terceira videoaula sobre o edital de sociologia da UFPR nós vamos falar sobre a obra de Darcy Ribeiro o povo brasileiro felizmente não cai a obra inteira porque afinal de contas é uma obra que Darc Ribeiro levou três décadas para concluir né então é uma obra absolutamente extensa mas muitíssimo interessante recomendo a leitura de verdade porque é uma a gigantesca aula de história do Brasil né de so um viés antrop Lógico é é uma aula de história do Brasil como nenhuma outra e felizmente não cai a obra inteira cai aí por volta de 100 páginas também
não é tão pouco né o recorte que é o fpr PED Mas de qualquer forma permite a gente ter uma noção mais centrada de quais os tópicos que podem cair na sua questão tá bem antes de mais nada a saber Darc Ribeiro é antropólogo poeta político ativista pelos direitos indí né foi vice-governador do Rio de Janeiro tem tem tem uma tem uma participação política né na lá na década de 90 no cenário político brasileiro muito muito intensa muito ativa e um cara que vai fazer uma análise do que o que é esse tal de povo
brasileiro né que a gente denomina Atualmente como resumao de tudo o que a gente vai falar aqui nessa vídeoaula é é importante você ter em mente o caminho para onde ele tá tá ele aponta que e caboucos mulatos e esses proto brasileiros formam uma ninguendade ninguendade né no sentido de que os povos que formaram o Brasil apesar de terem vindo da África de serem indígenas terem vindo da Europa a partir do momento em que começaram a se constituir um povo aqui no Brasil deixaram de ser europeus deixaram de ser índios deixaram de ser africanos e
viraram o quê uma nova etnia Essa é a pira do Darc Ribeiro virou uma nova etnia Um Novo povo que surgiu da mistura dos choques dos embates da história de cinco séculos que forma o Brasil até hoje tudo bem Então é para aí que a gente vai o surgimento do povo brasileiro como uma nova etnia começando ali onde onde a UFPR pede a tem que começar pensando que essa história de ver o povo brasileiro como um povo cordial é cordial até a página três né amigo porque vai dizer Darc Ribeiro somos somos cordiais com aqueles
que olhamos com bons olhos né se você recebe aqui um um um imigrante alemão por exemplo Nossa a gente estende o tapete vermelho agora se forem refugiados do Haiti a gente empurra com a barriga e não quer nem a gente tolera mas não quer ver perto né como povo me refiro Então vamos vamos tirar um pouco essa cordialidade do povo brasileiro a cordialidade seletiva Tá então não é bem por aí A grande questão para onde vai essa análise do que é o povo brasileiro para muito além de da pretensão de sermos um povo cordial é
mostrar que somos um povo novo dado os conflitos que formaram a etnia que é esse povo brasileiro né nós tivemos conflitos raciais indígenas versus negros versus brancos mas também tivemos conflitos interraciais índios contra índios negros contra negros brancos contra brancos não é só uma questão de os os embates entre as diferentes raças não é isso é interespécies né o índios de uma tribo não se davam com índios de outra tinham culturas diferentes da tribo vizinha entravam em conflito entravam em em combate os africanos que nós escravizam e trouxemos para cá eram de tribos diferentes que
tinham suas próprias culturas entre si que tinham seus próprios embates entre si e de repente foram jogados aqui juntos tendo que lidar com as suas diferenças como se fossem um uma só um só povo né e não eram e os próprios europeus né cara você tinha portugueses sim mas portugueses em conflito com espanhóis em conflito com então era era o conflito entre si e com todos os demais e toda essa mistura formou essa nova etnia que é o povo brasileiro não só todos os Empreendimentos econômicos que formaram a história do Brasil aqui ele cita especificamente
quatro né o empreendimento escravista trazer negro da África para cá as missões jesuíticas que exploravam a mão de obra indígena a produção de gêneros de de subsistência que colocava parcela da população como opressor e parcela da população como Oprimido na hora de conseguir produzir esses bens de subsistência e os controles burocráticos dos bispos dos exportadores dos cafeicultores que também né tornavam a balança muito desigual entre os poucos que mandavam e os muitos que tinham que obedecer todos esses fatores juntos levaram a negros índios destribalização a viver de acordo com os colonizadores queriam com que as
missões jesuíticas exigiam né tiveram que se eh cristianizar e coisa e tal então no fim de contas você pode dizer o Brasil é feito de negros brancos índios não deixaram de ser índios deixaram de ser brancos deixaram né deixaram de ser europeus deixaram de ser africanos virou uma coisa nova virou uma nova bagunça tudo bem esse esse esse primeiro passo num segundo momento ele vai chamar a atenção pra urbanização caótica que o Brasil sofreu porque o Brasil apesar de ter sido um país majoritariamente Agrário ural produção brasileira se dava no campo as cidades eram eram
