Parte 2 - Se você namora uma mulher autista, você precisa saber disso.

23.21k views4251 WordsCopy TextShare
Lygia Pereira - Autismo Feminino
Mulher autista - Namoro, casamento e maternidade para a autista adulta Se você namora uma mulher aut...
Video Transcript:
Bem, se você está aqui, eu imagino que você seja uma mulher autista ou uma pessoa que ama uma mulher autista e quer entendê-la melhor. Parabéns! Então, esse é o segundo vídeo da série "22 coisas que uma mulher com síndrome de Asperger ou uma mulher autista quer que o seu parceiro saiba".
Essa série foi inspirada no livro da Ágora de Simone. E, como vocês pediram, nós vamos continuar aqui com mais sete capítulos deste livro, então estou aqui com meu Kindle. E vocês já sabem que a bruxa é uma autista, ela mesma, e foi uma das primeiras pessoas a falar sobre o autismo feminino.
Ou seja, vale a pena conferir o que ela tem a nos dizer, até porque o livro foi baseado não apenas nas experiências dela como autista, mas também em vários relatos que ela colheu com mulheres autistas ao redor do mundo. Então, vamos lá, anotando aí os pontos interessantes para aprimorar o relacionamento. Eu vou começar aqui pelo nono capítulo, porque, na verdade, nós já conversamos sobre os oito primeiros capítulos no vídeo anterior, e ele está aqui nos cards.
Se você ainda não viu, vai lá conferir depois. Bem, dito isso, vamos ao nono capítulo, que é intitulado "Não seja cruel com o coração verdadeiro". Então, ela, que é autista, não costuma entender a crueldade, a injustiça; ela costuma ser mais ingênua.
Talvez ela não goste de ficar em panelinhas na escola, de ficar fofocando com as amigas e, por isso, pode acabar ficando socialmente desprotegida num grupo e se tornar alvo daqueles valentões, né, dos bullies. Eu, na verdade, ainda não conheci um autista que não tenha sido hostilizado na escola, na igreja ou no trabalho. E o que poucas pessoas sabem é que a autista pode ser emocionalmente vulnerável, mesmo que ela seja intelectualmente muito forte.
Em muitos casos, porque ela parece mais objetiva, determinadas pessoas nem cogitam que ela possa ser ingênua ou que ela possa precisar de algum tipo de proteção. Mas ela costuma precisar, porque, talvez, ela seja muito sincera, muito transparente e nem sempre sabe o que se passa pela mente ou pelo coração dos outros. Na série "Uma advogada extraordinária", a Eun-Young, por exemplo, se coloca em risco por não perceber as armadilhas do seu colega, ou, melhor, ele até tem um apelido como "ultrapasseiro" e trabalha no escritório com ela.
E são os amigos quem a protegem. Moral da história: quem está com um autista tem um papel muito importante de apoiar a sua namorada ou a sua esposa em seus projetos, de facilitar a interação dela com outras pessoas para que tudo corra de forma segura e, ao mesmo tempo, não subestime a inteligência da autista. Ele não deve tratá-la como criança, porque isso realmente pode acontecer até sem querer, principalmente se a autista for muito dependente para certas atividades.
Aí o marido pode ficar monitorando demais o que ela faz ou oferecendo muita ajuda, e isso talvez acabe deixando a sua esposa muito insegura ou chateada mesmo, por sentir que, justamente, a pessoa que ela ama e que ela confia está subestimando a inteligência dela. E isso é grave, porque, se a autista se sentir traída, presa ou inferiorizada, ela pode murchar, deprimir, ficar doente mesmo e, óbvio, se desconectar de você. Então, cuide desse coraçãozinho delicado.
E agora vamos lá às palavras do marido. Então, ele diz assim: diante da ingenuidade da autista, as pessoas mostraram quem realmente elas são, com ou sem culpa, quer dizer, com mais ou menos intenções, ou não. E você vai perceber quais são as limitações da autista.
Aí o marido compartilha com a gente a sua tática para proteger a sua amada: eu simplesmente surjo do nada; eu a protejo, me certificando de que os outros entendam a mensagem que ela precisa. O meu apoio, pois isso é algo que ela nunca teve antes, quer dizer, ele não a deixa passar por ingênua. Agora, o décimo capítulo traz a seguinte mensagem: "Lá é onde o coração dela está, e também onde o seu corpo está em boa parte do tempo".
