vendendo esse livro desde Outubro setembro o que eles chamam de pré-venda né a gente vai ter que fazer outro encontro então então é pré-venda que eles estão fazendo eu até fiquei pensando né Eu falei eu falei com meu autor né eu falei escuta você fica prendendo o meu livro que
tal você mostrar ele para mim Gente vocês têm perguntas e fazer por favor alguém mais tem perguntas uma duas três quem mais quatro cinco seis [Música] perguntas objetivas então por favor senão a gente tem meia hora de encontro ainda tá boa tarde queria dizer que é um prazer ouvi-lo e enfim viver o mesmo tempo e poder compartilhar um pouco essas ideias você participou do processo da constituinte né que trouxe o indígena de fato para nossa Carta Magna que eu fico pensando agora depois desse processo de muito retrocesso que a gente viveu enfim que a gente
já vivia muitos anos mas eu acho que ficou mais escancarado nos últimos anos tem uma promessa de fato de trazer uma institucionalidade para pauta indígena através da criação de um ministério e aí a gente tem visto ao Ministério dos povos originários era uma pergunta que eu ia fazer Obrigado por você fazer a pergunta E aí eu queria entender e treinar que como você olha como você vê essa situação de trazer eh e criar esse espaço institucional pro pro tema né e o quanto que isso talvez você tenha de fato uma importância uma representatividade ou enfim
quero entender Qual que é a sua opinião e e assim como você vê também o fato de não tá tá sendo essa principal pauta e menos a questão da demarcação por exemplo Então tá se falando da criação do ministério e antigamente a gente sempre falava de marcação demarcação então não quero entender a sua visão é isso como é que se chama muito Amanda Muito obrigado Que bom Amanda você abordar essa pergunta dessa perspectiva dessa maneira [Música] a história do estado brasileiro ela não se encerra num período nem no mandato a história a história do estado
brasileiro ela é contínua então às vezes a gente é convocada pensar que se a gente eleger um conjunto de propostas de pessoas essa essa tendência do estado brasileiro vai mudar é ingênua isso e a ideia de tratar nesse mandato agora que se prever numa composição bem surpreendente que inclui o governador daqui de São Paulo né Alckmin com o presidente Lula e com muitos outros e outras composições que eles tiveram que fazer para poder chegar a essa transição as promessas que sai de dentro de uma caixa de é promessa e dentro dessas promessas apareceu uma que
não me surpreendeu porque parece que ela já era Uma expectativa global lá no Canadá o primeiro-ministro do Canadá convocou uma mulher indígena para ser ministra Tem o quê um ano ou é dois quem acompanha um pouco essa notícia menos de dois anos atrás o trudou lá chamou uma mulher indígena para ser ministra olhar para você lá na no Chile uma mulher indígena assumiu a coordenação a direção da comissão que preparou o projeto de constituição plurina nacional na Bolívia Evo Morales na Colômbia um presidente convoca uma mulher afrodescendente afromeríngia para vice-presidência então é óbvio que o
Brasil tinha que dizer que veio foi em agosto deste ano a juízes da suprema corte no Canadá Então são tantas são tantas arranjos são tantas mobilizações que são feitas no continente americano em torno da sua relação com os povos originários questionando a colonialidade questionando o fato da gente continuar reproduzindo é uma estrutura colonial que o Brasil sairia envergonhado de uma transição agora depois de tanta violência verbal política e tudo quanto o povo indígena se não se pusesse a uma reparação que Aliás foi o termo que se utilizou recentemente parece que o presidente Lula usou o
tema reparação nós temos que promover a reparação aos povos originários Óbvio quando você anuncia um propósito desse você tem que dizer como e ele disse que através do ministério né é um anúncio nessa configuração da República o ministério é a estrutura mais valorizada depois do gabinete do presidente tem os ministros seja do STF seja de qualquer coisa os Ministérios são Ministérios são ministros status deles é igual então é levar ao Status de ministra ou Ministro uma pessoa saída desse lugar de povos originários ele é aplaudido por tudo quanto é lugar bacana do mundo isso não
significa mudar nada isso significa um anúncio e isso pode ser tão aplaudido isso pode ser tão acolhido que pode dar certo eu vou fazer uma alternância aqui entre lados do nosso espaço aqui então por favor a sua pergunta depois eu passo para você se apresenta por favor Boa tarde meu nome é Thiago e a pergunta inclusive está relacionada a isso é primeira se você recebeu ou não algum convite para participar desse ministério que vai nascer seja de maneira construtiva ou de maneira oficial mesmo e se você tem algum nome que você possa dizer aqui que
você gostaria enfim que tivesse a frente desse ministério Obrigado Tiago é eu não eu não tive nenhum convite direto para isso não conheço ninguém que foi convidado também mas muitas pessoas foram convidados para participar na consulta a transição consulta É nesse sentido eu também fui mas eu declinei do convite porque nem isso eu tô afim de fazer e a minha sugestão é que seja uma mulher experiente que a joênia ou apichana a joenia é uma mulher indígena eu acompanhei a formação dela quando ela entrou na faculdade para fazer o curso de Direito foi lá em
