O Livro de Jó: A História Que Vai Mudar a Forma Como Você Enxerga o Sofrimento

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Desmistificando as Escrituras
Prepare-se para mergulhar na história mais comovente da Bíblia: a jornada de Jó — o homem que perdeu...
Video Transcript:
E se um homem justo perdesse [Música] tudo? Filhos, riqueza, saúde, amigos? E se até Deus parecesse ter se calado? Satanás se levanta e diz: "Ele só te serve porque tudo vai bem. Em um só dia, tudo desmorona. A casa cai, o luto chega, a dor grita, acusado por quem deveria consolá-lo. Mas Jó não amaldiçoa a Deus. Nas cinzas da humilhação, nas palavras misturadas de dor e clamor, Jó ergue sua voz. Hoje você vai conhecer a história completa do livro de Jó, de uma forma que talvez nunca tenha visto, sem filtros e sem enrolação. Fique até
o final e tenho certeza que a história desse poderoso livro vai mudar algo na sua vida. Na vasta terra de US, sob o céu escaldante do Oriente, vivia um homem que era irrepreensível. Seu nome era Jó. Ele era íntegro. justo temia a Deus e se desviava do mal. A reputação de sua piedade ecoava como um cântico entre os homens de sua geração. Não havia falha nele, nem sombra de desvio. Era um exemplo vivo de retidão diante de Deus. Jó era também um homem extremamente próspero. Ele possuía sete filhos e três filhas, uma grande família, símbolo
de bênção e continuidade. Suas riquezas cobriam a terra como o orvalho da manhã. 7000 ovelhas, 3.000 camelos, 500 juntas de bois, 500 jumentas, além de uma multidão de servos. Era, sem dúvida, o maior de todos os homens do Oriente. Seus filhos tinham o costume de festejar, cada um no seu dia, e convidavam suas irmãs para celebrar juntos. Era um banquete cheio de vida, alegria e abundância. Mas ao final de cada rodada de festas, Jó, o patriarca silencioso e vigilante, se levantava de madrugada. Ele oferecia holocaustos a Deus, um por cada filho, dizendo consigo: "Talvez tenham
pecado e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim fazia sempre. Jó era sacerdote da sua casa, intercessor fiel. Mas enquanto Jó se ocupava em servir e temer ao Senhor, a cena muda de lugar. Os céus se abrem, os filhos de Deus, os anjos, se apresentam diante do trono do Altíssimo. E entre eles vem também Satanás, não disfarçado, não escondido, mas diretamente perante Deus. O Senhor então o interpela: "De onde vens?" Satanás responde com frieza de rodear a terra e passear por ela. Então Deus, com orgulho em sua voz aponta para Jó: "Observaste o meu servo
Jó? Não há ninguém na terra como ele, homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal." Mas o acusador não se cala. Com ironia nos lábios, responde: "Por acaso Jó teme a Deus de graça? Acaso não o cercaste de bens a ele sua casa e tudo quanto tem? Abençoaste a obra das suas mãos e os seus bens se multiplicam na terra. Mas estende agora a tua mão e toca em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. Havia ali uma tensão cósmica, não era apenas sobre Jó,
mas sobre a integridade humana diante do sofrimento. Deus, em sua soberania, permite o teste. Ele entrega tudo que Jó possui nas mãos do acusador com uma única condição. Não estendas a tua mão contra ele. E Satanás sai da presença do Senhor com um propósito sombrio. O dia maldito chega sem aviso. Os filhos e filhas de Jó estavam festejando, como de costume, na casa do irmão mais velho. De repente, um mensageiro chega correndo, suado e aterrorizado. Os bois lavravam e as jumentas pastavam perto deles, e os sabeus os atacaram. Mataram os servos, e eu escapei para
te contar. Enquanto esse ainda falava, outro surge à porta. Fogo de Deus caiu do céu, queimou as ovelhas e os servos e os consumiu. Só eu escapei e ainda outro. Os caldeus formaram três bandos, atacaram os camelos e mataram os servos. Só eu escapei para te contar. Mas nada poderia preparar Jó para o último golpe. Um último mensageiro, ofegante, cai de joelhos. Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo na casa do irmão mais velho, quando um grande vento veio do deserto, atingiu os quatro cantos da casa e ela desabou sobre eles. Morreram todos.
Eu fui o único que escapou para te contar. Silêncio. Jó, o homem mais íntegro da terra, agora era um homem desolado. Tudo lhe fora tirado. Então Jó se levanta, rasga seu manto e rapa sua cabeça. E num gesto que faria os céus estremecerem, ele se curva ao chão e adora. Com os olhos marejados e o corpo empoirado, ele diz: "No saí do ventre da minha mãe e no tornarei para lá. O Senhor o deu e o Senhor o tomou. Bendito seja o nome do Senhor. E mesmo diante da maior dor de sua vida, Jó não
pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma. Mais uma vez, os céus se abrem. A cena se repete. Os filhos de Deus, os anjos, se apresentam diante do Senhor. É uma audiência divina onde o céu observa a terra em silêncio. E entre os que se apresentam está ele, Satanás, o acusador. O Senhor olha para ele e pergunta novamente: "De onde vens?" E com a mesma frieza da primeira vez, Satanás responde: "De rodear a terra e de passear por ela." Mas Deus, com voz firme menciona mais uma vez seu servo: "Observaste o meu servo Jó, porque ninguém
há na terra semelhante a ele, homem íntegro, reto, temente a Deus, que se desvia do mal e ainda retém sua integridade, embora me incitasses contra ele para o consumir sem causa." Satanás cerra os olhos e cospe suas palavras, pele por pele. Tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a tua mão e toca nos ossos dele, na carne dele, e verás se não blasfema contra ti na tua face. Era um novo desafio, a integridade de Jó novamente sendo colocada à prova. Mas o Senhor conhece o coração de seus servos. Eis que ele
está nas tuas mãos. Poupa-lhe, porém, a vida, respondeu o Senhor. Então, Satanás sai da presença de Deus como uma sombra que rasteja sobre a terra, determinado a destruir o corpo daquele homem justo. E Jó, Jó sente o toque do sofrimento em sua própria carne. Furúnculos aparecem sobre sua pele, dolorosos, fétidos, queimando como brasa viva. Do alto da cabeça à planta dos pés, seu corpo é coberto por chagas abertas. O homem que antes era cercado de honra, agora se senta em cinzas à margem da cidade, com um caco de barro nas mãos, raspando as feridas em
silêncio. Mas o maior golpe viria de onde ele menos esperava. Sua esposa, vendo aquela cena e talvez tomada pelo desespero, pela dor ou até pela incredulidade, aproxima-se e diz: "Ainda retén a tua integridade? Amaldiçoa a Deus. e morre. Mas Jó, mesmo ferido, com o corpo em ruínas e o coração esmagado, responde com firmeza e sabedoria: "Como fala qualquer doida, assim falas tu. Receberemos de Deus o bem e não receberíamos também o mal? E mesmo assim, mesmo agora com a saúde destruída, o respeito perdido, a esposa desiludida, Jó não pecou com seus lábios. Dias depois, três
homens chegam de terras distantes. São os amigos de Jó, Elifás de Temã, Bildade de Suá e Zofar de Naamá. Ao ouvirem sobre sua dor, combinam de visitá-lo para consolá-lo e confortá-lo. Mas, ao se aproximarem, eles mal o reconhecem. Seu corpo estava desfigurado, seu semblante irreconhecível, seus olhos fundos, suas feridas vivas, e ao vê-lo, eles não dizem uma palavra. Erguem a voz em choro, rasgam seus mantos em sinal de luto e lançam pó ao ar sobre as cabeças. E então sentam-se com ele em silêncio durante sete dias e sete noites. Ninguém ousa falar, porque viam que
a dor de Jó era muito grande. Depois de sete dias e sete noites, mergulhado no silêncio. Depois de lágrimas secas, gemidos mudos e feridas abertas. Depois de olhar para os céus e não ver resposta, Jó abre a boca, mas não é para orar, não é para clamar. é para amaldiçoar o dia em que nasceu. Com voz rouca marcada pela dor, ele declara: "Pereça o dia em que nasci e a noite em que se disse: "Foi concebido um homem, que esse dia se transforme em trevas". Jó não amaldiçoa a Deus, não se rebela contra o Criador,
mas deseja do fundo de sua angústia que sua existência nunca tivesse começado. Ele pede que aquele dia seja apagado do calendário da criação. Que nenhuma luz brilhe sobre ele, que Deus não se lembre dele, que ele jamais tenha sido parte da dança do universo. Que esse dia seja estéril, que nenhum grito de alegria ecoe nele, que o envolvam as trevas mais densas, que um nevoeiro o engula. O coração de Jó sangra. Ele deseja que aquela noite em que foi gerado fosse amaldiçoada pelos que sabem invocar maldições, como se pudessem despertar o Leviatã, o monstro do
