Este é um aviso que o Carrefour colocou em algumas de suas prateleiras em mercados franceses, avisando clientes que houve diminuição de tamanho do produto, mas o preço aumentou. A chamada shrinkflation. Conhecida no português como Reduflação, ela é a responsável pelas anomalias que se tornaram constantes no supermercado, como o fenômeno “dúzia de 10 ovos” ou a Mistura Láctea que vem tentando se passar por Leite Condensado.
Este fenômeno não passa de uma estratégia da indústria para enfrentar a alta inflação, fazendo você pagar mais por menos e sem perceber . Basicamente as empresas utilizam a "reduflação" para aumentar os preços de forma "menos dolorosa" pro consumidor. Mas algumas empresas foram além, sofrendo um processo de 60 milhões de reais, e que poderia ter custado muito mais para os consumidores, pondo em risco a saúde de crianças.
Isso porque produtos alternativos com valor nutricional muito menor e potencialmente prejudiciais à saúde, se encontram lado a lado nas prateleiras em embalagens muito parecidas com os produtos originais. Mas a questão é: a prática da reduflação é legal? Como isso afeta nós consumidores?
E como algumas empresas estão usando esse mecanismo pra nos enganar? Você já leu as embalagens que comprou recentemente no mercado? Talvez você não tenha notado que alguns dos alimentos que você coloca no carrinho estão com uma informação importante no rótulo: NOVO PESO.
O famoso nescau diminuiu a quantidade, o que antes era 380g, agora é 350g. O mesmo acontece com o Bis, que antes era vendido com 126g e agora é 100,8g. Já parou para verificar sua caixa de ovos ultimamente?
Então talvez você pode ter sido vítima do que ficou conhecido popularmente por dúzia de 10. Uma caixa de ovo como sempre foi, só que com 2 ovos a menos. Esse fenômeno é causado pela Reduflação, a expressão é utilizada por economistas para explicar como se relaciona a prática comum de empresas alterarem a pesagem ou a composição de produtos para manter os preços sem reduzir seus lucros.
O termo surgiu em 2009, no livro escrito por Pippa Malmgren e Brian Domitrovic, e é uma tradução de ShrinkFlation, que é uma junção das palavras Shrink, que significa reduzir e a palavra Inflation, em português Inflação. A inflação que vem atingindo o mundo nos últimos tempos aumentou o preço de tudo e atingiu também grandes empresas. Tendo que enfrentar o preço elevado de matérias-primas, escassez, atrasos no fornecimento e mão de obra mais cara, a indústria de alimentos precisou encontrar uma solução para o aumento dos custos de produção, mas como fazer isso sem que o cliente notasse?
Se um produto aumenta seu preço, você procura por outro mais barato, certo? Sabendo disso, a solução das empresas foi diminuir a embalagem ou a quantidade de produto e manter o mesmo preço. Uma ideia que parece genial.
Mesmo que eles indiquem a mudança, poucos notam e acham que continuam pagando pelo mesmo produto de sempre, mas na verdade você está pagando mais por menos. Mas a reduflação, que é também chamada de inflação invisível, não ataca apenas o setor alimentício. Qualquer diminuição da qualidade do serviço ou produto é considerado uma reduflação.
Ainda nos supermercados, os gerentes diminuem a força de trabalho ao colocar seus clientes para embalar a própria compra, ou excluindo de vez o açougue e vendendo só carne a vácuo. Ou então, os hotéis que mantiveram o preço da diária, mas o serviço de limpeza funciona agora apenas por solicitação. A reduflação está até mesmo em situações simples como lanchonetes deixando de entregar sachês de ketchup e maionese, ou as pedicures deixando de lixar os pés e cobrando por esse serviço.
As mudanças geralmente acontecem aos poucos, mas fazem diferença. No entanto, o consumidor demora a notar, ele está mais preocupado com o preço final do que aquilo que está sendo oferecido. Em termos de produtos do supermercado, mesmo que o consumidor se incomode com mudanças de quilogramas ou perda da qualidade, em tempos de inflação ele não tem muita escolha.
Além do mais, se tratando de um produto essencial ele apenas pode se adaptar àquilo, ainda mais porque dificilmente o produto voltará a ser o que era antes. Mesmo que a reduflação aconteça em tempos de alta inflação é difícil que as empresas voltem atrás e retornem seus produtos para o tamanho original. Na verdade elas se aproveitam disso para depois lançarem uma versão maior do mesmo produto e as chamam de versão big, mega ou tamanho família, e até mesmo estes posteriormente sofrerão uma reduflação.
É o caso do papel higiênico, você pode nem ter percebido, mas já é uma tendência há anos os rolos diminuírem os metros do papel higiênico. Quando os rolos ficaram tão pequenos que o consumidor começou a perceber, as marcas começaram a lançar tamanhos Mega, ou rolos duplos que se avaliados é o tamanho considerado normal alguns anos atrás. O mesmo aconteceu com os salgadinhos da PepsiCo, que estavam ficando tão pequenos que a companhia precisou lançar a versão Party Size de seus produtos, que nada mais são do que a versão “tamanho família” dos produtos.
As empresas são espertas e utilizam de qualquer desculpa para justificar ou encobrir essa redução. O Ypê relançou seu sabão em barras com um novo formato alegando que o novo modelo é mais anatômico e melhor de segurar, mas será que essa não foi apenas uma estratégia para que o consumidor não visse que o produto foi diminuído em 100g? A situação do leite condensado causou revolta com a mistura láctea, feita de leite, soro de leite e amido que estava sendo vendida no setor de leite condensado e com a embalagem extremamente parecida com a do leite condensado.