Os autistas geralmente são caseiros e, aliás, a casa é o único lugar onde eles dizem poder controlar todos os elementos e onde as pessoas não entram, né, certo, com a permissão deles. Então, a casa é uma extensão das pessoas autistas e isso não é à toa. Os autistas, sobretudo as mulheres autistas, tendem a ter mais tempo de espaço para a inatividade, para o repouso, para o ócio criativo.
Então, a casa da autista vai estar preenchida com os objetos relacionados aos interesses especiais dela: os livros da Jane Austen, instrumentos musicais, coleções do Harry Potter, lápis de cor, obras de arte e por aí vai. A questão é que esses elementos tornam a casa da autista um lugar muito aconchegante, único, especial. E, mesmo que a casa apareça um pouco confusa aos olhos dos outros, essa casa é organizada, pelo menos na mente dela.
E qual é o impacto disso para o relacionamento? Bem, com o ninho tão confortável, provavelmente a autista não vai querer sair muito de casa. E essa é a tendência de muitos homens autistas também.
Por exemplo, um australiano, ele é casado, e a esposa é quem trabalha fora. Então, enquanto a esposa está no trabalho, ele fica em casa cuidando dos filhos e das tarefas domésticas. Mas ele conta que não é só por não querer sair de casa que ele assumiu esse papel.
Na verdade, ele não se deu muito bem nos empregos, né, que ele testou antes. Então, ele disse que ainda hoje fica um pouco constrangido por não assumir aquele papel oficial de provedor que a sociedade espera dele, mesmo sabendo que a esposa está super feliz nessa configuração de casamento. E ele mesmo comenta que existe uma diferença de expectativas sociais para homens e mulheres, porque a mulher tende a ser menos julgada por essa necessidade de ficar em casa.
Que ele permita trabalhar, por exemplo, de pijama, e talvez ele esteja certo. Aí vocês vão me dizer, né? O que vocês acham?
De qualquer forma, se ela trabalhar fora e se ela estiver em um curso presencial, por exemplo, o conselho do doutor Tony é: tire uma hora livre para cada hora de socialização. O emprego conta, o trabalho conta como socialização. E o que esse conselho tem a ver com o seu relacionamento?
Bom, o marido não deve ficar chateado ou preocupado se a esposa chegar do escritório e quiser ficar um pouquinho no seu cantinho, quieta. É claro que a gente treina várias habilidades, várias competências, para que a pessoa sensível não fique sobrecarregada com tanta frequência, mas a verdade é que isso ainda pode acontecer, mesmo que a pessoa esteja treinada. E aqui vão algumas palavras de outro marido: eu adorei o fato de ela querer ser uma mãe que fica em casa e que faz a nossa casa um lar.
Quer dizer, ela tem total liberdade para estar em casa, está no ambiente dela. O décimo primeiro capítulo é um alerta. Então, ela pode não ser o que você idealiza como uma mulher típica.
O estereótipo de uma garota com autismo pode estar ligado à imagem de uma criança mais tímida ou de um gênio excêntrico de óculos, monitorando um microscópio, ou uma menina apaixonada por anime, encantada por baleias, gatos ou pinguins. Mas é pouco provável que você imagine um autista mexendo em ferramentas elétricas, em chaves, cortadores de grama ou peças de móveis, ferramentas de marcenaria. Esses são exemplos da árvore Simone no livro.
Ou seja, como a lua de Simone diz, um autista pode não se encaixar nem no estereótipo de autista, uma menina fofa, amiga genial, nem de uma mulher típica neurotípica. Porque autista não costuma pensar que ela é uma menina ou uma mulher. Antes de tudo, ela vai pensar nela mesma como um ser humano com gostos e desejos singulares.
