o plano real completa 30 anos estamos em 2024 30 anos atrás começava nascer uma nova moeda no Brasil 30 anos depois de tudo imagina chegar ao supermercado de manhã sabendo que à tarde os preços podem mudar no ano de 1993 a inflação superou os 2.4% e o Real virou história não tem como a gente não refletir sobre a nossa idade Nessas horas não tem como pula essa anos do plano real em 2024 e ainda é pra maioria dos brasileiros uma das medidas econômicas mais importantes né das últimas décadas esse último áudio é uma matéria da
CNN sobre uma pesquisa de opinião da febraban a Federação Brasileira de bancos em parceria com o ipia e ela pedia PR as pessoas apontarem dentro de uma lista de 12 programas e ações realizadas no País quais elas achavam que eram as mais importantes em primeiro lugar ganhou Bolsa Família e em segundo tava lá plano real 23% das pessoas diziam que o Real era o programa mais importante nas últimas décadas passando na frente do auxílio emergencial da reforma da Previdência e da descoberta do pral eu coloquei uma lupa nos perfis dos entrevistados da pesquisa e encontrei
o seguinte A grande maioria das pessoas exaltando o Real eram homens e tinham idade entre 45 e 59 anos além de ensino no superior completo ou seja a gente que viveu aquele período todo de hiperinflação que a gente vem falando aqui desde o primeiro episódio e gente que viu o Real nascer já o bolsa família foi de longe o mais citado entre os jovens o que faz sentido Afinal Mesmo tendo sido criado há duas décadas o programa tá aí até hoje debaixo de um mesmo nome impactando a vida de muita gente é natural que seja
mais citado tudo bem a gente pode dizer que a mesma nota do Real tá dentro do nosso BOL H 30 anos mas isso é um pouco diferente Afinal entre os mais jovens quem realmente sabe como é que essa nota de real Foi parar lá e olha eu confesso que essa foi a parte mais difícil dessa série viu escrever esse roteiro para falar do legado do Real fez um monte de perguntas surgirem na minha cabeça é que a história do real é bastante conhecida para uma geração inteira mas é completamente desconhecida para outra e bem a
nossa ideia com essa série é um pouco Essa é que se você pensar que a cédula de R 1 deixou de circular em 2005 dá para dizer que tem gente que nem viu a tal nota de perto então como é que a gente perpetua a memória de algo que aconteceu 30 anos atrás e se eu te fizer essa pergunta de um jeito diferente como é possível a gente esquecer das lições do real e depois de pensar muito escrever muito apagar muita coisa eu acho que eu cheguei a uma conclusão uma das maneiras de preservar a
história do real é aproximando ela das pessoas é explicando para esse jovem que reconheceu na pesquisa a importância do Bolsa Família a ligação entre as duas coisas entre os programas sociais e o plano real mas ainda assim não é fácil é que o fio que conecta as duas coisas não é nada Óbvio e explicar tudo isso também não é óbvio Mas a gente pode tentar se você chegou até esse episódio já tem conhecimento de muitas das memórias do plano real mas tem muita coisa bacana que não Coube em uma série de sete episódios por isso
reforço o convite para acessar o nosso especial em inteligencia financeira.com.br barano além de conteúdo extra você pode conferir os nossos episódios e buscar com palavras chave algum pedacinho específico que queira retomar vale a pena o Ministro Fernando Henrique Cardoso anunciou as três etapas do plano econômico Tudo começa com o ajuste [Música] fiscal eu sou Daniel Fernandes e hoje eu vou te guiar num último mergulho na história do plano real só que dessa vez num passado bem mais recente e quem sabe até pelo futuro já já a gente conversa também com o economista Gustavo Franco ex-presidente
do Banco Central e personagem do real que apareceu tantas vezes por aqui e eu falo ainda com o Mário mesquit economista chefe do banco it un banco que vai me ajudar entender e responder todas essas questões Esse é o plano real a moeda que mudou o Brasil uma produção da Inteligência Financeira em parceria com estúdio novelo e Patrocínio do Itaú BBA Episódio 7 mais do que o Real [Música] o milor Fernandes tinha uma frase ótima que eu acho que ajuda a gente começar a entender um pouco a complexidade Bras diia quando umaia feminha Ultra outs
vinha fiz e morar Brasil euer vi um pero de muita instabilidade de políticas econômicas ruins de modelos econômicos catastróficos só que dentro desse contexto Adivinha quem foi o último Entre todos a eliminar a sua hiperinflação Brasil ponto pra gente e se você tá aqui desde o primeiro episódio já sabe que não faltam motivos pra gente ter acumulado mais essa marca triste mas o fato de a gente ter sido o último país a acabar com a hiperinflação ajuda a gente a entender a dimensão da transformação promovida pelo plano real foram quase 100 anos tentando tar inflação
oito moedas diferentes até chegar no real foi plano econômico atrás de plano econômico enquanto a populção empobrecia e vida mais Dio de4 Bras sim outos períodos deção vida do gente nun agonia de antes de não saber como seria o dia deã e a gente vu de uma vez por todas um passado que durou muito tempo na nossa história a vida do brasileiro e com isso o Brasil mudou completamente a partir dali mas não foi só isso então eu acho que hoje eu tenho possibilidade de colocar meus filhos para serem alguém na vida meus netos minhas
bisnetas a mudança foi tanta que a dona Nea uma das matriarcas icônicas da Mangueira falou do plano real com significado bem profundo acabava com dinheiro com com o próprio amor que nós tínhamos que ter por nós porque se você não se amar você não tem condições de amar os outros comer pão dormido que não dá para comer pão fresco é duro acabava com amor próprio tem uma dimensão que muitas vezes é deixada de lado que é a pressão psicológica de se conviver com uma crise econômica e com a sombra de uma moeda frágil e instável
permitiu a virada histórica da gente ver muitos brasileiros podendo falar sobre dinheiro de forma mais leve e até mesmo orgulhosa E é claro que isso importa de um ponto de vista social mas importa também de um ponto de vista político momentos de crise são momentos muito perigosos para uma população Dani se a gente parar para pensar o dinheiro pode ser considerado uma espécie de símbolo de massa de identificação de uma nação quando esse símbolo perde o valor e sugera um monte de efeitos psicossociais como um aumento da vergonha do próprio país e até mesmo vergonha
