Se teve uma ideia que parece não ter feito muito sucesso nos últimos anos, essa ideia foi a do metaverso. Apresentado, inicialmente, pelo então Facebook – que inclusive mudou de nome pra Meta, em alusão ao novo conceito – o metaverso foi recebido com uma salva de críticas – e muito deboche. A apresentação feita por Mark Zuckerberg foi ridicularizada em praticamente todas as redes sociais e, em pouco tempo, o assunto morreu – a maioria de nós, meros mortais, não deu a mínima pra nova tecnologia – e a vida seguiu como se nada tivesse acontecido.
Parecia o fim inevitável de um conto previsível que mal tinha começado e já tinha chegado ao fim. As coisas ficaram ainda piores quando a Meta viu suas ações despencaram após anunciar que o metaverso seria o novo foco da empresa. Isso, somado a um imenso corte de gastos por parte da companhia, fez com que surgisse um cenário pouco otimista sobre o metaverso ser o futuro da tecnologia.
Mesmo assim, diversas empresas passaram a investir bilhões de dólares no desenvolvimento de seus próprios metaversos – só em 2022, o Google anunciou um investimento de quase 40 bilhões de dólares em uma empresa de gestão de investimentos criada exclusivamente pra financiar projetos envolvendo o metaverso. Mas não para por aí. A Microsoft, a Nvidia, a Epic Games – e até mesmo a Nike, a Adidas e a PepsiCo estão investindo no metaverso.
Em 2022, uma matéria da TIME descreveu como o metaverso vai moldar o nosso futuro, mesmo que até agora ele ainda seja algo praticamente desconhecido. Só que no início de 2023, muitas empresas começaram a desistir da ideia do Metaverso, inclusive o Marquinho com sua empresa recentemente renomeada em homenagem ao Metaverso, a Meta. Agora, você já imaginou viver em um mundo virtual, onde tudo é possível, mas de repente tudo desmorona?
O metaverso poderia ser o futuro da humanidade, mas o que de fato aconteceu com essa tecnologia? Descrito pela primeira vez em 1992 numa obra de ficção científica chamada “Snow Crash”, o metaverso é um conceito que ganhou vida e novos contornos nos últimos anos. De maneira simples, ele pode ser definido como um universo virtual que reproduz tudo aquilo que existe no mundo real, só que sem as limitações que o mundo real impõe.
Mas antes de mais nada, é preciso entender que o metaverso do Facebook não é o único metaverso que existe ou que está sendo desenvolvido – na verdade, essa suposição não poderia estar mais equivocada, isso porque diversas empresas para além da Meta vêm investindo pesado no desenvolvimento de metaversos. Além da Meta, que já investiu a quantia astronômica de 100 bilhões de dólares no metaverso, desde que o projeto foi anunciado pela primeira vez, outras gigantes da tecnologia também estão apostando suas fichas, como é o caso da Microsoft. Só em 2022, a Microsoft pagou quase 70 bilhões de dólares na aquisição da Activision Blizzard, uma das maiores desenvolvedoras de jogos do mundo, responsável por títulos de enorme sucesso comercial, como “Call of Duty” e “Warcraft”.
De início, a maioria das empresas foca nos games como uma espécie de carro-chefe. A maioria deles, do ponto de vista estrutural, acaba se adequando e se beneficiando bastante do ecossistema criado por um metaverso, seja ele qual for, o que explica o movimento da Microsoft. Mas também é um equívoco achar que qualquer metaverso se resumiria a isso.
A própria Microsoft afirmou que o seu metaverso explora a capacidade de “construir pontes entre o mundo virtual e o real” – o que, definitivamente, não se resume a jogos: uma das coisas que o metaverso pode alterar drasticamente – e pra melhor – e a forma como a medicina funciona. Uma matéria da Forbes, intitulada “As Incríveis Possibilidades da Medicina no Metaverso”, fala exatamente sobre isso. A telemedicina, por exemplo, que se tornou extremamente popular nos últimos anos, pode receber um grande impulso pra se tornar ainda mais eficiente – e, quem sabe, mais acessível, especialmente levando em consideração que com o avanço de outras tecnologias, como a da realidade virtual, as pessoas não mais estariam restritas aos profissionais das regiões em que vivem, como acontece hoje.
Mas por que tantas empresas estão apostando no metaverso, mesmo depois do aparente desastre do Facebook? A resposta é simples: porque dá certo. Não são só as empresas de tecnologia que estão embarcando nessa, companhias como a Nike e a Adidas estão fazendo o mesmo, só que de uma forma um pouco diferente.
No caso da Nike e da PepsiCo, as duas investiram na compra de espaços dentro do metaverso. Só em 2022, mais de 20 milhões de pessoas haviam visitado a loja virtual da Nike – enquanto a Adidas conseguiu vender 30 mil NFTs em poucas horas, registrando 22 milhões de dólares. E mais: o JP Morgan, banco líder global, estima que as oportunidades dentro do metaverso possam somar 1 trilhão de dólares.
