[Música] Sejam bem-vindos ao Nerdologia. Eu sou ALA, biólogo, pesquisador e tranquilo com essa epidemia. Se você tem medo do ebola, hoje vamos entender quais as chances de você ser contaminado com ele.
Se você já foi pro médico e recebeu um diagnóstico de virose, sabe que existe pouco tratamento nesse caso. Doenças causadas por bactérias, como garganta inflamada, geralmente podem ser tratadas com antibióticos. Isso porque a maioria das bactérias são seres vivos e diferentes o suficiente para que possamos tomar algo que mate elas e não a gente.
Da mesma maneira que a criryptonita afeta só alienígenas de crirypton. Os vírus, por outro lado, não são vivos e usam as células para se replicar, da mesma maneira que um vírus de computador precisa do seu sistema operacional para ser passado adiante. Usar um remédio para atacar o vírus é como Parker tentando arrancar o simionte, um pouco como se bater.
Na maioria das viroses, o tratamento reduz os sintomas, como o nariz escorrendo ou febre, mas não cura a causa. Por isso, é bastante complicado tratar o Ebola. Ele é um vírus da família dos filovírus que só tem gente boa.
O Marburg é o primo hipster que já matava gente de febre hemorrágica antes do ebola ser mainstream e já circulava em morcegos bem antes de pensarem nos boatos de que ele foi criado em laboratório. Os sintomas são iguais aos do Ebola vírus e parecidos com uma dengue com superperes, febre, dores de cabeça, cansaço e dor no corpo, mas progridem para náusea, vômito e diarreia bastante agressivos em uma semana a 20 dias. Nessa hora, todos os fluídos da pessoa são contaminantes, do vômito ao leite materno.
Em seguida, começam as convunções, falhas nos rins e problemas de coagulação que matam em cerca de duas semanas. Ao contrário do que muitos imaginam, tanto no caso do vírus Ebola quanto do Marburg, a hemorragia acontece em menos da metade das pessoas infectadas. Seu primeiro caso conhecido aconteceu ainda em 1967 na cidade de Marburg, na Alemanha.
Trazido por macacos importados de Uganda pro desenvolvimento de vacinas. Ele já causou vários surtos locais, alguns com até 90% de mortalidade, como o surto de Angola em 2005. Sabemos que circula em morcegos frugívoros, que provavelmente são os hospedeiros originais.
Isso porque quase todos os surtos envolveram regiões onde haviam morcegos, como as minas subterrâneas em Durba, na República Democrática do Congo. Mesmo quando falamos de Ebola, estamos falando de várias espécies de vírus. O Ebola Heston, por exemplo, foi o que motivou o filme Epidemia de 1995.
Ele ataca macacos de porcos nas Filipinas, já infectou os criadores de porcos e até tratadores de macacos em Hon, nos Estados Unidos, como retratado no emocionante livro Zona Quente, mas sem causar sintomas. não matou ninguém até hoje. Já o bund bug é o irmão caçula descoberto em 2008 quando causou um surto nessa região de Uganda.
O Ebola Sudão é o irmão mais recluso que só circula na mesma região e o irmão mais velho e mais famoso causador dos maiores estragos é a espécie Ebola Z. Os casos começaram em 1976 no antigo Zaire. A atual República Democrática do Congo, na vila de Yambuku, recebeu o nome do rio próximo, Ebola.
Se você está preocupado com as chances dele vir pro Brasil, entende o que acontece. Como David Quem explica no excelente livro Spillover, o Ebola sempre aparece em regiões próximas a florestas, onde as pessoas entram em contato com carne de caça e carcaças de primatas doentes que viraram comida ou em regiões onde encontram os morcegos. Como discutindo ecologia explica, os surtos cada vez mais comuns estão acontecendo porque uma população cada vez maior vive à beira de florestas desmatadas.
Então, a não ser que você vive uma região desmatada como essa guiné, ou com gorilas ou chimpanzés doentes, ou infestada por morcegos frugívoros africanos, as chances do ebola aparecer são mínimas. E como a transmissão dos filovírus, ebola ou marburg que infectam humanos depende de contato com os fluídos contaminados? A não ser que você seja um enfermeiro ou médico em um hospital que não tem luvas cirúrgicas ou máscara de proteção, ou que você prepare o funeral do seus parentes com banho e limpeza das tripas, você está fora de risco.
O ebola depende tanto do vírus quanto da sociedade para se espalhar. Acompanhe o que se imagina serem os primeiros casos do surto de 2014, que parece ter começado em dezembro de 2013, para ver o quão sombria é essa realidade. O primeiro caso registrado foi uma criança de 2 anos que faleceu.
Em seguida, sua irmã e a mãe que cuidou das duas faleceram. Logo depois, a avó, a enfermeira e a paredeira da vila que cuidaram delas também se infectaram e morreram. Quem atendeu essas pessoas em hospitais ou preparou seus corpos em funerais tradicionais em outras cidades, acabou se contaminando e espalhando vírus ainda mais.
Agné, Serra Leoa, Libéria e até a costa do Marfim são regiões de pobreza extrema que ainda por cima passaram por regimes corruptos e guerras civis que deixaram os países assim. Ainda por cima, a população não confia em agentes de saúde e muitos fogem dos hospitais ou resgatam parentes doentes com medo de que estejam internados pro roubo de órgãos. Como disse o médico do grupo Medicina Sem Fronteiras, que atende a região, parar esse surto depende de um esforço não só para conter o vírus, mas também para ganhar confiança das pessoas.
Quanto ao tratamento secreto de pacientes americanos que se contaminaram, não tem nada de secreto. Ele é feito de anticorpos de pacientes que sobreviveram da mesma maneira que injetam veneno de cobra em cavalos para produzir o soro antiofítico. Essa terapia contra o Ebola já estava em desenvolvimento há anos e é bastante conhecida no meio científico.
Como professor da Universidade de Colúmbia, Vincent Racanielo conta no blog Virology, só que ela não havia sido aprovada para testes em humanos ainda. Quem inventou que o ZMEP seria uma terapia secreta foi a CNN e todos os jornais que copiou Manchetes foram atrás. Se você estava preocupado com ebola, pode ficar tranquilo.
O motivo para não termos uma vacina comercial até hoje é justamente porque ele depende de pobreza para se espalhar. Não se esqueça de curtir e compartilhar o vídeo para que mais pessoas saibam com que realmente se preocupar. Assine nosso canal e até a próxima quinta.
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