Então, talvez ela não compreenda bem esses papéis sociais já prontos, estabelecidos e queira se vestir de forma mais confortável ou ter atividades que não são compatíveis com aquele estereótipo, com as expectativas de atividades femininas. E claro, nós observamos na clínica que, quando elas se forçam muito a ser femininas, nesse sentido popular da palavra, elas podem se sentir vazias e esgotadas. E às vezes, mesmo quando ela assume a moda como seu hiperfoco e se sente bem nesse ambiente, é comum que ela tenha a mente, então, mais objetiva, mais técnica.
Ela não gosta muito de frescura; faça um trabalho mais técnico, que é interessante também. E quando nós pensamos em competição entre garotas, que é outro tópico que Simone aborda, isso também não costuma ser o comportamento natural da autista. Então, isso quer dizer que as amigas não precisam ficar com ciúmes do namorado quando a autista estiver por perto.
E um outro detalhe é que, por ter esse estilo mais pragmático, a autista pode acabar questionando a sua própria sexualidade, principalmente durante a adolescência, porque ela pode se identificar mais com o comportamento de menino, fazer coisas de meninos e se vestir como eles, meio tomboy. Mas, pelos relatos de autistas adultas, essa impressão pode acabar passando quando ela percebe que, sim, as mulheres podem ter um estilo mais masculino e está tudo bem. Agora, sobre o relacionamento, é importante saber que a sua amada não vai se encaixar nos padrões e que, se você assumir também algumas tarefas mais femininas, ela provavelmente não vai considerar você menos macho.
Quer dizer, ela pensa fora da caixa, por isso o namoro e o casamento dela são menos convencionais. Então, vamos ler a mensagem aqui que o marido deixa pra gente: gostei dela porque ela era inteligente, trabalhadora, boa, confiante e não era ríspida como tantas outras mulheres que conheci. Quer dizer, ganhou na loteria, né?
O décimo segundo capítulo é um pouco polêmico; o título é "O nome dela não é mamãe". Não importa o quanto ela ama o seu filho; o que é rude, Simone disse, é que as autistas são excelentes mães, são criativas, protetoras, comunicativas, mas elas não são convencionais. E isso é o que a gente observa mesmo, porque, pelo que as autoras precisas dizem, o papel de esposa e de mãe pode desorganizar o seu senso de identidade, que já não é tão sólido assim.
Então, como forma de autopreservação, a autista vai querer manter a sua rotina, os seus gostos, as suas atividades. E talvez, mesmo que ela não trabalhe fora de casa, se anular pelo filho não vai ser uma opção para ela. A árvore de Simone compartilha sua experiência de mãe e conta que ela achou muito estranho e até desrespeitoso ser reconhecida e chamada como "a mãe da Lena", que é a filha dela, embora ela ame a minha filha.
Ela sente que a identidade de cada ser humano precisa ser preservada. Um outro ponto é que a hipersensibilidade pode tornar muito difícil os cuidados com o bebê. Então, não é comum ver o pai da criança subindo banhos, fazendo as trocas de fraldas, acalentando a criança, preparando as papinhas.
E, para ajudar, né, a esposa, a amamentação também pode ser um grande desafio para a autista, e isso tende a ser muito mal visto socialmente. Mas a sensibilidade realmente pode inviabilizar esse cuidado materno. E, mais uma vez, o marido precisa proteger a esposa neurodivergente das críticas e até da insistência de alguns profissionais, né, que fazem, às vezes, até também suas intenções.
Mas, nesse caso, a gente precisa ser mais tolerante. E, claro, o marido precisa ajudá-la a não se sentir culpada e também a encontrar alternativas viáveis para fazer essa maternagem, né? A maternagem que ela der conta, de preferência com apoio social e sem a invasão do território dela.
Não sei se é pedir muito; por exemplo, ter a sogra ou a mãe em casa logo após o nascimento do bebê talvez não seja um desejo óbvio. Da autista, talvez a melhor ajuda que você possa oferecer seja justamente adiar um pouquinho a sua visita ou cuidar um pouco da criança durante o dia em silêncio, para que a mamãe autista durma tranquila. O marido precisa, então, mediar as emoções das vovós, né?
Nesse caso, elas às vezes querem estar perto, e o que elas me contam também é que o choro do bebê fica ecoando, às vezes, por horas na cabeça dela. Então, obviamente, o grande risco aqui é a mãe entrar em exaustão física e mental. A autista pode ficar esgotada nos primeiros anos de cuidado, principalmente se ela não tem ajuda adequada.
