oke al mas não tá funcionando precisa do microfone precisa acho que não tem ninguém lá também bom vou fazer uma breve apresentação só dos nossos queridos colegas do agradecimentos e a gente já começa essa sessão né de trabalhos e workshop eh precisa usar o microfone pra gente poder traduzir é que tá gravando Elle trançais dans sensit dans Sens mieux Je parle français aquio só minutinho eu postar V falar para vocês Doo gravado ch a chance que eu dei a chance que eu dei a todos eu sou a Encarnação do meu livro eu sou en o
meu problema maior hoje é que eu ag não é literal agora euo mais relaxada a min eh Boa tarde a todos nós estamos agora na última sessão de debates e e mesas redondas de essa semana intensa do terceiro colóquio eh Franco uspiano Eu agradeço muito n é o convite para est aqui fazendo essa mediação de enfim ter participado na na organização dessas sessões a nadej especialmente mas também ao consulado eh e a a Marion que está aqui presente agradeço sobretudo a minha querida colega Andreia daer que fez a proposta que viabilizou não é esse encontro
essa eh presença do professor antoan lilt na USP que é um realmente um momento de grande importância nós vamos lançar o livro dele hoje às 5:30 na na idus pinha do edifício da história e geografia e todos estão convidados e então eu vou iniciar apenas sendo realmente uma breve apresentação dos nossos colegas começo pela professora Andreia daer que é professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro ela também já foi professora aqui da Universidade de São Paulo antes de enfim da aula na na UFRJ onde ela permaneceu durante mais de 20 anos e ainda
é muito atuante lá no colégio de Altos estudos Andreia tem uma obra realmente remarc ela é uma das grandes tradutoras dos autores os grandes autores de ciências humanas né pensem em Michel serres em Marcel deti Foucault Roger Roger Chartier Norbert Elias ela enfim graças a anto l graças a essa não é só a André historiadora linguista antropóloga né uma estudiosa das letras e das práticas de oralidade né que estuda os textos do século X 17 18 e 19 mas ela também facilita ela é uma mediadora entre não é a França e o Brasil e entre
o Brasil e a França então foi ela que propôs o tema desse colóquio é um um assunto caro Andreia Andreia tem publicações né importantes incontornáveis na área dessa historiografia religiosa os Jesuítas os Capuchinhos enfim e e hoje então ela propôs o tema na construção do selvagem né a imagem do Selvagem no na no discurso francês do da época moderna eh e eu apresento agora o professor lti que é um um jovem Historiador me perdoe que tem uma obra já né grandiosa não é por acaso que ele ingressou no collegio de France em 2022 mas antes
disso ele atuou como professor da Escola Normal superior foi também professor da ecol de UD ci social e e foi né o presidente o o o editor chefe da revista dos anal Então as obras deles eh vocês conhecem não é o importante destacar aqui justamente essa última que foi lançada a herança das luzes e que compõe juntamente com a história dos Salões a história da celebridade uma trilogia né que pensa as os aspectos contraditórios e modernos da herança das lu enfim é uma breve apresentação acho que não não precisamos nos demorar nisso e eu passo
a palavra então imediatamente Andreia Boa tarde a todos tá bom Agora sim boa tarde a vocês todos eu eh agradeço a ires sobretudo pela organização eh do evento isso nunca é fácil organizar nunca é fácil Agradeço também pela apresentação que foi bastante fiel bastante simpática inclusive não é bastante fiel ao que eh eu e antoan eh somos Ou pelo menos pretendemos ser eh o que vai acontecer aqui hoje esse workshop na verdade é uma reedição de um workshop que já aconteceu num Instituto de estudos avançados mas o de Paris aonde eu fui fellow eh no
ano passado e na ocasião eu tive a a oportunidade de convidar Antoine lilti e um colega que se chama Frank lron que vocês devem conhecer todos para que a gente fizesse essa reflexão em torno dessa da construção propriamente do do selvagem né E nós estávamos muito bem acompanhados de Fran stron que obviamente pode apresentar o seu sua obra que é uma obra absolutamente monumental sobre je lerie and TV etc e eh seguida obviamente da minha apresentação sobre os a a representação dos Tupinambá pelos Capuchinhos eh e eh eh eh completada pelo pela análise de antana
lilti sobre os eh eh taxanos eh então Eh na realidade o que aconteceu nesse mesmo dia foi que eh o próprio Frank lingon me convidou para escrever um livro por tanto sobre aquilo que eu apresentei eh eu na verdade já tinha publicado esse pequeno livro de bolso que se chama a presença da voz que se chama a presença da voz eh e que na verdade recobria aquilo que eu havia apresentado mas ele me pediu que fizesse algo mais completo e ao longo desse último ano eu eu fiz Exatamente isso uma coisa um pouco mais completa
eu evidentemente eh o que eu tenho na minha na minha cabeça é a economia de um livro e a economia de um livro não é a economia de uma apresentação oral vocês sabem perfeitamente disso vocês sabem perfeitamente bem isso então Eh eu gostaria na realidade de eh eh fazer com que a minha apresentação hoje não correspondesse evidentemente a economia do livro mas que ela pudesse demonstrar né um pouco da da minha trajetória em torno dessa construção do selvagem eh no eh no século X7 sobretudo para depois passar a palavra sabendo que falta um elo dessa
cadeia que seria a presença de franol digamos assim e eu começo eu começo ah ah veja bem eu começo sugerindo a vocês eh um subtítulo para minha apresentação que é a presença da palavra selvagem e em termos de palavra Selvagem Eu leio para vocês esse discurso já tradução brasileira vocês CONSEG enar estão perfeito Então estou muito feliz valente guerreiro por tu teres vindo a Esta terra e defender de nossos inimigos deiros franceses chegarem a liderança de um Bur que quer dizer um chefe por terra mas Deus teve piedade de nós ao enviar-te aqui como um
grande guerreiro que nos traz muitos outros soldados para nos defender juntamente com padres e profet parair de Deus por um chefe o chefe Japiaçu diante do lugar Tenente do Rei de França François de raz e dos eh missionários Capuchinhos que chegaram ao Maranhão em torno de 1612 para fundar Uma colônia de que vocês já ouviram falar certamente a França ecial e essa experiência Colonial na verdade ela teve por resultado eh dois importantes relatos né um deles que é publicado em 1614 é a história da Missão dos Padres Capuchinhos na ilha de Maranhão que é na
verdade o relato completo da viagem do padre Claude da Vila eu mostro a vocês é esse é É o frontispício da obra né do padre Claude da Vila né que vai ao Maranhão e que retorna à França acompanhado aliás de seis embaixadores eh Tupinambá que foram recebidos pelo rei de França no no museu do luva e um ano mais tarde é publicado um segundo relato também muito importante eu só coloco o título aqui porque na verdade nós não conhecemos o frontispício dessa obra é o relato do padre yv devre que se chama suite de show
memor continuação das coisas memoráveis que aconteceram no Maranhão nos anos de 1613 e 1614 E nós desconhecemos como eu disse a vocês o frontispício dessa obra porque na verdade ela foi destruída nos ateliês de impressão em 1615 na verdade seguindo uma uma política não é seguindo uma política que não desejava a presença francesa no Maranhão né uma vez que isso obviamente eh impedia os planos da União Franco espanhola ou seja dos é um duplo casamento real né o rei de França luí xi a infanta espanhola Ana d' Áustria e e eh eh eh eh eh
eh Elizabeth de França e o eh e Filipe de de da mesão driz Então como vocês puderem puderam eh constatar com o discurso que eu apresentei aqui de saída do do Chefe Japiaçu nos relatos missionários os Capuchinhos eles aparecem dotados de palavra aparecem dotados de palavra para expressar Justamente esse desejo Expresso claramente nessa nessa nesse discurso o seu desejo de submissão ao rei de Fran França e de conversão ao catolicismo Tá certo isso se dá nesse primeiro relato relato do padre CL da Vila iso se dá sempre na forma de arengas a arenga na verdade
é uma forma ritual né do dos povos Tupi digamos assim de recepção de um personagem ilustre e na arenga é uma coisa que para mim tem uma importância muito grande na arenga há uma uma uma circulação de sentido porque há sempre uma resposta do visitante do do visitante homenageado portanto há uma primeira arenga e uma segunda arenga de resposta a esta arenga do Chefe Japiaçu o o o o o lugar tente do Rei François de raz obviamente deu uma resposta também em forma de arenga bom eh e no segundo relato no relato do do do
padre yv devreux de 1615 esse que eu disse que foi destruído e que só é reencontrado no no no século XIX pelo biblió bibliófilo eh Ferdinand eh nesse relato nós temos na verdade a transcrição de conversas conference né a conferência é conversa não é de conversas com chefes e pagés eh travadas pelo Capuchinho y devre e esses chefes e pagés das Tribos locais Então são formas propriamente dialoga muito fortes muito presentes no argumentário desses relatos franceses eh eh dos Capuchinhos eh o que acontece o que eu quero deixar bem marcado aqui é que essas duas
formas mostram de fato a figura de um índio eloquente tá certo mas a figura de um índio eloquente ela não é exatamente uma invenção desses relatos e dos Missionários Capuchinhos essa figura ela já aparecia um um um um um um meio século antes mais ou menos no e e e ela vai acabar constituindo uma uma espécie uma grande linhagem de representações ela aparece meio século antes neste relato a história de uma viagem feita à terra do Brasil Johan lerry é um relato extremamente conhecido não é eh Claude L vistos diz que eh Este é o