de si como cidadão uma população humilhada desacreditada é uma população mais suscetível não à toa a gente tem vários exemplos na história de países que mergulharam no enfraquecimento da democracia e viveram períodos de fascismo na sequência de um momento de grande crise econômica Esse é um assunto bastante importante que a gente aprofunda na conversa com Gustavo Franco logo mais por outro lado um confiante dos seus símbolos nacionais é um povo mais criterioso e consciente dos seus direitos e das suas necessidades mínimas a nossa democracia por exemplo lá no quarto episódio o André Lara Rezende falou
uma frase que me fez pensar muito ele disse dificilmente teríamos sequer viabilizado a democracia sem o plano real a estabilização Econômica foi a porta de entrada para estudo e depois da eleição do Fernando Henrique Cardoso em 94 e da reeleição dele em 98 a nossa democracia só andou paraa frente projetos diferentes ideias diferentes mas andou paraa frente então são 9:19 da noite do dia 27 de outubro do ano 2002 neste momento o Tribunal Superior Eleitoral declara Lula matematicamente eleito presidente da República Federativa do Brasil foi assim que em 2002 a gente teve eleição em 2006
também eu de minha parte o governo vai to e em 2010 Senado e a candidata do PT Dilma russeff é eleita a nova presidente do Brasil e não paramos mais nos últimos 100 anos esse é de longe o nosso maior período democrático são quase 40 anos de democracia um feito gigantesco pro país que era Paraíso de ideologias ultrapassadas e velhinhas Como dizia o milor o Brasil finalmente andou pra frente e a Democracia [Música] é interessante a gente notar que o controle da inflação se tornou também uma balança pra população desde então não se faz mais
política sem ter esse cuidado a nossa paciência para truques mirabolantes e promessas vazias ficou muito menor o que acaba sendo muito bom pra gente garantir uma taxa saudável de inflação foi depois do plano que a gente descobriu que democracia e estabilidade andam juntas e se alimentam mas também não foi só isso e para mostrar que as coisas mudaram eu quero fazer uma mini volta no tempo só para fins de comparação mesmo agora a gente tá em 1986 governo sne Presidente aman anum medasa nação vamos aguardar o plano dele você lembra como foi feito o anúncio
do Plano Cruzado Pois é se você diz que não lembra muito do anúncio do cruzado É por situações como essas aí e esse é só um exemplo das declarações da época Mas pela fala do Ministro da Fazenda do José sarne o Dilson funaro fica claro que não tinha muita conversa viria um plano a gente gostasse ou não e ele iria mudar um monte de coisas sem que o povo soubesse antes o quê eu fiz essa pequena pausa para mostrar que até a década de 90 era assim que se fazia a política econômica ninguém era comunicado
de nada a gente acordava e puf mudaram sua moeda no outro dia puf sua poupança foi confiscada você consegue imaginar algo parecido acontecendo hoje essa foi mais uma mudança de paradigmas do plano real 94 trouxe o centro das decisões políticas pro meio do debate público tudo foi muito transparente e teve que ser bastante negociado E olha que a gente tá falando fando de uma ideia que de início não era nada popular no começo menos de 30% dos brasileiros aprovaram o plano e foi só em julho quando lançaram a nova moeda que o Real passou a
ser melhor avaliado o brasileiro aprendeu que precisa ser convencido saiu da passividade e se empoderou dentro de um processo que impactava diretamente sua vida esse foi um cuidado trazido pelos economistas do Real se o Fernando Henrique Cardoso passou quase meia hora no Silvio Santos explicando a URV Tin por Tintim foi para isso se os funcionários do Banco Central fizeram uma Central Telefônica para tirar dúvida sobre a nova moeda foi para isso a gente vê os reflexos até hoje em dia desde então o país já se incendiou quando aumentaram em 20 centavos a passagem de ônibus
protestou contra o desemprego levantou a voz por um auxílio emergencial durante a pandemia essa é uma maturidade que a gente não pode de forma nenhuma perder e ainda tem muito mais pco tempo atrás viralizou nas redes sociais um vídeo divertido de uma participante de um Reality Show conversando com um colega do programa o amigo tinha chamado ela para morar e trabalhar com ele depois que o programa terminasse e ela respondeu assim tiverem pregão pois mas assim eu gosto de ser al você e pro seu marido eu gosto de azulzinha gosto de azulzinha não não gosto
de direito trabalhista é maravilhoso o apego que a gente tem hoje pela nossa CLT a famosa azulzinho mas é importante a gente não esquecer que até bem pouco tempo essa não era uma realidade paraa maioria dos brasileiros foi só depois do plano real que a economia se estabilizou o suficiente para estimular um planejamento a longo prazo dos empresários muita gente passou a contratar mais porque sabia o quanto e como ia ganhar e lucrar um ambiente econômico estável estimula a confiança e os investimentos se o sujeito tem mais acesso ao crédito e consegue fazer um mínimo
de previsão ele pode contratar com mais segurança o que acaba refletindo nos índices de formalização de trabalho ao ponto de entre 2000 e 2010 a gente ter vivido uma nova década a década da formalização nesses 10 anos o Brasil teve recorde de pessoas trabalhando com carteira assinada depois da década perdida nos anos 80 e dos anos de chumbo nos anos 60 e 70 essa é uma mudança realmente muito boa essa conquista da azulzinha também tá na conta da estabilização do real por volta da na mesma época Dani entre 2000 e 2010 a nossa situação no
mercado internacional começou a melhorar bastante tudo começou com real e seguiu numa escalada muito sólida ainda no governo do Fernando Henrique Cardoso foi criada a lei de responsabilidade fiscal que até hoje estabelece limites pro gasto público na esteira de programas como o pai e o Fundo Social de emergência essa lei implementou uma disciplina fiscal e garantiu a transparência na gestão do nosso dinheiro uma mudança radical de um país que pouco pouco tempo antes nem sabia onde e como gastava no segundo Mandato do FHC ele também criou um tripé macroeconômico que orienta a nossa política econômica
a partir dos seguintes critérios um regime de metas de inflação uma busca por um saldo positivo no orçamento e o famoso pelo menos aqui no nosso podcast câmbio flutuante e o resultado desse trabalho veio na sequência em 2008 Brasil Tava indo tão bem há tanto tempo que recebeu pela primeira vez do mercado internacional um grau de investim PR nossa economia O que significa que a gente tinha passado da desconfiança constante para um país com baixo risco de quebrar é impossível chegar até esse ponto da nossa série Anne e não se impressionar se a gente lembrar
