externos influenciam o tempo todo nossas jornadas e as tornam únicas e complexas Mas e se pudéssemos ser responsáveis por um pequeno estímulo capaz de impactar de forma positiva uma vida inteira e se criássemos oportunidades de Minimizar vulnerabilidades e de alguma forma mudássemos uma trajetória acreditamos que sim isso é possível e por isso desde 2003 apoiamos projetos inspiradores com objetivo de incentivar o protagonismo social acreditamos que podemos gerar o impacto hoje para que versões cada vez mais felizes dessas histórias possam ser escritas Num futuro próximo Instituto CPFL energia que transforma realidades 2023 O Café Filosófico Faz
20 anos são mais de 950 palestras realizadas mais de 3000 horas de gravação mais de 1000 episódios na TV Cultura uma comunidade digital com quase 1 milhão de pessoas mais de 1200 vídeos no YouTube mais de 42 milhões de visualizações nesses 20 anos construímos mais do que números construímos relações conectamos histórias tudo isso só foi possível porque você faz parte dessa história o café agradece o time técnico e agradece a todos os nossos amigos palestrantes e curadores em especial a você C [Música] boa noite sejam bem-vindos a mais uma gravação do Café Filosófico CPFL Boa
noite a todo mundo que tá aqui em Campinas na gravação Boa noite Também quem tá acompanhando a gente pelo Instagram e pelo YouTube eh aproveito para fazer o convite para quem ainda não nos segue nas redes sociais para seguir ativar o Sininho para ter as notificações em primeira mão da nossa programação programação desse ano que é uma programação especial porque é o ano que que fazemos 20 anos né e um pouco da nossa história em 2003 nasceu o Café Filosófico concebido pelo aqui no espaço cultural CPFL era esse o nome do que hoje conhecemos como
o Instituto CPFL e nesse ano de comemorações o Instituto CPFL está fazendo a curadoria do café que segue refletindo sobre temas que são essenciais em nossa vida que vem sendo bastante afetados também pela conectividade os temas são amor família casamento sexualidade infância adolescência envelhecimento e morte e o tema de hoje é o que é ser criança hoje com a psicanalista Julieta jerusalinsky por favor recebam com aplausos a nossa convidada de hoje [Aplausos] Julieta é psicanalista mestre e Doutora em psicologia clínica Pela PUC São Paulo especialista em estimulação precoce clínica transdisciplinar de bebês professora de pós-graduação
da PUC São Paulo e do Instituto travessias da infância além de fundadora da rede bebê Julieta seja bem-vinda novamente ao Café Filosófico a palavra é sua boa noite é um prazer tá aqui com vocês eh e parabenizo o Café Filosófico pelos seus 20 anos são vocês que fazem o aniversário e nós que ganhamos o presente porque é uma honra poder fazer parte de um programa que tem permitido tocar em temas cruciais da nossa cultura do nosso laço social com a devida extensão simbólica que esses as assuntos exigem eh não atropelando eh a lógica da complexidade
então quando me chegou o convite para abordar o tema da infância eu propus que a gente pudesse abordar e partir de uma questão o que que é ser criança hoje porque claro que é preciso que a gente possa considerar o que que faz parte estruturalmente de ser criança ou seja levar uma criança a sério não é suprimir a diferença que há entre uma criança e um adulto não se trata de apagar essa diferença vocês sabem que lá desde o início da psicanálise quando Freud propunha o tratamento por meio da associação livre ele logo considerou e
os colegas que com ele trabalhavam que o método da associação livre não se aplicava bem às crianças porque a maneira que as crianças têm de circular pela linguagem não é a mesma do que a de um adulto e não é simplesmente porque uma criança eh não tem ainda toda a complexidade léxica e gramatical de um adulto Mas porque o seu próprio lugar o lugar desde o qual uma criança toma palavra diferente Ou seja a possibilidade de se e historizar não é a mesma dada grande mobilidade que ainda tem na infância então naquele momento já se
dizia que se no tratamento dos adultos a gente tem a associação livre na clínica de crianças a gente tem o brincar é pelo brincar que as crianças revelam como elas estão elaborando o que lhes Coube viver e é pelo brincar que as crianças também elaboram outras respostas às contingências da sua vida então portanto a gente precisa pensar que a criança ela não é um adulto inacabado uma criança o tempo da infância tem recursos próprios e brincar é um deles e e portanto nós não vamos diminuir o lugar da criança nem tratá-la de um jeito infantiloide
Vamos considerar e justamente Como na infância há recursos que são próprios e também a maneiras próprias de revelar o sofrimento sim porque as crianças sofrem não só as crianças mas os bebês também e esses Sofrimentos eles não se reduzem apenas a moléstias orgânicas também há Sofrimentos psíquicos que precisam ser considerados então Então esse é um Ponto Central porque muitas vezes se tende a idealizar a infância e a querer suprimir e a faceta de Sofrimento que a infância pode ter também vejam e quando a gente considera infância como um momento da vida específico é um momento
da Vida na qual se está no qual se está em estruturação é um momento ao longo do qual as experiências de vida vão ser decisivas para quem Alguém irá se tornar então a gente esse título O que é e ser criança hoje por um lado implica considerar o que que tem de próprio no tempo da infância mas também considerar uma dimensão histórica ser criança hoje em dia não é igual a ser criança há 20 anos atrás quando eu O Café Filosófico começou há transformações da sociedade e essas transformações atravessam a infância Então vou trazer só
alguns flashes disso para que a gente possa pensar que o lugar da criança na antiguidade eh na Idade Média ou no início da modernidade não é o mesmo Você sabem que inclusive o termo infância deriva de infans que vem do latim que denota aquele que não fala e infans eh na Roma antiga designava não só as crianças como também as mulheres e os escravos ou seja aqueles que não tinham lugar de fala enquanto cidadãos dando um salto Colossal a gente pode referir Claro o Supra citado Felipe arrier no história social da Criança e da família
quando ele nos conta da enorme mortalidade infantil que havia durante a idade média a tal ponto de que ele faz todo um estudo da representação pictográfica da Infância e também dos túmulos do registro das Crianças em túmulos e apesar dessa enorme mortalidade infantil não tinha túmulos para as crianças era tal a mortalidade que para que uma criança fosse considerada um membro de uma família recebesse um nome e portanto tivesse as devidas honras de um enterro Primeiro ela tinha que vingar também o Felipe arrianos conta e isso é fácil da gente observar como nas primeiras representações
pictóricas que se fazem das Crianças as crianças elas são representadas como adultos em min Natura as proporções corporais que se fazem das crianças são as mesmas do que adultos só que menores e justamente isso tem a ver com o que que se pensava que era uma criança uma criança era uma espécie de adulto torpe em miniatura que teria que crescer mas que não se considerava esse tempo da infância como um momento específico com características próprias diferentes da vida adulta ou diferentes até mesmo da adolescência e portanto aqui vai aparecendo como a gente não tem como
pensar infância sem essa dimensão histórica sem essa dimensão temporal que vai produzindo transformações na representação que se faz da infância mas que para além desses conceitos a representação que se faz da infância reber Bera no modo em que uma criança é cuidada dentro de uma determinada época mas não basta só que a gente Pense numa dimensão de uma linha temporal também é preciso que a gente pense lugares há lugares diferentes em diferentes territorialidades a gente tem infâncias vividas de modos diversos mesmo em meio ao achatamento que e homogeneização que a globalização produz há diferenças culturais
e também diferenças econômicas que impõe realidades muito diferentes acerca de como uma criança vive a sua própria infância num tempo em que o Brasil volta ao mapa da Fome Essa não é uma questão menor é algo que precisamos considerar eh e precisamos considerar porque eh nós vamos nos encontrando quando uma criança eh e toda uma população ela é submetida a situações de vulnerabilidade quando as crianças são submetidas a situações de negligências e de privações até mesmo de questões mais básicas como acesso a alimento moradia saneamento vacina pode se pensar que considerar o sofrimento psíquico Seria
algo menor e não é hum ou seja Todas aquelas aquisições que são necessárias ao longo da infância toda a sequência que uma criança percorre para adquirir a linguagem e se tornar falante e todas as sequências que uma criança percorre na construção do seu pensamento lógico para poder poder aprender todas as aquisições que uma criança produz no estabelecimento da sua imagem e dos seus esquemas corporais ou de hábitos da Cultura como largar chupeta largar mamadeira eh largar as fraldas aprender a caminhar e falar eh todas essas são aquisições que sem dúvida se apoiam num equipamento neuroanatômicas
que torna Isso possível ou não Por exemplo por mais que a gente queira é que uma criança de menos de um ano Faça xixi ou cocô numa privada realize controle esfincteriano ela não tem equipamento neuroanatômicas e muitas vezes se tende a pensar que as conquistas que uma criança faz ao longo do desenvolvimento dependeriam quase que exclusivamente de fatores orgânicos como se uma criança sendo saudável sendo hígida organicamente bastasse que o tempo passasse que ela matasse para poder produzir certas realizações já faz bastante tempo que a gente sabe que com isso não basta um equipamento neuroanatômicas
mas o que causa essas aquisições é o desejo é o desejo dessa criança querer crescer e um desejo do outro familiar cultural escolar e quando necessário também terapêutico é de que essa criança realize essas Produções em nome do seu desejo por isso que é tão importante que nós consideremos longe de idealizar a infância que a gente reconheça o sofrimento que há e que recai sobre a infância em cada uma das épocas em que se vive na atualidade nós vamos nos encontrando com uma infância que muitas vezes está exposta a vulnerabilidade que ela está negligenciada eh
em direitos primordiais e que logo na sequência É psicopatologicos temos vivido uma verdadeira explosão uma verdadeira pandemia de psicodiagnósticos aplicados a infância em tempos cada vez mais precoces eh seja de transtorno do espectro autista de transtornos do déficit de atenção e hiperatividade de transtornos eh opos ites desafiadores E por aí vai então precisamos perguntar o que está acontecendo vocês sabem que é importantíssimo que a gente tenha essa dimensão temporal porque vai mudando a régua com a qual se mede determinados fenômenos ao longo do tempo H um tempo atrás é num num artigo que eu escrevi
sobre medicalização num livro que trata sobre esse tema eh eu fazia um desafio dizia comparemos os joelhos das crianças de hoje em dia com os joelhos das crianças de 40 ou 50 anos atrás são iguais não há 50 ou 40 anos atrás as crianças tinham tantos rões nos seus joelhos que não dava tempo de cicatrizar um que vinha a outro na atualidade quando uma criança chega no consultório ou o filho de um amigo chega com um ralão Zinho a gente pergunta que foi que te aconteceu então mudou a régua com a qual se mede o
fenômeno isso é importantíssimo porque vocês sabem que ao final do eh século XX entre meados do século XX e mais é pro final viver em centros urbanos representava a chance de ter acesso a equipamentos de saúde do final do século XX pro início do Século XXI a gente registra que viverem grandes centros urbanos produz doenças produz doenças que são causadas pelo modo de vida que as pessoas têm nos centros urbanos Então a gente vai se encontrando com enormes índices por exemplo de hiperatividades para uma criança que a gente teria que pensar isso é simplesmente porque