Uma outra peculiaridade é que a autista tende a falar com o filho muito seriamente, como se ele fosse um pequeno adulto. Então, a criança pode aprender um vocabulário muito rico logo cedo e ser mais séria também, né? E por ter uma mãe diferente, que não subestima a inteligência da criança, o filho pode ganhar autonomia muito mais cedo também, que é um lado positivo, né?
Extremamente positivo dessa educação. Oferece, e outro ponto positivo é o seguinte: como a autista reconhece a importância do seu hiperfoco, ela tende a reservar espaço também para que seus filhos visitem os seus próprios interesses especiais. Isso pode gerar atividades super interessantes.
Minha filha canta, e essa era a obsessão das duas, então passavam horas cantando. Outra mãe conta que ela era apaixonada por pintura, e o filho amava elevadores. Então, a mãe levava o garotinho, reunindo as duas atividades; né?
Levava o garotinho para pintar dentro do elevador. Enfim, o papel do marido, nesse caso, vai ser assumir algumas tarefas da mãe e confiar na criatividade da sua esposa, né? Evitar que o filho se sinta negligenciado também, quando a autista estiver cansada, por exemplo, mediar essas questões e ajudá-la no vocabulário.
E vamos aqui então à mensagem do marido: ela é muito responsável como mãe, sempre cuidando dos melhores interesses da sua filha. Ela tem autoridade, mas não há manipulação nisso; pelo contrário, ela não deixa os seus próprios sentimentos se envolverem nas tomadas de decisões. Além de ser muito motivada pelo amor, quer dizer, é uma mamãe muito especial, pouco convencional, altamente eficiente.
E que bom que o marido precisa! O 13º capítulo fala sobre a sexualidade, e nós podemos produzir a mensagem, né? O título do capítulo é "Assim como transformar uma cama quentinha em uma cama caliente".
Nesse capítulo, fala-se sobre as dificuldades que a mulher autista pode ter quando vai fazer amor. Por exemplo, ela pode sentir cócegas, dor, incômodo, o que leva a mulher autista às vezes a fugir do marido. E claro, isso vai deixar essa pessoa que ela ama insegura, vai deixar o marido inseguro.
Mas, em outros casos, a autista pode gostar bastante do encontro amoroso e até buscar os abraços do marido como fonte de relaxamento. O que Simone diz não ter visto durante as suas entrevistas foi a indiferença, né? Quando se trata desse assunto, segundo elas, autistas ou odeiam a sua vida sexual ou, quando a autista está casada, é esperada que ela e o marido encontrem uma rotina mais confortável para os dois.
Aí, quando há dificuldades na comunicação, a terapia de casal pode ajudar bastante. Agora, um alerta importantíssimo que a Simone deixa é sobre as meninas autistas, jovens e solteiras. Como elas talvez não compreendam bem essa coisa da sedução, das paqueras, elas podem ficar vulneráveis.
Mais uma vez, isso torna presas fáceis para o abuso e até para o tráfico de mulheres. É chato falar sobre isso, né? Mas, infelizmente, existe um estudo recente que mostra que quase 90% das mulheres autistas dizem ter passado por algum tipo de abuso sexual.
Então, elas precisam ser bem instruídas a respeito do cuidado que devem ter, né? Com o próprio corpo, com essas mensagens, com os lugares onde elas estão ou vão. Voltando aqui à nossa conversa sobre casamento, a mulher autista, como a gente está dizendo, tem dificuldade para fazer teoria da mente.
Então, qual é o impacto no casamento? Bem, ela pode não entender porque você precisa vê-la em roupas sensuais. Sim, ela não tem esse tipo de fantasia; enfim, ela pode não se preparar para o encontro romântico e ficar vestida, às vezes, durante o dia, com a camiseta suada, meio chinelo de dedo, sem se depilar adequadamente, com o cabelo amarrado para cima.