caos. Por que não morri ao nascer? Por sair do ventre já sem vida? Ele deseja o descanso da morte como alívio. Deseja ter sido enterrado ao lado dos reis e conselheiros da terra, deitado em silêncio, longe do tumulto da vida, ou como um aborto oculto, eu não teria existido, como os pequeninos que nunca viram a luz. Jó começa a enxergar a morte não como tragédia, mas como consolo. Lá, diz ele, os maus cessam de causar tumulto. Lá os cansados podem descansar. Lá os prisioneiros estão livres e o servo já não ouve o grito do seu
senhor. E então ele pergunta: "Por que se dá luz ao miserável e vida à alma amargurada?" Ele fala de homens que desejam a morte mais do que tesouros, que escavam por ela como por minas de ouro, que se alegram quando encontram o túmulo e exultam ao serem cobertos pela terra. Porque a luz é dada ao homem cujo caminho está oculto e a quem Deus cercou de todos os lados. As palavras de Jó não são blasfêmia, mas um eco do desespero humano diante do silêncio de Deus. Seu lamento termina com um sussurro sombrio. O que eu
temia me sobreveio. O que eu receva me aconteceu. Não tenho paz nem descanso. Não tenho sossego. Somente inquietação. O céu permanece calado. O vento levanta a poeira ao redor de Jó, que se mantém em silêncio, coberto de feridas e dor. Então ele faz o temanita, quebra o silêncio com voz calma, mas firme. Se me permitirdes, Jó, direi algo. Sei que talvez não queiras ouvir, mas quem poderia se calar diante de tudo isso? Ele respira fundo, olha para o amigo prostrado e começa: "Tu já fortaleceste a muitos. Suas palavras sustentavam os fracos. Tu foste consolo e
força, mas agora que a dor chegou a ti, tu te perturbas?" Ele faz, observa Jó por um instante e continua: "Lembra-te, algum inocente já pereceu. Onde foram destruídos os retos? Pelo que tenho visto, os que semeiam iniquidade colhem o mesmo. O sopro de Deus os consome. A fala de Elifás é embasada em convicção antiga. Para ele não existe sofrimento sem culpa. Então ele muda o tom. Seu olhar se torna mais denso e ele conta o que viu em uma noite inquieta. Uma palavra chegou a mim em segredo em meio ao temor da noite. Um espírito
passou diante do meu rosto. O medo me paralisou. Então ouvi uma voz. Pode o homem ser justo diante de Deus? Pode ser puro diante do seu criador? Ele faz uma pausa e acrescenta: "Se Deus não confia nem em seus anjos, quanto menos no homem feito do pó que é esmagado como traça, perecem sem aviso, sem que ninguém perceba, morrem sem sabedoria. As palavras pairam no ar como nuvens pesadas. Ele faz, acredita que está falando a verdade, mas o olhar de Jó não encontra consolo, apenas mais perguntas e mais silêncio. Ele faz, continua a falar, não
dá espaço para a resposta. Para ele, sua visão do mundo é clara como o sol do deserto. Chama agora Jó. Haverá alguém que te responda: "A qual dos santos te voltarás?" Sua voz é tranquila, mas suas palavras são afiadas. A aflição não brota do pó. O sofrimento não nasce da terra. O homem é que nasce para a tribulação, como as faíscas voam para cima. Ele olha para Jó com sinceridade. Está convencido do que diz. Mas se eu estivesse no teu lugar, buscaria a Deus. A ele entregaria minha causa. Ele faz exalta a grandeza de Deus.
Diz que ele faz maravilhas insondáveis, dá chuva à terra, levanta os humildes e derruba os astutos. Ele apanha os sábios na sua própria astúcia, frustra os planos dos perversos, mas aos pobres dá esperança. Depois, sua fala muda novamente. Agora, ele dá conselhos, como quem oferece consolo, mas é um consolo duro. Bem-aventurado é o homem a quem Deus corrige. Não desprezes a disciplina do Todo-Poderoso. Ele fere, mas também cura. Ele golpeia, mas com suas mãos cura as feridas. Ele faz, promete livramentos da fome, da guerra, das línguas malignas, das pedras do campo. Fala de uma colheita
abundante, de filhos numerosos, de morte tranquila. Tu entrarás em tua sepultura em boa velice. Como se recolhe o feixe de trigo a seu tempo, ele encerra com um tom conclusivo. Examinamos tudo isso. É verdade. Ouve, pois Jó e aplica isso a ti. Mas ali diante dele, Jó ainda está sentado em cinzas. A alma ferida não se alimenta de argumentos e o silêncio de Deus ainda pesa mais do que qualquer explicação humana. Jó ergue os olhos. A poeira ainda cobre sua pele ferida, mas agora sua voz retorna pesada como pedra. Ah, se a minha dor pudesse
ser pesada, se colocassem minha miséria na balança, ela seria mais pesada que a areia dos mares. Suas palavras transbordam angústia. Minhas flechas são do todo- poderoso. O veneno penetrou meu espírito. Deus me feriu e os meus gemidos não cessam. Jó se compara a um animal faminto, mas rejeita o consolo de Elif como comida sem gosto. Comerei eu aquilo que não tem sabor? A tua palavra é como clara de ovo, vazia. Ele não deseja viver. clama pela morte como um descanso. Quem me dera que Deus me esmagasse seria meu consolo. Ao menos saberia que não neguei
as palavras do santo. Mas Jó também revela sua fraqueza. Tenho eu forças para esperar? Qual é o meu futuro para que eu tenha paciência? Não sou de ferro, não tenho ajuda. Só resta a ruína. E então, como lâmina que corta fundo, Jó fala aos seus amigos: "Para o aflito deveria haver compaixão, mesmo que ele tivesse abandonado o temor do todo-pereroso. Ele acusa Elifá e os outros de serem como um rio seco no tempo da seca. Prometeram refresco, mas trouxeram decepção. Vós sois nada. Vedes a minha dor e vos encheis de medo. Acaso vos pedi alguma
coisa? Pedi que me livrasseis. Jó termina exausto, mas firme. Ensinai-me, e eu me calarei. Fazei-me entender onde errei, mas vossas palavras são vento. Ele os encara com olhos ardendo de verdade. O justo ainda encontrará forças para resistir. Mas quem suportará o desespero quando os amigos se tornam acusadores? Jó continua. Agora não fala mais com os amigos. Seu olhar atravessa o céu em busca de Deus. Acaso não tem o homem sobre a terra uma dura servidão? Seus dias não são como os de um jornaleiro suando por um pagamento que tarda a vir? Ele descreve suas noites
como tormento. Deito-me e não encontro descanso. Espero amanhã, mas o sono é quebrado por pesadelos. Minha carne está coberta de vermes e crostas. Minha pele se abre e vaza pus. Jó sente que os dias passam como o fio de uma agulha, velozes e sem esperança. Os meus dias são mais rápidos que a lançadeira do tecelão. Passam sem que eu veja alegria. Ele então se volta diretamente a Deus com voz embargada. Lembra-te, ó Deus, que a minha vida é um sopro. Meus olhos nunca mais verão o bem. Ele sente que está desaparecendo como uma nuvem. Quem
desce a sepultura não volta mais. Nunca mais verá sua casa, nunca mais será lembrado pelos seus. Jó não silencia. Abre a alma. Por que me tornaste alvo? Acaso sou eu um monstro marinho para que Montes guarda contra mim? Ele sente-se vigiado até nos sonhos. Quando penso em descansar, assusto-me com visões, até o sono me atormenta. E então, em um sussurro de dor, diz: "Prefiro ser estrangulado. Prefiro a morte a esses meus ossos". Ele questiona: "O que é o homem para que tanto o observes? Por que o provas a cada momento? Não me deixas nem engolir
minha saliva?" Por fim, sua voz fraqueja: "Se pequei, o que fiz contra ti, ó guardião dos homens? Por que fizeste de mim um alvo? Por que não perdoas minha transgressão? Em breve estarei deitado no pó, procurar-me e não estarei mais aqui. Depois do desabafo de Jó, Bildade de suá se levanta. Sua expressão é séria, o tom direto, sem rodeios. Até quando falarás essas coisas, Jó? Tuas palavras são como vento forte, barulho, mas sem razão. Ele não tenta consolar. Ele corrige. Por acaso Deus perverteria o juízo? O todoeroso faria injustiça? Bildade faz uma suposição cortante. Se
teus filhos pecaram contra Deus, ele os entregou ao castigo merecido. E então aponta um caminho como se a solução fosse simples. Se tu buscares a Deus e fores puro e reto, certamente ele despertará em teu favor e restaurará tua justiça. Para Bildade, a chave é o arrependimento. Tudo o que Jó perdeu, diz ele, pode ser restaurado se houver humildade e obediência. Ele então apela à tradição, pergunta às gerações passadas: "Os antigos têm sabedoria. Nós somos como sombra. Eles viram mais do que nós. E como um mestre que ensina por imagens, ele diz: "O papiro não
cresce sem lama. Assim também é o caminho do hipócrita. Prospera por um tempo, mas murcha sem raiz. Bildade conclui com tom solene: Deus não rejeita o íntegro, nem sustenta a mão dos perversos e termina como se desse um destino certo a Jó. Se ele apenas se rendesse, se fores justo, Deus encherá tua boca de riso e teus inimigos se envergonharão. Mas ali diante dele, Jó segue em silêncio. A dor não foi desfeita por promessas e a justiça de Deus ainda continua sem resposta. Jó respira fundo antes de responder. As palavras de Bildade ainda ecoam, mas