Será que isso não confundiu o consumidor? As barras de chocolate por exemplo que antes eram de 200g, foram diminuindo de tamanho aos poucos para o que hoje são 90g, mas pouco da embalagem mudou e a gramatura, mesmo que diminuindo drasticamente, foi percebida apenas pelos mais atentos, já que foi um processo gradual de diminuição. Os sacos de salgadinhos e amendoins parecerem cada vez mais cheios de ar, não é à toa, isso porque a quantidade de gramas diminui, mas a embalagem continua no mesmo tamanho.
O Rufles, por exemplo, diminuiu 9,5% do seu produto, mas a embalagem continua a mesma. Já o salgadinho Torcida diminuiu 15,56%. Exemplo é o que não falta.
O sabão em pó que passou de 4 kg para 3,8kg. A caixa de fósforo passou de 240 fósforos para 200. O pacote de biscoitos que era 200g passou a oferecer 160g.
Ou então o suco em pó que era 25g, mas agora é 20g e diz render o mesmo. São mudanças pequenas, mas que enganam até o mais atento dos consumidores. Então, quais são alguns casos extremos e as desculpas das empresas para esse comportamento?
Nos últimos cinco anos o cidadão brasileiro perdeu 30% do poder de compra, algo diretamente relacionado à inflação. A inflação é nada mais que o indicador do aumento dos preços de bens e serviços de uma economia. Só em abril de 2023 a inflação ficou em 0,57%, deixando a inflação prévia do ano acumulado em 2,9% e 4,16% nos 12 meses anteriores, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.
Em tempos de crise o consumidor tende a fazer uma escolha mais consciente quanto ao preço dos produtos. Mesmo que antes estivesse acostumado a comprar uma marca conhecida pela qualidade, agora ele passa a comprar uma marca mais popular e que é mais barata. As empresas se veem no dilema de não perder seu cliente ou manter a margem de lucro.
Diminuir o tamanho ou a qualidade do produto é a forma que eles encontraram de não aumentar seus custos de produção e manter a competitividade da marca mantendo sua clientela e maximizando seus lucros. Com a redução do tamanho, as companhias ainda possuem a oportunidade de atualizar seu portfólio escolhendo por opções que oferecem o melhor custo-benefício em termos de produção. Se uma empresa oferece quatro opções de tamanho de seu produto, agora ela pode oferecer apenas duas, reduzindo os custos de produção.
Afinal, com a inflação alta estas empresas também precisam se adaptar, assim como o consumidor elas também passam a optar por produtos mais baratos. No entanto, esta tática, além de ser uma maneira de não aumentar o preço final do produto, pode acabar por diminuir a qualidade do produto final, isso porque alguns mudam a fórmula completamente. Vimos isso principalmente nos produtos derivados do leite que passaram a ser compostos pelo soro do leite ou composto lácteo.
Mas a lógica por trás das empresas pode ser ainda mais tendenciosa. Com quantidades menores o consumidor é forçado a voltar mais vezes ao mercado com os produtos que acabam mais rápido. As compras de emergência no Brasil em 2023 cresceram 4,3% em comparação ao primeiro semestre de 2022.
A medida é legal, mas as empresas precisam seguir as regras do Código de Defesa do Consumidor. Que deixa claro que qualquer mudança no peso e na quantidade do produto deve estar informado na embalagem em negrito, em letras maiúsculas e com contraste de cor e em tamanho de fácil visualização pelo período de seis meses. Se um pacote de bolachas passar a vir com menos unidades, essa quantidade deve estar informada de forma explícita, o mesmo para a mudança na fórmula, como no caso de sucos que passam a serem adoçados com maçã, a imagem da maçã deve vir no rótulo.
Ao Diário do Nordeste, algumas empresas falaram sobre o assunto: A Nestlé, informou que a adoção de "novos formatos e tamanhos de embalagens pela empresa tem como objetivo acompanhar as tendências de mercado, garantir a adequação a inovações tecnológicas ou também padronizar a gramatura dos produtos das marcas, de forma a manter sua competitividade". Já a Ypê explicou que a marca sofreu um relançamento "com novos benefícios para cada versão, evolução na ergonomia, com um formato anatômico que é mais aderente e facilita o manuseio. Mesmo com todo cenário de aumento expressivo do preço dos insumos, a Ypê procurou repassar o mínimo possível ao consumidor" .
A Vigor esclareceu que "A mudança, prevista em lei, está sendo comunicada na embalagem do produto e tem como principal objetivo manter a qualidade que a Vigor oferece em seus alimentos. Além disso, ela visa evitar o repasse total do aumento de custo de toda a cadeia produtiva para os consumidores . Com a adaptação do peso, a marca também se adequa competitivamente em relação a outras marcas do mercado".
Mesmo que essas ações sejam justificadas de forma legal, algumas empresas estão passando da linha e utilizando dessa substituição para enganar o consumidor com embalagens praticamente idênticas das originais. Por esses métodos tendenciosos, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor notificou a Nestlé, Danone e Mead Johnson, que estavam vendendo composto lácteo com embalagem idêntica com fórmulas infantis. Na ação judicial pública o Idec pediu indenização coletiva de 60 milhões de reais às empresas e que elas deixem de apresentar fórmulas infantis e compostos lácteos em embalagens parecidas e identificá-las com encartes adesivos nos rótulos enquanto a ação não for regulamentada.
As fórmulas infantis substituem o leite materno e possuem inúmeras restrições, por isso são vendidas sob prescrição médica, enquanto o composto lácteo é um alimento ultraprocessado e contraindicado para crianças menores de 2 anos por conta do açúcar e aditivos. Confundir esses alimentos pode trazer graves consequências. Essa não é a primeira ação judicial levantada pelo Idec contra empresas com embalagens tendenciosas.