Boa Vista ela terminou de fazer fez doutorado fez especialização em direito internacional e o tempo inteiro trabalhando como advogada da associação do Conselho indígena de Roraima Então ela se forjou dentro do trabalho no meio do povo dela então ela tem uma estrutura incomparável e finalmente se elegeu deputado federal fez esse mandato com muita dignidade não se reelegeu não conseguiu se reeleger por Roraima eu acho que seria justo que ela fosse convidada a ter uma função de relevância no governo Exatamente porque ela foi sozinha encarar aquele congresso ordinário é onde uma mulher indígena teve que passar
o tempo dela o tempo inteiro de plantão contra violência política parlamentar ali dentro do congresso a joenia não tem empare para ela não seja preterida em favor de qualquer outro nome para mim não se justifica Drummond no livro sentimentos do mundo o Seu Último Encontro ele dá uma visão de esperança krenak não tem esperança nenhuma é uma pergunta e a outra dá para nós replicar gretas e outra coisa você pode contar o teu segredinho do teu livrinho e que você pingou aqui você pode contar o segredo Marisa eu vou contar um segredo do livrinho esse
livrinho é a minha caderneta de Campo eu anoto tudo nele e como eu sou uma pessoa totalmente colado na oralidade ele está quase todo em branco você sabe tem uma história divertida que uma vez o Einstein Urbana mas que o Einstein veio ao Brasil e o jornalista que eu acompanhou os nomes capa agora mas era alguém conhecido tava sempre com um caderninho na mão e o Einstein perguntou pro jornalista O que que você tá aqui não era bem o jornalista era um Jornalista dele escritor também Fala assim mesmo o que que você tá sempre anotando
esse caderno eu vou anotando para essas ideias escaparem daí o esse interlocutor perguntou pro Einstein mas o senhor também o senhor que é enfim revolucionou o mundo da física o senhor não tem uma uma nota as suas ideias ele falou não eu só tive uma [Risadas] eu já tinha escutado essa doença é muito bom e eu estava Marisa eu estava no encontro onde um amigo Guarani o Carlos papá que é lá da Aldeia do Rio Silveira a pessoa que eu gosto muito de conversar com ele a gente tava numa conversa Igual essa aqui uma pessoa
dirigiu o seguinte pergunta para o Carlos papá os povos originários tem céu e inferno a sua pergunta relacionada com o que transparece da obra do Drummond de que ele tem esperança aponta para uma certa Esperança ela é uma esperança Equilibrista é uma esperança Equilibrista nem todo esperança é convencida tem uma esperança convencida que acha que tudo vai dar certo ela parece aquele cara que dá um medicamento para você ele pega umas balinhas de Açúcar Mistura tudo e fala com você toma isso aqui e fica esperando o efeito placebo o efeito placebo é exatamente aquilo que
vai acontecer dependendo de tudo até da sua fé de repente você pode sair voando Mas pode não ser sobre a esperança eu procurei imaginar que deve existir uma esperança fundada na ciência e no conhecimento a esperança ela tem que afundada em alguma evidência na confiança na esperança acontecendo ao mesmo tempo um esforço humano para que isso aconteça a humanidade não pode ficar sentada na praia cheia de esperança Enquanto o mundo derrete se o clima do planeta tá torrando a possibilidade de outras gretas vai depender de quanto tempo nós ainda vamos empurrar com a barriga esse
fim de mundo lá em Portugal os portugueses são ótimos eles traduzir ideias para tirar o fim do mundo como ideias para salvar o mundo eu falei não volto mais a Portugal eu vou chegar lá olha aí vai salvar o mundo é um entendimento totalmente Estou esperando o Dom Sebastião mito do sebastianismo né que alimenta a cultura portuguesa né então Sebastião que desapareceu na batalha contra os bouros e eles estão esperando até hoje votem esse milenarismo esse messianismo o salvador do mundo veio aqui então agora você pode retornar lá a única coisa que você pode virar
cuidado pode ser Mouro aí vira um ouro de Portugal vira o Mouro Boa tarde cor de muro você tem cor de muro você realmente e eu sou português mas não vou salvar a tua apresentação que ela não precisa de salvação ela já tá muito bem bom minha pergunta é a seguinte meu nome é Antônio e quero te congratular te parabenizar pela tua persistência nas tuas perambulações nas tuas perambulações iniciais em que você foi conversar com os líderes indígenas e Você perguntava para eles é agora ou é depois Qual foi o sentimento que você percebeu neles
que a tua o efeito que a tua pergunta causou neles e qual foi a resposta que você recebeu Obrigado Antônio é eu eu saí dessa peregrinação das perguntas com um sentimento tão Maravilhado de que aquelas pessoas de quem tinha sido tomado tudo e que estavam muitos deles vivendo situações de total desabrigo num dos lugares que eu cheguei uma vez as famílias habitavam um lugar que era impossível cultivar qualquer coisa uma terra totalmente predada e seca debaixo de uma uma tempestade de areia e poeira e a gente foi dormir e o ambiente onde dormia a gente