ele não responde com ira, ele responde com reverência. e desespero. Na verdade, sei que é assim, mas como o homem será justo diante de Deus? Ele não nega a justiça divina, mas sente o peso de um julgamento impossível. Se alguém quiser discutir com Deus, não poderá responder a uma só de mil perguntas. Jó fala sobre a grandeza divina com palavras que estremecem. Deus remove montanhas e elas nem percebem. Abala a terra e ela treme. Ordena ao sol que não brilhe. Estende os céus, anda sobre as ondas do mar. Fez a ursa, o Orion e as
pleiades. Faz maravilhas insondáveis. Mas diante dessa grandeza, o homem é um sopro. Ele passa perto de mim e eu não o vejo. Se rouba algo, quem lhe impedirá? Quem pode dizer que fazes? Jó sente-se esmagado por um Deus que é justo, mas inalcançável. Mesmo que eu fosse inocente, minha própria boca me condenaria. Ele se declara fraco diante do Senhor. Sou íntegro, mas já não conheço a mim mesmo. Desprezo a minha vida. E então, com voz trêmula, lança sua dor aos céus. Deus destrói tanto o inocente quanto o perverso. Se um flagelo mata de repente, ele
rido do desespero do inocente. Jó sente que o mundo está virado. O juiz é vendido. O mal vence. E se eu tentasse me lavar com neve, meus próprios trapos me mergulhariam na lama. Ele deseja um mediador, alguém que possa colocar a mão entre ele e Deus. Não há entre nós árbitro que ponha sua mão sobre nós dois. que tire de mim a vara e que o terror dele não me amedronte. Por fim, ele confessa, então eu falaria sem medo, mas como estou agora, não posso Jó ergue novamente sua voz, mas agora ele não fala mais
com os amigos, ele fala direto com Deus, com o coração aberto e a alma em pedaços. Minha alma está cansada da vida. Darei vazão à minha queixa, falarei na amargura do meu espírito. Ele olha para o céu e clama: "Não me condenes, ó Deus, sem antes me mostrares porque contendes comigo." Suas perguntas cortam como lanças. Comprazes-te tu em oprimir, em desprezar a obra de tuas mãos e sorrir para o conselho dos perversos? Jó se sente observado, esmagado, julgado. Acaso tens tu olhos de carne? Vês como vê o homem? São teus dias como os dias do
homem, teus anos como os de um mortal? Ele lembra que foi Deus quem o formou e então pergunta com dor: "Por que me tiraste do ventre se era para eu sofrer? Não derramaste leite como quem molda a argila? Não me teceste como um bordado delicado? Mas agora Jó sente que tudo está desmanchando. Tu me formaste e agora me destróis. Ele questiona a justiça divina. Se pequei, tu me observas. Mas se sou justo, ainda assim me consideras culpado. E então, como um lamento final, ele diz: "Por que me tiraste do ventre? Deixa-me para que eu respire
um pouco. Logo descerei a terra das sombras, a escuridão sem ordem, onde a luz é como trevas, e o silêncio volta. Deus ainda não responde e Jó segue em sua dor, esperando, perguntando, resistindo. Zofar o namatita, finalmente se levanta. Ele é o terceiro amigo e sua voz vem sem rodeios, sem compaixão. Será que tantas palavras ficarão sem resposta, Jó? Será que a tua tagarelice te justificará? Zofar não esconde sua indignação. Tu dizes: "Minha doutrina é pura. Sou limpo aos olhos de Deus. Ah, se Deus falasse, se abrisse os lábios contra ti, ele acusa Jó de
esconder pecado sob palavras bonitas. Saibas, Jó, Deus exige de ti menos do que mereces. E então Zofar se exalta em sua visão do Altíssimo. Poderás sondar os mistérios de Deus ou alcançar os limites do Todo-Poderoso? Eles são mais altos que os céus, mais profundos que o abismo, mais longos que a terra, mais largos que o mar. Para ele, ninguém pode escapar do olhar de Deus. E os tolos, mesmo em silêncio, continuam tolos. Mas Zofar também apresenta um caminho. Se preparares teu coração, estenderes tuas mãos a Deus e te purificares do mal, então levantarás o rosto
sem mácula, terás firmeza. esquecerás tua dor. Ele pinta um futuro de esperança, mas com base na condição de arrependimento. Confiança te encherá. Dormirás seguro, ninguém te assustará, mas os olhos dos ímpios se consumirão. Sua esperança será a última respiração, um suspiro em vão. Zofar termina, mas não trouxe consolo, só juízo. E Jó segue sozinho entre os escombros da dor e do silêncio de Deus. Jó levanta os olhos e finalmente responde, não mais em lágrimas, mas com ironia. Agora ele fala aos três: "Sem dúvida vós sois o povo e convosco morrerá a sabedoria. Seu tom é
ácido. Ele se sente zombado pelos amigos, mesmo sendo o justo que clama a Deus. Sou motivo de riso para os que vivem em segurança, para quem tem os pés firmes, mas despreza o que tropeça. Ele olha ao redor e enxerga o mundo ao contrário. As tendas dos ladrões prosperam. Os que provocam a Deus vivem em paz, e quem tem o Deus da força em mãos, esses vencem. Jó então aponta para a natureza. Ela sabe o que os homens fingem ignorar. Pergunta aos animais e eles te ensinarão. As aves, aos peixes, à terra. Todos sabem. Eles
sabem que tudo está nas mãos de Deus. Vida e morte, força e fraqueza. Na mão de Deus está a alma de tudo que vive. Ele destrói e ninguém reconstrói. Ele fecha e ninguém abre. Ele seca os rios e os transforma em pó. Jó exalta o poder de Deus com temor. Com ele está a sabedoria e a força. Com ele está o conselho e o entendimento. E então ele começa a listar o que Deus é capaz de fazer. Derrubar reis, cegar juízes, confundir sábios, humilhar os poderosos. Ele descobre o profundo das trevas, traza à luz as
sombras da morte. Jó termina lembrando a todos que o domínio é de Deus, não dos homens, e que os caminhos dele nem sempre se encaixam nas fórmulas humanas. Jó continua: "Sua voz ganha firmeza. Não fala mais apenas com os amigos. Agora ele encara o céu. Tudo isso meus olhos viram, meus ouvidos ouviram e entenderam. Eu sei tanto quanto vocês. Não sou inferior à vós. Ele rejeita os discursos vazios. Quisera falar com o todo-pereroso. Quero defender minha causa diante de Deus. Ele acusa os amigos de distorcerem a verdade com zelo religioso, mas sem justiça. Vós sois
inventores de mentiras, médicos inúteis, todos vós. Se ao menos vos calasseis, isso seria sabedoria. Com coragem Jó os adverte: Defendereis a Deus com injustiça? Farei ele acepção de pessoas? Achais que podem enganá-lo como a um homem? Ele os lembra: "Deus vê tudo e se o julgar, tremerão." Então ele se volta ao céu e clama: "Ouvi as minhas palavras, atentai para a minha declaração. Jó quer justiça, quer ser ouvido, quer saber. Por quê? Quantos pecados cometi! Faz-me saber minha transgressão e o meu pecado." Ele sente que Deus o persegue como inimigo. Por que escondes o teu
rosto? Por que me tratas como um inimigo teu? E encerra com um sussurro de cansaço? Apontas contra mim os pés e marcas cada passo meu. Mas o homem é como madeira apodrecida, como roupa roída pela traça. Jó abaixa a cabeça. Suas palavras agora vem como um lamento antigo, um sussurro que poderia vir da boca de qualquer homem cansado de existir. O homem nascido da mulher é de poucos dias e cheio de inquietação. Ele surge como flor que murcha ao nascer, como sombra que não permanece. Tu abres os olhos sobre ele e o fazes entrar em
juízo contigo. Jó reconhece sua limitação. Quem do imundo tirará o puro? Ninguém. O homem tem seus dias contados, seus limites definidos. Nada escapa ao olhar de Deus. Desvia de nós os olhos, ó Senhor, para que tenhamos ao menos um pouco de descanso como um trabalhador ao fim do dia. E então Jó se volta à natureza, vê esperança numa árvore. Mesmo cortada, ela pode brotar. Se envelhecer a raiz e morrer o tronco ao cheiro das águas, brotará outra vez. Mas com o homem não é assim. O homem morre e desfalece, expira. E onde está? Ele observa
os rios secarem, os mares esvaziarem, mas o homem ao morrer, não volta mais. Até que os céus deixem de existir, não despertará, nem se levantará do seu sono. Então, Jó revela seu desejo mais profundo. Quem dera me escondesses na sepultura e me guardasses até que tua ira passasse. Ele sonha com um tempo em que Deus te chamará e ele responderá da cova. Tu contarias os meus passos e não observarias meu pecado. Mas a realidade volta a pressioná-lo. Como a água desgasta a pedra, assim o homem se consome. Esperança, tu a destróis. Jó termina olhando para
o pó, para o túmulo, para o silêncio. Ele faz, retorna à conversa. Agora, sua voz não é de consolo, nem de conselho, é de repreensão. Responderá o sábio com palavras vãs e encherá o peito com vento leste. Ele acusa Jó de usar a boca não para sabedoria, mas para destruir. Tu anulas o temor e diminuis a devoção a Deus com teus discursos. Para ele faz, as palavras de Jó revelam culpa, não justiça. Teus próprios lábios te condenam, não eu. Tua própria boca testemunha contra ti. Ele se ofende com a ousadia de Jó diante de Deus.
