USP Talks #15: Desafios Urbanos | Raquel Rolnik

[Música] boa noite a todas a todos os presentes realmente virtualmente é também se a gente for pensar e essa foi a pergunta que o everton levantou pra nós quais são os principais desafios hoje da cidade são paulo da nossa metrópole é impossível a gente não começar falando do tema da mobilidade mobilidade ao nosso inferno o nosso caos cotidiano então exatamente igualmente caos para todos né na medida em que quando a gente pensa que a média de tempo de deslocamento casa trabalho na cidade de são paulo é de três horas se a média três horas tem

muita gente que tá passando cinco horas nesses deslocamentos a gente conseguir estabelecer essa média e ela também não é igualmente distribuído entre as regiões quem mora na zona leste quem mora no extremo leste sabe muito bem do que estou falando né quem mais vai ficar tempo no deslocamento no trânsito e quando a gente fala nesse tempo e não estou falando só em horas perdidas nós estamos falando também nos impactos enormes que isso tem sobre a saúde né sobre a exposição à poluição e até uma exposição a uma é a uma posição corporal por exemplo no

monitor lotado o no treino lotado durante horas que é uma verdadeira tortura para quem passa por isso pra esse desgaste e 7 e coloquei comecei falando da questão da mobilidade da questão do trânsito etc para poder dizer que evidentemente que enfrenta a mobilidade implica e melhorar muito as condições de mobilidade inclusive as condições tecnológicas de mobilidade que quer dizer lhes quer dizer que a gente já viveu isso na na cidade de são paulo quando aumentou um pouquinho a rede de metrô quando melhorou um pouquinho cptm quando articulou sistema da cptm com o metrô já melhorou

a vida de muita gente já melhorou as condições de deslocamento na cidade e claro numa densidade de deslocamento tão grande como essa está falando de milhões de pessoas se deslocando no sentido no outro sentido só uma tecnologia de trilho né o trem o metrô é que são capazes de aguentar esses deslocamentos então claro claro que é absolutamente necessário investir muito mais em trens e metrôs e integrações é e muito mais numa segregação do transporte coletivo mas tem uma questão fundamental que é um limite para isso que o tema da mobilidade e da no tema da

moradia porque a maior parte da nossa necessidade de deslocamento hoje é um deslocamento casa trabalho ou casa estudo ou casa fruição de oportunidades culturais de oportunidades econômicas que a cidade oferece não igualmente distribuídas no território mas extremamente concentrada sá onde aqui onde nós mostramos região da paulista no centro-sudoeste a onde não tem uma quantidade enorme de empregos com uma quantidade diminuta de pessoas morando e ao contrário ao reverso nós temos vastas regiões da cidade que tem muita residência muito morador e pouquíssimo empregos mas não é só quando a gente fala pouquíssimo emprego nem assim está

voltando fábrica não é pro pouquíssima vida econômica cultural de usos diversificados que não apenas moradia e esses usos de diversificação a própria vida urbana então é claro que ao pensar uma questão de mobilidade o nosso grande desafio é como nós vão resolver a questão da moradia porque ninguém vai morar há 40 a 50 quilômetros da avenida paulista porque preferiu eventualmente até tem alguém que preferiu um maluco qualquer mas é normalmente as pessoas vão querer ter mais proximidade com isso que é a vida urbana né e com isso é absolutamente é claro que nós temos um

elemento definidor aqui da nossa cidade que é uma cidade comandada pelos desejos de rentabilidade do mercado imobiliário que são desejos legítimos afinal o mercado imobiliário a produção a construção é um negócio são empresas geram renda geram lucro até aí absolutamente normal o problema é que é isso que comanda o desenvolvimento da cidade e só isso ou de alguma forma os desejos de renda e de rentabilidade do mercado que são presentes que são legítimos não podem ser aqueles elementos que definem o destino de cada lugar porque hoje o destino de cada lugar da cidade está sendo

muito mais nem definido pela renda possibilidades de rentabilidade dos produtos imobiliários do que pelas necessidades do cidadão aquilo que os cidadãos querem preciso que os cidadãos querem e precisam precisam de moradia precisam de espaços públicos precisam de espaços de lazer precisam de equipamentos de cultura equipamentos de educação equipamentos de saúde que não necessariamente são lucrativos e se para que eles estão em quantidade e disponibilidade pra todos eles precisam ser lucrativos e eu tô falando sim o dialogando sim algumas idéias muito em voga hoje na cidade de são paulo é defendida inclusive pela gestão atual da

cidade que eles serão disponíveis para todos quando forem privados e quando forem geridas vídeo e propriedade privada e se transformar em um negócio olha gente vamos parar pra pensar durante cinco minutos para que alguma coisa tem uma alta rentabilidade e seja lucrativa ela vai ser muito mais inacessível para quem tem menos renda para quem tem menos condições de pagar e hoje isso não podemos esquecer quando o professor alex estava falando vamos pensar na nossa experiência concreta de cidade que é muito parecida com outras experiências concretas necessidade do chamado subiu bal da américa latina da áfrica

