Olá, boa tarde, meu amor. Quando eu vi meu sogro com aquela ferramenta para fora, eu não aguentei. Nunca imaginei que uma simples visita à fazenda do meu sogro pudesse virar minha vida de cabeça para baixo.
Eu, Mariana, 28 anos, casada há 3 anos com Lucas, sempre me considerei uma mulher urbana. Cresci em meio ao concreto e ao asfalto, meus dias preenchidos com o ritmo frenético da cidade. Grande parte do meu tempo era dedicada a passar dois semestres em uma fazenda no interior, mas eu não me animava.
Lucas queria que nós fôssemos, mas eu não disse isso. Seus olhos brandos, entusiastas [Música], emanavam paz e tranquilidade. É exatamente o que precisamos depois de um ano tão estressante.
[Música] Quando finalmente chegamos, era noite. A escuridão era diferente, a mais profunda, pontuada apenas pela luz das estrelas e da lua crescente. A fazenda era maior do que eu esperava, com uma casa principal imponente e vários galpões e estábulos espalhados pela propriedade.
O ar era limpo, cheio do cheiro de grama e animais, tão diferente da poluição da cidade à qual eu estava acostumada. Respirei fundo, sentindo meus pulmões se expandirem de uma forma que parecia nova e estranha. Meu sogro, Antônio, nos recebeu na varanda.
A luz amarelada que vinha de dentro da casa o iluminava por trás, criando uma silhueta imponente. Aos 55 anos, ele era um homem impressionante, alto, forte, com a pele bronzeada de quem passa muito tempo ao ar livre. Seus cabelos grisalhos nas têmporas lhe davam um ar distinto, quase aristocrático, contrastando com suas roupas simples de fazendeiro.
— Bem-vindos! — sua voz grave ecoou na noite, quebrando o silêncio que parecia envolver a propriedade. Ele desceu os degraus da varanda com agilidade.
Abrindo os braços, ele abraçou Lucas com força, dando tapinhas em suas costas. — Meu filho, que bom te ver! Como foi a viagem?
— Longa, pai — Lucas respondeu com um sorriso cansado — mas valeu a pena! Então Antônio se virou para mim, seus olhos do mesmo tom de azul profundo que os de Lucas me avaliando por um momento. — Mariana, que bom te ver de novo!
— seu abraço foi caloroso, seus braços fortes me envolvendo completamente. Por um momento, senti-me envolvida em uma mistura de couro, terra e algo unicamente masculino. Era um aroma tão diferente dos perfumes caros que eu estava acostumada a sentir na cidade; tão primitivo.
Afastei-me rapidamente, confusa. — Obrigada, senhor Antônio — consegui dizer, minha voz soando estranha aos meus próprios ouvidos. Ele riu, um som profundo e agradável.
— Por favor, Mariana, já te disse para me chamar só de Antônio. Somos família, afinal! A palavra ecoou em minha mente, me lembrando do meu lugar, dos laços que nos uniam.
Senti forçando um sorriso. — Vocês devem estar exaustos — Antônio continuou — vamos entrar. Já preparei o quarto de vocês.
A área era fascinante: uma mistura de rústico e moderno. Móveis de madeira maciça dividiam o espaço com eletrodomésticos de última geração. As paredes eram decoradas com uma mistura eclética de pinturas de paisagens rurais e fotografias de família.
Nosso quarto era espaçoso e acolhedor, com uma grande cama de casal no centro e janelas que davam para os campos. Mal tive tempo de apreciar o ambiente antes de cair no sono, exausta da viagem. Os primeiros dias na fazenda foram tranquilos, quase monótonos.
Lucas passava a maior parte do tempo com o pai, aprendendo sobre o funcionamento da propriedade. Eles saíam cedo, logo após o café da manhã, e só retornavam ao anoitecer, sujos e exaustos, mas com sorrisos satisfeitos nos rostos. Eu tentava me ocupar, lendo livros que havia trazido, explorando os arredores da casa, ocasionalmente ajudando Rosa, a governanta, na cozinha.
Mas o tempo parecia se arrastar, e eu me pegava contando os dias até voltarmos para a cidade. Foi no quarto dia que as coisas começaram a mudar. Entediada com meu livro, decidi dar uma volta pela propriedade.
Meus passos me levaram até o estábulo, um lugar que eu ainda não havia explorado. O cheiro de feno e couro preencheu minhas narinas quando abri a pesada porta de madeira. Fiquei surpresa ao ver os cavalos; eram animais magníficos, com pelagens brilhantes e olhos inteligentes.