a criança nasceu assim porque ela geneticamente tem essas características porque ela nasceu agitada sem dúvida que Não nascemos todos iguais mas a gente também tem que se perguntar que consequências tem para uma criança viver trancafiada dentro de casa porque a rua deixou de ser um lugar seguro onde se pode brincar Então a gente tem que considerar em que condições uma criança vive considerar isso é decisivo para que a gente Produza políticas públicas que engendram situações favoráveis paraa estruturação da infância porque senão a gente vai ter uma infância que acaba sendo capturada D dentro de grandes
classificações psicopatológicas mas que Muitas delas no fundo não tiveram um ambiente favorável para justamente poderem se desenvolver então a gente foi falando um pouquinho do que que acontece por exemplo das crianças em grandes centros urbanos e tem muitas outras questões que não é só com as crianças nos centros urbanos a gente tem obesidade eh distúrbios alimentares por quê Porque se rompem também os rituais coletivos de compartilhar as horas das refeições e ou por exemplo a gente tem índices alarmantes de insônia em todas as idades que que isso tem a ver eh com uma falta de
deslocamento de atividade física e com o fato de que permanentemente vi temos conectados aos nossos aparelhos e de celulares que não dormem nunca Então a gente tem que pensar eh todas esses quadros da contemporaneidade essas formas do sofrimento não só como algo que seria tributável a uma origem orgânica de base claro que sempre é preciso eh investigar fatores orgânicos Mas além disso a gente tem que se perguntar pelos fatores ambientais Nos quais alguém vive há muito tempo se sabe que não basta ter uma certa carga genética não nós não viemos todos ao mundo com a
mesma carga Genética é mas que mesmo essa genética para se manifestar precisa dos fatores epigenéticos dos fatores ambientais e os fatores ambientais não são AP as temperaturas os níveis de estress a água que a gente bebe o ar que a gente respira certamente também mas pro ser humano tem um fator ambiental que é crucial que é talvez a espécie para qual isso é mais crucial que é a relação com o outro e a relação com outro ela é decisiva e quando a gente fala de outro a gente não tá só se referindo a mãe que
certamente é muito importante para um bebê aqui entendida não como a mãe biológica Mas quem exerce a função materna como um bebê mas nós estamos nos referindo a todas as instâncias que estendem o laço desse bebê quando ele se torna criança e que dão suporte para alguém que sustenta a função materna a família extensa hum a escola eh toda a rede de apoio de saúde toda a cultura e a sociedade e a cultura não tem ajudado muito os pais a fazerem os seus exercícios de função materna e função paterna que não são competências isoladas ou
individuais existe exigem toda uma retaguarda e todo um suporte bem então quando a gente dera certas circunstâncias de vulnerabilidade Hum eu separei uma imagem aqui para você do B eh essa imagem dessa criança com um salvavida no formato de coração nos lembra eh de um mundo no qual nós temos crianças que migram diante de situações sociais de estados fundamentalistas totalitarismos guerras e exclusões econômicas e isso implica todo um rompimento de raízes com a família extensa que dão Esteio eh para um pai e ou uma mãe cuidar do seu filho implica todo o rompimento com os
amigos eh e muitas vezes se passa a viver de uma forma isolada dentro de uma nova cultura e de uma sociedade e como é cuidar de uma criança quando os próprios pais estão excluídos do laço social isso é muito duro por isso que para pensar na infância para considerar os cuidados da infância é imprescindível que a gente cuide também de quem cuida isso é decisivo porque não só a gente vai se encontrando com pais que eles são excluídos de direitos trabalhistas de direitos do cidadão mas também numa outra Instância pais que padecem de uma falta
de reconhecimento do valor cultural do seu saber então Eh por exemplo para trazer um uma uma questão sobre isso vocês sabem que eh no diálogo com os colegas da saúde pública aqui de São Paulo a gente foi se encontrando que eh no dentro dos serviços dos Caps J que é o serviço de saúde mental dedicado à infância e adolescência da região central de São Paulo foi se encontrando índices alarmantes de Diagnósticos de transtorno do espectro autista em entre filhos de imigrantes e muitas das Mães dessas crianças trabalhavam como costureiras Ilegais eh Trago essa questão porque
o Freud é no texto além do princípio do Prazer ele fala de uma brincadeira muito importante que tem na infância Ele conta do seu netinho Ernest que com um e meio Quando a mãe saía para resolver pequenas coisas do cotidiano ele pegava um carretel amarrado numa cordinha e o jogava para trás da eh Barra da Saia do seu berço e o recuperava dizendo oh a Fort dá em alemão algo como aqui e lá ele expulsava e recuperava esse carretel e essa brincadeira ela tem um valor paradigmático importantíssimo porque é o momento que uma criança em
vez de se desesperar porque a mãe sai em vez de se agarrar na Barra da Saia da mãe ela produz uma invenção Freud nos diz que quando as crianças brincam elas o brincar de uma criança é uma alta realização cultural porque ela abre mão de uma satisfação pulsional imediata hum de uma satisfação imediata dos seus anseios e no lugar disso ela cria algo ela produz uma invenção bem muitas dessas crianças eh que receberam esse diagnóstico de transtorno do espectro autista tavam ali e não faltavam carretéis que que faltava para elas uma dimensão simbólica que lhes
permitisse sustentar o brincar aqui tem algo importantíssimo Porque se o brincar é futurante do sujeito na infância não é compulsório nem toda a criança brinca e uma criança que não consegue brincar está nos informando de um enorme sofrimento psíquico bem e vocês vão perguntar mas essas crianças efetivamente tinham quadros de autismo não nem todas o autismo é um quadro no qual há uma exclusão radical do outro onde não há uma condição de um prazer compartilhado lúdico e bom e nem todas as essas crianças estavam nessa condição algumas delas estavam em condições de retraimento de depressões
eh de mutismo seletivos chegavam na escola e não diziam uma única palavra e alguns dos seus pais foram eh eh eh foi dito para algum uns dos Pais dessas crianças lhes foi recomendado que não falassem com eh o seus filhos na sua língua materna que para que essas crianças melhor se adaptassem os pais tinham que falar com elas em português que tipo de indicação é essa Desde quando um profissional pode interromper o endereçamento que e um pai ou uma mãe ten a fazer ao seu filho né eu me lembro alguns anos atrás que eu atendi
um menino grego que recebeu essa eh cuja mãe recebeu essa mesma indicação ela em certo momento vendo Então como andava esse tratamento e como eu falava com ele como eu aprendi um tive que aprender um pouquinho de grego e para poder fazer parte da história deles ela se aventurou a me dizer que ela tinha recebido essa Mãe essa recomendação mas que ela não conseguia evitar falar grego com o seu filho em alguns momentos e eu lhe disse quais ela disse bom quando eu tô muito brava ou quando eu sou muito carinhosa eu digo os momentos
que importam fora isso que importância tem o resto eh eh a não ser esses momentos do que o mamãe tem a transmitir para seu filho e ela me disse que que eu faço e eu lhe disse diga o que você tem a dizer pro teu filho porque só você pode fazer isso Em Que Língua isso vem nós veremos depois é o que importa é que você não deixe de se endereçar a ele então pensem o que que acontece quando pais pela sua condição de migrantes eles são destituídos do único saber que dá um lugar desejante
para essa criança no mundo para que a criança não vire uma pura e simples casca adaptativa desmiolada de desejo Então isso é algo pelo qual a gente precisa zelar nós temos que cuidar de quem cuida e portanto essas situações de vulnerabilidade elas produzem muito sofrimento hum ou por exemplo quando a gente pensa o que aconteceu H algum tempo na fronteira entre o México e os Estados Unidos de crianças que foram retiradas dos seus pais por serem Imigrantes Ilegais vocês têm alguma dúvida de que entre essas crianças Vai ter muito mais quadros psicopatológicos por uma circunstância
que produziu um sofrimento Colossal um rompimento com o que são as identificações primárias que que são as identificações primárias aquelas séries eh que eh a gente vai estendendo na vida ou seja antes de que uma criança possa falar de si possa contar a sua história ela precisa ser levada em conta por outro é sempre primeiro o outro que conta a nossa história e que nos dá um lugar para ser no mundo e que se isso é aniquilado uma criança ela vai cair num sofrimento psíquico por um desnorteamento por um Anonimato queria trazer também para vocês
uma outra imagem uma imagem de um artista chamado cobre tá essa imagem ela tá eh é um Grafite Feito numa praia do litoral de Santa Catarina sempre que eu vou pra praia eu estaciono o meu carro na frente desse grafite porque não tem como eh não se tocar eh pelo olhar desse Curumim a tristeza sábia de quem testemunha atos e desejos de extermínio de seus seres queridos e da sua cultura e so brutal porque para que uma criança deseje crescer para que ela deseje e tenha forças para se tornar membro de uma sociedade com todas
as restrições também de satisfações que implica fazer parte de uma sociedade é preciso que ela tenha esperança de futuro para realizar os seus ideais Senão nós sem essa esperança de futuro para realizar os ideais nós vamos ter uma infância absolutamente melancolizar eh quando se aniquila a esperança de que o mundo ele possa ser transformado com os ideais utópicos se aniquila o desejo de uma criança ser grande se tornar grande e eu adoro essa maneira que as crianças têm de falar sobre o futura as crianças Dizem quando eu for grande porque essa é uma maneira de
dizer em que a criança coagula a um só tempo o tornar-se adulto o crescer e também realizar os ideais ou seja essa esperança de que crescendo e se tornando adulto vai ser possível realizar os ideais isso é algo crucial na infância Hum então portanto se se aniquila esse eh essa esperança de futuro numa sociedade eh se aniquila o laço social e o projeto civilizatório e coletivo por isso que é tão importante que a gente pense o que que é educar uma criança educar uma criança não é simplesmente submeter uma criança à força para que ela
obedeça ao que é certo Digo porque hoje em dia é a gente teve uma longa his muito disciplinar com a infância na atualidade Isso volta com muita força com uma ideia muito performática de que a criança é precisa fazer o que o outro quer que ela faça me surpreende com que naturalidade Muitos pais têm chegado aos consultórios dizendo que a criança obedece ou não obedece a comandos vocês também têm escutado isso eu acho isso chocante assustador Como assim obedece a comandos nós estamos falando de um exército nós estamos falando de um adestramento de animais não
educar não é isso educar não é submeter uma criança força educar não é treinar por repetição é como a gente tem encontrado uma ade de técnicas na cultura para que a criança durma desfraude fale obedeça por um treinamento Ou seja é se vendem técnicas padronizadas para que a criança faça o que o outro quer vejam Não é dessa maneira que nesse cruzamento da psicanálise com Campo da educação Nós pensamos que a importante avançar hum Ou seja a criança ela precisa ser considerada como um sujeito do desejo em estruturação E é claro que um professor quer
que uma criança aprenda é claro que nós queremos quando por exemplo uma criança num tratamento fon audiológico Porque tem uma dificuldade que ela fale É é claro que nós queremos que uma criança domine a sua psicomotricidade e participe do coletivo dentro dos hábitos da cultura mas não por um submetimento tem uma volta mais que a gente precisa considerar não se trata simplesmente de que a criança faça o que o outro quer a questão e a volta mais é como nós vamos despertar o desejo para que a criança deseje realizar é aquilo que tem valor dentro