A Brasal Refrigerantes S. A. também foi processada a pedido do instituto por vender a linha Del Valle Fresh com embalagens que induzem o consumidor ao erro.
O produto que possui apenas 1,5% de fruta em sua composição era vendido nas prateleiras dos supermercados com rótulos que davam a entender que o produto era feito à base de frutas. Mas e como ficamos nós, consumidores? Uma pesquisa realizada pelo Reclame Aqui, revelou que quase 80% dos brasileiros notaram a diminuição de embalagens, mas 17% deles nunca ouviram falar de reduflação e 4% não perceberam a tendência.
Dos brasileiros que perceberam a reduflação e notaram isso nas prateleiras do supermercado, 63% deles desistiram de certos produtos na hora da compra. Isso tem causado uma desconfiança do consumidor com as marcas, e os consumidores cada vez menos reclamam sobre essas mudanças e passam a simplesmente mudar de marca, causando uma diversificação em produtos. No entanto, a reputação das marcas ainda fica em jogo.
Com as facilidades da tecnologia atualmente, uma simples reclamação em uma rede social pode alcançar milhões de pessoas, causando um verdadeiro ativismo digital. Tem canais no youtube até fazendo vídeos sobre o assunto, se é que dá pra acreditar. Isso tem feito os consumidores mais atentos e criou uma tendência de campanhas nas redes sociais contra as marcas mais tendenciosas.
Foi o caso do Toblerone. Em 2016 o famoso chocolate em formato de montanha diminuiu seu produto passando de 170g para 150g . Para essa diminuição o chocolate passou a ter um espaçamento maior entre os pedaços de chocolate, o que aparentemente causou uma enorme revolta nas redes sociais.
A briga foi tanta que a Mondelez, fabricante do chocolate, teve que voltar atrás em 2018 e voltar ao formato original do chocolate. E mesmo que a desculpa por trás seja não aumentar o preço, nem sempre é o que acontece. A consultoria Horus, em uma pesquisa realizada a pedido do jornal O Globo, analisou 51 itens da cesta básica ampliada, comparando os preços do primeiro semestre de 2021 com o primeiro semestre de 2022.
Dentre os itens, 20 passaram pela reduflação e sete aumentaram de preço apesar da embalagem ter diminuído. O sabão em pó aumentou seu preço em 19% enquanto sua embalagem diminuiu 5,4%. Nas contas da Horus isso quer dizer que o consumidor está pagando cerca de R$1,06 a mais pelo produto, mas está levando 214,5 gramas a menos para casa.
O filé de peito de frango, os conhecidos sassamis tiveram uma redução pequena de apenas 1,6% do produto, mas o preço do produto subiu 35,5%. O achocolatado aumentou 9,9% no preço, enquanto a quantidade do produto diminuiu 6,4%. Algo parecido aconteceu com o Leite em Pó que viu seu preço aumentar em 9,5% e seu produto reduzir em 5,9%.
Ambos produtos vendiam unidades com 800g e 400g e atualmente vendem unidades de até 730g e 370g. Outros produtos que sofreram aumento foram o biscoito wafer que viu seu produto reduzir 7,6% de tamanho e seu valor subir 15,5%. A barra de chocolate com redução de 4,2% de tamanho e aumento de 1,9% no preço.
Se a mudança for na composição do produto você precisa ficar ainda mais atento, produtos como composto lácteo, creme sabor requeijão, composto de óleo e azeite vendido como azeite, manteiga misturada com margarina, bombom sabor chocolate e sucos aromatizados surgem cada vez mais e podem ser prejudiciais. Essas alternativas são vendidas em embalagens similares aos produtos originais e colocadas nas mesmas prateleiras, o consumidor desatento está levando para casa produtos com valor nutricional muito menor e potencialmente prejudiciais à saúde. Será que isso vai ter um limite algum dia?
Afinal as embalagens de alguns produtos não podem ficar tão pequenas a ponto de o conteúdo não entrar dentro, ou o consumidor achar que a quantidade simplesmente não valha a pena. Mas certamente as empresas vão dar um jeito. Seja lançando uma versão maior e ir diminuindo as duas aos poucos, até o ciclo se repetir, ou simplesmente aceitando e aumentando o preço dos produtos, de qualquer forma você tem que sempre fazer a análise e ver se aquele produto faz sentido para você naquele momento.
Analisar mais a fundo esse assunto é descobrir que ele não é tão simples quanto parece e que não é só culpa das empresas . Elas estão em um mercado competitivo e estão fazendo de tudo para se manterem vivas . Mas tentar enganar o consumidor já é demais.
De qualquer maneira, fique tranquilo, no final você já sabe que sempre vai sair perdendo, seja pela inflação, seja pela reduflação. E se você acha que é só no mercado que você é passado pra trás, se enganou. .
Qual o seu CPF? Esta pergunta, que já foi considerada uma invasão de privacidade, está cada dia mais comum. Diversas empresas solicitam este documento pessoal, alegando que ele é necessário para que elas possam oferecer vantagens e descontos para seus clientes.
Virou algo corriqueiro e até vantajoso, já que fornecendo esse dado, a gente consegue preços muito mais baixos. O caso mais evidente é o das redes de farmácias, porque os descontos que elas dão às vezes chegam a 70% do valor dos produtos. Mas como as farmácias conseguem oferecer um desconto tão alto em troca de apenas alguns dados?
Porque elas possuem tanto interesse em conhecer este dado pessoal? E o mais importante, o que estas empresas realmente fazem com o nosso CPF? Em setembro de 2023, foi publicado no “Notícias UOL” uma série de reportagens denominadas "O Que a Farmácia Sabe Sobre Mim?