Aproximei-me cautelosamente de um deles, um belo garanhão negro que me observava com curiosidade. — Seu nome é Trovão! — uma voz grave soou atrás de mim, me fazendo saltar de susto.
Virei-me para ver Antônio parado na entrada do estábulo, um meio sorriso em seu rosto bronzeado. Ele vestia uma camisa xadrez com as mangas arregaçadas, revelando braços musculosos, e calças jeans desbotadas que abraçavam suas pernas de uma forma que desviou meu olhar rapidamente, sentindo meu rosto esquentar. — Desculpe, não quis assustar você — ele disse, se aproximando.
— Não sabia que você gostava de cavalos. — Na verdade, nunca tive muito contato com eles — respondi, nervosa com sua proximidade. O cheiro dele, aquela mistura de couro e masculinidade, parecia mais forte aqui, misturado com o aroma do estábulo.
— Mas são animais lindos! — ele sorriu, um sorriso que iluminou seus olhos de uma forma que me fez sentir um calor inesperado se espalhando pelo meu corpo. — Quero aprender a montar.
— Hesitei por um momento; a ideia de montar um desses animais enormes era um pouco assustadora, mas havia algo no olhar de Antônio, uma mistura de desafio e promessa, que me fez sentir. . .
Antes que pudesse pensar melhor, ele disse: — Ótimo! Começaremos amanhã cedo. Esteja pronta.
As aulas de equitação com Antônio se tornaram o ponto alto dos meus dias. Ele era um professor paciente e habilidoso, suas mãos fortes sempre prontas para me amparar quando eu perdia o equilíbrio. Aos poucos, fui ganhando confiança, aprendendo a me movimentar em sintonia com o cavalo.
Mas não era apenas a equitação que estava mudando; algo estava acontecendo entre Antônio e eu, algo sutil, quase imperceptível. No início, era a forma como nossos olhares se encontravam e demoravam um pouco mais do que o necessário; era o calor que subia pela minha pele toda. vez que suas mãos me tocavam, mesmo que fosse apenas para me ajudar a montar, era a atenção no ar.
Quando ficávamos sozinhos, uma eletricidade silenciosa parecia crescer a cada dia. Eu tentava ignorar esses sentimentos, convencendo-me de que era apenas minha imaginação. Talvez um resultado do tédio e do isolamento, mas no fundo, eu sabia que era mais do que isso.
Uma tarde, cerca de 10 dias após nossa chegada, Antônio sugeriu um passeio a cavalo para me mostrar os limites da propriedade. Lucas estava na cidade resolvendo alguns negócios, então éramos apenas nós dois. Galopamos por campos verdejantes, o sol de fim de tarde pintando tudo com um brilho dourado.
Antônio estava relaxado e falante, me contando histórias sobre a fazenda, sobre sua juventude. Eu me pegava observando mais do que o cenário, admirando a forma como ele se movia com tanta naturalidade sobre o cavalo, como o sol fazia seus olhos brilharem. Estávamos em um campo afastado quando uma tempestade repentina nos pegou de surpresa.
O céu escureceu rapidamente e grossas gotas de chuva começaram a cair. "Tem um celeiro antigo por aqui! ", Antônio gritou por cima do barulho do trovão.
Vamos! Galopamos o mais rápido que pudemos, a chuva nos encharcando completamente. Quando finalmente alcançamos o celeiro, estávamos ofegantes e tremendo.
O interior do celeiro era escuro e empoeirado, cheio de fardos de feno e equipamentos antigos. Antônio amarrou os cavalos e então se virou para mim. "Você está tremendo", ele observou, sua voz suave.
Antes que eu pudesse reagir, ele me envolveu em seus braços, supostamente para me aquecer. O contato com seu corpo sólido enviou ondas de calor por mim, despertando sensações que eu há muito não sentia. Olhei para cima, encontrando seus olhos fixos nos meus.
A tensão entre nós era palpável, elétrica. "Isso é errado", sussurrei, mas não me afastei. Meu corpo parecia ter vontade própria, se inclinando em direção ao dele.
"Eu sei", ele respondeu, sua voz rouca, carregada de desejo. E então, seus lábios estavam nos meus. O beijo foi intenso, apaixonado, liberando um desejo que eu nem sabia que existia.