nós estamos falando de uma cidade marcada pela desigualdade e uma cidade marcada pela existência de um pedaço muito importante da sua população de baixa renda de menor renda e historicamente o nosso desafio é como poder propiciar para inclusive essa parcela que uma parcela que têm menos condições de comprar os produtos no mercado e na hora que a saúde a educação a lazer tudo isso virá um produto no mercado não tiver nenhuma possibilidade aí vai ser muito mais difícil para uma boa parte dessa população poder acessar esse serviço então quis introduzir aqui um tema fundamental que

o tema das desigualdades mas gente temos que pensar o seguinte normalmente as pessoas só a mas a desigualdade vem do sistema econômico a distribuição de renda têm a ver com a estrutura econômica do país com a política econômica na verdade a cidade é apenas um reflexo diz não não é apenas um reflexo o espaço não é um reflexo inerte das relações que estão colocadas num outro plano a cidade ela pode produzir desigualdade como a cidade também pode diminuir radicalmente a desigualdade eu vou dar um exemplo pequeno pra vocês um pouquinho que melhorou o sistema de

mobilidade através da integração dos modais e principalmente de cptm com os metrôs ônibus e com os corredores exclusivos do transporte coletivo e principalmente o bilhete único no tempo em que ele estava ainda mais acessível e farto pra todos aconteceu uma verdadeira revolução nessa cidade pessoas de todos os pedaços da cidade começaram a freqüentar esse lugar avenida paulista com seus equipamentos culturais com as suas ofertas de serviços etc e isso é um enorme forma de distribuição de renda também via acesso a equipamentos a serviços ea urbanidade eu vou terminar dizendo que nós não os desafios evidentemente

que nós estamos colocando aqui que são desafios no campo ambiental nem imagina nós estamos na metrópole na plena metrópole mais rica da américa latina aqui atua a empresa de saneamento maior e mais importante da américa latina com a ação na bolsa de nova york e nós tratamos menos de 20% do esgoto coletado na nossa cidade vai tudo coletado vai tudo e natura nos córregos e dos rios então este é um enorme para que este é o maior desafio ambiental junto com o controle da poluição decorrente dos automóveis na cidade a maior poluição de são paulo

11 já foi no passado industrial hoje ela é dos carros e ônibus e caminhões ela é aquilo que está nos matando principalmente se ela então nós vamos ter que reverter esse modelo e ao pensar a reversão desse modelo é muito importante se não pensar só qual é o conteúdo da política mas qual é o modelo de gestão o qual é o modelo de decisão sobre essa política o professor alex falou de uma crise de representatividade hoje na cidade eu diria uma crise de modelo mais além até do que a representatividade me parece que o processo

de decisão sobre o destino da cidade foi capturado pelos interesses econômicos na sua relação com os interesses políticos e portanto nós estamos muito sem espaço reverter esse modelo pensar uma participação e aí a solução que se apresenta diante da crise é a solução que por exemplo tá na pauta hoje na câmara todo dia tem um projeto de lei relacionado a isso então acabo estado e põe privado para fazer a gestão que aí vai ficar absolutamente tudo resolvido me parece que o primeiro momento um momento muito importante é entendermos que temos um problema de gestão sim

que não tá funcionando do jeito que tá funciona do jeito que o estado funciona do jeito que essa gestão é feita realmente não está funcionando mas responder a essa crise de captura do estado pelo mercado com a simplesmente passagem do estado para o mercado não me parece que é uma solução adequada acho que o nosso grande desafio e eu penso em terminar a minha fala com isso é com nos empoderar como cidadãos como nos fazer representar como nos fazer ouvir como fazer com que as necessidades nossas e as demandas nossas sejam a base fundamental da

política urbana e não as possibilidades de negócios que a política urbana oferece porque ela oferece inúmeras oportunidades de negócio me parece que nesse momento é muito importante entender os quais são essas formas e acho que hoje sobretudo nessa nova geração que está presente aqui na cidade nos movimentos nos ativismos nos coletivos nos grupos nas ocupações há toda uma efervescência e uma experimentação de como pensar a cidade de uma forma mais compartilhada de uma forma mais coletiva de uma forma mais horizontal e são paulo hoje é um lugar com muita dinâmica de reflexão com muita dinâmica

de ação direta também das próprias pessoas dos próprios grupos no sentido de arregaçar as mangas começar a fazer as coisas diretamente de mandar e pressionar o estado mas ao mesmo tempo também já experimentar hoje as formas de gestão e as formas de intervenção prototipar bando um futuro possível obrigado [Aplausos] [Música]