", onde a jornalista Amanda Rossi fala sobre o motivo oculto que faz as farmácias pedirem o CPF de seus clientes. E se assim como eu, você pensava que era para criar um simples cadastro para colocar na nota fiscal ou oferecer algum clube de vantagens, está enganado A motivação por trás deste pedido aparentemente inofensivo é maior e bastante preocupante. Existe uma enorme diferença entre o CPF na nota e o modo que as redes farmacêuticas vêm utilizando as informações que têm sobre você.
Por quase todo o Brasil é comum ouvir a pergunta “CPF na nota? ” na hora de realizar o pagamento de uma compra, afinal 15 estados fazem parte do programa CPF na Nota, dos governos estaduais. Esse programa foi criado pra evitar que as pessoas vendessem seus produtos ou realizassem serviços sem emitir nota fiscal.
Sem a nota os governos dos estados não recebem o ICMS . Era simplesmente pra combater a sonegação de impostos e arrecadar mais, como se já não arrecadassem o suficiente. O primeiro estado brasileiro a implementar o programa foi o Rio Grande do Sul, em 2012.
Em seguida São Paulo, Maranhão e Rio de Janeiro implementaram, e assim ele foi se espalhando pelo restante das várias regiões do país. Mas claro que essa prática também oferece algumas “vantagens” pro cidadão em alguns estados, como um desconto na dupla mais odiada do Brasil, IPVA e IPTU. Além de alguns sorteios de 5 mil até 1 milhão de reais.
Estes benefícios incentivam os consumidores a colocar o CPF na nota, mas também criou um hábito no consumidor brasileiro, onde as redes de drogarias perceberam uma oportunidade, digamos que levemente imoral. Afinal, já que informar o CPF nas compras é algo natural e solicitado em praticamente todos os estabelecimentos, o ato se tornou banal e dificilmente é questionado. “O Que a Farmácia Sabe Sobre Mim?
” A resposta mais curta para a pergunta que deu origem à série de reportagens é: Tudo. Isso, as farmácias sabem tudo sobre você. Já a resposta longa é ainda mais assustadora.
De acordo com Amanda Rossi, a jornalista pioneira a se aprofundar neste assunto, a farmácia guarda até mesmo o dia e hora da compra da camisinha, ou do antidepressivo , mesmo que tenha sido há 8 anos atrás. A LGPD, ou Lei Geral de Proteção de Dados, permite que os clientes tenham acesso a toda e qualquer informação que uma empresa guarde sobre ele. Partindo desta premissa, a jornalista solicitou à Rede RaiaDrgasil um registro das informações que a rede armazenava sobre ela.
Amanda descobriu um registro bem maior do que o esperado. 39 páginas. Foi isso que a farmácia entregou à jornalista, sendo que os primeiros dados foram armazenados 15 anos atrás.
Nas palavras da própria jornalista “No Dia dos Namorados de 2009, eu estava gripada. Não que eu lembre. ” Mas a RaiaDrgasil, sim.
A jornalista ainda continua: “Tomo antidepressivo há seis anos, tentei parar algumas vezes, mas acabei voltando”. O desconto obtido em troca desses dados chegou a 55%. “Logo antes, tomei calmantes fitoterápicos”.
Zero desconto. “Parei de tomar anticoncepcional há nove anos e, até me adaptar, usei pílulas do dia seguinte algumas vezes”. Desconto de 28%.
Todas estas informações estavam no banco de dados e foram publicadas pela própria jornalista como uma forma de mostrar qual a real gravidade do caso. Mas o que estas informações realmente significam? Num primeiro momento elas indicam que muitos fatos sobre a vida de uma pessoa estão em posse de uma empresa, sem que ela saiba disso.
Informações que deveriam ser conhecidas apenas pelos seus médicos, que são proibidos por lei de revelarem quaisquer fatos de seus pacientes. Mas que as redes de farmácia guardam sem que seus clientes nem saibam disso. Mas o que uma rede de farmácias pode fazer com este tipo de informação?
Em 2018, a rede de drogarias Araujo, de Belo Horizonte, foi multada em R$7,9 milhões por condicionar descontos em produtos ao fornecimento do CPF. A justiça entendeu que o fornecimento dos dados não ocorria de forma clara e nem estava vinculada a nenhum programa de vantagens. Além disso, “A captura constante dos hábitos de consumo do consumidor de forma oculta e sem informação prévia representa severo risco à intimidade e vida privada do consumidor, além de sujeitá-lo a riscos das mais variadas espécies”, de acordo com o promotor do caso.
Houve também um pedido que o Ministério Público abrisse um inquérito civil, que garantisse que os termos de uso dos seus dados fossem disponibilizados e de fácil acesso aos consumidores. Além disso, que as empresas fossem obrigadas a esclarecer o motivo pelo qual realizam a coleta de dados e de se tornarem responsáveis pela segurança das informações coletadas. Além disso, a prestação de esclarecimentos ao Ministério Público, se os dados eram ou não repassados, ou ainda comercializados a terceiros sem o prévio e devido consentimento dos consumidores.
“Pedimos, apenas, informações sobre como esses dados são tratados, armazenados e qual é o intuito deles. Não acusamos as redes. A questão que observamos é que há falta de informação, transparência e um vício no consentimento”, disseram membros da Fundação Iris, de Minas Gerais.
Já a RD Ads é uma subsidiária do grupo RaiaDrgasil, responsável pelo marketing do grupo. Pelo menos na teoria. Na prática o negócio principal da RD Ads é oferecer o banco de dados do grupo farmacêutico para quem esteja interessado em fazer publicidade para seus clientes.
