“A causa de todo sofrimento humano está no desejo e no apego. Não deseje e não sofra! O desejo é a alma do sofrer”.
- Sakyamuni Buda. O mundo é um oceano de dor e de medo, de ansiedade e desespero. Os prazeres são como os peixes, poucos e ligeiros, chegam raramente e de pressa se vão.
Cada prazer físico ou mental necessita de um instrumento, ambos os instrumentos, físico ou mental, são materiais, eles sofrem de fadiga e se rompem. O prazer que eles fornecem é necessariamente limitado em sua intensidade e duração. Geralmente você deve estar triste para conhecer a alegria, e alegre para conhecer a tristeza.
A verdadeira felicidade não tem causa e não pode desaparecer por falta de estimulo. Não é o oposto da aflição, e inclui toda aflição e todo sofrimento. A dor é a base de todos os prazeres, você os busca por que sofre.
Por outro lado, a própria busca pelo prazer é a causa da dor, é um círculo vicioso. Atuar a partir do desejo e do medo é escravidão, atuar a partir do amor é liberdade. Quando o desejo e o medo se extinguem, os laços que o aprisionam também terminam.
É o envolvimento emocional, o padrão do gostar e não-gostar, ao que nós chamamos de caráter e temperamento, que cria os laços que atam. Não tenha medo da liberdade, do desejo e do medo. Ela lhe permite viver uma vida tão diferente de tudo o que você conhece, tão mais intensa e interessante, que verdadeiramente perdendo tudo você ganha tudo.
O que você busca já está em você. Você não necessita de ajuda, só de aconselhamento. Ver a realidade é tão simples como ver o próprio rosto num espelho.
Só que o espelho deve ser claro e verdadeiro. Para refletir a realidade, é necessária uma mente quieta, não distorcida por desejos e medos. Livre de ideias e opiniões, clara em todos os níveis.
Seja claro e silencioso, desapegado e atento, e tudo acontecerá por si mesmo. Desapegue dos Desejos. Nisargadatta Maharaj.
O que está acontecendo agora é uma projeção de sua mente. Uma mente fraca não pode controlar suas próprias projeções. Seja consciente, portanto, de sua mente e suas projeções.
Você não pode controlar o que você não conhece. Por outro lado, o conhecimento traz poder. Na prática é muito simples.
Para controlar a si mesmo, conheça a si mesmo. Descubra tudo o que você não é, corpo, sentimentos, pensamentos, ideias, tempo, espaço, ser e não-ser, isto ou aquilo - nada concreto ou abstrato que você possa apontar é você. Simplesmente, veja a pessoa que você imagina ser como uma parte do mundo que você percebe dentro da sua mente, e olhe a mente pelo lado de fora, porque você não é a mente.
Mantenha-se tranquilo e observe o que chega na superfície da mente. Depois de tudo, seu único problema é a sua ânsia em se auto identificar com o que quer que você perceba. Desista desse hábito, lembre-se que você não é o que você percebe, utilize o seu poder de desapegada vigilância.
Veja-se em tudo quanto vive e seu comportamento expressará sua visão. Você deve observar a si mesmo continuamente - particularmente sua mente - momento a momento, não perdendo nada, esse testemunhar é essencial para a separação entre o eu e o não-eu. Desenvolva a atitude do testemunhar, e você descobrirá pela sua própria experiência que o desapego trás o controle.
O estado de testemunhar é cheio de poder. Não há nada de passivo nele. Se você está com raiva ou sofrendo, separe a si mesmo da raiva e da dor, e observe-as.
A externalização é o primeiro passo para a libertação. Afaste-se e olhe. Os eventos físicos continuarão acontecendo, mas, por si mesmos, eles não têm importância.
É somente a mente que importa. Você não presta atenção a si mesmo. Sua mente está apenas com coisas, pessoas e ideias, nunca consigo mesmo.
Foque a si mesmo, torne-se consciente de sua própria existência. Veja como você funciona, observe os motivos e os resultados de suas ações. Estude a prisão que construiu a seu redor, por inadvertência.
Por conhecer o que você não é, chegará a conhecer-se. O caminho de regresso a si mesmo passa pela recusa e rejeição. Uma coisa é certa: o real não é imaginário, não é um produto da mente.
O Real está além, você está além. Uma vez que você tenha entendido que nada perceptível ou concebível pode ser você mesmo, você é livre de suas imaginações. Ver tudo como imaginação nascida do desejo é algo necessário para a autorrealização.
Perdemos a realidade por falta de atenção, e criamos o irreal por excesso de imaginação. Os desejos são apenas ondas na mente. Você conhece uma onda quando vê uma.
A liberação dos desejos significa isto: a compulsão para satisfazê-los está ausente. Se você apenas pudesse ficar em silêncio, livre de memórias e expectativas, você seria capaz de discernir a beleza dos padrões de eventos. É a sua agitação que causa o caos.
Não tenha medo do que parece estéril. Vazio. Acredite em mim, é a satisfação de desejos que gera o sofrimento.
Estar livre de desejos é a bem-aventurança. Desejos realizados só geram mais desejos, manter-se livre de desejos e se contentar com o que vem por si só é um estado muito fértil, é a pré-condição do estado de plenitude. Uma vez que compreenda que não há nada neste mundo que você possa chamar de seu, você olhará para ele pelo lado de fora, como você olha uma peça em um palco, ou uma imagem numa tela, admirando e apreciando, mas realmente imperturbável.
Você tem que aprender a pensar e sentir deste modo, ou permanecerá indefinidamente no nível pessoal do desejo e do medo, ganhando e perdendo, crescendo e decaindo. Uma vez que você tenha entendido que o mundo é apenas uma visão errada da realidade, e não é o que parece ser, você está livre de suas obsessões. Simplesmente saiba que você está além e acima de todas as coisas e pensamentos.
Pare de construir conceitos e permaneça em silencio, atento. Dedique-se a isso com seriedade e tudo irá bem para você. O silêncio é o fator principal.
Em paz e silêncio você cresce. Estar quieto e desapegado, além do alcance de todo interesse próprio e de toda consideração egoísta, é uma condição inevitável de liberação. Você pode chamá-la morte; para mim, é viver com o máximo de intensidade e sentido, pois eu sou um com a vida em sua totalidade e plenitude, intensidade, significação e harmonia; o que mais você quer?