acordava de manhã cedo com os olhos pregado de poeira como se a gente tivesse dormindo no deserto de manhã cedo eu pensei bom como é que a gente vai lavar o rosto aqui como é que a gente vai tomar um café quando eu sair do Abrigo tinha uma pessoa segurando uma cuia com água para eu lavar o rosto eu achava que não tinha água nem para beber ali aí eu sentei com eles para conversar e fiquei ali pensando que vamos comer aqui aí apareceu um sujeito com uma vasilha com cuscuz e um único peixe um
único peixe assado todos nós aquela o dia inteiro comeu um peixe assado e um cuscuz cada um tirava um pedacinho assim eu aprendi que a gente nunca pode desistir pelo simples fato de ter ficado sem nada porque a desistência ela não acontece externa a gente ela acontece dentro da gente e as coisas estão fora as coisas a gente busca faz produz a gente não pode desistir é de dentro tem tudo a ver com a ideia de esperança é uma esperança ativa não há esperança bobona que fica lá sentada esperando um milagre Antônio eu aprendi muito
com essa pergunta sua também e eu acho que foi dessa dança que eu tive a coragem de fazer a minha fala no plenário do congresso que era muito conservador naquela época mas que tinha grandes figuras né o Ulisses Guimarães por exemplo era presidia a sessão da constituinte Então tinha personagens da história do nosso país Que honra muito a vida política né do país e era um desafio muito grande para um jovem falar na frente daquele congresso tinha 490 constituintes na plenária o dia que eu falei dá para tremer a perna mas eu me concentrei e
fiz mais do que falar porque eu entendi que aquilo ali se chama Parlamento Parlamento eu falei isso aqui é o Parlamento estão acostumado a parlar Mas eles param param eu tenho que fazer alguma coisa diferente foi daí que eu decidi pintar o meu rosto de preto eu falei eu vou assaltar a cabeça deles daqui desse microfone e foi o que eu fiz eles nem os amigos nem os inimigos nem os bonzinhos nem os malzinho conseguiram esboçar Qualquer gesto e ficar lá [Música] com a minha manifestação o protocolo dessa casa Mas eu acredito que o senhor
não poderão ficar ão como ficar alheios há mais nessa agressão movida pelo poder econômico pela ganância pela ignorância do que significa ser um povo indígena e na hora de na hora de votar teve cinco abstenção o resto tudo votou sim para aquele capítulo que tá na Constituição Essa maneira de pintar o rosto de preto isso você foi uma inspiração sua na hora ou isso remetia algum tipo de prática de alguma etnia não só não só remete a práticas de da minha e de outras etnias como você pode ver isso numa série de episódios filmes documentários
onde as pessoas usam a tinta do Jenipapo usa a pintura preta para expressar protesto e usa uma tinta vermelha duro com para fazer festa o senso comum popular do Brasil sabe disso as pessoas mais comum do Brasil sabe que quando você se pinta de vermelho é para fazer festa E quando você pinta de preto é para ir para guerra é para brigar Então aquele gesto um gesto de luto é um luto e eu acho que eu atingi o alvo no meio aquele congresso ficou totalmente pasmo de um jovem indígena ter a coragem de falar o
que falou e ao mesmo tempo pintar o rosto porque para eles era demais lá é só o Parlamento 20 anos depois eu soube que aquele gesto meu era uma performance o pessoal me chamou para dizer você fez uma performance que até hoje repercute eu falei eu não tava fazendo uma performance eu tava chamando para briga porque eu termino aquela fala dizendo que o sangue dos do povo indígena e ia cair na cabeça daqueles representantes que estavam naquele congresso e isso ficou muito pesado sobre eles é uma responsabilidade muito grande eu acho que nenhum deles quis
carregar esse peso eu vou abrir aqui para mais uma pergunta Deixa eu só ver uma coisa só para controlar em função do nosso tempo temos essa pergunta você vai fazer uma pergunta também se quiser fazer um comentário Mas é uma coisa ao final Alguém tem mais perguntas para sim então fazemos você também então vamos lá ele depois você você foi o último que pediu né a palavra não você vai fazer então você depois ela depois ela depois ela para alternar o espaço Tá bom também depois então você ela primeiro o Adriano Machado eu sou de
Santa Catarina dados povos Kai gang né embora pela embora pela pela questão da cidade né pela questão de como como se comporta Sul eu cresci sem saber direito do que que se trata Você cagando eu fui descobrir isso depois né então descobrindo ainda e primeiro é mais uma observação que eu queria fazer eu fiz a leitura dos textos que recente eu fiz a leitura dos textos agora e eu fiquei bastante encucado com essa discussão das ideias paradiar o fim do mundo porque eu sou estudante de Filosofia e faz muito tempo que a gente tá discutindo