Mas isso não é por mal, é porque ela talvez nem imagine que isso acaba com os seus sonhos de uma noite romântica. E aí, sim, você não achar sexo e ver a sua esposa vestida de gata borralheira em casa também não adianta trazer uma lingerie bonita e esperar que a mágica aconteça se você ficar em silêncio, porque ela vai guardar essa roupinha na gaveta e esquecer do presente, principalmente se o tecido não for confortável, né? Renda, por exemplo, incomoda algumas pessoas.
Então, a solução passa novamente pela conversa, e aí você precisa falar com cuidado sobre as suas expectativas, sem, obviamente, querer que ela se transforme em outra pessoa. Então, vamos lá à mensagem do marido. Quando nós, neurotípicos, estamos namorando, às vezes, nós não estamos realmente procurando nos conectar emocionalmente, nós estamos apenas querendo passar uma noite com a pessoa.
Mas como uma mulher autista, tem que haver uma conexão emocional; caso contrário, é uma situação assustadora para ela. Então, tem que haver o máximo de comunicação possível. E aqui, mais uma vez, a ficha caiu: a comunicação é a chave de tudo.
O décimo quarto capítulo é contraintuitivo, e o título é "Porque os movimentos autoestimulatórios e estereotipias podem ser bons para ela e para você também. " E todo mundo tem o seu comportamento mais calmante ou relaxante, mas nem sempre as pessoas se dão conta disso, né? Que ficam batendo na mesa ou balançando as pernas enquanto estão assistindo a um filme.
Mas todos nós fazemos. Isso, ou seja, fazer esses movimentos hiperativos ou repetitivos não significa que você esteja no espectro, mas provavelmente você vai poder se identificar com essa característica, com esse recurso. E como a ansiedade é bastante comum na vida das autistas, elas costumam ter, então, mais comportamentos calmantes autoestimulatórios, porque eles são úteis para descarregar o excesso de energia.
Então, em vez de manter os sentimentos trancados na mente, elas vão participar essa energia represada pelo corpo, pelos movimentos, e isso evita que a chaleira exploda, que ela entre no meltdown, por exemplo. Então, os tiques são funcionais; os movimentos repetitivos têm função, porque ninguém em sã consciência vai querer ver uma crise autista. Quer dizer, então, que não vale a pena reprimir esses movimentos calmantes auto-regulatórios, mas pode ser também que seja desconfortável para quem está perto da autista vê-la se movimentando muito.
Então, o casal pode reservar um espaço da casa para que a autista restaure o seu equilíbrio, para que ela possa se movimentar com liberdade. E você, namorado ou marido, precisa perguntar como ela prefere que você se comporte diante de uma crise, se ela acontecer. Mas é bom saber que, como esses movimentos auto-regulatórios são justamente para evitar o meltdown, e eles acontecem quando há excesso de estímulos, é bem provável que eles ocorram em um ambiente público, né?
Tanto os movimentos quanto a crise. Então, nesses ambientes é quando os estímulos excedem, né, os limites dessa moça autista. E aí é importante que você não insista para que ela fique parada, por exemplo; se ela quiser ir ao banheiro, você pode acompanhá-la.
Se ela quiser caminhar um pouco sozinha, está tudo bem. Quer dizer, se você estiver em paz com a necessidade de movimento da autista, aí vocês vão ter momentos felizes e muito menos crises. E aí vamos ao depoimento de um marido: “Depois de estar com a autista por dois anos, eu me vejo me balançando e girando os meus dedos no ar e não ao som da minha música de rock favorita; é contagiante e reconfortante.
Não tente deter ou parar a sua garota no meio do caminho, porque você vai se arrepender disso. Então, junte-se a ela ou apenas permita que ela siga o seu processo, esse processo de reequilíbrio, e está tudo bem. ” Agora, o 15º capítulo também trata dos movimentos repetitivos da autista.
O título é “Elas pulam, saltam e giram de alegria”. Simone disse que, especialmente, as autistas jovens podem ser incrivelmente histéricas; elas parecem, às vezes, até muito frias e simplesmente talvez não mostrem muita emoção na face, nas expressões. E isso porque os autistas tendem mesmo a ter um tônus muscular mais baixo e também porque muitas autistas foram ridicularizadas por professores, colegas, irmãos e até pelos próprios pais quando expressavam a alegria delas de uma maneira peculiar.