ainda incipientes ainda estavam começando a surgir ainda assim todas as decisões tomadas no Brasil a produção na exportação em atender as exigências ultramarinas né de almar lá da coroa portuguesa em cima da gente levou no século XX a uma a um êxodo rural e a uma explosão populacional nos grandes centros urbanos então ele traz dados muito interessantes Como por exemplo o fato de que em 1940 a população urbana era de cerca de 12 milhões de pessoas no Brasil 12 milhões de pessoas moravam em cidades 30 aninhos depois em 1980 de 12 milhões foi para 80
milhões Então foi uma explosão em quatro décadas populacional de gente saindo do campo e vindo para cidades e para cidades que estavam absolutamente despreparadas para receber esse contingente de pessoas não tinha emprego para essa gente ia ia fazer o quê ia trabalhar Em que simplesmente não tinha não tinha serviço suficiente a ser prestado por tantas pessoas habitando as áreas urbanas então vão se for formar as favelas né esse esse esse esse esse monte de gente colocado à margem da sociedade tolerada porque a gente não tem mais o que fazer né com essas pessoas então então
vai fazer o quê deixa eles ali desassistido sem sem nenhum tipo de assistência sem nenhum tipo de nada né desamparados se você pega por exemplo a cidade de São Paulo hoje ela tem o dobro da população de Paris o dobro da população de Paris mas 10 vezes menos emprego do que se encontra em Paris Então você percebe como é é discrepante é só analisar os dados então nós nos tornamos um país que nunca teve de fato um processo de industrialização como Estados Unidos como os países europeus a gente nunca passou por um processo de industrialização
Mas viu nossas cidades crescerem num ritmo alarmante sem sem ter o que fazer com tanta gente no espaço urbano tá claro isso responsável por grande parte dos fenômenos sociais que a gente encontra hoje nas nas cidades brasileiras Ficou claro Até Aqui estamos bem toda essa precarização da urbanização brasileira levou Darc Ribeiro a concluir algo que ele vai repetir muitas vezes depois disso que o povo brasileiro foi obrigado a se tornar um povo criativo que se vira se vira com o que tem na mão sabe já que já que a coisa não funciona oficialmente como deveria
a gente tem que jogar com o que tem então mais do que um povo cordial Esquece isso nós somos um povo criativo porque fomos forçados pela necessidade e pela desorganização da própria estrutura da história do Brasil a ser um povo que se vira sen não morre tá claro e uma ideia que ele traz que eu achei curiosíssima é que seria papel do estado educar o povo esclarecer o povo certo trazer ao povo um senso de nacionalidade de e o estado brasileiro nunca cumpriu esse papel nunca fez isso né lá na a década de 80 de
90 a gente como eu foi educada pelo quê pela Rede Globo Car pela televisão Faustão que dava um senso de de o Silvio Santos quem dava um senso de de identidade pro povo brasileiro que dizia o que gostar o que não gostar tal o que o que chama a nossa atenção e o que não chama hoje em dia é internet o governo continua não educando a população não nos dando um senso identitário onde a gente vai encontrar esse senso identitário na TV aberta em 2023 Não senhora virou a internet esse espaço de obtenção de informação
e aí não é de surpreender como é que política é feita no Brasil hoje em dia né A internet ocupando um espaço muito superior our a a canais de TV e suas respectivas agendas políticas produzindo assim fake News falsa informação distorção de informações desinformação né e portanto o veículo que é internet que deveria estar nos educando tá ajudando a gente a se deseducar só transformando esse caldeirão étnico interétnico que é o povo brasileiro uma bagunça sem identidade ainda maior tudo bem próximo aspecto Darc Ribeiro vai falar muito sobre classe cor e preconceito e aqui ele
vai fazer uma distinção de quatro classes sociais que formariam o povo brasileiro historicamente Né desde da origem até hoje no topo da pirâmide os mais ricos os mais abastados vão compor a classe social que ele vai chamar de Patronato dos empresários os grandes empresários os banqueiros os latifundiários todas as pessoas que detém o poder financeiro Eles estão no topo da pirâmide certo mas ali logo junto logo embaixo ocupando o topo da pirâmide junto tá aquele que ele chama de patriados patriados não é o Patronato de empresários Patronato de empresários é quem detém o capital econômico