De maneira simplificada um anunciante pode entrar em contato com a RD Ads, dizer qual público quer atingir e a empresa faz uma busca em seu banco de dados, ou melhor no banco de dados da rede de farmácias Raia Drgasil. A propaganda é então direcionada pra esse público não só no site da farmácia, mas em várias redes sociais, inclusive aqui no YouTube. Quem compra fraldas ou pomadas para assaduras em bebês, por exemplo, pode começar a receber anúncios de carros maiores.
Quem compra remédios para dor muscular, de repente passa a ver propagandas em plataformas digitais de massageadores eletrônicos. Ao todo a RD Ads possui os dados de 48 milhões de clientes, quase um quarto da população brasileira, que já ofereceram o CPF em troca de descontos na hora de comprar medicamentos ou outros produtos na rede de drogarias. E o lucro obtido por essas empresas com as informações pessoais de seus clientes é infinitamente maior do que o desconto concedido na hora do pagamento.
Mas você deve estar pensando: “E o desconto? ” E aí nós encontramos outro problema: esse desconto nem sequer existe… Montar um banco de dados com diversos dados de saúde de 48 milhões de pessoas não é uma tarefa fácil, já que ninguém preenche um cadastro e fornece o seu número de CPF de bom grado. Para isso é necessário um incentivo, o que as farmácias espalhadas pelo Brasil conseguiram fazer oferecendo descontos.
Para comprar um medicamento em uma farmácia não é obrigatório informar o CPF, desde que ele não necessite de receita médica para ser comercializado. Mas e se o balconista lhe disser que ao informar o CPF o preço pode cair substancialmente, algo na casa de 70%? Com uma economia complicada como a brasileira, qualquer desconto já é uma vantagem.
No entanto, oferecer este tipo de desconto não é uma tarefa fácil, na realidade é praticamente impossível para a maioria das empresas. Mas as drogarias possuem uma carta na manga entregue de bandeja pelo próprio governo federal através da tabela CMED. “A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) estabelece limites para preços de medicamentos, adota regras que estimulam a concorrência no setor, monitora a comercialização e aplica penalidades quando suas regras são descumpridas.
” Ou seja, na teoria a CMED serve para estabelecer um limite para o preço dos medicamentos e evitar preços abusivos. Na prática ela serve para que as farmácias apliquem uma estratégia incrível de descontos impossíveis em outros setores. Vou te dar o exemplo do anti-inflamatório Nimesulida.
Uma caixa com 12 comprimidos do medicamento genérico custava R$ 31,78 na RaiaDrgasil na cidade de São Paulo. Mas fornecendo o CPF , o preço caía para 8,50, totalizando um “desconto” de 73%. Uma rede de hospitais privados pagou pela mesma caixa de nimesulida R$ 4,39.
E órgãos públicos pagaram R$ 1,08. Num primeiro momento tudo parece normal, pois a rede de drogarias oferece um desconto para seus clientes e os hospitais privados pagam mais barato porque compram em uma alta quantidade, correto? Não.
O preço do Nimesulida nunca foi R$31,78. Seu custo de produção, distribuição e venda, não chega nem perto disto. Este é apenas o valor máximo que a tabela da CMED permite, e por isso ele é anunciado por este valor.
O preço médio do medicamento é de R$8,50. Ou seja, o desconto não é real, porque esse preço de R$31,78 nunca existiu! É um valor que algum funcionário público da CMED resolveu que seria o máximo, baseado no preço que o laboratório informa que pode vender, com sua taxa de lucro já embutida, mais a alíquota de ICMS de cada estado.
Isto quer dizer que se a farmácia produz o medicamento, o que é muito comum de acontecer nas grandes redes, ela pode colocar seu lucro junto com o lucro do laboratório, já que os dois fazem parte de uma mesma holding de empresas. É daí que surgem os descontos incríveis das farmácias, através de uma simples manipulação de preços, pois se houvesse um desconto real de 70%, o preço deveria ser R$2,55, já que o preço médio é R$8, 50. O que houve, na verdade, foi uma queda no preço de produção do medicamento.
Mas a CMED não faz essas atualizações. A realidade é que nenhuma farmácia oferece desconto em troca do CPF dos seus clientes, elas simplesmente vendem os medicamentos pelo preço que ele deveria ser, e causam uma ilusão de desconto maravilhoso devido a uma tabela do governo federal. Essa ilusão de desconto se encontra em outras áreas aqui no Brasil, tipo na black friday, esquenta black friday, black week ou ate black month, com tudo pela metade do dobro, o que faz o brasileiro perder a confiança nos descontos e desistir de comprar.
Quando não sabemos o real valor do desconto fica difícil entender qual é a vantagem, o que não acontece com a patrocinadora desse vídeo, a NOMAD A Nomad é uma conta global que facilita a sua vida pra viajar pro exterior, porque você transfere seu dinheiro em real que é automaticamente convertido em dólar na sua conta da Nomad. Dessa forma você não corre risco por ter que viajar levando dinheiro ou mesmo de trocar nas casas de câmbio. Com a NOMAD o desconto é real por que você paga apenas 1% de IOF, diferente dos mais de 4% que são cobrados pelos bancos tradicionais quando você usa o seu cartão de crédito do Brasil no exterior.
Além disso, quando você manda dinheiro pra sua conta da NOMAD, o valor é convertido em dólar usando o valor do dólar comercial, já nas casas de câmbio, você paga o dólar turismo que é bem mais caro. Ou seja, não é só o imposto que é menor, mas o dólar também sai mais barato. E o melhor é que você não tem custo nenhum pra abrir uma conta na NOMAD e não tem mensalidade.