E isso, claro, pode fazer com que as autistas reprimam os seus sentimentos de felicidade. E qual é o jeito peculiar, né, que pode atrair tanta atenção das pessoas? Bem, pode ser rir demais, bater palmas, fazer barulhos muito altos, experimentar, gargalhar, ficar pulando, bufar, né, que é comum até na cultura francesa, mesmo com neurotípicos.
Ela pode querer rolar no chão de felicidade, fazer uma dancinha de celebração, um cumprimento, né, quando vê amigo como a olho nu. E se, por um lado, os adultos podem estranhar esse modo mais juvenil de estar feliz, esta é outra razão pela qual as autistas podem ser excelentes mães. As autistas não costumam ter problema nenhum em passar horas brincando com os filhos, cantando, imitando personagens, Baby Shark, projetando seus foguetes, por exemplo.
E aí você pode me perguntar, né: “Ela não era aquela mãe séria que tratava o filho como um adulto? ” Sim, é essa mãe. Mas é porque a brincadeira, para a autista, pode ser uma coisa muito séria.
A Ruth Simone conta que uma vez ela estava num jantar com a templending e elas estavam conversando sobre Star Trek, os Beatles, Cavaleiros Solitários, que, eu entendi, são interesses especiais das duas, né, interesses em comum. E aí ela conta o quanto se divertiram e deram muita risada, mas os adultos da mesa não viram a menor graça nos histórias e passaram o jantar lá, arrancando-os do outro lado, né, sem conversar com elas. E ela conta também que recebeu um prêmio por ter escrito “Asper Girls”, né, que é o primeiro livro dela.
Em vez de celebrar, lá com champanhe, como os adultos normais fazem, ela passou a noite inteira pulando numa bola enquanto assistia “Rebelde”. E o marido dela, será que ele estranhou esse comportamento? Bom, ela disse que não; pelo contrário, ele ama vê-la feliz e saltitante.
Mas, e se por acaso, né, em outro relacionamento, o namorado ou marido deixar a moça autista constrangida? Bom, provavelmente os dois vão perder esses momentos de alegria e de leveza se ele perguntar, por exemplo: “Quando ela vai crescer? ”, né, “se tornar uma mulher séria?
” E isso também não vai contribuir para que o relacionamento fique mais forte. Agora, se a alegria da autista servir para que você também se solte, pule, brinque, se divirta, aí ela vai entender e gostar mais da sua companhia. E, de qualquer forma, a autora, né, deixa um alerta importante: se você realmente sente que a sua namorada autista está colocando em risco a reputação e a segurança, aí sim, você, nesse caso, deve ser transparente, conversar com ela, né, com compaixão, com respeito, de preferência em um ambiente privado, para que ela possa mudar o que for necessário.
E é claro que a vida da autista não vai ser pura brincadeira; é claro que ela, sim, deve se preparar também para lidar com as tarefas do universo adulto, como administrar o orçamento, resolver problemas, né, dos seus filhos na escola, ganhar dinheiro, estudar, né, tudo que for necessário fazer, todas essas coisas que um adulto precisa. Fazer, e aliás, autista pode ser bastante competente nessas áreas, mas talvez ela precise de um tempinho para cultivar todas essas habilidades, né? Uma com foco, e, enquanto isso, claro, o marido precisa ajudá-la e se divertir com esse jeito de ouvir algo da sua querida autista, tanto maior.
E por falar nisso, vamos lá ver o que o marido diz nesse caso, nesse capítulo. Aqui, eu gosto quando ela é brincalhona; seu coração parece muito infantil, parece de uma menina e de uma mulher ao mesmo tempo, o que eu acho gratificante. Eu não vejo nada de errado nisso; isso é o amor, né?
Que ótimo! E eu também não vejo nada de errado nisso; pelo contrário, amo essa leveza, amo quando a pessoa se respeita, se reconhece e se permite ser assim, celebrar a vida. E aliás, a diversão é o meu lema.
Ainda mais depois de descobrir que o cérebro aprende muito melhor quando está inundado pelos neurotransmissores da alegria. Então, sempre procuro encontrar algo divertido ou surpreendente no meu tópico de estudos, e eu sugiro que você faça o mesmo. E aqui nós fechamos os nossos sete capítulos de hoje com alegria.