os patron seriam aqueles que detém o capital político altos Funcionários Públicos líderes religiosos bispos pastores de Grand grandes redes evangélicas aquele pessoal que não só Claro detém um capital financeiro mas o seu principal poder tá na sua a sua capacidade persuasiva na sua capacidade de arrebanhar massas movimentar pessoas em determinada direção Então essa Essas são as elites brasileiras a econômica e a cultural por assim dizer a política certo o Patronato dos empresários e os patricios legal eles mandam o resto obedece abaixo deles no meio da da pirâmide você vai ter as classes intermediárias que é
a maioria da gente Professor médico advogado uma fatia da população que sabe que não é rica mas que não se revolta contra a riqueza porque não quer perder o pouco que conseguiu ou seja eu já consegui mais do que a maioria eu já conseguir mais do que as classes mais baixas Então vou ficar quietinho vou ficar na minha porque pelo menos meu filho tem escola tem tem comida tem roupa para vestir então eu tenho alguma alguma segurança em termos financeiros em termos de saúde em termos de lazer Então tá tudo certo tá tudo certo não
compro a briga porque tenho muito muito a perder apesar de não não tá no topo da pirâmide mas abaixo das classes intermediárias Aí sim você tem a parte majoritária A grande maioria da população brasileira que é a massa a massa que são os pobres que são os os sem teto que é gente que vive com menos de um salário mínimo que é é a grande maioria da população essa sim se revolta por quê Porque não tem nada a perder já perdeu tudo já tá desfavorecido no jogo Qualquer mudança só pode para melhor então você tem
uma tensão entre aqueles que estão no topo que querem manter a coisa do jeito que é as classes intermediárias que TM medo de comprar a briga para não perder o pouco que ganhou E as massas que por não ter nada o que perder armam uma guerra contra toda essa pirâmide Ficou claro por isso um país de desigualdades de brutalidades de de problemas sociais né Darc vai ter uma posição controversa aqui mas brilhante brilhante ele vai dizer que essas diferenças sociais o fato da gente ter a massa tão pobre tão desarticulada tão carente tão necessitada quase
transforma esse segmento da pirâmide a massa os os mais desfavorecidos num outro povo ele vai dizer pobre é feio é uma afirmação contundente pobre pobre é feio e não falo isso por questão de estética ou preconceituosa muito pelo contrário é questão de falta de nutrição mesmo de de comer o que dá quando dá se dá e dessa maneira gerar uma massa de pessoas desnutridas fisicamente mais suscetíveis a doenças e de estatura muitas vezes mais baixa compleição mais fraca é quase um outro povo se você comparar com a massa abastada que pode gozar de recursos como
medicina plano de saúde melhores máquinas nas melhores hospitais a melhor nutrição Ficou claro quase dois povos e é tão brutal a indiferença que permeia a sociedade brasileira que a gente quase quase não se divide mais só em em classes a gente se divide em em povos dentro do povo brasileiro os pobres sendo um povo à parte um povo prejudicado biologicamente pelo desfavorecimento social tudo bem os ricos no fim de contas vem essa massa como como se fosse máquina que n você alimenta para poder continuar trabalhando é para isso que serve dane se pode ter lazer
se pode ter condições de de de higiene mínimas de alimentação mínima Dan deu deu para comer o suficiente para ele continuar funcionando e portanto continuar operando esse sistema continuar perpetuando a pirâmide do jeito que tá cles superiores está ótimo porque é só para isso que eles servem aí ele vai pra questão racial e aqui já estamos nos dirigindo pra parte final do texto a questão racial vai ser abordada pelo Ribeiro como o fato de que o brasileiro por incrível que pareça ele é muito mais classista do que racista nós somos racistas ponto somos racistas ponto
ele deixa isso muito Claro tá Não se engane mas o nosso racismo ele vem em segundo plano em relação ao nosso classismo certo ou seja a gente a gente odeia muito mais pobre do que negro e se o pobre for Branco aí a gente já não gosta muito desse branco também não por quê Porque o nosso problema é com pobre mas como a maioria dos Pobres são negros então então o o pecto reforça o outro e cria um estigma ainda maior mas ao contrário dos Estados Unidos em que o racismo ele é muito mais racial
do que de classe né o Brasil ele nunca teve leis Ant missena nunca houve uma lei no Brasil proibindo negro de casar com branco nunca existiu nos Estados Unidos sim então comparado com os Estados Unidos o nosso preconceito ele é muito mais financeiro do que é étnico certo hum um outro aspecto que acabou obrigando o brasileiro a se tornar criativo né de novo ele volta Nisso porque ele vai dedicar um bom tempo desse desse parágrafo dedicado à questão racial a falar sobre como os quilombos que surgiram com os os escravos que conseguiam fugir e se