Minhas mãos exploravam seu corpo musculoso enquanto as dele percorriam minhas curvas com uma urgência quase desesperada. Cada toque e cada carícia pareciam deixar um rastro de fogo em minha pele. Não sei ao certo quando ou como nossas roupas foram removidas; só me lembro da sensação de sua pele contra a minha, do calor de seu corpo contrastando com o frio da chuva que ainda pingava de nossos cabelos.
Fizemos amor ali mesmo, no chão daquele celeiro, sobre um cobertor velho que Antônio encontrou. O cheiro de feno e terra misturava-se com o aroma de nossos corpos, criando uma fragrância embriagante que parecia preencher todo o espaço. Ao som da chuva caindo lá fora, nos perdemos um no outro, explorando, descobrindo, nos deleitando com cada sensação.
Era errado, era proibido, mas naquele momento, nada mais importava além da sensação de nossos corpos unidos. Antônio me tocava com uma mistura de paixão e reverência, como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. Cada beijo, cada carícia, parecia despertar partes de mim que eu nem sabia que existiam.
Depois, deitados um do outro, a realidade começou a se infiltrar. O que tínhamos feito? Como poderíamos olhar para Lucas depois disso?
"Isso não pode acontecer de novo", falei, minha voz trêmula, mas sem muita convicção. Antônio assentiu, mas seus olhos contavam uma história diferente. "Claro", ele disse, mas sua mão ainda acariciava minha pele, enviando arrepios por todo meu corpo.
Voltamos para casa em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A chuva havia parado, deixando o ar limpo e fresco, mas a tempestade dentro de mim estava apenas começando. Os dias que se seguiram foram uma tortura doce.
Lucas não suspeitava de nada, feliz em passar o tempo aprendendo sobre a fazenda e fazendo planos para o futuro. Enquanto isso, Antônio e eu vivíamos uma dança perigosa de olhares furtivos e toques acidentais. Tentávamos resistir; realmente tentávamos.
Durante o dia, mantínhamos uma fachada de normalidade. Eu ajudava na cozinha, lia meus livros, ocasionalmente acompanhava Lucas em suas tarefas. Antônio cuidava da fazenda, lidava com os funcionários, fazia as contas, mas era como se uma comporta tivesse sido aberta, e agora era impossível conter a correnteza de desejo entre nós.
Cada olhar trocado por cima da mesa do jantar, cada roçar de mãos ao passar a salada, cada sorriso compartilhado quando Lucas não estava olhando — tudo isso alimentava o fogo que queimava entre nós. Uma noite, enquanto Lucas dormia, o som de passos no corredor me acordou silenciosamente. Saí da cama e abri a porta.
Antônio estava lá, parado, seu olhar uma mistura de desejo e conflito. Sem dizer uma palavra, peguei sua mão e o guiei para fora da casa. A noite estava clara, a lua cheia banhando tudo com sua luz prateada.
Caminhamos até o jardim dos fundos, nossas mãos entrelaçadas, nossos corações batendo acelerados. Assim que estávamos escondidos pela sombra de uma grande árvore, Antônio me puxou para seus braços, nossos corpos se encontrando com uma urgência familiar, nossas bocas se devorando em beijos desesperados. "Não podemos continuar assim", murmurei entre beijos, minha voz ofegante.
"Eu sei", ele respondeu, suas mãos explorando meu corpo com uma familiaridade que me assustava e excitava ao mesmo tempo. "Mas não consigo parar de te desejar". Fizemos amor ali mesmo, escondidos pelas sombras das árvores, o medo de sermos descobertos apenas intensificando nossa paixão.
Cada gemido abafado, cada toque furtivo era uma mistura de prazer e culpa que me consumia. Os dias se passavam e nossa fé se intensificava. Encontrávamos momentos e lugares para nossos encontros clandestinos: no celeiro, no riacho escondido nos fundos da propriedade, até mesmo em cantos escuros da casa quando todos dormiam.
Cada vez que estávamos juntos, eu jurava que seria a última. Mas então Antônio me olhava daquela maneira ou roçava sua mão na minha durante o jantar e toda minha. .
. A culpa me corroía. Como eu podia fazer isso com Lucas?
Ele era um bom marido, amável e atencioso. Todas as manhãs, quando ele me beijava antes de sair para trabalhar na fazenda, eu sentia como se estivesse sendo apunhalada no coração. Seus olhos, tão parecidos com os do pai, brilhavam com amor e confiança, confiança que eu traía a cada momento que passava nos braços de Antônio.