da sua cultura ou seja como é que a gente desperta numa criança o desejo de realizar certos ideais Então se trata de como a gente vai produzir um elo e sustentar o enlaçamento entre o desejo da Criança e a cultura como uma realização para que a criança possa querer ser escritor pintor cozinheiro jardineiro motorista enfim seja lá por onde passa o seu prazer e que se engate com certo eh ideal cultural em nome do qual ela é capaz inclusive de produzir certas renúncias Esse é um ponto crucial que a gente precisa considerar porque na atualidade
a gente tem se encontrado com uma cultura que sublinha o tempo inteiro que o que importa são os objetos e vai se produzindo um modo de Educar no qual os pais dizem coisas da seguinte ordem larga a chupeta que eu te dou um carrinho bem e você quer e aqui que a criança vai dizer Claro que sim e vai ficar com o carrinho que que a criança vai fazer na hora de dormir vai pedir a chupeta porque como também Freud nos diz a criança quer nada menos exige nada menos do que tudo bem então vai
se produzindo uma ideia de troca troca como se nada se perdesse certo como se não houvesse nenhuma renúncia eh e a gente pode pensar Qual é a vantagem que uma criança tem por exemplo de largar as fraldas dá um trabalho danado tem que segurar tem que parar brincadeira tem que até o banheiro que tipo de ganho tem deixar de usar fraudas e muitas vezes nessas negociatas se promete pra criança um troca troca onde ela supostamente sairia ganhando Hum o que é um embuste O que é uma mentira e que a criança denuncia isso denuncia essa
mentira Hum porque vejam é a única ade para que uma criança de fato ela não simplesmente se adapte ao que o outro quer mas para que ela se estruture se aproprie de uma determinada questão do desenvolvimento é que ela se orgulhe disso como uma conquista Ou seja que a criança diga eu não uso mais fraldas porque eu não sou mais bebê quer dizer ela deixa ela tem uma perda real e um ganho simbólico ou seja ela tem um ganho na direção dos ideais ela faz algo do qual ela pode se orgulhar e a gente vai
se encontrando com uma forma de Educar que o tempo inteiro sublinha a importância do objeto em detrimento dos ideais Então os pais passam a ser os detentores dos objetos eles entregam objetos como prêmios e retiram objetos como castigos é já a essa altura do ano já deve ter muita criança que tá proibida de jogar eh brincar com videogame até o natal é claro que são privações que depois os próprios pais não suportam exercer mas de qualquer maneira Quando se diz para uma criança se você não toma banho eu te privo disso ou daquilo ou do
outro ou se você não se sentar na mesa ou seja lá qual for a questão do cotidiano o que tá se fazendo submetimento da Criança em nome de um objeto e se suprime da educação da criança uma interrogação Por que tipo de pessoa você quer ser hum que tipo de relação você tem com os ideais porque claro que um pai ou uma mãe são pessoas que têm sobre si a responsabilidade da criança e o lugar de desejo deles contam Mas de onde vem a autoridade de um adulto a autoridade de um adulto é vem de
que ele também não faz o que ele bem entende ele também cuida da criança dentro da cultura o adulto também produz restrições do seu próprio gozo para educar uma criança então e se tira ou se dá objetos e se suprime a interrogação você acha que tá certo isso que você fez isso deixa de operar essa interrogação é é na transmissão entre gerações ela é crucial então vejam quando se rompe a esperança e no pacto civilizatório quando a transmissão de entre gerações deixa de est pautada em ideais e digo em certos ideais que tem o seu
quê de utópico porque não é que nós realizamos plenamente os ideais a gente bem que se força na vida adulta mas é lidar com os ideais e acima de tudo lidar com eles e lidar também com a nossa falta Sé lidar com aquilo que não implica que nós eh fazemos tudo aquilo que nós desejaríamos realizar então a gente tem que lidar com a nossa falta s mas quando se rompe esse Esteio desses ideais coletivos e que que acontece a gente passa a viver numa sociedade em que as pessoas cada vez mais são lançadas eh a
sua própria sorte eh a uma espécie de rivalidade de sobrevivência com o outro se a gente não tem esperança num coletivo Então por que que mesmo vai se produzir renúncias em nome de ideais comuns E aí fica gigantesca a brecha paraa destrutividade pra intolerância e paraa violência contra a infância como a gente tem tristemente testemunhado e muitas vezes também exercida por próprias crianças menores de idade que passam ao ato insufladas por lógicas performáticas de violência Hum e e incitadas por discursos do ódio então Eh retomar essa dimensão de uma esperança num pacto civilizatório de que
a gente pense Quais são os ideais que nos unem Porque quanto mais Ampla puder ser a palavra nós hum quanto mais a gente pudesse sentir representado é numa enorme diversidade ética e cultural todos como seres humanos mais chances a cultura e a civilização não tem de ir adiante quando se cai numa lógica de intolerância de aniquilamento ao diferente e se abre brecha para todo tipo de destrutividade e violência bom então vejam que até aqui a gente falou que tem uma dimensão histórica que modifica o lugar da Infância e que isso tem consequências pro lugar que
se dá para cada criança dentro de uma sociedade bem como o fato de que mesmo em um mesmo tempo a gente pode ter infâncias muito diferentes entre si eh quando a gente então pensa o lugar que a infância tinha eh na modernidade não tem como a gente não lembrar de um texto do Freud chamado introdução ao narcisismo nesse texto o Freud fala de Sua Majestade o bebê eh E ele nos traz a cena quase eh cinematográfica de um carrinho de bebê que tem que atravessar o trânsito claro nós estamos ali em 1914 um trânsito feito
de carruagens e carroças que se detém para que passe Sua Majestade o bebé por que Sua Majestade o bebê justamente porque é aquele ao qual eh os adultos se identificam e pela sua potência infantil aquele que não tá sujeito às mazelas aquele que não tá sujeito às renúncias do prazer e às limitações de suas vontades como nós adultos Hum então esse lugar narcísico que a criança tem nos diz Freud nesse texto também ele não é só da família e Um Bebê uma criança as crianças para nós como toda uma sociedade elas estão nesse lugar nos
diz Freud de que elas venham a triunfar onde nós fracassamos a gente tem essa Esperança na geração seguinte Ainda bem hum a gente quer que a geração seguinte não repita os mesmos erros não tropece nas mesmas pedras eh não passe as mesmas dificuldades que a gente passou e é por isso que cada geração ela procura transmitir pra geração seguinte aquilo que aprendeu e aqui eu não tô falando simplesmente de um conhecimento intelectual eu tô falando desse saber que se constrói na vida com o qual a gente paga com o nosso corpo com a nossa Libra
de carne as encrencas que nos tocou viver e a gente quer contar isso pra geração seguinte adverti-las o tanto que a gente puder para que eles não consumam as suas energias com os mesmos erros por isso que é muito importante que a gente pense que leitura a gente faz dessa frase do Freud que a geração seguinte possa triunfar onde nós fracassamos porque essa Ela poderia ser e não é o que o Freud disse mas poderia ser arrastada numa direção de uma espéci de Triunfo individual contra o outro hum no individualismo de ter sucesso sobre o
outro e a gente vai se encontrando com uma sociedade muito competitiva a gente vai se encontrando com como as crianças reproduzem isso por exemplo com uma prática do Bullying é e o bullying é que a gente testemunha nos grupos sociais das crianças nas escolas ou inclusive através dos apedrejamentos virtuais não é simplesmente uma consequência de que a criança não está suficientemente civilizada e estaria num estado selvagem as crianças quando fazem bullying a gente tem que pensar se elas não estão justamente reproduzindo um sintoma social que é É pisar no pescoço do outro se prevalecer da
fraqueza do outro como se se tratasse de um triunfo individual de um sucesso individual Não é disso que o Freud tá nos falando ele tá nos falando justamente de como enquanto sociedade a gente precisa refletir muito sobre os nossos fracassos porque tudo aquilo que a gente não recorda e elabora a gente Pete e tem em certos momentos da história a gente tem a sensação de uma humanidade que parece caminhar em círculos repetindo velhos erros e a gente precisa eh elaborar nós precisamos conversar com as crianças sobre os fracassos de outrora isso é crucial eh vejam
nesse movimento entre gerações acontece algo importantíssimo porque eh uma criança ela brinca quando a uma criança brinca ela brinca de encarnar os ideais é por isso que as crianças as brincadeiras das Crianças Elas têm dramas éticos Elas têm privações Elas têm poderes Elas têm conflitos conflitos que têm a ver com aquilo que a criança atravessa e a criança brinca de encarnar ideais eh mais adiante quando finda a infância e começa a adolescência vai inspirando essa brincadeira de F de conta e passa a recair sobre os ombros de um adolescente cada vez mais a responsabilidade sobre
os seus atos e um adolescente é alguém que sim começa cada vez mais a tomar a palavra em nome próprio eh de uma criança são os pais que respondem por ela e que dão armam uma suplência da palavra da criança né por isso que quando uma criança nos fala eu acho isso tão enternecedor quando a gente tem eh crianças de eh 3 anos que nos dizem coisas como Lembra quando eu era pequeno e começam a nos contar mas logo nos dizem me ajuda como era isso mesmo ou seja elas pedem as crianças pequenas que a
gente arme suplência porque elas ainda não conseguem se contar sozinhas elas precisam desse suporte desse outro que tá encarnado hum encarnado em quem cuida dela né um adulto não por exemplo um adulto quando vai a tratamento ele nos fala da mãe do pai da babá dos tios dos professores e dos vizinhos E por aí vai isso tá inscrito nele para uma criança isso ainda não tá plenamente inscrito e o seu lugar psíquico o seu lugar como sujeito é sustentado por quem cuida dessa criança eh e por isso que é tão importante o lugar que o
outro dá para uma criança porque às vezes uma criança pode até ousar formular outro tipo de resposta mas se essa resposta não for acolhida pelo outro será aniquilada Então essa questão é crucial mas vejam nesse mesmo texto dos três ensaios eu não vou me estender muito nisso porque vocês futuramente vão ter um Café Filosófico sobre o tema da adolescência vou trazer só uma pequena questão enquanto contraste com a infância e o Freud nos quando ele nos fala então dessas transformações que acontecem com a puberdade com o fim da infância ele nos diz que eh um
adolescente é alguém que tem que se desprender da autoridade dos Pais hum ele tem que se desprender da autoridade dos pais e isso implica então armar laços mais horizontais e coletivos e esse adolescente ele vai produzir um movimento entre gerações em que a nova geração ela vai produzir respostas que não são são idênticas às respostas da geração anterior isso é importantíssimo porque vejam eh é bem frequente que na atualidade a gente escute e de crianças ou adolescentes você não sabe o que é ser adolescente durante a pandemia Ou você não sabe o que é ser
criança durante a pandemia e eles têm razão Nós não sabemos não nos Coube viver isso eh a resposta a isso a representação a isso somente essa geração poderá produzir então há um movimento entre gerações que também produz o próprio movimento da cultura porque a geração anterior tenta transmitir a geração seguinte o que aprendeu Hum mas o saber da geração anterior não recobre tudo que a geração seguinte precisa saber porque essa nova geração ela é interrogada desde outro lugar na cultura e precisará produzir uma nova resposta mas vejam não é uma nova resposta sem raiz alguma