lá do primeiro segundo episódios parece que a gente tá falando de outro país e na verdade a gente tá né agora quando aconteceu o outro Impacto impressionante do real eu confesso que tive dificuldades de acreditar Brasil anuncia empréstimo de 10 Bilhões de Dólares ao FMI Isso foi em junho de 2009 se você bem Lembra até aí o Brasil pegava empréstimos com o fundo monetário internacional desde a década de 50 depois de ter recorrido ao fundo diversas vezes em sua história Esta é a primeira vez que o Brasil vai emprestar recursos à instituição a gente passou
de devedor para credor por vários motivos e o plano real sem dúvidas foi um deles Desde 94 o Brasil vinha se tornando esse país atraente PR os investidores internacionais Todas aquelas reservas que a gente conseguiu acumular se refletiram no momento histórico muito poderoso e se a gente tá falando aqui de percepção de poder de psicologia social de prestígio internacional o que pode ser melhor do que ter dinheiro sobrando nós estamos em apiaká interior do Espírito Santo e você vai conhecer agora o programa que vai mudar a cara do Brasil através da educação bom Finalmente chegou
a hora de a gente juntar os dois lados daquela pesquisa da febraban eu falei lá no início o que o plano real o projeto mais importante do país pros 45 mais tem a ver com o bolsa família o feito mais importante pros jovens ou pros 25 mais só este ano o Bolsa Escola do Ministério da Educação vai beneficiar quase 11 milhões de crianças e aqui eu fiz mais uma mini volta ao passado saí de 2009 do Brasil emprestando dinheiro pro FMI e voltei a 2001 final Doo Fernando Henrique é que foi aqui que o embrião
desse programa social foi gestado era o Bolsa Escola e foi nosso primeiríssimo programa nacional de transferência de renda ainda em 2001 foi a vez do governo criar o Bolsa alimentação e no comecinho de 2002 foi implementado o auxílio gás pelo Ministério das minas e energia cada um desses programas tinha uma lista de beneficiários e atendia Principalmente as famílias mais pobres foi durante o mesmo governo que se começou a desenhar algo com uma rede integrada que pudesse juntar todos os programas de proteção social o resultado desse processo até mesmo os mais jovens conhecem hoje são mais
de 20 milhões de famílias beneficiárias do programa contribuindo para uma queda vertiginosa da desigualdade no país desde o início dos anos 2000 a gente aumentou as taxas de escolaridade e de alimentação e finalmente deixou para trás um passado de quase três décadas de uma socied muito injusta É claro que eu não tô dizendo que hoje é tudo perfeito do ponto de vista social o Brasil ainda Precisa melhorar muito e levar mais qualidade de vida e educação básica para todo o país do ponto de vista econômico até hoje a gente não conseguiu resolver 100% aquela velha
equação de como conjugar crescimento sustentável e inflação baixa esse é um Desafio enorme pros economistas de hoje isso além da dificuldade em sustentar as próprias premissas do plano e uma coisa que precisa ficar Clara é que a gente precisa lutar pelo Real todo dia o nosso tripé macroeconômico por exemplo anda meio manco a perna da responsabilidade fiscal por exemplo há anos vem sendo deixada de lado com um aumento contínuo dos gastos públicos e as consequências disso a gente aprendeu muito bem por aqui e é por isso que eu tô a sete programas te contando toda
essa história e te lembrando das lições do real um mini flashback aqui antes de seguir adiante a gente começou essa série Contando os bastidores tensos da escolha da equipe Econômica que planejou o Real depois eu recordei com você como era difícil viver naquele Brasil dos anos 80 onde a gente nem sabia direito quanto a nossa moeda valia passamos pelo período de ajustes econômicos e convencimento da população sobre a necessidade no corte de gastos chegamos ao RV e como todo mundo aceitou rapidinho essa não moeda falamos das diversas crises internacionais que testaram ilidade do real e
hoje esto aqui falando de futuro tecendo tantos fios e resgatando memórias para Celebrar os 30 anos do plano e para cobrar pelo legado desses 30 anos é assim que a gente garante um real vivo por sorte eu nunca estive sozinho por aqui e hoje eu estou mais uma vez muito bem acompanhado na primeira parte da nossa conversa a gente ouve o economista gavo que nos recebeu para falar sobre tudo isso numa tarde no Rio de [Música] Janeiro queria começar essa conversa de propósito fazendo uma pergunta mais ampla para entender um pouco como é que o
senhor avalia ajuda a gente a entender e mensurar o tamanho do impacto do plano real na história econômica do Brasil e também contextualizar um pouco o plano Eesse o senhor acredita assim sendo um dos principais Marcos da história do país como um todo acho que é tudo isso sim o real é o oitavo padrão monetário brasileiro desde a independência nenhum foi tão bem comportado próprio mil H foi uma bagunça enquanto durou até 1942 a partir daí a bagunça vai para um nível totalmente diferente temos cortes de zeros várias vezes e aí se a gente empilha
esses zeros todos para perguntar Eh sei lá hoje R real quantos quaal de cruzeiros de 1942 é um número vergonhoso isso tem a ver com uma pergunta curiosa que me fizeram muito ao longo da experiência que foi ah o Brasil viveu ou não viveu uma hiperinflação aí o pessoal sobretudo os políticos diziam não isso impossível não porque não chegamos nem perto daquela coisa alemã de carrinhos de mão na padaria carregando dinheiro dis não não não teve sim só que por causa dos cortes de zero que é um truquezinho meio barato que todo mundo aprende logo
que não quer dizer nada graças a isso tirando sei lá 15 20 zeros do dinheiro e a ordem de grandeza É essa mesmo e no fundo eh ali no final sim estávamos indo na padaria com carrinhos de mão de dinheiro carrinhos simbólicos que sejam Ou seja é é uma das mai maiores inflações da história do planeta Terra tá e o povo sofrido que experimentou isso soube reconhecer que quando chegou a solução isso era histórico e assim pensa até hoje e Gustavo Por que que o Brasil como sociedade conviveu Com inflação alta por tanto tempo é
porque alguns grupos conseguiam se proteger era um problema intelectual aquela crença na inflação estrutural a indexação que era uma ilusão que as pessoas tinham que iam neutralizar a inflação que o que que fez a sociedade conviver por tantas décadas Porque mesmo a hiperinflação alemã foi um episódio talvez mais intenso mas mais curto né uma hiperinflação tão longa né Eh Brasil acho que é um dos poucos caros Então as explicações envolvem tudo isso que você falou aí a ilusão de que a inflação ajudava o desenvolvimento econômico isso em Brasília não está morto de jeito nenhum A