é o breviário do ET etnólogo portanto é algo que é fundador no próprio conhecimento etnológico do século XX não é eh e nesse relato de jany que é um huguenot francês todos vocês aqui o conhecem né no capítulo 20 nós temos a um colóquio em que vocês podem ver muito bem eu fiz questão de mostrar aqui a página não é em faim em que nós temos um Tupinambá que dialoga com um francês chama-se colóquio da entrada ou chegada no Brasil das pessoas chamadas das gentes chamadas Tupinambá ou Tupiniquim em língua selvagem e em francês veja
bem eh a inclusão desse desse colóquio vai abrir a a digamos a via para a não posso deixar né tem que gravar é isso posso deixar o microfone ou não abre a via para essa representação de um índio eloquente percebem só que vocês percebam bem Aqui nós temos um um diálogo um diálogo modelo um diálogo modelo em que um Tupinambá nem mesmo nomeado dialoga com um seis por mais que na na quarta linha que vocês veem aqui o próprio há uma pergunta qual o seu nome e lerry imediatamente responde meu lome Leri wasu né Leri
Assu Ou seja a grande Ostra porque essa Leri seria obviamente eh eh significaria eh eh Ostra em na na língua dos índios ora eh então e esse esse diálogo modelo Sem dúvida nenhuma abre essa via mas o que nós temos de novo que nós temos propriamente de invenção nos relatos Capuchinhos é justamente que o Índio ele não ele ele passa a ser não apenas eloquente mas nomeado e expressando o seu desejo de conversão e de submissão ao ao rei de França portanto nós temos uma figura nova que eu chamei de selvagem in convertível aliás convertível
por porque eloquente ou eloquente porque convertível ou seja e e é é algo que eu dem mostrei nesse livro que eu já citei aqui a oralidade perdida e num outro livro que se chama o Brasil francês Tá certo agora eh a partir daí eh eu eu eu busquei aprofundar um pouco essa essa questão da inscrição da oralidade eh nesses relatos para tentar entender algo que obviamente eh me eh interpelava muito é a ideia de que para que haja diálogo e nisso antan liti e percebe perfeitamente o que eu quero dizer para que haja diálogo é
preciso haver cena a questão das luzes é exatamente isso questão das luzes é a questão propriamente do Diálogo Mas é uma cena de posições percebe para que haja diálogo T de a haver cena só que aqui nós estamos numa cena Mística Diferentemente obviamente do do século XVI em que trabalha Antoine lilty uma cena Mística e essa cena Mística me interessava muitíssimo como é que se constrói uma cena através do Diálogo ou como é que o diálogo É pode ser definido né como um jogo de posições cênico Tá certo então é é é claro que trabalhar
a presença da palavra através da transmissão da né da da palavra com P maiúsculo pelos missionários é algo razoavelmente sabido o que me restava Na verdade era pensar sobretudo a a presença Sutil eh ou totalmente ao contrário ostensiva da da palavra indígena e aí eu precisava evidentemente eh me voltar para o para os efeitos para as técnicas que são produtoras de efeitos de presença de efeitos de de vivacidade né o que em retórica nós chamamos enargia a vividez propriamente né considerando sobre tudo que esses discursos do século X eles eram recebidos naquele momento no próprio
século X e até o século XVI com uma função específica que era de produzir novas conversões então produzir a presença da voz é algo importantíssimo nesses discursos percebem eh e por outro lado também eu considerava a grande economia das trocas linguísticas coloniais porque é uma economia absolutamente oralizada é uma economia de vozes né E essas vozes se exerciam pensem tão simplesmente no fenômeno da conversão que é um fenômeno absolutamente oral e oralizado portanto essas vozes se exercem nessa cena Mística da da da conversão o o o o ambiente Colonial é um ambiente extremamente propício a
pensar o diálogo o trânsito vocal Essa era aliás expressão do grande po zor e o trânsito de sentidos que é inclusive um trânsito entre línguas é um mundo obviamente de muitas línguas Imaginem presença de intérpretes Tupi francês português percebem e é também um mundo de trocas orais me interessava portanto dar conta dessa das cenas sobretudo da cena Mística né em que essas trocas orais se se davam no mundo Colonial situações tanto altamente oralizadas e o que eu tinha Diante de Mim Na verdade era a possibilidade de trabalhar a partir de um corpos de textos Jesuítas
Portugueses e um Corpus de texos francês esse que eu manipulo e eh eh desde muito tempo não é bom quanto a a isso eu preciso fazer uma Quanto a essa digamos a essa esse cotejamento obviamente isso me convida muito a comparar né o Corpus francês e o Corpus português é preciso fazer uma diferença de saída né Quanto a essa inscrição da oralidade no no Corpus português Jesuíta e no Corpus francês capucino na verdade eh o índio eh eh dos Jesuítas portugueses não é eloquente eu quase poderia dizer que ele não é dotado de palavra contrariamente
àquela linhagem que eu mostrei para vocês que aparece nos relatos capuchinos se eu pegar pegar por exemplo a correspondência jesuítica eu posso demonstrar para vocês Clarim que eh eh três aspectos marcam a digamos a a a a a capacidade de eloquência dos eh dos indígenas primeira primeiro aspecto na correspondência primeiro aspecto é a tradução sistemática dos enunciados dos indígenas em português ou em casteliano dependendo da língua usada pelo padre sistemática é raríssimo se achar a transcrição de e o indígena falou em Tupi portanto E aí a gente pode tirar várias conclusões não é meu meu
intuito aqui mas de uma presença mais imediata do intérprete percebe mas em todo caso sempre em Português sempre eh em segundo lugar segunda característica as as eventuais falas de índios que aparecem na correspondência elas não não ultrapassam nenhuma passam mais do que duas três frases percebe ou seja não há um rendimento do Diálogo não há não há rendimento do diálogo de jeito nenhum assim os interlocutores estão em presença o padre está em presença do do né do seu interlocutor indígena e não há rendimento inclusive há um recurso retórico muito muito muito e eh eh frequente
que é o que a gente chama de percurso que é quando você corta a fala você diz e outras coisas mais etc percebe o o esse recurso no que diz respeito à fala indígena é absolutamente constante eu demonstrei muitas vezes nesse livro que tá sendo eh publicado portanto não há progressão do Diálogo jamais né nessas transcrições e a terceira característica que disse a vocês que é muito interessante é uma eu chamaria Isso vai ser difícil Traduzir eu chamaria uma fula da fala indígena e e é e é literal se antela é é literal é literal
porque há uma carta de Anchieta de 1565 em que a palavra Fulano dizendo respeito ao ao indígena aparece quatro vezes nem uma carta Então os indígenas se apresentação uma fulan iação o indígena se apresenta dizendo eu sou Fulano eu sou Fulano difícil eu sou Fulano percebe jamais nomeado então a a a a referência é é exatamente eu eu chamei de uma fulan é um nome que aparece que pode parecer um pouco eh pejorativo e não é de de modo algum a minha intenção mas na realidade há uma tipificação das falas indígenas né uma espécie de
grande padronização das falas então assim pouco importa como ele se chama é Fulano Fulano disse isso né ancheta fala muito Ah um menino me falou E aí ele pode dizer pode né a passagem inclusive do discurso indireto para o discurso direto é muito Sutil é muito até porque obviamente todos os nossos recursos contemporâneos aspas foram todos eles eh eh eh eh inseridos nessas cartas eh na na nas nas edições modernas né eles não existiam mas a passagem é muito Sutil é muito diferente dos relatos Franceses em que H efetivamente e o indígena disse dois pontos
bom e e a eh como vocês vão ver daqui a pouco né ah eu eu mostro daqui a pouco eh como vocês vão ver daqui a pouco há obviamente a diferença entre itálicos a fala a fala em Tupi em Tupi no relato do século X Qual o leitor francês do século 1 que pode ler o Tupi Por que inserir duas três quatro páginas em língua tupi em itálicos num livro que circula na França no século X que para mim é uma estratégia de conversão a língua é convertível uma língua que eu não entendo né que
está presente presente diante de mim e no livro em que eu que eu recebo e que é imediatamente traduzida bom mas o que importa aqui é que há essa tipificação né o indígena pode eventualmente falar mas sempre so essas três condições que eu disse a vocês e o que não significa que não haja trânsito vocal H há trânsito vocal há trânsito de sentido mas são formas eu quase diria abortadas né de trânsito eh vocal se se a gente pegar por exemplo um gênero eu vou passar muito rapidamente nisso eu tenho todo um né vários capítulos
no livro novo sobre isso se a gente pegar por exemplo os catecismos catecismos em Tupi os catecismos de Anchieta né são os únicos que nós conhecemos sobre a forma impressa impressos pelo padre Antônio de Araújo eh o catecismo é um gênero dialogal há diálogo há trânsito vocal né Tá certo há trânsito de sentido entre mestre e discípulo então nós podemos imaginar o que eu gosto de chamar um ruído o romart chamou de BR la long é rumor é ruído esse ruído indígena ele está presente quando nós temos hoje o catecismo nas mãos tá certo a
presença da voz indígena mas não há sessão de palavra a palavra não é cedida propriamente os locutores eles são hipotéticos olhem isso Ah isso aqui é isso aqui é um relato de de cloue da vilha olhem olhem bem a passagem dos itálicos em Tupi para o português para perdão para o francês é é é precisamente a a o mesmo a mesma arenga que abriu a minha fala aqui hoje tá Então olha Vejam a disposição gráfica como ela é disposição gráfica da página não é isso aqui é um catecismo eu coloquei aqui a o o o