porque quando a gente conta pra geração seguinte que nós Também passamos em crencas que a nós também eh foi eh dado uma circunstância foram dadas contingências de vida eh e que a gente teve que sair do aperto a gente vai contando pra geração seguinte que somos seres históricos e não se trata aqui de idealizar o passado mas de contar como o mundo não foi sempre igual por exemplo se para mim alguém tivesse dito que quando eu era adolescente que que a gente tinha toda epidemia de aides se alguém tivesse me dito que quando chegasse adolescência
dos meus filhos não ia ser só é impossível bom ter relações sexuais sem a utilização de preservativos que ia ser muito maior não ia dar para est com outro emb balada beijar na boca sei lá por quanto tempo eu não ia ter acreditado então vejam como é importante essa transmissão entre e gerações Hum e bom e Freud também considerando essa questão dos sintomas de cada época Freud atendia pessoas que estavam numa sociedade vitoriana uma sociedade absolutamente repressora em relação à satisfação dos Prazeres amorosos e sexuais e eram pessoas tantas vezes tão reprimidas que adoeciam que
deixavam de sentir eh prazer não só na sua vida sexual direta mas muitas vezes isso tinha um efeito in ritório até mesmo sobre a sua curiosidade intelectual e aí é que Freud nos diz uma das máximas pelas quais ele é conhecido que quem sabe uma educação menos repressora possa produzir adultos menos neuróticos mas nesse mesmo texto ele também nos diz atenção porque crianças excessivamente atendidas nos seus anseios adoecem hum então a gente aqui precisa pensar Como assim como a gente tem crianças e vulneráveis expostas a todo tipo de privação nós vamos nos encontrando em classes
abastadas com crianças que eh tem excessos de brinquedos mas não conseguem brincar e crianças que cha furd sem direção num excesso Eu costumo chamar esses de pobres meninos ricos eh que eh na supressão de toda e qualquer falta eh na voracidade eh de mais um brinquedo mais um filme mais uma condição e um objeto da indústria do entretenimento viram consumidoras consumidas eh que eh tem todos os seus espaços preenchidos e não conseguem mais brincar bem então Eh vejam como eh nesse tempo atual em que surgem diferentes nomenclaturas para nomear que que é esse hoje que
nós vivemos e nomenclaturas tais como pós-modernidade hipermodernidade modernidade líquida Sociedade do cansaço sociedade pós fática sociedade da pós-verdade é preciso que a gente Pense como isso reverbera na criança em si eh e não é fácil pensar no presente eh o próprio agamben Nos alerta sobre a questão do contemporâneo de que para poder pensar no contemporâneo eh é preciso que nós não nos seguimos pelas suas luzes luzes nas quais a gente está mergulhado e preste atenção na obscuridade e quero dizer para vocês com modesta mas também reconhecendo os onos e bonos eh do nosso metier de
psicanalistas que quando trabalhamos Como psicanalistas na infância nós cotidianamente estamos eh confrontados a essa obscuridade ou seja nós estamos afrontados a como diante dos imperativos da contemporaneidade se produzem sintomas e ao tratar da infância Acontece uma situação muito peculiar que justamente porque as crianças elas estão muito menos eh prontas eh como elas estão no momento de abertura inscrições elas estão muito expostas na linha de frente em relação aos rumos e que vão se produz vindo numa cultura as crianças como no conto infantil são as primeiras a apontar que o rei está no ou seja elas
nos revelam para onde tá se enveredando uma sociedade vocês sabem que eh por ocasião das últimas eleições eu perguntei para uma uma série de crianças do consultório não só meu meus pacientes mas pacientes de colegas eh o o que que elas fariam se fossem presidentes para melhorar o país e o mundo essa é uma pergunta que a gente precisa fazer pras crianças né algumas eh um pouco maiores me falaram você tá me perguntando em quem eu vou votar eu sou criança eu não voto e o voto é secreto eu disse não eu não tô aqui
te fazendo uma pergunta partidária Vejam as crianças já bem advertidas da polarização da nossa sociedade e não queriam se meter em crenca eu digo não não eu tô te perguntando o que que você pensa que que você faria para melhorar o mundo se você e o país se você fosse Presidente crianças entre 5 e 10 anos algumas com dificuldades psíquicas outras com questões orgânicas de base e vou contar um pouquinho para vocês o que que elas responderam construiria casas para quem não tem diminuiria os crimes e utilizaria menos matérias primas para fabricar as coisas reutilizando
e reciclando mais dominaria o mundo e Faria engenhocas para resolver todos os problemas como um botão para acabar com o coronavírus inventaria uma caixa para amarrar sapatos e os cadarços desamarrados virariam uma coisa do passado além Claro de uma máquina do tempo mas pensando bem são os cientistas os que inventam Então como presidente eu ajudaria os cientistas Eu mudaria o dinheiro para que todos pudessem ter dinheiro Olha aí o piqueti né eu pararia com a poluição dos rios também com os filmes de terror que assustam muito e colocaria trancas nos bancos e lojas de joias
para não ter roubo e proibiria a fabricação de venenos tóxicos desses para acabar com o mato que fazem mal pra natureza e paraas pessoas porque no fim matam tudo faria escolas de graça para todos e daria emprego para as pessoas pobres que não têm porque só dar dinheiro na rua não adianta é muito pouco Faria coisas legais o que faz lembrar o que é bom E também o que tá dentro da Lei cuidaria das pessoas e dos animais ia dar brinquedo para as crianças e ia crer que que todos tivessem O que é bom casa
roupa dinheiro e comida inventaria roupas para proteger de Raios de destruição de faz de conta mas na realidade proibiria os cachorros de morderem e buscaria Todo o lixo que tem no mundo colocaria num buraco gigante para reciclar assim tudo poderia ser ao ar livre quer dizer as crianças estão nos falando de todos os problemas centrais que nós temos como civilização as futuras gerações estão preocupadas com o que importa porque sabem que a sua principal herança será coletiva será a sociedade e o planeta que lhes Deixaremos por isso então aí já no limite do tempo Queria
Dizer para vocês como a infância ela tem uma enorme Complex cidade e e queria pedir para colocarem uma frase paradigmática para aqueles que trabalhamos com infância que é dita por Freud a abertura A inscrições nunca é maior do que precisamente na infância Sigmund Freud 1905 Ou seja a infância é um momento de abertura A inscrições nós Não nascemos PR pros organicamente nós Não nascemos prontos psiquicamente e saber disso não é simplesmente uma questão teórica saber disso precisa engendrar políticas públicas de cuidado com a infância políticas públicas que levem a sério o fato de que se
crie condições para que uma criança possa se estruturar bem psiquicamente nós vivemos num país em que os pais quando T empregos têm jornadas de trabalho Inter termináveis as crianças ficam muito sós e quando não estão sós ficam horas e horas nas escolas com professores que muitas vezes são profundamente desvalorizados desde a nossa cultura Ainda mais quando se trata da tenra infância os professores da Educação Infantil Justamente esse momento da vida que são as Fundações do psiquismo são muitas vezes desvalorizados é como se ali fossem apenas trocar fralda xixi cocô mamá e papá e para se
defenderem dessa condição muitas vezes recorrem a técnicas performáticas como se se tratasse de entuchar letras cedo numa vida de uma criança com 4 anos ou menos como se se tratasse de eh que a criança tenha que saber o nome reconhecer formas geométricas e cores de preferência em língua estrangeira e se tira a importância que tem e o brincar a importância que tem a contação de histórias a importância que tem o folclore a importância que tem a sustentação dos hábitos coletivos quando uma criancinha tá na educação infantil e a gente tem que oferecer para ela a
mais fina flor da cultura para que junto com isso a criança possa ir sondando e descobrindo onde os seus prazeres se engajam com realizações culturais e a gente vai tendo uma infância atropelada por eh realizações cada vez mais performáticas é uma infância assolada por instrumentos diagnósticos de checklist que os próprios pais aplicam nos filhos diante dos desencontros que surgem no cotidiano e chegam nos consultórios e classificando a criança dentro dos mais diversos diagnósticos isso é um dano pra infância conhecer sobre infância não é encaixá-la em quadros psicopatológicos conhecer sobre infância é entender que mesmo quando
uma criança tem dificuldades estar é diferente de ser um diagnóstico jamais pode ser um destino uma criança está num tempo de estruturação e ela pode ter até sintomatologias autísticas sintomatologias de hiperatividade de eh desobediência Mas ela está Ela não é hum ou seja por efeito de uma intervenção isso pode mudar de rumo ainda quando se trata de bebês e vejam Tem muita gente que ainda pensa hoje em dia que antes dos 3 anos não tem o que fazer e sim os Bebês sofrem e não só de afecções orgânicas um bebê que não tem modulação emotiva
um bebê que tem o sono ou alimentação desorganizado um bebê que adoece com muita frequência eh um bebê que tá apático ele é um bebê que pode est nos revelando um sofrimento psíquico mas muito antes de enquadrá-lo dentro de um determinado quadro psicopatológico a gente tem que olhar para um bebê e ler as Produções dele conhecendo muito bem os passos da estruturação conhecendo muito bem o que que é de se esperar em cada idade porque antes de que uma criança tenha uma resposta patológica o primeiro que acontece com ela é que algo que deveria ter
se estruturado não se estruturou ou caiu e deixou de acontecer então a gente tem que parar de olhar pra Infância com a lente de Quadros nosográfico adultomoldes por isso que queria ir terminando essa fala com vocês com duas imagens uma a do Menino Maluquinho das outras vezes que eu tive a honra de est aqui no Café Filosófico eu falei da Mafalda eu falei do Calvin e o Menino Maluquinho esse que é Pé De Vento que tem a cabeça cheia de macaquinhos é um menino que faz muita arte e fazer arte é é uma maneira muito
bonita de dizer que e uma criança Ela pode ter uma certa desobediência É claro uma criança que só desobedece é uma criança que o tempo inteiro e destitui o saber da geração anterior mas uma criança só obediente também é uma criança que nos preocupa e vejam que fazer arte não é só aprontar e fazer arte também é fazer uma pequena transgressão inventiva para uma criança que se autoriza a pôr à prova o saber do que o outro lhe transmite Então isso é importantíssimo que a gente sustente uma infância com tempo e lugar pra invenção e
pra Curiosidade porque quando a gente vai tendo uma infância que deixa de brincar uma criança que ela se torna espectadora como tantas vezes acontece com virtualidade crianças que nem sequer jogam jogos virtuais elas assistem outros jogando jogos virtuais a gente vai tendo uma infância passiv em vez de uma infância inventiva autorizada transformar o mundo com o seu sonho assim como então a gente tem eh essa questão da necessária desobediência queria trazer essa outra imagem que nos f fala da curiosidade infantil vocês sabem que o Freud dizia que as crianças têm desejo de saber e que
as questões que as crianças nos colocam no fim das contas são as grandes questões da humanidade quando uma criança pergunta e de onde vem os bebês ou o que que acontece quando a gente morre ela tá fazendo as perguntas pela origem de onde viemos e para onde Vamos ou seja Freud nos diz que diante dessas questões a criança produz verdadeiras teorias que assim como as grandes teorias científicas TM fragmentos de verdades e também equívocos então é crucial que a gente eh cultive uma infância curiosa que ouse perguntar que ouse inventar do que simples mente hum