Mas pra entender como o metaverso consegue ser tão rentável, a gente precisa entender como a roda da economia gira por lá. A lógica econômica por trás do metaverso não é muito diferente daquela por trás das redes sociais – mas ela é mais sofisticada. Enquanto a maioria das redes sociais possui um modelo de negócios baseado na coleta e venda de dados, assim como na oferta de anúncios direcionados, o metaverso funciona mais ou menos da mesma forma, só que é muito mais eficiente.
Isso porque o metaverso consegue coletar uma quantidade infinitamente maior de dados dos usuários, pela própria infinidade de coisas que se pode fazer nele, diferente das redes sociais. O fator tempo acaba sendo bem maior também, já que muitos dos mecanismos desenvolvidos nos últimos anos pra prender a nossa atenção nas redes sociais, tem sido aprimorado e utilizado na construção do metaverso, que provavelmente vai conseguir manter níveis de engajamento ainda maiores do que os das plataformas que conhecemos hoje. Apenas pense numa réplica do mundo real, onde diversas decisões aparentemente insignificantes que você toma no dia a dia – como qual roupa vai vestir ou qual item do cardápio vai escolher – estão sendo frequentemente armazenadas e processadas por softwares de inteligência artificial que buscam praticamente decifrar o comportamento humano.
Agora pense que as propagandas que passam na sua tv são diferentes daquelas que passam na tv dos seus amigos, ou que os outdoors que você vê na rua não mostram pra você o mesmo produto que mostram pros seus amigos, quase como se vocês vivessem, literalmente, em universos paralelos. Some isso ao fato de que o metaverso seria muito mais viciante do que as redes sociais de hoje e que a maioria de nós passaria horas a fio na plataforma, que por não ter as mesmas limitações do mundo real, nos apresentaria a uma realidade muito mais prazerosa do que a que conhecemos, de tal forma que a nossa realidade pudesse se tornar algo deprimente, fazendo a gente querer passar ainda mais tempo na plataforma. Com os avanços nas tecnologias que o metaverso precisa pra se tornar o mais imersivo e realista possível, tudo isso estaria a um passo de acontecer bem diante dos nossos olhos.
Muitos dos investimentos feitos nos últimos anos, inclusive, são destinados à pesquisa e desenvolvimento, etapa crucial pra se chegar ao nível de aperfeiçoamento desejado. Tudo isso é muito bonito no papel e parecia promissor, mas o público foi perdendo o interesse no Metaverso e alguns dos motivos começaram a ficar claros no início de 2023. Algumas pessoas argumentam que as tecnologias necessárias pra se usufruir do metaverso ainda são muito caras e nada acessíveis, mas isso poderia mudar em um intervalo de poucos anos – e só pensar no que aconteceu com os smartphones.
10 anos atrás, a maioria de nós destinava uma quantia bem menos robusta pra compra de um celular. Com o passar do tempo, novos modelos surgiram, de diversas marcas diferentes, e o produto se tornou muito mais acessível. Num intervalo de poucos anos, quase todo mundo podia comprar um celular.
Em 2022, quase 5 bilhões de pessoas usavam redes sociais. Considerando que a população mundial estava na casa dos 8 bilhões – e desconsiderando as crianças menores de 10 anos – podemos dizer que literalmente metade do mundo já vive dentro desse mundo virtual. Porém, segundo matéria do Young Professionals Council, as redes sociais ainda focam no consumidor comum, já as plataformas do metaverso direcionaram seu marketing não em torno do que os consumidores querem, mas sim ao que o comércio, os investidores e outros que buscam colher lucros com a plataforma querem.
O metaverso sempre teve a intenção de ser centrado no comércio, mas nenhum mercado é bem-sucedido se não tiver consumidores médios que consumam esse tráfego digital. E esse é só um dos problemas do Metaverso Escrito por Platão, o Mito da Caverna descrevia como o medo do desconhecido é algo que assombra os homens. Até hoje, parece que pouca coisa mudou.
A biologia explica esse fenômeno: apesar de ser comumente considerado algo ruim, em muitos casos, o medo é o que nos mantém vivos. E o que isso tem a ver com o tema desse vídeo? Bom, quase sempre, quando uma nova tecnologia é apresentada, ela é desacreditada – como o telefone, descrito por alguns como sendo algo com “óbvias limitações, não muito diferente de um brinquedo”.
Ou o automóvel, descrito em 1899 numa revista norte-americana como sendo “uma carruagem sem cavalos, um presente de luxo para os ricos, cujo preço muito embora irá cair no futuro, nunca irá ser tão comum quanto a bicicleta. ” Algumas décadas depois, a Ford acumulava a venda de 15 milhões de unidades do Ford Modelo T, um dos precursores da indústria automotiva. Ou, ainda, o computador pessoal.