ideia é que enfim fabricar papel pintado como atalho para fazer as coisas gastos públicos isso tá vivo e o assunto da correção monetária como supostamente anestesia para a parte ruim do processo inflacionário eh a correção monetária eh reduz o impacto por assim dizer da inflação protege o trabalhador segundo algumas alegações mas a gente aprendeu que não é sempre imperfeito e sempre seletivo O que que tem correção monetária e quanto e aí o que se vê é que que cada variedade de transação cada grupo recebe um tratamento diferente melhorzinho ou pior Zinho conforme os ventos da
política é seletivo eu acho que essa combinação de vício meio cocaína misturado com seletividade que é outro vício brasileiro a pessoa de poder é quem designa quem tem o tratamento vip e quem não tem isso é tão brasileiro então tem o correção monetária Vip correção monetária classe econômica e ou não tem eh aquela coação monetária bacana mesmo diária overnight is aquilo enfim a gente aprendeu que é só para grupos muito especiais e portanto a experiência inflacionária ficou na memória das pessoas como algo que produz muita desigualdade é um tratamento desigual super Cruel para alguns muito
mais que para outros e não é por outra razão aliás tem pode ter outra mas essa talvez seja a principal razão pela Qual a gente tem tanta desigualdade né a gente fala tanto da desigualdade e E no entanto não põe a culpa na inflação Mas enfim a falta de um culpado também é Outro fator dentro da sua pergunta anterior Maro de quem por que que durou tanto tempo você não identifica o bandido não tem um vilão fica mais difícil combater Quem é o culpado a gente nunca soube direito crime perfeito e o senhor diria que
ao longo desses 30 anos que se passaram do plano real para cá obviamente essa estabilidade proporcionada se Manteve até os dias de hoje Trocando em Miúdos o senhor acha que o Real ainda é algo vivo dentro da economia e da e da sociedade e de que forma bom eh comece reparando que hoje a gente discute a inflação a meta de inflação 3,5 4 ao ano eu sou de um tempo quando eu era governo que isso era a inflação não era de um dia o dia por dia tava 1 1 e me dia útil dois por
dia né Agora estamos falando por ano e Brasília reflete sobre isso de uma maneira muito diferente ninguém fala do pouquinho de inflação não faz mal que combate a inflação é recessiva isso até fala né mas mas não convence é curioso que Não convence mais ninguém eu vejo pelos economistas que são dessa tradição mais claramente inflacionistas que voltaram a Brasília agora nesse governo e tão relatando que é diferente que Brasília tá de má vontade com eles e a imprensa todo mundo Aprendeu o que é responsabilidade fiscal O que é abuso monetário e eles eles não acharam
que iam encontrar o mesmo Panorama de 30 anos atrás e não eh aprendemos alguma coisa ao longo desses 30 anos e damos um valor a estar sóbrio né livre das drogas que ninguém quer experimentar mais não não chega desse negócio a gente tá fazendo esse jogo de vai e volta no tempo e eu queria ia perguntar uma coisa pro senhor voltando ao passado daí que o senhor Contasse um pouquinho pra gente como é que foi o convite para fazer parte desse grupo que a gente pode dizer claramente que criou o real e que arquitetou esse
plano e falasse um pouquinho do papel do Senhor dentro da formulação do plano real bom o grupo tem a ver com a universidade com a pul essa é uma parte muito bonita dessa história que começa com a criação desse grupo na pontifice Universidade Católica do Rio de Janeiro um grupo de excelência de pesquisadores e especializados nesse assunto e que eh estudou o mundo inteiro experiência brasileira então gente muito preparada começa assim começa pela ciência não é isso vamos saber como é que se faz quais são as melhores práticas mundiais então em algum momento a janela
ia aparecer e apareceu do jeito mais inesperado do mundo que foi o quarto Ministro da Fazenda de Itamar Franco batendo na trava Porque ia ser outra pessa foi o Fernando Henrique aí Fernando Henrique Então procura mais ou menos o mesmo grupo que tava girando em torno da PUC E aí vem quem é que tá disponível quem é que no tem o seu momento de vida eh certo para largar tudo ir paraa Brasília e rapidamente a gente começa a identificar quem são os especialistas e fazer a partir desses um grupo maior fazer um padrão monetário um
plano econômico requer que você identif F quem é sei lá a pessoa que entende de previdência mensalidades escolares contratos do sistema financeiro da Habitação com cláusula disso daquilo como é que foi a solução usada no plano verão que deu problema ou que não deu Como é que os tribunais trataram tal ou Qual assunto você tem que reunir essa sabedoria que tá acumulada essa experiência tá ali em Brasília e aí ele essas pessoas como é que acha e faz um grupo A equipe que acaba botando a coisa na rua é uma equipe de dezenas de pessoas
das mais variadas especialidades e que era preciso convencer Olha isso pode dar certo e até o último dia da última Medida Provisória antes de pro Diário Oficial você tem que ficar ali olhando se não vem um uma flechada um negócio assim horroroso então foi tenso cada minuto foi muito tenso e as pessoas estavam com muito medo depois do isso é o sexto plano econômico em em sequência e eu lembro bem de entrar no ministério ou no banco central e vem aquele quebra-queixo né de jornalista Doutor não vai ter plano não né não vai ter nada
não vai ter pacote esse fim de semana estamos tranquilo posso ir pra serra com a família que não vai acontecer nada não pode ir tranquilo e tal então ao mesmo tempo faz mas não faz né faz mas faz direito né a mensagem era essa mas olha lá que que vocês vão fazer porque se fizer errado Mais uma vez é enfim foi duro a pressão era grande é isso que o senhor falou do quebra-queixo em Brasília né na porta do ministério que acontece desde sempre é interessante porque a memória era essa né você saía pro final
de semana e na segunda-feira a economia era outra né isso os Ministérios são muito indefesos dessas coisas eu gostei quando fui pro banco central Mário sabe disso porque ali a gente entra com o carro no porão na né e não precisa falar com ninguém no Ministério da Fazenda não e tem é de propósito é de propósito já ouvi dizer a turma fala não is que o nem queria que a pessoa Ministro tivesse contato com o povo tá bom no nosso primeiro dia lembro eu Edmar Winston chegando no ministério levados pelo Murilo Portugal que já estava
no tesouro e o tesouro tava em greve os funcionários do Tesouro estavam em greve então o corredor polonês estava horroroso porque as pessoas estavam dizendo Ih esse secretário aí esse Murilo Portugal não vale nada aí começa por aí eh e aí falam ol coisas muito piores do que isso então era animador chegar naquele momento ali o senhor é um dos grandes articuladores da criação do plano real desde o do dia zero ia pedir pro senhor puxar pela memória quais são essas memórias marcantes que guarda dessa época e alg algumas estratégias que o senhor usou para