reproduzir hum eh temos uma frase muito bonita nessa direção trazida que foi produzida pelo eh valon eh quando ele nos conta é no em 1925 que as crianças elas são turbulentas ela nos diz que as ele nos diz que as crianças são turbulentas porque elas não circulam da mesma maneira pela palavra do que os adultos se vocês quiserem colocar frase quem sou eu e quem eu fui para me permitir julgar o excesso Vital de uma criança que contas devo eu a uma sabedoria culpada que me fez tornar adulto damos crédito para que a criança Use
e abuse de sua vitalidade Quem Somos Nós para normalizar assim nossas nostalgias infantis 1925 bem Vejam a importância disso é o Como é o brincar na infância como ousar a criança desacomoda e isso é crucial paraa sua estruturação e é crucial também paraa cultura eh o Freud nos diz é que a criança quando ela brinca ela produz uma transformação do mundo Hum que é a criança ela apoia o seu fantasiar em objetos concretos eh e e o Alfredo jerusalinsky ele eh num livro chamado psicanálise e Desenvolvimento Infantil lembra música do Chico Buarque João e Maria
que diz agora eu era herói as crianças uzem o seu brincar por essa lógica agora eu era agora eu brinco de ser de encarnar os ideais que para mim já estavam antecipados mas que eu ainda não tenho condições de realizar então para terminar queria trazer uma última imagem uma imagem eh de um pintor eh de e um pintor que é canadense Hum E que eu queria que vocês pensassem essa imagem como o próprio movimento do sonho Hum que o surrealismo tanto nos traz mas que é crucial no brincar Ou seja é preciso que Se Produza
uma certa falta que Se Produza a princípio um certo Tédio Que Se Produza a princípio esse momento em que ainda não se tem a resposta para que SB esse fundo de ausência sobre esse fundo de ausência Se Produza uma invenção é que a criança se dê o direito de transformar a realidade então uma criança inchada de objetos ela é privada de sonhar e depois vejam é muito importante quando a infância finda poder ir pro mundo com o som Son com o sonho de transformá-lo como nos diz o Gilberto Gil com os pés de manhã pisar
o chão eu sei a barra de viver negociar com a realidade é muito difícil mas para encará-la a gente precisa sempre e de mãos dadas com o sonho com a Utopia com ideais que nos sirvam de referenciais para nós caminhada e por isso é tão importante que a gente crie Crianças desejantes Curiosas questionadoras e brincantes e não crianças que simplesmente respondam a comandos Obrigada agradecer Julieta pela apresentação a gente vai agora parte do debate Quem tá aqui em Campinas só levantar a mão tem uns papeizinhos também para ajudar na hora da pergunta pela internet Instagram
e YouTube É só escrever também nos comentários a gente tá anotando as perguntas que a gente vai fazer já já e como a gente falou no começo né é o ano de comemoração nosso ano de 20 anos de Café Filosófico a gente resolveu dar uma olhada no nosso acervo para recuperar algumas falas e a gente fez uma seleção agora que a gente vai exibir pra Julieta comentar vamos lá [Música] aí então esta criança às vezes de 9 10 anos ela já se apresenta como uma mulher inclusive nós conseguimos criar eh uma expressão para acabar né
definitivamente com o final da infância que é a expressão PR quando a gente chama uma criança de pré-adolescente a gente consegue abortar o final da Infância e de maneira institucional né As crianças hoje cada vez mais precocemente dizem não me trate como criança eu sou pré-adolescente as crianças começam novamente a se aproximar do mundo adulto uma das causas ele coloca na época a telão Por que a televisão porque novamente as pessoas se juntam lembram o padre falando PR as pessoas com uma Bíblia só então novamente crianças e adultos se juntam para escutar algo na televisão
tem essa junção mas ele vai muito além disso ele diz o seguinte as crianças começam a se comportar como adultos a se vestir como adultos a privacidade a singularidade começam a diluir criança Ela tem que brincar de ser adulto não ser adulto a criança pode colocar o sapato da mamãe o terninho do papai brincar de ser adulto Mas não ser adulto não não isso é um problema é um problema os pais sempre falam assim não mas eu quero que meu filho esteja muito preparado mundo você quer preparar seu filho pro mundo essas fases a gente
sabe que se a gente fosse receber de alguma forma aquilo que a gente diz que quer seria muito monstruoso para nós né seriam justamente esses pais que não t nada para fazer a não ser se alegrar conosco a não ser nos alimentar a não ser viver para nos fazer felizes isso é um verdadeiro terror para um filho porque um filho criado assim é um filho que não tem como crescer é um filho que é devorado pelos pais e isso é um problema hoje também porque ao mesmo tempo que nós temos pais extremamente ocupados nós temos
pais extremamente culpados porque todos temos esse ideal do que que os pais deveriam [Música] ser bem uma alegria escutar as falas dos colegas e que fazem parte da história do Café Filosófico interessante que a gente reflita acerca de como nós vamos nos encontrando com uma infância que ela parece cada vez mais curta a gente vai se encontrando com puberdade precoces e com entradas eh cada vez mais precoces na adolescência e a adolescência passa a ser um momento da vida em que se entra Mas que aparentemente não se sabe muito bem quando se sai porque eh
Digo o colega tava justamente falando de uma condição adultomoldes criança uma criança que tá exposta a uma forma de transmissão oral por exemplo da televisão ou uma forma eh de a gente teria que atualizar hoje em dia para uma forma de transmissão anônima pela virtualidade que dá um salto em relação à transmissão televisiva porque a criança muitas vezes fica com eletrônicos assistindo YouTubers que os pais não sabem nem sequer não vem junto com a criança então se produz uma transmissão anônima paraa criança que deixa de passar pelos adultos e que são responsáveis pelo cuidado dessa
criança porque pelo menos quando a gente vê televisão a gente discute se concorda ou não concorda com aquilo a gente assiste junto é nessa condição dos Gadgets individuais cada um tá exposto a uma transmissão anônima né Mas se por um lado a gente então tem uma criança que parece adult omorfo a gente também tem que se perguntar se por outro lado não tem uma espécie de infantilização generalizada ou seja de adultos que eh ficam numa posição também de não querer nenhuma borda ou limitação à suas próprias realizações eh e que não armam velamentosa mas ainda
sobre essa questão eh do encurtamento da infância é importante dizer que em termos de certos momentos importantes da estruturação psíquica quando a gente tem uma criança pequena ali entre os TRS e os 5 anos a gente tem uma criança que ela insiste e em ter nada menos do que tudo ela quer o amor dos pais mas ela também é uma criança que ainda não tem é o recauque Ou seja a sua repressão intrapsíquica isso ainda não opera para ela então ela diz que quer namorar a mamãe que quer namorar o papai é que é quer
ter filhinhos com esse com aquele com outro uma criança que insiste também numa satisfação sexual que ela quer que seja com os pais e são os pais ou os adultos que dizem não você vai crescer quando você crescer você vai namorar é até que bom e criança entra num determinado período que se chama latência que é um momento onde a criança ela começa a ter eh justamente todo o valor moral e ético do que pode do que não pode do que é certo do que é errado e esse é um momento que separa a infância
da adolescência e nesse momento da latência não é só um esfriar de conflitos eh dessa criança que quer namorar é e que se diz para ela agora não você vai ter que esperar a tua vez e que ela acaba desistindo até que ela chega na adolescência e pode então de fato eh realizar esses seus desejos exogamia da própria família certo bom mas no meio disso nessa fase da latência a gente não tem só uma criança que esfria eh nas suas reivindicações a gente tem uma criança que fortalece as suas relações com os ideais vejam esse
momento que vai ali entre os eh seis e 10 anos que que acontece nesse momento é o momento do salto da lectoescritura da prendizagem dos jogos dos esportes ou seja todo esse fortalecimento com os ideais culturais quando isso se encurta se deixa de ter essa experiência e isso não é sem consequência pra Infância É então bom Aqui tem algo que me parece digno de nota para somar a esses comentários dos colegas que com os quais eu concordo é quando Justamente a uma ânsia eh de apressar os tempos de atropelar os tempos e quando também se
se eh impõe a uma criança um imperativo que Parece pequeno mas que é gigante AP quero eu só quero que você seja feliz Isso é terrível isso é terrível bom partindo do acero para vídeos mais recentes tem colegas que enviaram vídeos com perguntas para você a gente vai abrir com a pergunta da Terapeuta em estimulação precoce a Marcela malard Ei Julieta Que bom est aqui com vocês escutar suas palavras sempre tão lúcidas e inspiradoras em especial sobre essa questão que é ser criança hoje e a gente sabe né que as crianças elas são habilidosas em
gerarem questões em nós adultos em todos os adultos e também a gente sabe o quanto é importante que nós as escutemos ainda que estas perguntas das Crianças venham em forma de silêncio e a questão que eu queria fazer para você diz respeito a algo que tem atravessado os nossos consultórios enfim é uma preocupação geral a quantidade de crianças que tem nos chegado com 1 ano e meio 2 3 anos com diagnóstico fechado de teia transtorno do espectro do autismo a minha pergunta é quais as consequências quais os riscos para essa criança de receber um diagnóstico
fechado não tem P onde ela ainda tá construindo toda uma história o que que nós estamos deixando de escutar no que as crianças têm a nos dizer muitas vezes com atraso na linguagem bem questão muito importante porque eh vejam nós estamos vivendo um momento em [Música] que pós pandêmico se é que a gente pode chamar assim mas eh um tempo depois do qual muitas crianças foram privadas de experiências estruturantes importantíssimas e diante disso a primeira coisa que a gente deveria fazer Di é pensar no tempo do convívio do estar com pares no tempo de brincar
se lugar disso se passar essas crianças por uma espécie de arrastão de instrumentos patologizantes O que nós vamos fazer é criar Patologia e é o que tem acontecido a gente vai se encontrando em outra ocasião eu estive aqui falando das intoxicações eletrônicas vejam as intoxicações eletrônicas elas não se reduzem a largar um celular na mão de uma criança eh Elas começam quando diante dos desencontros do cotidiano uma mãe ou um pai buscam a resposta na internet eh E assim se suprime o tempo e o lugar para que opere um enigma esse tempo em que a
gente diz olha o que esse bebê tá fazendo o que será que ele quer eu não sei será que é tal coisa onde a gente lê a produção desse bebê em um contexto e o Dr Google é um mau Doutor porque ele tá fora do contexto ele não arma essa complexidade que uma diagnose tem na clínica que implica um acompanhamento longitudinal e uma leitura num contexto Então a gente vai tendo toda essa lógica de Diagnósticos por checklist que funcionam como um sistema de pesca por arrastão e sabem como é que é o sistema de pesca
por rastão se joga uma rede e dois barcos puxam o que cair na rede é peixe pode ser crocodilo pode ser eh água viva pode ser tartaruga pode ser caranguejo o que caiu na rede é peixe E isso tem acontecido na contemporaneidade tem muitas crianças que se enquadram dentro de certos fragmentos de comportamento colocados nessa nessas checklists e que acabam sendo enquadradas dentro de terra e que muitas vezes são crianças ou pequenos bebês que tão deprimidos em mutismo hum às vezes inclusive já me aconteceu crianças que não escutam bem e que porque não respondem quando