És tu o primeiro homem que nasceu? Estavas tu antes dos montes? Ele faz acusa Jó de desprezar o ensino de se achar acima dos outros. Ouviste o conselho secreto de Deus? tens a sabedoria só para ti. E então, como se fosse um mestre, ele descreve o destino dos ímpios. O perverso sofre dores todos os seus dias. Ele ouve sons de terror. Vive esperando a espada. Diz que os ímpios desconfiam da própria sombra, vivem com o coração inquieto e morrem sem redenção. Ele desafiou o todo-pereroso, armou-se contra Deus com pescoço rígido e escudo pesado. Ele faz,
pinta o quadro de um homem rebelde, mas claramente está se referindo a Jó. O ímpio morará em casas desertas, terá colheita amarga e nada levará da sua riqueza. e encerra com frieza. O fogo consumirá sua tenda. Seu fruto será vaidade, sua alma será iludida. Porque o engano é a recompensa do ímpio. Ele termina, mas não consola, não entende e não percebe que mesmo em silêncio, Deus continua sendo o único juiz. Jó suspira fundo. As palavras de Elifás ainda queimam como sal em ferida aberta. Mas ele já não tenta mais ser compreendido, apenas desabafa. Tenho ouvido
muitas coisas como essas. Sois todos consoladores molestos. Ele olha nos olhos dos amigos exausto. Acabarão essas palavras vãs? Ou o que te incita a responder assim? Com ironia, ele diz: "Eu também poderia falar como vós, se estivéssis no meu lugar, mas preferiria fortalecer-vos com a minha boca. Ele crava: Mesmo falando, minha dor não cessa, e calado, ela não se afasta de mim." Então, Jó volta-se a Deus e como quem sangra por dentro, expõe sua dor. Agora ele me esgotou, desfez toda a minha companhia. rugindo me despedaçou. Sua dor não é apenas física, é social, é
espiritual. Testemunhas estão contra mim, meus amigos se afastaram. Deus me entregou aos ímpios. Ele descreve sua aparência. Rosto abatido, olhos afundados, pele enegrecida pela dor. Mas ainda há pureza nas minhas mãos, e a minha oração é sincera. No meio do lamento, Jó tem um lampejo de esperança. Até agora, a terra cobre o meu sangue. Mas há alguém no céu, que é minha testemunha, alguém nas alturas que advoga por mim, e ele clama como quem suplica justiça além da vida. Interceda por mim o meu defensor junto a Deus, como alguém intercede pelo amigo. Mas logo a
realidade o arrasta de volta. Contam-se os meus anos com poucos passos e jamais voltarei. A voz de Jó agora é fraca, mas ainda firme. Cada palavra parece vir do fundo de um poço escuro. O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se apagam. A sepultura me espera. Ele olha ao redor e não vê consolo, só zombaria. Os zombadores estão comigo. Seus olhos despejam amargura sobre mim. Ele clama por algum tipo de garantia, por alguém que se levante por ele diante de Deus. Dá-me, ó Deus, um penhor contigo. Quem senão tu poderá ser minha testemunha?
Mas sua esperança parece escorrer pelos dedos. Tu fechaste o coração dos meus amigos para a sabedoria, por isso não os exaltarás. Ele sente-se como um homem abandonado por todos, até pelos filhos daqueles que despreza. Fez-me escárnio dos povos. Cuspiam-me no rosto sem vergonha. Jó está cansado de lutar. Sente-se quebrado por dentro. Os meus olhos se escureceram pela dor. Meus membros são como sombra. Mesmo assim, ainda tenta encontrar sentido. Os justos ficarão pasmos disso. O inocente se levantará contra o hipócrita, mas sua esperança se torna cada vez mais frágil. O que me resta de esperança? Quem
haverá? E por fim, ele encara o destino com um suspiro resignado. Descerá comigo a sepultura. Juntos repousaremos no pó. Bildade se levanta de novo. Agora sua paciência acabou. Seu tom é ríspido. Suas palavras afiadas. Até quando falarás desse modo? Porque somos tratados como estúpidos diante de ti? Ele manda Joalar e diz: "Então falaremos nós e a luz brilhará. Mas sua fala não traz luz, traz sentença. O ímpio é arrancado da terra. A luz da sua lâmpada se apaga, seus passos vacilam, cai na própria rede que armou. Bildade descreve a destruição com detalhes. O laço o
prende pelo calcanhar. O terror o cerca por todos os lados. A doença devora sua pele. A morte consome seus membros. Ele fala de uma casa vazia, de descendência apagada, de nome esquecido. Não tem lembrança na terra. é empurrado das trevas para fora. Nem raiz, nem ramo, nem memória. Bildade termina sua fala como se lesse a sentença final. Este é o destino do perverso. Este é o lugar de quem não conhece a Deus. Mas diante dele, Jó permanece ferido, mas vivo, acusado, mas não vencido, silenciado, mas ainda em busca de resposta do céu. Jó se ergue
como quem segura a alma com as mãos. Sua voz carrega tristeza, mas agora também um fogo sagrado. Até quando me afligireis com palavras? Já me insultaram 10 vezes. Não vos envergonhais de me esmagar. Ele sente-se tratado como um réu sem defesa. Mesmo que eu tenha errado, o erro é meu, não vos pertence. E então ele declara com dor: Deus me oprimiu, me cercou com seu cerco, tirou-me a glória, arrancou a coroa da minha cabeça. Jó sente-se como casa derrubada, como árvore arrancada pela raiz. Meus irmãos se afastaram, meus conhecidos me esqueceram, meus servos não me
reconhecem. Minha mulher tem nojo do meu hálito. Até as crianças zombam dele. Até seus amigos íntimos se viraram contra ele. Tenho apenas a pele e os ossos. Escapei com vida por pouco. E então ele clama aos seus amigos: Compadecei-vos de mim, pois a mão de Deus me feriu, mas ninguém o escuta. Então Jó eleva sua voz ao céu e profetiza sem saber. Quem dera minhas palavras fossem escritas num livro, que fossem esculpidas com ferro e chumbo na rocha para sempre. E então, no meio das cinzas, explode uma luz. Eu sei que o meu redentor vive
e que por fim se levantará sobre a terra. Com os olhos do Espírito, ele vê além da dor. Mesmo que destruam esta pele, na minha carne verei a Deus. Eu o verei por mim mesmo e não por outro. Jó termina com um aviso: "Se continuardes a me perseguir, temei pela espada, pois há juízo, e há alguém que julga. Zofar não espera nem deixa o eco da fé de Jó se firmar. Sua resposta vem rápida e dura. Por isso me apesso a responder: Meu coração me obriga. Ele não discute dor, discute justiça. Desde os tempos antigos
se sabe, o júbilo dos perversos é breve. A alegria dos ímpios dura um instante. Zofar compara o ímpio a alguém que engole riqueza, mas logo vomita. Deus faz com que vomite tudo. O que tragou, ele não digerirá. Ele descreve o mal como um veneno escondido na boca. Ainda que doce ao paladar, no ventre se transforma em fé de víboras. O discurso é direto, sem misericórdia. O ímpio constrói riquezas, mas não desfruta delas. O que roubou, ele não pode guardar. Zofar pinta a queda dos ímpios como inevitável, rápida, brutal, sem herança, sem consolo. Quando estiver para
encher o estômago, Deus lançará sobre ele o furor da sua ira, fugirá do ferro e a flecha transpassará seu corpo. Zofar termina como se pregasse um julgamento final. Os céus revelarão sua iniquidade. A terra se levantará contra ele. Este é o destino que Deus reserva ao perverso. A herança que ele designa. Ele se cala. Mas suas palavras pesam mais que o silêncio. Jó ouve. Mas seu espírito já não se quebra tão facilmente, porque ele sabe. Sua resposta não vem dos homens. Jó respira fundo. A dor ainda está ali, mas agora suas palavras vêm com clareza
e desafio. Ouvi atentamente o que vou dizer. Isso será o consolo que me dareis. Ele encara os amigos e solta a verdade. Por que os ímpios vivem? Porque envelhecem e até crescem em poder? Jó descreve o que todos veem, mas ninguém quer admitir. Seus filhos estão seguros. Suas casas têm paz, seus rebanhos se multiplicam. Eles cantam ao som do tambor e passam seus dias em prosperidade. Ele expõe a contradição. Dizem a Deus: "Afasta-te de nós. Não queremos saber dos teus caminhos. Mesmo assim prosperam. É deles o conselho da sabedoria ou Deus julga tudo agora?" Jó