isso em filosofia tem autores bem famosas como niety é um autor famoso Michel ficou e eles falam sobre isso desaparecimento do deste homem produzido no Renascimento sabe então é muito atual texto do krenak filosófico Mas é interessante que quando ele propõe isso o pessoal fica chocado inclusive na fala hoje né Vamos desaparecer do andar da Carruagem não tem o que fazer de fato vai desaparecer então isso não pode querer fazer uma observação Mas a questão que eu gostaria de colocar muito lendo ele é por exemplo para me compreender do lugar onde vim para poder pensar
sobre essa questão de ser kaygangue eu tive que começar a escrever não havia uma uma pesquisa Universitária mesmo e não havia com quem conversar na cidade para resgatar essa origem então escrevendo eu fui percebendo as lacunas eu vi aqui em torno as pessoas né Sul por exemplo tinha uma história e a minha história não era acessível era uma espécie de negação de exílio ontológico não havia cena Eu percebo que não tenha sido treinar com os dois textos ele fala muito isso então era a questão era se também a produção dos textos tem a ver com
com isso com essa possibilidade de se interpretar ontologicamente Muito obrigado Que bom Rodrigo saber que tem um Kang aqui e talvez tenha outras porque a ocultação é ao longo da nossa história Colonial ela foi tão intensa que às vezes eu me surpreendo às vezes estou numa situação pública chega uma senhora assim tipo da minha idade ou até mais 80 anos e me cumprimenta e me emociona dizendo olha eu sou do Rio Grande do Sul não sabia que eu podia reivindicar essa memória que os meus antepassados ocultaram e não é uma mulher que está vivendo uma
situação desfavorável não Aldeia ou disputando uma terra é uma senhora que já dirigiu a universidades que já dirigiu o departamentos e tudo e que disse que ocultam na sua linhagem o fato objetivo de ser Guarani ela não podia ser Guarani e ter a vida civil a vida pública que ela teve Então ela tinha que deixar de ser para um dia poder olhar para trás a história ela disse que a minha escrita meus textos e textos que divulgo despertaram nela uma determinação íntima tipo assim olha eu não quero não quero ter nenhum reconhecimento não quero fazer
parte de nada mas intimamente para mim agora eu quero sempre poder dizer de onde eu sou quem eu sou eu não vou mais renunciar a esse direito inalienável uma senhora de 80 anos assim como eu já encontrei outro sujeito também alguns até dirigindo empresa sujeita Engenheiro médico tá dirigindo a vida dele tocando a vida dele ele foi privado de uma coisa essencial ele foi privado da experiência de um sujeito coletivo eu falei com vocês que lá na minha infância aquele menino do Balaio se constituiu um sujeito coletivo o que que é um sujeito coletivo um
sujeito coletivo é alguém que é capaz de simplificar e receber influência dos outros na formação da sua identidade e personalidade é diferente de um cara meritocrático espertalhão bacana não dono do avião entendeu É não consegue renunciar a essa excêntrica personalidade meritocrática e ego ego ego se a pessoa tiver coragem de despistar o ego e dá um tchau para o mérito a possibilidade de ele se constituir como um sujeito coletivo é muito grande porque isso é uma disposição que todos nós temos qualquer ser humano tem isso um menino lá do Rio de Janeiro falou comigo que
você fica falando nesse negócio de ancestralidade mas eu nasci Numa família daqui do Rio de Janeiro classe média sou branco rico e tal e eu nunca pensei nesse negócio de ancestralidade Será que essa extremidade é um assunto que só diz respeito a vocês os que vieram da África e os indígenas aí eu falei olha até uma pedra tem ancestral se você consegue ser menos do que uma pedra de repente você não tem mesmo boa tarde sou Silvia agradeço suas palavras acho que você já fez a gentileza sempre de nos trazer muita muitas das suas ideias
para de ao fim do mundo né e muitos espaços dos seus escritos mas queria te pedir que hoje aqui nos dissesse como as pessoas que não se reconhecem como indígenas podem se agregar nessa luta entendendo que temos ancestralidade todos né e queremos permanecer aqui também todos Claro muito bom Silvia é a última afirmação que eu fiz respondendo a pergunta do Rodrigo né foi exatamente de que a ancestralidade é uma herança comum de toda a humanidade toda toda se você ler lá o urval harari o livro dele uma história da humanidade sabe porque ele vai dizer
isso para o bem e para o mal nós temos todos um único DNA é terrível isso porque daí a gente vai ter que admitir que toda essa tralha humana que tá por aí é nosso parente né então a gente podia cantar atrás humana é uma semana atrai humana o sol tá pedindo nosso diretor tá pedindo para você segurar um pouco mais embaixo um pouco mais assim porque tá dando um pouquinho de microfone eu achei que é porque ele fica alinhado de segurança quando ele fica alinhado com os outros aparelhos que ele fica chiando e mais
assim que acho que fica melhor Roberto Carlos é uma Brasa mora que não temos essa ancestralidade indígena originária do Brasil como é que podemos contribuir então praticamente votando melhor né Não eu não vou apelar para esse eu não vou apelar a peça circunstância tão rara de votar a gente não vive votando na maior parte da vida a gente não tá nem aí para isso só que às vezes isso é importante no caso a minha a minha sugestão é que a gente se conhecesse é aquilo que o Drummond fala a gente podia fazer essa viagem para