Você abre a conta de graça, no seu celular mesmo só com sua identidade ou carteira de motorista. Pra adicionar saldo na conta é só mandar um pix da sua conta do seu banco pra sua conta na Nomad, o valor entra na hora e em poucos dias o cartão chega na sua casa pra você levar na sua próxima viagem. Pra abrir uma conta é simples, é só acessar o primeiro link na descrição ou apontando pro QR Code aqui na tela, usando o cupom ELEMENTAR no cadastro que você ganha até 20 dólares de cashback na sua primeira operação de câmbio.
Quando você voltar de viagem do exterior para o Brasil, vai ver que esta ilusão de desconto nos remédios atrelados a divulgação do CPF só existe porque, apesar de remédios serem literalmente vitais para a nossa saúde, o governo não atualiza seus preços conforme o praticado no mercado. Ele mantém na tabela da CMED o preço do remédio da data do seu lançamento, que é infinitamente superior ao seu custo real alguns anos depois. Com o tempo, o preço de todo remédio tende a cair.
Isso acontece porque a patente deles acaba e outras versões mais baratas são feitas. Mais pessoas começam a usá-los, e mais remédios são feitos, o que faz com que o preço caia até parar de cair. Depois de entender tudo isso, a pergunta que fica é: Isso é legal?
As práticas, tanto da solicitação do CPF quanto da manipulação de preços não são necessariamente ilegais, pois não existe legislação que proíba as farmácias de as praticarem. Mas de acordo com a LGPD, o consentimento do uso dos dados deve ser “qualificado”, ou seja, deve cumprir certos requisitos para estar em conformidade com a lei. O cliente precisa manifestar livremente, ou seja, sem qualquer forma de coação, que o uso dos seus dados não lhe causa desconforto.
Pra isso, obviamente, esse consumidor deve ser informado de que essas informações serão destinadas para uma finalidade tal: vender anúncios, por exemplo. Na prática, isso significa que um consentimento é válido somente quando você está devidamente informado e não está sendo forçado a concedê-lo. Sendo assim, o próprio desconto pode limitar a liberdade do consumidor para decidir ceder ou não as suas informações.
“Quando a empresa diz ‘coloque o seu CPF para ganhar desconto’ ela está obrigando o consumidor a algo que não foi informado previamente para ele”, afirma o promotor de justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Fernando Abreu. Já no estado de São Paulo a Assembléia Legislativa, estabeleceu em novembro do ano passado que: “As farmácias e drogarias ficam proibidas de exigir o CPF do consumidor, no ato da compra, sem informar de forma adequada e clara sobre a abertura de cadastro ou registro de dados pessoais e de consumo, que condiciona a concessão de determinadas promoções. ” Em seu artigo 135 a mesma lei ainda exige que: “Nas farmácias e drogarias, deverão ser afixados avisos contendo os dizeres "PROIBIDA A EXIGÊNCIA DO CPF NO ATO DA COMPRA QUE CONDICIONA A CONCESSÃO DE DETERMINADAS PROMOÇÕES", em tamanho de fácil leitura, em local de passagem e fácil visualização.
” Este já é um avanço para tentar diminuir o uso indevido da prática, mas que no momento contempla apenas o estado de São Paulo. Mas e no resto do Brasil, onde nada foi feito? Bem, pro consumidor que não deseja informar seu CPF para conseguir o desconto oferecido pelas farmácias, ele terá que se recusar a fazer isso na hora do pagamento, quando normalmente é solicitado o documento, e caso o desconto seja negado informar que a prática é abusiva de acordo com a Lei Geral de Proteção aos dados pessoais.
Em alguns casos será necessário falar com o gerente, e se não resolver, procurar o PROCON da sua cidade, pra que as medidas adequadas sejam tomadas. Caso a compra esteja sendo realizada em uma das drogarias das redes Raia Drgasil ou Araújo, pode ajudar se você informar aos vendedores que as próprias empresas já admitiram publicamente que o cliente tem direito ao desconto com ou sem CPF. Uma medida realmente eficaz seria se o governo e a CMED assumissem a responsabilidade de garantir que os preços dos medicamentos fossem sempre atualizados.
Assim, não teríamos que nos preocupar em pedir que as farmácias ajam de maneira ética e legal. Mas voltando ao assunto do mercado. .
Outro dia, fazendo compras no mercado, eu não sabia se eu ia pagar a conta de luz do mês ou comprar um azeite de Oliva, então eu decidi comprar um azeite mais em conta. Chegando em casa e experimentando o azeite baratex eu percebi que tinha feito a escolha errada. .
eu deveria ter atrasado a conta de luz. Isso me deixou intrigado, então eu fui dar uma pesquisada nessa questão. E eu percebi que, na verdade, não é só o valor alto.
Existe muito mais por trás desse mercado de azeite de oliva. Praticamente um submundo da mistura e falsificação pra enganar o consumidor. Inclusive eu percebi que pessoas que consomem um azeite de consistência duvidosa, quase sem sabor, pensavam que era assim que o azeite de oliva deveria ser, mas elas não sabiam que haviam sido vítimas dessa fraude.
Isso porque muitas empresas estavam misturando o azeite com um óleo mais barato e de baixa qualidade, mas só recentemente algumas dessas falsificações foram descobertas. Para se ter uma ideia, em 4 dias foram apreendidas mais de 6. 000 garrafas de azeite de oliva falsificado e esse bloqueio inutilizou mais de 16.
000 litros de azeite importado, que foi considerado impróprio para o consumo pelo Ministério da Agricultura. Então, como essas fraudes acontecem e como tanta gente foi enganada sem perceber? Azeite, um óleo natural extraído das azeitonas, frutas das oliveiras.
