Pergunta: você é daquelas pessoas que odeiam ouvir os outros mastigando, mascando chicletes ou arrastando chinelos pela casa? Pois é! Então você não está sozinho nem sozinha, porque estima-se que cerca de 20% da população tenha essa sensibilidade muito forte a determinados barulhos.
E é por isso que nós estamos aqui hoje para conversar sobre a misofonia. Será que você já ouviu falar nessa palavra? Se nós dividimos essa palavra em duas partes, "miso" significa aversão ou ódio, e "fonia" se refere aos sons.
Ou seja, a misofonia é o incômodo extremo causado por certos sons. E por que nós estamos aqui falando sobre esse assunto? Porque a misofonia é bastante prevalente entre os autistas e as pessoas sensíveis também, sobretudo entre as mulheres.
Agora, como saber se eu tenho misofonia? Se você tem misofonia, bem, as pessoas com essa condição tendem a ficar muito irritadas. Não é chateadinhas!
Não! Elas tendem a ficar bravas, mesmo furiosas, e podem até entrar em pânico quando ouvem algum som muito antagônico. Isso pode variar bastante de pessoa para pessoa, mas geralmente os barulhos estressantes são o som da mastigação alheia, a respiração dos outros, barulho de atrito das coisas, tipo o atrito de balões de festa, as chaves no bolso ou no carro balançando de um lugar para o outro.
Bocejos também costumam irritar bastante as pessoas. Geralmente, o que incomoda são os barulhos mais orgânicos e muito repetitivos, como o batuque de caneta na carteira — isso é clássico! — e de gente digitando também no computador.
Tudo isso costuma expressar bastante quem tem misofonia. E por que esse costuma ser um problema maior entre os autistas? Porque, além da baixa tolerância a certos sons, as pessoas autistas geralmente são hipersensíveis.
Além disso, a pessoa pode ter alexitimia. Isso significa que a pessoa talvez tenha dificuldade para perceber esse incômodo e para expressar os próprios sentimentos. Ela tem problema para resolver o problema, então se ela não percebe o nível de estresse — levando aquele agito físico e corporal — ela fica muito incomodada, mas não busca solução.
E aí ela não consegue, por exemplo, achar os protetores auriculares dela, e o estresse vai aumentando mais e mais, combinando com um ataque de nervos às vezes. E quem vê acha que a pessoa explodiu do nada. Agora, a outra dificuldade natural da pessoa autista tende a ser com a interação social.
Então, o batuque na mesa incomoda, e talvez essa pessoa só tome a caneta do batuqueiro, sem dizer nada. Isso pode assustar os amigos, mas pelo menos essa é uma atitude potencialmente funcional; pode virar uma brincadeira! Os amigos podem compreender que a pessoa tem mais sensibilidade, e aquele foi o jeito de resolver.
Mas, na maior parte dos casos, a pessoa não consegue interromper esse barulho, não consegue solicitar um espaço mais silencioso para suas atividades e também não consegue compreensão dos outros. Consequência? Bom, em primeiro lugar, a desregulação emocional geralmente vem com o peso do constrangimento.
A pessoa fica envergonhada por não conseguir lidar de forma mais racional, ou mais funcional, mais adaptativa ou saudável com aquele problema. E aí, a pessoa se sente muito culpada, se sente envergonhada e fica constrangida mesmo. O segundo problema é o julgamento dos outros, ou seja, as pessoas que não vivem com quem tem misofonia geralmente não compreendem essa sensibilidade.
Às vezes, elas nem escutam o que incomoda tanto quem é sensível, e aí acabam invalidando a necessidade do outro de acomodação. Quem tem misofonia geralmente é rotulado como louco, fresco, chato, intolerante, intolerância zero, né? E agora que você já sabe o que significa misofonia e sabe também um pouco sobre como ela pode aparecer na vida real, nós vamos a mais um exemplo!
Os exemplos nos ajudam muito a aprender, e eu gosto de usá-los aqui com vocês durante os nossos estudos. Então, eu vou ler um relato de um autista sobre o impacto da misofonia na vida dela. Este texto está no livro que vocês já conhecem de outros vídeos.
O relato dela está na página 135, e quem compartilha conosco essa história é a Barbie, que é uma das autoras do livro. Dito isso, vamos lá ao nosso relato. Então, aqui na página 135, ela diz assim: "Eu descobri o meu ódio a certos sons quando eu era adolescente, cuidando do filho pequeno de um amigo.