dentro de nós mesmo essa tangerosíssima viagem para dentro de nós mesmos é a melhor maneira a gente não precisa ser filiar nada não precisa sair por aí inventando nenhuma moda é só fazer essa viagem sim para si que a gente vai aproximada a pergunta daquele menino que fala ah mas eu nasci no Rio de Janeiro e como é que eu vou apelar para uma ideia de ancestralidade eu falei com ele olha até pedra tem ancestral eu queria só um resumo uma mulher indígena Navarro lá nos Estados Unidos é um artista conhecida tem trabalho dela em
Galerias e tudo ela fez uma intervenção artística que foi de pegar uma pedra é uma pedra que eles usam para fazer o filho do cachimbo que os índios norte-americanos usam aquele cachimbo que tem um fone de pedra e um cabo de madeira Comprido né ela pegou aquela pedra e fez um estudo o que seria o que que estuda pedra G1 logia e fez o estudo de Geologia dela porque ela queria saber o DNA da Pedra aí vocês vão falar mais DNA de pedra ela no campo da arte intervenção artística ela produziu um deslocamento no debate
que lá nos Estados Unidos é muito duro sobre descendência porque lá nos Estados Unidos eles dizem que alguém indigena um terço indígena dois terços indígena um oitavo indígena causa do racismo doentio deles Eles não conseguem ver o outro como igual ao faz isso com os negros com os indígenas então o DNA da pedra podia ser o nosso mantra para a gente entender que todo mundo é todo mundo [Risadas] Olá boa tarde eu sou Maria Fernanda queria primeiro agradecer mais uma vez por estar aqui compartilhando todo esse conhecimento com a gente é muito importante estar aqui
eu tinha duas perguntas na verdade é eu sou estudante de ciências biológicas e você tava comentando sobre como esse esperançar tá muito ligado ao conhecimento científico também só que ao mesmo tempo dentro da Universidade Eu percebo que muito do conhecimento que é gestado ali é muito inacessível para maior parte das pessoas então às vezes a gente está produzindo conhecimento esse conhecimento às vezes aí a questão das línguas também a gente tá aqui numa Universidade Brasileira sendo financiado no meu caso numa universidade pública sendo financiada pelo governo brasileiro e ainda assim a gente está produzindo conhecimento
por exemplo em inglês é a maior parte do que acontece ali dentro e sendo inglês sendo em português muitas vezes no linguajar que é muito sensível para maior parte das pessoas então fico pensando como que a gente consegue associar isso e pensar no que é produzido ali dentro desse ambiente porque a ciência tá fazendo e se de fato é Apesar dessa desse entrave de como isso é feito de como isso vai para o mundo se ainda assim a gente consegue se de fato ancorar nesse pensamento científico nesse conhecimento científico que levar isso para a sociedade
de uma forma que a gente consiga de Fato né ele no meu caso fazendo ciências biológicas trazer também esse nosso conhecimento de mundo mais relacionada à natureza e aí uma outra questão é também faz E aí uma pergunta nesse faria sentido a gente trazer também esse conhecimento tradicional esse conhecimento indígena e também Trazer isso para dentro da academia né ajudar não sei se ajudar a palavra correta mas trazer também esses conhecimentos e as sociais com conhecimento científico e aí a minha segunda pergunta é são muito bons mas assim eu pelo menos me senti um pouco
carente quando eu terminei queria ler mais Queria pensar mais então queria pedir na verdade sugestões e indicações de outras leituras de outras pessoas mulheres homens indígenas também que estejam produzindo muito produção né mas que estejam também criando esses conhecimentos e compartilhando com o mundo e que a gente possa ter mais acesso desse tipo de conteúdo que extremamente enriquecedor para nós acho que era isso muito obrigada Fernanda né Maria Fernanda Maria Fernanda Maria Fernanda que nome bonito Olha a produção que se dá no campo da ciência digamos acadêmica laboratório ela precisa ser divulgada em língua inglesa
porque a língua inglesa é a única língua no mundo inteiro que possibilita a confirmação dos textos dos artigos científicos que nós publicamos os chineses Também Tem que publicar em inglês se um chinês fizer uma descoberta um texto interessante sobre o vírus por exemplo ele vai ter que publicar em inglês porque senão ele não tem a circulação da descoberta dele as patentes os registros infelizmente isso aí é uma parada que os nossos irmãozinhos do Norte faturaram para eles eles fizeram Esse Vitorino deles lá no século XIX eles faturaram essa e o dólar né então tem duas
coisas que ele segura são só as duas né Qualquer coisa no mundo é na língua deles e na grana deles Tá bom até que alguém Decida que não é mais e fala já deu Enquanto isso vamos fazer produzir textos em inglês só para não estender muita conversa e não falar muita coisa que pode ofender alguns sobrinhos do Tio Sam e [Música] a outra pergunta era reconhecer saber os tradicionais é a conferência da biodiversidade desde a eco-92 aqui que o rio abrigou essa conferência importante existe um protocolo com cláusulas e com todas as emendas e tudo