olha para os amigos e desafia. Quantas vezes a lâmpada dos ímpios se apaga? Quantas vezes o desastre os alcança. Ele mostra que o castigo nem sempre cai sobre o perverso imediatamente. Muitas vezes morrem em paz, enterrados com honra, seguidos por multidões até o sepulcro. E então Jó lança a pergunta que silencia: Quem me convencerá do contrário? Ele conclui: "Vossas respostas são falsidade e vossas palavras são vento. Ele faz retorna, mas desta vez ele abandona qualquer aparência de gentileza. Agora, suas palavras são acusações diretas. Pode o homem ser útil a Deus? Acaso o todo-pereroso tem algum
lucro com tua justiça?" Ele deixa de lado os rodeios. Por causa da tua maldade é que estás sofrendo, Jó. Tua iniquidade não tem fim. E então ele aponta o dedo com acusações pesadas. Sem motivo tomaste penhor dos teus irmãos, desnudaste os nus, negaste água ao sedento, retiveste pão ao faminto, mandaste embora viúvas com mãos vazias. Segundo ele faz, o sofrimento de Jó é sentença merecida. Por isso estás cercado de laços e o pavor te assalta. Ele declara que Deus está nas alturas e vê tudo. Será que podes esconder-te dele? Por acaso ele não enxerga até
além das nuvens? Ele faz e insiste que Jó está andando pelo caminho dos perversos, os mesmos que foram destruídos subitamente. E então ele oferece um último apelo: "Reconcilia-te com Deus e terás paz. Recebe a instrução da sua boca, lança o ouro no pó e o todo- poderoso será o teu tesouro. Ele promete restauração, se Jó se humilhar. Se te voltares ao todo poderoso, serás edificado. Farás oração e ele te ouvirá, e o que determinares te será firme. Mas Jó não pediu riqueza, pediu justiça. E nisso os amigos ainda não o ouviram. Jó ergue a voz
de novo, mas desta vez não para se defender dos homens, e sim para buscar aquele que permanece em silêncio. Ainda hoje a minha queixa é de rebelião, mas a minha mão reprime o meu gemido. Seu coração clama por um encontro com Deus. Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo, iria até o seu tribunal. Jó sonha com um julgamento justo. Apresentaria diante dele a minha causa, encheria minha boca de argumentos, mas não para contender, e sim para ouvir. Saberia o que ele me responderia, entenderia o que me diria. Ele acredita que Deus não o esmagaria. Com certeza
me daria atenção e o justo estaria seguro diante dele. Mas Jó olha ao redor e não vê Deus. Vou para o oriente e não está lá, para o ocidente e não o percebo, ao norte, ao sul, nada. E mesmo assim ele declara com fé firme: "Mas ele conhece o meu caminho. Se me provar, sairei como um ouro." Jó afirma que tem seguido os passos do Senhor. Os seus caminhos guardei, da sua boca não me desviei. Suas palavras guardei mais do que o meu pão. Mesmo sem respostas, ele confia. Deus é único. Quem o desviará? O
que deseja, isso faz. Mas a grandeza dele o assusta. Por isso me perturbo diante dele. Temo em sua presença e mesmo assim ele permanece. Deus derrete meu coração, mas não me destruiu. Jó continua. Agora ele aponta para o mundo real, onde a injustiça caminha solta, e Deus parece por um momento em silêncio. Por que o todo- poderoso não estabelece tempos de juízo? Porque os que o conhecem não vem seus dias. Ele descreve uma terra onde os maus agem livremente, removem marcos, roubam rebanhos, espancam órfã, tomam do pobre até o jumento. Jó vê os inocentes sendo
pisados. Os necessitados se escondem como animais selvagens. Dormem nus, sem cobertas. Molham-se com a chuva dos montes, buscam abrigo entre as rochas. Crianças famintas colhem restos, trabalhadores pisam uvas, mas morrem de sede. Homens gemem nas cidades e ninguém responde. Deus não presta atenção a essa injustiça. Jó reconhece a ousadia dos perversos. Eles rejeitam a luz. Assassinos se levantam com a aurora. Adúlteros espreitam na sombra, ladrões agem na escuridão. A noite se torna abrigo para o pecado, mas o dia traz juízo. São como espumas sobre as águas. Sua herança é maldita. São esquecidos como árvores quebradas.
Mesmo assim, Jó vê que nem sempre caem logo. Deus os prolonga em segurança. Eles se apoiam e prosperam. Mas tudo tem limite. São exaltados por um tempo, depois caem. São colhidos como espigas maduras. Jó encerra com ousadia. Se isso não é verdade, quem me desmentirá? Bildade fala pela última vez. Suas palavras são poucas, mas pesadas, como quem já não tenta convencer, apenas exaltar. Deus é soberano, temível em sua majestade. Ele faz reinar paz nas alturas celestiais. Ele aponta para a grandeza divina. Há limite para os exércitos do céu, sobre quem não brilha a sua luz.
E então ele reduz o homem ao pó. Como pode o homem ser justo diante de Deus? Como pode ser puro quem nasce da mulher? Ele olha para o céu e conclui: "Se até a lua não brilha com pureza e as estrelas não são puras aos olhos dele, quanto menos o homem verme filho do pó". Bildade se cala. Não há acusação direta, apenas a lembrança de que diante de Deus todos são pequenos. Mas Jó ainda espera mais do que silêncio e comparação. Ele espera justiça e um encontro com o Deus que vê tudo. Jó responde: Mas
não com lamento, com admiração e reverência. Quão grande ajuda tens dado ao fraco e como tens socorrido o braço sem força. Ele diz com ironia aos amigos. Mas logo sua voz se volta para o alto. Ele contempla o invisível. e descreve o inatingível. Os mortos estremecem debaixo das águas. O cheolo está nu de Deus. O Abadom não tem cobertura. Ele fala do Deus que sustenta tudo com o invisível, estende o norte sobre o vazio, suspende a terra sobre o nada. Com poesia e poder, Jó declara: "Envolve as águas em suas nuvens, mas elas não se
rasgam. Encobre a face da lua. traça um círculo na face das águas. Ele aponta o limite entre luz e trevas, onde o universo dobra o joelho diante da glória. As colunas do céu trem se espantam com a sua repreensão. Ele olha para o mar e vê o dedo de Deus. Com o seu poder acalma o mar. Com a sua sabedoria fere o monstro do abismo. Jó fecha os olhos e confessa: "Tudo isso são apenas as bordas dos seus caminhos e o sussurro do que dele ouvimos, mas o trovão do seu poder, quem o entenderá?" Jó
volta a falar: "Sua voz não é de desespero, é de convicção. Vive Deus que tirou o meu direito e o todo- poderoso que amargurou a minha alma. Ele jura com firmeza: "Enquanto houver fôlego em mim e o sopro de Deus estiver no meu nariz, não falarei falsidade, nem usarei meus lábios para engano." E então declara com toda a força da alma: "Longe de mim dar razão a vós, até que eu morra, não retirarei de mim a minha integridade? Jó segura a justiça como um escudo. Minha justiça me mantenho firme. Minha consciência não me repreende por
nenhum dos meus dias. Ele olha para o destino dos ímpios e o descreve com frieza. O que resta ao ímpio quando Deus lhe corta a vida, quando sua alma é tirada. Ele responde com imagens duras: "Seus filhos não serão socorridos. Sua casa será varrida pela tempestade. Riquezas serão como pó levado pelo vento. Jó descreve a herança do perverso. Terror o persegue. A morte o arrasta. Os céus revelarão sua culpa. A terra se levantará contra ele. E então conclui sem recuar. Esta é a porção do ímpio da parte de Deus, a herança que o todo poderoso
lhe destina. Ele permanece em pé diante dos homens e diante de Deus, ainda esperando resposta, mas sem abrir mão da verdade que carrega no peito. Jó se cala por um instante, mas sua mente mergulha fundo. Ele observa o que o homem é capaz de fazer. O homem cava a terra, explora as profundezas, encontra ouro, prata, ferro e pedras preciosas. Ele desvia rios, abre passagens na escuridão e arranca tesouros escondidos do ventre da terra. Mas onde se achará a sabedoria e onde está o lugar do entendimento? Ele olha ao redor e não encontra a resposta. O
homem não conhece seu valor. Ela não se encontra na terra dos viventes. O abismo diz que não está em mim. O mar declara: "Aqui não habita nem ouro, nem prata, nem safiras, nem o mais puro cristal pode comprá-la. De onde pois vem a sabedoria?" Jó então aponta para o céu. Deus é quem entende o seu caminho. Só ele conhece o seu lugar. Ele viu os limites da terra, pesou o vento, determinou a medida das águas. quando estabeleceu leis para a chuva e caminho para o relâmpago. Então viu a sabedoria, a declarou, a preparou e também