para sobreviver a toda essa pressão que o senhor mencionou anteriormente bom são são muitas mas acho que talvez a principal foi Tolerância Zero com qualquer coisa que ferisse a integridade do que estávamos ali para fazer e desde o primeiro dia cheio de gente querendo influenciar afetar dar palpite E aí muitas vezes a gente teve que ameaçar vamos todos embora então não vamos fazer nada e o momento mais marcante disso não foi nem com a gente foi com o próprio Ministro na reunião que antecedeu a publicação da Medida Provisória 434 que foi paraa di oficial no
dia 1eo de março de 94 era dia 28 era um domingo e o presidente chamou uma reunião ministerial de alguns ministros não todos para meio-dia lá no palácio e o ministro da Fazenda foi levou duas pessoas para ficar na sala de espera se precisasse eramos eu e o e o Murilo Portugal chamaram o Murilo uma vez a mim uma vez duas vezes três vezes na terceira dissendo ó fica aí porque vai aparecer muita muita coisa e foi um privilégio ter assistido essa reunião inteira já que foi uma coisa histórica a medida provisória toda pronta 45
artigos e sei lá quantos Enfim uma construção cerebrina Como era a URV e todos os seus detalhes em cada um dos seus suas aplicações E aí chega numa hora que você vai numa reunião onde tem lá os ministros militares discutindo o salário deles e os ministros do trabalho querendo fazer populismo e todo mundo querendo mexer e alterar tudo então aquele dia aquele momento deu para ver que era decisivo e o ministro foi firme ele pediu demissão três vezes nessa reunião três vezes o Ministro é Fernando Henrique Cardoso e a gente tá falando de 28 de
Fevereiro para primeo de março de 944 então que era um domingo naquela reunião as questões foram eh primeira delas foi conversão de Salários pelo pico como foi feito no cruzado com ganhos salariais pro trabalhador não não não não pode não é contra o trabalhador Se tiver vai avacalhar o plano então não eh e o Fernando Henrique disse não E se for para fazer assim outro Plano Cruzado eu vou embora levantou e fez eu vou embora deixa aí o ministro barelli fazer o plano eu vou me embora e aí não não não fica aí então tá
bom 1 a zer aí daqui a pouco Segundo assunto difícil salário mínimo Ah o aí o o ministro do trabalho tinha meio que acertado alguma coisa com o presidente Tamar que salário mínimo de ó assim que nem para ter que nem o cruzado uma coisa bacana assim não nada disso não pode ter populismo nessa hora então mas tem que ter bom de novo Fernando Henrique levanta da mesa disse não tá bom Ministro barelli então amanhã faz E aí não volta aqui o terceiro assunto controle de preço Ah o congelamento congelamento o povo quer congelamento e
queria mesmo né porque congelamento dá tranquilidade às pessoas donas de casa vai poder fazer compra não tem congelamento Se for para ter congelamento faz com o outro outro Ministério outro grupo outra equipe terceira 3 a 0 aí isso Acabou 10 da noite a gente comeu alguma coisa e foi pro Ministério festejar que conseguimos trazer a medida provisória de volta totalmente do jeito que ela foi mas todo o período todo dia era um susto e não é todo dia que você ganha de 3 a 0 tem dia que você perde 2 a 1 ou de 48
A 49 todo dia um jogo Bas todo dia um jogo diferente um longo camponato e você fica ali tem que lutar cada dia tem dia que você perde de 3 a 0 e é o seguinte tá bom Amanhã vamos ganhar de 5 a 0 o Real foi uma ruptura de regime não só em relação a iter mas em relação ao que a gente tinha por décadas aqui a inflação brasileira é ela já vinha pressionada já vinha elevada né É por muito tempo é claro que ela gizou no período terrível lá dos anos 80 início dos
90 mas é então uma ruptura assim muito muito relevante é uma é um antes e um depois não dá para pensar a economia brasileira sem esse grande divisor de água até fazer conta era muito difícil naquela época Então não é só a economia deixa eu até pegar esse gancho porque é uma degradação de valores que transcende a economia de muito a moeda é meio feito a bandeira e o hino é um pedaço de nós um pedaço da nossa identidade desenhados inclusive os nossos Heróis A nossa fauna e flora queimar dinheiro como se fazia Como é
o o ambiente da inflação é como queimar a bandeira é um gesto humilhante tem passagens incríveis do Elias Canet escrevendo sobre a inflação alemã falando do sentimento de Humilhação que a inflação trazia para as pessoas da qual resulta uma degradação de valores e uma trincada assim na sociedade que na visão dele levou ao fascismo aonde Nossa esse essa coisa estragada Nossa de valores nos levou em matéria de corrupção de bandid tanta coisa errada criada por essa exposição há de décadas a esse fenômeno vicioso que a gente tolerou durante muito tempo na ilusão de que isso
podia contribuir alguma coisa para o nosso atraso exatamente o contrário Então a sensação de alívio quando isso termina é enorme e e é muito além da economia não é só a inconveniência de correr pro supermercado quando você recebe o seu salário é muito mais do que isso é todo um clima um um ambiente social que se modifica por inteiro a coisa pública não tem nada mais público social do que a moeda que é um pedaço de cada um de nós é a promessa do estado que vai zelar pelo nosso poder de compra caramba se isso
não vale nada o que que vale alguma coisa então indo pra parte final da nossa conversa tenho mais umas duas ou três perguntas A primeira é como é que o senhor enxerga o legado do plano real em relação ao tratamento de Equidade social da questão de de de equiparação social de melhora social e se isso a influência que teve também nos próprios programas que que surgem já no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso mas que são colocados também nos próximos governos que que viriam bom falamos sobre isso sem esse título assim sem dizê-lo dessa forma
porque antigamente eh Se achava que a inflação contribuía para resolver os nossos problemas você quer fazer um programa social não tinha dinheiro então você fabricava dinheiro fabricava a inflação e com as receitas produzidas pela inflação você então ia combater os males que a inflação produzia is que uma tolice completa né uma enxuga de gelo absurda então ensinar ao país que que a inflação é regressiva foi um grande legado do Real aprender que a inflação é um imposto sobre o pobre Ok e que propor o desenvolvimento econômico e sobretudo resolver as questões sociais através de um