que estabelece que o acesso e o uso do conhecimento tradicional associado a qualquer recurso mineral vegetal qualquer coisa Ele só pode se dar dentro de um conjunto de procedimentos mesmo para levar para Universidade ou para tirar da universidade tem que atender esses protocolos tem cláusulas e tudo é a convenção da biodiversidade quem estuda essas temas sabe disso é bom que essa informação circule mesmo que seja em inglês não tem problema mas o importante é que ela esteja ativa na comunidade a ponto de diante de uma situação com uma covid você ter dezenas de comunidade dentro
da floresta que não foram afetados dramáticamente porque eles sabiam utilizar os seus conhecimentos tradicionais dentro da floresta e as pessoas diziam não mas a única maneira de você evitar a covid é tomando as vacinas da fazer do Butantã e tal só que eu conheço aldeias indígenas que se curaram que se evitaram o contágio aliás eles nem tiveram nenhum Contagem porque eles usaram suas práticas que inclui cuidado também não é só ingerir remédio é inteligência cuidado entendeu as pessoas que estão dentro da floresta é pode surpreender pela inteligência pelas estratégias de cuidado que possuem e alguns
desses conhecimentos hoje são já publicizado a Fiocruz acaba de publicar um livro muito interessante volumaço assim com título de saúde indígena lá tem uns oito 10 artigos todos muito interessantes se vocês tiverem oportunidade Olha nós temos autores mulheres e homens indígenas que estão publicando nos últimos 20 anos e é crescente o número de autores já é possível imaginar uma um catálogo né Com obras de autores indígenas aqui em São Paulo por exemplo tem o Daniel munduruku Ele Já publicou 52 títulos gente o Daniel a obra dele é mais voltada ao público infanto-juvenil né ele mesmo
se identifica como um autor que escreve para esse público o Cristino o Cristino políticas como é que é o título e políticas tem a capa dele Mas tinha uma capa mais formal assim feita parecendo mais um cartaz de divulgação o Cristino apichana é um escritor que veio de lá de Roraima vive em São Paulo publica muito também o Kaká verá é um autor que aborda temas de cosmogonia Mitos a borda temos da história política dos povos indígenas mas eu me sinto meio solitário como alguém que pensa que produz ensaio um ensaio seja político filosófico um
ensaio sobre as relações entre o Brasil e Esses povos nativos os meus colegas eles contam histórias nos meus colegas eles gostam de trazer narrativas antigas ancestrais e que tem uma aceitação pública muito bacana eu acho ótimo a Eliane Potiguara é uma mulher indígena que escreve sobre preconceito racismo discriminação ela faz uma crítica muito séria A coisa da colonialidade do sexismo Essa coisa é que se reproduz de uma maneira racista no Brasil a massa Cambeba é uma mulher indígena que escreve poesia narrativas maravilhosas e o Davi coopenar enorme gente que para mim ele é o meu
mestre o coopenar ela tem esse livro dele que é a queda do céu eu na verdade haja o seguinte se vocês lerem a queda do céu esquece meus livros numa boa e você indicaria também eu imagino pela por conhecer a sua reflexão o Eduardo Viveiros de Castro que é um que é um autor não indígena mas que é um autor que tem uma reflexão muito consumo que tem confluência com aquilo que vocês com penal e outros pensam não então nosso querido Eduardo ele carregou a tocha carregou essa esse trabalho é na academia no Brasil a
partir do Museu Nacional divulgando produzindo debate textos a partir do que ele consegue extrair do pensamento indígena aquilo que o leve trouxa chama de pensamento selvagem Então não é à toa que leve estou atribui ao viver de Castro a continuidade da sua obra das suas pesquisas dos seus estudos Ele é uma pessoa que teve a genialidade de procurar entender que o jeito indígena compartilhado de diferentes etnia aquilo que a gente falou línguas diferentes lugares diferentes tradições diferentes mas que tinham um traço comum que o viveiro de Castro entendeu que é o que ele chamou de
perspectivismo ameríndio o perspectivismo ameríngeo seria admitir que existe um tipo de construção de humanidades que reivindicam uma radical diferença entre si mas que também experimentam uma incrível fluência e com esses desenhos que tá atrás de vocês ali ó esse aqui ó esse trançado igual os meninos pegam a linha para torcer e tal Cama de Gato então assim uma imagem dessa é bem sugestiva o que o viveiro falou é o seguinte essa gente pensa em várias direções ao mesmo tempo e não tem colisão seria como você disparar Flechas em várias direções tudo ao mesmo tempo e
nenhuma delas trombar uma com a outra esse é o perspectivismo ameríndio ao mesmo tempo que você afirma uma desconfiança radical de que nós vamos entrar pelo cano você anuncia uma esperança radical de que a gente pode sobreviver ele diz que o povo indígena é especialista em fim de mundo já tiveram muitos fins de mundo então aqui então é esse perspectivismo ele pode parecer uma coisa meio maluca né mas como ele é um cientista ele consegue ter um certo Rigor ele mostra que o que ele está dizendo acontece naquele campo dos estudos sociológicos antropológicos nas relações