Ele tem sido usado há milhares de anos em várias culturas por suas propriedades nutritivas e seu sabor único, mas se engana quem pensa que ele sempre foi usado para fins culinários. Na Grécia e Roma antigas o azeite era frequentemente utilizado para fazer remédios naturais e embalagens medicinais. Essas preparações eram aplicadas na pele para tratar feridas, queimaduras e inflamações.
Além disso, ele também era usado como óleo de massagem, e já chegou até a ser chamado de ‘’ouro líquido’’ pelo seu altíssimo valor econômico na época. Um produto que já serviu como alimento, moeda de troca e remédio milagroso para diversas civilizações ao longo da história. Um dado interessante era o costume de entregar coroas com ramos de oliveira aos atletas nos Jogos Olímpicos.
Os atletas untavam seus corpos com azeite, antes e depois da prática esportiva, para receber massagens. Na verdade, até hoje ele é bastante usado com esse fim. O azeite de oliva tem tanta importância histórica e cultural que até na Bíblia, a oliveira e o óleo de oliva são frequentemente mencionados como símbolos de paz, prosperidade e bênçãos divinas.
Em Gênesis, por exemplo, quando as chuvas do dilúvio passaram e a arca ainda navegava sobre as águas, Noé teria soltado uma pomba que retornou trazendo um ramo de oliveira. Além disso, o óleo de oliva era amplamente utilizado na antiguidade para ungir reis, sacerdotes e objetos sagrados como uma forma simbólica de consagração. Mas ainda assim, o uso principal atribuído a este produto foi e continua a ser o uso alimentar.
E, na verdade, o Azeite em qualquer uma de suas variantes, seja o virgem ou extravirgem, é o condimento universal para inúmeras receitas. E por conta dessa popularidade ele também é um alvo. Muitas vezes sendo violado, a “virgindade” de alguns Azeites pode ser contestada.
A fraude alimentar consiste basicamente em modificar alimentos de propósito, para ganhar dinheiro fácil. A fraude pode ocorrer por substituição, adição, falsificação por informação falsa, ou enganosa na rotulagem. De acordo com Fernando Mendes, do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal, o azeite de oliva é o produto obtido somente do fruto da oliveira, sendo excluído todo e qualquer óleo obtido pelo uso de solvente ou pela mistura com outros óleos, independentemente de suas proporções.
“A adição de qualquer outro produto ao azeite já caracteriza fraude”, O azeite é fraudado há milênios. Há registros de fiscais do produto datados de mais de cinco mil anos. E, em todo o mundo, a fraude mais comum do azeite é a diluição do azeite extra virgem com algum outro tipo de óleo de menor valor, como o óleo de soja.
Em alguns casos, são utilizados corantes e aromatizantes pra mistura ficar mais convincente. Mas viver no Brasil não é pra amadores. As fraudes realizadas por empresas brasileiras, na sua maioria clandestinas, utilizam óleos não comestíveis e impróprios para o consumo humano, como, por exemplo, o azeite lampante, que oferece um grande risco para a saúde do consumidor.
O chamado lampante, que é um azeite extremamente ácido e que servia para acender lamparinas, é o que se usa por aqui para fraudar o produto. Nas estradas brasileiras foram encontrados azeites falsos, que eram comercializados por criminosos, como se fossem drogas. Provando o quanto esse esquema de fraudes era frequente, até ser descoberto.
Para se ter uma ideia, alguns dos azeites adulterados continham até mesmo óleo lubrificante para mascarar a consistência. Segundo o Ministério da Agricultura, 84% do azeite de oliva importado, inicialmente vendido como extravirgem, é modificado. Identificar produtos adulterados pode ser um desafio.
Algumas pessoas recomendam colocar uma amostra na geladeira durante a noite. Se o líquido ficar mais viscoso ou pastoso no dia seguinte, é provável que seja um bom azeite. Caso contrário, pode conter ingredientes adulterados e de baixa qualidade.
Ou seja, pra identificar a fraude, você já tem que ter caído nela. Mas tem um jeito mais simples: comprar azeite certificado por órgãos reguladores. Tem também uma lista do Ministério da Agricultura e Pecuária com dez marcas retiradas de mercado, algumas delas bem famosas, por importação, adulteração e distribuição de azeites fraudados, e que todo mundo pode consultar.
Existem três tipos principais: extravirgem, virgem e comum. O azeite extravirgem é o mais puro e de melhor qualidade, extraído apenas por processos mecânicos e com acidez muito baixa. O azeite virgem também é de boa qualidade, mas tem uma acidez um pouco maior e pode ter um sabor mais suave.
Já o azeite comum passa por refinamento químico e misturas, sendo o menos puro e de qualidade inferior comparado aos outros dois tipos. A escolha entre eles depende do uso que se quer fazer na cozinha e do sabor desejado no alimento. O azeite extravirgem, conhecido por seus benefícios à saúde, como a redução do colesterol ruim e a melhora da circulação, é o mais frequentemente falsificado e comercializado ilegalmente.
Além das fraudes, as classificações irregulares também são um grande problema no mercado de azeite de oliva. Muitas vezes, produtos são rotulados de forma errada, como vender azeite virgem como se fosse extravirgem. Nas prateleiras, também podemos encontrar produtos como "óleo composto" , “tempero português” ou “tempero misto”.
Não são casos de fraude, já que a comercialização desses produtos é permitida. Mas isso deve estar muito claro nos rótulos, evitando induzir as pessoas ao erro. A questão é que todos eles são engarrafados e usam um rótulo muito parecido com o do azeite verdadeiro, e ainda são expostos nas gôndolas dos supermercados bem pertinho dos azeites de verdade.