a a página de de rosto e a ao lado uma forma manuscrita em que vocês veem perfeitamente né o a a a circulação MD mestre discípulo discípulo Tá certo e questões e respostas tá certo olha um exemplo né em Tupi né e a tradução é uma tradução enfim moderna modernizante feita na na contemporaneidade mas ela nos serve né e eh Deus tem corpo como a gente não tem corpo ele teve princípio outrora ele não teve princípio Ele sempre foi ele sempre foi para sempre será para sempre será e etc etc etc bom você o catecismo
isso não cabe eh comentar aqui o catecismo é muito propício para apresentação dessas matérias metafísicas muito difíceis né mas o que me importa aqui eh não é isso se eu analiso no livro O que importa aqui é mostrar para vocês como é que a a concisão a repetição são tipicamente orais né A ação é típica do domínio da voz nãoé Claro quando se fala se repete nãoé a concisão também tá certo então obviamente aqui o a função é a performance oral do discípulo que repete que repete Muito provavelmente pergunta e resposta como as meninas na
Europa né pergunta e resposta tá E então obviamente a presença da voz mas a presença da voz aqui ela é muito específica porque ela tem que ela tem que na verdade fundar uma uma um Du verbal e vocês percebem o Du verbal ele a pergunta refrata sempre a resposta esse Du verbal na verdade expressa a harmonia entre o mestre e o discípulo é uma Harmonia digamos assim de de partilha propriamente da devoção eh eh católica agora nesse tipo de eh eh eh diálogo chamemos assim tudo bem altissimo modelizado né em língua tupi isso é muito
importante nós estamos falando de diálogos que eram estritamente em língua tupi Ok eh nesse diálogo não tem um acordo PR prévio entre interlocutores o acordo na verdade é entre mestre e discípulo é um acordo anterior e exterior ao diálogo percebem exatamente o contrário do que se passa nos relatos franceses exatamente o contrário nos relatos franceses o o efeito de presença aqui há efeito deen tudo que eu procuro H efeito de presença H voz há trânsito de sentido mas o efeito de presença não é como nos relatos Fran autopsi autopsi significa o o efeito de presença
nos relatos francê ele supõe a inclusão do leitor dos relatos na cena supõe supõe eh na verdade a inclusão do leitor do relato na própria cena Isso é isso é vocês vão ver vários vários exemplos aqui então nós temos vocês vijam que nesses dispositivos eh autopsia digamos assim dos diálogos franceses o é na verdade é o ouvido que comanda A então presença da voz não é isso ele comanda e nós temos essa imediatez da tomada de palavra pelos eh pelos índios agora eh por gente Eu quero fazer uma ressalva aqui que é muito importante nas
minhas proposições aqui não existe qualquer atribuição de valor a ideia de uma sessão da palavra por favor porque nem nos relatos Capuchinhos nem nos relatos portugueses existe qualquer exigência de reciprocidade não há não há valor não é melhor ceder a palavra isso é melhor obviamente para nós contemporâneos né Muito melhor para nós contemporâneos por quê Porque nós vivemos nessa ideia pós Iluminista né de que a sessão da palavra é obviamente eh algo dotado de um valor que é o valor de troca aqui não há reciprocidade nem nos nem nos Capuchinhos franceses há um dispositivo que
é um dispositivo diferente outra coisa que eu quero deixar muito clara para para todos vocês é que eh eh quando eu falo de presença da voz eu não falo de modo algum no nosso sentido contemporâneo metafórico de voz a voz aqui não é uma metáfora dar a palavra dar a voz a Não é nada disso tá aqui a voz é considerada como fé como substância como era no século X sonoridade fonet substância A Voz era uma substância Tá certo e isso é fundamental no processo de conversão então assim o que o que é possível avaliar
tá são os efeitos disso na ordem do discurso tá então Que efeitos são esses bom eh nós vamos na verdade eh conseguir eh entender propriamente que há efeitos que são como eu já disse a vocês mais ostensivos e menos ostensivos então menos ostensivos como eu já dei os exemplos aqui dos relatos eh jesuíticos enfim dos textos jesuíticos eu só peguei o exemplo do catecismo poderia ter pego o exemplo dos Autos jesuíticos também né onde há diálogo né está no livro também mas não não dá tempo né Então essa voz esse rumor essa voz in off
que é uma expressão de micher essa voz em off de um índio hipotético percebe ou fanado tá certo ou hipoteticamente no caso do J lry por exemplo Tupinambá francês Tá certo ou a voz ostensiva que vai aparecer agora sim nos relatos Capuchinhos e aqui eu passo bastante rapidamente eu queria propor para vocês em primeiro lugar eh entender como é que a experiência eh avaliativa né da alteridade eh aqui no no século X e uma vez entendendo o modo como essa alteridade ela o modo como se fica os critérios de identificação e de relação com essa
aor autoridade como é que esses mdos se constroem para os os capuchins no século X eu vou partir pra hipótese de que eh os capuchins queriam construir né tinham a intenção de construir eh a ideia de uma aliança Franco Tupi que era obviamente baseada na ideia de amizade não é a ideia de amizade e que obviamente engajavam Tupinambá se vocês preferirem vocês vão ver daqui a pouco eh eh sob a vontade única e legítima do Estado católico francês então é sob o signo dessa aliança amigável entre franceses e Tupinambá que eh eh eh Os relatos
franceses vão eh fazer com que vão construir esse espaço idealizado de posições onde as vozes simpáticas a há uma relação de Simpatia entre as vozes francesas e as vozes eh eh Tupi né eh essas vozes se entendem pelo que vocês vi pelo que que eu tô enunciando aqui eh eh eh eh tudo está perfeitamente pronto para que o índio possa falar possa mais do que falar dialogar trocar percebe então Diferentemente dos nossos modos de identificação da alteridade que como eu já disse a seis são modos que eh designam a empiria nós trabalhamos com a ideia
de empiria né o outro que é definido racialmente etnicamente etc são dados empíricos no século XV e x eh isso funciona através de um conjunto de Convenções são Convenções são Convenções que funcionam por semelhança e não por diferença como nós E aí elas essas Convenções elas vão ou atribuindo semelhança ou subtraindo semelhança percebe então todo o vocabulário por exemplo vocabulário escolástico Negro lembrem-se do grande livro de de John Monteiro os negros da terra os indígenas são negros por quê categoria Escolástica o negro é aquele que desconhece a luz natural da Graça Portanto o indígena é
negro negro Boal cão são termos que hoje obviamente na lógica da diferença né Eh nos chocam porque estamos na lógica da diferença cultural e aqui não são são os critérios avaliativos que estão à disposição e ou ou ou o indígena por exemplo o indígena se aproxima ou se afasta deles no caso dos Capuchinhos eu poderia fazer uma demonstração imensa a vocês eu não vou fazer eh no caso dos dos Capuchinhos a eh eh a a a a denominação bestas brutas selvagens maranhenses ou a denominação nação Tupi frente à nação tupiná são recorrentes mas há uma
uma denominação que a mim parece muito importante Central ela aparece em Jan lerry que é um é um guenot e aparece também nos nos Capuchinhos né no Corpus católico é a ideia da miséria que aliás no caso dos Capuchinhos é muito conveniente porque esses são padres Miseráveis né Miseráveis porque são ordens obviamente eh que que que que calcam a sua própria eh representação nessa ideia da pobreza e da miséria eu mostro para vocês uma passagem do padre cloue da Vila Pera aí era lá ah veja bem em português não tenho dúvidas de que o Diabo
se satisfaz nas assembleias desse povo miserável que sempre foi seu sendo bárbaros cruéis e bêbados então a empresa do diabo sobre o sobre os índios ela determina essa miséria né o vocabulário é o mesmo no no seu correligionário no Padre no Padre yv devre não é pobres selvagens pobres gentes pobres almas cativas cativas do diabo não é e esse argument na verdade esse critério avaliativo dos índios leva a essa a [Música] essa a essa demanda essa demanda de essa demanda de proteção veja bem o que diz o padre essa nação nem vossos tesouros nem grande
soma de dinheiro mas antes migalhas supérfluas que caem aqui aá da sua da da vossa real da vossa grandeza não sei nem como da vossa Real Grandeza bom É por isso Senhor que suplico muito humildemente de olhar com bons olhos essa pobre nação Portanto o argumento de pobreza ele serve obviamente para sustentar a ideia eh retoricamente semanticamente pragmaticamente né a ideia da proteção eh do Rei de França é uma proteção na verdade que é uma proteção muito diferente não é do que nós podemos suspeitar é uma proteção era o que Jean bodan chamava de aliança
aliança inegal aliança desigual significa Quando aqueles que não são inimigos são amigos essa noção é fundamental nesse aparece muitas vezes um recebe a proteção do outro então cabe aos franceses protegerem obviamente os a nação Tupi é toda uma ética do amor é toda uma ética da amizade não é a mqua e pelo que vocês veem são essas as condições que vão forjar os as falas as arengas eh dos índios ou seja eh a a a em primeiro lugar o caráter caráter denunci atório essas arengas denunciam denunciam o poder dos portugueses sobre os corpos dos índios
não é sobre as almas dos índios e do diabo sobre os corpos dos índios essas esses essas arengas normalmente fazem essa denúncia para depois engajar a ideia da compatibilidade de humores entre franceses e a a simpatia né como se dizia eu eu mostro para vocês mais uma passagem Olha o que diz o chefe Japiaçu eu tenho muita esperança na tua bondade e gentileza Pois me parece que tens entre teu jeito guerreiro um jeito Gentil do se lá gentileza né de um personagem que nos governará com muita sabedoria e te direi sobre isso que quanto maior