chamada pelo nome são enquadradas dentro desses quadros eh psicopatológicos na contemporaneidade e isso é um verdadeiro dano Hum porque nós temos vivido uma pandemia de psicodiagnósticos e quando se trata dos mais pequenininhos quando se trata eh das crianças que estão ali entre 1 ano e meio e 4ro eh dificilmente as crianças escapam desse diagnóstico de te quando tem dificuldades as mais diversas na linguagem na inserção da linguagem ou na relação com o outro e o que acaba acontecendo é que os pais eles eh acabam indo paraa internet essa questão da qual Nos alerta Marcela eles
recebem esse carimbo carimbo diagnósticos que vem com a lógica de que para sempre o serão que apagam essa dimensão da infância como um tempo de estruturação em que uma criança até pode chegar com certas sintomatologias de um determinado quadro mas que isso pode se modificar por feito de uma intervenção e por isso tem crianças que chegam com Eh esses quadros transtorno do espectro autista eh déficit de atenção e hiperatividade ou vários outros e que a raiz de um tratamento resolvem essas questões Porque como a criança tá num tempo de estruturação ela está Ela não é
então a gente não pode fazer de um diagnóstico um destino e na contemporaneidade a gente tem se encontrado com instrumentos que são indutivos da patologia porque eles vão lá eh testar a criança e por exemplo eh a criança responde quando chamada pelo nome a gente vai se encontrando com pais que começam a dizer Joãozinho Joãozinho Joãozinho para ver se a criança responde quando a criança tá brincando quando a criança tá com celular na mão em diferentes situações ou seja e que é um teste não é uma convocatória para que a criança venha fazer algo junto
com esse adulto é um teste e é um teste que é indutivo porque ele acaba realizando o que ele procura e acaba produzindo em vez de uma possibilidade de um futuro de realizações ligado a ideais passa-se antecipar dessa criança o prognóstico da patologia produzindo profecias autorrealizável não se trata de que não se possa diagnosticar se trata de entender a complexidade que a diagnose tem na infância exige um acompanhamento longitudinal exige essa possibilidade de saída de um determinado quadro porque tão importantes quanto os pontos em que a gente detecta dificuldades é onde estão as brechas porque
se a gente pode ampliar as brechas a gente pode produzir uma saída agora a questão é ainda mais radical quando se trata desse momento 0 a TR porque quando se tá no início da estruturação psíquica a gente vai se encontrando com certas Produções certas sintomatologias que revelam sofrimento mas que são muito inespecíficos por patologia por exemplo se eu tenho um bebezinho de 4 meses que não tem preferência pelo rosto humano ou se eu tenho um bebezinho de 6 meses que não sorri em júbilo pro outro ou se eu tenho um bebezinho de eh 8 a
10 meses que não balbucia de maneira endereçada pro outro que que tá acontecendo com esse esses bebês eles não esses bebês não estão bem eles precisam de ajuda para sua estruturação porque eles não estão fazendo nesse cruzamento entre determinados tempos lógicos e cronológicos o que tem que acontecer em determinadas idades Qual é o diagnóstico e sabem qual é o diagnóstico que importa no início da vida não está bem precisa de ajuda estruturação paraa sua estruturação o bebê quem dele cuida para que a gente favoreça essa estruturação é porque aí se trata de mirar e conhecer
sobre crescimento maturação desenvolvimento e estruturação psíquica É nisso que a gente tem que mirar na infância e não enquadrar os bebês dentro de determinadas eh patologias os bebês são desobedientes às classificações psicopatológicas eles são desobedientes Porque eles estão muito no início da vida e por isso que saber mais sobre primeiríssima infância não é fechar diagnóstico é justamente conhecer muito bem sobre crescimento maturação desenvolvimento e estruturação psíquica para favorecer o dever dessa criança Hum então agradeço a questão da Marcela porque é um dos sintomas cruciais da contemporaneidade uma infância que ela é eh negligenciada porque muitas
vezes os pais angustiados dizem tem algo que não tá bem com o meu bebê e não são escutados e depois em cultas de 5 ou 10 minutos se fecham diagnósticos como se isso definisse para todo o sempre a vida de alguém impedindo que uma criança possa decidir as significações do seu viver porque eu não digo que um diagnóstico não tem a sua importância ele é um dos instrumentos de navegação num tratamento mas não o único tão ou mais importante é o que tem significância na vida da essa criança do que que essa criança gosta isso
para nós é tão ou mais importante do que um modo de funcionar é porque é por ali que a gente encontra as brechas para poder avançar com ela vamos para mais um vídeo mas antes do vídeo só vou ler alguns comentários que estão chegando aqui muita gente elogiando sua apresentação eh vou ler um específico que diz assim excelente excelentes as colocações da Julieta ela é muito necessária Tragam os pais para verem ela falar por favor então passando aqui o o recado de do pessoal que tá acompanhando a gente a gente vai agora pra pergunta da
Adela stopel antes disso num uma certa desordem o lugar dos Pais é importantíssimo Nisso porque quando algo não vai bem os pais ficam muito angustiados e às vezes eles têm a ilusão de que eh em relação à estruturação psíquica possa se proceder da mesma maneira do que pode se proceder diante de certas patologias orgânicas Onde por exemplo a gente passa um cotonete na garganta descobre Qual é a bactéria e dá um eh eh antibiótico certeiro em relação às dificuldades de estruturação psíquica não é assim é porque e a gente não tem como estabelecer o que
se chama dentro do campo da Saúde fator patognomônico que que é fator patognomônico é aquele elemento orgânico que me permite saber que isto significa aquela doença por exemplo se eu meço eh a minha glicemia e ela fica em 120 que que eu tenho diabetes isso não pode ser outra coisa Claro que numa extensão maior eu posso ter um problema metabólico etc etc mas se minha glicemia at 120 eu tenho diabetes ponto e se trata disso eh na na questão eh psíquica é um pouco mais inespecífico a gente nunca vai poder dizer por um único fator
que se trata desse ou daquele quadro isso não tem eh um valor patognomônico e esse e essa que é a enorme brutalidade de querer reduzir o que se passa na infância a pequenos entos de comportamento isso produz um dano para os bebês e para os seus pais por exemplo recentemente a mãe de uma bebezinha ela fica aterrorizada porque a sua bebê com mais ou menos quatro ou cinco meses tava olhando as suas mãos e ela diz Nossa eu li em algum lugar que isso pode significar autismo eu vejo junto com ela o filme e é
uma bebê que olha as mãos chupa as mãos se vira pra mãe olha pra mãe eh pega a cortina ou seja essa menininha essa bebezinha tá fazendo algo que é o que a gente chama uma reação circular primária uma exploração do seu corpo ligando o olhar eh o pegar e o chupar Mas se a gente pega apenas um fragmento de comportamento Como tem sido colocado nessas checklists é fora de contexto como se isso tivesse um valor de definir a doença a gente quer produzir uma resposta simples para um problema complexo e sempre que a gente
quer dar uma resposta simplista para um problema complexo a gente recai em reducionismos e os reducionismos não são uma boa forma da gente abordar o sofrimento humano então é muito importante essa angústia dos Pais os pais têm que ser levados a sério ados em suas preocupações isso é crucial no acompanhamento do desenvolvimento Porque um pai que fica preocupado Se não é escutado isso vira uma dificuldade uma dificuldade que não é considerada vira um problema e um problema que não é detectado a tempo vira um sintoma então a gente precisa levar muito a sério as angústias
dos Pais desculpa a desordem mas me parece que era importante Oi Julieta queria aproveitar essa oportunidade para continuar nossa conversa sobre as questões de gênero e sexualidade na infância que são de tanta atualidade temos sido consultadas por casos de crianças cada vez mais novas e por pais angustiados que querem definições que querem fechamento que querem eh concluir uma questão num tempo justamente de indeterminação sabemos que a infância é o tempo do polimorfismo é o tempo do brincar do vamos fazer de conta que eu era justamente as crianças com questões de gênero de sexualidade muitas vezes
formulam suas questões dizendo eu quero ser uma princesa eu quero ser um príncipe Como distinguir essa questão do brincar de uma questão ligada a uma definição sobre o ser sobre o verdadeiro ser que precisa uma resposta imediata como você tem refletido respeito a essa questão bem essa é uma questão dos nossos tempos porque e faz parte da contemporaneidade uma ciência que torna possível mudar de lugar o sexual ou seja por uma série de intervenções eh é possível eh que eh se opere um pênis e se transforme ele numa vagina ou vice-versa que se tome hormônios
ou se bloqueia hormônios para modificar caracteres sexuais secundários Então passa a se tornar possível algo que até ontem era um impossível certo e isso isso tem consequências eh para eh as gerações presentes seria muito simples ou muito fácil a gente pensar que toda essa tecnociência veio aí para resolver um problema que se tinha para e justamente libertar homens aprisionados em corpo de mulheres ou mulheres aprisionados em corpos de homens e que isso em si seria bom uma condição libertária eh o que como cada um o que que cada um faz com o seu corpo é
a gente não pode não tem o direito is seria um atropelo querer dar respostas genéricas para isso isso passa pela lógica discursiva de cada um E é algo que certamente nos Interroga e que eh bom exige um acompanhamento não só da ordem orgânica mas também psíquica Isso precisa ser levado a c o que eu queria eh colocar para vocês é que não é uma simples solução a partir do momento em que se muda de lugar o Real sexual a partir do momento em que passa a ser possível algo que até ontem era impossível isso reinter
roga e as crianças da atualidade há um tempo atrás e bom a dela conhece isso eu trazia a frase de um menino que dizia o seguinte quando eu crescer tô abrindo aspas né abre aspas quando eu crescer eu quero ser mulher como o pai do meu amigo fecha aspas bom se essa frase tivesse sido Dita e certamente foi dita há 120 anos atrás quando Freud escreve Os três ensaios da sexualidade se uma criança chegasse na mesa na sala de jantar e dissesse essa frase quando eu crescer eu quero ser mulher como o pai do meu
AM iam ter dito para essa criança sai vai vai ver se não tem uma cegonha pegando um bebê lá na esquina a criança ia ter sido absolutamente destituída aniquilada em seu desejo de saber e Freud dizia que isso era o que acontecia há 120 anos atrás diante das curiosidades sexuais que as crianças tinham e a criança quando ela se Interroga pela sexualidade as questões das crianças não são simplórias as crianças nos perguntam pelos usos e costumes eh eh eh e responder isso em cada época tem respostas diferentes se uma criança hoje em dia pergunta para
vocês homem pode usar brinco pode homem pode usar cabelo comprido pode Hum uma mulher pode votar e dirigir um carro pode essas perguntas esses usos e costumes mudam ao longo dos tempos eh e vão Ficando menos encapsulados os lugares do que pode ou do que não pode por um eh real sexual mas as crianças elas também nos perguntam pelo corpo pelo organismo Ou seja é diferente Ou é igual o corpo de homens e mulheres todos podem tudo porque por exemplo se uma criança hoje pergunta para vocês dois homens podem ter um bebê que que vocês
respondem vejam não é tão simples assim porque podem sim dois homens podem ter um bebê mas a semente de dois homens pode fazer um bebê ainda não pelo menos ainda não quer dizer então é complexo porque quando se detém a interrogação da criança apenas nos usos e costumes muitas vezes S cobre uma investigação também do Real sexual é porque a criança pode pensar por exemplo um homem também engravida ou precisa de uma mulher para engravidar eh Então são questões complexas e as Crianças quando interrogam os adultos perguntam pelos usos e costumes perguntam pelos limites reais