imposto sobre o Pobre é uma tolice sem tamanho que o país aprendeu esse grande legado está profundamente estabelecido o inflacion ismo hoje é visto universalmente no Brasil Ainda que não o tempo inteiro como um caminho errado para resolver os os problemas de desigualdade todos os outros problemas desse na séa social que a gente tem não é com a inflação que a gente vai resolver é meio que pré-condição não garante que você vai resolver todos os problemas sociais Bastando resolver o problema da moeda não mas sem resolver o problema da moeda você não vai resolver nada
queria que o senhor falasse um pouquinho a respeito de Fernando Henrique Cardoso em dois momentos diferentes a importância dele O senhor falou sobre os três pedidos de demissão na reunião eh isso já dá um sinal muito Claro eh de como era a conduta dele mas queria que o senhor falasse a respeito dele na gerência na concepção do plano real e posteriormente uma análise 8 anos enfim é um tempo gigantesco para falar mas que falasse um pouquinho resumidamente sobre o papel dele como presidente nesse período foi um privilégio trabalhar com ele eh o o papel que
ele teve foi essencial ele fazia a intermediação vai entre nós do dos economistas com o presidente Itamar Franco e o seu entono que era uma coisa dificílima eh e mais o congresso e mais a sociedade num ambiente de ansiedade inacreditável de todo mundo querendo dar palpite e impor restrições ao que a gente ia fazer esse foi o o líder que conseguiu organizar toda essa cacofonia e sem perder o norte da construção sofisticada eh do ângulo técnico em razão dessa ambiente s social difícil uma construção ainda mais difícil requer um uma quantidade de inteligência e emocional
e inteligência inteligência que eu acho que nunca vi ninguém parecido saber exercer pensa assim quanto tempo transcorre entre o momento em que essa pessoa assume como Ministro da Fazenda Toma Posse como Ministro da Fazenda e essa pessoa Toma Posse como presidente da república 1 ano e meio depois é É extraordinário né ter acompanhado essa trajetória foi um privilégio e uma última pergunta é um exercício que eu proponho ao senhor a gente falou de 30 anos para trás nós estamos falando de 30 anos do plano real quando eu faço a pergunta de como é que o
senhor imagina o Brasil em 30 anos paraa frente em 54 que que vem à cabeça do Senhor Bom é é uma pergunta que aparece o tempo inteiro no mundo Empresarial E aí em coisas do tipo Olha o taxa de juros nesses primeiros 30 anos do Real foi muito alta eu duvido que nos próximos 30 anos seja tão alta tampouco a inflação acho que os próximos 30 vão ser parecidos com os últimos 15 das primeiras três décadas dá para fazer muitos exercícios desse tipo eu só espero que a gente acerte nas reformas para poder nos próximos
30 anos fazer um pulo em matéria de prosperidade e riqueza do país quando me formei nos anos 80 eu tinha a sensação tinha a certeza de que olha daqui a 30 40 anos quando eu me aposentar o Brasil vai ser um país rico isso acontece sei lá aconteceu com a Austrália com o Japão mas não com a gente não aconteceu então a gente gastou esses 30 anos aí arrumando a moeda e a bagunça deixada pela inflação e não conseguimos fazer todo o necessário para tornar o Brasil um país rico a chance de conseguir fazer nos
próximos 30 é muito grande e hoje a o vocabulário para isso inclusive mudou a gente fala sempre em reforma reforma é mudar um jeito de fazer mudar uma construção já feita e os próximos 30 Tem tudo pra gente conseguir fazer esse traj se não tem tudo tem uma precondição essencial que é uma moeda de primeiro mundo perfeito queria agradecer demais a conversa festejar mesmo né é sem dúvida sem dú 30 anos [Música] ao longo de todo esse processo eu tive muita sorte também em contar com o apoio e a consultoria do Mário Mesquita que é
o economista chefe do Ita Uni banco Nada mais justo também do que eu e o Mário fazermos um balanço e dar nosso Pitaco também dos 30 anos do Real Mario eu queria começar essa conversa pelo inverso pelo fim eu queria que você falasse um pouquinho do que você entende como maior legado ou legados do plano real tanto tempo depis depois 30 anos depois acho que o principal legado foi o Brasil ter uma moeda que cumpre todos os papéis de moeda inclusive reserva de valor né para te dar uma ideia do que que era o Brasil
que a inflação foi de dois dígitos ou três dígitos ou quatro dígitos acho que a economia brasileira pré-realismo real e da questão envolvendo a hiperinflação né que a gente fala de memória coletiva das pessoas terem essa esse entendimento pela prática mas eu queria que você falasse um pouquinho sobre como isso chega para você eh uma coisa que eu tenho percebido até na minha experiência profissional é que economistas de uma certa faixa etária Inclusive a minha acabam tendo maior sensibilidade a inflação ao noticiário de inflação pelo menos a nível anedótico tá do que os economistas mais
jovem que se formaram né cresceram e se formaram já num regime de estabilidade tá agora interessante é que existe análise í mostrando um efeito até de mais longo prazo tá um paper recente é mostra que as regiões da Alemanha é que tiveram inflação mais alta durante a hiperinflação lá dos anos 20 do século passado eh até hoje tem expectativa de inflação mais elevadas do que eh a média isso porque a a memória né da hiperinflação teria sido transmitida de uma geração para outra isso levando em conta todos os choques né que que a Alemanha sofreu
eh dos anos 20 até até o presente né então parece mesmo que que tem essa essa herança né Eh ruim né do período de hiperinflação isso sendo verdade é mais uma razão pro pro BC que aqui agir com com cautela né perante diante de choques inflacionários sempre e agir com a maior cautela possível porque essa essa memória né Essa herança pode né levar uma inflação mais alta Enfim pode prejudicar ancoragem com mais facilidade né do que acontece em países que não viveram né a experiência da hiperinflação e é a memória mas é saber também que
pode acontecer se não controla saber que pode acontecer eh pessoas da sua família né terem experimentado isso enfim a memória coletiva é realmente algo bem importante então o que eu achei interessante Nesse artigo é que eles eles conseguem medir né então é havia uma intuição de que isso era verdade agora esse artigo acadêmico mediu essa intuição e confirmou que ela tem base empírica onde é que você tava em 94 na época de implementação do plano eu tava em 94 fazendo doutorado em Oxford quando o o plano foi lançado na verdade ele começou a ser acionado