um nomem nasce e tem autoridade sobre os seus sobre os outros perdão mais Gentil dou se lá douceur né gracioso Clemente ele deve ser porque os homens especialmente os dessa nação Tupi alinham-se mais mente através da gentileza do que através da violência eu não tenho tempo de demonstrar para vocês aqui mas os Capuchinhos chegam com toda uma concepção Pastoral que nós chamamos Pastoral deur da gentileza percebe que obviamente está subentendida nesses discursos pronunciados pelos então eu quero agora passar aqui para o relato do do do Capuchinho yv devre no relato do Capuchinho devre como disse
a vocês nós não vamos ter arengas nós vamos ter conferências diálogos são as últimas páginas do livro é um livro que foi nós temos na verdade conhecemos dois exemplares hoje conhecemos três curiosamente uma imagem de uma Utopia um deles foi destruído na segunda guerra mundial três exemplares um foi destruído é uma imagem absolutamente incrível né da destruição eh é uma Utopia do livro né a Segunda Guerra destrói o o terceiro exemplar mas nos dois exemplares Que nós conhecemos muitas páginas laceradas é um livro que é curioso de ser trabalhado também por isso por esse caráter
né da da destruição própri m né Eh nesse nessas últimas páginas o padre yv devreux transcreve as conferências que eles que ele teve com alguns pajés bom é nessas últimas páginas que nós temos o efeito de presença eh a produção do efeito de presença das vozes indígenas de maneira eh eh eh aberta né antes de de transcrever essas conferências o padre IV na verdade veja bem Como ess como isso é conveniente ele vai dedicar um capítulo às à vozes dos índios as vozes dos Índios ou seja aos afetos das vozes que é algo extremamente importante
neste momento né algo absolutamente eh eh conhecido né doutrinado por vários tratados portanto a entonação a duração a intensidade São todos afetos da alma tá eh e ao mesmo tempo as circunstâncias mais familiares da efetuação dessas vozes na sua entonação na sua duração na sua intensidade então é de manhã né antes de dormir a noite ele vai dar o detalhe dessas vozes obviamente isso produz efeito de presença entre nós leitores né vejam como é esse capítulo eu passo capítulo que prepara a entrada nas conferências os seus cumprimentos cumprimentos dos índios tá perguntas e respostas quando
eles estão juntos são gentis como nada mais do do O índio é doce o indígena é doce Capuchinho é doce isso porque eles pronunciam Olha o efeito de presença com um assento bastante longo muito gentil e atraente especialmente as mulheres e as meninas e por considerar que isso trará Consolação ao leitor olha olha como é que ele inclui o leitor na cena eu vou consolar o leitor Consolação por quê Porque ele não tá presente para ouvir né Eh trará Consolação ao leitor coloquei abaixo a forma aí ele coloca em Tupi de manhã quando eles se
levantam dizem un Bom dia tien coem e para você também nem à noite quando voltam do trabalho e se separam eles dizem uns aos outros boa noite para você também e Assim Segue então nós temos aqui todas as os a a a o os afetos das vozes e vocês vejam que os índios vivem pacificamente são os termos dele pesi né em familiaridade a ideia da familiar que é uma figura importantíssima né e a ideia da Consolação ao leitor que ele coloca em presença né Então tudo isso prepara as conferências que eu vou sobre as quais
vou falar aqui em do minutos para poder encerrar então vejam todo esses essas técnicas retóricas elas produzem enargia elas produzem vivacidade e condicion essa ideia de familiar familiaridade de amizade assumida nesses discursos Tá certo como diz o padre yv devreux nós tratávamos de fazê-los perceber vivamente olha a ideia da vividez né nos seus corações que éramos amigos e seus amigos fiéis mais do que os seus pais mães outros parentes dizendo-lhes essas palavras a eles e a vários outros e não e não à toa em em Tupi somos amigos e falamos em sua língua tá somos
seus amigos tradução somos seus amigos seus íntimos tá é a figura da Amizade bom todos esses topoi né Eh mostram essa integração perfeita dos Tupinambá na ordem eh católica francesa do século X bom ah na verdade eh o que aparece aqui o que vocês vão ver a seguir é um processo de francisa do Tupinambá né nessa aliança desigual Essa aliança amigável porém desigual porque um deve proteger o outro né Eh o processo de de fração do Tupinambá é fácil de ser visualizado porque em 1614 essas imagens circularam no livro do Padre cloue d'ville vocês veem
índios vestidos a francesa com a fres com a Flor de Lis né Tá certo com a cruz Católica no peito não é esse processo de franciza é um processo absolutamente eh divulgado na França do século X havia também afiches eh cartazes que haviam sido pregados no momento em que os capuchins levaram os embaixadores Tupinambá Tá certo aham na na recepção no batismo etc etc ó ora Esse é o batismo dos índios vejam os índios essa imagem é muito importante também tá os índios na Diante do Rei luí xi que nesse momento 1613 aqui tá luí
XIII tem 12 anos ele nasceu em 1601 né os três índios batizar eram seis três morreram enfim três foram batizados aparecem essa é uma ficha que foi pregada em toda Paris não é mostrando Portanto o batismo solene dos Tupinambá na igreja dos Capuchinhos e e o padre IV vai colocar olha vejam bem são três Capítulos do do do do do padre Iva não é três Capítulos do livro dele e que que dizem o seguinte como é fácil civilizar os selvagens ao modo dos Franceses e ensinar-lhes os ofícios que temos na Europa é o título de
um deles segundo de como os selvagens são muito aptos ao aprendizado das ciências e da virtude segundo deles e o terceiro é uma continuação das matérias precedentes nós vemos aqui todo um esforço de qualificar a fala indígena e de atribuir a fala significa etos o afeto da voz o etos do onoma o éos de fidalguia percebe a atribuição do éos de fidalguia através da fala percebe então Eh Essa é a preparação e diz o padre IV eu vou apresentar muito fielmente é o que ele diz no no relato dele é o modo de tornar audível
não é a fidelidade é a a autópsia o testemunho é como se o leitor estivesse presente produção de presença não é eu vou tomar um exemplo e e e e e e e um e um outro um segundo exemplo final mas na verdade nós temos uma meia dza de conferências mas eu vou tomar o primeiro exemplo que é o exemplo de pamon é um chefe muito importante não é eh pamon veio até a o Forte São Luís para pedir a conversão não é e dizendo ele eu tinha vontade de experimentar aquilo que os franceses pediam
antes de eu me de me entregar a eles né e ele chega acompanhado de diz o padre da da da sua mulher mais forte eram 30 mulheres sua mulher mais forte e de muitos índios todos eles muito emplumados né Isso é um detalhe muito importante chega uma comitiva de de indígenas muito emplumados e a ele segue acompanhado da sua da sua mulher da mais forte das suas mulheres e aí o o o índio faz um discurso eu coloco aqui um pedaço apenas desse primeiro essa primeira fala que é o começo do Diálogo que ele vai
estabelecer com com o padre yv devreux né e ele diz o seguinte tive a curiosidade de frequentar os franceses e de de os ouvir sei dos meus ancestrais a história de Noé eu sei também que Maria foi mãe do Tupã e que não conheceu nenhum homem mas o próprio Deus se fez corpo no seu ventre e por ser grande ele enviou maratas Apóstolos não é por todo lado na resposta essa é a primeira fala tá na resposta o o o o padri diz exatamente o seguinte ele na verdade ele recusa a o relato e ele
diz o seguinte pamon não buscava Deus como deveria porque ele pretendia através do batismo tornar-se maior e mais estimado entre os seus e aí vem todo um reconhecimento de Pecados e não é é é uma conversa que é muito marcada sobretudo por uma performance corporal contrita por por parte do índio né são gestos são atitudes tudo isso é produtor de presença vocês devem imaginar não é E aí obviamente há uma segunda conversa pacam vai né deixa o Forte São Luís mas retorna E aí nesse retorno ele já retorna na verdade isso não é nada surpreendente
né na segunda visita alguns dias mais tarde ele retorna é a segunda parte bastante Modesto acompanhado de pouca gente sem tantas plumas as plumagens desaparecem e já não falava comigo com arrogância como ele fazia no início eh essas descrições é uma técnica retórica né Essas descrições são típicas da técnica de eif frástica a exfrases é exatamente isso né É para acentuar o efeito de de realidade né segundo essas técnicas de frases né que são tão obviamente muito bem descritas nos tratados antigos né Eh o o topoi de pessoa o que que é um Topo de
pessoa né é a descrição são os argumentos genéricos que descrevem as pessoas ou seja a aparência física a origem a pátria a cidade o sexo o estado a idade né todos os os topo os lugares comuns de pessoa que definem a propriamente as pessoas esses lugares comuns eles são mobilizados mas sempre através de oposições e mostrando sucessivamente o feio e o bonito né Isso é uma técnica retórica que produz própri acentua amplifica é uma técnica amplificadora o efeito de realidade isso é muito propício ao discurso missionário porque um discurso de conversão de metamorfose ele aparece
com plumagens muitas plumagens e a seguir sem plumagens portanto a técnica retórica ela também está a serviço propriamente da da função conversora eh desses relatos e e justamente e e a técnica a exfrases na verdade a definição da ecras é isso é colocar em presença algo ausente então aqu ele coloca em presença né o índio e eh eh emplumado e em ausência o índio emplumado o que obviamente é um efeito de presença de uma força de uma vividez Sem dúvida nenhuma esse jogo é um jogo cênico é uma cena é uma cena autopsi pelo reitor