organizar se refugiar em núcleos de defesa vai ser a estrutura mais tipicamente Brasileira de todas né mais emblemática mais simbólica do que constituiu o povo brasileiro porque num Quilombo você tinha africanos lá do do sul da África lá do norte do leste do oeste de regiões intermediárias cada um com sua cultura e de repente todo mundo num Quilombo obrigado a conviver superar suas que eram colossais para não para não perder o jogo porque eles tinham que sozinhos lutar contra todo um sistema que tava querendo escravizá-los e em última análise explorá-los e erradicá-las no fim de
contas né então eles tiveram que criar do zero uma nova cultura isso é muito legal né criar de se Reinventar Vamos criar algo novo a gente não pode voltar a ser o africano que era porque o africano que eu era não é o mesmo africano que você era que não é o mesmo africano que ele é então deleta essa nossa africanidade e vamos começar um negócio novo esse essa é a raiz do povo brasileiro e que mais uma vez suscinta o aspecto da nossa espécie de sermos obrigados a ser criativos como ferramenta de defesa tudo
bem legal agora para encerrar ele vai paraa dialética Ordem e Progresso que que é essa dialética Ordem e Progresso A coroa portuguesa mandava no Brasil só que a coroa portuguesa não estava no Brasil ao longo de 90% da história da formação do país Brasil eles estavam lá do outro lado do oceano só digitando regra só infringindo imposto só querendo os produtos só organizando de longe o que tava acontecendo aqui cabia a nós aqui fazer o sistema funcionar do jeito que eles outro lado do oceano queriam que a gente fizesse funcionar eles queriam que a coisa
funcionasse aqui sem saber como as coisas funcionavam aqui então a gente simplesmente tinha que se virar e dar eles o que eles estavam exigindo sem fazer a menor ideia como ar isso de novo né fos obrigados a ser criativos fos obrigados a a se virar os 30 para conseguir atender as expectativas dos colonizadores que desconheciam completamente a nossa realidade né E aí vem um aspecto que eu achei interessantíssimo em que o Darc Ribeiro aqui para encerrar Darc Ribeiro ele diz que existem quatro grandes ferramentas de transfiguração étnica transfiguração étnica em outras palavras existem quatro principais
modos de você é radicar uma cultura você acabar com certa etnia e você fazer com que uma etnia que predominava em algum lugar seja extinta tá as quatro transfigurações étnicas são as seguintes biótica ecológica econômica e psicocultural vamos analisar cada uma delas como é que você pode de maneira biótica é radical uma cultura uma doença que mata toda uma raça sabe os espanhóis ao chegarem na América trouxeram doenças que nossa acabaram dizimaram populações inteiras que não tinham anticorpos para lidar com aquela doença nova né então esse seria o modo biótico de você acabar com uma
com uma certa etnia o outro modo seria o modo Ecológico introduz uma espécie no ecossistema que não era pertencente a esse ecossistema e ela pode abalar tudo destruir o ecossistema e portanto as etnias que dependem desse ecossistema ele cita o exemplo de quando o europeu trouxe a vaca pro Brasil virou outra coisa virou outra fomos tivemos que nos Reinventar completamente a a presença desse novo animal esse seria o modo ecológico de interferir muitas vezes de maneira fatal com o etnia tá o modo econômico que Claro quando você transforma uma raça inteira em mão deobra como
os europeus fizeram com os índios como os europeus fizeram com os africanos Z se populações inteiras povos inteiros simplesmente destruindo eles economicamente escravizando relegando a posição de sua economia não existe mais foi substituída pela nossa Onde nós estamos no topo e vocês não tem lugar tudo bem e por fim a psicocultural aquilo que uma linguagem típica de Durkheim né ele ele chamaria de anomia você destruir as regras sociais que regem uma sociedade ou seja você destruir a cultura mesmo né erradicar todos os aspectos culturais que marcam uma espécie e fazem dela Como ela é tá
com a conclusão de Darcy Ribeiro genial o Brasil ela sofreu às 4 olha só que loucura cara o Brasil sofreu as quatro biótica ecológica econômica e psicocultural e sobreviveu milagrosamente diz ele transformou numa nova etnia ao invés de se ver reduzida a etnia nenhuma ao invés de destruírem o povo brasileiro nos deram as ferramentas para que a gente se tornasse o povo que precisamente É hoje um povo que conclui Darc Ribeiro não precisa mais importar a cultura europeia a gente chegou a um ponto que a gente não precisa mais disso a gente agora exporta a
nossa brasilidade pro mundo inteiro aí eis a força que essa nova etnia que o povo brasileiro tem né exportar essa essa nova raça esses aspectos culturais dessa nossa nova raça pro mundo inteiro exigir e conseguir o reconhecimento do resto do mundo da nossa importância da nossa existência e da nossa unicidade não somos nenhum de vocês uma outra uma outra etnia uma nova fechou conseguiram entender muito obrigado pela sua atenção até a nossa próxima e última aula sobre o edital de sociologia Obrigado galera