Mas havia algo em Antônio que despertava uma parte de mim que eu nem sabia que existia. Era como se, com ele, eu fosse uma versão mais viva, mais apaixonada de mim mesma. Cada toque, cada beijo, cada olhar trocado acendia um fogo que eu nunca havia sentido antes.
Uma semana antes do fim de nossa estadia, Lucas anunciou que precisaria ir à cidade por alguns dias para resolver questões de negócios da fazenda. "É uma pena ter que deixar vocês", ele disse durante o jantar, seu olhar alternando entre mim e seu pai, "mas é uma oportunidade importante para expandirmos nossos negócios. " Fiquei dividida entre o alívio de não ter que fingir na frente dele e o medo do que poderia acontecer com Antônio e eu sozinhos.
O olhar que Antônio me lançou por cima da mesa fez meu coração acelerar. Na manhã da partida de Lucas, o clima estava tenso enquanto ele arrumava suas malas. Eu me sentia como se estivesse prestes a mergulhar em águas profundas e turbulentas.
"Cuide bem dela, pai", Lucas disse, abraçando Antônio antes de entrar no carro. "Pode deixar, filho", Antônio respondeu, sua voz calma, mas seus olhos encontrando os meus por cima do ombro de Lucas. Observamos o carro se afastar, a poeira da estrada de terra se elevando atrás dele.
Assim que desapareceu de vista, Antônio se virou para mim. "Mariana", ele começou, sua voz rouca de desejo. Não deixei que ele terminasse; pulei em seus braços, meus lábios encontrando os dele em um beijo desesperado.
Ele me ergueu, minhas pernas envolvendo sua cintura, e me carregou para dentro de casa. Os dias que se seguiram foram uma explosão de paixão desenfreada. Sem a necessidade de nos esconder, cada centímetro de nossos corpos era como se estivéssemos tentando compensar todo o tempo perdido, toda a atenção acumulada numa tarde.
Enquanto descansamos na varanda após um de nossos encontros, Antônio quebrou o silêncio. "O que estamos fazendo, Mariana? " ele perguntou, sua voz carregada de emoção.
Suspirei. "Eu não sei, Antônio. Só sei que nunca senti nada assim antes.
E Lucas. . .
ele é meu filho, seu marido. Isso vai destruí-lo se ele descobrir. " A menção de Lucas trouxe uma onda de culpa que ameaçou me afogar.
"Eu sei", sussurrei, lágrimas começando a se formar em meus olhos. "Mas como podemos parar isso? " Antônio ficou em silêncio por um longo momento, o olhar perdido no horizonte.
"Talvez devêssemos contar a ele. Terminar isso de uma vez. " A ideia me encheu de pavor.
"Não podemos fazer isso com ele, isso destruiria nossa família. " "Então o que sugere? Que continuemos assim, vivendo uma mentira?
" Não tinha resposta para isso. A verdade era que, por mais errado que fosse, eu não queria que acabasse. A ideia de voltar para minha vida normal, sem os toques de Antônio, sem a paixão que sentíamos, parecia insuportável.
Os últimos dias antes do retorno de Lucas foram agridoces. Aproveitamos cada momento juntos sabendo que nosso tempo era limitado. Fizemos amor em cada canto da fazenda, como se quiséssemos marcar território com nossa paixão proibida.
Mas a sombra do retorno de Lucas pairava sobre nós. Cada vez que olhávamos para o relógio ou para o calendário, era um lembrete doloroso de que nossa bolha estava prestes a estourar. Na véspera do retorno de Lucas, Antônio e eu nos encontramos no riacho.
O luar refletia na água, criando um cenário quase mágico. Fizemos amor lentamente, saboreando cada toque, cada beijo, como se quiséssemos gravar em nossa memória. Depois, sentados na margem do riacho, a realidade de nossa situação nos atingiu com força total.
"O que faremos agora? " perguntei, sentindo lágrimas se formarem em meus olhos. Antônio me puxou para perto, me envolvendo em seus braços fortes.
"Não sei, meu amor. Só sei que não posso imaginar minha vida sem você agora. Mas e Lucas?
Não podemos simplesmente abandoná-lo. " Ficamos em silêncio por um longo tempo, apenas o som da água corrente e dos grilos preenchendo a noite. "Talvez", Antônio começou hesitante, "talvez possamos encontrar uma maneira de ficarmos juntos, contar a verdade para Lucas, enfrentar as consequências.
" A ideia me assustava e me atraía ao mesmo tempo. "Você acha que entenderia? Que algum dia nos perdoaria?