Eu espero que estejam gostando dessa série e que, assim como o primeiro vídeo, tenha gerado boas conversas, né, entre você e seu amor. Que este vídeo também leve o nível do seu relacionamento. Então, por favor, comente aqui embaixo o que você achou desses sete itens, curta o vídeo com seus amigos para assistir a essa série, inscreva-se, porque na próxima semana nós estaremos aqui novamente.
Então, um grande abraço e até quinta-feira. Tchau, tchau!
Related Videos
Parte 3 - As Coisas que a Mulher Autista quer que o Seu Amor Saiba
22:18
Parte 3 - As Coisas que a Mulher Autista q...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
13,363 views
Parte 1 - Se você namora uma mulher autista, você precisa saber disso
21:57
Parte 1 - Se você namora uma mulher autist...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
42,856 views
Autismo Feminino - 30 traços autísticos clássicos
15:18
Autismo Feminino - 30 traços autísticos cl...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
58,454 views
Autismo em Mulheres - 45 Traços do Espectro Autista Nível 1 de Suporte
45:48
Autismo em Mulheres - 45 Traços do Espectr...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
27,051 views
Crises no Autismo. Shutdown ou Meltdown?
7:55
Crises no Autismo. Shutdown ou Meltdown?
Family On Board
29,027 views
Autismo Nível 1 - 14 Sinais Sutis + Traços Clássicos
26:52
Autismo Nível 1 - 14 Sinais Sutis + Traços...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
27,875 views
AS 5 CONDIÇÕES PARA O DIAGNÓSTICO DE AUTISMO: SEM ISSO NÃO É AUTISMO [2024]
16:16
AS 5 CONDIÇÕES PARA O DIAGNÓSTICO DE AUTIS...
Dra Maria Claudia Brito
2,399,143 views
Autismo em mulheres - o que você precisa saber se você namora uma autista
17:22
Autismo em mulheres - o que você precisa s...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
13,231 views
5 Coisas que Irritam MUITO as Pessoas Autistas
16:24
5 Coisas que Irritam MUITO as Pessoas Auti...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
238,421 views
Autismo em mulheres - 10 traços emocionais do espectro feminino
16:06
Autismo em mulheres - 10 traços emocionais...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
75,591 views
Autismo Nível 1 - 85 Sinais Sutis ou "Pink Flags" em Autistas
1:03:21
Autismo Nível 1 - 85 Sinais Sutis ou "Pink...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
26,626 views
Relacionamentos amorosos de pessoas com Autismo
20:41
Relacionamentos amorosos de pessoas com Au...
Luna ABA
79,920 views
10 SIGNS OF MILD AUTISM IN ADULTS | Take the TEST and see if you might be autistic
15:36
10 SIGNS OF MILD AUTISM IN ADULTS | Take t...
Cardio DF — Cardiologia e saúde cardiovascular em Brasília (DF)
4,745,747 views
Autismo Adulto ou Borderline - semelhanças e diferenças entre TEA e TPB
25:20
Autismo Adulto ou Borderline - semelhanças...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
35,210 views
Autismo - 5 coisas para NUNCA dizer para uma PESSOA AUTISTA
8:18
Autismo - 5 coisas para NUNCA dizer para u...
Mayra Gaiato | Desenvolvimento Infantil e Autismo
1,220,293 views
Autismo: Relacionamento
12:19
Autismo: Relacionamento
Family On Board
8,408 views
Autista ou Pessoa Altamente Sensível - como saber?
14:24
Autista ou Pessoa Altamente Sensível - com...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
30,783 views
25 CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO
13:54
25 CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO
Rhema Neuroeducação
7,015 views
Autismo em mulheres - 10 traços autísticos pouco óbvios
18:52
Autismo em mulheres - 10 traços autísticos...
Lygia Pereira - Autismo Feminino
366,130 views
10 sinais de autismo em meninas
10:06
10 sinais de autismo em meninas
Dr. Thiago Castro
157,567 views
Copyright © 2024. Made with ♥ in London by YTScribe.com