na economia dessas comunidades Porque como são capazes desse perspectivismo são capazes de fazer aquilo que eu contei para vocês acordar de manhã num lugar que não tinha água ganhar uma cuia de água para lavar o rosto e compartilhar cuscuz e peixe assado no lugar que não tinha nada Aí você pergunta bom num lugar que não tem nada as pessoas morrem Aí eu falei não no lugar onde não tem nada as pessoas celebram a vida isso é perspectivismo que o Eduardo se interessa por ele né você tem um comentário que chegou um comentário aqui numa pergunta
pelo Facebook da Alba mogioni krenak um homem que interage com a gente sua vida experiência do Povo originário um ser Guerreiro inteligente atuante por mais pessoas assim orgulho seguido tentar entender mais suas batalhas você queria fazer também eu acho que um comentário para gente finalizar depois eu passo a Palavra Final antes mas eu vou fazer uma última pergunta que eu já antecipa ele vai ter que explicar aqui em folha é essa que ele tá comendo aqui e tá colocando na água e provavelmente Ele identificou em alguma árvore do Parque villa-lobos que a gente não sabe
que é comestível e tá saberes saberes dos povos originários né mano e tá ficando cada vez mais feliz tem alguma coisa na nossa folha meu nome é Marcelo eu sou arquiteto e a minha pergunta tem a ver com a ideia de conforto esse prédio essas coisas que a gente vê por aqui são materialização são a naturalização do nosso desastre ou seja aqui tem concreto aço metal responsáveis pela tua infância turbulenta que representam 40% das emissões de carbono e de todos os impactos naturais que a gente tem consumo de água consumo de energia etc etc tudo
isso pelo em nome de um conforto a pergunta é sabendo que uma construção indígena já tem todos os atributos de conforto da forma extremamente simples como ela é resolvida Por que que a gente precisa de tanto conforto entre aspas para sustentar a nossa a nossa fantasia de conforto sendo que esse prédio não tem conforto nenhum ele tem um teto de sol foi feito um gasto enorme Eu sou um dos autores por isso eu faço a crítica com leveza foi feito tem um gasto enorme de filtros Solares para impedir o calor aqui dentro essas pétalas são
para diminuir o calor aquelas telas em cima da do atendimento é para o pessoal do atendimento aguentar esse espaço e a única coisa orgânica é natural que tem aqui dentro desse prédio é justamente essa oca que é feita de madeira tecidos E fibra a própria fibra que foi envolve essa oca são narrativas as crianças constroem histórias que vão mudando de rumo através dessas fibras então todo esse espaço aqui é um espaço de diálogo em todos os planos como arquiteto eu pergunto será que a gente tem como alterar a percepção de conforto do mundo para adiar
o fim do mundo Marcelo né o Marcelo obrigado eu não sabia que você tinha ajudado a solução Que explicação sensacional né dos elementos arquitetônicos que estão aqui inclusive fazendo vamos ver uma uma também uma crítica isso precisaria todas os aspectos positivos e eventualmente negativos por favor no microfone para ficar são o prédio já existia era da secretaria do meio ambiente e não tinha uso quando foi transformado em biblioteca E aí tem essa questão utilitária de novo né mas eu não vou entrar nessa discussão Eu sou um dos autores do ambiente interno e do uso dele
transformação como biblioteca Obrigado Maravilha é um privilégio para nós todos compartilhar um pouco da história do prédio e da Maloca que nós estamos aqui dentro muito legal o mundo adiar esse fim de mundo pensando como nós podemos habitar esse mundo de uma maneira eu eu criei um termo Marcelo que é encaixado na ecologia de Gaia encaixado em pátia mama encaixado no organismo da terra encaixado ora isso aqui não cabe no organismo da Terra isso aqui é uma prótese mal feita não é feia então é o organismo da Terra gente ele é tão maravilhoso você contempla
as formas o Niemeyer dizem que se inspirava nas formas do nosso território para pensar nos desenhos dele mas no final das contas ele apelava para ferro concreto para todo esse troço aí duro de roer que se afastava imediatamente da ideia dele de inspiração quer dizer o que inspirava ele não Era exatamente o que ele acabava fazendo são ambientes inabitáveis eu não aguento eu já fui naqueles palácios de Brasília eles torram a gente lá dentro Ninguém aguenta e dizem também que o lugar onde tem cozinha a hora que estão cozinhando o cheiro de comida se espalha
pelo Palácio inteiro Quer dizer parece que Niemeyer nunca cozinhou então é já que é para fazer um comentário sobre a coisa é o modo que os engenheiros reproduzem a cidades do mundo nos últimos dois mil anos não mudou nada O Davi é no nome foi comigo numa viagem formal que eu tinha que fazer a Grécia eu podia levar um acompanhante e Convidei o Davi para ir comigo [Música] ele foi receber um prêmio da fundação Aristóteles onáceles lá e a Embaixada do Brasil Consulado do Brasil levou eu e o Davi para visitar a Acrópole a gente