orgânicos e também perguntam pelo Desejo do outro também perguntam que que o outro quer Hum bom dois homens podem casar podem dois homens podem ter um bebê ou duas mulheres ou bom podem é eh eh mas não vai ser com a semente de dois homens e para você mamãe dá na mesma se eu quiser casar com o meu amigo Joãozinho vejam como as crianças colocam o dedo na moleira e elas interrogam essas diferentes Vertentes por isso que a gente não pode aniquilar as respostas das crianças nem destituindo eh o seu saber nem também querendo produzir
respostas simplórias dos usos e costumes porque eh se há 120 anos atrás iam ter mandado essa criança Verê se não tinha uma cegonha largando um bebê lá na esquina na atualidade se uma criança diz isso em certos ambientes também é possível que se diga Pronto ele já decidiu ele quer ser mulher eh é uma criança que vai num caminho trans não digo que não mas digo vamos nos interrogar um pouco vamos pensar a infância como um momento de estruturação em que a criança está investigando possibilidades porque muitas vezes a criança Ela pode ter a ilusão
de que basta eu dizer para para ser que ser homem ou ser mulher seria simplesmente um ato de vontade um pensamento Mágico em que eu decido Hum e bom se vestir é uma coisa é agora é produzir uma intervenção no corpo é outra porque as intervenções no corpo elas são muito custosas para quem as vive não digo que não sejam justificadas mas digo que não é simplesmente um pensamento Mágico para alguém é de certa maneira viver com permanentes intervencionismo da ciência e bom isso pode ser uma saída para alguém por que não é agora que
que é isso no tempo da infância num tempo em que talvez uma intervenção precoce no corpo pode fixar o que ainda Precisa essa mobilidade é a dela fala do polimorfismo das vicissitudes pulsionais que que esse palavrão quer dizer que as formas de obter prazer na infância ainda não estão fixadas pensem aqui como cada um de vocês pediu o seu café de um jeito e e o café foi trazido conforme vocês queriam agora pensem O que que é uma criança na frente de uma térmica de café uma térmica de água açúcar e adoçante quantas misturebas ela
é capaz de fazer se interrogando e se isso e se aquilo e se o outro porque o os seus prazeres ainda não estão fixados a infância é um momento de abertura A inscrições porque os prazeres não estão fixados e os prazeres não estão fixados porque há abertura em inscrições nós os adultos Já somos muito mais fixados nos nossos Prazeres lamento dizer-lhes sempre há alguma abertura inscrição e alguma surpresa possível mas quem nós somos em linhas Gerais já está bastante estruturado nós não vamos virar outras pessoas é E isso tem vantagens e desvantagens porque certa vez
um colega me perguntou já pensou se ao longo de toda a vida a gente tivesse a mesma abertura inscrições psíquica e a mesma plasticidade neuronal que se tem na infância é ou seja esse momento em que a gente sabe que o cérebro de uma criança de 2 anos tem o dobro de conexões do que o nosso cérebro e que depois isso vai sendo podado Produzindo um cérebro que ganha em eh plasticidade que perde em plasticidade perdão mas ganha em funcionalidade a gente fica com cérebro moldado pro uso que a gente faz dele e Pode parecer
fascinante isso mas vou dizer uma coisa para vocês a gente não ia aguentar a gente não ia aguentar tá porque a gente eh vai se fixando vai escolhendo questões e vai se aprofundando em algumas questões e a gente vai tendo um campo simbólico um pouco mais estável que a cada tanto se bagunça como se bagunçou para todos nós por exemplo durante a pandemia e a gente viveu um pouco algo que as crianças vivem um permanente estado de surpresa em que não se sabe o que vai acontecer por isso que a criança tem um brincar do
e se isso e se aquilo e se o outro em que ela relança as possibilidades mas o mundo é demasiado surpreendente para as crianças e isso lhes dá muito trabalho agora esse é um exercício importantíssimo durante a infância eh e sem ele a gente pode acabar precipitando como uma certeza hum algo que ainda Precisa de um tempo de investigação que eh alguns anos atrás traz é quando Freud começa com a psicanálise ou lamentavelmente atualmente em alguns meios se exija que alguém eh corresponda eh nas suas identificações com quem quer se parecer ou quem deseja ter
é que isso corresponda monoliticamente ao real sexual orgânico isso é um dano e implica um Alin numa única certeza mas que tão rapidamente por uma questão Se decida algo que é bom não sei que que você acha que é ser mulher eu perguntei para esse menino porque não é tão simples essa questão Hum E como o pai do teu amigo fez e você já conversou disso como é que a gente abre a investigação numa criança em vez de tomar como uma certeza porque a certe elas aniquilam a investigação é a investigação e a curiosidade infantil
que a gente precisa manter vivas por um bom tempo então não se trata nem obrigar alguém por violência a corresponder a um real sexual anatômico coisa que desde o início o Freud nos disse a Sexualidade é muito complexa a gente pode ter um corpo de macho ou de fêmea E além disso a gente tem as identificações e as escolhas de objeto e isso não está alinhado Hum então isso é algo importantíssimo de trilhar junto com uma criança e com a sua família quando surgem essas questões eh tem vários comentários estão chegando pela internet aqui vou
vou ler alguns deles a Liliane Gonçalves diz que vocês mudaram minha vida sou extremamente grata por todo o conhecimento a mim proporcionado o café expandi os humus horizontes Obrigado Liliane pelo elogio e a Caroline Liberato diz que Adorei a Julieta que profissional maravilhosa estou escutando daqui da Austrália em Melbourne ainda não tenho filhos estamos programando para 2024 Obrigado também pela audiência aí em todo mundo quer dizer que do outro lado do mundo a gente compartilha é problemas Vejam o que é o tempo da globalização né Deve est amanhecendo lá na Austrália tá acompanhando obrigado a
a Carolina pela pelo recado tiver pra pergunta agora da Yasmin Brito a Yasmin Pergunta assim eh na verdade ela queria que você comentasse um pouco sobre as crianças que já tão novas são blogueiras e não desgrudam das Telas é a condição da criança blogueira vejam alguns anos atrás se discutia muito como uma necessidade de proteção para a infância de que no meio dos programas não houvesse eh propagandas é e na atualidade a gente vai se encontrando com crianças blogueiras que ganham presentes e abrem os presentes e brincam com eles ou seja essa condição do Consumidor
consumido em que o que fica em relevo é ter o objeto em vez de brincar e que colocam do lado de lá uma criança que fica numa dupla posição numa condição de espectadora passiv Ou seja que assiste em vez de poder apoiar o seu fantasiar em objetos concretos para brincar e ao mesmo tempo fica numa condição de uma privação do objeto porque na contemporaneidade eh diante enfim da condição do discurso capitalista eh todos estão expostos à Promessa de que o que falta pode ser comprado e eu pergunto para vocês o que falta pode ser comprado
Hum porque isso aniquila a possibilidade de invenções aniquila a possibilidade de saídas criativas muitas vezes não tem situação mais triste do que se ver com uma sacola na mão e dizer não era isso não era isso e agora eu vou ter que arrastar isso aqui por quanto tempo n então Eh os objetos e eles estão num condição de fetichização na contemporaneidade como se eles pudessem nos tamponar a falta e isso é parte do que acontece com as crianças blogueiras consumidores consumidos pelos objetos possuídos pelos objetos a gente tem agora pergunta da pediatra Florência fux Oi
a todos meu nome é ência fux eu sou pediatra é sempre tão bom ouvir a Julieta e hoje eu queria mais uma vez ter a oportunidade de refletir sobre um dos nossos enormes desafios da prática que tem sido a questão do uso excessivo de telas e o seu atravessamento nas experiências infantis eh fico aqui numa espécie de pergunta desabafo mas também no desejo de um movimento por entender o quanto ainda que tantos já saibam tenam a clareza dos danos dos riscos e dos impactos do uso das Telas pelas crianças em si com celulares e iPads
ou mesmo dos adultos cuidadores da experiência infantil desde os seus primórdios e o quanto o uso neles também impacta essa experiência e o desenvolvimento infantil e ainda assim a gente tem testemunhado um abuso eh explícito a sensação de uma dificuldade de regulação tanto individual como Nossa como sociedade para que esse uso não cause tanto dano tanto impacto tant tanto sofrimento e aí me pergunto Julieta qual seria o nosso próximo passo né além de tantos alertas que todos vêm recebendo o que mais a gente pode fazer para atuar nesse controle nessa regulação obrigada um beijo bem
Agradeço a a questão colocada pela Florência e a importância de que isso venha de alguém da Pediatria porque just justamente quando eu comecei a pensar nessa questão das intoxicações eletrônicas eh ali pelo ano de 2012 2013 foi porque a gente começou a receber no consultório as primeiras gerações que já conviveram com a internet wireless ou seja com isso de que passamos a andar com o outro no bolso ficando longe de quem eh tá perto ao mesmo tempo de que a gente a gente tem o ganho eh de ficar perto de quem tá longe agora vejam
eh as intoxicações eletrônicas elas não implicam simplesmente dizer que sim ou que não para uma criança eh isso certamente é preciso fazer objeção antes dos 3 anos em que alguém não está em relação com outro é que uma criança então ela precisa andar pelo mundo e descobri-lo que ela precisa a demandar mesmo desacomodar isso é um dano não tô dizendo que eventualmente não dê para ver um desenho ou escutar uma musiquinha mas tô dizendo dessa condição de aplacar as demandas de uma criança pelo telefone e celular é quando a gente tá num restaurante a gente
vai vendo famílias inteiras cada um olhando pro seu celular e muitas vezes dizem como é que faziam Antes quando não tinha celular bom a gente a gente brincava dobrava guardanapos fazia brincadeiras com palitinhos e quero dizer para vocês que em situações em que eh a gente tá com adultos eh convivendo com crianças eh sem o celular Muitas vezes os adultos nos dizem Nossa eu já tinha me esquecido como se fazia um barquinho de papel então de fato conviver entre gerações nos faz um grande favor quando a criança demanda ela faz com que a gente revisite
a própria infância e que a gente ofereça para ela elementos que senão ficariam adormecidos e ou perdidos e esquecidos Então essa é uma parte da história eh a outra parte é o que que acontece com as crianças porque brincar com outro dá muito trabalho dizer pro outro que eu imaginei dizer pro outro em que cenário eu acho que eu estou combinar o avanço desse faz de conta dá um trabalho danado é muito diferente do que ligar um botão e a brincadeira começa a acontecer sem que eu tenha que fazer essa transposição de registro da do
que eu imaginei para palavra da palavra pra imaginação do outro e isso que parece tão sem importância porque não tem uma aplicação imediata depois é crucial para entender um texto para escrever um texto para comentar um filme essa transposição de registro Então nada substitui a riqueza do brincar a riqueza do conversar porque quando a gente brinca e conversa com outro a gente tá sujeito aos equívocos eh a policemi e aos maus entendidos vejam quantos entroncamentos tem muito diferente do que a lógica binária on off é quando eu perco e tô jogando sozinho dou um reset
e começo de novo agora quando eu tô jogando com outro outro vai dizer pera lá agora é minha vez ou seja uma negociação com o semelhante eh então a gente não tem uma resposta simples para essa questão ela é complexa mas a maior chance que a gente tem para acertar é pensar no lugar do que que esse celular tá porque isso virou uma espécie tablet celulares uma máquina de rechear tudo e nos nos impedir de avançar com aquilo que nos produz questões com aquilo que nos produz dúvidas com um exercício inventivo diante da falta dizer