a examinou. E por fim, Jó declara o que Deus disse ao homem: "O temor do Senhor, isso é sabedoria, e apartar-se do mal, isso é entendimento." Jó se recosta por um momento e deixa a saudade falar mais alto que a dor. Quem me dera ser como nos meses passados, nos dias em que Deus me guardava, ele relembra a luz divina que o guiava. Quando a lâmpada de Deus brilhava sobre minha cabeça e eu andava por sua luz nas trevas, Jó revive os dias de comunhão, quando o todo-pereroso ainda era comigo e meus filhos estavam ao
meu redor. Ele se lembra do tempo de prosperidade. Meus passos se banhavam em leite e a rocha me derramava azeite. Ele era respeitado, honrado, ouvido. Quando eu saía à porta da cidade, os jovens se escondiam, os anciãos se levantavam, os príncipes se calavam e os que o ouviam o bem diziam. Porque eu livrava o pobre que clamava, era olhos para o cego, pés para o coxo, pai dos necessitados. Ele fazia justiça como veste e manto, quebrava os dentes do perverso e arrancava a presa da sua boca. E então, com um suspiro, diz: "Pensava que no
meu ninho morreria e multiplicaria os meus dias como a areia. Sua vida parecia sólida, raízes firmes, galhos frutíferos, glória renovada. As pessoas me ouviam e esperavam. Minha palavra caía sobre elas como orvalho. Mas agora tudo mudou. E Jó guarda no peito o silêncio de quem já teve tudo e hoje só tem lembrança. Jó suspira e desce da memória gloriosa a realidade amarga. Agora riem de mim os que antes nem se atreviam a me olhar, filhos de homens que eu teria recusado até para cuidar dos cães do meu rebanho. Ele descreve esses zombadores com desprezo. Fracos,
famintos, expulsos da sociedade, vivem nos barrancos, nas cavernas, entre espinhos. E agora eles cantam canções de zombaria contra ele, cospem diante de sua face. Deus soltou minha corda e me humilhou. Eles não têm freio. Se levantam contra mim. Jó está cercado por desprezo. Vem como tropas rompendo uma muralha. Avançam sobre mim como tempestade. Sua dignidade foi arrancada, seu corpo afligido. A dor me consome dia e noite. Meus ossos queimam como fogo. Minha pele se escurece e se solta. Ele já não anda ereto, se curva em cinzas. Sua harpa virou lamento, sua flauta, choro. E então,
com voz quebrada, ele confessa: "Clamo a ti, ó Deus, mas não me respondes. Levanto-me, mas só vejo o teu silêncio. Jó se levanta pela última vez. Como quem sobe ao tribunal diante do céu, ele apresenta sua defesa. Fiz aliança com os meus olhos. Como então cobiçaria uma donzela? Ele não se esconde. Fala com pureza e convicção. Se andei com falsidade, que Deus pese-me em balanças justas e saberei que sou íntegro. Jó vai abrindo sua vida parte por parte, sem medo de ser examinado. Se meu coração foi seduzido, se pus armadilhas ao próximo, então que outro
coma o que plantei. Ele fala da sua fidelidade à esposa, da sua justiça com os servos, da sua compaixão com o pobre. Se neguei justiça ao servo, se não estendi a mão ao órfão, que minha mão caia do ombro. Jó lembra que teme a Deus, porque sabe que no fim todos responderão diante dele. Se me alegrei com a ruína do inimigo ou desejei o mal a quem me odiava, isso seria pecado. Ele revela que nunca se fechou aos estrangeiros, nem guardou o pecado no peito. Se escondi minhas transgressões como Adão, com medo da multidão, então
mereço vergonha. Mas agora ele clama: "Ó, quem me dera alguém me ouvisse. Eis aqui a minha assinatura, que o todo poderoso me responda." Ele encerra sua fala com ousadia e humildade. Se tomei terra a força, que espinhos cresçam no lugar do trigo. E então Jó se cala. Seu discurso termina, mas seu coração permanece exposto, não diante dos homens, mas diante de Deus. Depois que Jó silencia, um novo som ecoa no ar, uma voz que ainda não havia falado. Eliu, o mais jovem entre todos, se levanta. Até então ele havia se calado por respeito aos mais
velhos, mas agora não aguenta mais. encolerizou-se contra Jó, porque justificava a si mesmo diante de Deus. E também se indignou contra os três amigos, porque não encontraram resposta, e mesmo assim condenaram Jó. Eli o está fervendo por dentro. Sou jovem, vós sois idosos, por isso tem e não ousei falar. Mas ele declara que não é a idade que traz sabedoria, e sim o sopro do espírito de Deus no homem. Não são os muitos anos que ensinam o que é justo. Agora ele fala com autoridade: "Esperei vossas palavras, ouvi vossos argumentos, mas nenhum de vós convenceu
Jó. Eliuú não está ali para bajular. Não sei bajular, pois se o fizesse, o meu criador logo me levaria". Ele respira fundo e anuncia: "Tenho muito a dizer em favor de Deus. Meu espírito me obriga. Meus lábios falarão com sinceridade. Minhas palavras virão do coração puro. A tempestade muda de direção. Agora Eliu fala e o céu ouve. Eliuú se volta diretamente para Jó. Mas diferente dos outros, ele não o acusa com desprezo. Ele fala como quem deseja despertar. Não esmagar. Ouça, Jó, minhas palavras. Falo com sinceridade. Meus lábios expressam puro conhecimento. Eliú se apresenta com
humildade. Também fui formado do barro como tu. Não temas. Meu terror não te oprimirá. Então ele começa a tocar nas palavras de Jó. Tu disseste: "Sou puro, sou limpo e sem culpa, mas Deus procura motivo para me destruir." Ele o repreende com firmeza, mas nisso não tens razão. Deus é maior do que o homem. Ele mostra que Deus fala mesmo quando o homem não percebe. Deus fala de muitas maneiras, em sonhos, em visões, no leito da dor, para desviar o homem do mal e livrar-lhe a alma da cova. Ele descreve o homem aflito, com ossos
doloridos, alma enjoada até do alimento, pele agarrada aos ossos, mas há esperança. Se houver um anjo intercessor, alguém que diga: "Poupai-o, Deus será misericordioso. Sua carne voltará a ser como de criança, e ele orará a Deus e Deus o atenderá". Eli o conclui: "Eis o que faço. Falo em favor de Deus, não para condenar, mas para guiar a luz da vida". Ele olha para Jó e deixa um convite. Fala, se tens o que dizer. Desejo justificar-te, mas se não tens, ouve-me em silêncio. Ensinar-te ei a sabedoria. Ele o ergue a voz diante de todos. Agora
ele não fala só com Jó, fala para os homens sábios que escutam ao redor. Inclinai os ouvidos, ó sábios. Provemos juntos o que é justo, como o paladar prova o alimento. Eliu relembra as palavras de Jó. Jó disse: "Sou justo". Mas Deus tirou meu direito. Disse: "De que me serve ser íntegro se Deus me trata como inimigo?" Com isso, ele se indigna. Jó bebe a zombaria como água, anda em companhia dos que praticam o mal, pois disse: "Não adianta agradar a Deus". Ele então defende o caráter do Altíssimo. Longe de Deus cometer injustiça, o todo-pereroso
não pratica perversidade. Eliu declara que Deus retribui a cada um segundo suas obras e que nada o obriga a manter o fôlego da vida. Se Deus retirasse seu espírito, toda a carne pereceria no mesmo instante. Ele desafia. Se entendes, ouve isto. Pode porventura governar quem odeia o juízo? Acusarás o justo e poderoso? Eliuú lembra que Deus não se impressiona com posições. Não favorece o rico mais que o pobre, porque todos são obra de suas mãos. Deus vê tudo, mesmo no oculto, e ninguém pode enganá-lo. Sem inquérito, ele quebra os poderosos, abate os ímpios onde quer
que estejam. Liu termina com um apelo à razão. Deus reina com justiça, mas se o homem disser pequei, não farei mais o mal. Então Deus perdoa e por fim desafia. Jó fala sem conhecimento. Suas palavras são insensatas. Que seja provado até o fim, pois respondeu como homem rebelde. Mas ainda assim ele não amaldiçoa Jó. Ele o chama ao arrependimento, porque para Eliu Deus não erra, mas pode restaurar. Eliu continua: "Seu olhar é sério, sua voz firme. Ele não acusa por arrogância, mas exorta com zelo. Pensaste estar certo ao dizer: "Minha justiça é maior que a
de Deus?" Eliu repete as palavras de Jó: "Disseste que me aproveita a integridade, o que ganho em não pecar? E então ele responde com sabedoria: "Tua justiça, tua maldade afetam a Deus tanto quanto as nuvens tocam o céu?" Ele mostra que Deus é exaltado demais para ser abalado pelos atos humanos. Se pecas, que lhe causas? Se é justo, que lhe dás? Ele diz: "Teus atos tocam os homens, não a Deus". Depois ele o aponta para o clamor dos que sofrem. clamam sob o peso da opressão, gritam por socorro diante do braço dos poderosos, mas falham