visitou eu vi o mal o estado Davi depois a gente foi no templo de Zeus vamos lá no tempo de Deus Davi olhou aquilo limpou a sandália e falou vamos embora a mulher do consulado incomodada perguntou o que vocês acharam aí o Davi falou agora eu entendi De onde saíram os garimpeiros que foram destruir a minha Floresta então tem uma genealogia gente tem uma genealogia essa coisa tem uma genealogia essa fissura dessas colunas dessas coisas estruturas todas isso aqui é mais antigo do que andar para trás com os gregos então é por isso que eu
digo a engenharia além das soluções tecnológicas ela não fez mais nada nos últimos dois mil anos solução tecnológica é sair do daquelas estruturas de pedra lavrada para fazer o concreto armado todo bonitinho desse jeito mas é ordinário da mesma maneira os engenheiros Tinham que ter vergonha de não ter contribuído positivamente para que a gente habitasse a terra de forma encaixada eles querem incidir sobre o corpo da terra como se a terra fosse uma matéria plástica o planeta terra é uma matéria plástica e os engenheiros ficam cortam recortam modo torce até ele ficar inabitável uma terra
inabitável se a gente deixar os engenheiros cuidarem do nosso habitat ele vai ficar uma terra inabitável aí tem os urbanistas tem toda a trupe né mas é isso nós estamos reproduzindo cidades e cidades e cidades você olha Nova York hora Dubai olha São Paulo olha Nova York olha essas coisas todas quero saber quem de vocês aguentaria viver lá sem todo o artificialismo tira uma refrigerada tira todos os aparatos que ficam voando em volta de você tira os enfeites todo tira os a coisa que corta o raio solar tira tira tira esses artifícios então nós estamos
vivendo em paraísos artificiais só que paraísos artificiais é mentira não existe Paraíso Artificial todo o Paraíso Artificial ou ele é uma droga ou ele é uma mentira e nós estamos produzindo o mundo drogado que ninguém vai querer habitar ele no futuro e a gente precisa falar isso com as escolas de engenharia não adianta a gente ficar ofendendo o pobre do Engenheiro ele saiu de uma escola de engenharia que fabrica Engenheiro as escolas de Engenharia São fábricas de engenheiro se o cara não fizer a lição ele não sai engenheiro de lá primeiro ele tem que ser
enquadrado Aí depois ele sai quadrado a equação do engenheiro é primeiro fica enquadrado e depois sai quadrado mas felizmente aos arquitetos que pegam as obras de Engenharia e tentam Pelo menos você salvou criar você só o outro ambiente Imagina você salvou o dia obrigado você que salvou o nosso dia eu acho que eu falo por todos vocês que estão assistindo aqui presente presentes na biblioteca parque villa-lobos e Quem Não seguiu pelo Facebook aqui eu agradeço agradeço imensamente fica aí o convite para quem volta e aqui a biblioteca Parque vilão do dia 13 de dezembro para
falar com Zé Miguel e Henrique vou começar falando do encontro com krenak para falar ó ele falou muito da questão da mineração do Drummond e a gente vai falar sobre o maquinação do mundo dos amigos que é um livro maravilhoso de interpretação de uma obra de um grande Poeta dos maiores poetas do século 20 na verdade né não é do Brasil Apenas então assim ele foi um dos Poetas maiores poetas do século XX em qualquer língua não na Língua Portuguesa e nem uma literatura brasileira então fica aqui o convite vai ser legal e também será
assim na época da Copa do Mundo Teremos muito para conversar sobre o Zé Miguel que é um torcedor fanático do Santos escreveu uma obra prima chamada veneno remédio que é uma interpretação do Brasil cultura brasileira da identidade brasileira tão enfim contra invertida tão fluida estão fugidinha difícil de aprender a partir desse fenômeno tão brasileiro que é o futebol e é que confluem com outras tradições outras linguagens como a poesia para formar a nossa cultura Muito obrigado a todos vocês e sobretudo Obrigado Ah eu estou treinar que foi um enorme prazer não O que é a
folha do que essa folha Eu pensei que você tinha esquecido disso para registro histórico por favor aqui no microfone O que é essa folha bom acho que todo mundo conhece esse aqui é uma folha de uma plantinha que chama Guiné Guiné quem conhece Guiné só alguns a Maria Fernanda conhece né então Guiné gente é maravilhoso e eu gosto de guiné até ao ponto de fazer o seguinte quando eu estou muito ansioso apavorado com as perguntas do Manuel eu pego uma folhinha assim põe debaixo da língua e você trouxe com você ou você pegou aqui [Risadas]
você trouxe com você eu tenho aqui no parque eu colhi no caminho então Ó vocês podem sair daqui árvore chamada pode crescer mas geralmente é um arbusto tem aqui no parque Se começar a desaparecer as folhas de ideia a Maria Fernanda vai explicar que não pode não pode sair colhendo as plantinhas assim primeiras pessoas vão ter que descobrir onde tá que vai ser bem difícil sem você muito obrigado agora sim os aplausos por favor [Música] [Aplausos] [Música]
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