anunciado em 93 então eu tava já estava lá então passei 8 anos fora do Brasil mas eu me lembro que quando saiu o plano tem uma notinha na economies que chamou o plano de surreal né porque era mais um plano que o Brasil ia né e havia um ceticismo grande de que o plano daria certo e no teu dia a dia era uma percepção também lá assim se falava sobre isso se falava pouco eu imagino mas o Brasil era quase que uma economia pia Antes do Real porque uma economia hiperinflacionária no momento em que a
maioria dos países da nossa própria região já tinha controlado a inflação o Brasil foi um dos últimos a a conseguir estabilizar a nossa posição internacional era muito frágil um exemplo quando eu cheguei na na Universidade primeira coisa me perguntava se as minhas bolsas iam ser pagas até o fim do curso pensando em e em eh estresse social né quem viveu os anos 80 lembra a frequência com que você tinha movimento grevista em todos os lugares a população vivia né sentia de forma muito pesada a inflação inflação ela ela cai mais pesado Claro sobre as camadas
mais desprotegidas da da sociedade e não era tão raro assim você ter saque a Supermercado nas periferias de Rio e São Paulo então era esse tipo de país que a gente estava e a inflação alta hiperinflação contribuía muito para isso uma outra anedota isso vem do período anterior tá era muito curioso e eu fiz o mestrado lá na PUC do Rio que estudava muito isso e a gente discutia muito inflação o tempo todo né era meio Uma Obsessão nacional e as pessoas comentavam na época assim não porque a economia ainda não tá hiperinflação aberta isso
ou aquilo pode levar a economia para hiperinflação pessoas diziam isso numa época que a inflação mensal era 10% uhum como se aquilo não fosse hiperinflação então havia uma negação na sociedade que a gentea vivendo sim uma hiperinflação hoje em dia né olhando os dados evidente que tava né Na época assim as pessoas se apegavam muito a uma definição acadêmica de hiperinflação num acadêmico americano Philip kagan que falava que era um período de tempo Com inflação mensal acima de 50% ao mês mas 10 20% já é já é obviamente hiperinflação né a gente tava falando de
memória coletiva como tem a ver V né me parece assim Olhando em perspectiva que era um plano que era mais do que um plano econômico era era uma era uma ideia de mudança profunda da de vários aspectos a partir da economia que podiam mexer eh com todo o país e por isso que talvez tenha tenha funcionado tenha dado certo porque a gente vende de plano verão plano verão 1 do Plano Color e tudo mais que fracassaram e a cada fracasso havia também o país ficando digamos assim mais triste o país ficando mais desesperançoso né faz
sentido isso quando você olha em perspectiva alguém que além de ser do setor da área de de do que a gente tá falando também como brasileiro que viveu intensamente esse período o plano ele era um plano de estabilização mas eh o plano de governo do presidente Fernando Henrique não não era só estabilização tinha uma série de reformas na verdade algumas delas como a privatização já tinham sido ensaiadas no governo color e e ele avançou com essa agenda claro que o governo color teve vários aspectos muito controversos que a gente sabe mas e ocorreram coisas importantes
você fez o primeiro movimento mais intenso na direção da liberalização comercial na gestão do ministro Marcílio Marques Moreira começou a valorizar mais uma ação previsível sem surpresas Eu acho que isso foi algo que a equipe Econômica em torno do do Ministro Fernando Henrique eh observou e contribui iuiu para esse approach e de forma importante o Brasil começou a acumular reservas tá então o Brasil era um país ainda com uma percepção de risco muito elevada Era um país como eu falei que em que as pessoas não queriam investir contrário queam sair do país mas havia perspectiva
de eventual estabilização E com isso eh o Brasil começou eh adquirir reservas o banco central essas reservas foram importantes no lançamento do Real tá porque a primeira fase do Real foi Âncora cambial foi muito importante nessa primeira fase não dá para ter uma Âncora cambial sem uma base mínima de reserv a partir do plano real também você tem ao longo das décadas e ao longo dos anos um legado que talvez esteja implícito mas não dito responsabilidade fiscal é um e perguntaria para você sobre os programas de privatização se essa cultura que ainda é muito debatida
e muito discutida quando a gente vai pro campo político se é outra os programas de ajustamento social é outra são não diria legados mas são ideias que acabam se introduzindo ou ganhando força e tração a partir do que foi o plano real eu acho que sim tá era um projeto consistente intelectualmente consistente e era um projeto de transformação do país quando você lê e eu né para poder participar dessa série de Podcast que é aliás um prazer e uma honra estar aqui eu fui estudar né faz 30 anos né E se a gente acha que
o estado brasileiro é grande agora naquela época era muito maior por exemplo preços eles eram definidos durante muito tempo por algo chamado cip conselho interministerial de preços que no no assim a quantidade que o que hoje a gente chama de preço administrado na época cobria também aço enfim alguns alimentos era intervencionista muito intervencionista um estado muito intervencionista e de certa forma o o governo FHC visava superar o varguismo montado lá nos anos 30 40 do Sé século passado que mudou muito a forma de atuação do estado brasileiro agora voltando ao plano de estabilização alguns legados
interessantes de curto prazo eh consequências de curto prazo não legal consequências uma economista que trabalha comigo Júlia passabom ela fez uma tese de doutorado que inclusive foi premiada estudando o comportamento dos preços preços mesmo não dos índices de de milhares de preços antes e depois do real e um exemplo que ela mostra lá era eh o preço de uma garrafa de coca-cola em São Paulo eh antes do Real os reajustes eram tão frequentes que as pessoas não conseguiam saber aonde era mais barato comprar coca-cola onde era mais caro não conseguiam ranquear as lojas por preço
já no lançamento do Real julho de 94 esse ranking começa a aparecer e qual é o problema de você não conseguir rankear você gasta tempo buscando é que você poderia est usando de outra forma de uma forma mais produtiva Então esse é um exemplo Imediato do impacto de você sair de uma moeda enfim totalmente aviltada para uma moeda outra consequência foi uma redução em dois anos de 6 p meio da parcela da população que vivia em situação de miséria claramente de novo população mais carente é que sofria mais Com inflação não há menor dúvida disso