que não para uma criança não é tão complicado Quanto é dizer que não para si mesmo e guardar o celular quando se convive com uma criança recentemente numa escola em que eles andaram discutindo um livro que já tem algum tempo chamado intoxicações eletr as crianças e a escola decidiram que na hora do recreio não ia ter celular para que fosse possível conviv e sabem que que as crianas disseram bem agora nos ajudem com os nossos pais porque eles ficam toda hora olhando pro celular suprimindo a diferença entre o tempo de trabalho e o tempo de
lazer que é isso de estar disponível pro outro que a gente busca o olhar do outro e encontra o olhar no celular que que a gente faz Deixa para lá hum a gente Desiste da relação e esse é um verdadeiro dano é um verdadeiro dano que agora é a gente tem que pensar que que tem acontecido por exemplo não só com formas de brincar mas com trabalhos escolares feitos por plataformas gpt3 em que se diz pro computador responder por si é em que então que impede o exercício de tomada da palavra e isso é um
aniquilamento da inventividade do sujeito porque quando a gente passa a buscar respostas na internet nós estamos sujeitos ao que eu tenho chamado de uma sobredeterminação algorítmica ou seja se abate sobre nós O que é mais buscado e isso vai fechando significações em vez de que a gente possa se abrir e inventar diante daquilo que não encaixa Hum então eu queria dizer para vocês a música do Gilberto Gil cérebro eletrônico nos fala disso é só eu posso chorar quando estou triste só eu posso pensar se Deus existe ou seja manter vivas interrogações e inventar a partir
delas é muito mais importante do que ter respostas prontas como a gente tem se encontrado com o sujeito da contemporaneidade que fica eh pivote entre o desamparo e a urgência de uma resposta só que isso aniquila a nossa inventividade seja qual for a idade então que que a gente pode fazer diante disso objeção tem momentos em que a gente precisa desligar o celular porque a sessão vai começar em que a gente tem que se abrir pro sonho e o Son é o sonho a fantasia a brincadeira bem como o cinema senão a gente não está
aberto pro acontecimento tem uma pergunta do que veio pela internet da Márcia Inocêncio Moreno ela gostaria que você comentasse os efeitos da detecção precoce de riscos para impasses no desenvolvimento e a epidemia de Diagnósticos de transtorno do espectro autista É acho que essa questão que a Márcia nos coloca vai junto com a questão que a Marcela nos trouxe é que que acontece quando em vez de sustentarmos a dimensão da infância e a possibilidade de que alguém venha decidir a significações do seu viver mesmo diante de situações de dificuldades quando se coloca um diagnóstico num lugar
de oráculo que define o futuro de alguém e não só a gente tem instrumentos que têm produzido esse verdadeiro arrastão que capturam a infância e a gente em vez desse sistema de pesca por arrastão tem que fazer valer as redes de cuidado entre elas a do SUS tão importante mas também a gente tem que manter vivo diferentes metodologias de tratamento porque na contemporaneidade muitas vezes tem-se dito que a única saída científica é métodos padronizados aplicados sempre da mesma maneira e não é a maneira que a gente tem de trabalhar por exemplo desde um referencial psicanalítico
nós não temos uma rigidez mas nós temos um profundo Rigor na nossa maneira de proceder a gente não se Guia por uma lógica científica que é a do experimento que pode ser repetido a gente se Guia por uma lógica que é a lógica da elaboração de uma experiência em que a gente abre lugar para que surja um saber hum eh num território compartilhado entre terapeutas seja lá eh quais forem eh mas do referencial psicanalítico Mas podem ser psicanalistas fonodiólogo pedagogos psicopedagogos pediatras que compartilham desse referencial e quando se compartilha desse referencial a gente abre um
Marco no qual um novo saber pode se produzir esses dias uma pequena paciente Zinha que recebeu o diagnóstico de autismo diante do meu Divan que é inclinado é botou um bonequinho e dizia ih escorregou escorregou na sessão seguinte ela chegou olhou pro Divan e disse e correg ela inventou uma palavra e vocês não imaginam a minha alegria porque quando uma criança ousa dar um Peteleco na linguagem quando ela regulariza uma palavra porque bem poderia se chamar escorregante em vez de escorregador É porque ela se autoriza a se representar na linguagem isso é a produção de
um novo saber e isso tem muito mais valor do que mostrar a placa de um brinquedo de uma praça Para que ela repita escorregador escorregador D porque isso é repetir é enquanto que isso que essa pequena paciente fez essa pequena grande paciente fez é ousar se representar na linguagem e por isso a gente tem que manter vivos diferentes metodologias de tratamento diantes de problemas tão complexos para que inclusive os pais possam escolher as formas de proceder que mais os representam porque senão a gente diante de um problema complexo se padroniza tudo a gente não vai
ter como avançar por diferentes vias do conhecimento chegar no final do Café Filosófico a gente tem mais uma pergunta somente é uma pergunta enviada por vídeo pela psicóloga e pedagoga Emanuele wada a escola ela tem uma função que tá para além do ensino dos conteúdos né da matemática do português da da geografia da história eh a escola é por Excelência esse lugar social da criança né é onde ela vai se deparar com essas diferentes vivências para além desse núcleo familiar dela né é onde ela vai poder desenvolver a alteridade viver outras coisas que para além
eh das suas relações familiares é onde ela vai construir eh repertórios que são bastante importantes para esse desenvolvimento acontecer né e após a experiência pandêmica a gente pode pensar o que que fica quando isso não acontece né Eh a gente tem percebido crianças e famílias retornarem pra escola com as referências de coletivo bastante abaladas né um desse outro pode se tornar um outro ame ador né ou até insignificante e hoje a gente tem visto também muitos comportamentos de bastante individualismo né E aí a gente pode dizer que é tanto nas crianças quanto nas famílias e
acho que a gente pode fazer uma provocação no sentido né de como que a escola Qual que é o papel da escola né nesse novo contexto bem concordo e me parece eh que é vou tentar dizer algumas palavras dado o avançado da hora de uma questão que é muito complexa porque nós sabemos o Foucault já nos fala disso como a escola surge historicamente na mesma época do manicômio e das prisões ou seja instituições que elas são voltadas para acolher aqueles que não estão preparados ou não estão preparados ainda no caso das crianças para conviver em
sociedade eh bom mas a escola vai avançando dessa condição do vigiar e punir de uma visão puramente disciplinar pelo menos algumas escolas que de fato levam muito a sério o nascimento da criança como um sujeito epistêmico ativo que se Interroga e nós precisamos pensar que Justamente a escola é a primeira instituição fora da família pra qual uma criança vai onde ela vai se encontrar com uma diversidade e uma diversidade importantíssima porque as crianças lá pelas tantas começam a dizer pros pais mas a minha professora disse que isso é diferente Ou seja Elas começam a interrogar
os saberes e esse é um exercício importantíssimo para que as crianças produzam um saber delas é que rompe uma condição unívoca por isso que eh é tão paradoxal que depois do que a gente testemunhou eh como as consequências terríveis de uma privação de encontro com pares na escola que se se levante eh os benefícios do homeschooling por exemplo onde os pais ficam no lugar unívocos unívocos como detentores num saber eh ir paraa escola implica aprender junto com os outros conviver na na diversidade se ater às regras do coletivo é um exercício paraa futura cidadania que
a criança vai encontrar quando a gente vai se encontrando com eh essa condição eh que a Emanuele nos coloca eh é preciso que a gente possa refletir como tantas vezes as escolas Elas têm sido pressionadas a entregar a criança como bons produtos pretendendo acelerar o conhecimento das Crianças muitas vezes num atropelo e num momento pós-pandêmico isso tem se produzido como que rapidamente a criança tem que escrever quando a criança precisa primeiro voltar se encontrar fazer uma série de exercícios de encontro com o semelhantes mas o que que acontece quando a escola ela é destituída do
seu lugar de saber e vira um serviço vira um clientelismo no qual as famílias elas vão exigindo que se Preserve a todo custo o narcisismo infantil do seu filho em vez de que justamente eh possa se produzir esse encontro com as diferenças o que que acontece também quando uma criança não encaixa dentro da condição de aluno ideal e rapidamente ainda bem não todas algumas escolas têm produzido verdadeiros Curt circuitos em que elas saem dali para diagnósticos de especialistas para fechar diagnósticos aniquilando se justamente essa possibilidade de que um professor com seus alunos em sala de
aula tenha possibilidade para encontros inventivos a gente vai se encontrando com escolas que cada vez fazem mais partes de grandes conglomerados e que nesses grandes conglomerados vem chegam prontos os currículos que têm que ser exercidos inclusive as provas da mesma maneira padronizada e isso aniquila a possibilidade inventiva do encontro eh de um professor com seus alunos na intimidade de uma sala de aula no encontro com autoridade de crianças que se encontraram virtualmente mas não de corpo presente Qual é a borda do encontro com outro como eu não empurro como eu encontro a minha vez de
falar quando não se está mutado é bom 2 anos para nós foi tempo agora 2 anos numa época que se está num momento de estruturação tem diferenças é como uma cicatriz uma cicatriz num tecido pronto deixa uma marca uma cicatriz num tecido que ainda está crescendo e se desenvolvendo produz um repuxo e por isso a gente em vez de atropelar as crianças com Produções performáticas é preciso que a gente ajude a produzir uma estruturação de um sujeito epistêmico que se interrogue Senão nós vamos produzir crianças adaptadas mas não estruturadas e isso faz com que na
primeira volta da Vida em que tem uma encrenca compareça ali é que um desarranjo de algo que não tava efetivamente amarrado a criança começa a fazer birras passa a se fazer cocô nas calças deixa de comer come demais o que nos revela que isso de fato é não era algo do qual ela tinha se apropriado ela se adaptou mas não se estruturou e essa é uma questão central dado que as crianças na contemporaneidade passam tanto tempo na escola Talvez o professor seja o adulto que mais horas por dia convive com uma criança Vejam a importância
de levar o que se passa dentro de uma escola a sério agradecer Julieta pela apresentação de hoje por favor palmas para noss palestr agé a você parp a Vivo apareceu também no YouTube no Instagram está acompanhando a gente desde o começo é passar os números aqui tivemos um alcance de quase 40.000 pessoas durante essa apresentação e aos vídeos também os vídeos as pessoas que participaram em vídeo agradecer também e dar um recado aqui que na semana que vem no dia 13 já aí na quinta-feira Voltamos ao nosso dia normal e a gente vai ter um
café para tratar de adolescências plurais com a André guerra e na TV nesse domingo filosofia com Eduardo Wolf Obrigado até lá domingo O que que significa continuar fazendo filosofia e quais são os dilemas da filosofia se é que a filosofia terá ainda algo a nos dizer democracia justiça liberdade igualdade são valores vividos Como estando aqui nos definindo esses valores não estão mais aqui senão como fantasmas do que nós fomos no passado Bernard Williams filosofia como disciplina humanista os desafios hoje são muito mais complexos para você ser capaz de adotar uma atitude uma postura humanista Café
Filosófico domingo 7 da [Música] noite C [Música]