pelo leitor pelo reitor pelo leitor eh entre ausen e presença eu tô bem no meu tema da presença da voz não é eu só queria citar um último uma última conferência porque ela é eu gente me desculpem eu queria citar uma última conferência que é uma conferência eh é um curto circuito porque aonde vocal aonde há H curto circuito trânsito de sentido H curto circuito e é uma última conferência em que um índio um índio deixa o seu o indígena deixa seu filho eh seu filho para que ele aprenda francês e para ele possa falar
com os padres o indígena vive entre os vou ter que passar aqui ó vive entre os padres durante muito tempo aprende o francês e o chefe indígena volta muito orgulhoso ol Ele já sabe falar francês já pode ser convertido e na verdade o o padre IV já ele ele obviamente não não não não não se priva de eh mostrar como é que ele recebe né esse esse esse indígena ou seja ele coloca em presença mais uma vez ele fala diretamente ao leitor isso é muito importante na produção de presença olha como ele diz advirta-se o
leitor de que é fácil representar por escrito as palavras o discurso desse selvagem mas não os gestos Ah não eu tô lindo uma outra parte eu eu eu eu pulei Desculpe desculpe era a questão da presença desculpem eu vou voltar peço desculpas a vocês pronto aqui ele vai na verdade como eu disse a vocês ele não se priva de e eh eh mostrar a reação que ele teve ao ouvir o o o filho do indígena do Pajé eh falar francês eu tive muita dificuldade em conter o meu riso e eu não pude desfrutar do me
meu intérprete de tanto que ele estava transportado pela vontade de rir da simp desse personagem esse jovem se filho né do indígena recitou a doutrina que lhe era própria dizia o pai e suficiente para que recebesse o batismo da seguinte maneira agora f em francês B dia Senor como se encontra a seu serviço não querendo exp explodir de R Tá certo então vocês vejam que ele ele ele coloca a fala do indígena na na na no relato de maneira jocosa de maneira jocosa ele remeda o discurso do índio é ele parodia uma né ele faz
uma né uma paródia do discurso do índio e ele escreve foneticamente que é uma coisa aliás nesse momento eu faço isso no meu livro no mesmo momento Essa inscrição vocês veem uma infantilização propriamente do indígena nesse mesmo momento o médico de luí xi herard escreve um o seu diário e escreve a palavra do do Rei de França nasceu em 1601 nós aqui estamos em 1601 ele escreve a palavra do da mesma forma não é da mesma forma tá certo ele ele se chama ele escreve Exatamente isso ou seja ele remeda a fala infantil a inscrição
da fala infantil é é exatamente com oro essa infantilização propriamente da fala indígena mas o que me interessa aqui é o curto circuito linguístico não é curto circuito é muito interessante essa fala esse francês arranhado barin de baguan francês arranhado por um indígena que não é ainda converso que não é é um meio term não é e o o o o Capuchinho vai falar é a última fala depois eu eu libero vocês não é ele vai dizer olha tendo-lhes dado toda a liberdade para falar Liberdade tanto para me para para me fazer parar de rir
ele queria parar de rir quanto para satisfazer o o fervor dos índios dos indígenas eu comecei a explicar-lhes que não era isso que eu pedia antes de dar o batismo mas o reconhecimento de Deus e das coisas que dependem da da reunião da da religião e aí no final nós temos na verdade dade uma uma epifania propriamente da voz em que os índios não é os indígenas passam a falar eh corretamente é essa a conclusão que nós podemos tirar dessas dessas conferências tá eu eu eu quero concluir com vocês dizendo que essa é uma invenção
possível do Selvagem no final do século X tá eh é uma invenção e é preciso penetrar no filigrana dos textos para entender essa produção porque ela é produção de presença naquele tempo e para nós obviamente todo esse esse recurso técnico de amplificação ele se esmorece na nossa recepção contemporânea é uma coisa óbvia não é mas aqui eu acho que nós temos sim a figura de um selvagem convertível um selvagem eh um selvagem convertível porque eloquente né E temos também uma configuração de uma Utopia que é essa Utopia da União Franco Tupi que nunca vai acontecer
nós hoje sabemos não é eu quero passar a palavra para antoan perguntando justamente se eh não será justamente essa projeção né no futuro francuir que nunca veio a existir que torna o selvagem né eloquente não é na verdade eh na verdade eh eh eh na Europa né a Europa vai ter que enfrentar essas figuras da alteridade também no século XV Ant vai falar sobre isso e talvez ela tenha que buscar não esse futuro não essa Utopia mas um primitivismo selvagem não é aonde há um bom selvagem que é homem da natureza para poder obviamente fornecer
os avatares da autocrítica de que os europeus estavam enfim que os europeus estavam eh buscando na época das luzes e agora eu passo a palavra a alguém que vai poder falar sobre isso com vocês muito obrigada e peço desculpas pelas dificuldades agora a gente passa a palavra ao professor antoan lilti agradecendo quer dizer essa eh apreensão né que nos dá Chaves de interpretação e Revelação né dos vários sentidos desses textos dos cronistas eh religiosos merci beaucoup bonsoir enfin Bonjour Bon aprs midi bo à à toos euh c'est évidemment donc Merci Je suis TRS heureux d'être
là grâce à à Iris grâce à Andrea grâce au service Du constat ET donc de pouvoir participer à cette cette 3E semaine Franco HPI ET de poursuivre avec Andrea cette conversation euh Elle a DIT cette série de conférences comme disait au 16e sicle Sic autour de cette question Du rapport des des européens avec cette Figure à la fois de l'altérité sauvage en mettant les les guillemets on les mettait pas au 16e sicle on commence à les mettre au 18e sicle c'est ce que je vais essayer de vous de vous montrer ET c'est évidemment difficile de
de parler aprs Andrea qui a heureusement retrouvé Son oralité on était TRS inquiet Pour Elle mais voilà alesp que ça va ça va durer mais voilà si Pour une ité retrouvé ET dans toute reconquis dans toute Son Son énergie Son énergie euh ET donc évidemment je serai Sans doute à la fois moins précis ET ET Plus général mais je voudrais surtout m'inscrire donc dans une continuité rupture puisque évidemment moi j'arrive Plus tard en quelque sorte avec le le 18e sicle le le sicle des lumes ET on a vous allez le voir c'est ce que mon
contin de la rflex faç e vocês vão ver que tem uma continuidade da Reflex em relação à forma de integrar essa figura de pensar essa Utopia que seja de uma união de uma amizade uma alianç desigual os termos podem muito bem ser reencontrados né entre os franceses e os europeus digamos né E essas figuras ditas selvagens m tempo vamos ver que existem formas também muito marcantes de descontinuidades de rupturas e a principal delas sendo a questão da conversão não é mais Central Ou pelo menos não mais a conversão religiosa um outro tipo de conversão que
Aliás o termo de civilizado já chega né que é a conversão a uma civilização pelos hábitos pelos comportamentos muito mais do que pela religião e segundo a mudança eh não estamos mais na Utopia da conversão mas estamos mais falando do ceticismo em relação à possibilidade mesmo de eh eh tornar Fazer Acontecer Essa civilização de selvagens Para retomar o termo utilizado né no século 16 no século X e no início do 18i também eh no caso estudado por Andrea Andrea evidentemente essa figura do selvagem é fortemente ligada digamos as figuras dos indígenas americanos né Eh que
podemos encontrar no final do século X já até mesmo o século 1 até mesmo até o início do século XVI eh no pensamento europeu essa figura da alteridade selvagem é uma figura que remete a aos indígenas americanos é verdade ainda no no início do século XVII é interessante porque 1725 por exemplo uma Embaixada de chefes do ilinois na América do Norte né portanto não estamos mais falando de tupinambas eh é América francesa né do Norte a nova França e estes chefes pajés ilinois eles chegam em Paris são recebidos por pelo jovem e eh Rei Luis
XV em fontain blow visitam Paris dão um espetáculo com dança no na ópera de Paris e é um espetáculo que e teve consequências na história cultural Francesa e porque Jean François Ram eh o famoso compositor vê Assiste esse espetáculo e ele acha inspiração ali para uma obra que se chama a famosa dança do e Cachimbo da Paz que depois será renomeada a dança dos selvagens e que é uma parte das ang galant então é interessante poderemos voltar a falar sobre isto ang galant essa obra de Ram eh eh o tema da dança dos selvagens do
do cimo da Paz se tornou nestes últimos anos fez um retorno eh com muita ensinação com eh uma um filme um tema musical que a gente ouve também Mas a gente sempre esquece que vem de uma visita dessa delegação mesmo do ilinois em Paris em 1725 o nome do espetáculo era les galant as índias galantes a partir do meados do século XV e uma observação paraos tradutores paraos intérpretes fiquem à vontade tá Se quiserem que que que que eu melhore a minha fala no microfone uma coisa mas enfim a partir dos anos 1750 fundamentalmente não
é mais do lado da da América que os europeus procuram pensar a questão da alteridade selvagem é do lado do Oceano Pacífico Então existe um novo novo mundo que é ligado às grandes explorações do pacífico eh em específico com a viagem bom pros franceses a viagem de Buganville viagem ao redor do mundo né de Buganville de 1766 volta no ano 69 e em específico o ano de 1768 depois de passar pelo Estreito de Magalhães eles chegar na polinesia o que será chamado depois na polinesia o que hoje é polinesia Francesa e ele chega em específico
