Será que o corpo humano tem algum órgão inútil? Um órgão que só serve pra dar uma pedrinha ou inflamar de vez em quando? Eu comecei a responder essa pergunta no vídeo sobre o apêndice, um órgão considerado inútil que surpreendeu os cientistas.
Mas e a vesícula? Será que ela só serve pra dar pedra? Ou será que ela também tem alguma função especial?
No vídeo de hoje eu vou te explicar tudo sobre a vesícula, um órgão que fica ali pertinho do fígado e que muitos só conhecem por causa das pedras. Vamos descobrir como e em quem as pedras aparecem, porque elas podem ser tão perigosas, e vou te falar Cerca de metade dessas pessoas não sente nenhum sintoma e vive normalmente. Mas algumas têm o azar de ter muitas pedras, ou pedras muito grandes.
É sério, elas podem ficar do tamanho de uma bola de golfe. Agora pensa você com isso aqui dentro do corpo! Como você pode imaginar, uma pedra dentro de um órgão gera sintomas bem desagradáveis, como fortes dores no abdômen, náuseas, vômitos e sudorese.
E para acabar com isso basta tirar as pedras, certo? Será que é tão simples assim? Vamos viajar para Berlim, Alemanha em 1882, quando aconteceu a 1ª remoção de vesícula do mundo.
Lucrécio tinha 43 anos e estava com cólicas causadas por duas pedras na vesícula há pelo menos 16 anos. Ele já tinha perdido 36 quilos e sentia tanta dor que precisava tomar morfina, um analgésico super forte, o tempo todo. Naquela época, os médicos resolviam casos como o do Lucrécio, fazendo uma cirurgia para remover as pedras, mas mantendo a vesícula no mesmo lugar.
Parece uma ideia bem melhor do que tirar a vesícula inteira, não é mesmo? Afinal, a vesícula deve ter uma função… Infelizmente não era uma boa ideia deixar ela lá. Muitos pacientes continuavam com dor e voltavam a ter pedras na vesícula.
Os médicos da época não faziam ideia do que causava as pedras e os pacientes tinham que passar pela cirurgia mais de uma vez. Foi aí que o médico Carl Langenbuch, pesquisando alguns experimentos feitos no século 17, descobriu que cachorros sobreviviam sem vesícula. Então, quando Lucrécio chegou no hospital com fortes dores causadas pelas pedras, o doutor Carl resolveu testar o novo tratamento.
Ao invés de tirar só as duas pedras, ele tirou a vesícula inteira. Para a surpresa de todos que duvidaram do doutor Carl, a cirurgia foi um sucesso, e no dia seguinte Lucrécio estava sem febre, sem dor e até… fumando um cigarro. Vários médicos começaram a testar essa nova abordagem, que se mostrou na verdade mais segura.
Enquanto 27% das pessoas que tiravam as pedras morriam, só 12% daqueles que tiravam a vesícula toda morriam. Hoje em dia esse número é infinitamente menor. Seguindo a descoberta do Carl, até hoje, os médicos escolhem tirar a vesícula inteira, porque se ela fica ali, sempre existe o risco de novas pedras surgirem.
Mas a vesícula é um órgão que deve ter alguma função e não deveria ser retirada! Será que é a vesícula o verdadeiro órgão inútil que surpreendeu os cientistas que vai fazer jus ao título desse vídeo que vocês gostaram tanto? Será que remover a vesícula completamente não causaria mais problemas?
Qual é a verdadeira função da vesícula além de dar pedra? Comenta aí embaixo o que você acha. Isso pode parecer estranho, mas se existe uma função da vesícula, ela está relacionada com aquela gordurinha do bacon e com a pizza de queijo que você adora comer.
Então para entender o que a vesícula faz, vamos fazer uma viagem dentro do seu corpo, junto com esse pedaço de pizza aqui. Imagina que essa pizza tem muito queijo e azeite borbulhando. Cheia de gordura que te deixam com água na boca.
Eu juro que isso é só pela ciência, tá? Para o seu corpo digerir essa pizza, muita coisa acontece ao longo do caminho do sistema digestivo. Primeiro, a pizza precisa ser quebrada em pedaços bem pequenos, para que o corpo consiga absorver os nutrientes.
A sua mastigação ajuda a quebrar o alimento, mas várias substâncias químicas são liberadas na saliva, no estômago e até no intestino deixam as moléculas da comida minúsculas. Os micronutrientes, que são essas moléculas já quebradas, se ligam a moléculas de água e são absorvidos com facilidade quando chegam no intestino. Mas esse não é o caso da gordura.
Gordura não se mistura com a água como você pode perceber. Para ajudar na absorção, o fígado produz… a bile. Um líquido esverdeado que contém sais biliares que agem como uma ponte, ligando a água nas gorduras e facilitando a digestão.
Perfeito, não é mesmo? Assim você consegue comer sua pizza e vários outros alimentos gordurosos tranquilamente. Mas e a vesícula, onde ela entra nessa história?
A bile é produzida pelo fígado o tempo todo. Mas não seria muito útil ficar jogando a bile no intestino quando não tem comida lá. É aí que entra a vesícula, uma bolsinha em forma de pêra abaixo do fígado.
À medida que a bile é produzida, ela é armazenada ali dentro. E quando a pizza chega no intestino, o corpo manda sinais para a vesícula se contrair para expulsar a bile em cima de toda aquela gordura e ajudar na digestão. Muito lindo não é?
Se você também achou incrível entender como a vesícula é importante na digestão de uma pizza, já deixa seu joinha nesse vídeo. Só que nem tudo é perfeito. Em algum momento, a bile que está armazenada na vesícula acaba dando lugar a pedras.