Este garotinho feliz veio saltando da cozinha, segurando um saco de batatas fritas na mão, e prontamente pulou no sofá atrás de mim enquanto eu estava sentada no chão. Ele abriu ansiosamente aquele pacote de batatas fritas diretamente atrás da minha cabeça, pegou um punhado e encheu alegremente a boca com essas batatas, e começou a mastigar inconscientemente com a boca aberta. De forma instantânea, naquele momento, o meu humor de contente passou para o humor de uma psicopata.
Esse pobre garotinho não conseguiu descobrir o que havia acontecido quando eu me virei com raiva e estraçalhei tudo. Eu poderia muito bem ter pedido ao garoto para comer aquelas batatas fritas com a boca fechada, mas quando esse sentimento ataca, você não tem controle sobre a resposta que vem tão instantaneamente. " Então, como nós trabalhamos com esses sons que nos deixam loucos?
Bom, com os animais, como os cães, eu aprendi que eu uso ou os vejo começando aqueles banhos de língua, e aí eu tento distraí-los, levando para fora. E se você não puder levá-los para fora, talvez leve para outra sala, ou você mesmo pode ir para outro lugar. Agora, de volta às pessoas, idealmente, nós gostaríamos de fazer o mesmo com os humanos, né?
Colocá-los para fora de casa até que terminem de mastigar. Infelizmente, isso não está autorizado. Então, você precisa estar preparado.
Você precisa saber qual é o horário em que as pessoas vão comer e onde elas vão. Essa é uma das melhores maneiras de evitar as suas inclinações psicopáticas. A Bárbara Cook escreve assim mesmo, né?
Usando humor, ela é bastante divertida, então tem que levar isso em consideração quando você estiver lendo o relato dela. Não leve a mal esse tipo de palavra, né? , mais forte, como "psicopata", como "loucura".
Enfim, voltando ao texto, aqui ela fala sobre alguns recursos, né? Por exemplo, ter alguns desses pequenos fones de ouvido ou protetores auriculares discretos pode realmente ajudar a diminuir a intensidade do barulho da mastigação. Mas, se você é pego em uma situação em que não possa usar os protetores auriculares e em que você também não possa fugir, eu descobri que iniciar uma conversa comigo mesma, uma conversa profunda, realmente distrai o meu cérebro dos sons irritantes.
Existem muitos outros sons que podem nos levar a esse ataque de raiva, mas uma coisa comum é que a misofonia pode ser bastante debilitante e que ainda há pouca pesquisa sobre essa condição. Os estudos mostraram que os sons são acionados no cérebro de quem tem misofonia e não nos nossos ouvidos, como nós pensávamos. Isso inicia uma resposta de luta ou fuga.
Aqui, nós fechamos essa parte do relato. Ela fala sobre vários assuntos, mas o que nos interessa até aqui é esse trecho, e ela descreve muito bem o comportamento da pessoa que tem misofonia. Como ela disse, hoje nós sabemos que as melhores formas de manejo incluem as mudanças ambientais, a distração (isso que ela faz de conversar com ela mesma, né?
), o autocuidado, e as mudanças ambientais, obviamente, se referem à redução de ruídos, seja pela conversa com outras pessoas, seja pelo uso de um abafador. Como este aqui: eu fui assistir Avatar 2 nos cinemas na semana passada e, claro, eu levei meus estufadores, né? , de som, protetores auriculares, tanto para mim quanto para o meu marido.
Se não fosse por esse recurso, nós não teríamos assistido ao filme até o final. Então, é possível reduzir ou até cancelar alguns sons. Ao mesmo tempo, nós podemos ficar mais resilientes, não pela terapia de exposição, que geralmente é traumática, principalmente para quem tem autismo, mas podemos cuidar da nossa saúde em geral, da nossa saúde física e psíquica, dormindo bem, cuidando dos sentimentos, caminhando, fazendo exercícios.
Isso tende a nos deixar menos obsessivos, menos ansiosos e menos hipervigilantes. Isso ajuda muito. O terceiro recurso útil é a distração, que, quer dizer, controlar o seu foco, guiar seu foco.
Acho que é uma palavra melhor, né? Os estudos mostram que a meditação, hipnose e as nossas viagens imaginárias podem nos ajudar muito a conseguir essa habilidade, né? , de guiar a nossa atenção para onde for mais útil, mais funcional, mais saudável, mais agradável.
Então, eu espero que você aplique essas estratégias. Agora, quero saber se você conhece alguém com essas características ou se você é essa pessoa com essa sensibilidade alta a determinados sons. Conte aqui embaixo pra gente se o seu melhor amigo é o protetor auricular e aproveite para curtir o vídeo, por favor!
Compartilhe com a família para que a gente aumente essa rede de conscientização. Um grande abraço e até breve! Tchau tchau!