em Taiti lembram da descoberta de de Taiti ele tem a impressão de estar descobrindo Ou pelo menos de estar encontrando uma ilha paradisíaca que ele chama a nova cer novas seis terras uma humanidade nova selvagens mais selvagens que são seres que vivem na felicidade na simplicidade na virtude que não conhecem o pecado e que também acolhem os europeus ao mesmo tempo com uma grande hospitalidade dando comida para eles dando eh eh água frutas mas também com mulheres taitianas que oferecem uma hospitalidade erótica que naturalmente ao mesmo tempo surpreende os marinheiros franceses eh não hoos desagrada
depois de um ano a Bordo somente com homens né enfim isso é relatado muito em Paris e acaba despertando suscitando aquilo que é chamado o mito de Taiti Ou seja a ideia de que existem essas pessoas no Pacífico que até então não tinham tido nenhum contato né era uma é uma ilha então e a ilha é algo muito forte que não tinham tido até então nenhum contato com a o resto da humanidade que vivia então portanto em uma situação de autarcia numa espécie de felicidade primária é digno do éem né tipo um paraíso terrestre edênico
isto gera muitos efeitos tem Buganville mas existem outras viagens porque no ano anterior o inglês wallis tinha já feito uma volta ao mundo ao redor do mundo em que ele também tinha passado por Taiti Eh Ou seja Buganville não é o primeiro europeu a chegar em Taiti mas ele não sabia ele soube disso quando chegou na França depois e principalmente depois teve as três viagens do capit c do Capitão C que explora todo o Pacífico vocês sabem que vai acabar terminando mal porque na terceira viagem dele em 1779 ele morre no Havaí então três grandes
viagens de exploração científica de cartografia é porque Cook capitão Cook também é um cartógrafo um geógrafo quando o Pacífico até então era o mundo desconhecido Então existe uma e a Europa se apaixona pelo novo novo novo mundo que é aquele do pacífico E deste ponto de vista nós temos um descompasso geográfico dessa questão do do selvagem e daquilo que se faz com essa figura do selvagem deve deve converter não a catolicismo mais é é o caso de convertê-lo à civilização ou pelo contrário é o caso de se inspirar e reter lições E aí que tá
a especificidade do pensamento do Iluminismo para poder criticar ou questionar determinados elementos justamente da sociedade do século XVII é aquilo que uma série de escritores fazem que Justamente encenam a forma como essas figuras eh com esse mito né mito de que denuncia por ressonância as hipocrisias os excessos as derivas das sociedades europeias então temos essa tensão trata-se de fazer entrar os taios neste processo de civilização de progresso que é aquele do Iluminismo ou pelo contrário é preciso utilizá-los como recursos críticos justamente para poder eh pensar a hipocrisia da moral sexual por exemplo édada do cristianismo
E aí tem toda uma parte aqui do pensamento do Iluminismo que vai entrar nesse caminho eu tô Resumindo aqui mas para vocês verem é ótimo ok a gente já sabe disto sim mas é interessante deste ponto de vista se nos interessarmos a essa questão e ao mesmo tempo do mito da representação mas principalmente do da do do confronto e das e confrontações contextuais que nos permitem encenar essa confrontação com essa autoridade selvagem em vez de ficar se se indagando sobre textos que discutem a chegada ou melhor o encontro o contato de que se dá no
no lugar né no território dos selvagens né seja na América com os missionários Ou seja no Pacífico com os cientistas e navegadores europeus da época outra forma de abordar essa questão é ver aquilo que acontece quando essas figuras da autoridade selvagem vem para Europa ou vão paraa Europa ameríndios na Europa nos séculos x 17 18 foram muitos Aliás a gente ouviu isso agora na tua apresentação gente de Taiti já é muito menos conhecidos mas tem dois tem um que vai que que Capitão cu que leva para Londres em 1774 que chama mai os ingleses chamam
de Omai que volta depois eh a se instalar numa ilha perto de Taiti então que passa do anos em Londres onde aprende a a fazer patinar sobre gelo no rio congelado anda a cavalo enfim vai vai testando algumas práticas da civilização britânica e agora outro personagem que se chama auru e auru é umano que embarca Buganville pra França passa um ano na França e depois ele volta PR chamada Ilha da França que hoje é a ilha de maurícios e e Só que infelizmente não tem muito suspense ali tristemente auru acaba falecendo em Madagascar no caminho
de volta para maurícius Mas enfim ele terá passado um ano na França e esse confronte essa digamos essa presença é uma presença que não é apenas uma presença textual ou apenas oral é uma presença física em Paris dessa figura então isso me surpreendeu porque eh temos um toda uma literatura sobre a invenção do mito de Taiti no século XVII e a gente nunca se perguntou sobre a presença de um taitiano em Paris que passa um ano 1769 apresentado a todos os eruditos cientistas a corte que frequenta a vida Paris etc então o que que a
gente pode dizer sobre essa estadia de Auro em Paris bom muito pode ser dito mas já são 25 325 então não vou me demorar muito somente vou falar de dois textos para e eh porque evidentemente tem uma presença física né mas nós enquanto historiadores temos somente textos Então essa presença ela é mediatizada por documentação escrita material escrito mas entre vários textos que nós temos e posso comentar dois ou primeiro vou comentar dois O primeiro é um texto de Dan did que se chama o suplemento à viagem de Buganville é um texto que did escreve em
1771 Depois de ler a viagem ao redor do mundo de banville banville escreveu um livro em que Ele conta a sua viagem e auru did perdão did escreve um suplemento um adicional Imaginário em que ele imagina a continuação capítulos adicionais do livro do Buganville é um texto muito importante porque eu costumo citar esse texto aliás é um texto que onde tem Ares que retom o motivo retórico que arengas perdão com motivos retóricos que vem de longe e arengas com muita anticolonial é a arenga do velhote taitiano no início do texto por exemplo que realmente denuncia
o imperialismo Então essa chegada dos europeus não como a bela história do encontro entre e da descoberta científica né mas pelo contrário mais como uma operação imperialista que anuncia violências coloniais que estão por temos ISO com hoje o que me interessa preâmbulo do suplemento e é um diálogo entre duas figuras A e B e um diz para outro você leu a viagem de Buganville Sim sim eu li então eles conversam sobre isso e chega o momento que um Diz ao outro parece que Buganville trouxe com ele um selvagem dessa ilha e o outro personagem que
é supostamente seria didr o porta-voz do didr ele disse sim eu vi ele era chamado auru iso é muito interessante porque a gente vê que o nome auru aparece ali neste texto de did Ou seja é a entrada de aut na literatura francesa num Corpus literário Então não é qualquer autor né e did diz em seguida o nome dele era fala um pouco vou eu tenho algumas citações aqui uns trechos ele disse sim eu encontrei com ele eu ouvi se chamava auru quando ele enxergou uma terra ele achou que fosse uma Pátria do Viajante Ou
que tenha sido uma imposição ou que ele tenha sido enganado pela pouca distância aparente das bordas do mar que ele morava ele ignorou a verdadeira extensão da terra etc etc e aí ele diz principalmente ele não parava de suspirar de sentir saudade de seu país ou seja que ele estava vivendo uma forte melancolia tristeza nostalgia da sua ilha e no final do do d tre é um treina só do Diálogo ou auru você será tão feliz de reencontrar com Teu pai tua mãe tua teus irmãos tuas irmãs o que você contará sobre nós resposta pouca
coisa é um diálogo tá resposta pouca coisa e que eles não vão acreditar Por que poucas coisas porque concebeu poucas coisas e não encontrará na sua língua os termos correspondendo as ideias que ele gostaria de transmitir E por que não vão acreditar porque ao comparar seus comportamentos aos nossos vão preferir acreditar que auru é um mentiroso em vez de acreditar que nós somos tão Loucos então vocês vê aqui o que estava dizendo aquela hora auru e sua história estão sendo utilizados para criticar desenvolve isto né Mas é para criticar os comportamentos dos europeus tipo não
vai não é nem acreditável o que vai ser contado porque nossas sociedades europeias são tão absurdas que preferimos ainda achar que ele é mentiroso O que é mais interessante é o que vem antes ainda é a questão daua não é tanto a questão do acesso verdade Divina através da língua é mais a questão do acesso à compreensão em si do encontro e auru ele não é capaz de segundo de entender aquilo que tá acontecendo com ele El ele subiu no barco mas ele não sabe na embarcação mas não sabia para onde ele estava indo não
imaginava que ele estaria indo tão longe e desde então ele somente chorando não se interessar em nada ele muito nostálgico e faltam as palavras na sua própria língua para contar aquilo que está acontecendo o que é muito muito marcante ali é que neste texto que por outro lado é um texto muito radical é muito crtico e muito anticolonial que frequentou em Paris ele tinha ao seu dispor um taiano que tinha trazido que ele provavelmente encontrou que ele pelo menos diz que ele encontrou pois bem ele não faz nada com ele ou seja que em vez
de passar a palavra a ele não somente ele não passa a palavra a ele mas ele nega ele recusa ele considera que de nada de nada serve passar a palavra a ele isto porque auru não não segundo ele era capaz de pensar Então até mesmo com um autor avançado assim D vontade de dizer assim tão avançado tão crítico da arrogância europeia como é o caso de a gente acha essa impossibilidade de pensar [Música] que o indígena no caso taitiano seria capaz de pensar os efeitos do contato Então o que faz de derou ele não vai