em fazer a pergunta certa. Ninguém diz: "Onde está Deus, meu criador, que nos dá canções durante a noite?" Ele o ensina que não é o clamor vazio que move o céu, mas o coração quebrantado. Clamam, mas Deus não responde por causa do orgulho dos maus. E conclui: Deus não escuta a vaidade. Ele não considera palavra sem sinceridade. E então, diante do silêncio de Deus, Eliu diz a Jó: "Esperas em vão que Deus fale, mas tua causa não está pura". Ele não despreza a dor de Jó, mas chama-o a refletir. Não é Deus quem precisa mudar,
é o homem que precisa entender. Eliu continua a falar. Agora sua voz se eleva não para exaltar o homem, mas para anunciar a majestade de Deus. Espera mais um pouco, Jó. Tenho ainda palavras em favor de Deus. Ele fala com temor, mas com autoridade. Minhas palavras vêm de longe e atribuirei justiça ao meu criador, porque em verdade não há falsidade nos meus lábios. Então ele o exalta à retidão divina. Deus é poderoso, mas não despreza ninguém. é firme em força e em entendimento. Ele diz que Deus não poupa os ímpios, mas sustenta os justos com
olhos atentos. Se estão presos em grilhões, é para que vejam seus erros e se arrependam. Eli o afirma: "Deus usa dor como disciplina e a obediência como porta para a restauração. Se ouvirem e servirem, viverão em prosperidade, mas se recusarem, perecerão sem sabedoria. Ele alerta contra o orgulho na aflição. Cuidado para que a ira não te arraste. Não confie nas riquezas. Elas não te livrarão. Então ele convida Jó a olhar para o céu. Deus é exaltado em poder. Quem é mestre como ele? Ele o contempla o universo e sua alma se curva em admiração. Ele
faz subir o vapor das águas, espalha as nuvens, comanda os relâmpagos e cobre as mãos com trovões. E com os trovões ele anuncia o seu próximo passo. Com o seu trovão ele anuncia a tempestade. se cala, o céu começa a estremecer, porque o Deus que ele anuncia está prestes a falar. Eliu levanta os olhos ao céu, o vento muda, o ar pesa e sua voz se torna temor. Por isso, treme o meu coração, salta dentro do meu peito. Ele aponta para o céu, ouve atentamente o trovão da sua voz, o estrondo que sai da sua
boca. Deus fala no céu e a natureza obedece. Solta relâmpago sobo. Depois vem o rugido. A majestade do seu trovão ninguém pode ignorar. Eliu contempla os fenômenos com os olhos da fé. Ele envia a neve e diz: "Cai sobre a terra, ordena a chuva e ao aguaceiro e tudo para a sua voz. Homens se escondem, feras se recolhem, mas Deus continua a agir. Do sul vem o redemoinho, do norte o frio cortante. Com o sopro de Deus forma-se o gelo. Ele enche as nuvens, faz chover sobre campos e desertos. Tudo ele faz segundo o seu
querer, seja por correção ou por misericórdia. Eliu então volta-se a Jó. Inclina os ouvidos, ó Jó, para e considera as maravilhas de Deus. Ele pergunta com humildade: "Sabes tu como ele comanda as nuvens? Como faz brilhar o relâmpago? Como equilibra as nuvens com sabedoria perfeita? Ele o se rende. Somos pequenos diante dele. Não podemos argumentar, não podemos alcançá-lo." E então, com temor declara: Deus vem em majestade terrível. é grande em poder e não despreza a justiça. Ele encerra com reverência. Os homens o temem. Ele não respeita os que se acham sábios em si mesmos. O
céu silencia por um instante e logo Deus começa a falar: "O vento sopra forte, o céu escurece, um redemoinho se forma sobre as cinzas onde Jó se assentava. E de dentro dele a voz do Senhor irrompe, não como sussurro, mas como trovão que rompe o silêncio do céu. Quem é este que obscurece o conselho com palavras sem conhecimento? Jó treme. Os amigos se calam. O próprio ar parece segurar o fôlego. Cinge agora os teus lombos como o homem. Eu te perguntarei e tu me responderás. Então Deus começa a revelar sua glória, não por explicações, mas
por perguntas que ninguém pode responder. Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra? Dize se tens entendimento. Deus descreve a criação como uma obra de arquitetura sagrada. Quem lhe pôs as medidas, se é que sabes, ou quem estendeu sobre ela o cordel? Ele fala do alicerce do mundo, do momento em que as estrelas da alva cantavam juntas e todos os filhos de Deus bradavam de alegria. Ou quem encerrou o mar com portas quando ele rompeu do ventre, ele recorda o dia em que colocou limites às águas, traçando fronteiras com nuvens e trevas, dizendo:
"Até aqui virás e não mais adiante. Aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas. A cada pergunta, a voz do Senhor fura o véu da ignorância humana. Comandaste tu alguma vez amanhã? Mostraste ao amanhecer o seu lugar? Ele fala da luz, da profundidade do abismo, dos portões da morte. Já entraste nas fontes do mar ou andaste pelos recessos do abismo? As portas da morte te foram reveladas? Viste tu os portões da sombra da morte? Deus continua: "Sabes tu onde mora a luz e as trevas? Sabes onde tem morada? Cada palavra derrama sabedoria, glória e assombro.
Acaso entraste nos tesouros da neve? Ouviste os depósitos do granizo que eu retenho para tempos de angústia e guerra?" Ele pergunta sobre as trilhas do relâmpago, as chuvas sobre terras desertas, o nascimento do orvalho, a origem do gelo e das geadas, quem gera as gotas do orvalho, do ventre de quem saiu o gelo e a geada do céu, quem a deu à luz? O Senhor olha para os céus e desafia: Atas tu as cadeias das pleiades ou soltas os laços de Orion? Fazes tu sair as constelações a seu tempo? Então volta à terra. Sabes tu
as leis dos céus ou estabeleces o seu domínio sobre a terra? Levantaste a tua voz até as nuvens, para que a abundância das águas te cubra? E num toque de ternura e majestade, ele pergunta: "Caçarás tu presa para a leoa? Sacias a fome dos filhos do corvo? A criação toda responde a ele, mas agora Jó precisa responder. O redemoinho gira mais forte. Deus ainda não terminou. A terra está em silêncio e a voz do Senhor continua firme, serena e irresistível. Sabes tu o tempo em que as cabras monteses dão a luz sobre os rochedos? Observaste
tu o parto das corças do campo? Ele pergunta: "Não por ignorância. Mas para mostrar a Jó que até o nascimento dos filhotes selvagens está sob seu comando invisível. Contaste tu os meses que cumprem? Sabes o tempo em que elas dão à luz? Enquanto o homem dorme lá no alto dos penhascos, as crias nascem, crescem, ganham força e partem livres, sem que ninguém as ensine. Deus então aponta para o jumento selvagem. Quem despediu livre o jumento bravo, quem soltou suas amarras? Ele vive longe das cidades, despreza o barulho do povo e habita os ermos onde só
o vento canta. O riso do carroceiro, ele não ouve, ele busca pasto onde bem entende. Depois o Senhor fala do boi selvagem. Porventura quererá servir-te o boi selvagem ou ficará ele junto à tua manjedoura? Tu conseguirias prender sua força com uma corda? Faria ele o teu trabalho no campo? Poderias confiar nele para recolher tua colheita? Tu confias na sua grande força ou entregarás a ele os teus frutos? Deus sorri e segue. Agora fala da avestruz, estranha, desajeitada, mas cheia de lições. A vestruz bate alegremente as asas, porém não tem o amor da cegonha. Ela põe
seus ovos na terra e os esquece, como se não fossem seus. trata seus filhotes com desprezo, como se nunca fossem dela, pois Deus a privou de sabedoria. Mas quando corre, ri-se do cavalo e do cavaleiro. Mesmo sem sabedoria, ela carrega algo único que só Deus lhe deu. Então o criador se volta para o cavalo de guerra. Dás tu força ao cavalo? cobre seu pescoço com crina ondulante. Ele salta com bravura, encara o perigo, não recua diante da lança, relincha e fareja a batalha de longe. Ele rido medo, não se espanta com a espada. Deus o
criou assim, indomável, corajoso, belo e furioso. E agora ele aponta para o céu. É pelo teu entendimento que voa o Falcão e estende suas asas para o sul? Ou é por tua ordem que se remonta à águia e põe no alto o seu ninho? Lá nas alturas ela habita, observa e de longe enxerga sua presa. Seus olhos vêm de longe, seus filhotes bebem sangue e onde há mortos, ali está ela. Deus termina essa parte do discurso, mas Jó ainda não responde, porque diante de tamanha sabedoria, só resta silêncio, silêncio e temor. O redemoinho ainda gira