" "Não sei, provavelmente não. Mas viver essa mentira. .
. não sei se consigo fazer isso. " Passamos o resto da noite discutindo possibilidades, cenários, consequências.
Nenhuma opção parecia boa. Contar a verdade destruiria nossa família, continuar mentindo nos consumiria por dentro. Fugir juntos parecia uma fantasia impossível.
Quando o sol começou a nascer, ainda não tínhamos uma resposta. Voltamos para casa em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. O dia do retorno de Lucas chegou rápido demais.
Enquanto esperávamos na varanda, meu coração batia descompassado. Antônio estava ao meu lado, tenso como uma corda de violão prestes a se romper. Quando o carro de Lucas apareceu na estrada, trocamos um último olhar.
Naquele momento, vi todo o amor, todo o desejo, toda a culpa e todo o medo refletidos nos olhos de Antônio. Lucas estacionou o carro e saiu, um sorriso alegre no rosto. "Oi, pessoal!
Senti falta de vocês. " Enquanto ele se aproximava para nos abraçar, senti como se o mundo estivesse em câmera lenta. Minha mente gritava em pânico: o que faríamos?
Como poderíamos continuar vivendo essa mentira? Como poderíamos destruir a vida de Lucas com a verdade? Lucas me abraçou forte e, por um momento, me permiti afundar em seu abraço familiar, seguro.
Então, ele se virou para abraçar o pai e vi a dor nos olhos de. . .
Antônio, naquele momento, percebi que não importava o que decidíssemos; nada seria como antes. Nossa vida, nossa família, tinha mudado irrevogavelmente. O verão na fazenda, que deveria ter sido apenas umas férias tranquilas, tinha-se transformado no catalisador de uma tempestade que ameaçava destruir tudo o que conhecíamos.
Enquanto Lucas falava animadamente sobre sua viagem, Antônio e eu trocamos um último olhar; um olhar que dizia tudo o que não podíamos falar em voz alta, um olhar cheio de amor, desejo, arrependimento e medo do futuro. E assim, parados naquela varanda sob o sol forte do meio-dia, enfrentávamos o maior desafio de nossas vidas. O que quer que decidíssemos, sabia que aquelas semanas na fazenda tinham mudado o curso de nossas vidas para sempre.
Enquanto entrávamos na casa, com Lucas entre nós, não pude deixar de me perguntar como seguiríamos dali em diante, como poderíamos viver com as escolhas que fizemos e, mais importante, como poderíamos viver sem o amor que havíamos descoberto. O futuro era incerto, assustador. Mas uma coisa eu sabia com certeza: aquele verão na fazenda do meu sogro seria, para sempre, o ponto de virada em minha vida, o verão em que descobri um amor proibido, uma paixão avassaladora e o poder devastador que nossos desejos podem ter sobre nossas vidas.
Assim, com o coração pesado e a mente em turbilhão, eu me preparava para enfrentar as consequências de nossas ações, sabendo que, não importa o que acontecesse, nada seria como antes. O peso do nosso segredo, o calor de nossa paixão e a sombra da culpa nos acompanhariam dali em diante, moldando cada momento de nossas vidas futuras. Enquanto Lucas nos guiava para dentro, falando sobre seus planos para o jantar, eu me perguntava se algum dia seríamos capazes de superar isso, se algum dia poderíamos olhar um para o outro sem sentir o peso esmagador do que havíamos feito.
Mas, mesmo em meio a toda a culpa e medo, uma pequena parte de mim não conseguia se arrepender completamente, porque aquelas semanas com Antônio tinham me mostrado uma parte de mim mesma que eu nunca soube que existia: uma Mariana apaixonada, viva, capaz de sentir com uma intensidade que eu nunca tinha experimentado antes. E enquanto nos sentávamos à mesa da cozinha, ouvindo Lucas falar sobre sua viagem, eu sabia que, não importa o que o futuro nos reservasse, eu sempre carregaria comigo a memória daquele verão; o verão em que me perdi e me encontrei, o verão em que aprendi o verdadeiro significado de paixão e o alto preço que às vezes pagamos por ela. O sol se punha lá fora, pintando o céu com as mesmas cores que tinham testemunhado tantos de nossos encontros secretos, e eu sabia, com uma certeza que me assustava e me confortava ao mesmo tempo, que uma parte de mim sempre pertenceria àquela fazenda, aquele verão, aquele homem: um segredo que eu carregaria comigo para sempre, um verão eterno guardado em meu coração.