mais falar sobre auru mas ele inventa duas figuras o o idoso e um personagem que se chama u e que é uma figura de um filósofo taitiano um filósofo selvagem uma grande figura então ele ele anula presença desse verdadeiro taitiano para criar um efeito literário eh forte de certa maneira que é ficção um personagem de ficção e o que está por trás disso é claro que podemos falar em termos simbólicos a respeito de do apagamento da da fala da palavra é um grande tema se dos povos subalternos Então não é possível ter uma palavra subalterna
porque não há uma língua que permita uma experiência mas essa experiência não é perdida para todos essa experiência traduzida em ficção torna-se um efeito de compreensão aos olhos dos europeus compreensão de sua sociedade est aqui bem longe dos usos com relação à conversão de der mais tarde do anos depois num texto que ele queria inserir no na história da filosofia ele diz é a ignorância dos selvagens que esclareceu ou iluminou de certa forma os povos ou seja selvagens são ignorantes sua língua não lhes permite compreender no entanto essa ignorância essa experiência permite aos povos europeus
que sejam que tenham esse esclarecimento essa luz de entender o limite ou os limites de sua própria sociedade como vocês estão vendo é bem complicado e existe aqui uma vira a volta Nesse gesto de de derr vemos aqui que esse confronto com uma com a presença desse taitiano a oturu e em causa ou resulta num conhecimento social e crítico mas também no reconhecimento o segundo texto é há um outro intelectual o filósofo que vai levar mais a sério essa questão da presença física de autu chama-se laam laam um dos grandes eruditos acadêmicos conhecido por ter
feito uma Grande Viagem à América do Sul onde Ele atravessou o Amazonas subiu o Rio e foi até o peru ele era muito conhecido considerado como um dos grandes exploradores eruditos eh do século XVI então ele quer Eh encontrar conhecer o atu o atu está eh morando com Buganville então ele eh escreve esse relatório esse relato onde o que é muito interessante é o que ele descreve para a ele tenta falar com ele com relação à palavra é muito interessante pois um dos grandes problemas de autu é que ele jamais conseguirá falar francês de forma
correta já laam é qu surdo então ele usa um corneto aqui um corneto acústico e ele escreve ele é muito inteligente porque ele entendeu muito bem para que servia o meu corneto acústico então algumas Palas em taitiano falou orha mor ouvido morto e lamin ficou bastante impressionado ele pois ele entende bem a o uso da coneta acústica a questão da palavra aqui é muito interessante e vou dar mais um elemento lamin em todo o texto ele hesita e ele não sabe como chamar esse taitiano ele o chama de Insular da América do Sul ele o
chama num dado momento ele diz O Selvagem mas logo volta atrás e diz mas estou errado em chamá-lo assim pois o Senor de banville eh corretamente não quer que eu chamemos assim então essa palavra selvagem lhe escapou e havia na na morada de na moradia de banville um quadro rococó que mostrava uma Vênus seminua então vocês podem imaginar esses essas telas da época não totalmente Nuda não totalmente desnuda porque havia um véu cobrindo a parte a o órgão sexual e a oturu Então corre para o para o quadro e faz o gesto de arrancar de
tirar o vé e isso choca muito a laam que diz bom é um selvagem mesmo não consegue fazer a a diferença entre um quadro e uma mulher real e aí ele diz não mas eu estou errado em chamá-lo assim Aliás na realidade não há razão nenhuma para chamá-lo de selvagem a não ser e a qual encontramos a questão da palavra da língua A não ser que consideremos que o próprio da civilização é o de ter em sua língua pal que temos vergonha de pronunciar em voz alta ou seja esse gesto deu não é a marca
da selvageria pelo contrário uma espécie de franqueza natural que vem revelar E denunciar a hipocrisia da sociedade europeia tem uma relação complexa hipócrita não natural com a questão do desejo e do erotismo eu escolhi então esses dois textos para mostrar que os autores um filósofo um cientista dois e eruditos falando da presença física desse primeiro taitiano que chega à Europa e eles reagem de forma ambígua ao mesmo tempo estão fascinados e isso resulta em indagar ou questionar uma série de questões de certezas dos europeus e a teoria da do Iluminismo do Progresso da civilização e
ao mesmo tempo saber qual é o estatuto da experiência vivida por autu esse seu sua própria viagem isso é algo que que nem não consegue pensar porque não tem a ferramentas da da etnografia ou das Ciências Sociais para utilizar isso ou seja apesar de seus esforços Eles continuam eh fechados dentro de uma representação assimétrica desigual do tipo de sociedades eu vou ficar por aqui e agradeço como agradecer as duas apresentações que foram absolutamente articuladas não é em duas temporalidades diferentes e que nos convidam a pensar os processos né de desencontros e encontros não é entre
essas eh percepções não é e projeções dos europeias sobre os povos não europeus e e como isso alimenta n é a reflexão crítica o nascimento do ensaísmo eu pensei no Mountain por exemplo e como ele reaparece de alguma forma eh no pensamento das luzes Então minha pergunta primeira assim só para a gente aquecer e fazer uma rodada de questões ée até que ponto Mountain era lido no século XVII não é que e e se essa reflexividade crítica se combina também com uma etnografia comparada com o problema da diferença e da unidade do gênero humano porque
se no século XVII a questão da unidade não é central assim é um Telos é uma eh um ponto de partida no século eh 18v isso já não é tem uma eh discussão mais Ampla sobre a diversidade o poligenismo enfim a a a própria comparabilidade tá em questão A comensurar tá é colocada em em em em questão mas é só pra gente começar uma conversa né e ampliar pro público queria convidar a todos a a formular suas questões dúvidas observações comentários tem o microfone à disposição Milena quer fazer uma questão eh Boa tarde Agradeço também
a a a falar dos professores que h a minha questão ela é mais voltada para professor lint eh sobretudo porque meu interesse como também tive oportunidade de dizê-lo ontem é mais voltado pro século 18 eh sobretudo quando a questão é a civilização dessas pessoas desses vários grupos senhor disse se eu entendi bem que o interesse dos Franceses se volta pro Pacífico no século XVII e ao mesmo tempo me pergunto sobre o desenvolvimento das companhias de comércio eh francesas nesse período porque se embora exista esse interesse sobre esse novo novo mundo no Pacífico eh e essa
reflexão sobre civilizar a partir dos costumes como ficariam então osos escravizados africanos afrodescendentes no contexto Colonial Eles são passíveis de serem civilizados pelos costumes é uma pauta a ser discutida pelos eh filósofos e pensadores desse período eu me pergunto isso justamente pela questão dessa desigual dessa eh diversidade que tá sendo colocada em Pauta nesse período é isso obrigada inus tem uma pergunta aqui não melor fazando obrigado pela pergunta de fato de modo geral o as luzes o iluminis estão divididos por um lado da afirmação de humanidade como mesmo mesmo quando há pensadores eugenistas que contudo
são minoritários a a a maioria não é eugenista mas trata-se de um poligenismo complicado porque o objetivo no pensamento do poligenismo é destruir o relato do Gênese a maioria dos dos autores não são eugenistas e que tentam pensar na unidade da natureza humana e há uma série de que são feitas entre as espécies E aí gradualmente há uma formalização de uma tipologia racial essas tipologias raciais é preciso tomar cuidado com o vocabulário da raça pois esse está muito presente no século XVI mas não tem necessariamente o sentido que lhe damos hoje pois hoje nós projetamos
coisas que surgiram no século X e tecnologias que as tecnologias físicas ajudaram e nos filósofos raça era no século XVI era para designar grupo humano eh que se diferencia através do tipo físico da língua etc no final do século XVI aparece uma radicalização das tipologias raciais isso por um lado ligado ao meu tema o Pacífico vai desempenhar desempenhar um papel muito importante nessa tipologia pois torna-se um laboratório do pensamento das diferentes etnias e raças com a invenção de uma oposição entre os polinésios com pele mais clara e os melanésios com uma pele mais escura Ou
seja a cor da epiderme mais clara Mais Escura torna-se um elemento muito importante de estruturação da representação da diversidade humana e a sua pergunta a questão dos africanos também se torna importante existe um grande debate entre aqueles que acham que a escravidão a a escravatura e no século XVII era em massa que eles eram deportados hum para a América do Sul no Brasil também então essa desqualificação racial dos africanos será isso que permitiu E autorizou a escravidão ou seria o o contrário o oposto Esse é o debate hoje o Consenso historiográfico é para dizer que
é o oposto o contrário eh foram as abolições da escravatura que reforçaram o racismo porque na realidade a construção das tipologias raciais pois nas sociedades pós escravagistas é que se construiu um sistema de desigualdade racial baseado na cor da pele e isso se torna ainda mais importante para manter sociedades de desiguais Último Ponto bom existe todo esse elemento endurecimento das tipologias raciais e centralidade da cor da pele na representação dessas diferenças contudo É verdade que no pensamento das luzes há o surgimento de discursos extremamente inclusivos e igualitários que afirmam a igualdade Total incluindo a dos
africanos há um belíssimo texto de com dors a respeito da escravidão dos negros que ele escreve antes da Revolução em 1780 e ele escreve sob o pseudônimo o pseudônimo de Sr Schwartz Schwartz quer dizer eh preto em alemão e ele eh fala em na da igualidade dos homens entre os homens e incluindo os africanos é um texto interessante porque mostra alguém totalmente fundamental no pensamento das luzes que eh tem esse discurso inclusivo de reconhecimento da Igualdade ou seja o pensamento do Iluminismo a respeito dessas questões é complexa não existe um pensamento as luzes construíram o