sobre a terra. A poeira assenta-se aos poucos, mas a voz do Senhor permanece clara, firme, incontestável. O Senhor se dirige diretamente a Jó. Ainda queres contender com o Todo-Poderoso? Tu que repreendes a Deus? Responde. Jó sente o peso da glória. Seus olhos já não têm força. Seus lábios tremem. Ele responde com humildade quebrantada: "Eis que sou indigno. Que te responderia eu? Ponho a mão sobre a minha boca. Falei uma vez e não responderei mais. Duas vezes, mas não prosseguirei." Mas Deus ainda não terminou. Do meio do redemoinho, o Senhor volta a falar: "Cinge agora os
teus lombos como homem. Eu te perguntarei e tu me responderás". E então Deus confronta com profundidade: "Anularás tu de fato o meu juízo? Condenar-me hás para te justificares?" Ele desafia Jó. Tens tu braço como o de Deus? Outrovejas com vóz como a sua? Se Jó é tão poderoso, então horna-te de excelência e grandeza, reveste-te de glória e majestade. Espalha a fúria da tua ira, olha para todo soberbo e humilha-o. Deus o desafia a fazer justiça com as próprias mãos, a trazer juízo aos ímpios, a esconder os orgulhosos no pó. Então, eu também confessarei que a
tua destra te pode salvar. Mas Deus sabe, nenhum homem pode. E então, para mostrar seu poder, o Senhor revela uma de suas criaturas mais misteriosas. Contempla agora o bemote que eu fiz contigo. Ele o descreve como colossal, força viva da criação. Come erva como boi. Sua força está nos lombos e o vigor dos seus músculos nos seus ventres. move a cauda como o cedro. Os nervos de suas coxas estão entrelaçados. Seus ossos são como tubos de bronze. Seus membros como barras de ferro. Deus declara: "Ele é obra prima dos meus feitos. Só o seu criador
pode chegar até ele com espada. Esse ser habita entre os rios. Mesmo que as águas rugem, ele não teme. Mesmo que o Jordão se levante contra a sua boca, ele permanece firme. Pode alguém prendê-lo diante dos olhos ou com laços atravessar-lhe o nariz? A resposta é óbvia. O homem não pode. O criador sim. E Jó começa a entender. O propósito de Deus não era esmagá-lo, mas revelar-lhe algo maior que a dor, sua soberania, sua justiça e sua presença. A voz do Senhor continua a ecoar do redemoinho. Agora ele desafia Jó com a imagem do Leviatã,
uma criatura tão indomável, tão aterradora, que nenhum homem ousaria enfrentá-la. Poderás pescá-lo com anzol ou prender-lhe a língua com uma corda. Deus revela a força desse ser colossal. Seus dentes inspiram pavor. Seu corpo é revestido de escamas impenetráveis. E de sua boca saem chamas e fumaça. Seu hálito incendeia brasas, de sua boca sai fogo. Armas não o ferem. Ferro e bronze são como palha diante dele. Ele ri da lança, do arco, da espada. O Senhor descreve o Leviatã como o rei dos orgulhosos, a mais temível entre as criaturas. Ele não recua, não teme e não
pode ser dominado por mãos humanas. E então Deus confronta Jó com uma verdade profunda. Se ninguém pode dominar o Leviatã, quem então ousará enfrentar-me? Jó ouve não apenas sobre um monstro, mas sobre o poder incomparável daquele que criou todas as coisas. O redemoinho cessou, o trovão silenciou, e tudo ao redor de Jó está em paz. Mas dentro dele há algo ainda maior que a tempestade, a revelação. Então, finalmente, Jó abre a boca, não para reclamar, mas para se render. Bem, sei que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Sua voz está embargada,
mas cada palavra é um altar. Tu perguntaste: "Quem é este que obscurece o conselho sem conhecimento?" Por isso falei do que não entendia, coisas maravilhosas demais para mim que eu não conhecia. Jó havia perguntado tanto, agora ele só quer ouvir. Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te vem. E então ele se humilha por inteiro. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza. Nada mais precisa ser dito. O homem que perdeu tudo, agora se encontra com tudo o que importa. O Senhor então se volta aos amigos
de Jó, mas agora é Deus quem fala com autoridade santa. Minha ira se acendeu contra vocês, porque não falaram o que é reto a meu respeito, como falou o meu servo Jó. E Deus ordena: "Tomem sete novilhos e sete carneiros. Vão até Jó, meu servo. Ele orará por vocês e eu os ouvirei." Ele faz Bildade e Zo Ofar obedecem. Eles vêm até Jó, o homem que haviam julgado. E Jó, com o coração limpo, ora por eles. E então o céu se abre. Deus muda a sorte de Jó no exato momento em que ele ora pelos
seus amigos e começa a restauração. O Senhor dá a Jó o dobro de tudo o que possuía. Seus irmãos e irmãs vêm visitá-lo, trazem ouro, prata e o consolam de todo o mal que havia sofrido. Deus abençoa seus últimos anos mais do que os primeiros. Jó volta a ter rebanhos, 14.000 ovelhas, 6.000 camelos, 1000 juntas de bois e 1000 jumentas. E então Deus lhe dá novamente filhos e filhas, sete filhos e três filhas com nomes que soesia viva, Gemima, Quesia e Keren Rapuque. E diz o texto: "Em toda a terra não se acharam mulheres tão
formosas como as filhas de Jó, e o Pai lhes deu herança entre os irmãos, coisa rara e graciosa. E Jó viveu depois disso 140 anos. viu seus filhos e os filhos dos seus filhos até a quarta geração. E então morreu velho e farto de dias. Mas mais do que dias, Jó partiu farto da presença de Deus. E assim termina o livro de Jó. Não com amargura, mas com arrependimento. Não com derrota, mas com revelação. Não com um homem quebrado, mas com um homem transformado. Nesta história vimos o céu em silêncio, o inferno em movimento e
a terra em agonia. Vimos um homem íntegro perder tudo. Filhos, saúde, riqueza, reputação. Tudo se esvavaiu como vento no deserto. Vimos seus amigos o acusarem, sua esposa o desencorajando e seu coração tentando entender o que não podia ver. Mas acima de toda dor, vimos um Deus soberano que jamais perdeu o controle. Vimos perguntas que não foram respondidas com lógica, mas com presença. Vimos que o sofrimento não revela a ausência de Deus, mas pode nos levar a enxergar quem ele realmente é. Jó conhecia a Deus de ouvir falar, mas depois da tempestade ele viu. E porque
viu, se calou, se rendeu, se humilhou e foi restaurado. Se você chegou até aqui, você faz parte de um grupo especial. os que não apenas leem a Bíblia, mas caminham com ela até o fim. Foram 42 capítulos de confronto, dor, fé, silêncio e glória. Cada parte deste estudo foi feita com temor, oração, estudo e entrega com um único propósito, edificar a sua fé. Então, se você assistiu até aqui, comenta aqui embaixo: "Eu cheguei até o fim do livro de Jó e agora eu sei que o meu redentor vive." Esse comentário mostra que você faz parte
de um povo raro, gente que honra a palavra de Deus mesmo nos capítulos mais difíceis. Gente que não foge da dor, mas a atravessa com fé. Agora eu te convido, curta esse vídeo, compartilhe com alguém que precisa ouvir essa história e se inscreva no canal para continuar essa caminhada pela Bíblia. Mas mais do que qualquer curtida, deixe que essa história mude a sua vida. O livro de Jó não foi escrito para nos dar todas as respostas, mas para nos lembrar que Deus é suficiente, mesmo quando não entendemos tudo. Nos mostra que a verdadeira fé não
depende das bênçãos, mas da confiança no caráter de Deus. Então eu te faço um convite. Se renda a ele, não com revolta, mas com reverência, não com orgulho, mas com humildade. Deixe Deus ser Deus e deixe que o final da sua história também seja escrito pelas mãos dele. Se você ainda não entregou sua vida a Jesus, faça isso hoje. Aceite o redentor de Jó como o seu redentor. Essa história não foi contada para entreter, foi contada para transformar. Agora me diga, qual parte do livro de Jó mais tocou seu coração? Qual resposta de Deus? Qual
fala de Jó? Qual reviravolta te fez parar e pensar? Comenta aqui embaixo. Este foi o livro de Jó, capítulo por capítulo, do começo ao fim. E eu oro para que ele tenha edificado sua vida, assim como edificou a minha. Deus te abençoe e até o próximo estudo, se ele permitir.
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