A adulteração do azeite de oliva não é apenas uma questão econômica, mas também de saúde. O azeite extravirgem genuíno é rico em nutrientes e benéfico para o coração, o que contrasta fortemente com os produtos falsificados, que não seguem padrões de qualidade e podem conter substâncias químicas tóxicas. Com isso, é evidente que as fraudes nos azeites não afetam apenas o bolso dos consumidores, mas principalmente sua saúde.
Embora só isso seja muito ruim, especialmente se tratando de saúde, ainda tem um outro grande problema. Não bastasse essa penca de problema, pra piorar a situação ainda temos que pagar caro, por que falta azeite. Em 2023, a produção mundial caiu quase 20% em relação a 2022.
A seca, as pragas e o calor na Europa aumentaram o preço do azeite no Brasil em quase 50% de junho de 2023 até junho de 2024. Os maiores produtores de azeite do mundo, Espanha, Itália e Grécia, sofrem com isso até hoje, com a Espanha enfrentando a quarta quebra de safra consecutiva. O Brasil, que importa 99% do azeite que consome, traz a maior parte dele de Portugal, 53%, e da Espanha,15%.
Mas a produção europeia caiu 20% entre 2022 e 2023, levando a uma redução de 32% nas importações brasileiras. Mesmo consumindo mais azeite português, a gente não escapou das consequências do aumento de preços, já que outros países passaram a querer comprar o produto de lá. Pra você ter uma ideia, o azeite valorizou mais que a bolsa de valores brasileira, se você comprasse azeite a 5 anos atrás e deixasse estocado em casa, teria um retorno muito melhor que os míseros 21% da bovespa no período, que foi menos que a inflação.
Fora isso, nesse mesmo período, o real ainda perdeu um terço do seu valor frente ao dólar, onde um real valia 0,27 centavos de dólar, agora vale apenas 0,18 Agora é claro que investir em azeite pra revender no futuro não é o melhor negócio do mundo, já que você teria que estocar ele e correria o risco dele estragar. O que pode ser tão arriscado quanto ter todas suas economias em real. Por outro lado, investir no exterior é um negócio muito mais simples, seguro e lucrativo, isso porque o S&P500, índice composto por 500 ativos das duas bolsas de valores americanas, cresceu quase 85% nos últimos 5 anos Assim seu patrimônio cresce e você não fica refém da economia brasileira ou da desvalorização sistemática do real.
E a melhor forma de investir fora do Brasil é com a Nomad, a patrocinadora desse vídeo. Isso porque a conta da Nomad é uma conta global em dólar, e que te dá acesso a investir no exterior sem precisar abrir conta em um banco ou em uma corretora americana. Você deposita saldo na conta em real via pix, que é convertido em dólar na hora, e pode começar a investir fora do Brasil com apenas 1 dolar, sem taxa de corretagem e sem taxa de manutenção.
Pra abrir uma conta na Nomad é simples, é só acessar o primeiro link na descrição ou apontando pro QR Code aqui na tela, usando o cupom ELEMENTAR no cadastro que você ganha até 20 dólares de cashback na sua primeira conversão. Já o negócio do azeite de oliva não é tão simples assim. Porque se a seca está afetando a produção de azeite de oliva na Europa, no Brasil a preocupação está voltada para o excesso de chuvas no Rio Grande do Sul e na Serra da Mantiqueira, as principais regiões produtoras desse óleo.
– “Eu não vou mais fazer garrafas de meio litro de azeite em 2024. É melhor vender apenas as pequenas, de 250 ml, pra ter uma quantidade um pouco maior”, disse Marcelo Costi, empresário gaúcho do ramo do azeite de oliva. Segundo especialistas, em ambos os casos a recuperação será lenta, pois as oliveiras são árvores com vida extremamente longa, mas que levam anos para produzir frutos suficientes.
A estabilização dos preços depende de uma queda no consumo, o que demoraria a impactar o mercado. Os consumidores logo perceberam o aumento do preço do azeite, juntamente com a queda da qualidade, no sabor e na consistência, afinal quem quer consumir um produto caro e ruim? É aí que vem a pergunta: pra mitigar pelo menos um desses problemas e não pagar caro em um produto adulterado, existem outras formas de identificar um produto falsificado?
As fazendas que produzem azeite de alta qualidade no Brasil estão localizadas no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Nessas regiões, alguns dos melhores e mais premiados azeites do mundo são produzidos. A produção envolve anos de estudo sobre o clima e o solo ideais para a plantação das oliveiras, além de um processo cuidadoso de colheita, lavagem e extração.
Para evitar cair no conto do vigário, a primeira coisa a se fazer é consultar a lista do Ministério da Agricultura. Se a marca que você quer consumir não está sendo vendida, é porque está proibida pelo órgão. Além disso, você também pode verificar se no rótulo existe alguma certificação de uma das entidades de controle de qualidade.
E se a sua intenção é consumir um azeite extravirgem, sua acidez deve ser inferior a 0,8%, o que indica pureza e boa qualidade, e essas informações também estão no rótulo do produto. Além disso, fique atento aos preços: se estiverem muito baixos, desconfie, pois o azeite não é um produto barato. Após a compra, não resolve muita coisa, mas você pode, só pra garantir, usar seus sentidos para examinar o produto.
Assim como um vinho de qualidade, o azeite de oliva deve apresentar um aroma que remeta ao campo, ervas frescas, frutas e especiarias. No paladar, o azeite extravirgem deve possuir um sabor frutado e levemente picante. Caso você não perceba essas características, é possível que haja uma mistura do azeite com óleos mais neutros, ou seja, você pode sim ter sido vítima da falsificação do segundo produto mais adulterado do mundo.