racismo ou defenderam a igualdade não ela eles estão divididos sobre esse tema que se torna essencial devido ao comércio Colonial gostaria de de trazer um um mais uns complementos aqui eu tava pensando que aqui a gente tá em 2024 eh São 100 anos do primeiro Manifesto dos surrealistas E se a gente for traçar uma genealogia agora das representações do selvagem a gente vai ver que nos textos surrealistas no movimento surrealista que existe uma valorização muito importante da arte africana arte da Oceania e isto Talvez seja a marca né No início do do século XX de
um divisor de águas um momento de virada muito importante né em relação a uma representação totalmente digamos nova né mas isto seria numa genealogia de longo prazo né Eu sou eu faço pesquisa de imigração japonesa aqui na USP né então vou dirigir a minha pergunta Andreia né Andreia não a dúvida que me ficou Andreia é sobre a questão espacial né É porque assim eh no caso eh japonês né que eu estudei mais né então qual que era o problema o problema era Justamente a questão espacial no no diálogo né então por exemplo eh como os
japoneses lá eles sabiam falar latim né que abordaram então a chegada lá da da ordem Jesuíta né então eles dialogaram então com Francisco Xavier né né que tinha essa questão espacial eh então no reino de Navarra né bom isso no caso do japonês né e eu achei interessante a sua a sua fala né porque justamente porque você falou desse diálogo né dos Tupinambá dos chefes lá lá em São Luís né mas o Eh aí o a interlocução era a ordem cappuccina né Por quê que que eu me me chamou atenção né justamente porque a a
ordem cappuccina ela ela surge né muito antes né porque a a do Jesuíta é é mais em 1513 né os capuchinos não os franciscanos Os franciscanos sim né então os capuchinos um pouco depois né da de Francisco de de assise né É porque quando por exemplo surgiu em assise eh o o Francisco né lá de Assis era mais uma ordem que surge é assim no Setor Urbano né ou seja ele então ele cria né a a o Carisma né da mendicância né e a partir da então dos Urbanos de terrenos abandonado é que ele vai
criando a ordem né e é justamente é Essa ordem né que eh que não tem eh muito eh assim no na sua origem a questão então espacial né então então no caso a então o latim né o corpo não separado né Eh eh vamos dizer assim da linguagem né é que vai ser os interlocutores né no caso Brasileiro né tal qual a sua fala né então eh a minha pergunta ô ô Andreia é o seguinte né Por que por exemplo esses textos né esses primeiros né que que que na verdade é que você falou que
é que foi traduzido né Por por antô né Araújo né que é esses textos que foi deix cismo os cism isso exatamente cismo né de de Padre Anchieta né Eh porque se sabe muito bem que Padre Anchieta né ele era de tenerif né eles é de uma de um espaço bem bem menor de um tempo de um espaço bem mais curto né do que o de Navarra né que era de uma longa duração né E então Eh essa essa é a pergunta né E esses esses cappuccinos ele estava mais aptos a fazer a interlocução então
com os chefes do pinamba essa é a pergunta eu não sei se eu entendi bem a sua pergunta eu acho que talvez eu não tenha entendido a intenção da sua pergunta porque tem muitas coisas evocou Muitas coisas e eu não sei muito bem como estabelecer a relação que você faz essa ordem está bom eu eu não saberia responder mas eu acho muito interessante você ter você ter evocado ess feito essa pergunta pelo seguinte eu vou falar mais rápido aqui para ver se sai melhor eh no livro que eu disse a vocês que né que Abarca
e as questões que que Eu tratei hoje eu evidentemente procurei eh levantar levantar diálogos né que tivessem sido estabelecidos com os os diálogos diálogos não não falo de catecismos isso é diferente uma uma uma estrutura totalmente diferente representação e e e e na realidade eh Há há eh três exemplos propriamente né que nós podemos evocar três exemplos e não mais em primeiro lugar os diálogos que aconteceram eh no começo do século X eh na no México né que são diálogos entre eh entre eh Mexicanos e franciscanos chegados no México foram na verdade transcritos pelo Padre
Bernardino de sagun não é retros tá eh eu eu eu faço toda uma um um trabalho em torno desses diálogos e os diálogos estabelecidos pelos Jesuítas com os bonzos no no Japão Tá certo que não eram em latim que não eram em latim e através de inter inete que eram os intérpretes também eram Jesuítas Tá certo Eh esses Sim esses diálogos foram foram na verdade eh traduzidos através de trm através de intérpretes né do Japonês Tá certo pelos Jesuítas né E nós conhecemos isso através da de da da epistolografia né são duas ou três cartas
que narram e narram exatamente como num né a a passagem propriamente do discurso direto ao indireto de e mimes é uma passagem né É totalmente eh eh eh transcrita nas cartas então nós temos e os bons os responderam a resposta e os o padre disse bom então nós temos obviamente toda a formula é isso que você perguntava toda a estruturação cênica dos diálogos com os bons os japoneses né Foi algo também que eu eh usei através de ferramenta comparativa com os diálogos eh com dos Capuchinhos ora eh na realidade não há uma ordem religiosa mais
apta do que outra ao diálogo é a Constituição de uma cena né No meu caso uma cena Mística era o que eu tentava estabelecer em relação ao que o antoan falaria depois a estabel de uma cena não é e a as trocas né de interlocução Tá certo né de e diegética e miméticas ou seja já passagem do discurso direto do discurso indireto ao discurso direto é é o é o que é o que nós podemos dizer uma outra coisa que eu acho que precisava ficar Clara e isso também remete ao que o antano nos disse
é que há uma figura que é a figura das prosopopeia prosopopeia é uma figura que consiste em fazer falar o outro que tá teorizada em inúmeros tratados desde o século século XV é a prosopopeia nãoé ou seja fazer falar o outro que permite a inclusão né das vozes indígenas nesses relatos no no caso que antani nos conta e que é uma obviamente é um pouco importa se o í realmente existe se ele realmente fala pouco importa se há provas empíricas né de que ele fala o recurso discursivo é a prosopopeia então no caso obviamente da
constitução ficcional e no caso do obviamente da da da da suposta transcrição autopsiar coisa da da da falena é isso eu não sei se eu respondi a sua pergunta mas eu tenho medo são são Chaves de leitura não é Andreia que enfim pra gente não lê a documentação de maneira ingênua nãoé tomando nãoé a coisa pelo todo e são essa encenação das arengas né e mas a há uma diferença entre uma mutação entre o século X e 18i eu volto a perguntar por curiosidade entre essa encenação do Diálogo a representação do diálogo entre o 16
e o 18 óio Claro Iris Claro em primeiro lugar porque eu falo de uma cena Mística é o subtítulo do livro que eu do livrinho que eu ensaio sobre a encenação Mística Colonial claro que é uma ensinação Mística é claro que o Antônio mostra isso eu tive o prazer de traduzir o livro dele não é eh De que modo é preciso obviamente uma cena uma cena que é uma cena posicional para que haja para que haja diálogo né e muitas vezes ele define as luzes como cena é porque isso porque é posicional é diálogo porque
eu estudei a academia dos renascidos e que é uma academia que se Funda na Bahia em 1759 e cuja cerimônia de inauguração aá uma teatralização exato de que os índios invadem a academia e fazem eles mesmos um discurso dizendo que os acadêmicos não têm como homenagear o rei e que o melhor a fazer é que os indígenas atravessem o oceano para prestar as homenagens eles mesmos ao na data do aniversário do Rei então há um longos poemas que retratam essa espécie de autocrítica ou sei lá de de forma de de pensar o lugar do acadêmico
dentro da sociedade Colonial entendeu é aí eles usam um termo que eu uso bastante no livro que é a ideia de drama né obviamente aqui é o drama da conversão Antonio deixou bastante Claro que não há o drama da conversão propriamente no século XVI tá certo mas evidentemente nessa construção que é uma construção muito mais genealógica não os inclusive na inauguração nas festas eles dizem Nós já estamos perfeitamente convertidos nós somos mais civilizados que os acadêmicos e enfim há uma subversão uma um quase que que é uma tópica típica propriamente desse Mas a mas é
da uma tópica do Iluminismo ISO Óbvio uma trópia típica das luzes mas eh no no que narra aqui a a a a Iris cantor propriamente me aparece eh imediatamente me vem sempre essa ideia de que por exemplo eh o rei nunca foi ao México o rei sempre foi esperado no México ele nunca vai ao México Então a tópica retorna mas ela retorna de uma outra maneira percebe essa é uma tópica muito na expectativa né da vinda do reino nas né Será que ele vai aparece nessa festa jamais ele não ele não aparece presença ausente presença
ausente é é sempre esse jogo onde há drama há sempre presença ausente né Isso é aub né Aonde a drama há sempre o jogo presença ausência então é mais eu acho que fica muito eh muito claro n nos exemplos que foram dados aqui né mais questões vamos aproveitar ou vamos encerrar de qualquer jeito convido a todos ao lançamento do livro dentro de 1 hora me0 e lá na livraria edusp do prédio da história e geografia a partir das 7 17:30 17:40 mais ou menos estaremos lá então muito obrigada a todos por terem vindo obrigada aí
à nossa equipe a Cláudia pelo apoio e ao Instituto de estudos avançados Obrigada Andreia e antoan por essa bela tarde muito obrigada [Aplausos] AM