Na década de 70, Ken Olson – co-fundador da Digital Equipment Corporation, empresa pioneira na indústria de computadores – afirmou que “não há qualquer razão pra que alguém queira ter um computador em casa. ” Em 2012, cerca de 80% dos lares norte-americanos tinham um computador. A lista é imensa e poderíamos passar horas listando aqui todas as coisas pras quais as pessoas simplesmente não deram a mínima, seja porque não pareciam promissoras ou por que sequer pareciam interessantes na época.
Essas tecnologias eram desacreditadas no início, mas com o tempo provaram ter seu valor, diferente do Metaverso, que não é, essencialmente, uma ideia ruim – mas um conceito ainda muito abstrato. Suas vantagens e desvantagens, suas oportunidades e seus desafios – tudo isso existe, mas ainda é cedo demais pra enxergar, e no mundo atual, onde as coisas acontecem muito rapidamente e a internet evolui ainda mais rápido, talvez não tenhamos paciência para dar tempo ao tempo para uma ideia que nem entendemos exatamente o que é. E esse é outro problema.
O metaverso do Zuckerberg, na verdade, tem alguns problemas, e um deles é que ninguém parece saber exatamente o que ele é - mesmo Zuckerberg, que se apresenta como o líder do movimento, parece não conseguir chegar a uma definição e oferecer algo para o público além de jogos online, ir na academia e trabalhar. Pessoas como eu e você iríamos demorar muito mais pra se adaptar a essa nova ideia, mas o fato curioso é que mesmo sendo algo abstrato e sem um propósito definido, é que não era só o Facebook/Meta que tava investindo nisso, diversas empresas, de vários segmentos diferentes, estavam apostando suas fichas num futuro pautado pela integração entre o real e o virtual. É comum acontecer de uma ou outra empresa mirar num objetivo de longo prazo que, simplesmente, não demonstra ser bem sucedido.
A história está repleta de exemplos assim. Mas, dificilmente, várias empresas diferentes cometeriam o mesmo erro. E esse é um ponto para ficar ligado no futuro, será que todas essas empresas estão indo na direção errada e investindo em algo que no fim não vai dar em nada?
Por que ainda que o Facebook tenha feito uma apresentação medíocre e honestamente ridícula do metaverso deles, isso não significa muita coisa – outros indicadores, como os próprios investimentos por parte de outras empresas em suas próprias plataformas, devem ser levados mais em consideração. E simplesmente relacionar o Metaverso à pessoa Mark Zuckerberg é uma visão simplista e ao mesmo tempo desastrosa para a ideia. Segundo Herman Narula, o diretor e cofundador da empresa de tecnologia Improbable, disse que “Não foi somente a mudança de nome da empresa de Facebook para Meta que assustou.
Foi a estratégia completamente desastrosa que se seguiu. Cada empresa que desejava construir serviços relevantes para o metaverso sentiu um medo profundo (sobre a Meta ser a dona do Metaverso) . ”.
O Metaverso surgiu numa hora em que o Mark e o facebook não eram unanimidades de adoração e ele estava recebendo muitas criticas por conta de vários escândalos. Então, por que as pessoas iriam confiar nele agora? No mais, tudo que vem acontecendo de transformações relacionadas à IA podem ser usadas e aproveitadas agora, enquanto o Metaverso segue sendo uma incógnita que não se sabe ao certo quando, e se irá vingar.
Segundo Scott Kessler, analista do setor de tecnologia, a IA parece ser dinheiro agora, enquanto o metaverso parece ser "quem sabe dinheiro em algum momento no futuro, mas não agora". Por isso, muitas empresas estão simplesmente desistindo da ideia. E segundo uma matéria do Business Insider, a próxima grande ideia do Vale do Silício está tendo um choque de realidade.
Em janeiro de 2023, tanto a Apple quanto a Microsoft interromperam projetos especulativos envolvendo realidade aumentada e virtual. Segundo o Wall Street Journal, a Disney encerrou a divisão que estava desenvolvendo suas estratégias de metaverso, a Microsoft recentemente fechou uma plataforma social de realidade virtual que adquiriu em 2017, e Mark Zuckerberg quer focar mais em inteligência artificial, de acordo com uma conferência de resultados em Março. Uma matéria do Business Insider vai ainda mais longe, dizendo que o Metaverso já está morto basicamente porque Zuckerberg falhou em articular os problemas básicos que o Metaverso solucionaria.
Se até o Marquinho, que tava apostando alto no Metaverso, mudando até o nome da empresa para Meta, tá querendo focar mais em inteligência artificial, resta quem para apostar no Metaverso? O que você acha do Metaverso? Comenta aqui em baixo.
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