Mas por que isso acontece? Como e em quem surge a pedra na vesícula? A bile é muito mais do que só um componente produzido pelo fígado pra ajudar na digestão da gordura.
É a bile que vai remover todo o lixo e nutrientes não utilizados de volta pro intestino e finalmente para as fezes. Ela é o produto final do metabolismo das células do fígado, que estão o tempo todo desintoxicando o sangue, metabolizando os nutrientes que o intestino absorve e metabolizando gordura. Por isso, a bile é composta pelo pigmento bilirrubina, sais biliares, e colesterol.
As pedras vem de algum desequilíbrio na produção da bile e no uso desses compostos. Em 80% dos casos o responsável pelas pedras é o colesterol, e no resto é a bilirrubina com sais biliares. Se a quantidade de um desses componentes está maior do que o normal, ele se solidifica, formando grãos ou pequenos cristais na vesícula.
Esses grãos vão se juntando, se juntando até formarem uma pedra! É por isso que obesos, diabéticos e pessoas com distúrbios no metabolismo de gorduras, ou seja, quem normalmente tem excesso de colesterol no sangue tem mais risco de formar pedras na vesícula. Por isso, manter o colesterol em níveis adequados, seja com remédios ou através da alimentação, ajuda a evitar a formação de pedras.
Mas algumas pessoas têm tendência a ter níveis mais altos de colesterol não no sangue, mas na bile. É o caso de quem sofre de doenças hepáticas e cirrose, além de idosos e mulheres grávidas. Todos têm risco aumentado de ter pedrinhas na vesícula de vários tamanhos.
Independente da origem da pedra, fato é que dependendo do tamanho dela, se ela sai da vesícula, pode ficar presa nos canos que levam a bile até o intestino. Isso pode causar uma inflamação e lesão nas células da região. Se o problema se agravar, pode acontecer até uma perfuração no local e hemorragia.
E como se não bastasse a perfuração, a pedra que está no meio do caminho impede que a bile chegue até seu destino final, em uma doença chamada colestase. A bile acumulada pode retornar e entrar em outros órgãos, causando hepatite ou pancreatite. A inflamação, se não tratada, é muito séria e pode levar à morte.
Um problema sério que tem muita atenção da ciência e precisa de uma solução. Mas uma descoberta recente pode mudar de vez a história da vesícula como um órgão ingrato e até considerado inútil por algumas pessoas. A maneira como os grãos e cristais vão se juntando até formar as pedras era desconhecida até 2019, pessoal quando cientistas alemães se surpreenderam com uma grande descoberta.
Eles perceberam que células de defesa chamadas neutrófilos é que são responsáveis por iniciar a formação das pedras. É a história sendo escrita. Na presença de pequenos cristais de cálcio e colesterol, que se acumulam nos ductos biliares de algumas pessoas, os neutrófilos, por alguma razão que ninguém entende muito bem ainda, liberam uma um jato de substâncias que funciona como uma cola.
Ela junta os pedaços de colesterol e de sais biliares, deixando a pedra bem estável e em condições perfeitas para crescer. Essa descoberta, galera, é tão revolucionária que os pesquisadores viram que se os neutrófilos forem inibidos e não produzirem essa cola as pedras não se formam. É muito raro conseguir descobrir um mecanismo tão importante pra uma doença assim.
Em 2019, quase que ontem, essa pesquisa pode ser a chave pra acabar de vez com as pedras na vesícula! Se criarmos uma terapia pra evitar que os neutrófilos liberem essas substâncias, adeus pedras. E eu acho que essa descoberta vale o seu like nesse vídeo, ein?
Mas até termos uma terapia definitiva, ainda temos que contar com a engenhosidade do Doutor Carl, que inventou a cirurgia de remoção da vesícula há mais de 130 anos. Se ela for feita no início do problema, ela impede todas as complicações e evita que novas pedras apareçam pelo caminho. A boa notícia é que ficar sem vesícula, por incrível que pareça, não causa nenhum problema.
Então respondendo à pergunta do título, seria então a vesícula um órgão inútil? Sem a vesícula, a bile vai cair direto no intestino, depois de ser produzida no fígado. Na prática, quando você comer uma pizza gordurosa, não vai ter um monte de bile guardada para ajudar a digerir.
Mas sempre vai ter um pouquinho de bile passando por ali. Então nas semanas depois da cirurgia, você até pode sentir indigestão ou diarréia depois de comer muita gordura. Mas, ao que tudo indica, na maioria das pessoas, o corpo se acostuma a fazer a digestão com pouca bile, e os sintomas somem.
Então se o médico recomendou tirar a vesícula, essa provavelmente é a melhor opção para você. Dá pra viver normalmente sem ela, igual dá pra viver sem vários outros órgãos! Podemos tirar o apêndice e as amígdalas quando elas inflamam.
Podemos tirar até metade do fígado, que o nosso corpo se recupera. Até mesmo sem um dos rins, o corpo se reequilibra e funciona bem. Ou seja, a vesícula é um órgão útil, mas que pode ser removido.
Diferente da sua pele, que além de não poder ser removida, ainda apresenta diferentes cores. Mas de onde vem essa diversidade de cores de pele? Qual era a cor da pele do primeiro ser humano?
Isso você descobre assistindo esse vídeo aqui ou então assiste esse vídeo que o YouTube te recomendou. um grande abraço. Uma boa pizza pra você, um grande abraço e eu te vejo no proximo video.
Tchau.