vamos lembrar que a classe média sobrevivia Porque ela tinha ativos indexados só que havia uma parcela grande da população que não era sequer bancarizada é essa parcela que pagava realmente sofria realmente com a inflação outro legado foi redução da desigualdade no período do plano real começou um processo de queda do índice de gí e redução da desigualdade que só foi estancado em 2015 olhando a economia Hoje eu queria que você fizesse um diagnóstico da economia hoje a gente tá 30 anos do plano real com períodos de Bonança com períodos de crise extrema muito ligado a
questão política também no Brasil afetando diretamente isso mas eu queria que você fizesse traçasse um um um Panorama atual da economia como é que você enxerga a economia brasileira hoje jogando um pouquinho paraa frente também claro Tá vou falar de números tá a gente espera que a a inflação a gente do Itaú projeta inflação esse ano em 3,6 por ano que vem em 3,5 por. e a inflação nos Estados Unidos deve rodar em torno de 2,5% aí flashback para pré-realista relativamente boa não chegou a ser ser a a tal marolinha mas não foi de longe
nem tão dramática quando se temia passou também pela crise de 2020 que foram crises muito severas esses problemas econômicos dos anos 80 aconteciam independente do que estava acontecendo no mundo o Brasil se ele afundava sozinho eh então mudou é uma economia que tem um grau de de estabilidade acho que é um valor pra sociedade que os políticos entendem inflação alta é extremamente corrosiva de índice de aprovação dos mandatários falta a gente avançar no crescimento fazer reformas que permitam que a economia cresça mais tá é mais difícil não tem bala de prata é uma série de
políticas que você tem que fazer que vão desde educação até comércio exterior mas assim uma precondição para você ter e discutir esse tipo de agenda é que você não tem uma macro de curto prazo totalmente caótica Eu acho que eu não diria que a gente conquistou Definitivamente a inflação Definitivamente não é o caso do Banco Central entrar em piloto automático tá ele vai continuar tendo que ser vigilante Como tem sido mas eh essa Economia mais estável permite que a gente pense mais nos problemas de de longo prazo né o banco central eh Como diz um
um amigo meu que foi ex-diretor ele é o Malo de la película né Ele é o malvado do filme mas o filme bom tem que ter esses lados né E no e no o o que que acontece você tem analogia muito simples é como se estivesse dirigindo um carro você não pode dirigir um carro só se acelerando você tem que frear às vezes né assim o banco central que for muito popular até me preocupa um pouco tá porque ele tem esse papel de ser o chato como é que você imagina o Brasil não precisa ser
só economicamente não se você quiser falar como como cidadão tá tudo certo o Brasil como é que você sonha esse Brasil para 2054 por exemplo 30 anos paraa frente bom o Brasil chegou a ser um país de renda média na virada dos anos 70 PR os anos 80 a nossa renda per capita em proporção da renda per capita americana tava num patamar semelhante a Coreia do Sul e de lá para cá a gente estancou e eles avançaram então o meu a minha esperança né é que o Brasil cresça volte a crescer mais com mais produtividade
mesmo porque o crescimento da mão deobra tende a ser lento e volte à rota de convergência e eu sou otimista Eu acho que a gente vai chegar lá tá parece é utópico mas eu tenho que ser otimista tá eu acho que infeliz mente a gente não conseguiu é gente que eu digo a minha geração não conseguiu colocar até agora o Brasil de volta nessa trajetória acho que a gente contribuiu pro equilíbrio macro sim mas não conseguimos colocar a economia nessa rota de crescimento né que é o que é o que o nosso povo merece é
isso [Música] obrigado quando a gente começou a pensar nessa série aqui dentro da Inteligência financeira a gente tinha mente que falaria de Economia A ideia era falar de uma forma descomplicada Claro mas era sempre economia só que no fim depois de sete episódios a gente acabou usando a economia para falar de muito mais coisa a gente falou de um Brasil que foi se reconhecendo ao longo do tempo por meio da economia de um país que ganhou maturidade e confiança internacional graças à economia de um povo que tem liberdade para sonhar com o futuro porque confia
na economia de uma nação que saiu do mundo das ideias e passou a ser real se hoje a gente pode fazer um PX no meio da rua e ter a certeza de que ele vaiar certinho de outoa é porque muita gente is acontecesse no fosse reconhecida eiz gente que pensou de umit diferente eeve a cara Tap nome de um projeto de país a todos e todas que lutaram pelo plano real noso muito obg e se você que nos acompanhou nessa jornada tiver mais curiosidade sobre o plano real e seus personagens nos encontramos de novo em
inteligência financeira.com.br barano temos lá galerias de foto bastidores do nosso podcast a transcrição dos episódios e muito [Música] mais o plano real foi uma produção da Inteligência financeira em parceria com o estúdio novelo e com o patrocínio do Itaú BBA conhecer do plano real a economia digital faz diferença eu sou Daniel Fernandes e respondo pela coordenação editorial do projeto também apresento podcast ao lado da Ane dias as entrevistas que você ouviu foram feitas por mim pelo Aluísio Alves o José Eduardo Costa e o Mário Mesquita o José Eduardo também é o responsável pela estratégia de
conteúdo e pesquisa editorial a pesquisa e o roteiro prod da lua migz Quem fez o planejamento e produção audiovisual foi a Mariana Capetinga a produção é da Ashley Calvo a captação de áudio no Rio de Janeiro foi feita no estúdio Rastro e no visão digital em São Paulo quem gravou as entrevistas foi o Pedro Leme do estúdio trampolim onde a gente também gravou a locução do podcast a direção de locução é da Mica Lins a montagem e sonorização são da Mariana leão com trilha sonora original da Estela e do Amon Medrado Quem fez a produção
executiva pelo estúdio novelo foram o Guilherme Alpendre e a Marcela casaca o planejamento estratégico e de marketing é da Taiana Garcia a Coordenação Geral do projeto pela inteligência financeira é da Marina nardino pelo estúdio novelo é da Juliana heeger e da Evelyn argenta a distribuição é da Bia Ribeiro a identidade visual é da intermitente audiovisual Quem fez a checagem desse Episódio foi o Guilherme Póvoas nesse Episódio usamos áudios da TV Globo da CNN da TV Cultura do SBT da TV Senado e da fundação FHC um agradecimento ao consultor especial Mário Mesquita economista chefe do Itaú
Unibanco a gente também agradece como sempre ao André Lara Rezende Cloves Carvalho Edmar Bacha Gustavo Franco Gustavo Loiola José Júlio Sena Pedro winst e a todos os personagens anônimos que ajudaram a construir o plano real obrigado e até a próxima [Música]